Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Doenças respiratórias em cães e gatos 1 Doenças respiratórias em cães e gatos Referencias https://s3-us-west-2.amazonaws.com/secure.notion-static.com/e80bbd97-0e 51-48e2-b0f1-043feaf2d360/5-33_Apostila_Clinica_Medica_de_Caes_e_Gat os_I.pdf Doenças respiratórias Distúrbios da cavidade nasal e seios paranasais Funções nariz: 1. Passagem de ar para os alvéolos pulmonares. 2. Umidificar e aquecer o ar. 3. Impedir a passagem de grandes partículas para o trato respiratório. 4. Olfato: na porção mais dorsal da concha etmoidal tem a maior quantidade de receptores olfatórios, por isso os animais dilatam as narinas para captar odores. Doenças respiratórias em cães e gatos 2 5. Termorregulação. Funções seios paranasais: 1. Proteção do encefalo contra traumas frontais. Sinais: Secreção nasal. Serosa: normal em pequena quantidade. Infecção viral em gato (calicivírus) ou início de secreção mucopurulenta. Mucopurulenta: com ou sem hemorragia, indica processo inflamatório. Hemorrágica (epistaxe): sangramento nasal. Animal adulto a idoso neoplasia. Pode ser leishmaniose ou erliquiose. Espiro = específico da cavidade nasal. Rápida inspiração seguida por uma involuntária, súbita e violenta expulsão do ar pelo nariz e boca. Procedimento de limpeza da mucosa nasal. Epistaxe. Obstrução nasal = respiração de boca aberta. Estridor = apito ou assovio. Obstrução parcial da cavidade nasal ou Estertor = ronco. Alteração na laringe ou traqueia. Podem ocorrer na inspiração ou expiração, pela passagem do ar de forma turbulenta pela cavidade nasal parcialmente obstruída. Deformidade nasal = neoplasia. Dispneia = mais frequente a inspiratória. Evitam abrir a boca para respirar, só em últimos casos. Obs.: dispneia inspiratória e ruídos nunca vão ser de origem pulmonar, são de vias aéreas superiores. Diagnóstico: RX: Não fecha diagnóstico. Doenças respiratórias em cães e gatos 3 LL, DV ou VD, boca aberta e tangencial (incidencia realizada em superfícies curvas). Necessário sedação profunda ou anestesia geral. LL -> limitado, sobreposição das camaras direita e esquerda, mas é importante para avaliar o osso frontal, nasal e plava cribiforme. Boca aberta -> melhor visualização da cavidade nasal, evita sobreposição. VD -> visualização mais caudal. Tangencial -> avaliar seios nasais frontais. Classificação: Rinite não destrutiva: radiopaco (mais branco), indica acúmulo de fluido, comum em doenças inflamatórias como rinite cronica canina. Rinite destrutiva: radioluscente (mais escuro), indica neoplasia (geralmente maligna) e fúngicas (aspergilose). Lise das conchas nasais e septo nasal. Biópsia: Pinça jacaré de pequeno diametro, de preferencia guiado por rinoscopia. Retirar 3 fragmentos de cada lado da cavidade. Pode causar hemorragia, utilizar adrenalina 0,1% em infusão. Rinoscopia: Requer anestesia geral e intubação. Endoscopio flexível ou rígido. Flexível: visualização da nasofaringe e conchas caudais, útil para CE e tumores. Rígido: introduzido pela narina, visualização da mucosa, presença de secreções, lesões, CE e parasitas. Fundamental para seleção Doenças respiratórias em cães e gatos 4 do local da biópsia. Citologia: Swab ou aspiração (squash). Aspirativa em suspeita de neoplasia (geralmente carcinoma) -> deformidade facial. Facilita punção no local da alteração. Swab para criptococose felina e células neoplásicas, principalmente em TVT. Cultura: Pouco válido, pois tem muitas bactérias normalmente. Hemograma e bioquímico: Não é útil para diagnóstico de enfermidade nasal, apenas em casos de pacientes com hemorragia nasal de origem sistemica como disturbios de coagulação (fator de Von Willebrand e trombocitopenias) e doenças infectocontagiosas (leishmaniose e erliquiose). Pólipos nasofaríngeos Formações benignas de tecido conjuntivo fibroso e células inflamatórias que acometem gatos filhotes a jovens. Origem desconhecida. Frequentemente fixados na base da tuba auditiva (trompa de eustáquio) e pode se estender até a nasofaringe, ouvido médio e canal auditivo externo. Róseos, polipoides, geralmente partem de um pedículo e podem ser confundidos com neoplasias, pelo seu aspecto grosseiro. Sinais: Dispneia inspiratória (característico de vias respiratórias superiores). Estridor e estertor. Secreção nasal mucopurulenta. Doenças respiratórias em cães e gatos 5 Sinais de otite: inclinação da cabeça, nistagmo ou síndrome de horner (ptose palpebral, miose, enoftalmia e terceira palpebra prolapsada). Diagnóstico: RX: massa radiopaca em nasofaringe em projeção LL. Visualização direta: puxar rostralmente o palato mole. TC da bula timpanica: determinar extensão. Histopatologia: definitivo. Tratamento: Síndrome de Horner. RX LL: massas em nasofaringe. Doenças respiratórias em cães e gatos 6 Excisão ciríurgica por pinçamento. ATB: amoxicilina + clavulanato de potássio por 2-4 semanas. Prednisolona: 4 semanas, com regressão da dose. Usar em gatos, pois tem deficiencia na metabolização de prednisona em prednisolona no fígado. Osteotomia: se houver otite e comprometimento dos ossos da bula timpanica. Prognóstico: Excelente. Complicações: reicidivas e sequelas neuro. Rinite linfoplasmocítica (rinite cronica canina idiopática) Acomete cães. Infiltrados inflamatórios na mucosa nasal, pode conter linfócitos, plasmócitos e neutrófilos. Etiologia alérgica, geralmente responde a corticoides. É causa incomum de doença nasal. Sinais: Secreção mucopurulenta persistente. Estertor. Hemorragia eventual: sangue fresco. Erosão dos turbinados. Como é idiopática, a ausencia de achados específicos é importante. Diagnóstico: Biópsia: definitivo. Rinoscopia: sinais de inflamação. Doenças respiratórias em cães e gatos 7 Secreção nasal: neutrofílica e com presença de bactérias. Cultura não é importante fazer. Pode ter rinite bacteriana oportunista, mas provavelmente são da flora normal. Infecção do trato respiratório superior dos felinos Antigamente chamada de complexo respiratório felino ou traqueíte. Doença respiratória mais comum em felinos. 