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· Pergunta 1 1 em 1 pontos Na verdade, para esse casal moderno, o problema é exatamente o contrário: como podem eles evitar que as relações familiares sucumbam ao comportamento a curto prazo, ao espírito de reunião, e acima de tudo à fraqueza da lealdade e do compromisso mútuo que assinalam o moderno local de trabalho? Em lugar dos valores de camaleão da nova economia, a família [...] deve enfatizar, ao contrário, a obrigação formal, a confiança, o compromisso mútuo e o senso de objetivo. Todas essas são virtudes de longo prazo.SENNETT, Richard. A corrosão do caráter: consequências pessoais do trabalho no novo capitalismo. São Paulo, Record, 2009, p. 27. No trecho em tela, o autor procura enfatizar centralmente Resposta Selecionada: conflitos entre certos valores familiares e características da nova economia. Resposta Correta: conflitos entre certos valores familiares e características da nova economia. Comentário da resposta: Resposta correta. Isto pode ser notado apenas no trecho destacado, mas, se o estudante tiver a curiosidade de ir à obra e observar o contexto, verá que foi feito um recorte em uma reflexão a respeito de um dilema citado pelo autor, precisamente entre os valores que levam ao sucesso no novo mercado e aqueles que, supõe-se, devem ser passados em família (a exemplo da lealdade). · Pergunta 2 1 em 1 pontos Além de serem interdependentes, identidade e diferença partilham uma importante característica: elas são o resultado de atos de criação lingüística. Dizer que são o resultado de atos de criação significa dizer que não são "elementos" da natureza, que não são essências, que não são coisas que estejam simplesmente aí, à espera de serem reveladas ou descobertas, respeitadas ou toleradas. A identidade e a diferença têm que ser ativamente produzidas. Elas não são criaturas do mundo natural ou de um mundo transcendental, mas do mundo cultural e social. Somos nós que as fabricamos, no contexto de relações culturais e sociais. A identidade e a diferença são criações sociais e culturais.SILVA, Tomaz Tadeu da. A produção social da identidade e da diferença. In: ______. (Org). Identidade e Diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis: Vozes, 2000, p. 76. A partir do excerto, é possível desenvolver o raciocínio de que Resposta Selecionada: existe uma grande aproximação entre aquilo que é elemento linguístico e aquilo que é elemento cultural. Resposta Correta: existe uma grande aproximação entre aquilo que é elemento linguístico e aquilo que é elemento cultural. Comentário da resposta: Resposta correta. Note-se que, no início do parágrafo, o autor afirma que identidade e diferença são resultado de atos de criação linguística e, no fim, que são criações sociais e culturais, isto é, as noções de criação linguística e de criação cultural estão bastante próximas na argumentação dele. · Pergunta 3 1 em 1 pontos Essa diferença entre patriotismo e nacionalismo tende a ultrapassar a mera retórica e entrar no domínio da prática política. Seguindo a terminologia de Claude Lévi-Strauss, podemos dizer que a primeira fórmula é mais capaz de inspirar estratégias “antropofágicas” (“devorar” os estrangeiros, de modo que sejam assimilados pelo corpo de quem devora e se tornem idênticos às outras células deste, perdendo sua própria distintividade), enquanto que a segunda se associa mais à estratégia “antropoêmica”, de “vomitar” e “cuspir” aqueles que não são “aptos a ser nós”, seja isolando-os por encarceramento dentro dos muros visíveis dos guetos ou nos invisíveis (ainda que não menos tangíveis por essa razão) muros das proibições culturais, seja cercando-os, deportando-os ou forçando-os a fugir, como na prática que recebe o nome de limpeza étnica. Seria prudente, no entanto, lembrar que a lógica do pensamento raramente se impõe à lógica dos atos, e não há uma relação biunívoca entre a retórica e a prática, e assim cada uma das estratégias pode estar envolvida em qualquer dessas retóricas.BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2000, p. 201. A respeito das ideias que Bauman nos apresenta sobre patriotismo e nacionalismo, podemos afirmar que Resposta Selecionada: estratégias “antropofágicas” se relacionam mais ao patriotismo. Resposta Correta: estratégias “antropofágicas” se relacionam mais ao patriotismo. Comentário da resposta: Resposta correta. Citando Lévi-Strauss, Bauman apresenta como mais ligadas ao nacionalismo a segregação e a separação, e como técnicas cita muros físicos e culturais, bem como deportação e limpeza étnica. · Pergunta 4 0 em 1 pontos A etnia é o termo que utilizamos para nos referirmos às características culturais — língua, religião, costume, tradições, sentimento