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INTEGRADA - FISIOPATO E PPD Insuficiência Renal 1. Comente sobre a função ácido-base dos rins e sua influência no diabetes? O rim faz o controle ácido-básico através da secreção e reabsorção de eletrólitos. Na diabetes mellitus, o SGLT-1 e SGLT-2, transportadores de íon sódio e glicose presentes nos túbulos renais, ficam super estimulados - causando uma hiperglicemia. 2. Defina insuficiência renal. Distúrbio no qual os rins não conseguem retirar da corrente sanguínea os produtos finais do metabolismo e nem regular a homeostasia dos líquidos, eletrólitos e do pH dos líquidos extracirculantes. Pode ser aguda ou crônica. 3. Quais os padrões de uma injúria ou lesão renal aguda (IRA)? Redução abrupta (48 horas) da função renal. Aumento da creatinina sérica (> ou igual a 0.3mg/dl ou de 50%) ou redução do débito urinário (<0,5ml/kg por 6 horas). Pequenos aumentos de creatinina, independente do valor, já definem o diagnóstico. Exemplo: paciente aumenta 0,6 para 1,0 em 24 horas, tem IRA, mesmo 1,0 sendo um valor normal. Pode ser dividida em 3 estágios, mostrando a gravidade do paciente - pacientes que necessitam de diálise são considerados estágio 3. 4. Quais são as possíveis etiologias da insuficiência renal? Doenças sistêmicas que acometem os rins (pré-renal, hipofluxo), doenças primárias dos rins (renal - não filtra) ou doenças do trato urinário (urológicas - não é excretado, obstrutiva). Pré-renal - hipovolemia, estados de choque, IC descompensada, cirrose hepática com ascite, nefropatia hepática, AINEs e inibidores da ECA. Renal - necrose tubular aguda, leptospirose, glomerulonefrite, síndrome da lise tumoral, nefrite intersticial aguda (AINEs). Pós-renal - obstrução uretral, obstrução do colo vesical e uretra prostática, obstrução dos óstios vesicais e obstrução ureteral. Nesses casos a azotemia só vai ser causada se for uma etiologia bilateral. Causas de IRA não renais são mais fáceis de tratar. Porém, a IRA tem alta mortalidade. 5. O que é azotemia? Termo que se refere ao aumento das concentrações séricas de uréia, creatinina e outros compostos nitrogenados não-protéicos no sangue, plasma ou soro. Qualquer condição que diminua o fluxo sanguíneo renal pode resultar em azotemia. 6. Principais sinais e sintomas da uremia aguda. Uremia aguda - síndrome causada pelo acúmulo de ureia no sangue devido a uma função de filtração renal MUITO BAIXA. Os valores normais da ureia no sangue são de 10 a 40 mg/dl. A uremia costuma ocorrer com TFG < 15 a 30 ml/min. Hipertensão arterial, edema pulmonar, distúrbio da hemostasia (sangramentos), encefalopatia, coma, hiperreflexia, asterixis, mioclônus, neuropatia periférica, náuseas, vômitos, diarreia, pericardite e tamponamento cardíaco. Não há sintomas endócrinos. 7. O que define a doença renal crônica? Ritmo de filtração glomerular inferior a 60 ml/min/1,73m2 durante três meses seguidos ou mais e/ou presença de sinais de lesão renal (laboratorial, imagens ou histologia renal). Doente pode apresentar albuminúria e hematúria. A insuficiência renal crônica é diferente pois apresenta uma característica mais ampla. 8. Qual é a fisiopatologia da doença renal crônica? Insulto inicial (doença primária, secundária…) -> perda irreversível de néfrons -> aumento do fluxo/pressão glomerular e tubular -> aumento da permeabilidade glomerular e tubular a macromoléculas -> PROTEINÚRIA -> inflamação tubulointersticial -> fibrose renal. HAS, DM, dislipidemia, obesidade e tabagismo influenciam. Assim, o tratamento é basicamente evitar que essa perda evolua. 9. Quais as alterações características da doença renal crônica? Anemia - causada por deficiência de Eritropoetina (EPO) gerando problemas na produção e maturação dos glóbulos vermelhos OU pelo acúmulo de toxinas no sangue. Osteodistrofia - diminuição da excreção de fosfato (mais fosfato e menos cálcio no sangue), diminuição do calcitriol, anormalidade do receptor sensível ao cálcio e do receptor da vitamina D e aumento do FGF 23 (altera receptores de cálcio e vitamina D). Essa anormalidade causa uma redução da calcemia (quantidade de cálcio no sangue), aumento do PTH, aumento de cálcio, fósforo junto no sangue. Porém, se a regulação do PTH for perdida, aumenta muito a calcemia (maior chance de calcificação vascular) e pode levar a um hiperparatireoidismo secundário (osteíte fibrosa). 