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Prof. Tadeu Santos UNIDADE III Fundamentos de Filosofia e Educação Podemos dizer que à teoria pedagógica cabe refletir sobre o papel da educação em relação à organização social. Sendo assim, a questão: “qual o objetivo da educação em relação à sociedade?” nos leva a outras diferentes questões. 1) Ela visa a salvar a sociedade de suas mazelas? 2) Ela visa a conservar a sociedade tal qual essa se encontra? 3) Ela visa a transformar a sociedade e suas estruturas? Educação e Sociedade Saviani denomina como teorias não críticas: a pedagogia tradicional, a pedagogia nova e a pedagogia tecnicista. São assim denominadas devido à forma ingênua como concebem sua relação com a sociedade. São também chamadas de tendência redentora, no sentido de serem salvadoras da sociedade. Nessa tendência, a sociedade é concebida como um conjunto orgânico, harmonioso, e a marginalidade é entendida como um desvio e cabe à escola corrigir essa distorção. Ela deve ser corretora dos desvios sociais e promotora da coesão social. As teorias não críticas da educação ou tendência redentora Para essa tendência, a sociedade é concebida com divisões de classes e estas possuem interesses divergentes. A marginalidade é entendida como algo inerente e produzida pela própria estrutura social. A educação está condicionada pela estrutura social e é também reprodutora da marginalidade social, uma vez que reproduz a marginalidade cultural. Portanto, a estrutura socioeconômica determina a forma de manifestação da educação, e esta, por sua vez, é colocada a serviço dos interesses da classe dominante. As teorias crítico‐reprodutivistas da educação ou a tendência reprodutivista Há alguns pontos comuns entre a Teoria Crítica e as teorias crítico‐reprodutivistas. Em relação à concepção de sociedade, pode‐se afirmar que há consenso entre as duas: a sociedade é concebida com divisões de classes e estas possuem interesses divergentes. Daí que a marginalidade é algo inerente e produzido pela estrutura social. A Teoria Crítica também concebe a educação como condicionada à estrutura social e também reprodutora da marginalidade social, já que reproduz a marginalidade cultural. A Teoria Crítica ou a tendência transformadora No que se refere aos teóricos do reprodutivismo, duas teorias de grande repercussão e que obtiveram um maior nível de elaboração foram as de: a) Aparelho Ideológico de Estado (AIE) e Teoria do sistema de ensino enquanto violência simbólica. b) Aparelho Ideológico de Estado (AIE) e Escola Nova. c) Aparelho Ideológico de Estado (AIE) e Teoria Crítica. d) Elogio da Loucura e Aparelho Ideológico de Estado (AIE). e) Teoria do sistema de ensino enquanto violência simbólica e a Utopia. Interatividade No que se refere aos teóricos do reprodutivismo, duas teorias de grande repercussão e que obtiveram um maior nível de elaboração foram as de: a) Aparelho Ideológico de Estado (AIE) e Teoria do sistema de ensino enquanto violência simbólica. b) Aparelho Ideológico de Estado (AIE) e Escola Nova. c) Aparelho Ideológico de Estado (AIE) e Teoria Crítica. d) Elogio da Loucura e Aparelho Ideológico de Estado (AIE). e) Teoria do sistema de ensino enquanto violência simbólica e a Utopia. Resposta Epistemologia, Educação e Cultura Será que toda teoria pedagógica pressupõe uma teoria epistemológica? Será que todo professor na sua atuação prática faz uso de uma teoria do conhecimento? Pode-se afirmar que toda teoria pedagógica pressupõe uma teoria epistemológica, a qual o professor faz uso, mesmo que ele não tenha consciência disso. Ou seja, mesmo que o professor não saiba qual teoria do conhecimento sustenta sua práxis pedagógica, ele faz uso de alguma, ainda que isso não lhe seja claro. Educação, Cultura e Filosofia O ato de educar pressupõe a quem educar e como educar. Quem eu vou educar já sabe alguma coisa? Quem eu vou educar não sabe nada, é como uma lousa em branco? Se eu concebo meu aluno como uma lousa em branco, eu, professor, serei o transmissor exclusivo do conhecimento. Se eu não concebo meu aluno como uma lousa em branco, meu procedimento deverá ser diferente. Epistemologia, Educação e Cultura Na pedagogia diretiva, o professor é o centro do processo de conhecimento. Ele é o portador do conhecimento que deve ser transmitido aos alunos. O aluno é concebido como uma lousa em branco, como uma tabula rasa ou mesmo um balde vazio, que deverá ser preenchido com os conhecimentos transmitidos pelo professor. A epistemologia que sustenta essa prática é a do empirismo. Nessa concepção, o indivíduo nasce como uma folha em branco, que será preenchida no seu contato como o meio físico e social. Empirismo e a pedagogia diretiva Na escola, quem representa os conhecimentos, conteúdos e valores a serem transmitidos são os professores. Daí que, na relação sujeito e objeto, o professor é o sujeito do processo de conhecimento, o detentor do