90% dos casos: Herpesvírus felino (HVF) = vírus na rinotraqueíte felina. Calicivírus felino (CFV). Agentes menos comuns: Bordetella bronchiseptica. Chlamydophila felis (antiga Chlamydia psittaci). Acomete gatos jovens, não vacinados, imunossuprimidos ou em estresse. Transmissão: transmissão direta ou por fomites. Há animais portadores. Sinais: Secreção nasal mucupurulenta, anorexia e desidratação. Herpes: úlcera de córnea, aborto ou morte neonatal. Lacrimejamento excessivo, Coceira nos olhos, Secreção ocular, Vermelhidão em volta dos olhos e Córnea esbranquiçada. Calicivírus: úlcera em cavidade oral, conjuntivite. Pode haver ulceração cutanea. Estomatite ulcerativa - úlceras na cavidade oral e pneumonia leve: calicivírus. Tosse e pneumonia: bordetella. Doenças respiratórias em cães e gatos 8 Gato com boa imunidade vai ter apenas sinais leves de rinite e conjuntivite. Comum reicidivas. Diagnóstico: História clínica. Exame físico. Eliminação outras causas. Ausculta: pneumonia. Hemograma: Leucopenia: vírus. Neutropenia por linfopenia: FIV/FeLV. Neutrofilia com desvio à esquerda: bactérias. Isolamento viral ou citologia ocular (SWAB): Infecção bacteriana secundária. Conjuntivite e edema da conjuntiva palpebral. Secreção nasal mucopurulenta e ocular seca e amarelada. Úlcera de córnea. Doenças respiratórias em cães e gatos 9 PCR e sorologia. Mais importante saber a causa da imunossupressão do que diagnosticar. Ceratoconjuntivite, como diferenciar? O herpes causa ceratoconjuntivite seca, falta componente lacrimal aquoso, pode causar úlcera de córnea. Se tiver infecção bacteriana secundária a secreção fica mucosa ou mucopurulenta. Fazer teste lacrimal de Schirmer: produção de lágrima baixa é ceratoconjuntivite. Tratamento sintomático: Geralmente autolimitante em 5-7 dias. Suporte hídrico e nutricional: dieta pastosae mais palatável possível. Hidratação, ajuda na liberação do muco: Fluído IV ou SC. Gotas de solução fisiológica ou água no nariz, 0,5 - 1 ml em cada narina. Limpeza narinas. Vaporização: 15-20 minutos, BID ou TID. Descongestionantes nasais: fenilefrina ou oximetazolina, 1 gota SID por 3 dias, depois disso tem efeito rebote. ATB para infecção secundária, úlceras ou neonato com nariz entupido, se não tiver infecção não passa ATB e pede retorno em 3 dias: Amoxicilina 22mg/kg BID ou TID por 7 dias. Doxiciclina. Mucolítico: n-acetilcisteína. Pode ser misturado na vaporização com soro fisiológico, em 5ml colocar 5 gotas de mucolítico. Sistêmico IV ou VO 10 mg/kg. Doenças respiratórias em cães e gatos 10 Conjuntivite por Chlamydophila: pomada oftálmica de cloranfenicol ou tetraciclina TID por 14 dias. Úlcera de córnea: colírio de tobramicina 6 a 8 vezes por dia, atropina (analgesico) e antivirais tópicos como trifluridina e idoxirudina. Prevenção: Evitar superlotação. Ventilação. Dividir animais por faixa etária. Higiene local. Vacinação. Vacina: 1 dose com 6 semanas e dois reforços mensais. 1 reforço um ano após e depois reforços a cada 3 anos. Adultos acima de 9 semanas fazer 2 doses com intervalo de 1 mês cada. Distalmente aos membros. Aspergilose Características Agente etiológico: Aspergillus fumigatus, raramente Penicillium. Habitante normal da cavidade nasal de muitos animais. Doenças respiratórias em cães e gatos 11 Patógeno oportunista. Raro em gatos. Entrada pela via respiratória. Forma invasiva é a mais comum. Lesões na cavidade e seios paranasais. Necrose da mucosa nasal e dos turbinados. Osteomielite no seio frontal. Relacionado a deficiência imunológica. Aspectos clínicos Secreção nasal mucopurulenta com ou sem sangue. Despigmentação do plano nasal. Espirros. Úlceras. Dor. Deformidade. Sensibilidade a palpação. Doenças respiratórias em cães e gatos 12 Diagnóstico RX: padrão destrutivo e acúmulo de líquido. Rinoscopia: observação de placas fúngicas e erosão dos turbinados. Swab da placa fúngica. Citologia: hifas do fungo. Cultura: confirma a espécie. Biópsia é desnecessária. Tratamento Oral: itraconazol - tem baixa eficácia. Tópico: infusão de clotrimazol, mais indicado, sob anestesia geral, uma única dose já pode ser eficaz. 1. Entubar e colocar em decúbito dorsal. 2. Introduzir sonda foley na cavidade oral até a parte caudal da nasofaringe. 3. Inflar o balonete. Despigmentação do plano nasal. Doenças respiratórias em cães e gatos 13 4. Introduzir uma sonda uretral no meato dorsal de cada cavidade nasal e conectar uma seringa com clotrimazol. 