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155171102815_OABXVIII_PECASPROCESS_AULA3

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OAB 2ª FASE – XVIII EXAME DE ORDEM 
Peças Processuais - Parte IV - Aula 3 
Flavia Bahia 
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14. Caso 2. Hipotético 
A Síndrome de Inefetividade das Normas 
Constitucionais refere-se, basicamente, às 
hipóteses em que existindo norma 
constitucional de eficácia limitada o Poder 
Público não as regulamenta, colocando em 
risco a própria supremacia da Constituição 
e, muitas vezes, os direitos e garantias 
fundamentais. 
Depois de anos de inércia legislativa no que 
tange à greve dos servidores públicos, o 
Sindicato dos Trabalhadores em Educação 
do Município de Arauripe, Estado do Ceará, 
resolve apresentar uma ação em que se 
pretende que seja garantido aos seus 
associados o exercício do direito de greve 
previsto no art. 37, VII, da CRFB/88 ("Art. 
37. ... VII - o direito de greve será exercido 
nos termos e nos limites definidos em lei 
específica;"). Na qualidade de advogado 
contratado pelo referido Sindicato, apresente 
a ação cabível para defender os seus 
interesses. 
HABEAS DATA 
Art. 5º LXXII - conceder-se-á "habeas-data": 
a) para assegurar o conhecimento de 
informações relativas à pessoa do 
impetrante, constantes de registros ou 
bancos de dados de entidades 
governamentais ou de caráter público; 
b) para a retificação de dados, quando não 
se prefira fazê-lo por processo sigiloso, 
judicial ou administrativo; 
 
1.Histórico, natureza jurídica e conceito 
 
2. Base Legal: art. 5º, LXXII e Lei 9507/97 
 
3. Finalidade – Dados Pessoais? 
Conhecer 
Ou 
Retificar 
Ou 
Complementar 
 
4. Legitimidade Ativa. Herdeiros. 
Remédio Personalíssimo 
 
5. Polo Passivo. Autoridade Coatora. 
 
6. Definição de “caráter público” 
 
7. Requisito essencial 
De acordo com a Súmula nº 2 do STJ: “Não 
cabe o habeas data se não houve recusa de 
informações por parte da autoridade 
administrativa.” 
 
Assim dispõe a Lei nº 9.507/97 no parágrafo 
único do art. 8º: 
“A petição inicial deverá ser instruída com 
prova: 
 
I - da recusa ao acesso às informações ou 
do decurso de mais de dez dias sem 
decisão; 
II - da recusa em fazer-se a retificação ou do 
decurso de mais de quinze dias, sem 
decisão; 
ou III - da recusa em fazer-se a anotação a 
que se refere o § 2° do art. 4° ou do decurso 
de mais de quinze dias sem decisão”. 
 
“(...) O acesso ao habeas data pressupõe, 
dentre outras condições de admissibilidade, 
a existência do interesse de agir. Ausente o 
interesse legitimador da ação, torna-se 
inviável o exercício desse remédio 
constitucional. A prova do anterior 
indeferimento do pedido de informação de 
dados pessoais, ou da omissão em atendê-
lo, constitui requisito indispensável para que 
se concretize o interesse de agir no habeas 
data. (...) 
 
(…) Sem que se configure situação prévia 
de pretensão resistida, há carência da ação 
constitucional do habeas data” (RHD 22, 
Rel. p/ o ac. Min. Celso de Mello, j. 19.9.91, 
DJ 1º.9.95). 
 
8. JURISPRUDÊNCIA STJ 
Para obtenção de cópia de processo 
administrativo não é cabível o habeas data, 
pois no caso da busca não ser por 
informações pessoais ou esclarecimentos 
sobre bancos de dados ou arquivos 
governamentais, será adequado impetrar 
mandado de segurança e não o habeas 
data. 
 
O habeas data não alcança a pretensão de 
obter informações que estejam sob sigilo. 
 
 
 
 
 
 
 
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Portanto, se a lei trata de um dado como 
sendo sigiloso, ou de uso exclusivo de 
determinada entidade que o detêm, tal dado 
não pode ser transferido a terceiros. 
 
O acesso a informações contidas em 
prontuário médico, como o exame 
psiquiátrico realizado por servidor nessa 
qualidade, pode ser assegurado via habeas 
data, não havendo que se falar em 
informações de uso interno e exclusivo do 
órgão que realizou o mesmo. 
 
No caso do acesso aos extratos de 
depósitos de FGTS é cabível o habeas data, 
pois a caixa econômica federal assume 
função estatal de gestora do mesmo, 
exercendo atividade do poder público, o que 
justifica o cabimento daquele remédio. 
 
NOVIDADE!! 
O “habeas data” é a garantia constitucional 
adequada para a obtenção, pelo próprio 
contribuinte, dos dados concernentes ao 
pagamento de tributos constantes de 
sistemas informatizados de apoio à 
arrecadação dos órgãos da administração 
fazendária dos entes estatais. 
 
