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o Direito Coletivo do TrabalhoDireito Coletivo do Trabalho
Otávio Augusto Reis de Sousa
www.iesde.com.br
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
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Otávio Augusto Reis de Sousa
IESDE Brasil S.A.
Curitiba
2012
Direito Coletivo do Trabalho
5.a edição
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© 2005-2009 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autoriza-
ção por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais.
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IESDE Brasil S.A.
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
Todos os direitos reservados.
Capa: IESDE Brasil S.A.
Crédito da imagem: Corel Image Bank
Atualizado até outubro de 2012.
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ 
__________________________________________________________________________________
S696d
5.ed.
Sousa, Otávio Augusto Reis de
 Direito coletivo do trabalho / Otávio Augusto Reis de Sousa. - 5.ed. - Curitiba, PR : 
IESDE Brasil, 2012. 
 60p. : 24 cm
 
 Inclui bibliografia
 ISBN 978-85-387-3233-4
 
 1. Direito do trabalho - Brasil . 2. Sindicatos - Legislação - Brasil. I. Título. 
12-7497. 
 CDU: 349.2(81)
16.10.12 19.10.12 039696 
__________________________________________________________________________________
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
Doutor em Direito do Trabalho pela Pontifícia Universidade Católica 
de São Paulo (PUC-SP). Membro da Academia Nacional de Direito do Trabalho 
(ANDT). Professor da Universidade Federal de Sergipe (UFS). Juiz do Trabalho da 
20.ª Região. 
Otávio Augusto Reis de Sousa
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Sumário
Sindicalismo – Propedêutica ...................................................7
Organização 
e administração sindicais ...................................................... 19
Princípios elementares ............................................................................................................ 19
Organização sindical: estrutura ........................................................................................... 22
O sindicato como 
base da estrutura sindical ..................................................... 29
Conflitos coletivos 
de trabalho e suas soluções .................................................. 35
Paralisação coletiva do trabalho ......................................... 45
Solução jurisdicional 
dos conflitos de trabalho ....................................................... 51
Referências .................................................................................. 55
Anotações ................................................................................... 57
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O ser humano é gregário em essência. A afirmação, que toma foros de 
topoi, se presta a denegar o estado de natureza, ou seja, a possibilidade 
de sobrevivência do indivíduo como ser isolado.
Desde tempos imemoriais, a espécie humana percebeu que a conjuga-
ção de esforços se prestava à melhor consecução do seu objetivo primário, a 
sobrevivência, sendo então possível afirmar que o propalado associativismo 
pode ser reconhecido como uma tendência humana imanente. 
Por associativismo entendemos a união em proveito de interesses comuns, 
traço imprescindível à evolução e formação de sua sociedade soi dissant civi-
lizada. 
Divisamos, assim, desde os primitivos agrupamentos humanos, formas de 
colaboração, mas sem dúvida foi a repartição do trabalho um dos estopins 
que determinaram a supremacia do homem sobre os demais animais. Toda-
via, ao mesmo tempo se iniciava ali o alheamento da força de trabalho, cujo 
resultado não mais necessariamente revertia àquele que despendia energia. 
Quando se inicia a formação do excedente, ajuntado ao alheamento da 
força de trabalho, temos o impulso à partição das sociedades em castas, nas 
quais sobreleva-se a posição dos detentores da riqueza.
Entretanto, por força do associativismo verificava-se um novo reagrupa-
mento social em defesa de interesses comuns, vistos agora como interesses 
de classes, motivo pelo qual desde a Antiguidade existiram instituições desti-
nadas à defesa dos interesses de seus membros. 
Tal fato, por vezes, aturde os estudiosos que buscam perceber nas insti-
tuições antecedentes do fenômeno sindical e nas revoltas de antigamente 
formas embrionárias de autodefesa, em especial da greve. 
Desde cedo, os homens se reuniram para defesa de interesses comuns, 
seja da espécie ou das sociedades estamentais, e nas últimas não se pode 
perceber qualquer semelhança pronunciada que autorize concluir por paren-
tesco com o atual modelo sindical, isso porque a elas faltava o mais essencial: 
trabalho livre, na forma como o conhecemos. 
