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SISTEMA DE ENSINO
DIREITOS 
HUMANOS
Teoria Geral dos Direitos Humanos
Livro Eletrônico
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Karoline Leal
Teoria Geral dos Direitos Humanos
DIREITOS HUMANOS
Apresentação .................................................................................................................4
Metodologia ...................................................................................................................4
Conceito, Terminologia e Fundamentação dos Direitos Humanos ....................................6
1. A Dificuldade da Conceituação de Direitos Humanos ...................................................6
2. Conceituação dos Direitos Humanos ......................................................................... 10
3. Estrutura dos Direitos Humanos .............................................................................. 14
4. Fundamentação dos Direitos Humanos......................................................................17
4.1. Teoria Negativista .................................................................................................. 18
4.2. Teoria Jusnaturalista ............................................................................................. 19
4.3. Teoria Positivista ................................................................................................... 21
5. Teorias Contemporâneas ..........................................................................................24
5.1. Dignidade Humana .................................................................................................24
5.2. Razão ....................................................................................................................24
5.3. Autonomia ............................................................................................................24
5.4. Igualdade ..............................................................................................................25
5.5. Necessidades ........................................................................................................25
5.6. Capacidades ..........................................................................................................25
5.7. Consenso ...............................................................................................................25
6. Quais as Fontes dos Direitos Humanos? ...................................................................27
6.1. Convenções Internacionais .................................................................................... 28
6.2. Princípios de Interpretação dos Tratados ou Convenções ......................................29
6.3. Costume Internacional ..........................................................................................29
6.3. Princípios Gerais do Direito .................................................................................. 30
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Teoria Geral dos Direitos Humanos
DIREITOS HUMANOS
6.4. Decisões Judiciais e Doutrina dos Publicistas ....................................................... 30
7. Classificações dos Direitos Humanos ....................................................................... 31
7.1 Classificação a Partir do Direito Internacional dos Direitos Humanos ...................... 31
7.2 Classificação Segundo a Teoria do Status de Jellinek .............................................. 31
7.3 Classificação em Gerações .....................................................................................34
7.4. Críticas à Teoria Geracional ................................................................................. 40
8. Interpretação dos Direitos Humanos ........................................................................42
8.1. Princípios Interpretativos .......................................................................................42
8.2. A Resolução dos Conflitos entre Direitos Humanos ..............................................46
9. Características dos Direitos Humanos ..................................................................... 50
Exercícios ..................................................................................................................... 61
Gabarito .......................................................................................................................74
Questões Comentadas ..................................................................................................75
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Karoline Leal
Teoria Geral dos Direitos Humanos
DIREITOS HUMANOS
ApresentAção
Olá, querido(a) aluno(a)!
Estou extremamente feliz por ter você conosco nesse projeto de PDF! O Gran Cursos Ju-
rídico nos incumbiu de construir um material de excelência para que você consiga mandar 
muito bem nas provas! E, com a gente, missão dada é missão cumprida!
Sou Karoline Leal, defensora pública do Distrito Federal. Além de ministrar direitos hu-
manos, também sou professora de Direitos Difusos e Coletivos. Sou apaixonada por essas 
disciplinas e tenho certeza de que você gostará de estudá-las.
Antes de ser defensora pública fui analista judiciária no Superior Tribunal Militar, onde tive 
a oportunidade de trabalhar com a Ministra Maria Elizabeth Guimarães, uma grande referên-
cia no estudo de direitos humanos. Desde então, passei a me dedicar à matéria.
Eu sei... eu sei... há muitos alunos que não gostam tanto de direitos humanos! Mas quero 
te provar que o estudo da disciplina não é um bicho de sete cabeças! Eu confesso que já tive 
dificuldade com a matéria, mas com dedicação é possível superar qualquer intempérie!
Neste material, você verá, de maneira prática, como os concursos abordam temas por 
vezes complexos na doutrina. Não tenho dúvida que após nossas aulas você adorará direitos 
humanos! Ah... sobretudo, você tirará uma boa pontuação nas provas.
MetodologiA
A metodologia que adotei é voltada para o aprendizado e fixação do conhecimento acu-
mulado por intermédio da exposição do tema, além de dicas e macetes sobre a forma de co-
brança e tendências das Bancas
Acredite! Esse material está show! Compilei os tópicos mais importantes da matéria e 
consultei os principais nomes da doutrina brasileira sobre direitos humanos cobrados pelos 
concursos.
A ideia do curso é que ele seja o seu único material de estudo na matéria direitos huma-
nos. Para isso, cada detalhe foi pensado de forma a atender completamente a todas as lacu-
nas que porventura possam surgir.
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Karoline Leal
Teoria Geral dos Direitos Humanos
DIREITOS HUMANOS
Vejamos: na parte teórica, as aulas serão escritas de forma que você apenas se preocupe 
em entender os conceitos apresentados. Sempre que possível, utilizarei exemplos, esquemas 
e macetes para tornar as partes mais “decorebas” da matéria bem tranquilas e acessíveis.
Como a disciplinade direitos humanos, ao contrário de diversos outros ramos do Direito, não 
é codificado, boa parte de seu conteúdo é formado por entendimentos, doutrina e jurisprudência.
Utilizaremos todos esses mecanismos, na medida em que seja necessário, para chegar-
mos a um grande nível de detalhamento. Em um concurso concorrido como os de Defensoria 
Pública, cada ponto pode ser decisivo.
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Teoria Geral dos Direitos Humanos
DIREITOS HUMANOS
CONCEITO, TERMINOLOGIA E FUNDAMENTAÇÃO DOS 
DIREITOS HUMANOS
1. A dificuldAde dA conceituAção de direitos HuMAnos
Nosso desafio inaugural ao estudar direitos humanos é conceituar o que seriam tais direi-
tos, e nós iremos conceituá-lo a partir da doutrina de grandes nomes. Mas antes de concei-
tuarmos, precisamos enfrentar uma grande controvérsia acerca do uso da expressão direitos 
humanos:
Direitos humanos e direitos fundamentais são a mesma coisa? Dizem respeito ao mesmo 
objeto? E mais, outras expressões como direitos fundamentais, direitos do homem, liberdades 
públicas, liberdades fundamentais, direitos humanos fundamentais, direitos individuais, direi-
tos públicos subjetivos são sinônimas de direitos humanos?
Irei responder aos dois questionamentos, mas impende lembrar que o objeto de estudo 
da nossa disciplina é bastante permeado por contingências políticas, ideológicas e históricas, 
por isso existe uma variedade de terminologias.
Vamos lá. No tocante à dicotomia direitos humanos e Direitos Fundamentais, a doutrina 
costuma reforçar que os direitos humanos são aqueles definidos em documentos internacio-
nais, ou seja, os direitos estabelecidos pelo Direito Internacional em tratados e demais nor-
mas internacionais sobre a matéria. De outro lado, os Direitos Fundamentais contemplariam 
os direitos reconhecidos e positivados pelo Direito Constitucional de um Estado específico.
Desse modo, há pelo menos duas técnicas distintas por meio das quais se pode chegar à 
diferenciação entre direitos humanos e Direitos Fundamentais: generalista e específica.
1) Generalista: analisa o conceito de direitos humanos sob a perspectiva material. Sob 
essa ótica, não há separação – ao menos de forma rígida – entre as ordens jurídicas interna e 
internacional. Assim, direitos humanos são todos os direitos essenciais à consecução de uma 
vida digna, estejam eles previstos em Constituições nacionais ou em tratados internacionais.
2) Específica: trabalha com um conceito de direitos humanos formal. Considera-se como 
integrante desse catálogo de direitos essenciais à consecução de uma vida digna somente 
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Teoria Geral dos Direitos Humanos
DIREITOS HUMANOS
aqueles previstos em instrumentos internacionais, no que eles se diferenciam, portanto dos 
direitos fundamentais, que são assegurados pelas Constituições nacionais e protegidos pela 
ordem jurídica interna.
