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Respostas das plantas às pressões ambientais - Fisiologia do estresse e metabolismo secundário Resposta das plantas aos fatores do ambiente Existem ambientes que possuem fatores prejudiciais ou limitantes para o desenvolvimento das plantas, podendo levá-las até à morte. Esses fatores são considerados estressantes e, geralmente, estão relacionados com a falta ou com o excesso de alguma condição, ou uma combinação delas. Essas condições são chamadas de estresse. Ao serem submetidas ao estresse, as plantas podem apresentar mecanismos para se ajustarem fisiológica e anatomicamente para sobreviverem, se desenvolverem e reproduzirem. A aclimatação representa uma mudança não permanente na fisiologia ou morfologia do indivíduo, podendo ser revertida se as condições ambientais prevalentes se alterarem, ocorre individualmente. A adaptação é quando as mudanças genéticas em uma população vegetal inteira foram fixadas ao longo de muitas gerações por pressão ambiental seletiva. Fotomorfogênese A luz é um fator abiótico que atua no processo de fotomorfogênese, e faz parte do desenvolvimento e do crescimento da planta. Esse processo é independente da fotossíntese e tem participação de um fotorreceptor para a percepção do sinal luminoso. A absorção pelos fotorreceptores é seletiva, uma vez que existe especificidade pela faixa do comprimento de onda da luz que eles absorvem. • Fitocromo: ➢ Germinação de sementes – fotoblastia; ➢ Desenvolvimento da plântula; ➢ Potencial de membrana e transporte de íons (K+, Cl- e malato); ➢ Fotoperiodismo; ➢ Ciclo circadiano; ➢ Expansão foliar e inibição de alongamento do caule; ➢ Síntese de antocianinas. • Criptocromo: ➢ Inibição do alongamento do caule; ➢ Participação na indução da floração; ➢ Ajuste do relógio circadiano. • Fototropina: ➢ Envolvidas no fototropismo; ➢ Movimento dos cloroplastos; ➢ Síntese de clorofila e carotenoides; ➢ Abertura dos estômatos. Fatores ambientais que causam estresse nas plantas • Água - Disponibilidade no solo e na atmosfera; • Toxinas - Metais pesados e salinidade, principalmente; • O2 - Disponibilidade e concentração; • Temperatura - Alta, resfriamento ou congelamento; • Luz - Intensidade, qualidade e duração; • Nutrientes - Conteúdo e disponibilidade no solo; • CO2 - Disponibilidade e concentração. Transtornos causados nas plantas • Déficit hídrico: ➢ Desidratação celular; ➢ Fechamento estomático; ➢ Inibição fotossintética; ➢ Abscisão foliar; ➢ Cavitação dos tecidos vasculares. • Excesso hídrico: ➢ Redução dos níveis de O2 nas raízes; ➢ Redução da respiração; ➢ Aumento da fermentação. • Alta salinidade: ➢ Diminuição no crescimento da parte aérea; ➢ Inibição do desenvolvimento de gemas laterais; ➢ Desidratação celular; ➢ Acúmulo de teores tóxicos de Na+ nas folhas; ➢ Inibição da fotossíntese. • Alta temperatura: ➢ Desestabilização de membranas e de proteínas; ➢ Inibição de fotossíntese e respiração; ➢ Inibição de germinação de sementes. • Resfriamento: ➢ Redução da fluidez das membranas. • Congelamento: ➢ Redução do potencial hídrico; ➢ Comprometimento do transporte de substâncias; ➢ Formação de cristais de gelo nos tecidos. Respostas ao estresse de acordo com biomas Cerrado Cobre uma grande área territorial, sendo caracterizado por períodos de secas prolongadas e por apresentar solo pobre, com presença de alta concentração de alumínio e acidez. O alumínio é um elemento muito tóxico para as plantas, para reduzir a toxicidade, algumas espécies do Cerrado acumulam o alumínio nas folhas. Outra adaptação encontrada é o desenvolvimento de um sistema radicular profundo, comparável à extensão da parte aérea, para buscar água em áreas mais profundas do solo. Caatinga Caracterizada por apresentar períodos de estiagem muito prolongados, com baixo índice pluviométrico. Muitas espécies apresentam adaptações fisiológicas e morfológicas que visam manter o potencial hídrico a níveis mais baixos do que outras plantas que são submetidas às mesmas condições, para não serem prejudicadas pelo déficit hídrico. Ocorre perda de folhas, como forma de sobrevivência ao estresse hídrico, e presença de plantas efêmeras, que completam todo o seu ciclo de vida durante o curto período de chuvas. Mata atlântica É um mosaico de diferentes formações florestais e ecossistemas, como as restingas, manguezais e campos de altitude. As restingas e manguezais caracterizam-se pela alta salinidade no solo e na água absorvida pelas plantas. Muitas espécies possuem como adaptação a presença de glândulas de sal para eliminação do excesso. Ainda nas restingas, nas faixas arenosas, o solo é bem drenado e as plantas são submetidas à exposição direta da luz solar e de altas temperaturas. Muitas espécies apresentam adaptações anatômicas e fisiológicas características de plantas xerófitas, como a presença de hipoderme e espessa camada de cutícula na epiderme. Nos campos de altitude são observados períodos de verão chuvoso com temperaturas elevadas e inverno bastante frio e seco. Algumas espécies dos campos apresentam como adaptação o dieback, em que a planta perde toda a parte aérea quando começa o período seco, ficando apenas com uma estrutura caulinar subterrânea denominada xilopódio. Quando as chuvas recomeçam e as temperaturas começam a se elevar, o xilopódio rebrota e, rapidamente, a planta floresce e frutifica. Pampa Os pampas se caracterizam por tipos de vegetação distintos, como campos dominados por gramíneas, vegetação rupestre e arbustiva. Há plantas adaptadas a solos pobres em nutrientes, cujo metabolismo se mantém, mesmo com deficiência nutricional. Além disso, entre as gramíneas, parte delas apresenta metabolismo C3 e outras o metabolismo C4. Pantanal É o menor bioma brasileiro, mas bastante rico em diversidade. Apresenta vastas áreas inundáveis e muitas espécies aquáticas flutuantes e submersas. As plantas que ficam submersas na época das cheias são afetadas pela submersão e pela baixa luminosidade causada pela turbidez das águas, reduzindo as taxas de fotossíntese. Uma adaptação encontrada em algumas espécies é o desenvolvimento de aerênquima nas folhas, que permite a flutuação e possibilita as trocas gasosas, melhorando a fotossíntese. Metabólitos secundários Possuem papel fundamental na sobrevivência e propagação das espécies que o produzem. Podem estar associados a diversos fatores. • Sinais químicas - Resposta a estímulos do ambientes; • Fases do ciclo de vida; • Defesa contra herbivoria, microrganismos patógenos e competidores; • Proteção contra radiação solar; • Etapas do desenvolvimento. Os metabólitos secundários são responsáveis pelos efeitos que as plantas causam em humanos. Contudo, o efeito será alcançado somente se o metabólito for extraído da maneira correta. Além disso, o uso da planta medicinal através da via errada pode determinar se uma planta vai fazer um efeito medicinal ou tóxico.
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