Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIARAXÁ - CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ • TODOS OS DIREITOS RESERVADOS 1 SUMÁRIO 2UNIARAXÁ - CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ • TODOS OS DIREITOS RESERVADOS Objetivo(s): • Conhecer os princípios básicos do treinamento resistido e detalhar os benefícios da prática da Musculação. AULA 2 UNIARAXÁ - CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ • TODOS OS DIREITOS RESERVADOS 2 CONTEXTUALIZANDO A APRENDIZAGEM Na primeira aula, falamos um pouco sobre a evolução histórica da musculação, bem como seus principais conceitos. Agora vamos buscar entender mais sobre os princípios básicos da musculação, a sua importância na prescrição de um programa de treinamento, e o que se esperar desse treinamento. Quanto tempo de treino para ter os primeiros resultados? Quais são os resultados esperados? Que modificações e respostas fisiológicas são esperadas? Os indivíduos que participam de programas de treinamento resistido esperam que ele produza determinados benefícios para a saúde e aptidão física, tais como, aumento de força, aumento da massa magra, diminuição da gordura corporal e melhoria do desempenho físico em atividades esportivas e da vida diária. Outros benefícios à saúde, como mudanças na pressão arterial, perfil lipídico e sensibilidade a insulina também podem ocorrer. Um programa de treinamento resistido bem elaborado e executado de forma coerente pode produzir todos esses benefícios, ao mesmo tempo enfatizando um ou vários deles (FLECK e KRAEMER, 2017). AULA 2 - PRINCÍPIOS BÁSICOS E BENEFÍCIOS DA MUSCULAÇÃO UNIARAXÁ - CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ • TODOS OS DIREITOS RESERVADOS 3 Para contextualizar e ajudá-lo(a) a obter uma visão panorâmica dos conteúdos que você estudará na Aula, bem como entender a inter-relação entre eles, é importante que se atente para o Mapa Mental, apresentado a seguir: MAPA MENTAL PANORÂMICO PRINCÍPIOS BÁSICOS E BENEFÍCIOS DA MUSCULAÇÃO PRINCÍPIOS BÁSICOS DA MUSCULAÇÃO BENEFÍCIOS DO TREINAMENTO DE MUSCULAÇÃO BENEFÍCIOS DO TREINAMENTO DE FORÇA AO SISTEMA CARDIOVASCULAR UNIARAXÁ - CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ • TODOS OS DIREITOS RESERVADOS 4 PRINCÍPIOS BÁSICOS E BENEFÍCIOS DA MUSCULAÇÃO 1 - PRINCÍPIOS BÁSICOS DA MUSCULAÇÃO Todos os praticantes de musculação, seja ele amador, atleta, homem ou mulher, adolescente ou idoso, todos esperam aumentar a força ou hipertrofia com a prática de exercícios resistidos. Na sala de musculação, há uma variedade enorme de opções de aparelhos e treinamento para alcançar os objetivos. Além disso, muitos sistemas ou programas de treinamento (tais como combinações de séries, repetições e cargas) podem produzir aumentos significativos na força ou na hipertrofia muscular, contanto que um estímulo de treinamento efetivo seja imposto ao sistema neuromuscular. A eficiência de um tipo específico de sistema ou programa de treinamento resistido depende de sua utilização adequada na descrição total de exercícios. Os ganhos em aptidão física continuarão enquanto o estímulo de treinamento permanecer efetivo, algo que requer aumento da dificuldade (ou seja, sobrecarga progressiva) de alguma forma e o uso de programas de treinamento periodizados (FLECK, KRAEMER, p. 2, 2017). Aqui, vale abrirmos um parêntese e realçar o que é a hipertrofia. Hipertrofia é o nome que se dá ao processo do aumento da seção transversal da musculatura esquelética. Isso acontece em resposta ao aumento do estresse muscular ocasionado pelo exercício de força. Muitas praticantes de musculação procuram o aumento da musculatura por meio de exercícios resistidos por razoes atléticas e estéticas. O corpo tem diferentes fibras musculares que se diferem em funções. Uma fibra é chamada de fibra de contração rápida e é recrutada em exercícios que exigem grande força, velocidade e de curta duração. A outra fibra muscular é de contração lenta, onde é solicitada para exercícios de menor esforço e longa duração. As fibras de contração rápida são as que mais crescem; por esse motivo são os exercícios