Sindicalismo – Propedêutica
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Sindicalismo – Propedêutica
Assim, tivemos para a maioria da doutrina, como espelho do associativismo na 
Grécia, as heterias, citadas por Russomano (1997, p. 4) “[...] ainda de conformidade 
com Gaius, a antiga lei de Sólon declarou válidas as convenções celebradas entre 
os membros das heterias” que podem ser compreendidas como “colégios profis-
sionais”.
Além disso, o regramento dos Colégios Romanos, que ganharam força na 
Roma imperial e passaram por fases de estímulo e outras de repressão, assim as 
guildas do Direito germânico, todos voltados à defesa de interesses corporativos 
de seus membros e, não raro, ao regramento de suas atividades. 
Porém, inexistiam a liberdade de trabalho e a prestação de trabalho oneroso 
nos moldes por nós conhecidos, das relações jurídicas empreendidas por seus 
membros, razão pela qual negamos ser antecedentes válidos dos movimentos 
sindicais.
Aludem alguns doutos às corporações de ofício, que surgem com o reapare-
cimento das cidades (para as quais se torna crescente a migração do homem) e 
com os abalos do regime de servidão. 
O trabalho de então também não era livre, uma vez que somente se permitia o 
exercício da profissão aos que fizessem parte da corporação. Nela se organizavam 
de início dois níveis – aprendizes e mestres –, segundo relato de Ruprecht (apud 
PINTO, 2003, p. 33):
Nos primórdios da instituição, o aprendiz, após completar seu período de instrução, podia rea-
lizar a obra-mestra e ascender à categoria de mestre depois de cumprir as demais condições 
exigidas. Todavia, com o passar do tempo, por muitas circunstâncias, entre as quais figurava, 
principalmente, o interesse dos mestres estabelecidos em não aumentar o seu número para 
evitar a concorrência, foi criada nova classe, a dos companheiros. 
Posteriormente, foram fixados três níveis hierárquicos precisos: abaixo, os 
aprendizes, seguidos dos companheiros, todos submetidos ao mestre. Esses níveis 
foram extintos em 17 de junho de 1791 pela Lei Le Chapelier, que, preconizando a 
liberdade de trabalho, entendia essa hierarquia como atentatória aos direitos do 
homem e do cidadão.
Perceba-se que aqui se trata de reunião orgânica de produtores e não de clas-
ses antitéticas, como na relação de capital e trabalho, e mesmo quando fundadas 
as compagnonnages, em oposiçãoàs mestrias, o escopo indisfarçável dos mem-
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Sindicalismo – Propedêutica
9
bros da primeira era unicamente participar dos privilégios reservados aos mestres 
na qualidade de produtores, ou seja, a obtenção da ascensão social buscada. Não 
se cogita assim a ideia marxista de classes distintas e irreconciliáveis. 
Usualmente, os autores se reportam à Revolução Industrial como precedente 
necessário ao surgimento do Direito do Trabalho, com o que concordamos, inclu-
sive no enfoque coletivo.
Distinguem-se três revoluções na tecnologia, e que são ligadas à modificação 
das fontes de energia utilizadas na indústria.
Nesse sentido, há o magistério de Romita (1997, p. 16): 
A observação dos fatos históricos que caracterizam a evolução do capitalismo permite discernir 
três revoluções industriais: 1.ª – fins do século XVIII, princípios do século XIX: proporcionada 
pela produção de motores a vapor por meio de máquinas; 2.ª – fins do século XIX, princípios do 
século XX: desenvolvimento e aplicação do motor elétrico e do motor a explosão; 3.ª – a partir 
da Segunda Guerra Mundial (1940 nos Estados Unidos, e 1945 nos demais países): automação 
por meio de aparelhos eletrônicos. Observa-se sempre a apropriação de fontes energéticas dis-
tintas, que ditam as transformações nos meios de produção, as quais por seu turno vão gerar 
mudanças na organização do trabalho, com as consequências sociais conhecidas. Na primeira 
revolução industrial, o vapor d’água; na segunda, a eletricidade e o petróleo; na terceira, a ele-
trônica e a energia atômica. 
