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Resenha Crítica sobre o texto Estado, Classe Trabalhadora e Políticas sociais

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DA BAHIA.
CURSO: ELETRÔNICA TURMA: 9832 DISCIPLINA: HISTÓRIA
DISCENTE: BEATRIZ AZEVEDO ALVES
Resenha crítica do texto “Estado, classe trabalhadora e políticas sociais”
O texto “Estado, classe trabalhadora e politicas sociais”, do livro O Brasil Republicano, redigido pela professora do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal Fluminense, Maria Celina D’Araujo, tenta explicitar e descrever as mudanças ocorridas na cultura brasileira e os impactos sobre a organização do trabalho na sociedade, no governo Vargas, sobretudo o movimento operário e sindical no Brasil durante os anos 1930 a 1945 e como ocorreu a consolidação do sindicalismo oficial.
Na concepção da autora, o governo de Vargas foi autoritário, passando a ideia de que, na democracia, as resoluções de conflitos sociais são incompatíveis. De fato, o governo Vargas apresentou características bastante autoritárias, tanto é que durante o Estado Novo, Vargas aplicou várias medidas consideradas autoritárias, a exemplo da extinção das Assembleias Legislativas e das Câmaras Municipais. E assim, gradativamente foi sendo construída uma doutrina que acabou por associar o autoritarismo a direitos.
Um ponto positivo no texto e que deve ser levado em consideração é a objetividade da autora quando diz que os direitos sociais no Brasil, inicialmente, foram associados apenas ao trabalhador inserido no mercado formal. E, relacionado a isso, a contribuição dos sindicatos para a regulação do patrão e empregado atingia os interesses de apenas 3% da população de então, ou seja, somente o setor urbano. Tendo isso em vista, é notório que uma grande parcela da população estava excluída de diversos direitos.
Através do corporativismo o sindicalismo foi inspirado. Esse modelo doutrinário era apresentado como alternativa tanto para o capitalismo quanto para o socialismo, isso porque o capitalismo era visto como um gerador de desigualdade, enquanto que o socialismo era visto criador de novas formas de opressão e conflito. Assim, tanto Vargas, quanto seu governo em si, via o corporativismo como uma saída, pois tal doutrina tinha como proposta diminuir as desigualdades sociais, mas mantendo as hierarquias. Entretanto, para isso o Estado precisaria de mais poder e é então assim que o autoritarismo surge. Entre as formas autoritárias, pode-se citar a unicidade de opiniões no governo Vargas, no qual as sociedades não deveriam se organizar a partir de determinadas ideologias políticas, porém através dos grandes ramos de produção econômica. Dessa forma, as divergências políticas deveriam ser banidas. Este fato mostra o quanto o governo Vargas estava interessado em unir forças e eliminar discussões ideológicas, para que a população pensasse como o governo quisesse.
No corporativismo, para cada profissão deveria ter apenas um sindicato. No entanto, esta decisão favoreceu apenas uma parte da população, pois os segmentos da classe operária que mais facilmente se organizaram, em muitos casos, desde o século
XIX, foram os trabalhadores qualificados. Estes estavam mais protegidos do infortúnio que os trabalhadores “desqualificados” por serem mais bem pagos e possuírem maior facilidade de colocação no mercado de trabalho. Os 8 sindicatos que foram estabelecidos pela CLT eram considerados órgãos com funções públicas subordinados ao governo e que o Ministério do Trabalho era o responsável por essa organização. Tendo isso em vista, podemos afirmar que o corporativismo se manifestou de forma hierárquica, no qual os trabalhadores são a maquina estatal. Dessa forma, concordando com a autora, o corporativismo mostrou que não há lugar para interesses particulares, silenciando assim, a todo instante, as diferenças ideológicas.
Segundo a autora, os sindicatos nada foram que um modelo visando o controle social, na esperança de tornar o Brasil um país mais harmonioso e pacífico. É notório que o sindicalismo foi feito com o intuito de comandar a população, tanto é que tinha como meta a emigração de trabalhadores do campo para se dirigirem ao trabalho industrial nas cidades. E, com isso, através dos sindicatos, as atividades dos trabalhadores eram controladas, com intuito de calá-los e administra-los. Assim, era colocado em prática a tal “regulação dos conflitos entre capital e trabalho”, que na verdade era apenas uma ideia do Estado com a intenção cruel de limitar o poder de reivindicação vinda por parte dos operários.