5. Lateral a cada sonda uretral introduzir uma sonda foley de menor calibre para bloquear a saída do fármaco pelas narinas. 6. Infusão por 15 minutos em cada posição: lateral D, lateral E, ventral e dorsal. 7. Retirar as sondas e os cateteres. 8. Colocar o animal em decubito esternal com a cabeça se dependurando na beirada da mesa com o nariz apontando pro chão para que todo o fármaco e muco resultante sejam drenados. 9. Drenagem normalmente vai diminuir em 10 a 15 minutos. Rinites Etiologia Fungos: Cryptococcus neoformans e Aspergillus fumigatus. Bactérias: Bordetella e Mycoplasma. Alergia: espirros e lesões cutâneas. Infusão de clotrimazol. Doenças respiratórias em cães e gatos 14 Vírus. Sinais clínicos Espirros. Secreção uni ou bilateral mucosa a purulenta. Criptococose: nariz de palhaço - evolui para ulceração nasal, aumento de volume e lesão cutânea. DD: esporotricose, carcinoma e adenocarcinoma. Diagnóstico SWAB mucosa nasal para citologia. Radiografia: perda óssea por neoplasia. Cultura fúngica/bacteriana. Isolamento viral. Histopatológico: citologia corada com nanquim, coleta com punch. Tratamentos Bactérias: ATB: amoxicilina, ampicilina e doxiciclina. Mucolítico intranasal ou sistêmico. Fungos: Itraconazol: 10 mg/kg, SID, 60-90 dias, muito caro. 1. Criptococose ‘’nariz de palhaço’’. 2. Se estiver espirrando e com lesões na face pensa em esporotricose, pois não tem pelo claro para ser neoplasia e a lesão não é nasal. Fazer imprint onde está ulcerado. Doenças respiratórias em cães e gatos 15 Cetoconazol e fluconazol: hepatotóxicos, baratos. Clotrimazol tópico. Alergia: Anti-histamínico: clorfeniramina 4-8 mg/cão ou 2 mg/gato, TID. Corticóides: prednisona 0,25 mg/kg BID cão ou prednisolona gato. Doses baixas por 3 a 4 dias. Criptococose Características Geralmente em gatos. Cryptococcus neoformans. Transmissão em locais com grande concentração de fezes de pássaros (leveduras). Não é transmitido entre animais e pessoas. Entrada pela via respiratória mas pode colonizar a via linfática e hematógena. Doença depende da imunidade. Aspectos clínicos Úlceras do plano nasal. Linfadenopatia. Sinais neurológicos: passa a placa cribiforme, respiratórios e oftálmicos. Febre. Nódulos cutâneos. Diagnóstico Swab para citologia e observação de fungos: arredondado e grande em coloração de nanquim. Citologia aspirativa de linfonodos e LCR. Doenças respiratórias em cães e gatos 16 Diferencial: esporotricose. Tratamento Fluconazol: eficaz caso a doença de base não esteja ativa ou não estiver se agravando. Tratar por 20 a 30 dias após a remissão clínica da doença. Neoplasias em cavidade nasal Tipos histopatológicos frequentes Adenocarcinoma, Carcinoma indiferenciado, CCE, TVT e Linfoma. Aspectos clínicos Geralmente malignas, localmente invasivas, mas com baixo poder metastático. Secreção nasal mucopurulenta ou hemorrágica. Úlceras nasais e faciais e sinais oftálmicos. Cryptococcus corado com nanquim. Doenças respiratórias em cães e gatos 17 Deformidade nasal e do palato. Espirro, estridor e estertor. Sinais neurológicos: se passar pela placa cribiforme. Exoftalmia. Fístula: caso se estenda pra cavidade oral. Diagnóstico RX: padrão destrutivo. Citologia aspirativa: definitivo principalmente para TVT. Rinoscopia e biópsia: para outras doenças. Tratamento Carcinomas e sarcomas: cirurgia não é recomendada, pois o tumor volta a crescer e não ha aumento da sobrevida. Melhor seria cirurgia e radioterapia porém não é realidade no BR. Quimioterapia: carboplatina ou associação de carboplatina, doxorrubicina e piroxicam. Carboplatina: agente alquilante que altera o DNA e causa morte das células tumorais. Doxorrubicina: antibiótico com propriedades citotóxicas em células neoplásicas. Piroxicam: AINE inibidor de COX-2. Exoftalmia. Doenças respiratórias em cães e gatos 18 Distúrbios da faringe e laringe Laringe Estridor. Sofrimento respiratório. Alteração de voz. Faringe Obstrução vias aéreas superiores. Estertor. Espirro reverso. Engasgo. Ânsia de vômito. Disfagia. Paralisia da laringe Características Obstrução dinâmica do fluxo de ar pela falha na abdução das cartilagens aritenóides (bilateralmente). Geralmente idiopática. Deformidade nasal. Doenças respiratórias em cães e gatos 19 Quando o animal inspira as aritenóides deveriam se abrir e ao expirar devem relaxar. Cão idoso e de grande porte (labrador). Geralmente ocorre por polineuropatia = distúrbio neurológico que ocorre quando simultaneamente muitos nervos periféricos por todo corpo começam a não funcionar corretamente. Aspectos clínicos Mudança na voz. Dispneia inspiratória que piora com o exercício. Estridor. Estertor. Diagnóstico Exame subsidiário: laringoscopia. Sob anestesia superficial, se tiver em plano profundo não é possível ver os movimentos da laringe. Tratamento Lateralização aritenóide unilateral: laringe fica permanentemente aberta. Pode ter complicações pós-operatórias como pneumonia aspirativa, pode levar a óbito. Cordotomia transversa. Amputação da cartilagem cuneiforme. Síndrome da via aérea braquicefálica Características Múltiplas anormalidade anatômicas que alteram a saída e entrada do ar. Narina estenótica. Vestíbulo estenótico. Corneto aberrante. Doençasrespiratórias em cães e gatos 20 Colapso da laringe. Palato mole mais longo e espesso. Hipoplasia