conhecimento, e o aluno o não sujeito ou um sujeito ainda não dotado de conhecimento. Essa relação epistemológica é caracterizada pela passividade dos alunos, já que eles devem ficar sentados, enfileirados, em silêncio, prestando atenção para, assim, obterem o conhecimento transmitido pelo professor. Empirismo e a pedagogia diretiva Tal modelo epistemológico favorece a reprodução da ideologia e a manutenção do status quo, ou seja, da situação existente, uma vez que não há incentivo ao questionamento, à reflexão e à criatividade (BECKER, 2001, p. 18). Empirismo e a pedagogia diretiva A concepção pedagógica não diretiva ou apriorista, do ponto de vista epistemológico, apoia- se na concepção idealista que admite a existência de ideias inatas no indivíduo. Na pedagogia não diretiva, o aluno é o centro do processo de conhecimento e o professor é um mediador, um facilitador da aprendizagem. O aluno é concebido como sendo dotado de potencialidades inatas, por sua bagagem genética. Cabe ao professor despertar o que cada um já tem em potencial. Apriorismo e a pedagogia não diretiva Na pedagogia relacional ou construtivista, os polos sujeito-objeto, aluno-professor não estão dicotomizados, conforme exposto nas teorias anteriores. Na pedagogia construtivista, o conhecimento é algo concebido como uma construção contínua, realizada na interação entre sujeito e objeto. Tanto a bagagem hereditária quanto o meio social são importantes para o processo de conhecimento, mas nenhum desses fatores pode assumir uma independência em relação ao outro. Construtivismo e a pedagogia relacional Nesta vertente educacional, a escola é o local oficial da transmissão do conhecimento, sendo a sala de aula um ambiente voltado unicamente para o processo ensino-aprendizagem, no qual os professores têm a autoridade e os alunos devem ter obediência e aprender tudo o que lhes é ensinado. Assinale abaixo a Pedagogia que melhor representa o trecho acima. a) Pedagogia diretiva. b) Pedagogia não diretiva. c) Pedagogia relacional. d) Pedagogia liberal. e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta. Interatividade Nesta vertente educacional, a escola é o local oficial da transmissão do conhecimento, sendo a sala de aula um ambiente voltado unicamente para o processo ensino-aprendizagem, no qual os professores têm a autoridade e os alunos devem ter obediência e aprender tudo o que lhes é ensinado. Assinale abaixo a Pedagogia que melhor representa o trecho acima. a) Pedagogia diretiva. b) Pedagogia não diretiva. c) Pedagogia relacional. d) Pedagogia liberal. e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta. Resposta O que é cultura? Em um sentido amplo e antropológico, podemos entender por cultura toda produção do ser humano ao construir suaexistência, seja produção material ou espiritual. O ser humano é um ser que precisa ser socializado para sobreviver. Desde que nasce, ele é submetido a um constante processo de aprendizagem por meio da educação informal. Por intermédio da família, da comunidade, da igreja, dos meios de comunicação etc., as pessoas vão tomando contato com os conhecimentos e valores de sua sociedade. Cultura e Educação Então podemos dizer que mesmo em sociedades em que não há escolas, existe educação, uma educação informal. A educação formal surge quando as sociedades vão se tornando mais complexas e há a necessidade de organizar a transmissão dos conhecimentos em lugar específico, como a escola. Cultura e Educação Em sentido restrito, podemos entender por cultura as diversas produções intelectuais de um povo, expressas na arte, filosofia, ciência, religião, enfim, nas diversas obras espirituais. Nessa acepção, falamos em cultura erudita, cultura popular, cultura de massa, cultura popular individualizada. Cultura Erudita Implica elevado rigor na sua produção e, devido a isso, acaba se restringindo a um público reduzido. Em geral, em sociedades desiguais, a maioria das pessoas não tem oportunidade e/ou não são incentivadas a participarem, tanto da produção como do consumo desse tipo de cultura. Diversos tipos de cultura A cultura de massa Resulta dos meios de comunicação de massa, ou mídia. São considerados meios de comunicação de massa o cinema, o rádio, a televisão, o vídeo, a imprensa, as revistas de grande circulação, que atingem rapidamente um número enorme de pessoas pertencentes a todas as classes sociais e de diferente formação cultural (ARANHA, 2006, p. 61). Diversos tipos de cultura A cultura popular Consiste na cultura anônima produzida pelos habitantes do campo, das cidades do interior ou pela população suburbana das grandes cidades. A cultura popular individualizada Produzida por escritores, compositores, artistas plásticos, dramaturgos, cineastas, enfim, intelectuais que não vivem dentro da universidade (e, portanto, não produzem cultura erudita) nem são típicos representantes da cultura popular (que se caracteriza pelo anonimato), tampouco