intensos de levantamento de peso os principais, praticados para causar hipertrofia. Pode ocorrer o aumento do número de fibras musculares (hiperplasia) ou aumento do tamanho dessas fibras (hipertrofia). UNIARAXÁ - CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ • TODOS OS DIREITOS RESERVADOS 5 Figura 1 – Mitos sobre a musculação Fonte Disponível em: Pag. 18 - Acesso em 27 jul. 2020 Todo exercício físico precisa de orientação especializada e de um plano de aplicação respeitando as individualidades dos praticantes e o seu objetivo. Na musculação, existe algumas regras que são seguidas com base em pesquisas e princípios aprimorados por grandes treinadores que observaram respostas físicas ao treinamento. Os princípios do treinamento resistido são basicamente seis e serão abaixo relacionados. Há diferenciações pessoais de autores que lidam com o treinamento, afirmando ainda mais, a necessidade de aprofundamento nos meios teóricos para o controle prático dos treinos. É comum o surgimento de subdivisões dentro de algum dos princípios do treinamento, situação que será apresentada nessa aula. Atualmente, inúmeros princípios do treinamento de força estão sendo utilizados, apesar de sua validade ser questionável, porque poucos profissionais da área concordam com a maioria deles. No entanto, existem alguns que são aceitos por todos os profissionais do treinamento de força: o princípio da especificidade, o da sobrecarga progressiva, o da individualidade, o da variabilidade, o da manutenção e o da reversibilidade. Tais princípios são tão importantes, que poucos discordam da ideia de eles serem considerados leis do treinamento de força (STOPPANI, p.12, 2017). Observe os princípios mencionados no Quadro 1 a seguir: Musculação faz gordura virar músculo. Idosos não devem malhar Mulheres vão ficar parecendo homens de tão grandes Musculação só serve para fazer a pessoa crescer Musculação não faz bem para o coração Dor é eficiência! Musculação não emagrece!! UNIARAXÁ - CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ • TODOS OS DIREITOS RESERVADOS 6 Quadro 1 – Princípios de Treinamento Resistido Princípio da Especificidade É um dos princípios-chave na elaboração de programas de treinamento de força. Em uma definição mais básica, significa treinar de forma específica para produzir efeitos específicos. Por exemplo, se o objetivo imediato é aumentar a força de 1-RM (Repetição Máxima), é necessário treinar com amplitude de repetições, tempos de intervalo e frequência semanal apropriados, visando otimizar ganhos de força de acordo com o objetivo planejado. Além disso, se o objetivo é melhorar o desempenho em algum esporte em especial, os exercícios devem imitar os movimentos executados na modalidade, além de ser realizados em uma velocidade similar. Esse princípio é um dos mais importantes no treinamento de força, porque, se esse não é conhecido, todos os outros são anulados. Princípio da Sobrecarga Progressiva É o aumento contínuo da intensidade da sessão de treino, conforme o músculo se acostuma com o nível de intensidade atual. Isso pode ser feito aumentando o peso levantado, o número de repetições realizadas, ou aumento no número total de séries ou, ainda, diminuindo o tempo de descanso entre as séries. O aumento contínuo do estresse aplicado no músculo permite o incremento da força muscular e evita a estagnação. Esse é um dos princípios do treinamento de força mais cruciais, assim como, um dos desenvolvidos mais cedo. Ele foi criado logo após a Segunda Guerra Mundial, a partir da pesquisa de DeLorme e Watkins (1945, 1948). A ausência de sobrecarga progressiva nos músculos faz com que as adaptações musculares contínuas possam cessar. Por exemplo, no início do programa de treinamento de força, executar três séries de 10 repetições com 135 libras no supino pode ser um desafio. Após várias semanas de treinamento, realizar essa sérieserá fácil. Nesse ponto, as adaptações provocadas pelo treinamento cessarão, a não ser que o peso, as repetições ou as séries sejam aumentados ou o intervalo entre as séries diminua. UNIARAXÁ - CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ • TODOS OS DIREITOS RESERVADOS 7 Princípio da Individualidade É a teoria de que qualquer programa de treinamento deve considerar as necessidades específicas ou os objetivos e as habilidades do indivíduo, para quem o programa foi elaborado. Por exemplo, um fisiculturista iniciante, com o objetivo de aumentar a massa muscular, deve ter um treino bem diferente de um fisiculturista experiente com o mesmo propósito. A diferença nos seus programas de treinamento não é baseada nos efeitos desejados, mas nas experiências de treino. O praticante avançado requer um maior volume de treino e a utilização de técnicas mais avançadas para alcançar o mesmo objetivo de um iniciante. Já um levantador de peso avançado com o objetivo de aumentar a força muscular deve treinar de maneira bastante distinta do levantador de peso avançado que deseja aumentar a massa muscular. Aqui, a diferença nos programas é baseada nos seus diferentes objetivos. Em geral, o primeiro, que visa aumentar a força muscular, deve treinar com um número menor de repetições, carga mais pesada e menor volume que o segundo, que visa a aumentar a massa muscular. Princípio da Variabilidade É o simples fato de que não importa o quão efetivo seja um programa de treino, ele o será apenas por um curto período. Uma vez que o indivíduo apresente adaptações específicas proporcionadas por dado programa de treino, um novo estímulo deve ser aplicado nos músculos, ou o progresso contínuo ficará estagnado. Essa é a base da periodização, sendo a razão pela qual os ciclos de treino devem ser utilizados. Princípio da Manutenção Assim que o indivíduo alcança o seu objetivo, é necessário menos trabalho para manter o nível de força ou massa muscular. Se ele (ou ela) está satisfeito (a) com esse nível, a frequência de treino pode ser reduzida. Esse é tipicamente um bom período para incorporar outros tipos de treinamento, fazendo com que outros componentes da aptidão física possam ser aprimorados. UNIARAXÁ - CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ • TODOS OS DIREITOS RESERVADOS 8 Princípio da Reversibilidade Uma vez que o programa de treinamento de força é interrompido ou não é mantido em um nível mínimo de frequência ou intensidade, as adaptações na força ou hipertrofia obtidas com o programa não somente deixarão de progredir, mas serão revertidas de volta ao ponto inicial. Fonte Adaptada de STOPPANI (2017, p.12 – 13). Para qualquer treinamento que for prescrever aos/às seus/suas futuros(as) atletas, deve-se conhecer esses princípios e ter uma boa base de treinamento de força. O(a) professor(a) que venha a treinar algum(a) atleta com um treinamento de força sem o conhecimento especifico da modalidade praticada, terá limitações práticas na aplicação e finalidade de cada etapa do treinamento. 2 - BENEFÍCIOS DO TREINAMENTO DE MUSCULAÇÃO O treino de Musculação possibilita vários benefícios à saúde do praticante. Talvez, o benefício mais evidenciado seja o aumento da própria força muscular, sendo o maior fator para melhorar o desempenho tanto de atletas como de pessoas nas atividades cotidianas, como exemplo, subir escadas. Tanto homem, como mulheres, ambos apresentam aumento de força por causa do treinamento (SIMÃO, p. 17, 2009). Segundo Simão (2009), dois são os fatores principais para o aumento de força: neurais e hipertróficos. A força, durante as primeiras semanas de treinamento, aumenta em consequência do “aprendizado do exercício”, ou seja, da coordenação do movimento executado, sendo esse incremento da força causado, sobretudo, pelas adaptações neurais. No entanto, o aumento de força (absoluto), acontece de forma mais acentuada nos homens. Como exemplo, se um homem levanta 100kg em um determinado exercício, e no mesmo exercício uma mulher levanta 60kg, e supondo que ambos elevem essa capacidade em 20%, o ganho do homem será de 20kg e o da mulher de 12kg. Sendo assim, o aumento de carga (absoluta) é maior no homem, mesmo sendo com percentual igual. VOCÊ SABIA? UNIARAXÁ - CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ • TODOS OS DIREITOS RESERVADOS 9 Adaptações neurais é o principal