Sinteticamente, poderíamos conceituar a Revolução Industrial (primeira Revo-
lução Tecnológica) como um processo de mecanização em inúmeros setores pro-
dutivos, gerando uma substituição da força muscular humana e animal.
Um agrupamento de fatores propiciou a eclosão da Revolução Industrial, e três 
deles foram determinantes: o acúmulo de capitais oriundo do mercantilismo; a 
farta mão de obra existente nas cidades, por força do processo migratório, uma 
vez que os trabalhadores vislumbravam melhores condições de vida nas cidades; 
as inovações tecnológicas como a máquina a vapor, a máquina de fiar (1738), o 
tear mecânico (1784).
A Revolução Industrial causou profundas repercussões na vida econômica e 
social. Se o grande contingente de mão de obra foi um dos fatores de eclosão 
dessa revolução, a substituição do homem pela máquina era a constante que a 
desequilibrava. A máquina, ao mesmo tempo em que impulsionava a produção, 
gerava desemprego. Vigorava no plano das ideias o liberalismo. O indivíduo era 
a pedra de toque, livre sob todas as formas: liberdade política, liberdade econô-
mica e, o que mais nos interessa, liberdade para contratar. O ideário poderia ser 
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Sindicalismo – Propedêutica
resumido no célebre “laissez-faire, laissez-passer”. A burguesia nascente buscava 
assegurar-se, em face do Estado antes despótico, e o fazia na medida em que 
teorizava seu afastamento da Economia e limitava sua ação à de mero garantidor 
das liberdades individuais.
O contingente crescente de mão de obra; a diminuição da demanda das in-
dústrias por trabalhadores, em face do progressivo aumento da mecanização e 
substituição do homem pela máquina; o idéario liberal que pregava a não inter-
venção do Estado nas relações da economia e tampouco nos contratos, acaba-
ram por determinar a incidência da única lei conhecida pelo mercado: a da oferta 
e da procura. A consequência foi o aviltamento das condições de trabalho. 
Todas as inferências anteriores interpenetram o histórico do Direito do Tra-
balho, notadamente a bipartição da sociedade em duas classes antagônicas: 
burguesia e proletariado, e terão por consequência as primeiras revoltas (greves 
– movimentos ludistas). Desenvolve-se a chamada consciência de classe, que é 
consequência natural do associativismo, por perceberem os trabalhadores, em 
razão desta última característica inata, a similitude de situações fáticas. A visão de 
si mesmos enquanto conjunto se torna possível devido às próprias condições 
de trabalho, pois na fábrica, em pequenas dimensões, encontrava-se reunido um 
grande universo de pessoas. 
As primeiras greves, todavia, eram frutos de coalizões, reuniões temporárias 
de trabalhadores, sendo de início proscrito o direito de reunião na maioria dos 
países de então. 
Percebem os trabalhadores a necessidade de articulação permanente de inte-
resses que impõe o reconhecimento do direito de reunião e a existência do sindi-
cato enquanto instituição permanente e veículo autorizado das reivindicações da 
categoria como coletividade. A ideia de união (do vocábulo union) como forma 
de defesa de interesses, seja pela concertação (negociação), seja pelo extremo 
da autodefesa (greve – opondo a força do número de trabalhadores ao capital – 
força em si mesmo). 
Surgem as primeiras normas tutelares emolduradas em semelhança ao que 
hoje conhecemos como acordo coletivo de trabalho – empresa e sindicato –, 
pondo fim à turbulência das greves e traçando um leito, constituído de normas 
autônomas, no mundo, sendo o sedimento inicial do Direito do Trabalho como 
um todo e atestando uma indelével afirmação de sua partição clássica em Indivi-
dual e Coletivo. 
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Sindicalismo – Propedêutica
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No Direito Coletivo, assim, desempenha a estrutura sindical papel relevante a 
ponto de se indicar em doutrina a “[...] sustentação sindical do Direito Coletivo do 
Trabalho”. (RODRIGUES PINTO, 2002, p. 44).