traqueal: lúmen estreito. Condromalácia traqueal. Aspectos clínicos Nasofaringe não patente, com muito tecido flácido. Anormalidades prejudicam o fluxo de ar através das vias aéreas superiores causando sinais de obstrução superior: movimentos respiratórios aumentados, sons ruidosos (estertores), ronco, tosse, intolerancia ao exercício, dispneia, cianose e síncope. Sinais exacerbados no exercício, excitação e temperatura alta. Diagnóstico Avaliar prolongamento do palato mole sob sedação. Graus de estenose das narinas. Doenças respiratórias em cães e gatos 21 Radiografia/tomografia: avaliar a traqueia. Tratamento Cirúrgico: Correção do palato mole hipertrófico. Alargamento das narinas. Vestibuloplastia. Rinoplastia. Stent traqueal. Perda de peso. Pós: crítico, pode parar de respirar ao ser extubado. Usar o método da boca aberta para respirar melhor. Distúrbios de traqueia e bronquios Condromalácia traqueal (colapso de traqueia) Características Traqueia: anéis incompletos dorsalmente, completados pela membrana traqueal (músculo traqueal e tecido conjuntivo). Colapso: estreitamento do lúmen traqueal pelo enfraquecimento dos anéis cartilaginosos, perda de tecido da traqueia ou pelo excesso de membrana traqueal dorsal, ou ambos. Cães adultos (meia-idade): poodle, york e maltes - cães miniatura/toy. Etiologia desconhecida, provavelmente hereditária. Início súbito, mas uma vez que se inicia se manifesta de forma crônica pelo resto da vida. Doença degenerativa primária da cartilagem hialina do anel traqueal. Cartilagem hialina normal: pericôndrio, condrócitos, colágeno tipo II e proteoglicanos. Cartilagem anormal: tem tecido conjuntivo fibroso também. Doenças respiratórias em cães e gatos 22 Teoria sobre a patogênese: predisposição genética a anormalidades na traqueia desenvolvimento de tosse por um problema agravante ciclo de inflamação traqueal crônica alterações na mucosa da traqueia perpetuação da tosse. Há perda de proteoglicanos, podemos fazer coloração de safranina (marca proteoglicanos). A membrana traqueal dorsal se estica e o anel deformado perde a rigidez. Traqueia colapsa em sentido dorso-ventral. Cervical e cervicotorácica são mais afetadas. Inspiração: cervical. Expiração: torácica. Classificação em 4 graus ou em leve/moderada. Aspectos clínicos Tosse cronicamente progressiva: rouca e seca, piora com exercícios e coleira. Reflexo de tosse positivo: como na traqueíte e traqueobronquite. Dispnéia principalmente inspiratória. Ronquera: estertor. Anorexia, perda de peso e depressão são incomuns. Animais acima de 8 anos, cerca de 90% apresentam colapso de traqueia, porém só 10% têm sintomatologia clínica. Condições agravantes Obesidade. Cardiopatia. Bronquite crônica. Diagnóstico Doenças respiratórias em cães e gatos 23 Reflexo de tosse: palpação da traqueia cervical, pressão ventral ou lateral para formar um colapso e avaliar se há tosse. Ausculta: sem alterações. RX: LL e VD, torácico e cervical, verificar o tamanho do lúmen traqueal, avaliar o grau. Exame negativo não descarta pois é um evento dinâmico. Radiografar na inspiração, expiração e com reflexo de tosse. Técnica da pera: Traqueia normal: quando coloca a pera ela se desloca dorsalmente a traquéia como um todo. Traqueia alterada: não está firme, então colapsa e o animal normalmente tosse. Broncoscopia: avaliar o lúmen traqueal. Traqueoscopia: geralmente não é necessária. Serve pra eliminar comorbidades e se for fazer cirurgia. Doenças respiratórias em cães e gatos 24 Tratamento clínico Efetivo na maioria dos casos. Corticóide: desinflama a traqueia se tiver traqueíte. Prednisona 1 mg/kg SID ou BID. As vezes uma semana de uso resolve, ou precisa de uma dose mínima contínua. Broncodilatadores: usados se tiver alguma restrição respiratória. Por 7 dias. Pouco utilizado. Alfa agonistas: terbutalina e salbutamol. Metilxantinas: aminofilina e teofilina. Doenças respiratórias em cães e gatos 25 Antitussígenos: em pacientes com tosse persistente mesmo com corticóide, VO. Narcótico: codeína (opioide) 0,5 - 2 mg/kg ou 0,1 - 0,3 mg/kg, BID ou QID. Butorfanol: 0,5 mg/kg, BID ou QID. Não existe medicação que melhore a morfologia da traqueia, a medicação vai ser necessária apenas para tirar o animal da crise. Glicosaminoglicanos eram prescritos porém não tem evidência que funcione. Perda de peso e uso de coleira peitoral. Evitar estresse: as vezes é necessário ansiolíticos. Tratamento cirúrgico Prescrito para pacientes refratários ao tratamento clínico ou com risco de morte, geralmente grau 3 ou 4. Os resultados são variáveis e é caro, poucos veterinários fazem. Próteses extra-luminais: eficácia de 75 a 85%. Próteses de polipropileno presas ao redor da traqueia através de um ponto cirúrgico. Polipropileno é difícil de conseguir, podemos cortar uma seringa em forma de anel e usar. Problema: lesão no nervo laríngeo-recorrente paralisia aguda de laringe e morte súbita. Procedimento limitado a traquéia cervical, torácica é de difícil acesso. Próteses endo-luminais: stents de nitinol e aço inoxidável. Minimamente invasivo e altamente expansivo. Vai do início da traquéia até a carina. O stent pode quebrar, ocorrer migração e hemorragia. Doenças respiratórias em cães e gatos 26 Diferenciais Traqueíte, alteração