objetivo que devemos prescrever em um treinamento de força para pessoas não treinadas ou destreinadas, favorecendo ganhos iniciais de força e pouco impacto nos ganhos de massa muscular (hipertrofia). Todas essas adaptações neurais são fatores que distinguem uma pessoa com experiência em treinamento de outra que ainda não se envolveu nesse tipo de prática (SIMÃO, p. 18, 2009). Segundo Simão (2009, p. 17), O termo “adaptações neurais” tem sido utilizado para resumir três fenômenos que influenciam o aumento de força: - Aumento do número de unidades motoras recrutadas; - Aumento da frequência de recrutamento dessas unidades motoras; - Redução da co-contração (ativação dos músculos antagonistas). A melhor forma de aumentar a capacidade de força é pelo desenvolvimento do sistema neural. Nesse sentido, a proposta do treinamento de força seria incrementar a capacidade de recrutar a maior quantidade possível de unidades motoras, em especial as de alto limiar (tipo II), na maior frequência de recrutamento possível (número de vezes) e reduzir a co-contração. Vale destacar que a redução da co-contração consiste em diminuir o recrutamento dos músculos antagônicos (que executam o movimento oposto ao do músculo agonista) durante o exercício. Por exemplo, durante a extensão do cotovelo (tríceps – agonista), deve-se reduzir a contração do bíceps (antagonista), para que o desenvolvimento da força do tríceps não seja comprometido. (SIMÃO, 2009). Na Figura 2, vemos que as adaptações neurais e hipertrofia muscular contribuem para os ganhos de força. Ocorrem no início de um treinamento, sendo o estágio inicial do ganho de força. Esse tipo de adaptação melhora a coordenação, o desempenho e a força do músculo treinado. São os músculos principais na execução de determinado exercício. Exemplo: rosca bíceps, músculo agonista é o bíceps braquial. Não exercem forca em determinados movimentos. Exemplo: rosca bíceps, o músculo antagonista é o tríceps braquial, ele se move, mas não faz força. ADAPTAÇÕES NEURAIS MÚSCULOS AGONISTAS MÚSCULOS ANTAGONISTAS GLOSSÁRIO UNIARAXÁ - CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ • TODOS OS DIREITOS RESERVADOS 10 Figura 2: Adaptações neurais e hipertrofia muscular ao longo do tempo de treinamento Fonte: SIMÃO (2009, p. 18). A hipertrofia muscular, adaptação bastante conhecida como resultado do treinamento de força, deve-se principalmente, à maior concentração de proteína contrátil encontrada no interior das fibras musculares. Com o incremento das proteínas no músculo esquelético, intensifica-se o mecanismo celular para desenvolver a força, motivo pelo qual, um músculo grande geralmente é mais forte do que um pequeno. Normalmente, o treinamento com pesos resulta em aumento na área transversal da fibra muscular de 20 a 45%, com possibilidade de chegar a 50%. A hipertrofia muscular, em consequência do treinamento com pesos, ocorre em ambos os sexos. Caso homens e mulheres executem o mesmo programa de treinamento, ambos alcançarão ganhos percentuais idênticos no volume da fibra muscular. Porém, o volume das fibras musculares femininas geralmente é menor – mesmo que o percentual de aumento no volume do músculo seja igual para ambos os sexos -, as mulheres terão músculos menores que os de um homem (SIMAO, p. 21, 2009). A maioria dos músculos esqueléticos possuem fibras musculares de contração lenta (tipo I) e rápida (tipo II). É importante saber que cada unidade motora é composta somente por um tipo de fibra muscular. Por exemplo, o quadríceps, é composto pelos dois tipos de fibras musculares(tipo I e II), mas cada unidade motora é composta por somente um mesmo tipo de fibra. Isso acontece por causa da característica do neurônio que inerva cada unidade motora (SIMÃO, 2009). UNIARAXÁ - CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ • TODOS OS DIREITOS RESERVADOS 11 As fibras de contração rápida (tipo II) causam fadiga mais rapidamente, por se contraírem com maior velocidade do que as fibras de contração lenta (tipo I). As de contração lenta são mais resistentes à fadiga por serem capazes de obter maior quantidade de energia de