As mudanças derivadas da terceira Revolução Tecnológica têm trazido a neces-
sidade de revisão da postura sindical; como expressamos em Nova Teoria Geral do 
Direito do Trabalho (SOUSA, 2002) ao cogitar dos rumos do movimento sindical no 
terceiro milênio que, entendemos, caminha da postura conflitiva para a contínua 
negociação e concertação, em um período de retraimento estrutural do trabalho 
subordinado sobre o qual assenta.
Parece-nos que o Direito Coletivo deve se pautar em ponderação de quatro 
pontos relevantes indicados por João de Lima Teixeira Filho (apud SÜSSEKIND, 
2005): o papel do Estado, a estrutura sindical, a negociação coletiva e a solução 
dos conflitos coletivos de trabalho. 
Partindo de tal premissa, podemos fixar como elementos integrantes do 
Direito Coletivo a organização e administração sindical, calcadas na premissa da 
liberdade sindical (OIT, Convenções 87 e 98) e o estudo dos conflitos coletivos de 
trabalho, abrangendo as formas de solução dos conflitos, passando pela negocia-
ção coletiva e aportando no estudo das formas de autodefesa e de heterocom-
posição. 
Eis o porquê da nossa preferência por Direito Coletivo do Trabalho como deno-
minação, com a abrangência anteriormente indicada. A matéria não é pacífica, 
autores de renome (a exemplo de Rodrigues Pinto) falam em Direito Sindical e 
Coletivo do Trabalho, outros usam os vocábulos de maneira indiferenciada (por 
exemplo, Russomano); preferimos a expressão que a prática consagrou, pois per-
cebemos o Sindicato como um dos elementos integrantes das relações coletivas 
de trabalho, analisadas sob a óptica dos sujeitos.
Quanto ao sindicalismo no Brasil, afirmamos em outras obras que se no mundo 
as organizações sindicais tiveram campo amplo para seu desenvolvimento e for-
talecimento, aqui isso não aconteceu, quer pela industrialização tardia, quer pela 
legislação outorgada, ou pela própria base de princípios que até hoje norteia 
nosso Direito do Trabalho em sede coletiva. 
Influxos externos precipitaram os fatos no Direito pátrio, a exemplo das cor-
rentes de migração de trabalhadores europeus, influenciados pelas conquistas 
sindicais da época e a própria criação da Organização Internacional do Trabalho 
(OIT).O arcabouço tutelar da Era Vargas, todavia, arrefeceu o âmago revolucioná-
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Sindicalismo – Propedêutica
rio, pois a norma se antepôs à necessidade fática; afora isso, a Consolidação das 
Leis do Trabalho (CLT) de 1943 foi inspirada na Carta Constitucional de 1937, que 
negava a oposição capital-trabalho, enfeixava-os em doutrina corporativa, e via 
na greve não um direito, mas uma “manifestação antissocial”.
Ainda que fracionada pela Constituição Federal (CF) de 1988, é essa mesma 
base de princípios que até hoje nos rege e impende uma completa e profunda 
reestruturação. O prejuízo às formas autocompositivas é evidente, e estas não 
podem prescindir de estruturas sindicais representativas e fortes, o que não se 
verificou entre nós por condicionamentos históricos. Tal representatividade 
se pretende alcançar por intermédio da reforma na estrutura sindical.
Deve-se dizer ainda que a evolução sindical brasileira correlaciona-se direta-
mente com a maior ou menor democracia política existente.
