Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
18/02/2019 CMC III – Leonardo Hepatites virais O vírus A, B, C, Delta e E, especificamente, possuem tropismo pelo fígado. O vírus da dengue, por exemplo, pode agredir o fígado e fazer uma hepatite fulminante. O vírus CMV, Epstein-Barr, Chikungunya também podem agredir o fígado e outros órgãos. Os vírus A, B, C, D e K não agridem só o fígado, podem ter outras doenças associadas. Vou dar uma visão geral sobre esses vírus, mas vou tratar especificamente nesta aula dos vírus B e C. Vírus A: existe vacinação. É o menor de todos os vírus da hepatite viral (27 nanômetros), é um vírus RNA, transmissão oral-fecal. Então como se pega? Água contaminada, carne crua, etc. Sua diferença para os demais: ele não cronifica, tem uma agressão aguda. Não existe cirrose pelo vírus A, pois cirrose é uma doença crônica, uma agressão a longo prazo. Estão ocorrendo diversos surtos no mundo de hepatite A, sabe por que? Transmissão sexual, principalmente entre homens que fazem sexo com homens (H-S-H), por práticas sexuais oroanais. Vírus B: é o mais importante entre os 5. Existem mais de 400 milhões de infectados atualmente no mundo. É o único vírus DNA, período de incubação de 45- 180 dias, a transmissão é parenteral, mas destaco a transmissão por via sexual, que hoje está sendo a mais importante. Potencial carcinogênico muito importante, ele causa cirrose, cronifica e causa principalmente CHC (carcinoma hepatocelular). Vírus C: o maior e perigoso (60 nanômetros), é RNA, mais de 70 milhões de infectados no mundo. Antigamente, década de 70/80, não se conhecia e muita gente morreu por hepatite C (transfusões e hemofílicos principalmente). Vírus A e B foram conhecidos primeiros. (Contou a história do chimpanzé George e descoberta do vírus C). Vírus Delta: é um vírus defectivo, ele infecta o vírus B, nunca vai ter uma infecção isolada pelo vírus D, ele vai infectar o vírus B. Então você adquire o Delta se pegar junto com o B ou se pegar o B primeiro e depois pegar o Delta. Muito comum na região da Amazônia. Transmissão é parenteral. Ele, principalmente, causa hepatite fulminante, agressões fulminantes ao fígado. Vírus E: é uma descoberta mais recente, é uma zoonose. Transmissão fecal- oral. Anticorpo anti-HEV IgM (assim como o vírus A: anticorpo Elisa IgM contra o vírus A/ anti-HAV IgM). Muitos animais são suscetíveis a esse vírus, então se o homem entra em contato com esses animais, principalmente o porco, ele consegue pegar o vírus E. Pode cronificar, diferentemente do A. O único vírus DNA é o vírus B. O vírus Delta infecta o vírus B, piora a agudização, pode fazer hepatites fulminantes. E o vírus E transmissão fecal-oral, uma zoonose (principalmente porcos). O vírus B é o mais importante. Foi descoberto na Austrália (1965), através do marcador HBsAg, o antígeno do vírus B, é a partícula que identifica o vírus B. Começamos a entender a hepatite a partir de agora, porque tenho que entender todos os antígenos. VÍRUS B: Perfil sorológico da infecção pelo vírus B: O primeiro componente é o antígeno S, a partícula de superfície do vírus, identifico através do HBsAg. Se o paciente tem o vírus B ele tem que ter a partícula do antígeno S. Se o doente possuir anticorpos contra esse antígeno como que chama? Anti-HBs. Pra saber se ele tá com o vírus: HBsAg. Pra saber se ele tem anticorpos contra o antígeno: anti-HBs. Vacina em dia tem que ter anti-HBs. O vírus B também tem o antígeno Core, antígeno C, mas não consigo medir assim como o S. Consigo medir só o anticorpo contra o Core: anti-HBc, total ou IgM. Principal marcador para hepatite B aguda é o anti-HBc IgM. O antígeno E é o que marca a replicação do vírus: HBeAg; está ligado ao core, mas consigo medir. Se tiver anticorpo contra esse antígeno E: anti-HBe. Posso medir o DNA do vírus através de métodos como o PCR. Posso medir qualitativamente e quantitativamente. Isso quer dizer o que? Que existem subtipos do vírus B, por isso medir qualitativamente, para medir os subtipos. Hoje em dia só se mede quantitativamente, ou seja, a carga viral. Epidemiologia: 2 bilhões de infectados no mundo passado e presente. Hoje, 400 milhões com hepatite B crônica, principalmente na África e na Ásia, sendo que a chance de complicações é de quase 50% (insuficiência hepática, cirrose, CHC). 