Sob o ponto de vista de considerável parcela doutrinária, uma grande vantagem do recorte 
específico é a leitura dos direitos humanos como uma disciplina autônoma, não se confun-
dindo, portanto, com o Direito Constitucional. E mais, embora exista uma grande similaridade 
no catálogo dos direitos humanos (previstos em instrumentos internacionais) e dos Direitos 
Fundamentais (previstos em Constituições nacionais), seus mecanismos de proteção e o in-
térprete autêntico dos textos que lhes protegem não se confundem, vale dizer: o intérprete 
autêntico da Constituição Federal é o STF, ao passo que o intérprete autêntico da Convenção 
Americana de direitos humanos (Pacto de San Jose), a título de exemplo, é a Corte Interame-
ricana de direitos humanos.
Questão 1 (MPE-SP/2019/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO) Em relação aos direitos 
humanos, é correto afirmar:1
a) São aqueles previstos no plano interno dos Estados pelas Cartas Constitucionais.
b) São aqueles que ainda não estão expressamente previstos no direito interno ou no direito 
internacional.
c) São menos amplos que os direitos fundamentais quanto à proteção dos direitos individuais.
d) São aqueles protegidos pela ordem internacional.
e) Podem sofrer limitações em razão de interesse dos Estados.
Então, já vamos combinar uma coisa: você irá marcar CERTO se a questão da sua prova 
disser que parcela importante da doutrina diferencia direitos humanos e Direitos Fundamen-
tais a partir da perspectiva de definição das duas espécies de direitos; sendo os primeiros 
(direitos humanos) estabelecidos a partir da perspectiva externa, internacional; já os Direitos 
Fundamentais partem de uma perspectiva interna, nacional.
1 Letra d.
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Teoria Geral dos Direitos Humanos
DIREITOS HUMANOS
E você pode pensar... ah, que questão fácil! Lembre-se que a maior parte das provas são 
compostas por questões médias e fáceis. Não podemos nos dar ao luxo de errá-las, ok?
Mas como nem tudo são flores da vida do concurseiro, não é incomum que no Direito In-
ternacional se utilize a expressão Direitos Fundamentais em normas internacionais.
Por exemplo, na Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia (redigida em 2000 e alte-
rada em 2007). Na outra ponta, o Direito Constitucional de um país pode adotar a expressão 
“direitos humanos”, por exemplo na Constituição Federal de 1988 em algumas passagens. 
Por que estou falando isso para você: a menos que a questão esteja exigindo esse tipo de 
diferenciação técnica, não fique “procurando pelo em ovo”. Se a questão não exigir tal conhe-
cimento, o examinador pode ter utilizado as duas expressões como sinônimas.
Mais ainda temos que responder ao segundo questionamento:
Expressões como Direitos do Homem e do Cidadão, Direitos Naturais, Liberdades Públi-
cas, direitos humanos fundamentais, direitos individuais, direitos públicos subjetivos são 
sinônimas de direitos humanos?
Não é incomum também que sejam utilizadas como sinônimos. Porém, caso a questão 
exija de você o domínio da diferenciação técnica entre as expressões, é possível indicar:
1. Direitos do homem e do cidadão: expressão que faz menção à Revolução Francesa de 
1789, um grande marco na garantia de direitos, abrangendo direitos civis (tidos como direi-
tos do homem) e direitos políticos (tidos como direitos dos cidadãos). Atualmente, a própria 
expressão Direitos Do Homem é bastante criticada sob a perspectiva da igualdade de gênero.
2. Direitos naturais: expressão que faz menção à doutrina jusnaturalista, que indica que 
os direitos são inerentes ao ser humano, independentemente de qualquer norma positivada.
3. Direitos e liberdades públicas: faz menção aos direitos dos indivíduos contra a inter-
venção estatal.
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DIREITOS HUMANOS
Questão 2 (CESPE/2019/CGE-CE/AUDITOR DE CONTROLE INTERNO - FOMENTO AO CON-
TROLE SOCIAL) A respeito dos marcos históricos, fundamentos e princípios dos direitos hu-
manos, assinale a opção correta.
a) Segundo a doutrina contemporânea, direitos humanos e direitos fundamentais são indis-
tinguíveis; por isso, ambas as terminologias são intercambiáveis no ordenamento jurídico.
b) Os direitos humanos estão dispostos em um rol taxativo, que foi internalizado pelo ordena-
mento jurídico brasileiro com a promulgação da Constituição Federal de 1988.
c) No Brasil, os direitos políticos são considerados direitos humanos e seu exercício pelos 
cidadãos se esgota no direito de votar e de ser votado.
d) A dignidade da pessoa humana, princípio basilar da Constituição Federal de 1988, é funda-
mento dos direitos humanos.
e) Em razão do princípio da imutabilidade, os direitos humanos reconhecidos na Revolução 
Francesa permanecem os mesmos ainda na atualidade.
Letra d.
�a) Errada. Existe grande controvérsia a depender da teoria doutrinária adotada. Vejamos os 
demais itens.
�b) Errada. Os direitos humanos têm por característica a abertura normativa, não estão dis-
postos em rol taxativo.
�c) Errada. De fato, os Direitos Políticos são considerados direitos humanos, não se esgotando 
no direito de votar e ser votado.
�d) Certa. Exato!
e) Errada. Os direitos humanos têm por característica a historicidade.
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Teoria Geral dos Direitos Humanos
DIREITOS HUMANOS
2. conceituAção dos direitos HuMAnos
Partindo da análise específica, os direitos humanos figuram como o conjunto de direitos 
previstos em instrumentos internacionais que proporcionam a todos os seres humanos, in-
dependentemente de qualquer condição, a base essencial para que tenham uma vida digna e 
para que se protejam contra violações praticadas ou toleradas pelo Estado.2
Vamos dissecar esse conceito:
1) Trata-se de um conjunto de direitos previstos em instrumentos internacionais;
2) Delimitação subjetiva: a titularidade dos direitos humanos também compõe o seu con-
ceito ao estabelecer que eles se aplicam a todos os seres humanos, independentemente de 
qualquer condição, decorrendo disso uma das características mais marcantes dos direitos 
humanos, que é a sua universalidade;
3) Delimitação objetiva: nem todos os direitos titularizados pelos seres humanos devem 
ser elevados a essa categoria, mas somente aqueles que integram a base essencial para a 
vida digna e para proteção contra violações;
4) Na ordem jurídica internacional, somente o Estado responde pela violação desses direi-
tos, o que pode ocorrer tanto por conduta praticada diretamente por seus agentes quanto pelo 
descumprimento de obrigações positivas de adotar as medidas necessárias para proteger os 
direitos humanos nas relações interindividuais.
A partir de tal conceituação, os direitos humanos consistem em um conjunto de direitos 
considerado indispensável para uma vida humana pautada na liberdade, igualdade e dignida-
de. Os direitos humanos são os direitos essenciais e indispensáveis à vida digna.
Superando a discussão acerca da dicotomia entre direitos humanos e direitos fundamen-
tais, fala-se da centralidade dos direitos humanos. Estes são importantes em razão do con-
teúdo que tutelam, qual seja: a dignidade da pessoa. Não é possível pensar no Estado Demo-
crático de Direito sem colocar em papel de destaque a tutela da pessoa. O protagonismo deve 
ser da humanidade. Assim, os direitos humanos têm papel central no ordenamento jurídico 
brasileiro.
2 Para o professor espanhol Fernandéz, “os direitos humanos são exigências éticas ou valores e paralelamente normas 
positivadas, pois sua ‘autêntica realização’ pressupõe que estejam incorporados ao ordenamento jurídico internacional.”
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Teoria Geral dos Direitos Humanos
DIREITOS HUMANOS
De maneira convergente, a doutrina de Antônio Peres Luño compreende que os direitos 
humanos constituem um conjunto de faculdades e instituições que, em cada momento histó-
rico, concretizam as exigências de dignidade, liberdade e igualdade humanas, as quais devem 
ser reconhecidas positivamente pelos ordenamentos jurídicos em nível nacional e internacio-
nal. Assim, o conceito de direitos humanos centra-se na proteção aos direitos mais importan-
tes das pessoas, em especial, a dignidade.
