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Prova_identidade, língua e cultura_2022

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Identidade, língua e cultura.
Prova
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Questão 1
A atribuição de estatuto científico à linguística costuma ser creditada a Saussure, no início do século XX. De fato, com seu Curso de linguística geral, Saussure inaugura a linguística moderna, delimitando e definindo seu objeto de estudo, estabelecendo seus princípios gerais e seu método de abordagem. Saussure é um marco da corrente linguística denominada estruturalismo, segundo a qual a língua (i) é tomada em si mesma, separada de fatores externos; (ii) é vista como uma estrutura autônoma, valendo pelas relações de natureza essencialmente linguística que se estabelecem entre seus elementos. Ou seja, para Saussure, a linguística tem por único e verdadeiro objeto a língua considerada em si mesma e por si mesma. Saussure postula algumas dicotomias e vai isolando o que, segundo ele, seria de interesse da ciência linguística.
Disponível em <http://ppglin.posgrad.ufsc.br/files/2013/04/Sociolingu%C3%ADstica_UFSC.pdfhttp://ppglin.posgrad.ufsc.br/files/2013/04/Sociolingu%C3%ADstica_UFSC.pdf>. Acesso em 24/08/2019.
Sobre os conceitos de langue e parole, segundo Saussure, podemos afirmar que
· a parole é manifestação concreta da langue.
Questão 2
Essa característica da linguagem tem conseqüências importantes para a questão da diferença e da identidade culturais. Na medida em que são definidas, em parte, por meio da linguagem, a identidade e a diferença não podem deixar de ser marcadas, também, pela indeterminação e pela instabilidade. Voltemos, uma vez mais, ao nosso exemplo da identidade brasileira. A identidade "ser brasileiro" não pode, como vimos, ser compreendida fora de um processo de produção simbólica e discursiva, em que o "ser brasileiro" não tem nenhum referente natural ou fixo, não é um absoluto que exista anteriormente à linguagem e fora dela. […] Em suma, a identidade e a diferença são tão indeterminadas e instáveis quanto a linguagem da qual dependem.SILVA, Tomaz Tadeu da. A produção social da identidade e da diferença. In: ______. (Org). Identidade e Diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis: Vozes, 2000, p. 80.
Essa característica da linguagem à qual o autor se refere pode ser entendida como
 o fato de a linguagem ter um sistema de significação baseado na relação entre os termos.
 