10. O que é a síndrome urêmica? Acúmulo de toxinas nitrogenadas, acúmulo de peptídeos, retenção de líquido (hipervolemia e hiponatremia), retenção de eletrólitos, acidose metabólica, anemia, deficiência de calcitriol e hiperparatireoidismo secundário. Azotemia e uremia (insuficiência renal grave) 11. Quais os sintomas iniciais da DRC? A maior parte dos pacientes evoluem de forma totalmente assintomática. 12. Quais os valores normais de creatinina sérica? Homens - 0,7 a 1,3 mg/dl. Mulheres - 0,6 a 1,2 mg/dl. 13. J.A.L. 62 anos, masculino, branco, motorista de táxi, casado, brasileiro, evangélico, natural do RJ, morador de Duque de Caxias (RJ) desde que nasceu. Paciente hipertenso há 35 anos, com tratamento irregular, assintomático, ao realizar exames laboratoriais de rotina foi orientado a procurar um nefrologista. Sem alterações na diurese e sem dor. Exames mostraram uréia = 122, creatinina sérica= 2,9. Qual o diagnóstico desse paciente? 14. RDS, 75 anos, masculino, branco, bancário, casado, brasileiro, evangélico, natural do RJ, morador do Rio de Janeiro desde que nasceu. Paciente procurou SE com dor em região hipogástrica de forte intensidade, do tipo aperto, sem irradiação, de início há 72h. Relata anúria há 24h. Ao chegar no SE , encontrava-se sonolento, confuso e vomitando. Uréia: 140 e creatinina sérica=4,1 mg/dl. Qual o diagnóstico deste paciente? 15. RDS, 60 anos, masculino, branco, vendedor, casado, brasileiro, espírita, natural do RJ, morador do Rio de Janeiro desde que nasceu. Paciente em tratamento regular há um ano com urologista por hipertrofia prostática benigna, foi atendido em SE com quadro de diarreia e vômitos há 72 horas. Sem outras queixas. Uréia: 100 e creatinina sérica=1,6 mg/dl. Qual o diagnóstico deste paciente? Insuficiência Hepática 16. Quais as principais funções do fígado? Síntese e armazenamento de glicose, proteínas, colesterol e sais biliares. Funções metabólicas e excretoras - aminoácidos, hormônios esteróides, fármacos e bilirrubina. 17. Quais são as causas de insuficiência hepática aguda ou hiperaguda - fulminante? Infecciosas - virais (HAV, HBV, HBD, EPB), dengue (forma grave), febre amarela. Hereditárias e metabólicas - deficiência de alfa1-antitripsina (mesma do enfisema), doenças de Wilson, tirosinemia, galactosemia. Drogas - acetaminofen (paracetamol), halotano (anestésico), AINEs. Outras - esteato-hepatite não alcoólica (ascensão por conta da diabetes e da síndrome metabólica). 18. Quais são os sinais e sintomas da insuficiência hepática aguda? Icterícia, distúrbios homeostáticos, hepatomegalia dolorosa com borda roma e superfície lisa, encefalopatia hepática, alterações metabólicas e nutricionais, biotransformação alterada de fármacos e drogas e liberação de enzimas hepáticas (aumento de transaminases). 19. Comente sobre as causas de insuficiência hepática crônica? Infecciosas - esquistossomose, toxoplasmose, virais (os mesmos da aguda com exceção de febre amarela, dengue e hepatite A). Hereditárias e metabólicas - deficiência de alfa1-antitripsina, síndrome de Fanconi, hemocromatose (acúmulo de ferro), doença de Wilson, doença de Goucher, doença de depósito de glicogênio. Drogas - álcool (cirrose alcoólica), contraceptivos orais Outras - obstrução biliar crônica, fibrose císticas, cirrose biliar e colangite esclerosante, sarcoidose e esteato-hepatite não alcoólica. 20. Comente sobre a relação do álcool com a doença hepática. O consumo diário maior que 30g de etanol para o homem e maior que 15g para mulher por mais de 5 anos pode cursar com hepatite crônica. 