Texto complementar
Convenção 87 da Organização 
Internacional do Trabalho: sobre a liberdade 
sindical e a proteção do Direito Sindical
A Conferência Geral da Organização Internacional do Trabalho:
Convocada em São Francisco pelo Conselho de Administração do Secretariado da Organi-
zação Internacional do Trabalho e reunida em 17 de junho de 1948, em sua 31.ª reunião;
Tendo decidido adotar, na forma de convenção, proposições relativas à liberdade sindical 
e à proteção do Direito Sindical, tema que constitui a sétima questão da ordem do dia da 
reunião;
Considerando que o Preâmbulo à Constituição da Organização Internacional do Trabalho 
declara que “o reconhecimento do princípio da liberdade sindical constitui um meio de 
melhorar as condições de trabalho e de promover a paz”;
Considerando que a Declaração de Filadélfia reafirma que “a liberdade de expressão e de 
associação é condição essencial para a continuidade do progresso”;
Considerando que a Conferência Internacional do Trabalho, em sua 30.ª reunião, adotou, 
por unanimidade, os princípios em que deve fundamentar-se a regulamentação interna-
cional;
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Sindicalismo – Propedêutica
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Considerando que a Assembleia Geral das Nações Unidas, em sua segunda reunião, endos-
sou esses princípios e solicitou à Organização Internacional do Trabalho que desse conti-
nuidade a seus esforços para tornar possível a adoção de uma ou várias convenções inter-
nacionais, adota, no nono dia de julho de mil novecentos e quarenta e oito, a seguinte 
Convenção que pode ser citada como a Convenção sobre a Liberdade Sindical e a Proteção 
do Direito Sindical, de 1948.
Parte I. Liberdade sindical
Art. 1.º Todo país-membro da Organização Internacional do Trabalho, no qual vigore a pre-
sente Convenção, compromete-se a tornar efetivas as disposições seguintes.
Art. 2.º Os trabalhadores e empregadores, sem distinção de qualquer espécie, terão o 
direito de constituir, sem prévia autorização, organizações de sua própria escolha e, sob a 
única condição de observar seus estatutos, a elas se filiarem.
Art. 3.º 1
I - As organizações de trabalhadores e de empregadores terão o direito de elaborar seus 
estatutos e regimentos, eleger livremente seus representantes, organizar sua administra-
ção e atividades e formular seus programas de ação.
II - As autoridades públicas abster-se-ão de qualquer intervenção que possa limitar esse 
direito ou cercear seu exercício legal.
Art. 4.º As organizações de trabalhadores e de empregadores não estarão sujeitas à dissolu-
ção ou suspensão por autoridade administrativa.
Art. 5.º As organizações de trabalhadores e de empregadores terão o direito de constituir 
federações e confederações, e de a elas se filiarem, e toda organização, federação ou con-
federação terá o direito de se filiar a organizações internacionais de trabalhadores e de 
empregadores.
Art. 6.º O disposto nos artigos 2.º, 3.º e 4.º desta Convenção aplica-se a federações e confe-
derações de organizações de trabalhadores e de empregadores.
Art. 7.º A aquisição de personalidade jurídica por organizações de trabalhadores e de 
empregadores, federações e confederações não estará sujeita a condições que restrinjam a 
aplicação do disposto nos artigos 2.º, 3.º e 4.º desta Convenção.
Art. 8.º
I - No exercício dos direitos providos nesta Convenção, trabalhadores, empregadores e suas 
respectivas organizações, da mesma forma que outras pessoas ou coletividades organiza-
das, deverão observar a legalidade.
II - A legislação nacional não deverá prejudicar nem ser aplicada de modo a prejudicar as 
garantias previstas nesta Convenção.
1 Data de entrada em vigor: 4 de julho de 1950.
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14
Sindicalismo – Propedêutica
Art. 9.º
I - A legislação nacional definirá a medida em que se aplicarão às forças armadas e à polícia 
as garantias providas nesta Convenção.
II - Nos termos do princípio estabelecido no parágrafo 8.º do artigo 19 da Constituição da 
Organização Internacional do Trabalho, a ratificação desta Convenção por um país-mem-
bro não será tida como derrogatória de lei, sentença, costume ou acordo já existentes que 
outorguem às forças armadas e à polícia qualquer direito garantido por esta Convenção.
Art. 10. Nessa Convenção, o termo organização significa toda organização de trabalhadores 
ou de empregadores que tenha como finalidade a promoção e a defesa dos interesses dos 
trabalhadores ou dos empregadores.
Parte II. Proteção do Direito Sindical
Art. 11. Todo país-membro da Organização Internacional do Trabalho, no qual vigore a 
presente Convenção, compromete-se a tomar todas as medidas necessárias e apropriadas 
para assegurar aos trabalhadores e aos empregadores o livre exercício do Direito Sindical.
Parte III. Disposições gerais
Art. 12.