Questão 3
É bastante natural que a flexibilidade cause ansiedade: as pessoas não sabem que riscos serão compensados, que caminhos seguir. Para tirar a maldição da expressão "sistema capitalista", antes criavam-se circunlocuções, como sistema de "livre empresa" ou "empresa privada". Hoje se usa a flexibi- 10 Richard Sennett lidade como outra maneira de levantar a maldição da opressão do capitalismo. Diz-se que, atacando a burocracia rígida e enfatizando o risco, a flexibilidade dá às pessoas mais liberdade para moldar suas vidas. Na verdade, a nova ordem impõe novos controles, em vez de simplesmente abolir as regras do passado — mas também esses novos controles são difíceis de entender. O novo capitalismo é um sistema de poder muitas vezes ilegível.SENNETT, Richard. A corrosão do caráter: consequências pessoais do trabalho no novo capitalismo. São Paulo, Record, 2009, p. 9-10.
Podemos dizer que a posição do autor no trecho destacado:
I. desafia a noção de que a pós-modernidade, na esfera das relações de trabalho, conferem mais liberdade ao indivíduo.
II. é de crítica aos moldes do capitalismo anterior ao “flexível”, demonstrando as vantagens das mudanças no sistema.
III. estabelece as distinções entre o novo capitalismo, a “livre empresa” e a “empresa privada”.
É correto que se afirma em
· I, apenas.
Questão 4
Além disso, na agência de publicidade aprendeu uma amarga verdade sobre a experiência passada que a levara a apostar numa vida diferente: as pessoas de meia-idade como ela são tratadas como madeira morta, a experiência que acumularam é tida como de pouco valor. Tudo no escritório se concentrava no momento imediato, o que estava na iminência de surgir, em chegar além da curva; olhos vidram-se no ramo da imagem quando alguém começa uma frase com: "Uma coisa que aprendi é que..."SENNETT, Richard. A corrosão do caráter: consequências pessoais do trabalho no novo capitalismo. São Paulo, Record, 2009, p. 93.
A partir da leitura do trecho destacado, podemos dizer que:
I. o autor procura alertar para a importância de voltar-se para o futuro no ambiente empresarial.
II. o novo mercado de trabalho vem dando menos atenção ao valor da experiência.
III. tem-se como objetivo ressaltar a preponderância, nas novas relações de trabalho, da iminência.
· I e III, apenas.
Questão 5
"As pessoas estão famintas [de mudança]", afirma o guru da administração, James Champy, porque "o mercado pode ser 'motivado pelo consumidor' como nunca antes na história." 3 O mercado, nessa visão, é dinâmico demais para permitir que se façam as coisas do mesmo jeito ano após ano, ou que se faça a mesma coisa. O economista Bennett Harrison acredita que a origem dessa fome de mudança é o "capital impaciente", o desejo de rápido retorno; por exemplo, o período médio de tempo que os investidores seguram suas ações nas bolsas britânicas e americanas caiu 60 por cento nos últimos quinze anos. O mercado acredita que o rápido retorno é mais bem gerado pela rápida mudança institucional.SENNETT, Richard. A corrosão do caráter: consequências pessoais do trabalho no novo capitalismo. São Paulo, Record, 2009, p. 22.
Podemos dizer que a redução do período médio que os investidores seguram suas ações nas bolsas, exemplo fornecido por Sennett, desvela sintomas de pós-modernidade na faceta de sensação de
I. velocidade.
II. insegurança.
III. fluidez.
É correto o que se afirma em
· I, II e III.
Questão 6
Um ano depois de minha conversa com Rico, voltei à padaria de Boston onde, vinte e cinco anos antes, fazendo pesquisa para The Hidden Injuries of Class, tinha entrevistado um grupo de padeiros. Fora lá inicialmente perguntar como eles viam o sistema de classes nos Estados Unidos. Como quase todos os americanos, me disseram que pertenciam à classe média; em si, a idéia de classes sociais pouco significava para eles. Os europeus, de Tocqueville em diante, tendem a tomar a aparência por realidade; alguns deduziram que nós americanos somos de fato uma sociedade sem classes, pelo menos em nossas maneiras e crenças — uma democracia de consumidores; outros, como Simone de Beauvoir, afirmaram que somos irremediavelmente confusos sobre nossas verdadeiras diferenças.SENNETT, Richard. A corrosão do caráter: consequências pessoais do trabalho no novo capitalismo. São Paulo, Record, 2009, p. 75.
No parágrafo apresentado o autor procura destacar
 a complexidade que há na relação entre classe social e identidade.
Questão 7
Começando com a Revolução Iraniana, têm surgido, em muitas sociedades até então seculares, movimentos islâmicos fundamentalistas, que buscam criar estados religiosos nos quais os princípios políticos de organização estejam alinhados com as doutrinas religiosas e com as leis do Corão. Na verdade, esta tendência é difícil de ser interpretada. Alguns analistas vêem-na como uma reação ao caráter "forçado" da modernização ocidental: certamente, o fundamentalismo iraniano foi uma resposta direta aos esforços do Xá nos anos 70 por adotar, de forma total, modelos e valores culturais ocidentais. Alguns interpretam-no como uma resposta ao fato de terem sido deixados fora da ''globalização".
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2006, pp. 94-95.
Sobre o trecho apresentado, podemos dizer que
· a Revolução Iraniana, tendo sido política e religiosa, pode ser vista também como cultural.
Questão 8
As identidades nacionais estão sendo "homogeneizadas"? A homogeneização cultural é o grito angustiado daqueles/ as que estão convencidos/as de que a globalização ameaça solapar as identidades e a "unidade" das culturas nacionais. Entretanto, como visão do futuro das identidades num mundo pós-moderno, este quadro, da forma como é colocado,é muito simplista, exagerado e unilateral.
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2006, p. 77.
Hall considera contratendência à ideia de homogeneização cultural:
I. uma fascinação com a diferença e com a mercantilização da etnia e da alteridade.
II. a distribuição homogênea da globalização pelo mundo.
III. o desequilíbrio na direção do fluxo, que é mais voltado para “o Ocidente”.
É correto o que se afirma em
· I e III, apenas.
Questão 9
A expressão "capitalismo flexível" descreve hoje um sistema que é mais que uma variação sobre um velho tema. Enfatiza-se a flexibilidade. Atacam-se as formas rígidas de burocracia, e também os males da rotina cega. Pede-se aos trabalhadores que sejam ágeis, estejam abertos a mudanças a curto prazo, assumam riscos continuamente, dependam cada vez menos de leis e procedimentos formais.SENNETT, Richard. A corrosão do caráter: consequências pessoais do trabalho no novo capitalismo. São Paulo, Record, 2009, p. 9.
A expressão entre aspas de Sennett
 acompanha o conceito de “liquidez” na pós-modernidade de Bauman.
Questão 10
A etnia é o termo que utilizamos para nos referirmos às características culturais — língua, religião, costume, tradições, sentimento de “lugar” — que são partilhadas por um povo. É tentador, portanto, tentar usar a etnia dessa forma “fundacional”. Mas essa crença acaba, no mundo moderno, por ser um mito. A Europa Ocidental não tem qualquer nação que seja composta de apenas um único povo, uma única cultura ou etnia. As nações modernas são, todas, híbridos culturais.HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro, Lamparina, 2014, p. 62, grifos do autor.
As reflexões de Hall
I. questionam a unidade cultural de todas as nações modernas.
II. elencam elementos importantes no estudo da cultura.
III. contrastam a situação da Europa Ocidental com características típicas de nossos tempos.
 I e II, apenas.

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