Essa a conclusão do Plenário, que proveu 
recurso extraordinário em que discutida a 
possibilidade de o contribuinte, por meio do 
aludido remédio constitucional, acessar 
todas as anotações incluídas nos arquivos 
da Receita Federal, com relação a todos os 
tributos de qualquer natureza por ele 
declarados e controlados pelo Sistema 
Integrado de Cobrança - Sincor, ou qualquer 
outro, além da relação de pagamentos 
efetuados para a liquidação desses débitos, 
mediante vinculação automática ou manual, 
bem como a relação dos pagamentos sem 
liame com débitos existentes. No caso, o 
recorrente, ao intentar obter informações 
relativas às anotações constantes dos 
arquivos da Receita Federal, tivera o pedido 
negado, tendo em vista esses dados não se 
enquadrarem, supostamente, na hipótese de 
cadastro público. O Colegiado afirmou que o 
“habeas data” seria ação constitucional 
voltada a garantir o acesso de uma pessoa a 
informações sobre ela, constantes de 
arquivos ou bancos de dados de entidades 
governamentais ou públicas (CF, art. 5º, 
LXXII, a). 
 
Estaria à disposição dos cidadãos para que 
pudessem implementar direitos subjetivos 
obstaculizados, alcançáveis por meio do 
acesso à informação e à transmissão de 
dados. A sua regulamentação legal (Lei 
9.507/1997) demonstraria ser de caráter 
público todo registro ou banco de dados 
contendo informações que fossem ou que 
pudessem ser transmitidas a terceiros, 
ou que não fossem de uso privativo do 
órgão ou entidade produtora ou depositária 
dessas informações. (STF, HD 673.707) 
 
9. Hipóteses de não cabimento: 
- Acesso a dados públicos 
- Acesso a dados sobre terceiros 
- Acesso à certidão denegada 
- Acesso a informações sobre os critérios 
utilizados na correção de provas de 
concurso/ acesso à prova/ revisão de 
prova 
- Acesso à autoria do denunciante 
 
10. Tutela de Urgência? Art. 273, CPC. 
 
11. Gratuidade. Art. 5º, LXXVII 
 
12. Competência 
Fixada de acordo com a autoridade coatora 
Art. 102, I, d 
Art. 105, I, b 
Art. 108, I, c 
Art. 109, VIII 
G – P – S + Mesa de Assembleia Legislativa 
– TJ 
 
Em resumo: 
 
Art. 20. O julgamento do habeas 
data compete: 
I - originariamente: 
 
a) ao Supremo Tribunal Federal, contra atos 
do Presidente da República, das Mesas da 
Câmara dos Deputados e do Senado 
Federal, do Tribunal de Contas da União, do 
Procurador-Geral da República e do próprio 
Supremo Tribunal Federal; 
 
 
 
 
 
 
 
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b) ao Superior Tribunal de Justiça, contra 
atos de Ministro de Estado ou do próprio 
Tribunal; 
c) aos Tribunais Regionais Federais contra 
atos do próprio Tribunal ou de juiz federal; 
d) a juiz federal, contra ato de autoridade 
federal, excetuados os casos de 
competência dos tribunais federais; 
e) a tribunais estaduais, segundo o disposto 
na Constituição do Estado; 
f) a juiz estadual, nos demais casos; 
 
13. Caso Concreto (OAB 2010.3) 
Tício, brasileiro, casado, engenheiro, na 
década de setenta, participou de 
movimentos políticos que faziam oposição 
ao Governo então instituído. Por força de 
tais atividades, foi vigiado pelos agentes 
estatais e, em diversas ocasiões, preso para 
averiguações. 
Seus movimentos foram monitorados pelos 
órgãos de inteligência vinculados aos órgãos 
de Segurança do Estado, organizados por 
agentes federais. (...) 
 
(…) Após longos anos, no ano de 2010, 
Tício requereu acesso à sua ficha de 
informações pessoais, tendo o seu pedido 
indeferido, em todas as instâncias 
administrativas. Esse foio último ato 
praticado pelo Ministro de Estado da Defesa, 
que lastreou seu ato decisório, na 
necessidade de preservação do sigilo das 
atividades do Estado, uma vez que os 
arquivos públicos do período desejado estão 
indisponíveis para todos os cidadãos. Tício, 
inconformado, procura aconselhamentos 
com seu sobrinho Caio, advogado, que 
propõe apresentar ação judicial para 
acessar os dados do seu tio. (...) 
 
Na qualidade de advogado contratado por 
Tício, redija a peça cabível ao tema, 
observando: 
 
a) competência do Juízo; 
b) legitimidade ativa e passiva; 
c) fundamentos de mérito constitucionais e 
legais vinculados; 
d) os requisitos formais da peça inaugural. 
 