I - Com relação aos territórios referidos no artigo 35 da Constituição da Organização Inter-
nacional do Trabalho, retificado pelo Instrumento de Emenda da Constituição da Organi-
zação Internacional do Trabalho, de 1946, ressalvados os territórios a que se referem os 
parágrafos 4.º e 5.º “do artigo retificado, todo país-membro da Organização que ratificar 
esta Convenção remeterá ao Diretor-Geral do Secretariado da Organização Internacional 
do Trabalho, juntamente com o instrumento de ratificação, ou, tão logo seja possível, decla-
ração que especifique”:
a) os territórios a respeito dos quais se compromete a aplicar, sem modificações, as dispo-
sições da Convenção;
b) os territórios a respeito dos quais se compromete a aplicar, com modificações, as dispo-
sições da Convenção, detalhando a natureza dessas modificações;
c) os territórios a respeito dos quais considera inaplicável a Convenção e, nesse caso, as 
razões dessa inaplicabilidade;
d) os territórios a respeito dos quais pospõe sua decisão.
II - Os compromissos a que se referem as alíneas “a” e “b” do parágrafo l.º deste artigo serão 
considerados parte integrante da ratificação e produzirão os mesmos efeitos.
III - Todo país-membro, com base nas alíneas “a”, “b” e “c” do parágrafo 1.º deste artigo, poderá 
cancelar, em qualquer tempo, no todo ou em parte, mediante nova declaração, quaisquer 
restrições feitas em sua declaração original.
IV - Todo país-membro poderá, em qualquer tempo, enquanto esta Convenção estiver 
sujeita à denúncia, enviar ao Diretor-Geral declaração que modifique, em qualquer outro 
sentido, os termos de uma declaração anterior e informe, com o detalhamento possível, 
sobre a situação atual com referência a esses territórios.
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Sindicalismo – Propedêutica
15
Art. 13.
I - Quando o objeto desta Convenção for da competência das autoridadesde um território 
não metropolitano, o país-membro responsável pelas relações internacionais desse terri-
tório poderá, com a concordância de seu governo, enviar ao Diretor-Geral do Secretariado 
da Organização Internacional do Trabalho declaração pela qual assume, em nome desse 
território, as obrigações desta Convenção.
II - Uma declaração, em que se aceitam as obrigações desta Convenção, poderá ser enviada 
ao Diretor-Geral do Secretariado da Organização Internacional do Trabalho por:
a) dois ou mais países-membros da Organização, com relação a um território que estiver 
sob sua autoridade conjunta;
b) qualquer autoridade internacional responsável pela administração de um território, em 
virtude da Carta das Nações Unidas ou de qualquer outra disposição em vigor relativa a 
esse território.
III - As declarações enviadas ao Diretor-Geral do Secretariado da Organização Internacional 
do Trabalho indicarão, nos termos dos parágrafos anteriores deste artigo, se as disposições 
da Convenção serão aplicadas, sem modificações no território em questão, ou se estarão 
sujeitas a modificações; quando indicar que as disposições da Convenção serão aplicadas 
com possíveis modificações, a declaração especificará em que consistem essas modifica-
ções.
IV - O país-membro ou os países-membros ou a autoridade internacional concernentes 
poderão, em qualquer tempo, mediante declaração posterior, renunciar total ou parcial-
mente ao direito de se valer de modificação indicada em declaração anterior.
V - O país-membro ou os países-membros ou a autoridade internacional concernentes 
poderão, enquanto esta Convenção estiver sujeita à denúncia, nos termos do disposto no 
artigo 16, enviar ao Diretor-Geral do Secretariado da Organização Internacional do Trabalho 
declaração que modifique, em qualquer sentido, os termos de alguma declaração anterior 
e informe sobre a situação atual com referência à aplicação da Convenção.
Parte IV. Disposições finais
Art. 14. As ratificações formais desta Convenção serão comunicadas, para registro, ao Dire-
tor-Geral do Secretariado da Organização Internacional do Trabalho.
Art. 15.
I - Esta Convenção obrigará unicamente os países-membros da Organização Internacional 
do Trabalho cujas ratificações tiverem sido registradas pelo Diretor-Geral.