Um comentário altamente arbitrário é dizer que antes da Era Vargas a questão social era “caso de polícia”. Isso porque antes de 1930 já existia uma legislação trabalhista a qual criou a Caixa de Aposentadorias e Pensões dos Ferroviários, a criação do Conselho Nacional do Trabalho, vinculado ao Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio. Dessa forma, aos poucos os poderes públicos iam cedendo espaço às questões sociais. O que podemos afirmar é que com a entrada de Vargas no poder essa ideia se consolidou de forma mais eficaz, sem contar que tais leis são méritos dos trabalhadores, não apenas do Estado.
E tomando como relação os direitos trabalhistas, umas das primeiras medidas aplicada pelo novo governo foi a criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, em novembro de 1930. Entre 1930 e 1934, o Ministério do Trabalho, valorizando o trabalhador brasileiro, aplicou a “Lei de Nacionalização do Trabalho” ou “Lei dos 2/3” – Decreto n. 19.4827 , de 12 de dezembro de 1930. Essa lei, de certa forma, foi positiva para a população brasileira, pois impedia que cada empresa tivesse mais de um terço de trabalhadores estrangeiros, dando um maior espaço à população brasileira. Assim, pode-se dizer que tal lei foi um ponto positivo tanto para uma parcela da população, quanto para o governo.
A primeira lei sindical que saiu do Ministério do Trabalho estipulou que os sindicatos fossem reconhecidos pelo Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. Além disso, apenas um sindicato teria o monopólio da representação de uma categoria de trabalhadores em uma mesma localidade. Um dos pontos negativos desta lei é que o Ministério acabou estabelecendo quatro aspectos, entre eles, a autonomia limitada e a neutralidade política dos sindicatos. Tendo isso em vista, é notável que Vargas tinha o intuito claro de limitar a autonomia dos sindicatos, tornando o sindicato uma associação apolítica, combatendo, assim, o comunismo e qualquer outra ideologia contestatórias presentes no movimento operário. Além disso, não havia nem possibilidade dos próprios trabalhadores se sindicalizar, pois a lei proibia isso.
Segundo o texto o governo Vargas inovou mais na área sindical e tais inovações acabaram por não satisfazer os trabalhadores, que resistiram a todo instante a todo esse
autoritarismo. O governo correspondeu à contestação com muita repressão e violência. Tal fato já era de se esperar vindo de um governo cuja vontade é e deve ser do Estado. A lei do Código Eleitoral com estímulo à densidade sindical, estabelecendo a representação classista na Constituinte, porém foi alterada devido a uma pluralidade sindical bastante limitada e, além disso, estabeleceu uma limitação do Estado nos sindicatos durante 6 meses. Porém, mais tarde, o que já era de se esperar acontece e, por meio do decreto-lei n° 1.402, de 1939, o Estado restaura a unicidade Sindical. Dessa forma, o sindicato continuava como uma figura de direito público, servindo aos interesses coletivos e não restritos. Em partes, isso mostra ser um fator positivo, pela contribuição à coletividade, porém, na prática, os sindicatos viviam à mercê do Estado e, por meio da Carta de 1937, as greves foram explicitamente proibidas, e o governo tinha o direito de controlar as eleições, contas e as atividades administrativas sindicais.
A unicidade sindical gera grandes discussões até os dias atuais. Entre a concepção esquerdista e conservadora, a concepção esquerdista mostra-se ser a melhor para os trabalhadores, isso porque evitaria o choque entre classes, neste caso, a união faria a força;enquanto que na conservadora a unicidade era garantia legal de limitações às possíveis reivindicações vindas pelos trabalhadores, explicitando fielmente a negação aos direitos reivindicados pelos trabalhadores, mostrando-se como um retardamento aos direitos trabalhistas. De maneira geral, a pluralidade sindical geraria muitos sindicatos diversos e o governo não teria como dar atenção a todos eles, podendo até geral o caos. Em contrapartida, a unicidade desses sindicatos é suscetível à exclusão de organizações mais representativas para a defesa dos direitos trabalhistas.
A dependência dos sindicatos ao Estado acabou ficando explicita em 6 aspectos adotados por Vargas: em primeiro lugar, apenas associações registradas no Ministérios do Trabalho poderiam ser reconhecidas como sindicato. Neste, mostra-se a tentativa de limitar como sindicato apenas aqueles vinculados ao Estado, diminuindo e marginalizando qualquer outra associação de trabalhadores; em segundo, havia uma forte uniformização dos estatutos sindicais; em terceiro, era responsabilidade dos estatutos definirem como os sindicatos administrariam seu dinheiro, tudo era ordenado pelo Estado, desde transações imobiliárias, até o relatório de gastos do sindicato; em quarto, qualquer fato que alterasse o funcionamento do sindicato ou infringisse a lei, destituía a direção. Outras penalidades previam o fechamento temporário do sindicato, afastamento da direção por 30 dias, multa, entre outros; em quinto lugar, as chapas que concorressem à eleição tinham que ser aprovada pelo ministério, de maneira bastante autoritária e fascista, não seria permitido, pelo Estado, nenhum vinculo dos participantes a qualquer tipo de ideologia que não agradasse o Estado; por último, todos os integrantes do sindicato deveriam ter todos os seus dados pessoais em um livro de registro.