A ONU trouxe sua contribuição acerca do que seriam os direitos humanos:
Os direitos humanos são inerentes a todos os seres humanos, qualquer que seja a nacionalidade, 
local de residência, sexo, origem nacional ou étnica, cor, religião, língua ou qualquer outro estatuto. 
Todos têm igualmente direito aos direitos humanos, sem discriminação. Esses direitos estão todos 
interligados, interdependentes e indivisíveis. Os direitos humanos universais são frequentemente 
expressos e garantidos legalmente, na forma de tratados, no direito internacional consuetudinário, 
nos princípios gerais e em outras fontes do direito internacional. O DIDH [direito internacional dos 
direitos humanos] impõe aos governos a obrigação de agir de determinada forma ou de abster-se 
de determinados atos a fim de promover e proteger os direitos humanos e as liberdades fundamen-
tais de indivíduos ou grupos3.
Ademais, cumpre reforçar que não há um rol predeterminado desse conjunto mínimo de 
direitos essenciais a uma vida digna. As necessidades humanas variam e, de acordo com o 
contexto histórico de uma época, novas demandas sociais são traduzidas juridicamente e 
inseridas na lista dos direitos humanos.
Para o professor Fábio Konder Comparato, o conceito de dignidade parte da noção de 
tratamento igualitário entre os cidadãos, independentemente de condições sociais, culturais 
ou econômicas.
Questão 3 (VUNESP/2019/VUNESP/PREFEITURA DE ITAPEVI–SP/ANALISTA JURÍDICO/
PROCURADOR MUNICIPAL) No que diz respeito ao conteúdo e cumprimento dos Direitos Hu-
manos, doutrinadores e o Supremo Tribunal Federal defendem que uma sociedade pautada 
na defesa de direitos tem como primeira consequência reconhecer
3 UNITED NATIONS. What are human rights? Disponível em http://www.ohchr.org/EN/Issues/Pages/WhatareHumanRights.aspx.
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https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/bancas/vunesphttps://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/vunesp-2019-prefeitura-de-itapevi-sp-analista-juridico-procurador-municipal
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/vunesp-2019-prefeitura-de-itapevi-sp-analista-juridico-procurador-municipal
http://www.ohchr.org/EN/Issues/Pages/WhatareHumanRights.aspx
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Teoria Geral dos Direitos Humanos
DIREITOS HUMANOS
a) o direito a ter direitos, uma prerrogativa básica que se qualifica como fator de viabilização 
dos demais direitos e liberdades.
b) o automatismo na sociedade de direitos, bastando anunciar um direito para que a proteção 
incida mecanicamente.
c) que os direitos humanos são um rol amplo e fechado, prescindindo de ponderação ou so-
pesamento dos valores envolvidos.
d) que a seara jurídica dos direitos humanos não é o mundo de conflitos, tampouco de esta-
belecimento de limites, preferências e prevalências.
e) que os direitos humanos somente podem ser implementados de maneira ativa e positivada 
para a promoção da dignidade humana.
Letra a.
A doutrina assinala que uma sociedade pautada na defesa de direitos (sociedade inclusiva) 
tem várias consequências. A primeira é o reconhecimento de que o primeiro direito de todo 
indivíduo é o direito a ter direitos. Arendt e, no Brasil, Lafer sustentam que o primeiro direito 
humano, do qual derivam todos os demais, é o direito a ter direitos.
É bastante comum, quando cobrada a teoria geral dos Direitos Humanos, a  cobrança dos 
principais documentos internacionais na evolução dos direitos humanos.
Então, abra o olho e já memorize os principais eventos e documentos internacionais que mar-
caram a evolução dos direitos humanos:
1. Magna Carta Libertatum de 1215 (Grande Carta das Liberdades ou Carta de João Sem Ter-
ra)4: trata-se de um documento histórico na luta de limites aos poderes soberanos. A carta 
objetivava garantir direitos mínimos aos indivíduos, colocando limites ao poder absoluto de 
4 Em latim, Magna Charta Libertatum vel concordia inter regem Johannem et barones.
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Teoria Geral dos Direitos Humanos
DIREITOS HUMANOS
João Sem Terra, rei da Inglaterra. Uma das cláusulas mais importantes é a 39, que garantia 
um embrião do devido processo legal:
Nenhum homem livre será preso, aprisionado ou privado de uma propriedade, ou tornado fora-da-
-lei, ou exilado, ou de maneira alguma destruído, nem agiremos contra ele ou mandaremos alguém 
contra ele, a não ser por julgamento legal dos seus pares, ou pela lei da terra.
Ademais, a Magna Carta Libertatum também figura como o antecedente histórico do surgi-
mento do Constitucionalismo.
2. Petition of Rights (1628): neste documento, também inglês, houve a tentativa de reafir-
mação dos direitos mínimos, bem como a limitação do poder soberano. O documento foi um 
marco na construção e consolidação dos direitos humanos. A doutrina indica que este docu-
mento constituiu a primeira manifestação da Teoria dos Freios e Contrapesos Constitucional 
(check and balances). Ele teve por fonte a Carta Magna de 1215 e se fundou três diretrizes:
• “Nenhum tributo pode ser imposto sem o consentimento do Parlamento”;
• “Nenhum súdito pode ser encarcerado sem motivo fundado”;
• “Nenhum soldado pode ser aquartelado nas casas dos cidadãos, e Lei Marcial não pode 
ser usada em tempo de paz”.
3. Habeas corpus Act (1679): tratava-se de uma lei para melhor garantir a liberdade do súdito 
e visava garantir a proteção da liberdade de locomoção.
4. Bill of Rights (1689): A declaração de direitos de 1689, de origem também inglesa, estabe-
leceu limitações da Coroa perante o Parlamento. A cobrança de impostos passou a depender 
do consentimento parlamentar. Este documento estabeleceu limites aos poderes do monarca, 
além de ter reconhecido os direitos do Parlamento, incluindo regular deliberação parlamentar, 
eleições livres e liberdade de expressão no Parlamento. Tratou-se, ainda, do primeiro docu-
mento oficial que garantiu a participação popular, por meio de representantes parlamentares, 
na criação e cobrança de tributos, sob pena de ilegalidade. O documento vedava a instituição 
de impostos excessivos e de punições cruéis e incomuns.
5. Declaração de Direitos da Virgínia (1776): declaração de direitos norte-americana, que 
precedeu a Declaração de Independência norte-americana. Objetivava resguardar os direitos 
inerentes à pessoa humana. A disposição do artigo inaugural é bastante elucidativa:
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DIREITOS HUMANOS
Art. 1º Que todos os homens são, por natureza, igualmente livres e independentes, e têm certos 
direitos inatos, dos quais, quando entram em estado de sociedade, não podem por qualquer acordo 
privar nem despojar sua posteridade: tais são o direito de gozar a vida e a liberdade com os meios 
de adquirir e possuir propriedades, de procurar obter a felicidade e a segurança.
6. Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão (1789): declaração elaborada no contexto 
da Revolução Francesa. A declaração marca o fim do Antigo Regime, do poder absoluto do 
monarca. O texto garante direitos naturais e imprescritíveis como a liberdade, a propriedade, 
a segurança e a resistência à opressão. Estabelece, ainda, a igualdade perante a lei. O docu-
mento salvaguarda também o princípio da separação entre os poderes.
7. Constituição Mexicana (1917) e Constituição de Weimar (1919): A Carta Política mexicana 
de 1917 foi a pioneira em considerar os direitos trabalhistas como direitos fundamentais, 
ao lado das liberdades individuais e os direitos políticos. A Constituição de Weimar de 1919 
também a mesma influência. Estes são os dois primeiros documentos que tratam de direitos 
sociais (direitos de segunda geração).
3. estruturA dos direitos HuMAnos
Segundo lição do professor André Ramos de Carvalho, os direitos humanos têm estrutura 
variada, podendo ser:
Estrutura dos Direitos Humanos5
1) Direito-pretensão: Nas palavras do professor André Ramos de Carvalho, o direito-pre-
tensão consiste na busca de algo, gerando a contrapartida de outrem do dever de prestar. 
