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O Taylorismo consiste em um modelo de trabalho criado pelo engenheiro Americano Frederick W. Taylor (1856-1915), a partir da observação de trabalhadores nas indústrias. Taylor percebeu que o trabalho deveria ser realizado de maneira mais individualizada, onde cada trabalhador desenvolve uma atividade específica no sistema produtivo da indústria (especialização do trabalho). Para tal, os trabalhadores deveriam ser organizados de forma hierarquizada e sistematizada, sendo o trabalhador monitorado segundo o tempo de produção. Cada indivíduo deveria cumprir sua tarefa no menor tempo possível, sendo premiados aqueles que se sobressaíssem. O modelo de Taylor foi aperfeiçoado por Henry Ford, idealizador das indústrias Ford, no início do século passado. O fordismo foi um modelo de produção industrial utilizado amplamente nos Estados Unidos e revolucionou a produção de automóveis, sendo adaptado para outras indústrias ao longo dos anos. Ford incrementou o modelo de Taylor com novidades como a linha de montagem e a padronização dos produtos fabricados, o que aumentou significativamente a produtividade e diminuiu o tempo de produção. Após mais de cem anos da implantação dos modelos de Taylor e Ford, notamos que suas ideias ainda regem grande parte da produção industrial, nas mais diversificadas áreas. O documentário “Carne & Osso” apresenta a rotina de produção em frigoríficos nas regiões sul e centro-oeste brasileiras, com enfoque no trabalhador dessas indústrias. Mesmo o foco principal do documentário não ser a questão do modelo de produção, e sim as condições de trabalho das pessoas nesses estabelecimentos, notamos várias características dos modelos citados, como a linha de produção, que nos frigoríficos é tratada como esteira, e a divisão do trabalho em tarefas menores, onde cada funcionário é responsável por uma etapa do processo. No documentário é possível observar duas características do ritmo de produção do Taylorismo e do Fordismo unificadas. Ford estipulava o ritmo de produção com base na montagem e controle de esteiras da linha de produção, e Taylor controlava tendo como base o tempo em que um trabalhador demorava para concluir seu trabalho. Em “Carne & Osso”, os frigoríficos, sabendo do tempo em que um trabalhador demora para realizar certa tarefa específica na esteira de produção, faziam os cálculos para a jornada de trabalho e colocavam como metas de produção dos trabalhadores. Contudo, o que pode ter sido visto por Ford e Taylor como um benefício para a indústria, foi implantado nos frigoríficos brasileiros como um “escravismo atual”, pois o ritmo de trabalho imposto para a produção humana como se máquina fosse, além de levar à exaustão, muito contribui para acidentes de trabalho, como os vários relatados no documentário, desde ferimentos leves, como cortes em dedos e mãos, até gravíssimos, como incapacidade para trabalhar e amputação de partes do corpo do trabalhador. Outro ideal dos modelos que causa grande dano ao trabalhador dos frigoríficos brasileiros é a busca pela produção em massa. Uma produção maior em menor tempo, possibilita que a indústria venda seu produto com um preço mais competitivo (e lucrativo para o proprietário), a um custo de produção mais reduzido do que o de uma indústria que não tenha como foco somente o lucro, e que leve em consideração as condições de trabalho. No vídeo, pelos relatos dos trabalhadores, percebesse que em nenhum momento aqueles estabelecimentos se importam com o trabalhador, e sim com a produtividade do mesmo. São citados casos de que trabalhadores podiam ir ao banheiro somente duas vezes ao dia, que não podiam nem conversar com o companheiro ao lado, sob ameaça de serem chamados à gerência. Outros casos, como demissão de trabalhadores que venham a apresentar problemas de saúde eram rotineiros nos frigoríficos, o que inibia as pessoas de procurarem tratamento, sob o medo de perderem o emprego que sustentam suas famílias. Devido a isso, muitas dessas pessoas não conseguem mais trabalhar, seja pela moléstia adquirida de maneira visual, como debilidade de movimentos pelos esforços repetitivos em pouco intervalo de tempo ou amputações, ou mesmo aqueles com problemas menos aparentes não conseguem empregos, pois quando relatam seu trabalho anterior em frigoríficos, são submetidos a um exame admissional no novo emprego, e acabam não sendo contratados por não estarem em perfeitas condições de saúde.
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