 
 
5 PASSOS 
PASSO 1 – RESUMO DO CASO 
PASSO 2 – LEGITIMIDADE ATIVA 
PASSO 3 – LEGITIMIDADE PASSIVA 
PASSO 4 – ESCOLHA DA AÇÃO 
PASSO 5 – ÓRGÃO COMPETENTE 
 
EXMº. SR. MINISTRO PRESIDENTE DO 
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA 
(5 linhas) 
Tício, brasileiro, casado, engenheiro, 
portador do RG n... e do CPF n... , 
residente e domiciliado..., nesta cidade, por 
seu advogado infra-assinado, conforme 
procuração anexa ...., com escritório ..., 
endereço que indica para os fins do art. 39, I 
do CPC, com fundamento nos termos do art. 
5º, LXXII da CRFB/88 e da Lei n° 9507/97 
vem impetrar o presente 
HABEAS DATA em face do Ministro de 
Estado da Defesa, com sede funcional ..., 
aduzindo para tanto o que abaixo se segue. 
 
I- SÍNTESE DOS FATOS 
Na década de setenta o impetrante 
participou de movimentos políticos que 
faziam oposição ao Governo então 
instituído. Por força de tais atividades, foi 
vigiado pelos agentes estatais e, em 
diversas ocasiões, preso para averiguações. 
Além disso, seus movimentos foram 
monitorados pelos órgãos de inteligência 
vinculados aos órgãos de Segurança do 
Estado, organizados por agentes federais. 
 
Em 2010 Tício requereu acesso à sua ficha 
de informações pessoais, tendo o seu 
pedido indeferido, em todas as instâncias 
administrativas. Esse foi o último ato 
praticado pelo Ministro de Estado da Defesa, 
que lastreou seu ato decisório, na 
necessidade de preservação do sigilo das 
atividades do Estado, o que claramente viola 
a intimidade e vida privada do impetrante e 
fundamenta a propositura do presente 
Habeas Data. 
 
II- DA PROVA DA RECUSA À 
INFORMAÇÃO 
Conforme já narrado, o impetrante teve o 
seu pedido indeferido, em todas as 
instâncias administrativas, conforme 
documentação anexa, comprovando o 
 
 
 
 
 
 
 
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requisito essencial para a impetração da 
presente ação, de acordo com o art. 8º, I, da 
Lei 9507/97 e da Súmula nº 2 do STJ. 
 
III- DOS FUNDAMENTOS 
O art. 5º, LXXII, da CRFB/88 dispõe que o 
Habeas Data é o remédio constitucional 
responsável pela defesa em juízo dos dados 
pessoais que se pretenda conhecer ou 
retificar. 
 
A referida ação também encontra 
fundamento na Lei 9507/97 que ampliou as 
hipóteses de cabimento do Habeas Data, 
permitindo que também seja utilizado para a 
complementação de dados pessoais, de 
acordo com o art. 7º, 
 
III. O direito à informação é um direito 
fundamental consagrado pelo texto 
constitucional no art. 5º, XXXIII. 
Conforme previsto no art. 5º, X, da 
CRFB/88, são invioláveis a intimidade, a 
vida privada, a honra e a imagem das 
pessoas, assegurado, inclusive, o direito a 
indenização pelo dano material ou moral 
decorrente de sua violação. 
 
A competência para julgamento do Habeas 
Data é fixada de acordo com a autoridade 
coatora. Sendo assim, por força do art. 105, 
I, b, da CRFB/88 e do art. 20, I, b, da Lei 
9507/97, tendo em vista que a autoridade 
coatora é o Ministro de Estado da Defesa, o 
foro competente para julgamento da ação é 
o STJ. 
Também é importante ressaltar que o 
impetrante é o titular do dado pessoal que 
se pretende conhecer por meio desta, o que 
está em harmonia com a natureza 
personalíssima da ação. 
 
IV- DOS PEDIDOS 
Diante de todo o exposto, requer a V. Exa: 
 
a) que seja notificada a autoridade coatora, 
o Ministro de Estado da Defesa, dos termos 
da presente a fim de que preste demais 
informações que julgar necessárias; 
b) a procedência do pedido de habeas data, 
para que seja assegurado ao Impetrante o 
acesso às informações de seu interesse; 
c) a intimação do Representante do 
Ministério Público; 
d) a juntada dos documentos. 
Dá-se à causa o valor de R$ 1.000,00 para 
efeitos procedimentais. 
Termos em que, 
pede deferimento 
Local... e data... 
Advogado... 
OAB n.º ... 
 
14. Caso 2. Hipotético 
Clarissa Mota, servidora do Itamaraty lotada 
no Quênia, foi submetida a exames 
psiquiátricos, que fazem parte da avaliação 
funcional anual. Em razão dos resultados, foi 
considerada pelo Ministro das Relações 
Exteriores não habilitada ao exercício das 
atividades funcionais. 
 
De volta ao Brasil por conta da referida 
avaliação, Clarissa tentou obter acesso ao 
dado administrativamente, o que lhe foi 
negado, sob a alegação de que as 
informações desejadas seriam de uso 
interno e exclusivo do referido órgão estatal. 
Contratado como advogado de Clarissa que 
pretende acessar o referido dado pessoal, 
impetre a ação cabível para essa finalidade.

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