Nesse sentido, determinada pessoa tem direito a algo, se outrem (Estado ou mesmo outro 
particular) tem o dever de realizar uma conduta que não viole esse direito. Assim, nasce o “di-
reito-pretensão”, por exemplo, o direito à educação fundamental, que gera o dever do Estado 
de prestá-la gratuitamente (art. 208, I, da CF/88).
5 RAMOS. André de Carvalho. Curso de Direitos Humanos. Editora Saraiva. 6ª edição.
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DIREITOS HUMANOS
2) Direito-liberdade: Para o mesmo doutrinador, o direito-liberdade consiste na faculdade 
de agir que gera a ausência de direito de qualquer outro ente ou pessoa. Assim, uma pessoa 
tem a liberdade de credo (art. 5º, VI, da CF/88), não possuindo o Estado(ou terceiros) nenhum 
direito (ausência de direito) de exigir que essa pessoa tenha determinada religião. 
3) Direito-poder: Ainda seguindo a estrutura dos direitos humanos do professor André 
Ramos, o direito-poder implica uma relação de poder de uma pessoa de exigir determinada 
sujeição do Estado ou de outra pessoa. Assim, uma pessoa tem o poder de, ao ser presa, re-
querer a assistência da família e de advogado, o que sujeita a autoridade pública a providen-
ciar tais contatos (art. 5º, LXIII, da CF/88).
4) Direito-imunidade: Finalmente, o direito-imunidade consiste na autorização dada por 
uma norma a uma determinada pessoa, impedindo que outra interfira de qualquer modo. As-
sim, uma pessoa é imune à prisão, a não ser em flagrante delito ou por ordem escrita e fun-
damentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou 
crime propriamente militar (art. 5º, LVI, da CF/88), o que impede que outros agentes públicos 
(por exemplo, agentes policiais) possam alterar a posição da pessoa em relação à prisão.
Cumpre reforçar ainda que os direitos humanos representam valores essenciais, que são 
explicita ou implicitamente retratados nas Constituições ou nos tratados internacionais.
A definição do que são os direitos humanos passa pela análise da fundamentalidade dos 
referidos direitos, que pode ser formal ou material.
• A fundamentalidade formal assinala que a inscrição desses direitos deve constar em 
rol de direitos protegidos nas Constituições e tratados.
• A fundamentalidade material, ao seu passo, entende que são considerados direitos hu-
manos aqueles que – mesmo de maneira não expressa e positivada – são indispensá-
veis para a promoção da dignidade humana.
Apesar das diferenças em relação ao conteúdo (se de fundamentalidade formal ou mate-
rial), os direitos humanos têm em comum quatro ideias-chave ou marcas distintivas: univer-
salidade, essencialidade, superioridade normativa (preferenciabilidade) e reciprocidade.
Vamos tratar de cada uma dessas quatro ideias-chaves?
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DIREITOS HUMANOS
• Universalidade: reconhecimento de que os direitos humanos são direitos de todos, 
combatendo a visão estamental de privilégios de uma casta de seres superiores.
• Essencialidade: reconhecimento de que os direitos humanos apresentam valores indis-
pensáveis e que todos devem protegê-los.
• Superioridade: os direitos humanos são superiores às demais normas, não se admitin-
do o sacrifício de um direito essencial para atender as “razões de Estado”; logo, os di-
reitos humanos representam preferências preestabelecidas que, diante de outras nor-
mas, devem prevalecer.
• Reciprocidade: não há só o estabelecimento de deveres de proteção de direitos ao Es-
tado e seus agentes públicos, mas também à coletividade como um todo.
Do ponto de vista da implementação, os  direitos humanos possuem efetivação sob a 
perspectiva subjetiva e objetiva.
Do ponto de vista subjetivo, a realização dos direitos humanos pode ser da incumbência 
do Estado ou de um particular (eficácia horizontal dos direitos humanos, como veremos) ou 
de ambos, como ocorre com o direito ao meio ambiente (art. 225 da CF/88, que prevê que a 
proteção ambiental incumbe ao Estado e à coletividade).
Do ponto de vista objetivo, a conduta exigida para o cumprimento dos direitos humanos pode 
ser ativa (comissiva, realizar determinada ação) ou passiva (omissiva, abster-se de realizar).
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DIREITOS HUMANOS
É possível a combinação das duas perspectivas? Sim! O direito à vida acarreta tanto a con-
duta omissiva quanto comissiva por parte dos agentes públicos: de um lado, devem se abster 
de matar (sem justa causa) e, de outro, tem o dever de proteção (de ação) para impedir que 
outrem viole à vida.
Você conhece a expressão Sociedade Inclusiva?
A doutrina, em especial do professor André de Carvalho Ramos, assinala que uma socie-
dade pautada na defesa de direitos (sociedade inclusiva) tem várias consequências. A pri-
meira é o reconhecimento de que o primeiro direito de todo indivíduo é o “direito a ter direitos”. 
A autora alemã Hannah Arendt e o brasileiro Celso Lafer sustentam que o primeiro direito 
humano, do qual derivam todos os demais, é o direito a ter direitos. Aliás, isso tem tudo a ver 
com a função institucional da Defensoria Pública: é uma instituição que objetiva salvaguardar 
o direito a ter direitos, em especial da população vulnerável.
Qual proteção mais ampla: aquela prevista nos direitos humanos ou os direitos funda-
mentais?
No aspecto territorial, a proteção dos direitos humanos se revela mais ampla, na medida 
em que ultrapassa as fronteiras do país e encontra mecanismos de monitoramento em ins-
tâncias e tribunais internacionais.
Por outro lado, no aspecto material, a proteção dos direitos fundamentais pode ser mais 
ampla, principalmente em países de Constituição é prolixa.
4. fundAMentAção dos direitos HuMAnos
Antes de tratarmos sobre a fundamentação dos direitos humanos, vamos fazer um che-
cklist do que já estudamos?
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DIREITOS HUMANOS
• O que são direitos humanos e a inerente dificuldade conceitual;
• Estrutura dos direitos humanos;
• Fundamentalidade dos direitos humanos.
Ótimo. Vamos agora passar para um ponto que cai bastante em provas:
Qual a razão justificativa ou a fonte legitimadora dos direitos humanos?
A discussão aqui diz respeito à identificação das razões que legitimam e que motivam o 
reconhecimento dos direitos humanos.
Há, tradicionalmente, algumas teorias acerca do tema:
• Negativista;
• Jusnaturalista;
• Positivista;
• Contemporâneas.
4.1. teoriA negAtivistA
Para a primeira, a teoria negacionista, é  impossível encontrar um fundamento único ou 
absoluto para os direitos humanos, pois a expressão “direitos humanos” é muito vaga e des-
provida de consenso quanto ao seu significado. Ademais, trata-se de uma categoria que varia 
conforme a sua evolução histórica, tendo por característica a sua historicidade. E mais: os di-
reitos humanos formam uma categoria heterogênea, a dificultar sobremaneira a identificação 
de um fundamento de legitimação dos direitos humanos.
O principal expoente dessa corrente é Norberto Bobbio, o qual assinala que “o problema 
grave do nosso tempo, com relação aos direitos humanos, não é mais o de fundamentá-los e 
sim o de protegê-los”.
Atente-se para um ponto: para tal corrente, não se nega a existência dos direitos huma-
nos! Em verdade, a discussão diz respeito à necessidade de identificar uma fonte legitima-
dora. Assim, para Bobbio, no atual estado de evolução dos direitos humanos, já se revela 
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DIREITOS HUMANOS
superada a necessidade de identificar a fonte legitimadora. Os direitos humanos já são uma 
categoria posta. A dificuldade não é fundamentá-los, mas implementá-los.
Importa esclarecer que Bobbio não rechaça por completo a busca por fundamentos que 
legitimam os direitos humanos. Ele reforça apenas a inviabilidade de se perquirir fundamen-
tos absolutos, tendo em vista a existência de vários fundamentos possíveis.
Obs.: � O autor espanhol Peres Luño reforça que não é possível identificar o fundamento dos 
direitos humanos porque tais direitos são consagrados a partir de juízos de valor. 