II - Esta Convenção entrará em vigor doze meses após a data de registro, pelo Diretor-Geral, 
das ratificações de dois países-membros.
III - A partir de então esta Convenção entrará em vigor, para todo país-membro, doze meses 
após a data do registro de sua ratificação.
Art. 16.
I - O país-membro que ratificar esta Convenção poderá denunciá-la ao final de um período 
de dez anos, a contar da data de sua entrada em vigor, mediante comunicação ao Diretor-
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Sindicalismo – Propedêutica
-Geral do Secretariado da Organização Internacional do Trabalho para registro. A denúncia 
não terá efeito antes de se completar um ano a contar da data de seu registro.
II - Todo país-membro que ratificar esta Convenção e que, no prazo de um ano após expi-
rado o período de dez anos referido no parágrafo anterior, não tiver exercido o direito de 
denúncia provido neste artigo, ficará obrigado a um novo período de dez anos e, daí por 
diante, poderá denunciar esta Convenção ao final de cada período de dez anos, nos termos 
deste artigo.
Art. 17.
I - O Diretor-Geral do Secretariado da Organização Internacional do Trabalho dará ciência a 
todos os países-membros da Organização do registro de todas as ratificações, declarações 
e denúncias que lhe forem comunicadas pelos países-membros da Organização.
II - Ao notificar os países-membros da Organização sobre o registro da segunda ratificação 
que lhe tiver sido comunicada, o Diretor-Geral lhes chamará a atenção para a data em que 
a Convenção entrará em vigor.
Art. 18. O Diretor-Geral do Secretariado da Organização Internacional do Trabalho comu-
nicará ao Secretário Geral das Nações Unidas, para registro, nos termos do artigo 102 da 
Carta das Nações Unidas, informações circunstanciadas sobre todas as ratificações, declara-
ções e atos de denúncia por ele registrados, conforme o disposto nos artigos anteriores.
Art. 19. O Conselho de Administração do Secretariado da Organização Internacional do 
Trabalho apresentará à Conferência Geral, quando considerar necessário, relatório sobre o 
desempenho desta Convenção e examinará a conveniência de incluir na pauta da Confe-
rência a questão de sua revisão total ou parcial.
Art. 20.
I - No caso de adotar a Conferência uma nova convenção que reveja total ou parcialmente 
esta Convenção, a menos que a nova convenção disponha de outro modo:
a) a ratificação, por um país-membro, da nova convenção revista implicará, ipso jure, a partir 
do momento em que entrar em vigor a convenção revista, a denúncia imediata desta Con-
venção, não obstante as disposições do artigo 16 desta Convenção;
b) esta Convenção deixará de estar sujeita à ratificação pelos países-membros a partir da 
data de entrada em vigor da convenção revista.
II - Esta Convenção continuará a vigorar, na sua forma e conteúdo, nos países-membros que 
a ratificaram, mas não ratificarem a convenção revista.
Art. 21. As versões em inglês e francês do texto desta Convenção são igualmente oficiais.
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Sindicalismo – Propedêutica
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Ampliando seus conhecimentos
Estudo das convenções internacionais da OIT, que alicerçam o sindicalismo 
no mundo, com ênfase nas Convenções 87 e 98.
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Princípios elementares
A organização sindical é o alicerce do Direito do Trabalho e sua pedra fun-
damental é o princípio da liberdade sindical, inteligível como faculdade de 
autodeterminação, que está para a organização sindical como o livre-arbítrio 
para o ser humano. 
Usualmente, podemos conceituar princípios como os elementos institui-
dores do ordenamento jurídico. Em sede doutrinária, cogitavam-se emana-
ções do aludido princípio em duas searas, individual e coletiva. 
A liberdade sindical pode ser fracionada em subprincípios, que são liber-
dade de:
filiação; �
associação; �
organização; �
administração; e �
atuação. �
Assim, há que se iniciar o estudo pela liberdade de filiação, pensável sobre 
o aspecto positivo e negativo. No aspecto positivo, assiste aos membros da 
categoria o direito de se filiar ao sindicato e, no aspecto negativo, de se des-
ligar dele.