forma aeróbia (presença de oxigênio). Por outro lado, as fibras de contração rápida dependem muito mais de fontes anaeróbias (sem a presença de oxigênio). Disso, resulta em uma maior produção de ácido lático – subproduto da obtenção de energia anaeróbia – em especial nas fibras de contração rápida, o que causa desconforto e fadiga, o que foi verificado em alguns tipos de atividades, como levantamento de pesos e corrida de curta duração e alta intensidade. As fontes anaeróbias de energia são capazes de fornecer mais energia por segundo do que as aeróbias, o que confere mais forças às fibras de contração rápida (tipo II), em comparação com as de contração lenta (tipo I), contudo, essa fonte de energia esgota-se rapidamente. Essas características explicam porque as fibras de contração rápida estão associadas às atividades que envolvem grande intensidade, potência e curta duração. Porém, atividades anaeróbias produzem maior quantidade de acidose sanguínea, devido a elevada produção de ácido lático, nas fibras musculares ativas durante o exercício, ocorrendo uma sensação de queimação e fadiga. Já as fibras de contração lenta, estão relacionadas a atividades físicas de baixa intensidade e longa duração, por serem capazes de obter energia aerobiamente (SIMÃO, 2009). O treinamento com o objetivo de aumentar a massa muscular, geralmente é usada carga de intensidade moderada e mais repetições (8 - 12 RM). Entretanto, em diversas fases do treinamento, cargas elevadas e poucas repetições podem realçar uma resposta da hipertrofia, isso se a intensidade do treinamento é posteriormente reduzida com descanso adequado. Os ganhos de força obtidos durante os períodos de alta intensidade se devem primariamente, a um maior nível de recrutamento das unidades motoras e a síntese de proteína contrátil em oposição à proteína não- contrátil. (MACDOUGALL et al., 1984). Portanto, maximizar o recrutamento das unidades motoras por meio da alta intensidade do trabalho neural pode habilitar previamente, as fibras musculares subutilizadas para serem treinadas (SIMÃO, p. 21, 2009 apud FLECK E KRAEMER, 2004) (grifo Sobre “unidades motoras” e “fibras musculares” vale à pena você acessar o site a seguir e se inteirar melhor sobre esses assuntos, auxiliando-o(a) no entendimento do contexto. Clique aqui. DICA DOs AUTORes https://www.hsnstore.pt/blog/tipos-de-fibras-musculares-sua-relacao-com-o-desporto/ UNIARAXÁ - CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ • TODOS OS DIREITOS RESERVADOS 12 nosso). Cargas moderadas no treinamento de força permitem um número entre 6 a 12 RM e incrementa o tempo de tensão por série (Fleck e Kraemer, 2017). Confirmando essa informação, um estudo realizado por (WEISS et al. 2000 apud Simão, 2009) sugeriu que o número ideal de repetições para ganhos hipertróficos em homens, nos membros inferiores, deveria ser entre 13 a 15 RM. Com isso, o número de séries prescritas por exercício para levar à fadiga muscular seria, normalmente, menor do que no treinamento neural, por causa do incremento do número de repetições. Hipertrofia sarcoplasmática X Hipertrofia miofibrilar Diversos autores (BOMPA E CORNACCHIA, 1998; ZATSIORSKY, 1999) afirmam a existência de dois tipos de hipertrofia morfologicamente diferenciados: sarcoplasmática e miofibrilar. Segundo a teoria comumente aceita, a primeira é muito vista em fisiculturistas e atletas que treinam com repetições mais elevadas (maiores que 10), sendo uma de suas características básicas, o aumento do volume muscular com pequeno aumento de força, trazendo a suposição de que a hipertrofia sarcoplasmática se manifeste como um aumento do líquido e demais organelas do sarcoplasma, que não as miofibrilas. (Vale ressaltar, Aluno(a), que Termos como “organelas do sarcoplasma”, “miofibrilas” foram estudados na disciplina Fisiologia Humana. Em caso de dúvidas, vale à pena consultá-la.) Já a hipertrofia miofibrilar seria, segundo a teoria, mais vista em levantadores de peso, os quais treinam com repetições máximas abaixo de 6. É uma hipertrofia que se manifesta morfologicamente, como um aumento de volume das miofibrilas, sem