Para tal autor, os direitos humanos são escolhas decorrentes de opções morais que, 
por definição, não podem ser comprovadas ou justificadas. Para ele, diferentemente 
do Direito Constitucional que busca seu fundamento de validade na força normativa 
da Constituição, nos direitos humanos, por sua vez, não há esse elemento inequívoco 
de fundamentação e legitimidade. Assim, o fato de os direitos humanos possuírem 
uma estrutura aberta impede que se delimitem os seus fundamentos.
4.2. teoriA JusnAturAlistA
O ser humano possui direitos naturais, anteriores e superiores ao Estado, de origem divina 
ou fruto da natureza humana. Assim, o jusnaturalismo é uma corrente do pensamento jurídico 
que defende a existência de um conjunto de normas vinculantes anterior e superior ao siste-
ma de normas fixadas pelo Estado (direito posto).
Para a corrente Jusnaturalista, os direitos humanos seriam equivalentes aos direitos na-
turais, com uma estrutura metafísica, quer dizer, os direitos humanos encontram fundamento 
na existência de um direito pré-existente ao direito produzido pelo homem. Tais direitos po-
dem ser oriundos de Deus (Escola de direito natural de razão divina) ou podem ser oriundos 
da natureza inerente do ser humano (Escola de direito natural moderno).
Na seara dos direitos humanos, segundo o professor André Ramos, é possível identificar 
uma visão jusnaturalista já na Antiguidade, simbolizada na peça de teatro Antígona de Sófo-
cles (421 a.C., parte da chamada Trilogia Tebana).
Você já leu na faculdade o teatro de Antígona?
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DIREITOS HUMANOS
Minha graduação foi na UnB e me lembro de que um dos textos que mais gostei foi essa 
peça. O enredo narra a história de Antígona, protagonista, que se recusa a obedecer às ordens 
do rei, afirmando que as leis dos homens não podem sobrepor-se às leis eternas dos deuses.
Na Idade Média, segundo o professor André Ramos, o jusnaturalismo é incentivado pela 
visão religiosa de São Tomás de Aquino, para quem a lex humana deve obedecer a lex natu-
ralis, que era fruto da razão divina, mas perceptível aos homens. Também é importante men-
cionar a contribuição do pensador Hugo Grócio, considerado um dos fundadores do Direito 
Internacional e iniciador da teoria do direito natural moderno. Ele sustentava, já no século XVI, 
a existência de um conjunto de normas ideais, fruto da razão humana. Assim, os direitos posi-
tivados seriam, ontologicamente, limitáveis. Isso quer dizer, o direito dos legisladores huma-
nos só seria válido quando compatível com os mandamentos daquela lei imutável e eterna. 
Assim, o fundamento de validade dos direitos humanos seria essa lei imanente.
A grande marca da corrente jusnaturalista é o seu cunho metafísico. Compreende-se os 
direitos humanos a partir da existência de um direito preexistente ao direito produzido pelo 
homem. Essa natureza intrínseca dos direitos humanos poderia ter dois fundamentos de va-
lidade: seria possível que tais direitos fossem oriundos de Deus (escola de direito natural de 
razão divina) ou da natureza inerente do ser humano (escola de direito natural moderno).
Assim, a prevalência é do ser humano e a ele devem ser garantidos direitos básicos pela 
simples condição humana, ainda que haja embate entre tais direitos e as leis estatais.
A título ilustrativo, a doutrina indica o direito de resistência como exemplo da corrente 
jusnaturalista com os direitos postos pelo Estado, pois as Declarações de Direitos Virgínia 
(1776) e a Francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789) reconheceram o direito hu-
mano de resistência à opressão.
Segundo a doutrina, a teoria jusnaturalista apresenta algumas fragilidades teóricas:
a) Não há possibilidade de comprovação empírica ou mesmo teórica dos direitos naturais;
b) Há uma grande dificuldade em explicar a imutabilidade dos direitos naturais em razão 
da constante alteração do conteúdo de direitos essenciais ao indivíduo ao longo dos séculos
Nas palavras de André Ramos, impende reforçar que, a despeito de padecer de várias crí-
ticas, ainda hoje se utiliza a fundamentação jusnaturalista.
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DIREITOS HUMANOS
Por exemplo: no Direito Internacional dos Direitos Humanos, a Declaração de Viena de 1993, 
emitida ao final da 2ª Conferência Mundial das Nações Unidas sobre Direitos Humanos, 
dispôs, no parágrafo 1º da Parte I, que “os direitos humanos e as liberdades fundamentais 
são direitos naturais de todos os seres humanos”.6
Até mesmo o Supremo Tribunal já se valeu da corrente jusnaturalista para reforçar o ca-
ráter imanente dos direitos humanos:
Em síntese, na vigência de toda e qualquer relação jurídica concernente à prestação de 
serviços, é irrecusável o direito à greve. E este, porque ligado à dignidade do homem – 
consubstanciando expressão maior da liberdade a recusa, ato de vontade, em continuar 
trabalhando sob condições tidas como inaceitáveis –, merece ser enquadrado entre os 
direitos naturais. Assentado o caráter de direito natural da greve, há de se impedir práti-
cas que acabem por negá-lo (...) consequência da perda advinda dos dias de paralisação 
há de ser definida uma vez cessada a greve. Conta-se, para tanto, com o mecanismo dos 
descontos, a elidir eventual enriquecimento indevido, se é que este, no caso, possa se 
configurar (STF, Decisão monocrática da Presidência, SS 2061 AgR/DF, Rel. Min. Marco 
Aurélio, Presidente, julgamento em 30-10-2001).
Obs.: � Observação: em 2016, o STF em sede de repercussão geral, reforçou que a adminis-
tração pública deve descontar os dias de paralisação decorrentes do exercício do 
direito de greve pelos servidores públicos, salvo se ficar demonstrado que a greve foi 
provocada por conduta ilícita do Poder Público (STF, RE 693.456, Rel. Min. Dias Toffoli, 
julgamento em 27-10-2016).
4.3. teoriA positivistA
O fundamento dos direitos humanos consiste na existência da norma posta, cujo pres-
suposto de validade está em sua edição conforme as regras estabelecidas na Constituição. 
Assim, os  direitos humanos justificam-se graças a sua validade formal e sua previsão no 
ordenamento posto.
6 RAMOS. André de Carvalho. Curso de Direitos Humanos. Editora Saraiva. 6ª edição.
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DIREITOS HUMANOS
A Escola positivista, com forte influência ao longo dos séculos XIX e XX, traduziu a ideia 
de um ordenamento jurídico produzido pelo homem, de modo coerente e hierarquizado. No 
topo do sistema jurídico, existiria a Constituição, pressuposto de validade de todas as demais 
normas do ordenamento. Os direitos humanos foram inseridos na Constituição, obtendo um 
estatuto normativo superior.
Mas observe uma coisa: vimos que a corrente jusnaturalista parte da premissa de que to-
dos os indivíduos possuem direitos inerentes, contemplando uma visão de direitos universais 
e intrínsecos à condição humana. Para a corrente positivista, tal concepção foi deixado de 
lado, pois a ideia de “direitos inerentes” foi substituída pela ideia dos “direitos reconhecidos 
e positivados pelo Estado”.
Há um outro ponto que merece sua atenção: perceba, na vertente original do século XIX 
até meados do século XX, que a positivação dos direitos humanos é nacional. Quer dizer, 
o  positivismo é nacionalista, cumpre ao país normatizar a estrutura de direitos humanos. 
Assim, os direitos devem ser prescritos em normas internas para serem exigíveis em face do 
Estado ou de outros particulares.
Tenho certeza de que você já percebeu o grande risco dessa teoria: ela permite que o Es-
tado não proteja ou reconheça determinado direito ou categoria de direitos humanos. Tenho 
certeza também de que você lembrou da terrível experiência nazista, que utilizou a própria 
estrutura normativa estatal para legitimar práticas repugnantes.
O professor Fábio Konder Comparato, atentando para a fragilidade da positivação mera-
mente nacional, entende que a validade dos direitos humanos deve assentar-se em algo mais 
profundo e permanente que a ordenação estatal, ainda que esta se baseie numa Constituição.