cardíaca, pneumonia e traqueobronquite infecciosa. Traqueobronquite infecciosa (complexo respiratório canino ou tosse dos canis) Etiologia Vírus: adenovírus canino tipo 2 e vírus da parainfluenza. Bactérias: Bordetella bronchiseptica. Transmissão Altamente infecciosa. Aerossóis e contato direto com outros cães. Aspectos clínicos Sinais brandos e auto-limitantes em 2 semanas. Regride em 3-5 dias após exposição, e com 7 dias encerra, geralmente associado ao frio. Tosse seca e constante: parece que o animal vai vomitar. Tosse aguda paroxística (incontrolável) alta. Corrimento nasal não é comum. Aumento linfonodos submandibulares. Pneumonia (febre): em imunossuprimidos ou muito jovens. Traqueobronquite: espirro. Diagnóstico Clínico de exclusão. RX: pode ter leve padrão broncointersticial ou alveolar e inflamação. Stent expandido. Doenças respiratórias em cães e gatos 27 Hemograma e bioquímico não altera. Ausculta traqueia e brônquios: sibilos (chiado), estertor (mais grosso, líquido passando pela traqueia) e crepitação (pneumonia). Reflexo de tosse: positivo (traqueíte). Tratamento Não trata, deixa em repouso. Não prescreve ATB se tiver infecção viral, só se tiver bacteriana secundária. Antitussígenos: codeína e butorfanol. Antibióticos (leucocitose, desvio, febre, evolução pra pneumonia bacteriana, bordetella - secreção purulenta e mucopurulenta) 7-10 dias: Doxiciclina: 5 mg/kg, BID. Amoxicilina com ácido clavulânico: 22 mg/kg, TID. Aplicação única de dexametasona IM alivia a tosse: se for alta, crônica e frequente. Prevenção Vacina: a que tem bordetella tem baixa cobertura, não é oficial mas é bom fazer. Boa ventilação e evitar superlotação. Trauma traqueal (ruptura) Diagnóstico Manifestação clínica mais evidente é o enfisema subcutâneo: podemos ver no exame físico ou RX. RX: perda da continuidade do revestimento e pneumomediastino. Traqueoscopia pode ser feita. Tratamento Cirúrgico na maioria dos casos. Doenças respiratórias em cães e gatos 28 Casos menos graves: bandagem, repouso, analgesico, anti- inflamatorio e ATB. Complicações Pode desenvolver enfisema e morrer por choque circulatório pela pressão que o enfisema faz sobre os vasos. Bronquite cronica canina Características Inflamação da via aérea de longa duração, com lesão irreversível. Pode se desenvolver de lesão aguda, começa com sinais sutis e piora ao longo do tempo. Tosse crônica na maioria dos dias por mais de dois meses, não necessariamente contínuos. Principalmente cães adultos a idosos, depequeno a médio porte: Cocker Spaniel e Poodle. Etiologia Obscura. Ruptura traqueal com enfisema subcutâneo. Doenças respiratórias em cães e gatos 29 Presume-se que seja consequência de um longo processo inflamatório iniciado por infecção, alergia ou inalação de toxinas e substâncias irritantes. Bronquite aguda bacteriana. Poeira, pólen, ácaros, grama, solventes e produtos de limpeza. Histopatologia Fibrose, hiperplasia epitelial, hipertrofia glandular, infiltrado inflamatório (em geral neutrofílico, mas pode ser linfoplasmocitário indicando cronicidade). Espessamento da parede dos brônquios. Muco nas vias aéreas. Aspectos clínicos Tosse crônica, produtiva ou improdutiva. No início não tem sinais sistêmicos, mas tende a se agravar: insuficiência respiratória, dispnéia expiratória e crepitações e/ou sibilos. Complicações: bronquiectasia (dilatação irreversível do brônquio) que leva a acúmulo de líquido distalmente. As bactérias se multiplicam no muco. Hipertensão pulmonar raramente é observada. Respiração abdominal: padrão intratorácico, caracterizando dispnéia expiratória. Complicações Exacerbação bacteriana: apatia, hiporexia, febre, piora da tosse, padrão alveolar, leucocitose com desvio e neutrófilos tóxicos. Diagnóstico diferencial Doença valvar mitral. Condromalácia traqueal. Broncomalácia. Doenças respiratórias em cães e gatos 30 Diagnóstico RX torácico: sensibilidade limitada pois a maioria dos animais não apresentam alterações. Padrão bronquial com espessamento dos brônquios / bronquiectasia - pode estar associado com a idade. Junto com a clínica pode ser suficiente para diagnosticar. Da pra observar alterações concomitante como doença valvar mitral, colapso de traqueia e pneumonia bacteriana. Broncoscopia e lavado broncoalveolar: quando o diagnóstico é incerto. Coleta antes de começar a terapêutica. Hiperemia, excesso de muco e infiltrado neutrofílico e eosinofílico. Tratamento Hidratação das vias aéreas: lavar com solução fisiológica as narinas ou vaporização. Doenças respiratórias em cães e gatos 31 Glicocorticoide: prolongado ou contínuo. Se interrompido pode ter destruição progressiva bronquial. Prednisona: 0,5 - 1 mg/kg BID com reduçao progressiva da dose. Aerossol usado quando a dose do oral não é plenamente efetiva, não se sabe quanto é absorvido, borrifar em torno de 10 vezes pro animal aspirar. Broncodilatador: Aminofilina. Terbutalina: Crise: 0,003 - 0,005 mg/kg, SC, TID. Crônico: 1,25 - 5 mg/kg, VO, TID. Salbutamol (albuterol); Crise: 0,02 - 0,05 mg/kg, IV, SC ou IM, BID ou SID. Antitussígeno: não usar codeína antes do corticóide pois pode aprisionar muco nos brônquios. Usar quando a via respiratória estiver desinflamada. Tratamento das complicações Amoxicilina com clavulanato de potássio: 