um aumento correspondente das demais organelas. Isso levaria a ganhos significativos de força, desproporcionais ao acréscimo no volume muscular (GENTIL, 2014). Repetição máxima RM GLOSSÁRIO As variáveis metodológicas do treinamento de força, como ordem dos exercícios, números de séries, intervalos entre séries e sessões, serão abordados na Aula 3. importante UNIARAXÁ - CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ • TODOS OS DIREITOS RESERVADOS 13 Nesse pequeno vídeo indicado a seguir, vamos observar quais estruturas que compõem os músculos esqueléticos e como acontece a hipertrofia. Os músculos esqueléticos se prendem aos ossos por meio dos tendões. Eles possuem uma camada externa chamada epimísio, e um feixe de fibras musculares envolvidas pelo perimísio e cada fibra possui uma camada externa chamada endomísio. Cada fibra muscular se parece analogicamente falando, com fios de cabelo. São cilíndricas e compridas e se juntarem centenas de fibras elas são bem fortes. E menor que uma fibra, são as miofibrilas. Que são células microscópicas que formam as fibras musculares. Vemos bem explicado como ocorre a hipertrofia muscular, tanto a miofibrilar e, também, a sarcoplasmática. Vale a pena assistir e anotar para melhor compreensão. Clique aqui. saiba mais! Treinamento resistido intenso é capaz de converter fibras do tipo I em fibras do tipo II? A resposta rápida é não! Estudos anteriores que examinaram tipos de fibras musculares com um perfil histoquímico limitado mostraram leves aumentos na porcentagem de fibras de tipo I ou tipo II após treino de endurance (provas longas) ou treino resistido intenso; possivelmente, isso se deu por uma classificação equivocada de fibras. Sob circunstâncias fisiológicas normais, especialistas de ponta em fisiologia muscular concordam que mudanças de fibras musculares de tipo I para II, ou vice-versa, não ocorrem, embora o treino resistido seja capaz de aumentar o tamanho da fibra e a produção de força. Diferentemente, o treino de endurance mostra-se capaz de reduzir o tamanho da fibra muscular de tipo I e acarreta em pouca ou nenhuma mudança no tamanho da fibra muscular de tipo II. Portanto, o treinamento pode alterar a área de seção transversa muscular de determinado tipo de fibra (como hipertrofia de fibras tipo II), que decorre no aumento da porcentagem da área de seção transversa muscular das fibras de tipo II, embora a porcentagem destas fibras não se modifique. (FLECK, KRAEMER, 2017) A disciplina Fisiologia Humana, com certeza, tem um grande respaldo para abordar este assunto juntamente com a nossa disciplina, o que comprova a interdisciplinaridade que você está envolto. CONECTANDO https://www.youtube.com/watch?v=eaiCny7Vsms UNIARAXÁ - CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ • TODOS OS DIREITOS RESERVADOS 14 3 - BENEFÍCIOS DO TREINAMENTO DE FORÇA AO SISTEMA CARDIOVASCULAR Mudanças positivas na função cardiovascular, como diminuição da frequência cardíaca em repouso e aumento do consumo máximo de oxigênio, geralmente estão associadas a um treinamento de resistência aeróbia. Essas alterações reduzem o estresse cardiovascular ou ataque cardíaco. Em geral, o treinamento de força pode provocar as mesmas adaptações cardiovasculares que o treinamento de resistência aeróbia, mas, normalmente,essas adaptações são de magnitude menor. O treinamento de força, treinado por 30 minutos ou mais por semana, em homens adultos, reduz o risco de doenças cardiovasculares em 23% (SIMÃO, 2009, p. 49 apud TANASESCU et al; 2002). É importante salientar que, diferentemente do que se pensava, o treinamento de força não gera adaptações negativas que possam diminuir a função cardiovascular e oferecer risco de doenças (SIMÃO, 2009). No treinamento de força, o que mais usamos são pesos livres, máquinas, peso corporal e outras formas de equipamento para melhorar a força, potência e resistência muscular, tornando a forma mais popular de atividade física. É aceito que o treinamento de força provoca ganhos de força e potência e, seguindo um cronograma mais consistente, aumenta a massa muscular, além de ser útil para