A predominância positivista nacionalista dos direitos humanos do século XIX e início do 
século XX ficou desmoralizada após a barbárie nazista na Europa. Assim, o contexto social 
propiciou o desenvolvimento do Direito Internacional dos direitos humanos preocupado com 
a positivação internacionalista, com normas e tribunais internacionais aceitos pelos Estados 
e com impacto direto na vida das sociedades locais.
Segundo lição de André Ramos, essa positivação internacionalista foi identificada por 
Bobbio, que, em passagem memorável, detectou que:
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DIREITOS HUMANOS
Os direitos humanos nascem como direitos naturais universais, desenvolvem-se como direitos po-
sitivos particulares (quando cada Constituição incorpora Declaração de Direitos) para finalmente 
encontrar a plena realização como direitos positivos universais”. Os direitos humanos representam 
hoje a nova centralidade do Direito Constitucional e também do Direito Internacional.
No Direito Constitucional, há a jusfundamentalização do Direito. Já ouviu esse termo?
A jusfundamentalização é fenômeno pelo qual as diferentes normas de um ordenamento 
jurídico formatam-se à luz dos direitos fundamentais. Trata-se de uma verdadeira “filtragem 
pro homine”, na qual todas as normas do ordenamento jurídico devem ser compatíveis com a 
promoção da dignidade humana. Nessa linha, Sarmento sustenta que o:
Princípio da dignidade da pessoa humana representa o epicentro axiológico da ordem constitucio-
nal, irradiando efeitos sobre todo o ordenamento jurídico e balizando não apenas os atos estatais, 
mas também toda a miríade de relações privadas que se desenvolvem no seio da sociedade civil e 
do mercado.7
No plano internacional, os direitos humanos sofreram uma ruptura ocasionada pelos re-
gimes totalitários nazifascistas na Europa na Segunda Guerra Mundial e, após, foram recons-
truídos com a internacionalização da matéria. Com isso, o Direito Internacional passou por 
uma lenta mudança do seu eixo central voltado à perspectiva do Estado preocupado com a 
governabilidade e com a manutenção de suas relações internacionais. Com a ascensão da 
temática dos direitos humanos previstos em diversas normas internacionais, os direitos hu-
manos promoveram a entrada em cena da preocupação internacional referente à promoção 
da dignidade humana em todos os seus aspectos. Para finalizar, esse novo papel dos direitos 
humanos já foi reconhecido pelo próprio STF, o qual estabeleceu que
O eixo de atuação do direito internacional público contemporâneo passou a concentrar-
-se, também, na dimensão subjetiva da pessoa humana, cuja essencial dignidade veio 
a ser reconhecida, em sucessivas declarações e pactos internacionais, como valor fun-
dante do ordenamento jurídico sobre o qual repousa o edifício institucional dos Estados 
nacionais (HC 87.585-8, voto do Min. Celso de Mello, julgamento em 12-3-2008).
7 RAMOS. André de Carvalho. Curso de Direitos Humanos. Editora Saraiva. 6ª edição.
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DIREITOS HUMANOS
Assim, especialmente tendo em vista a noção de centralidade dos direitos humanos, a teo-
ria positivista padece de severas críticas, pois aceitaria, sem maiores questionamentos, a não 
observância das normas internacionais de direitos humanos, caso não houvesse a aceitação 
ou a incorporação da norma pela ordem interna de um Estado.
5. teoriAs conteMporâneAs8
Modernamente foram elaboradas outras teorias que objetivam traçar o aporte legitimador 
dos direitos humanos. Consoante os estudos de Anthony Langlois, podem ser apontadas sete 
vertentes que conferem fundamentos teóricos aos direitos humanos hodiernamente:
5.1. dignidAde HuMAnA
Figura como um valor que deve ser conferido a todas as pessoas, independentemente de 
fatores pessoais ou comportamento particular, segundo lição das professoras Aline Albu-
querque e Alice Barroso. Assim, os direitos humanos são ferramentas para concretização da 
dignidade humana.
5.2. rAzão
Os direitos humanos retiram seu fundamento de validade a partir da razão, da capacidade 
de comportamento racional. As supracitadas autoras, indicando a doutrina de Anthony Lan-
glois, indicam que “os seres humanos possuem exigências éticas em função de sua capaci-
dade de raciocinar, tais como de bem-estar e de liberdade, as quais são realizadas por meio 
dos direitos humanos.”9
5.3. AutonoMiA
A razão de ser dos direitos humanos é permitir a fruição da capacidade de autodetermi-
nação pessoal, que possui profunda interface com a autonomia. A autonomia figura como a 
capacidade de escolha pessoal em relação às demais pessoas. 
8 ALBUQUERQUE, Aline. BARROSO, Alesia. Curso de Direitos Humanos. Editora Lumen Juris. 2018.
9 ALBUQUERQUE, Aline. BARROSO, Alesia. Curso de Direitos Humanos. Editora Lumen Juris. 2018.
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DIREITOS HUMANOS
5.4. iguAldAde
Todas as pessoas merecem o mesmo respeito e a mesma consideração, pois possuem 
o mesmo valor perante a comunidade jurídica. Assim, os direitos humanos encontram fun-
damento no dever moral de igualdade política, já que objetiva salvaguardar as mesmas prer-
rogativas e oportunidades para o desenvolvimento pessoal. Nas palavras das autoras Aline 
Albuquerque e Alessia Barroso:
Segundo Dworkin, o  liberalismo igualitário, que se ancora na ideia de igualdade, entende que o 
estado deve tratar todos de forma equânime, rechaçando, assim, um sistema social alicerçado em 
privilégios.10
5.5. necessidAdes
A condição humana traz inerente uma série de necessidades, como segurança e subsis-
tência. Tais necessidades são universais, de modo que os direitos humanos têm o papel de 
promover e garantir que tais necessidades sem sanadas.
5.6. cApAcidAdes
Nas palavras das citadas autoras, Nussbaum e Sen, expoentes da perspectiva baseada 
nas capacidades:
Assegurar um direito humano é muito mais do que colocá-lo no papel, pois implica o desenvolvi-
mento das capacidades para que o titular do direito o exerça efetivamente.11
5.7. consenso
O pensador norte-americano Jack Donnelly sustenta que há um consenso internacional 
relativo ao sistema de direitos humanos construído a partir da Declaração Universal de Direi-
tos Humanos de 1948.
10 Idem.
11 Ibidem.
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DIREITOS HUMANOS
À luz da teoria de Rawls, Donnelly alega que há um consenso sobreposto, de base política e que não 
abarca teorias compreensivas, como as religiosas e filosóficas, que confere legitimidade e funda-
mento aos direitos humanos previstos na Declaração Universal de Direitos Humanos.12
Questão 4 (FCC/AFAP/2019/ANALISTA DE FOMENTO/ADVOGADO) Considere o seguinte 
excerto da obra doutrinária ao final identificada:
“Outra característica associada aos direitos fundamentais diz com o fato de estarem con-
sagrados em preceitos da ordem jurídica. Essa característica serve de traço divisor entre as 
expressões direitos fundamentais e direitos humanos.
A expressão direitos humanos, ou direitos do homem, é reservada para aquelas reivindica-
ções de perene respeito a certas posições essenciais ao homem. São direitos postulados em 
bases jusnaturalistas, contam índole filosófica e não possuem como característica básica a 
positivação numa ordem jurídica particular.
A expressão direitos humanos, ainda, e até por conta da sua vocação universalista, supra-
nacional, é empregada para designar pretensões de respeito à pessoa humana, inseridas em 
documentos de direito internacional.
Já a locução direitos fundamentais é reservada aos direitos relacionados com posições bási-
cas das pessoas, inscritos em diplomas normativos de cada Estado. São direitos que vigem 
numa ordem jurídica concreta, sendo, por isso, garantidos e limitados no espaço e no tempo, 
pois são assegurados na medida em que cada Estado os consagra.”
(MENDES, Gilmar Ferreira e BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional, 
13.ed., São Paulo: Saraiva Educação, 2018, p. 147)
Com base no texto transcrito,
a) não há como distinguir doutrinariamente as expressões direitos fundamentais e direitos 
humanos, dada a vocação universalista da proteção da pessoa humana, reconhecida nos 
documentos do direito internacional.