1 milhão de mortes/ano relacionadas ao vírus B. Décima causa de morte no mundo. CHC é um tumor hepático relacionado a cirrose. Geralmente, 90% de quem tem CHC tem cirrose e existe uma relação íntima do vírus B com CHC. Depois do tabaco, é o agente mais oncogênico. Alto potencial de malignidade. No Brasil, predominância do vírus B no oeste de Santa Catarina, norte de Minas Gerais, Espírito Santo, divisa de Goiás com Mato Grosso do Sul e principalmente a Amazônia (região do Lábrea e boca do Acre). A vacinação diminui o índice de incidência de forma significativa. Pode causar hepatite fulminante? Pode. Esse é caso de um paciente que teve hepatite fulminante por vírus B, teve melena, sangramento digestivo, icterícia. Na região da Amazônia existem várias doenças febris e hemorrágicas, então existe muitas doenças para se fazer diagnóstico diferencial. Lembra que eu falei que o vírus B tem subgrupos? Existem vários genótipos do vírus B (A até H), cerca de 8 subgrupos. Para o tratamento, aqui no Brasil, não tem diferença, então pedimos o DNA quantitativo. Tem evolução clínica diferente, resposta variada para tratamento? Sabemos que tem, mas não se explora os subtipos. Sabe- se que o C tem uma pior evolução, mas não se leva em consideração. No Brasil o subgrupo mais importante é o A, quase 90% dos vírus B. 2 tipos de transmissão: horizontal (doador-receptor) e vertical. Na horizontal a via mais conhecida é a via parenteral: agulhas contaminadas, acidentes profissionais, área da saúde, transfusão. Mas, atualmente, a via sexual é a mais importante. A chance de um indivíduo com carga viral elevada de transmitir o vírus por relação sexual é de quase 50%. Na transmissão vertical, 90% dos RNs cronificam; já na horizontal 5-6% cronificam. O que é uma infecção crônica do vírus B? 6 meses, passou de 6 é infecção crônica. O sistema imunológico da criança é imaturo e não consegue combater o vírus; a carga viral é muito elevada. O vírus não consegue atacar diretamente o hepatócito, quem ataca é o próprio corpo (lembrar dos marcadores TGO e TGP), por isso na criança cronifica, porque o vírus vive harmonicamente até certa idade (uma hora o sistema imunológico acorda e pode atacar). O único vírus que consegue atacar o hepatócito é o Delta, o que faz hepatite fulminante. História natural da hepatite B crônica: o vírus entra no hepatócito e incorpora o DNA ao núcleo. O DNA é inoculado dentro da célula e se adere ao DNA do hepatócito, por isso o vírus B não tem tratamento. Não existe cura pra hepatite B. Já o vírus C, ele possui aproximadamente 95% de cura. O indivíduo com vírus B tem que tomar remédio a vida inteira para tentar manter a carga viral baixa. A célula passa a trabalhar para o vírus B após ter o DNA do vírus ter sido incorporado a célula do hepatócito. Um aluno pergunta como funciona a vacina: ela impede que esse mecanismo ocorra; quando tem o contato inicial não chega a ter essa dinâmica, existe um combate anterior a incorporação do DNA no núcleo do hepatócito. Perfil sorológico da hepatite B aguda: depois de 2 a 4 semanas do contato a primeira coisa que se eleva é o DNA do vírus (PCR). É o primeiro exame a ser solicitado em uma infecção aguda, mas é caro e não tem no SUS. A partir de 6-8 semanas eu tenho aumento do antígeno S (HBsAg) e consigo identificá-lo no sangue; junto a ele eu tenho o HBeAg, o antígeno de replicação. Após o período de