22 mg/kg BID ou TID. Clavulanato neutraliza as penicilinases que degradariam a amoxicilina. Cefalexina: 30 mg/kg BID. Sulfametoxazol com trimetoprim. Caso moderado a grave: Ceftriaxona, Amoxicilina com clavulanato e Ampicilina com sulbactam IV. Vaporização ou nebulização: 1 a 2 vezes por dia. Manutenção da saúde oral para diminuir a carga bacteriana, vacinar e perder peso. Distúrbios do trato respiratório posterior Doenças respiratórias em cães e gatos 32 Asma x bronquite (felinos) Diagnóstico Radiografia. Parasitológico de fezes. HG: eosinofilia em 20% dos casos. Diagnóstico terapêutico: corticóide. Diferenciais Pneumonia por parasitismo. Padrão bronquial , aumento da radiopacidade das paredes bronquiais. Ar no estômago por causa da dispneia. Doenças respiratórias em cães e gatos 33 Efusão torácica: dispneia e aumento de radiopacidade, abafamento de som na ausculta torácica. Cardiomiopatia torácica: dispneia e tosse, é comum em gato, fazer eco para diferenciar. Neoplasia torácica. Tratamento O2: sinal constante ou crise. Broncodilatadores: Terbutalina: Emergência: 0,01 mg/kg, IV, SC ou IM, não emergência: 0,1- 0,2 mg/kg, VO, BID. Salbutamol ou albuterol: inalação. Corticóide: prednisolona: iniciar com 1-2 mg/kg BID por 10 dias e reduzir gradualmente até 0,5 mg/kg a cada 48 horas, em crise alérgica de asma, depois faz retirada completa e observa, se for bronquite o uso vai ser crónico. Asma felina Características Processo mórbido semelhante a asma humana. A prevalência da asma é de 1 a 5% da população dos felinos. Gatos adultos jovens, de 4 a 5 anos. Fisiopatologia Processo inflamatório das vias aéreas e possui 3 principais eventos: Broncoespasmo (contração da musculatura lisa). Edema da parede brônquica (aumento da permeabilidade). Hipertrofia das glândulas mucosas (excesso de muco produzido). Doenças respiratórias em cães e gatos 34 Resultado disso é a obstrução do fluxo de ar. Exposição a antígenos ambientais (ex. poeira) estímulo antigênico. Células dendríticas fagocitárias captam o antígeno e apresentam ao linfócito T helper (tipo 1) linfócito tipo 1 induz o linfócito B a produzir IgE IgE se liga ao mastócito e basófilo degranulação (libera histamina e serotonina). O ar rico em CO2 fica aprisionado nos alvéolos (hiperinsuflação). Aspectos clínicos Diagnósticos diferenciais Doenças respiratórias em cães e gatos 35 Diagnóstico RX: principal meio. Padrões observados: Hiperinsuflação com aplainamento de diafragma, empurrando- o caudalmente. Atelectasia lobar onde todo o ar sai do lobo. O ar é aprisionado e pode ser absorvido, levando a atelectasia. Geralmente isso ocorre no lobo médio direito. Padrão bronquial. Pulmão pode estar normal. Tratamento Evitar tabagismo próximo ao paciente. Corticóides e broncodilatadores: base da terapia. Terapia com esteróide crônica pode causar diabetes e hiperadrenocorticismo. O gato é mais resistente ao corticoide pois apresentam menos receptores na interior das células. Broncodilatadores: importante no mal asmático (broncoespasmo), não usar como monoterapia. Doenças respiratórias em cães e gatos 36 Broncomalácia Características Recente, francamente entendida. O primeiro relato foi feito em 2008. Acredita-se que seja um evento primário do brônquio. Ocorre colapso bronquial durante o ciclo respiratório. 100% dos casos apresentam tosse crônica, e alguns apresentam dispnéia. Diagnóstico Difícil definir pôr RX. Broncoscopia fecha diagnóstico. Tratamento Empírico. Mesmo que bronquite crônica. Doenças respiratórias em cães e gatos 37 Fazer monitoração de exacerbações bacterianas (infecções bacterianas oportunistas). Pneumonias bacterianas Características Principal doença parenquimatosa pulmonar. Pode ser causada pôr: Pasteurella, Bordetella, Streptococcus, Staphylococcus e Proteus. Na maioria dos casos é oportunista, ocorre secundariamente a outra doença como bronquite crônica, aspiração de alimentos ou líquidos, infecção viral, imunossupressão sistêmica (ex. quimioterapia) ou corpo estranho. Aspectos clínicos Sinais respiratórios: Tosse, secreção nasal mucopurulenta bilateral, intolerância ao exercício, dispneia/taquipneia (dispneia pode ser mista ou expiratória). Sinais sistêmicos: Febre, prostração, anorexia, debilidade e letargia, pois o pulmão é um órgão vital. Diagnóstico Ausculta: Crepitação grossa: vias aéreas mais grossas, sibilos. Doenças respiratórias em cães e gatos 38 Crepitação fina: edema pulmonar. RX: padrão alveolar crânio-ventral (alvéolos com pús - opacidade de tecidos moles) ou consolidação pulmonar pôr infecção anaeróbica geralmente provinda da boca. Pode ser observado broncograma aéreo, que indica alteração no padrão alveolar. O brônquio (radioluscente) fica visível pois o lobo está com secreção e fica radiopaco. Pode ter padrão bronquial, intersticial ou alveolar. Hemograma: neutrofilia com desvio a esquerda (neutrofilia leve - 25.000 a 30.000) e neutrófilos tóxicos. Pode estar normal quando foi infectado a menos de 3 dias. Coleta de amostra pulmonar: raramente feita, nunca é primeira escolha, feito apenas se a instituição terapêuticanas primeiras 72 horas não esteja surtindo efeito. Tratamento ATB por 4 semanas a 1 mes: Sulfa e trimetropin. Amoxicilina e ácido clavulânico. Doxiciclina. Enrofloxacina e