12 Ibidem.
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b) a expressão direitos humanos possui natureza universalista, oriunda de uma concepção 
filosófica derivada do Direito Natural.
c) a expressão direitos humanos diz respeito ao direito positivado por cada Estado soberano 
e, por essa razão, se afasta das concepções jusnaturalistas.
d) a expressão direitos humanos, dado o caráter nacional da positivação jurídica, não consti-
tui objeto do Direito Internacional Público.
e) por se tratar de concepção filosófica jusnaturalista, não limitada ao tempo e ao espaço, 
os direitos fundamentais não possuem conteúdo jurídico.
Letra b.
�a) Errada. Vimos que há corrente doutrinária que distingue doutrinariamente as referidas ex-
pressões.
�b) Certa. O universalismo possui estreita relação com o jusnaturalismo.
�c) Errada. Trata-se do conceito de direitos fundamentais.
�d) Errada. Trata-se do conceito de direitos fundamentais.
e) Errada.
6. QuAis As fontes dos direitos HuMAnos?
Segundo a doutrina, as  fontes dos direitos humanos estão previstas, de maneira não 
exaustiva, no art. 38.1 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça, sendo elas:
a) as convenções internacionais, quer gerais, quer especiais, que estabeleçam regras ex-
pressamente reconhecidas pelos Estados litigantes;
b) o costume internacional, como prova de uma prática geral aceita como sendo o direito;
c) os princípios gerais de direito reconhecidos pelas nações civilizadas;
d) as decisões judiciais e a doutrina dos publicistas mais qualificados das diferentes na-
ções como meio auxiliar para a determinação das regras de direito.
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Fontes dos direitos humanos:
• Convenções internacionais;
• O costume internacional;
• Os princípios gerais de direito;
• As decisões judiciais e a doutrina dos publicistas.
Há uma ordem hierárquica ou sucessiva na aplicação das fontes dos direitos humanos? Não!
Agora, vamos passar a analisar cada uma das fontes de direitos humanos.
6.1. convenções internAcionAis
Pela expressão convenções internacionais, o art. 38.1 do Estatuto da Corte Internacional 
de Justiça estabelece todos os documentos internacionais que contemplam os direitos hu-
manos. Urge assinalar que o termo tratado internacional é uma expressão bastante ampla, 
podendo ser utilizada como sinônimo de carta, pacto, protocolo ou convenção. Tais docu-
mentos, em regra, possuem natureza vinculante. Já o termo declaração, ou regras, por sua 
vez, costuma ser utilizado para instrumentos soft law, ou seja, sem força vinculante.
O conceito de tratado é previsto no art. 2.1 da Convenção de Viena sobre o Direito dos 
Tratados (CVDT), de 1969, promulgada no Brasil pelo Decreto n. 7.030/2009:
Significa um acordo internacional concluído por escrito entre Estados e regido pelo Direito Interna-
cional, quer conste de um instrumento único, quer de dois ou mais instrumentos conexos, qualquer 
que seja sua denominação específica.
Importa mencionar que a doutrina e os tribunaisinternacionais reconhecem que há uma 
diferença entre tratados de direitos humanos e tratados que cuidem de outras matérias, em 
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especial no tocante a força normativa. Adotando tal orientação, o Supremo Tribunal Federal 
assentou que os tratados de direitos humanos são introjetados no ordenamento jurídico bra-
sileiro com status supralegal, em regra. Os demais tratados terão status legal, tão somente. 
Trataremos acerca dessa questão oportunamente.
Ainda a respeito dos tratados, a Opinião Consultiva n. 2 da Corte Interamericana de Direi-
tos Humanos asseverou que:
[Os] tratados modernos sobre direitos humanos, em geral, e, em particular, a Convenção Ameri-
cana, não são tratados multilaterais do tipo tradicional, concluídos em função de um intercâmbio 
recíproco de direitos, para o benefício mútuo dos Estados contratantes. Seu objeto e fim são a 
proteção dos direitos fundamentais dos seres humanos, independentemente de sua nacionalidade, 
tanto frente a seu próprio Estado como frente aos outros Estados contratantes. Ao aprovar esses 
tratados sobre direitos humanos, os Estados se submetem a uma ordem geral dentro da qual eles, 
pelo bem comum, assumem várias obrigações, não em relação aos outros Estados, mas sim em 
relação aos indivíduos sob a sua jurisdição.
6.2. princípios de interpretAção dos trAtAdos ou convenções
Superada a conceituação das convenções, importa analisarmos os princípios de interpre-
tação dos tratados ou convenções. Vamos lá?
Inicialmente, deve ser obedecido o princípio pacta sunt servanda, previsto no art. 26 da 
CVDT – “todo tratado em vigor obriga as partes e deve ser cumprido por elas de boa-fé”.
Ademais, deve ser observado o princípio da primazia do Direito Internacional, previsto no 
art. 27 da CVDT, segundo o qual, “uma parte não pode invocar as disposições de seu direito 
interno para justificar o inadimplemento de um tratado”.
Por fim, merece atenção o princípio da interpretação de boa-fé, previsto no art. 31.1 da 
CVDT: “um tratado deve ser interpretado de boa-fé segundo o sentido comum atribuível aos 
termos do tratado em seu contexto e à luz de seu objetivo e finalidade”.
6.3. costuMe internAcionAl
O costume internacional consiste na prática generalizada dos Estados aceita como sendo 
o direito, nos termos do art. 38.1.b do ECIJ. Importa assentar que esse conceito abriga dois 
elementos:
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a) Um elemento material, que é a prática generalizada;
b) Um elemento subjetivo, que é a crença de que esta prática é obrigatória.
Diferentemente dos tratados, o  costume internacional obriga os Estados tacitamente, 
sem exigir uma manifestação explícita de aceitação nem uma incorporação formal na ordem 
jurídica interna. Aceita-se, majoritariamente, que um Estado somente pode deixar de cumprir 
um costume internacional quando tenha se comportado como um “objetor persistente”, com-
portamento este que deve ocorrer durante o processo de formação do costume internacional, 
mediante manifestações permanentes e inequívocas de sua objeção a serem obrigados pelo 
respectivo costume.
A figura do “objetor persistente” se aplica a quaisquer normas de direitos humanos?
Não se aplica às normas de jus cogens, também conhecidas como normas imperativas ou 
cogentes. São exemplos de normas cogentes a proibição do genocídio, da tortura, da escra-
vidão e da discriminação racial.
6.3. princípios gerAis do direito
Os princípios gerais do Direito são as normas de caráter mais genérico e abstrato que 
incorporam as concepções fundamentais da maioria dos sistemas jurídicas mundiais, a citar 
os princípios da proteção da dignidade da pessoa humana, o pacta sunt servanda, a boa-fé e 
o devido processo legal.
6.4. decisões JudiciAis e doutrinA dos publicistAs
Decisões judiciais são as sentenças, resoluções, recomendações, comentários gerais, 
entre outros provimentos emanados de órgãos judiciais ou quase-judiciais internacionais, 
podendo compreender também a jurisprudência nacional.
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Obs.: � Eu confesso que vários alunos já me disseram que acham essa parte bem chata... 
Alguém já deve ter dado alguns cochilos (rs). Então, ACOOOORDA e vamos prosseguir!
7. clAssificAções dos direitos HuMAnos
Já estudamos o conceito de direitos humanos, as doutrinas que tratam da fundamenta-
ção e as fontes de tais direitos, agora vamos avançar sobre um dos temas mais cobrados em 
todas as provas de direitos humanos.
Eu desafio você: tente encontrar uma prova que não exija o conhecimento de classifica-
ções de direitos humanos! Você não vai encontrar! TODAS as provas cobram. Seja direta seja 
indiretamente.
Preparado(a)? Se estiver cansado(a), faça uma breve pausa, tome água, faça um alon-
gamento e vamos lá. Trataremos sobre as principais classificações doutrinárias acerca dos 
direitos humanos.