incubação, cerca de 2 meses, o que eu começo ter? Agressão ao fígado. O indivíduo começa a combater o vírus, e as enzimas hepáticas se elevam (ALT elevada). Possoter icterícia (20% aproximadamente). Começo a ter alteração enzimática, TGO e TGP, e icterícia - processo inicial. Qual o marcador de contato do vírus? Anti-HBc. A medida que o sistema imune reconhece o vírus ele começa a fazer anticorpos contra ele. O primeiro anticorpo a ser produzido é o anti-HBc IgM, é a marca de um contato agudo com o vírus B. Junto com o IgM eu começo a ter aumento do anti-HBc total, o qual fica positivo o resto da vida e o IgM tende a cair; o corpo está combatendo esse vírus. HBeAg é o marcador de replicação, a medida que o corpo vai combatendo esse antígeno, a tendência dele é desaparecer, em aproximadamente 3 meses eu tenho desaparecimento do antígeno E. O que vai surgir então? O anti-HBe começa a aumentar; o corpo está combatendo o vírus; o DNA viral vai diminuindo e o antígeno de superfície (S) vai desaparecendo. A medida que vai aumentado o anti-HBe eu começo a ter um desaparecimento dos outros antígenos. Marcador de cura: anti-HBs. Anti-HBs positivo e anti-HBc total positivo quer dizer o que? Que já teve contato e foi curado. Janela imunológica entre o desaparecimento do antígeno de superfície e do anti-HBs pode durar até um ano. Acontece com 95% dos indivíduos que foram infectados por transmissão horizontal. Caso: HBsAg não desapareceu; anti-HBs não apareceu; anti-HBc positivo. Teve o contato com o vírus e não curou. Professor pergunta o que pode ter acontecido. ALT estava alto, uma infecção aguda, TGO e TGP subiram. De repente, começou a cair e subiu de novo. O que pode ser essa nova ascensão da ALT? O corpo está atacando o vírus, mas está atacando a célula também, então TGO e TGP sobem. É o corpo reagindo, chama-se “FLARE”, é a atividade imunológica do corpo tentando atacar o vírus. O corpo estava em equilíbrio com o vírus, por vários anos, mas ai o sistema imunológico fez um “FLARE” e começou a atacar as células do fígado novamente (TGO e TGP voltam a subir). O que mudou depois desse “FLARE”? A quantidade de vírus diminuiu, o antígeno E desapareceu e subiu o anti-HBe. O vírus continua presente: portador inativo (boa parte dos sujeitos com infecção crônica pelo vírus B). Infecção crônica do vírus B: depois de 6 meses. O corpo fez um “FLARE” e começou atacar o vírus de novo. O que ele fez? Conseguiu diminuir a carga viral e acabar com a replicação do vírus, acabou com o antígeno E e formou o anti-HBe. ALT praticamente normaliza. O corpo passa a viver em harmonia com o vírus: portador inativo. HBsAg positivo e PCR diminuído, carga viral muito baixa. Não tem mais replicação porque o antígeno E está zerado, o corpo combateu. Infecção crônica pelo vírus B = portador inativo. Dúvida do aluno, como saber que o paciente é portador inativo? Ele não curou, então tem o antígeno S. Tem uma carga viral baixa, menor do que 2.000 UI e anti-HBe positivo. Voltando no exemplo, o indivíduo tem uma infecção crônica, esquece imunotolerância. Como está o antígeno E dele? Positivo. A carga viral e as enzimas estão oscilando. O corpo está tentando fazer pequenos combates ao vírus, e isso pode gerar o que na infecção crônica? Dano hepático. Alguns pacientes podem cirrotizar nessa fase da infecção crônica, é por isso que gera cirrose, porque está tendo agressão ao fígado. De repente o corpo faz um FLARE e vira portador inativo; o antígeno E desaparece e vai ter anti-HBe positivo. A cópia do DNA do vírus cai, <2.000 UI. O que acontece com as enzimas hepáticas? Diminuem, ficam normais, não está tendo agressão, o corpo entra em harmonia com o vírus. Contudo, ele já pode ter uma cirrose. Qual é esse estado? Portador crônico inativo. O vírus é inteligente, depois de vários anos como portador inativo o vírus pode apresentar uma