penicilina ou clindamicina. Doenças respiratórias em cães e gatos 39 Pneumonia aspirativa Fatores predisponentes Megaesofago. Esofagite por refluxo gástrico. Obstrução esofágica. Doença muscular ou neurológica que acomete os reflexos de deglutição: miastenia gravis. Iatrogênica (sonda estomacal ou alimentação forçada). Colocação da sonda: deve ir até o esôfago, medir do 7-8° espaço intercostal até a ponta do nariz, passar gel na ponta com lidocaína, segurar o animal com a cabeça erguida, ele deve estar acordado para engolir a sonda. Como saber se está no local correto? Coloca um espelho na ponta da sonda e pressiona o tórax para ver se ele embaça, ou coloca a ponta num pote com água, se tiver formando bolhas é pq está vindo muito ar, está na traquéia, ou introduz uma seringa com solução fisio ou água, 3 a 5 ml, se tossir está na traquéia. Doenças respiratórias em cães e gatos 40 Diagnóstico RX tórax: padrão alveolar em lobos cranioventrais. Broncoscopia. Tratamento Hidratação via aérea. O2. Broncodilatadores. ATB. Colocar deitado em superfície plana, com a cabeça 45° para baixo e compressão do tórax. Neoplasias pulmonares Características Primárias são raras, as mais comuns são as metastáticas. Pode ocorrer pôr extensão de processo adjacente, mas é rara ou então neoplasias multicêntricas como o linfoma. Doenças respiratórias em cães e gatos 41 Neoplasias primárias Características Mais de 90% são carcinomas. Podem ocorrer também osteossarcomas, condrossarcomas, hemangiossarcomas, fibrossarcomas e adenossarcomas. Aspectos clínicos Doença silenciosa, os sinais se tornam evidentes quando há comprometimento pulmonar significativo. Tosse pôr compressão e obstrução das vias aéreas. Pode ocorrer anormalidades V:Q (ventilação:perfusão), efusão pleural, inflamação e infecção e pneumotórax/hemotórax. Síndrome paraneoplásica: manifestação causada pela neoplasia distante do local de onde ela se origina. É um conjunto de sinais e sintomas que antecedem ou que ocorrem concomitantes com a presença de uma neoplasia no organismo. Osteopatia hipertrófica: reação periosteal paliçada irregular que acomete os 4 membros de distal para proximal, levando o paciente a ter um andar rígido e apresentar dor. É a primeira manifestação clínica de neoplasia pulmonar. Diagnóstico RX: principal exame, mas é de baixa especificidade (pode ser neoplasia ou granuloma, não da para diferenciar). Não fornece diagnóstico definitivo. Se vê um padrão variável (massas solitárias), efusão pleural e lesões acima de 0,5 cm. Pode ser útil para selecionar técnica de colheita de amostras. US: visualização de massas, diferencial se é cavitária ou sólida, confirma massa em efusão e serve para guiar a punção aspirativa (citologia). Obs.; calcificação em massa pode indicar neoplasia maligna. Doenças respiratórias em cães e gatos 42 Citologia aspirativa de amostras pulmonares: pode diferenciar processos inflamatórios de neoplásicos, porém dificilmente altera a terapêutica. Lavado broncoalveolar: apenas sob anestesia geral. Toracotomia e biópsia: invasivos e permitem terapêutica (resseccionar o lobo com a massa). Tratamento Carcionoma e sarcoma: cirúrgico. Quimio com carboplatina em caso de metástase. Neoplasias metastáticas Radiografia mostrando cão com osteopatia hipertrófica (reação periosteal). Doenças respiratórias em cães e gatos 43 Características Representa doença avançada disseminada. Diagnóstico Sinais de doença do TRI. RX: pode comumente apresentar padrão intersticial nodular. Pesquisa da neoplasia primária e citologia/histologia só são feitas se necessárias. Tromboembolismo pulmonar Características Obstrução das artérias e arteríolas pulmonares impedindo o fluxo sanguíneo e a perfusão. É o primeiro leito vascular pelo qual os trombos da rede venosa sistêmica ou do ventrículo direito passam. O êmbolo pode ser formado pôr bactérias, corpos estranhos, ar, gordura, parasitas e trombo (o mais comum). Isso gera uma alteração V:Q. Aspectos clínicos Dispnéia respiratória súbita, aguda e grave com ausência de sinais radiográficos significativos. Boa parte dos TEPS são secundários a doença sistêmica como hiperadrenocorticismo (cursa com hipercoagulabilidade). Diagnóstico Dosagem de dímeros D: descarta o TEP. Ecocardiograma: fundamental. O coração direito precisa trabalhar mais para enviar sangue para o pulmão através da artéria pulmonar. Pelo ECG da para visualizar regurgitação na valva tricúspide e aumento na velocidade do refluxo. Uma vez constatada a hipertensão pulmonar, o diagnóstico quase certo é TEP. Doenças respiratórias em cães e gatos 44 Cintilografia de perfusão: confirma, mas não é realidade no BR, assim como é difícil em vários países também. Tratamento Normalmente é direcionado a causa primária, juntamente com oxigenoterapia e fármacos para prevenir novos êmbolos. Terapia anticoagulante: não atua em êmbolos já formados, só previne a formação de novos. Heparina na clínica e warfarina em casa. Edema pulmonar Causas Hipoalbuminemia pôr diminuição da pressão oncótica. Ocorre na insuficiência hepática e glomerulopatias. Não é uma causa significativa de edema. Aumento da pressão hidrostática. É cardiogênica e acontece pôr ICC esquerda, onde a principal causa é a doença valvar mitral. Em cães ocorre a