aumentar o desempenho físico, e auxiliar a perda de gordura corporal. Os benefícios do treinamento de força são geralmente influenciados pelo grande número de variáveis que podem ser manipuladas em um programa: as variações de carga (peso), volume, intensidade, massa muscular ativa, tipo de contração, tipo de trabalho muscular, intervalo de recuperação, entre séries e sessões, manipular a ordem dos exercícios, tempo de tensão, equipamento, técnica, nível de condicionamento, situação do treinamento de força e finalmente, as suas adaptações (SIMÃO, p. 49, 2009). Alguns benefícios à saúde cardiovascular, segundo Simão (2009), são: - melhora na saúde cardiovascular, suavizando vários fatores de risco associados à doença cardíaca, produzindo modificações, como redução dos valores da pressão arterial sistólica (primeira batida do coração que bombeia sangue para o corpo) em repouso, particularmente em indivíduos hipertensos; - diminuição na frequência cardíaca em repouso; - melhoras no perfil lipídico (quantidade de gordura) sanguíneo; - aumento da força potência e resistência muscular, resultando em uma maior capacidade de desempenhar atividades da vida diária e reduzindo as demandas nos sistemas musculoesquelético, cardiovascular e metabólico. UNIARAXÁ - CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ • TODOS OS DIREITOS RESERVADOS 15 Entenda a diferença. Atividade física é qualquer movimento corporal, produzido pelo músculo esquelético que resulte em um pequeno aumento calórico acima do repouso. Por exemplo, podemos classificar como uma atividade física uma pequena caminhada até o ponto de ônibus ou até a padaria, aquela caminhada que fazemos para nos deslocar de um local para outro. Já o exercício físico é um tipo de atividade que consiste em movimentos corporais programados, estruturados e sistematicamente repetitivos que têm como objetivo melhorar o condicionamento físico. Podemos considerar como exercício físico, a dança, a natação ou até uma caminhada diária com intensidade moderada. O exercício físico pode ser utilizado como uma ferramenta não medicamentosa e muito eficiente contra as doenças crônicas metabólicas resultantes de um estilo de vida sedentário e, entre seus benefícios, destacam-se redução da gordura corporal, melhoria no sistema cardiovascular, aumento da sensibilidade à insulina, redução do LDL e aumento do HDL. Não existe uma quantidade suficiente para o exercício físico, mas sim uma recomendação mínima para se manter a qualidade de vida, pois a relação causa-efeito sugere que pouca atividade é melhor do que nenhuma e, mais atividade, até certo ponto é melhor que pouca, ou seja, quanto mais ativo o indivíduo, acredita-se que mais saudável ele seja. No entanto, as recomendações do Colégio Americano de Medicina do Esporte (ACSM) sugerem que, para um adulto de 18 a 65 anos de idade manter-se saudável, é necessário realizar, no mínimo, 30 minutos por dia, cinco vezes na semana de atividade aeróbica de intensidade moderada. Um fato interessante é que esses 30 minutos podem ser feitos de maneira fracionada durante o dia, em sessões de 10 minutos cada, pois seu acúmulo, quando totaliza 30 minutos, proporciona os mesmos benefícios que uma única sessão de 30 minutos e, sendo assim, essa atividade aeróbica moderada poderá ser feita em 10 minutos pela manhã, 10, ao meio dia e, 10 à noite, por exemplo. Deve ser feita, também, no mínimo, em dois dias na semana, uma atividade que melhore a força muscular, mas, como falei anteriormente, quem deseja melhorar sua aptidão física, reduzir os riscos de doenças crônicas e prevenir o ganho de peso, deve exceder essas recomendações que são mínimas. (Disponível em: https://www.educacaofisica.com.br/ciencia-e-exercicio/atividade-fisica-e-exercicio-fisico) Você sabe, Aluno(a), qual a diferença entre atividade física e exercício físico? REFLEXÃO https://www.educacaofisica.com.br/ciencia-e-exercicio/atividade-fisica-e-exercicio-fisico) UNIARAXÁ - CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ • TODOS OS DIREITOS RESERVADOS 16 RECAPITULANDO Nessa aula, discutimos os princípios básicos para a prescrição