mutação. Chama-se mutante pré-core. Esse último estado, o corpo é anti-HBe positivo e antígeno E negativo, não tem replicação, mas o vírus mutou e voltou a agredir o corpo. A carga viral aumentou de novo, assim como as enzimas hepáticas e voltou a ter dano hepático. Então se o indivíduo não era cirrótico ele pode cirrotizar. Qual o perfil sorológico dele? Anti-HBe positivo. O vírus tem outras formas de replicação que não o antígeno E, então ele é antígeno E negativo e anti-HBe positivo. Um aluno pergunta sobre o CHC: o vírus B pode fazer CHC em qualquer fase da vida, cirrótico ou não cirrótico, até portador inativo. Outro aluno tem uma dúvida e o professor retoma a explicação anterior. Infeccção crônica é esse estado de cá. Como estão as enzimas hepáticas? Subindo e descendo. Carga viral alta. Antígeno E e S positivos. De repente o corpo faz um “FLARE” e combate o vírus, mas não é um combate ao ponto de eliminá-lo. As enzimas hepáticas sobem, o antígeno E desaparece e surge anti-HBe. A carga viral vai reduzir. Esse é o portador inativo. Vive em harmonia com o corpo por vários anos até que o vírus sofre uma mutação e consegue mutar de outras formas que não antígeno E dependente. A chance de um portador inativo fazer um mutante pré-core é de 20-30% em 8-10 anos. Dúvida de um aluno: eu tenho que ficar monitorando esse tempo todo? Tem, o portador eu tenho que sempre estar monitorando, porque a fase de tratamento é exatamente essa quando reativa. Se reativou eu tenho indicação de tratar. São 2 momentos que eu trato o vírus B e esse é um deles. Está tendo uma mutação muito alta, a carga viral começa a subir, começa a agredir o fígado, então eu entro com remédio pra abaixar a carga viral. Por isso eu tenho que vasculhar esse paciente pelo menos 4 vezes no ano. Imunotolerância. Lá no comecinho, transmissão vertical. Passou da mãe pro filho, não existe sistema imunológico no corpo então o vírus está totalmente adaptado. Como estão as cópias? “Zilhões” de cópias, elevadíssimo. É a parte mais elevada de todas as fases. As enzimas hepáticas estão baixas, não tem agressão. O corpo não está agredindo esse fígado, não tem dano hepático. Então essa fase chama imunotolerância. Se o indivíduo pegar hepatite B da mãe ele vai cair primeiro nessa fase. Pergunta: o paciente que é imunotolerante, pegou na 1ª infância, ele vai seguir o ciclo? Vai. Por que ele vai seguir o fluxo? Porque vai chegar em um momento da vida dele, por volta dos 30 anos, que o sistema imune dele vai acordar e começa a combater o vírus. Então se ele reativa ele faz um “FLARE” e a carga viral cai ou fica flutuante (mas cai). As enzimas hepáticas sobem e começa a ter dano hepático. Na transmissão vertical ele cai na imunotolerância e fica nessa fase por muito tempo, fica em harmonia uns 30 anos. Por volta dessa idade o organismo começa a reconhecer o vírus e passa a combatê-lo. Não tem relação com a vacina. Primeira fase: imunotolerância, enzimas hepáticas normais. Paciente entra em fase de replicação, enzimas hepáticas elevadas, começa a tentar eliminar o vírus, é a imunoeliminação. A carga viral no início está elevadíssima, depois começa a cair. Vai chegar em um ponto que o corpo faz um “FLARE” e consegue eliminar o antígeno E, forma o anti-HBe, replicação desaparece e a carga viral cai. É o portador inativo. O vírus pode virar um mutante pré-core, faz uma reativação, as enzimas voltam a subir e a carga viral abaixa (porque não tem replicação). O que é o “FLARE”? É o que garante o ataque ao vírus. É o corpo atacando o próprio corpo. Desfecho a longo prazo da hepatite B: São os marcadores que podem ser encontrados ao longo da vida. Paciente tem hepatite B crônica. O que ele vai ter? HBsAg positivo. Vírus DNA elevado, >2.000 UI, replicação está alta. As enzimas vão estar altas, está tendo agressão. Se eu fizer uma biopsia vou ver o