cardiomiopatia dilatada e em gatos cardiomiopatia hipertrófica. Hiper-hidratação pode ser causa, mas é mais difícil, necessita de um volume muito grande. Aumento da permeabilidade vascular (edema inflamatório) e ocorre pôr: Inalação de fumaça. Aspiração de suco gástrico. Intoxicação pôr oxigênio. Veneno de cobra ou escorpião: edema pulmonar agudo. Bloqueio linfático. Neurogênico pôr trauma encefálico. Aspectos clínicos Evolução aguda. Taquipnéia é comum, mas o animal também pode apresentar dispnéia. Doenças respiratórias em cães e gatos 45 Taquipnéia ocorre porque o pulmão está com líquido e pesado, de forma que o animal tenta respirar mais rápido na tentativa de compensar. Pode ter tosse, crepitação (mais difícil de auscultar, mas um pulmão limpo a auscultação não descarta a enfermidade) e espuma sanguinolenta na boca (sai plasma e junto extravasam algumas hemácias). Diagnóstico Padrão intersticial (início) e padrão alveolar. Quando a risco iminentes de morte, primeiro trata o animal e depois radiografia. Tratamento Oxigenoterapia e furosemida (4 a 8 mg/kg IV) até a estabilização e depois mantem de 8/8 hrs, 12/12 hrs ou 24/24 hrs, dependendo da gravidade. Broncodilatadores. Se o animal estiver muito agitado sedar com morfina ou metadona. A morfina deve ser feita IV para diminuir a chance de vômitos, porém mesmo assim a riscos, pôr isso a metadona é mais indicada. Radiografia do tórax de um cão com edema pulmonar (pulmão radiopaco). Doenças respiratórias em cães e gatos 46 A furosemida não responde tão bem se o edema não for cardiogênico, nesse caso seria só oxigenoterapia e tratar a causa. Diagnóstico diferencial Animal expelindo sangue pelas narinas: hemorragia pulmonar aguda ou intoxicação pôr dicumarínicos. Efusão pleural, pneumotórax e piotórax Introdução Coisas distintas mas que ocorrem no mesmo local: presença de ar ou líquido entre a pleura parietal e visceral. Sinais Angústia respiratória. Ortopneia. Aumento FR e diminuição da amplitude. Alterações nos sons cardíacos e pulmonares. Efusão pleural: líquido diminui o som de todos os sons cardíacos e pulmonares, hipofonese por onde o líquido estiver, se colocar o animal em posição bipodal é possível ouvir os sons pois o líquido vai se deslocar para baixo. Cão tem comunicação entre os hemitórax, pode drenar de qualquer lado, gato não tem, drenar os dois lados. Pneumotórax: o ar aumenta os sons cardíacos e pulmonares por todoo tórax. Diagnóstico RX tórax: radiopacidade ou radioluscência dos campos pulmonares. Toracocentese diagnóstica e citologia. Tratamento Tratar causa de base e fechar a solução de continuidade se for um trauma. Doenças respiratórias em cães e gatos 47 Toracocentese: acesso no 7-9° EIC, se for efusão colocar em decúbito esternal, tricotomia, antissepsia, entrar com a agulha ou scalp butterfly, cateter tem tendência a dobrar pela movimentação pulmonar. Efusão faz ventral e pneumotórax faz dorsal. Efusão pleural Pneumotórax Trauma: tiro, briga - rompe a pleura parietal e o ar entra. Espontânea: ruptura alveolar - pneumonia grave ou atelectasia. Infecciosa: pneumonia. Iatrogênica: trauma cirúrgico. Aumento generalizado de radiopacidade. Doenças respiratórias em cães e gatos 48 Piotórax Fatores de risco: Trauma perfurante ou infecção do trato respiratório superior. Quando a efusão é infectada. Bactérias mais comuns: Gatos: anaeróbios da orofaringe (Fusobacterium, Prevotella, Porphyromonas, Bacteroides, Peptostreptococcus, Clostridium, Actinomyces, Filifactor villosus) Cães: anaeróbios mistos (Prevotella spp., Peptostreptococcus spp., Propionibacterium acnes, Clostridium spp., Bacteroides spp., Fusobacterium spp) Tratamento: Cirúrgico: exposição da cavidade torácica, drenagem e lavagem do tórax com solução fisiológica aquecida estéril, depois coloca um dreno, drenar 2x/dia. Sob anestesia inalatória. Complexa, muita aderência, pode ter restrição respiratória depois e a recuperação é lenta, fica internado mais de duas semanas. ATB sistêmico: Diminuição generalizada da radiopacidade, parece que o coração está flutuando. Doenças respiratórias em cães e gatos 49 Anaeróbicas: amoxicilina com clavulanato, quinolona (enro ou cefalosporina IV) associado com metronidazol. Doenças pleurais e diafragmáticas Hérnia diafragmática Características São de origem traumática: mais comum atropelamento. De origem congênita é raro. Pleuroperitoneal: mais comum, invaginação para dentro da cavidade torácica. Pleuropericárdica: invaginação para dentro do saco pericárdico. Aspectos clínicos Pode ocorrer passagem de lobos hepáticos. É comum levar a efusão pleural. Aguda: choque, fraturas e dispnéia. Cronica: sinais respiratórios e gastrointestinais, como alça intestinal aprisionada que leva a vomito. Diagnóstico Feito de horas até anos. Paciente pode apresentar pôr anos e nunca ter sinal, pode ser apenas um achado no RX. RX: perda do controle normal do diafragma, opacidades gasosas na caixa torácica (alças intestinais), obscurecimento da silhueta cardíaca e efusão pleural secundária (aumento da pressão hidráulica). Pode ser contrastado com sulfato de bário. US: útil poi muitas vezes o excesso de líquido rna impossível de ver as estruturas intratorácicas para fechar. Doenças respiratórias em cães e gatos 50
Compartilhar