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FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ UNIVERSIDADE DE FORTALEZA Centro de Ciências da Saúde – CCS Curso de Psicologia Disciplina: Orientação Profissional e Projeto de Vida Professora: Letícia Leite Bessa Atividade desenvolvida: seminário sobre OP na perspectiva teórica e metodológica de alguma abordagem psicológica de identificação do grupo. Pontuação: 0 – 10,0 Aluno: Allan Inácio Lima M: 1823565/0 Contribuições Teóricas e Metodológicas da Psicologia Junguiana para a Orientação profissional É importante iniciar falando um pouco que a psicologia Junguiana ou analítica, refere-se ao conjunto de ideias baseadas nas concepções da psicologia de Jung, enriquecida com as contribuições de outros autores, aliados com sua visão ontológica, epistemológica e metodológica. A psicologia junguiana fundamenta-se então, na noção dos processos psicodinâmicos de natureza consciente e inconsciente e na subjetividade do conhecimento. Partindo do ponto de vista da metodologia junguiana a elaboração simbólica é o caminho pelo qual o conhecimento é alcançado e viabilizado, a elaboração simbólica pela amplificação é o meio através do qual o material simbólico é compreendido na psicologia analítica. (PENNA, 2003, p.14). Realizemos um breve apanhado ao que se refere os conceitos que fundamental a teoria junguiana, no que tange a Psicologia Analítica e a vocação, conceituaram-se a consciência, o ego e a energia psíquica, por sua aproximação a orientação profissional. O que fundamenta a psicologia junguiana é sua concepção ontológica de compreensão do homem, acentuando-se no conceito de totalidade do homem e do mundo, com isso, o home e visto como um ser voltado a autorrealização, psíquica e está inserido no mundo, que constitui um todo que abarca a dimensão consciente e inconsciente, o mundo interno e o mundo externo, buscando esclarecer o significado de totalidade, Jung usa representações e simbolismo das mandalas. De acordo com PENNA 2003, nas bases de sua teoria ele define três níveis da psique, a consciência, o inconsciente pessoal e o inconsciente coletivo, sendo compreendidos como instancias psicodinâmicas e não estáticas ou topográficas. O inconsciente pessoa é formado pelos conteúdos que são de natureza inconscientes, ideias dolorosas ou reprimidas, percepções subliminares, memorias ou por conteúdos que nunca chegaram a atingir a consciência, é partindo desse conjunto que se forma os complexos inconscientes, sendo o inconsciente pessoal a camada mais próxima da consciência. O Inconsciente coletivo por sua vez, se trata da fonte de todas as forças instintivas da psique e encerra as formas ou categorias que as regulam, é que são conhecidas por arquétipos. Segundo Jung 1986, concepção do inconsciente coletivo é a formidável herança espiritual da evolução da humanidade que nasce de novo na estrutura da casa ser. O pensamento junguiano é expresso no impulso para a autorrealização, que Jung chamou de processo de individuação, a base comum a todos os seres humanos, nossa origem e modelos, do qual todos saímos, e Jung denominou-os de arquétipos. Jung usa o termo para conceituar os conteúdos da parte mais profunda do inconsciente, isto é, do inconsciente coletivo. (PIERI, 2002). Para Jung arquétipos designa forma especificas ou grupos de imagens. Os arquétipos, formas coincidentes que aparecem em sonhos, nas fantasias, nas visões e nas ideias delirantes. Com isso o inconsistente só pode ser conhecido quando se mostra, e ele se mostra através dos símbolos, que para Jung, é um elemento vivo da psique, cheios de significados e de mistérios, e que não podem ser totalmente apreendidos. “A concepção do ser humano com símbolo e do mundo humano como a dimensão simbólica em que o ser humano está psicologicamente inserido define a própria dimensão psicológica do paradigma junguiano”. (PENNA, 2003, p.139). Podemos compreender que o símbolo que transforma a libido de uma direção mais instintiva a formas mais elaboradas e com significado. O objetivo de desejo mais regressivo e sacrificado para possibilitar ao ego o desenvolvimento e uma escolha mais significativa. Compreendendo melhor o termo sombra, é entendido na psicologia junguiana como o significado especifico do outro lado da personalidade, a parte escura da psique, inferior ou inconsciente, ou seja, é a sombra que contém todas as capacidades e sentimentos rejeitados pelo ego, reconhecidos como estranhos ao eu, assim a sombra surge como uma compensação, a identificação desenvolvida, pelo ego com as características ideias da personalidade, influenciadas pela família e cultura. De acordo com Molineiro 2007, a psicologia junguiana compreende