7.1 clAssificAção A pArtir do direito internAcionAl dos direitos 
HuMAnos
Vivemos em meados do século XX um profundo conflito ideológico: a Guerra Fria entre 
os blocos capitalista e socialista. Em razão de tal disputa ideológica, não foi possível a ela-
boração de um tratado (logo, com natureza vinculante) que protegesse todas as espécies 
de direitos humanos. Assim, do ponto de vista normativo - da construção de documentos 
internacionais -, os direitos humanos foram classificados em dois blocos: os direitos civis e 
políticos e os direitos econômicos, sociais e culturais.
7.2 clAssificAção segundo A teoriA do stAtus de Jellinek
A premissa de tal teoria é a forma de interação do indivíduo com o Estado sob a ótica 
dos direitos. Assim, a teoria do Status, desenvolvida no final do século XIX por Georg Jellinek 
(1851-1911), relaciona-se com a posição do direito do indivíduo em face do Estado, com pre-
visão de mecanismos de garantia a serem invocados no ordenamento estatal.
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Segundo a doutrina de André Ramos, os direitos humanos devem ser traduzidos em nor-
mas jurídicas estatais para que possam ser garantidos e concretizados. Sua classificação, 
então, é pautada13:
1) pelo reconhecimento do caráter positivo dos direitos, ou seja, direitos previstos e regu-
lados pelo Estado, contrapondo-se à tese de inerência ou de que seriam direitos natos. Quer 
dizer, o autor repudia a noção de direitos humanos sob a perspectiva jusnaturalista.2) pela afirmação da verticalidade, defendendo que os direitos são concretizados na re-
lação desigual entre indivíduo e Estado. Cumpre esclarecer: a teoria dos Status não abarca 
os direitos humanos nas relações entre particulares (efeito horizontal dos direitos humanos, 
como veremos) nem os direitos de titularidade difusa, transindividual, pois no momento his-
tórico que foi construída ainda não havia o avanço teórico nesse sentido.
Para Jellinek, o indivíduo pode ser encontrado em quatro situações diante do Estado.
1) Status passivo/subjectionis/sujeição: o indivíduo encontra-se em um estado de sub-
missão, que foi denominado status subjectionis ou status passivo. O indivíduo se encontra 
em uma posição de subordinação em face do Estado, que detém atribuições e prerrogativas, 
aptas a vincular o indivíduo e exigir determinadas condutas ou ainda impor limitações (proi-
bições) a suas ações. Surgem, então, deveres do indivíduo que devem contribuir para o atingi-
mento do bem comum. A preocupação de Jellinek é não desvincular os direitos dos indivíduos 
da possibilidade do Estado impor deveres, a fim de assegurar o interesse de todos. Logo, para 
Jellinek, o cumprimento desses deveres leva à implementação dos direitos de todos.
2) Status ativo/libertatis/defesa/negativo: na segunda situação, o indivíduo possui o “sta-
tus” negativo (status libertatis), que é o conjunto de limitações à ação do Estado voltado ao 
respeito dos direitos do indivíduo. O indivíduo exige respeito e contenção do Estado, a fim de 
assegurar o pleno exercício de seus direitos na vida privada. Nasce um espaço de liberdade 
individual ao qual o Estado deve respeito, abstendo-se de qualquer interferência. Jellinek, 
com isso, retrata a chamada dimensão subjetiva, liberal ou clássica dos direitos humanos, 
na qual os direitos têm o condão de proteger seu titular (o indivíduo) contra a intervenção do 
Estado. É a resistência do indivíduo contra o Estado. Ao Estado cabe a chamada prestação ou 
13 RAMOS. André de Carvalho. Curso de Direitos Humanos. Editora Saraiva. 6ª edição.
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obrigação negativa: deve se abster de determinada conduta, como não matar indevidamente, 
não confiscar, não prender sem o devido processo legal etc.
3) Status positivo/civitatis/prestacional: consiste no conjunto de pretensões do indiví-
duo para invocar a atuação do Estado em prol dos seus direitos. O indivíduo tem o poder de 
provocar o Estado para que interfira e atenda seus pleitos. A liberdade do indivíduo adquire 
agora uma faceta positiva, apta a exigir mais do que a simples abstenção do Estado (que era 
a característica do “status” negativo), levando à proibição da omissão estatal. Sua função 
original era exigir que o Estado protegesse a liberdade do indivíduo, evitando que sua omissão 
gerasse violações, devendo realizar prestações positivas. Assim, para proteger a vida, o Esta-
do deveria organizar e manter um sistema eficiente de policiamento e segurança pública. Para 
assegurar o devido processo legal, o Estado deveria organizar de modo eficiente os recursos 
materiais e humanos do sistema de justiça. Porém, com a evolução das demandas e com o 
surgimento de novos direitos, emergem direitos a prestações sociais, nos quais se cobra uma 
ação prestacional do Estado para assegurar direitos referentes à igualdade material, como 
direito à saúde, direito à educação etc.
4) Status ativo/activus/participativo: consiste no conjunto de prerrogativas e faculdades 
que o indivíduo possui para participar da formação da vontade do Estado, refletindo no exer-
cício de direitos políticos e no direito de aceder aos cargos em órgãos públicos. O poder do 
Estado é, em última análise, o poder do conjunto de indivíduos daquela comunidade política. 
Consoante lição de André Ramos, o Supremo Tribunal Federal invocou o status ativo no caso 
do direito de nomeação de aprovado em concurso público classificado entre o número dis-
ponível de vagas previsto no edital. Para o STF, a Administração Pública está vinculada às 
normas do edital, ficando obrigada a preencher as vagas previstas para o certame dentro do 
prazo de validade do concurso, salvo diante de excepcional justificativa. O candidato aprova-
do dentro do número de vagas tem um direito subjetivo à nomeação, que vincula diretamente 
a Administração. Para o Ministro Gilmar Mendes:
A acessibilidade aos cargos públicos constitui um direito fundamental expressivo da 
cidadania, como bem observou a Ministra Cármen Lúcia na referida obra. Esse direito 
representa, dessa forma, uma das faces mais importantes do status activus dos cida-
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dãos, conforme a conhecida ‘teoria do status’ de Jellinek (RE 598.099/MS, rel. min. 
Gilmar Mendes, j. 10-8-2011, DJE de 3-10-2011, com repercussão geral).
Na doutrina alemã, Häberle defendeu a ampliação do status ativo, para que se transformasse 
em um status activus processualis, no qual o indivíduo possui o direito à participação no pro-
cedimento da tomada de decisão por parte do Poder Público. Não se trata de somente se ma-
nifestar, mas especialmente no direito de influenciar e ter sua posição levada em consideração 
na adoção de determinada decisão, inclusive a dos Tribunais Constitucionais. O status activus 
processualis é visto, por exemplo, na adoção do amicus curiae e da audiência pública no pro-
cesso do controle abstrato de constitucionalidade no Brasil (Leis n. 9.868/1999 e 9.862/1999).
Achou complicado lembrar esses nomes todos?
Vamos facilitar:
Status subjetionis é o mesmo que status passivo.
Status libertatis é o mesmo que status negativo.
Status civitatis é o mesmo que status positivo.
Status activus é o mesmo que status ativo.
7.3 clAssificAção eM gerAções
O doutrinador checo Karel Vasak, em conferência proferida no Instituto Internacional 
de Direitos Humanos de Estrasburgo, França, em 1979, inspirado nos ideais da revolução 
francesa – liberdade, igualdade e fraternidade –, classificou os direitos humanos em três 
gerações.
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DIREITOS HUMANOS
Segundo o doutrinador, seria possível distinguir três gerações de direitos humanos, 
são eles:
1) Direitos de Primeira Geração: envolvem os direitos de liberdade. Essa geração contem-
pla os direitos às prestações negativas, nas quais o Estado deve proteger a esfera de auto-
nomia do indivíduo. É bastante comum serem denominados também de “direitos de defesa”, 
pois protegem o indivíduo contra intervenções indevidas do Estado, possuindo caráter de dis-
tribuição de competências (limitação) entre o Estado e o ser humano. Os direitos de primeira 
geração são compostos por direitos civis e políticos. Por isso, são conhecidos como direitos 
(ou liberdades) individuais, tendo

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