21. Quais são os sintomas da insuficiência hepática crônica? Icterícia (não é tão comum como na aguda), fígado diminuído (fibrose),encefalopatia hepática, alterações metabólicas (ginecomastia, irregularidade menstrual - relação com estrógeno) e nutricionais, distúrbios homeostáticos, sangramento gastrointestinal, biotransformação alterada de fármacos e drogas. 22. Qual é a fisiopatologia da encefalopatia hepática? Síndrome neuropsiquiátrica complexa caracterizada por distúrbios de consciência e comportamento, personalidade, sinais neurológicos variáveis (hiperreflexia), asterix e alterações do EEG características. A disfunção hepatocelular grave e/ou shunt intra ou extra hepático do sangue venoso portal -> substâncias tóxicas absorvidas no intestino não são metabolizadas e levam a anormalidades no SNC (compostos nitrogenados principalmente). Amônia é a substância mais incriminada pois o ciclo da ureia fica prejudicado, causando um acúmulo dessa substância - que apresenta maior permeabilidade a barreira hematoencefálica. Aumento do GABA através da glutamina acaba causando um nível de consciência diminuído, depressão, sonolência, retirada da ação piramidal (hiperreflexia e flapping). 23. Comente sobre fatores desencadeantes dessa encefalopatia hepática. Sangramento digestivo (aumenta substâncias nitrogenadas e amônia), aumento da ingesta de proteínas, azotemia (paciente tem insuficiência renal que causa esse acúmulo) e constipação (produção de amônia é aumentada por aumento do tempo que as bactérias degradam as proteínas). 24. Cite as características da síndrome hepatorrenal. Pacientes com cirrose apresentam hipertensão porta (vasodilatação esplâncnica) e uma hipovolemia relativa (volume geral normal, mas chega menos sangue ao coração). Assim, ocorre vasoconstrição renal, chegando menos fluxo aos rins. Síndrome pré-renal com desequilíbrio entre fatores vasodilatadores e vasoconstritores. Clínica: piora da azotemia (aumento da ureia e creatinina), oligúria progressiva, hipotensão. 25. Como é o exame físico de um paciente com insuficiência renal crônica? Leuconíquea, ginecomastia, contratura de Dupuytren (alcoolismo), ascite, icterícia, telangiectasias (excesso de estrogênios), baqueteamento digital, eritema palmar e hipertrofia de parótida. 26. Fisiopatologicamente quais alterações acontecem na insuficiência hepática? Episódios de hipoglicemia, hipoalbuminemia (edema/ascite), fatores de coagulação reduzidos (sangramento), colesterol reduzido, absorção de gorduras reduzida (deficiência de vitaminas lipossolúveis e esteatorreia), conversão reduzida de amônia em ureia (encefalopatia), aldosterona aumentada, androgênios/estrogênios aumentados (ginecomastia, atrofia testicular, irregularidades menstruais), interações e efeitos tóxicos dos fármacos e icterícia (hiperbilirrubinemia). Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) 27. Quais são os fatores predisponentes à HAS? Idade, sexo e etnia, ingestão de sal, excesso de peso e obesidade, ingestão de álcool, sedentarismo, fatores socioeconômicos e genética. 28. Comente sobre as classificações da HAS. Normal - menor ou igual a 120 mmHg (PAS) e menor ou igual a 80 mmHg (PAD). Pré-hipertensão - 121-139 mmHg (PAS) e 81-89 (PAD). Hipertensão estágio 1 - 140-159 mmHg (PAS) e 90-99 mmHg (PAD). Hipertensão estágio 2 - 160-179 mmHg (PAS) e 100-109 mmHg (PAD). Hipertensão estágio 3 - maior ou igual a 180 mmHg (PAS) e maior ou igual a 110 mmHg (PAD). 29. O que é hipertensão mascarada e hipertensão do jaleco branco? Hipertensão mascarada é quando a PA fica normal no consultório, porém elevada pelo MAPA ou medidas residenciais. Hipertensão do jaleco branco é quando a PA fica elevada no consultório, porém normal pelo MAPA ou medidas residenciais. 