da cultura de massa (ARANHA, 2006, p. 61). (CESMAC) Por herança social, se pode entender: a) o conjunto de procedimentos que visam à transmissão das heranças familiares para seus legítimos herdeiros. b) determinado ordenamento jurídico que, por força coercitiva, mantém vivas as tradições de uma comunidade. c) conjunto de crenças, dogmas e regras religiosas que vão passando de pais para filhos, como marca de determinada etnia. d) conjunto de conhecimentos empíricos e científicos, transmitidos dentro de uma determinada sociedade. e) o conjunto de valores, tradições, língua e cultura, que gerações sucessivas vêm legando às gerações seguintes. Interatividade (CESMAC) Por herança social, se pode entender: a) o conjunto de procedimentos que visam à transmissão das heranças familiares para seus legítimos herdeiros. b) determinado ordenamento jurídico que, por força coercitiva, mantém vivas as tradições de uma comunidade. c) conjunto de crenças, dogmas e regras religiosas que vão passando de pais para filhos, como marca de determinada etnia. d) conjunto de conhecimentos empíricos e científicos, transmitidos dentro de uma determinada sociedade. e) o conjunto de valores, tradições, língua e cultura, que gerações sucessivas vêm legando às gerações seguintes. Resposta Kant explica no seu texto Resposta à pergunta: que é “esclarecimento”? que liberdade corresponde à autonomia, isto é, ser capaz de seguir as próprias leis pensadas pelo sujeito moral, e não simplesmente seguir passivamente o que é ditado. É poder fazer uso do próprio esclarecimento, que, para Kant, significa a saída do homem da menoridade, condição esta caracterizada como a incapacidade de utilizar o próprio entendimento, sem a orientação de outrem. A condição para que um povo se esclareça é a liberdade. Sem ela, apenas poucos conseguem a transformação necessária para sair da menoridade. Kant, Hannah Arendt e a Educação Para Kant, liberdade significa poder fazer uso público da própria razão em quaisquer questões, ou seja, poder usar a razão de forma livre e pública entre os homens, sobre todos os assuntos. Kant valoriza o aprimoramento da razão como condição que possibilita ao ser humano libertar‐se de sua condição de menoridade. É necessário Sapere aude!, ousar pensar, ousar “fazer uso do próprio entendimento”. Kant, Hannah Arendt e a Educação Para Arendt, o problema da educação moderna é que ela buscou servir à criança, estabelecendo um mundo de crianças, mas errou ao minar justamente aquilo que era condição de possibilidade para o desenvolvimento delas. Arendt interroga: qual o papel da escola e qual sua relação com a família e com o mundo? A escola é uma espécie de espaço intermediário entre o espaço do lar e o espaço do mundo. Hannah Arendt: crise na educação Uma vez que as crianças chegam à escola, os professores devem assumir a responsabilidade por elas, não tanto a responsabilidade pelo crescimento vital, mas, sim, pelo desenvolvimento da sua singularidade. O fator complicador da educação moderna encontra‐se na dificuldade de preservar um mínimo de conservação necessária para a existência da própria educação. Segundo Arendt, há uma íntima conexão entre a crise da tradição e a crise da autoridade na educação. O professor é um ser que representa o passado, que faz a ligação entre o passado e o presente, entre o velho e o novo, e isso não é tarefa fácil. Hannah Arendt: crise na educação Arendt propõe que não só educadores e professores, mas adultos de um modo geral devam ter uma relação apropriada com crianças e jovens, que façam uso da autoridade e da tradição específica para eles. Segundo Arendt, a relação entre adultos e crianças em geral não deve ser um problema exclusivo da pedagogia. Cabe a todos nós essa questão, já que habitamos um mundo comum, que é renovado pelo nascimento. Hannah Arendt: crise na educação “A vida humana seria perene recorrência imutável dos ciclos da espécie se não houvesse um mundo no qual cada indivíduo chega pelo nascimento e do qual se retira com a morte”. Essa frase está na obra Condição Humana, escrita por: a) Simone de Beauvoir. b) Kant. c) Hannah Arendt. d) Proust. e) Sartre. Interatividade “A vida humana seria perene recorrência imutável dos ciclos da espécie se não houvesse um mundo no qual cada indivíduo chega pelo nascimento e do qual se retira com a morte”. Essa frase está na obra Condição Humana, escrita por: a) Simone de Beauvoir. b) Kant. c) Hannah Arendt. d) Proust. e) Sartre. Resposta ABBAGNANO, N.; VISALBERGHI, A. Historia de la pedagogía. México‐Buenos Aires: Fondo de cultura económica, 1999. ARANHA, M. L. A. Filosofia da Educação. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2006. BECKER, F. Educação e construção do conhecimento. Porto Alegre: Artmed, 2001. FERNANDES, Vladimir. Fundamentos de Filosofia e Educação. São Paulo: Sol, 2021. Referências ATÉ A PRÓXIMA!
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