Para garantir a sustentação financeira dos sindicatos, foi criada o Imposto (roubo) Sindical, o qual, uma vez por ano, todo brasileiro, seja ele sindicalizado ou não, deveria pagar um dia de seu salário, que seria descontado na folha de pagamento. Essa medida, totalmente arbitrária, tirou do bolso o que havia dos trabalhadores sindicais e até mesmo daqueles que nem eram sindicais, que já possuíam muito menos que a maioria dos sindicalistas. E parte desse dinheiro geralmente era usado pelo ministério e muitos desses gastos não foram muito bem justificados. Assim, o governo “protetor” apresentava não zelar fielmente pela renda dos trabalhadores.
Tendo em vista esta renda arrecada pelo governo para os sindicatos, houve uma acomodação de vários dirigentes. Estes deveriam agradar aos sindicalizados e o governo. Havia um limite do próprio sindicato acerca do número de trabalhadores, assim, apenas os que pertenciam ao sindicato tinham o direito de usufruir de seus direitos sindicais: clubes, dentistas, serviços médicos, etc; enquanto que a classe que também contribuía com o Imposto Sindical, não tinha esse direito. Assim, é perceptível a injustiça que vários trabalhadores viviam durante a Era Vargas, sendo excluídos e vendo a desigualdade aumentar a cada dia.
Nos anos de 1930, a figura do peleguismo, assim como sua prática, se estabeleceu. Tratava-se de um termo incorporado ao sindicalismo brasileiro que tinha o intuito de “amaciar” o contato entre patrões e empregados. Ao mesmo tempo que o mesmo representava os interesses dos trabalhadores, fazia-o de forma a conciliar patrão e empregado. Toda essa negociação era feita com o claro intuito de calar os trabalhadores, evitando possíveis greves ou reivindicações. Com a redemocratização de 1945, o sistema já havia atingido seu auge. A legislação sindical na Era Vargas mostrou-se ser tão cruel e autoritária que era legalizado a prática de violência aos trabalhadores, caso estes não apresentassem interesses que coincidissem com o governo. De forma geral, todo esse corporativismo instalado por Vargas só serviu pra demonstrar o quanto fascista e autoritário o seu governo foi e explicitar, dessa forma, toda a farsa do conhecido “pai dos pobres”.
Porém, apesar dos defeitos, o governo Vargas procurou dar certo reconhecimento ao trabalhador e fez isso através de uma cultura de diretos. Quando a carteira de trabalho foi criada, houve a proibição de trabalho para menores de 14 anos, além da redução da carga horária para oito horas para trabalhadores da indústria e comércio. Além disso, uma das grandes conquistas das mulheres foi alcançada: igualdade salarial e proteção à gestante. É óbvio que Vargas não resolveu, do dia para noite, aplicar tais leis, isso foi resultado de uma extensa luta feminina, que, enfim, gerou êxito. Na política previdenciária, a criação dos Institutos de Aposentadorias e Pensões foi muito marcante para a época, sendo criado, em 1938, o Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Empregados em Transportes e Cargas e dos Empregados de Estiva e como sem falta, em 1936, foi criado o Instituto dos Industriários. Além disso, a criação do salário mínimo foi um marco por ter sido uma reivindicação antiga e importantíssima para os trabalhadores.
Vargas, sobretudo, foi o precursor de uma legislação, embora autoritária, porém ‘protetora’ para o trabalhador. Dessa forma, a Era Vargas procurou, sem dúvida, dar reconhecimento ao trabalhador, mesmo porque nossa tradição escravocrata tinha no trabalho uma atividade pouco nobre. Porém, é importante lembrar que a maioria da população estava excluída. Os direitos ficaram restritos, assim, apenas aos trabalhadores urbanos que pertencessem a profissões reconhecidas. Portanto, Vargas fez surgir uma nova tradição de respeito mínimo aos direitos dos trabalhadores, mas isso foi feito simultaneamente à maior restrição das liberdades políticas que o país conheceu.
REFERÊNCIA:
CELINA, M. de Araújo. Estado, classe trabalhadora e políticas sociais.

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