de um treinamento de força e seus benefícios ao nosso sistema. Estes princípios são muito importantes no momento da montagem de um programa de treino e no acompanhamento de nossos alunos. Toda forma de treinamento deve seguir algumas leis, ou princípios para se chegar ao objetivo. Observar o nível do seu aluno, respeitar o objetivo desse aluno, e ter uma sobrecarga de intensidade para alcançar o resultado. Variar o tipo de exercício e o tipo de treino para o aluno não acostumar com o treino, ter em mente que se obteve algum resultado, para mantê- lo, se tornará mais fácil do que antes e se este aluno parar de treinar, sua forma física voltará à escala inicial. Um bom treino de Musculação provoca modificações no nosso corpo. Começamos a ficar mais forte pelas adaptações neurais, que nos exigem recrutar mais unidades motoras para realizar o exercício. Como consequência dessa adaptação, o benefício mais esperado, sem dúvida, é a Hipertrofia. Que ocorre aumentando seu músculo e com isso se tornando mais forte. Outras modificações são observadas no sistema cardiovascular, onde seu coração ficará mais forte, batendo menos para levar maior quantidade de sangue e oxigênio ao corpo. Diminuição da frequência cardíaca em repouso, controle da pressão arterial e diminuição da gordura corporal. Os conceitos clássicos da sala de musculação facilitam o entendimento entre aluno e professor, respeitando uma hierarquia de aprendizagem e evolução física do praticante. Na próxima aula vamos começar a falar sobres os exercícios para membros superiores! Após essa Aula, você é capaz de entender e conceituar os termos estudados nesta aula? Por exemplo, você consegue dizer quais são os princípios do treinamento de Musculação? Você também compreendeu os benefícios da Musculação sobre o sistema cardiovascular? Portanto, caso você consiga responder essas questões, parabéns! Você atingiu os objetivos específicos da Aula 2. Caso tenha dificuldades para responder algumas delas, aproveite para reler o conteúdo da Aula, acessar o UNIARAXÁ Virtual e interagir com seus colegas e Tutor(a). Você não está sozinho nessa caminhada. Conte conosco! aUTOaVALIAÇÃO UNIARAXÁ - CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ • TODOS OS DIREITOS RESERVADOS 17 Bons estudos! VIDEOAULA Após a leitura e o estudo do seu Guia Teórico, chegou o momento de complementar seu conhecimento. Vá até seu Ambiente Virtual de Aprendizagem e acesse a Videoaula referente à Aula. UNIARAXÁ - CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ • TODOS OS DIREITOS RESERVADOS 18 CRÉDITOS Figura 01 - Mitos sobre a musculação Fonte Disponível em: <https://www.freepik.com/free-photo/adult-sport-equipment-man- fitness_1102387.htm#page=1&query=muscula%C3%A7%C3%A3o&position=29> Acessos em 27 de jul. 2020. LISTA DE FIGURAS UNIARAXÁ - CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ • TODOS OS DIREITOS RESERVADOS 19 REFERÊNCIAS BOMPA, T. O.; PASQUALE, M.; CORNACCHIA, L. J. Treinamento de Força Levado a Sério. 3a ed. São Paulo: Manole, 2015. FLECK. S.J.KRAEMER, W. J. Fundamentos do Treinamento de Força muscular. 4 ed São Paulo: ARTMED, 2017. GENTIL, P. Bases Científicas do Treinamento de Hipertrofia. 5ª edição. 2014. MATTOS, E. C. T. Adaptações neurais na medula espinhal de humanos para diferentes tipos de treinamento físico. Tese de doutorado (Programa de pó-graduação em Psicologia). USP, São Paulo, 2009. Portal da Educação Física. Atividade física ou exercício físico? Há diferença? Disponível em: https://www.educacaofisica.com.br/noticias/atividade-fisica-ou-exercicio-fisico-ha- diferenca-1/ acesso em 10/03/2020 SIMÃO, R. FLECK, S. Princípios Metodológicos para o Treinamento de Força: São Paulo: Phorte, 2009. STOPPANI, Jim. Enciclopédia de musculação e força de Stoppani. 2ª ed. Tradução Michel Arias Brentano. Artmed. 2017 UNIARAXÁ - CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ • TODOS OS DIREITOS RESERVADOS 202UNIARAXÁ - CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PLANALTO DE ARAXÁ • TODOS OS DIREITOS RESERVADOS CONTATO: 3669.2008 • 3669.2017 • 3669.2028 ead@uniaraxa.edu.br
Compartilhar