que? Uma hepatite crônica. Posso ter uma cirrose, uma hepatopatia leve, depende do grau de agressão. Essa classificação da hepatite crônica pode ser E positiva ou E negativa. A hepatite B crônica E positiva é o começo do quadro, assim quando pegou. A hepatite B crônica Enegativa é esse estado de cá, o mutante. Portador inativo: HBsaG positivo, fez um “FLARE” e combateu o antígeno E. HBeAg negativo e anti-HBe positivo. Carga viral baixa. Enzimas hepáticas normais. Biopsia hepática pode vir normal ou com hepatite crônica por agressão anterior. Hepatite B resolvida: HBsaG negativo, anti-HBc positivo, anti-HBs positivo, DNA negativo, enzimas normais. Aqui ele curou, mas em uma imunossupressão pode reaparecer. Por isso quem tem esse perfil não pode doar sangue. A carga é indetectável, mas pode reativar. Infecção aguda na criança: 30-90% pode virar infecção crônica. Infecção aguda no adulto: 20% infecção crônica. Dessa infecção posso ter uma hepatopatia crônica: leve, moderada a grave. O corpo está agredindo o próprio corpo, tentando eliminar o vírus. Esse estado crônico pode virar um portador inativo ou recuperar, uma pequena porcentagem recupera. Da infecção crônica, pode evoluir pra cirrose e a partir dela pode descompensar, fazer CHC e morrer. Pode fazer um transplante, mas mesmo depois de transplantado pode reativar, porque o vírus B não sai do corpo, só que existem remédios pra manter essa carga viral baixa. Também pode ter um surto agudo, fazer uma insuficiência hepática e morrer. Essa é a história natural da infecção pelo vírus B. O que eu tenho que avaliar em um paciente com vírus B? História, exame físico, função hepática, perfil enzimático e hemograma. Afastar doenças associadas: álcool, NASH, outras hepatites virais (como a C e a Delta) e infecção pelo HIV. Sabemos que quem tem doenças hepáticas associadas tem um prognóstico pior, uma hepatopatia mais avançada. Sorologias para investigação: HBsaG (marcador de superfície), anti-HBc (marcador de contato), HBeAg (marcador de replicação) e anti-HBe para ver se tem anticorpos contra a replicação. Biopsia hepática pode ser solicitada para ver o grau da hepatopatia ou elastografia. Elastografia é um método não invasivo semelhante a um USG, onde vou emitir ondas ultrassonográfica e medir o grau de endurecimento do fígado. Então consigo classificá-lo em F1, F2, F3 e F4 (cirrose). Sempre fazer screening para hepatocarcinoma (CHC) independente da fase. Screening para CHC: alfafetoproteína (AFP) e USG abdominal de 6 em 6 meses. No USG eu consigo visualizar o nódulo, e a AFP normalmente eleva em quem tem CHC. Quem é vacinado: anti-HBs positivo. Quem teve contato e curou: anti-HBc e anti-HBs positivos. Paciente com hepatite B aguda: HBsAg positivo e anti-HBc IgM positivo. Indicação de tratamento: carga viral maior que 2.000 UI e quando tem aminotransferases elevadas ou confirmação histológica de dano hepático. Então vou tratar quando o indivíduo está sendo agredido. Ele tem mais de 2.000 UI e agressão ao fígado, só trato nesses momentos. Por que não trato em qualquer momento? Porque o tratamento do vírus B é pro resto da vida e minha intenção é diminuir a carga viral, diminuir o dano hepático. Então vou tratar aquele indivíduo que fez uma reativação. Então quem eu trato? Imunoeliminação e reativação. Fico vigiando os outros. Um aluno pergunta sobre o potencial oncogênico do vírus nas diferentes fases: a chance do indivíduo “E” positivo é maior e do portador inativo menor. “E” positivos têm 60X mais chances de desenvolver CHC em relação a uma pessoa normal. Já os portadores inativos 30X mais. Se ele tiver o vírus ele tem chance de ter CHC. Tratamento (disse que não ia entrar muito nisso): Entecavir pra quem é cirrótico e Tenofovir pra quem não é. É para a vida inteira e sua intenção é abaixar a carga viral. VÍRUS C: Mapa de distribuição: o Brasil é intermediário. Existem 70 milhões de pessoas com hepatite C, 3% da população mundial. Na Europa e nos EUA 20% dos casos de hepatite aguda são por hepatite C. Ela é maior do que a B nos países desenvolvidos. 