de “lugar” — que são partilhadas por um povo. É tentador, portanto, tentar usar a etnia dessa forma “fundacional”. Mas essa crença acaba, no mundo moderno, por ser um mito. A Europa Ocidental não tem qualquer nação que seja composta de apenas um único povo, uma única cultura ou etnia. As nações modernas são, todas, híbridos culturais.HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro, Lamparina, 2014, p. 62, grifos do autor. As reflexões de Hall I. questionam a unidade cultural de todas as nações modernas. II. elencam elementos importantes no estudo da cultura. III. contrastam a situação da Europa Ocidental com características típicas de nossos tempos. Resposta Selecionada: II e III, apenas. Resposta Correta: I e II, apenas. Comentário da resposta: Resposta incorreta. O comentário a respeito da Europa Ocidental feito por Hall vai no sentido de dizer que ela, assim como todas as nações modernas em geral, não possui uma unidade cultural sólida, e não no sentido de contrastar aspectos diferentes. · Pergunta 5 1 em 1 pontos A afirmação "sou brasileiro", na verdade, é parte de uma extensa cadeia de "negações", de expressões negativas de identidade, de diferenças. Por trás da afirmação "sou brasileiro" deve-ser ler: "não sou argentino", "não sou chinês", "não sou japonês" e assim por diante, numa cadeia, neste caso, quase interminável. Admitamos: ficaria muito complicado pronunciar todas essas frases negativas cada vez que eu quisesse fazer uma declaração sobre minha identidade. A gramática nos permite a simplificação de simplesmente dizer "sou brasileiro". Como ocorre em outros casos, a gramática ajuda, mas também esconde.SILVA, Tomaz Tadeu da. A produção social da identidade e da diferença. In: ______. (Org). Identidade e Diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis: Vozes, 2000, p. 75. Segundo a argumentação do autor no trecho em tela, a gramática ajuda a expressar e esconde, respectivamente, Resposta Selecionada: a minha identidade e a diferença do outro. Resposta Correta: a minha identidade e a diferença do outro. Comentário da resposta: Resposta correta. Para o autor, ao dizer “sou brasileiro”, expressa-se diretamente, de alguma maneira, a própria identidade e, de maneira implícita, velada, a diferença que há entre quem fala e um outro, cuja nacionalidade — um exemplo — seja diversa. · Pergunta 6 1 em 1 pontos Em uma primeira aproximação, parece ser fácil definir "identidade". A identidade é simplesmente aquilo que se é: "sou brasileiro", "sou negro", "sou heterossexual", "sou jovem', "sou homem". A identidade assim concebida parece ser uma positividade ("aquilo que sou"), uma característica independente, um "fato" autônomo. Nessa perspectiva, a identidade só tem como referência a si própria: ela é autocontida e auto-suficiente. Na mesma linha de raciocínio, também a diferença é concebida como uma entidade independente. Apenas, neste caso, em oposição à identidade, a diferença é aquilo que o outro é: "ela é italiana'', "ela é branca", "ela é homossexual" "ela é velha" "ela é mulher". Da mesma forma que a identidade, a diferença é, nestaperspectiva, concebida como auto-referenciada, como algo que remete a si própria. A diferença, tal como a identidade, simplesmente existe.SILVA, Tomaz Tadeu da. A produção social da identidade e da diferença. In: ______. (Org). Identidade e Diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis: Vozes, 2000, p. 74. Para Tomaz Tadeu da Silva, no trecho destacado, convém que reflexões mais profundas sobre identidade se façam pensando-se, antes, na Resposta Selecionada: dinâmica entre o que o sujeito é e o que ele não é. Resposta Correta: dinâmica entre o que o sujeito é e o que ele não é. Comentário da resposta: Resposta correta. Para o autor, identidade e diferença estão em uma relação estreita de dependência, e o pensamento sobre o tema deve levar ambas em consideração. · Pergunta 7 1 em 1 pontos Em termos simples, a especialização flexível tenta pôr, cada vez mais rápido, produtos mais variados no mercado. Em The Second Industrial Divide, os economistas Michael Piore e Charles Sabei descrevem como a especialização flexível atua nas maleáveis relações entre empresas mais ou menos pequenas do norte da Itália, permitindo-lhes responder com rapidez as mudanças na demanda do consumo. Essas empresas cooperam e competem ao mesmo tempo, buscando nichos no mercado que cada uma ocupa temporariamente, e não permanentemente, adaptando a curta vida de produto de roupas, têxteis ou peças de máquinas. O governo desempenha um papel positivo, ajudando essas empresas italianas a inovar juntas, em vez de engalfinhar-se em batalhas de vida ou morte. Piore e Sabei chamam o sistema que estudaram de "estratégia de inovação