como vocação, um chamado a manifestação da individuação da pessoa, apresentando-se como suas singularidades e diferenças pessoais. Individuação segundo Jung 1988, é o processo pelo qual a pessoa passa ao tornar-se um ser único, no passo em que compreendemos a individualidade como nossos traços mais íntimos, significa, pois, que nos tornamos nosso próprio si - mesmo. Compreendendo melhor o conceito de vocação na teoria junguiana, a vocação é compreendida na relação com o Ego, e podemos considera-lo como sendo um centro regulador da consciência, como o Self, é expresso como a totalidade da psique, o arquétipo central, o eixo regulador da psique consciente e inconsciente. Assim, vocação é compreendida com dupla direção, é o chamado a resposta a ele, e atua no plano da alma, são levados em consideração os aspectos inscientes da psique e no plano da consciência, pois também compreende as escolhas, responsabilidades e o comprometimento da pessoa. Segundo a psicologia junguiana o conteúdo presente nas manifestações psíquicas que da vida a experiência, é a energia psíquica ou libido. Divergindo do pensamento freudiano, que a libido teria um significado predominantemente sexual, com isso, a energia psíquica aqui, está ligada aos fenômenos dinâmicos da psique. Segundo Jung 1986, a libido se trata de um desejo ou impulso que não é balizado por conceitos morais e ou outros, mas considera que é um “appetitus” em seus estados naturais, e acrescenta, que filogeneticamente se trata de necessidades físicas, como fome, sede, sexualidade, levando em consideração os estados do humor, como: os afetos que constitui a natureza da libido. Segundo Jung Podemos compreender como energia psíquica, a manifestação da força psíquica em direção a algo, essa energia em movimento é compreendida como a própria vontade, apetite, afeto, atuação, produção de trabalho, etc. Podendo também ser compreendida como condições potenciais, como aptidão, atitude, possibilidade quando se expressa de forma virtual. A energia psíquica corresponde a duas direções, a progressão, que é um movimento de adaptação psicológica, e regressão, que pode ser compreendida como uma forma de adaptação ao mundo interior, se definindo pelo estado psíquico mais avançado ou recuado, sem conotação positiva ou negativa, pois ambas são necessárias para a dinâmica da psique do homem. De acordo com os estudos junguianos a vocação pode ser compreendida como uma manifestação da energia psíquica, o apetite do próprio Ego direcionado a algo, Ego por sua vez, é o fator singular do qual os conteúdos inconscientes se relacionam, o mesmo que constitui o centro do campo da consciência, “o ego é o sujeito de todos os atos conscientes da pessoa.” (JUNG, 1986ª, p.1). Abordando o desenvolvimento psicológico do ser humano, Jung compara a trajetória humana com a trajetória do sol ao longo do dia, ao horizonte o nascer do sol passa a representar o surgimento da consciência e do próprio ego infantil, que naturalmente vai se diferenciando do inconsciente. Experimentando a infância, a adolescência e a vida adulta, onde o sol atinge seu ponto máximo, sendo compreendido por Jung como a primeirametade da vida. O entardecer do dia, representa a entrada desse homem na segunda metade da vida, e enfim, seu encontro com a noite, representando sua volta ao inconsciente por ocasião de sua morte. Jung 1986, compreende que a semente que fundamenta a personalidade, já existe na criança, mais só se desenvolve com o curso da vida, e a conceitua como “o melhor desenvolvimento possível da totalidade de um individuo determinado”. O conceito de personalidade para a visão junguiana desenvolve a máxima das características de uma pessoa, o que pressupõe energia psíquica em movimento, sendo expressão da vontade, aptidões, tendências, talentos e interesses de cada ser em particular. “Quem tem designação, escuta a voz do seu íntimo, está designado”. (JUNG, 1986, p.181, grifo do altor). Jung escolhe para conceitua designação a palavra com a raiz comum “voz”, indicando um sentido similar a chamado e vocação. A voz interior é compreendida nos textos junguianos como o daimon ou demônio pessoa, não possuindo caráter negativo como na tradição judaico-cristã. Sendo compreendido por Greene 2003, como uma força interna que impulsiona o ser a cumprir o seu caminho, seu “padrão único”. Sendo visto como uma força intencional, teologicamente como força que tenta manifestar-se a ir a algum lugar. A expressão para essa força condutora no mundo externo é na área da vocação, que por sua vez, se expressa na psicologia junguiana como sendo uma força a serviço da autorrealização do indivíduo, o seu desenvolvimento psíquico compreendido no processo de individuação. “As