30. Qual a patogênese da HAS primária? Volume intravascular - quando a ingestão de NaCL excede a capacidade do rim de excretar sódio, o volume vascular pode expandir-se e o DC aumentar. Se o fluxo sanguíneo constante for mantido em face de aumento da PA, a resistência no leito aumentará. Essa elevação pode estar relacionada com o débito cardíaco. Sistema nervoso autônomo - aumento do fluxo simpático, a atividade do barorreflexo (mediado por terminações nervosas sensoriais sensíveis ao estiramento nos seios carotídeos e arco aórtico) normalmente aumentam com a PA, porém se essa atividade cai ou adapta-se aos aumentos contínuos da PA, eles são reprogramados para pressões mais elevadas. Sistema renina-angiotensina-aldosterona - contribui para a regulação da pressão arterial por meio das propriedades vasoconstritoras da angiotensina II e de retenção de sódio da aldosterona. Disfunção endotelial - diminuição da liberação de fatores de relaxamento do endotélio, da biodisponibilidade dos mesmos, diminuição da sensibilidade da musculatura lisa vascular, aumento da produção de fatores de contração... 31. Quais as diferenças da HAS primária e secundária? Primária - origem multifatorial, não é possível identificar uma causa única da elevação crônica da pressão sanguínea. Tende a ser familiar e consequência de interação entre fatores ambientais e genéticos. Secundária - aumento da PA devido a uma causa identificável, potencialmente curável. Pode apresentar origem renal, renovascular, neurogênica, farmacológica e etc. 32. Quais são as principais consequências da HAS? Lesões em órgãos alvo (rins, coração, olhos e vasos sanguíneos), coração (hipertrofia ventricular esquerda e ICC), vasos (isquemia, infarto, aneurismas), cérebro (AVE), rins (doença renal crônica - insuficiência), retinopatia hipertensiva (esclerose das arteríolas retinianas, hemorragias). 33. Comente sobre a clínica da HAS. Defeitos motores ou sensoriais, anomalias na fundoscopia, frequência cardíaca aumentada, B3 ou B4, sopros, arritmias, alterações nas características do ictus, crepitações pulmonares, edema periférico, ausência, redução ou assimetria de pulsos, extremidades frias, sopros sistólicos nas carótidas. Insuficiência Cardíaca 34. Defina insuficiência cardíaca? Desordem progressiva iniciada após evento que cause dano ao músculo cardíaco, resultando em perda dos miócitos cardíacos funcionantes - estágio final da maioria das doenças cardiovasculares. Falência do coração em bombear o sangue em quantidades suficientes para o metabolismo. 35. Qual a fisiopatologia da ICC? Uma injúria inicial aos miócitos cardíacos (sobrecarga pressórica, volumétrica ou lesão muscular), gera um desequilíbrio na oferta e demanda do miocárdio. Isso acaba levando a uma disfunção miocárdica (sistólica ou diastólica) e a uma queda no desempenho cardíaco. Disfunção miocárdica leva a diminuição do DC → fluxo sanguíneo renal diminui → estímulo ao SRAA → Angiotensina faz vasoconstrição e Aldosterona aumenta retenção de Na e líquido → Aumento da pré-carga e aumento da pós carga. DC reduzido aumenta a ativação adrenérgica → vasoconstrição direta no vaso pelos receptores A1 e estimula também SRAA → aumento da pós carga e da pré carga. O remodelamento também causa isquemia, fibrose e apoptose. 36. Quais as características da dispneia de origem cardíaca? Congestão pulmonar - dispneia progressiva (piora com o tempo) e relacionada com esforço. Dispneia de esforço, dispneia paroxística noturna, dispneia de decúbito, ortopneia... 37. Como fica o DC na ICC? Diminuído. Alguns sinais de baixo DC agudo: síncope, visão turva e hipotensão postural. 38. Caracterize a insuficiência cardíaca esquerda. Intolerância ao exercício, edema e congestão pulmonar, tosse com expectoração espumosa rósea, estertores crepitantes nas bases pulmonares, cianose e sinais de hipóxia, pode sobrecarregar o coração direito e gerar congestão sistêmica (edema de membros inferiores, ascite, congestão hepática - refluxo hepatojugular, anorexia, perda de peso). 39. Diferencie a disfunção sistólica da disfunção diastólica. Disfunção sistólica - dificuldade na contração do miocárdio. Volume ejetivo alterado. Disfunção diastólica - dificuldade de relaxamento do miocárdio. Volume ejetivo inalterado.
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