70% das hepatites crônicas nos EUA são por hepatite C. Corresponde a 40% da cirrose, 60% dos CHCs e 30% dos transplantes. Ele apresenta 100 genótipos diferentes. Quando for tratar preciso saber qual é o genótipo, porque a droga que eu dou é diferente. Os principais genótipos são o 1, 2 e 3. Raros casos de 4, 5 e 6. No Brasil predomina o genótipo 1 (65%), 5% o 2 e 30% genótipo 3. Transmissão: sangue contaminado; drogas ilícitas (EV ou nasal) correspondem a 60%. Transmissão sexual 15%; transfusão 10%; ocupacional 4% e outros 1%. Desconhecido 10%. Varia em cada país. Se o paciente for HIV positivo, a chance de ele estar coinfectado é muito alta. Paciente já tem uma DST e faz sexo com um portador do vírus C, a chance de pegar é mais alta. A transmissão sexual do vírus C é baixa, não tão alta igual no vírus B. Aconselhar casais discordantes: usar camisinha, não compartilhar materiais (escova de dente, barbeador), tratar. História natural: A infecção aguda normalmente é assintomática (50-90%). O início da infecção geralmente é desconhecido. A maioria dos casos cronificam (50- 90%), dependendo da via de transmissão, fase aguda assintomática e da idade. Quem é mais velho cronifica mais. Se o indivíduo não teve fase aguda, ele não teve sintomas na fase aguda, a chance de cronificar é maior, porque o corpo não atacou o vírus. Sintoma na fase aguda é porque o corpo atacou o vírus. A fase crônica pode ser assintomática ou oligoassintomática. Sua evolução crônica para cirrose e descompensação se dá depois de 40 anos de infecção. Por exemplo, indivíduo de 50/60 anos descompensa, faz ascite, hemorragia digestiva alta (HDA) e você vai investigar é vírus C. A evolução é a longo prazo. Pode ser acelerada por álcool, idade, DM, NASH (Doença hepática gordurosa não alcoólica), HIV e posso interromper isso com tratamento. Normalmente é uma infecção assintomática ou uma hepatite aguda (minoria). Na hepatite aguda tem febre e icterícia; pegou o vírus e fez uma hepatite aguda. Dos pacientes que pegaram o vírus C 15-50% tem resolução espontânea, mas a maioria faz hepatite crônica com fibrose (mínima, moderada ou acentuada). Clínica da hepatite aguda: náuseas, fadiga, mialgia, dor abdominal, mal-estar e icterícia (10%). Laboratório: aumenta as aminotransferases em mais de 20X, valor absoluto maior que 1000. São poucas as doenças que causam aumento maior do que 1000 e a hepatite é uma delas. 15-50% tem cura completa e 50-85% evoluem para infecção crônica. A infecção crônica pode ter enzimas elevadas ou não, mas as duas apresentam o PCR positivo. Diagnóstico: primeiro pelo PCR (RNA), 1 a 2 semanas após o contato. Segundo, anti-HCV, 2 a 6 semanas após o contato. No caso da semana passada o anti-HCV deu negativo e o PCR positivo porque estava na janela imunológica. A duração da fase aguda, embora hepatite crônica, é de 6 meses. A evolução entre as crônicas pode fazer uma cirrose descompensada, evoluir para CHC e morte. Tratamento: tem cura, porque o RNA não é replicado dentro do núcleo. Na década de 80 tinha 6% de cura, hoje os tratamentos novos chamam DAA (droga de ação direta) e chegam a 95% de cura. Se não curar eu posso mudar o tratamento, então a cura é praticamente 100%. Qual o tratamento ideal? Potência elevada, posologia fácil e de segurança, regime simples e pan-genótipos. Então, hoje, eu quero uma droga única, que atua em todos os genes, posologia fácil. Hoje as possibilidades de tratamento são amplas. Drogas e esquemas seguros. Depois de 12 semanas de tratamento eu peço o PCR e se estiver indetectável o paciente curou. Drogas: Telaprevir, Boceprevir, Simeprevir, Sofosbuvir e Daclatasvir.
Compartilhar