expressões, tornar-se si – mesmo e o realizar-se do si – mesmo”, foram denominadas como sinônimos de individuação por Jung. Ao analisar os estudos de Jung é importante fazer relação com a educação grega de século V a.C. que nós apresentamos o antrophos, o “homem obra de arte, ético e criador, como modelo para o homem da atualidade. Salis, 2002 relata que s gregos atribuíam grande importância aos mitos e valores éticos e estéticos para o desenvolvimento humano, na concepção grega do ser humano, o vê em constante evolução, incluindo o aperfeiçoamento das virtudes e de ordens do vício. Compreendemos que o mito como linguagem universal, abre portas para o homem compreender e saber sobre as coisas, da magia e do encantamento de si mesmo, e com isso encontramos paralelos na abordagem junguiana. Os mitos na antiguidade revelavam a totalidade da experiencia humana, seus opostos, e condições e possibilidade da separação e aperfeiçoamento. Assim, os heróis da mitologia mudam, encontram a linguagem própria de cada época, mas conservam sua essência e estão vivos e presentes na atualidade, expressando as relações do homem consigo, com o outro e com o mundo a sua volta. Os mitos são atemporais, contam a história da evolução humana e apontam para o futuro, para objetivos, indicando os modelos para alcança-lo. Técnica Utilizada em Orientação profissional Com base na teoria junguiana, a caixa representa o self, um lugar organizado, matriarcal, as representações feitas por meio das miniaturas favorecem a organização do self e o centro mandálico (em forma de círculo). Do centro mandálico, emergem as formações da natureza (mundo dos arquétipos primitivos, ligados às pulsões instintivas). Esses arquétipos levam à formação de complexos de natureza ideoafetiva, que dão origem ao ego. Descrição: O sandplay (jogo de areia ou caixa de areia) é uma técnica terapêutica que se baseia numa metodologia não-verbal, para revelar os conteúdos do inconsciente. Para a sua realização, utiliza-se uma caixa com areia, em que se procura abarcar os quatro elementos filosóficos de formação da matéria: ar, terra, fogo e água. A caixa, que é de madeira, juntamente com a areia, representa o elemento terra. O elemento ar está presente através do próprio ar circundante. Se a caixa for devidamente impermeabilizada, será possível acrescentar o elemento água. Já, o fogo é a energia que se coloca no trabalho que está sendo realizado com a caixa de areia (a libido). Normalmente, a caixa é confeccionada com as seguintes medidas: 50 cm de largura, 75 cm de comprimento e 15 cm de altura. Sua parte interna é pintada de azul (naquelas em que se usa areia seca para simular água). As que podem realmente conter água, são impermeabilizadas com material plástico ou tinta impermeabilizante. Coloca- se, então, areia fina ou de praia. O melhor seria usar terra. Porém, como a terra é compacta, não permite que a pessoa/paciente que for manipular os elementos presentes possa senti-la fluindo entre os dedos. Além da caixa de areia (sandplay), devem estar disponíveis, no consultório do terapeuta que aplica a técnica, prateleiras que contenham dezenas ou centenas de miniaturas que representem o mundo em que vivemos: objetos de uso comum, imagens de santos e divindades, esculturas da natureza, como árvores e animais, imagens dos diferentes tipos de culturas e de pessoas de vários países, imagens da mitologia, esculturas de pontes, carros, trens, etc., figuras de líderes religiosos, santos e demônios, esculturas de casas e prédios, figuras de animais de estimação e várias outras. Ou seja, tudo que represente a cultura e a natureza tanto universais quanto específicas do lugar em que se dá a terapia. A caixa deve ser preenchida até a metade com areia alisada, para que a pessoa (criança ou adulto) possa mexer à vontade ou montar uma cena utilizando as miniaturas. Como forma de registrar o conteúdo expresso pelo paciente, o profissional que está aplicando o método, após a saída do analisando, fotografa ou desenha a cena e, então, a desmancha (nunca enquanto a pessoa ainda estiver presente). Referencias: Franco e Pinto, O MÁGICO JOGO DE AREIA EM PESQUISA - Instituto de Psicologia USP, 2003, 14(2), 91-114; JUNG, C. G. A natureza da psique. OCVIII/2. Petrópolis. Vozes, 1986b; PENNA, E. M. D. Um estudo sobre o método de investigação da psique na obra de C. G. Jung. PUCS, São Paulo, 2003; PIERI, P. Dicionário junguiano. São Paulo, Petrópolis: Vozes, 2002; SALIS, V. Mitologia viva. São Paulo, nova Alexandria, 2003; MOLINEIRO, Vocação: uma perspectiva junguiana - PUC de SP, São Paulo, 2007. FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ
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