permanente: adaptação à mudança incessante, em vez de esforço para controlá-la".SENNETT, Richard. A corrosão do caráter: consequências pessoais do trabalho no novo capitalismo. São Paulo, Record, 2009, p. 59. Quando fala em especialização flexível, Sennett fala de I. uma tendência a especializar-se em mudar. II. uma busca por aumentar a vida útil de produtos III. uma volatilidade das demandas de consumo. É correto o que se afirma em Resposta Selecionada: I e III, apenas Resposta Correta: I e III, apenas Comentário da resposta: Resposta correta. Sabendo que as demandas de consumo estão cada vez mais voláteis, empresas tentam especializar-se para atender a essa volatilidade, aceitando o fato de que, diante do cenário do mercado, soluções são temporárias, incitando a um estado de “inovação permanente”, como está no trecho que ora comentamos. · Pergunta 8 1 em 1 pontos A expressão "capitalismo flexível" descreve hoje um sistema que é mais que uma variação sobre um velho tema. Enfatiza-se a flexibilidade. Atacam-se as formas rígidas de burocracia, e também os males da rotina cega. Pede-se aos trabalhadores que sejam ágeis, estejam abertos a mudanças a curto prazo, assumam riscos continuamente, dependam cada vez menos de leis e procedimentos formais.SENNETT, Richard. A corrosão do caráter: consequências pessoais do trabalho no novo capitalismo. São Paulo, Record, 2009, p. 9. A expressão entre aspas de Sennett Resposta Selecionada: acompanha o conceito de “liquidez” na pós-modernidade de Bauman. Resposta Correta: acompanha o conceito de “liquidez” na pós-modernidade de Bauman. Comentário da resposta: Resposta correta. Tanto Bauman quanto Sennett, com suas respectivas expressões, procuram capturar o aumento na fluidez dos processos na pós-modernidade, sendo a de Sennett mais específica para as relações de trabalho. · Pergunta 9 1 em 1 pontos "As pessoas estão famintas [de mudança]", afirma o guru da administração, James Champy, porque "o mercado pode ser 'motivado pelo consumidor' como nunca antes na história." 3 O mercado, nessa visão, é dinâmico demais para permitir que se façam as coisas do mesmo jeito ano após ano, ou que se faça a mesma coisa. O economista Bennett Harrison acredita que a origem dessa fome de mudança é o "capital impaciente", o desejo de rápido retorno; por exemplo, o período médio de tempo que os investidores seguram suas ações nas bolsas britânicas e americanas caiu 60 por cento nos últimos quinze anos. O mercado acredita que o rápido retorno é mais bem gerado pela rápida mudança institucional.SENNETT, Richard. A corrosão do caráter: consequências pessoais do trabalho no novo capitalismo. São Paulo, Record, 2009, p. 22. Podemos dizer que a redução do período médio que os investidores seguram suas ações nas bolsas, exemplo fornecido por Sennett, desvela sintomas de pós-modernidade na faceta de sensação de I. velocidade. II. insegurança. III. fluidez. É correto o que se afirma em Resposta Selecionada: I, II e III. Resposta Correta: I, II e III. Comentário da resposta: Resposta correta. De fato, a imagem de investidores em geral movimentando os investimentos, fomentando diferentes tipos de empreendimentos cada vez mais rápida e brevemente, evoca as três sensações. · Pergunta 10 1 em 1 pontos Um ano depois de minha conversa com Rico, voltei à padaria de Boston onde, vinte e cinco anos antes, fazendo pesquisa para The Hidden Injuries of Class, tinha entrevistado um grupo de padeiros. Fora lá inicialmente perguntar como eles viam o sistema de classes nos Estados Unidos. Como quase todos os americanos, me disseram que pertenciam à classe média; em si, a idéia de classes sociais pouco significava para eles. Os europeus, de Tocqueville em diante, tendem a tomar a aparência por realidade; alguns deduziram que nós americanos somos de fato uma sociedade sem classes, pelo menos em nossas maneiras e crenças — uma democracia de consumidores; outros, como Simone de Beauvoir, afirmaram que somos irremediavelmente confusos sobre nossas verdadeiras diferenças.SENNETT, Richard. A corrosão do caráter: consequências pessoais do trabalho no novo capitalismo. São Paulo, Record, 2009, p. 75. No parágrafo apresentado o autor procura destacar Resposta Selecionada: a complexidade que há na relação entre classe social e identidade. Resposta Correta: a complexidade que há na relação entre classe social e identidade. Comentário da resposta: Resposta correta. Sennett traz para nossa leitura uma característica do grupo entrevistado por ele: o pouco que significavam as classes sociais em nas reflexões do grupo sobre si mesmo, apontando para o pensamento de Beauvoir, que complexifica essa relativa ou aparente indiferença.
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