A Constituição assegura a liberdade de filiação em seu artigo 8.º, V: 
Art. 8.º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:
[...]
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato;
Assim, não pode a liberdade de filiação sofrer condicionantes externos 
que a ofendam, v.g., “[...] as cláusulas de exclusão de ingresso (closed shop)!” 
(RUSSOMANO, 1997, p. 68). Inviável, portanto, condicionar a contratação nas 
empresas apenas a filiados ao sindicato (open shop). Esse efeito representa 
uma emanação tipicamente individual da liberdade sindical. 
Organização e administração sindicais
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20
Organização e administração sindicais
Quanto às emanações coletivas, a primeira é a liberdade de associação, assim 
entendida como prerrogativa de reunião para defesa de interesses comuns. 
Expressa, portanto, direta decorrência do direito de reunião consagrado no artigo 
5.º, XVII, da Constituição Federal (CF), o qual pontifica que:
Art. 5.º [...]
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;
A liberdade de associação expressa liberdade de reunião, sob forma especí-fica, em torno de interesses profissionais. A liberdade de organização implica a 
possibilidade de os trabalhadores diretamente interessados criarem por sua livre 
escolha o sindicato.
No particular, a Constituição de 1988 fraciona o sistema anterior – em maté-
ria de liberdade sindical – ao proceder relativa desvinculação do sindicato em 
relação ao Estado, fazendo concessão na linha da Convenção 87 da Organização 
Internacional do Trabalho (OIT).
A Constituição derroga a previsão do artigo 520 da Consolidação das Leis do 
Trabalho (CLT): 
Art. 520. Reconhecida como sindicato a associação profissional, ser-lhe-á expedida carta de 
reconhecimento, assinada pelo Ministro do Trabalho, Indústria e Comércio, na qual será espe-
cificada a representação econômica ou profissional conferida e mencionada a base territorial 
outorgada.
A incompatibilidade resulta do cotejo da norma celetista com o que dispõe o 
artigo 8.º, I, da CF: 
Art. 8.º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o regis-
tro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organi-
zação sindical;
Dizemos, assim, que houve relativa desvinculação Estado-sindicato, eis que se 
é verdade que tornou dispensável autorização estatal para existência do sindi-
cato – antiga carta de reconhecimento sindical – e proibiu a Constituição, ainda, a 
interferência do Estado nos sindicatos, manteve, no entanto, a unicidade sindical. 
São dois os sistemas legais: unicidade sindical, na qual somente poderá existir 
um sindicato na mesma base territorial, e pluralidade sindical, na qual persiste 
livre a criação de quantos sindicatos deliberem as partes. Este último sistema, 
regra geral, atribui legitimidade ao sindicato mais representativo para negociar 
coletivamente.
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Organização e administração sindicais
21
O sistema ideal para os autores é a unidade, ou seja, unicidade na pluralidade, 
vale dizer, a possível criação de mais um sindicato (não havendo vedação legal). 
Porém, os interessados deliberam voluntariamente para criar apenas um.
A Constituição filiou-se à unicidade ao afirmar no artigo 8.º que:
Art. 8.º [...]
II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de 
categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos traba-
lhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um Município;
A Convenção 87 da OIT trilha a pluralidade, pelo que afirma sem sobressaltos 
existir no Brasil uma liberdade sindical mitigada, senão mutilada, quer pela unici-
dade, quer pelos decorrentes limites à base territorial.
A liberdade de administração encontra-se reconhecida no artigo 8.º, I, da Carta 
Constitucional de 1988 e veda interferência do Estado na gestão do sindicato, 
que deve ter liberdade na elaboração de seu estatuto, órgãos internos (inclusive 
número de diretores), encontrando-se derrogados, conforme entendemos, todos 
os dispositivos que interferem nos aludidos aspectos. 
Questão curiosa ocorre com o comando da CLT (art. 522), a qual vaticina que:
Art. 522. A administração do Sindicato será exercida por uma diretoria constituída, no máximo, 
de 7 (sete) e, no mínimo, de 3 (três) membros e de um Conselho Fiscal composto de 3 (três) 
membros, eleitos esses órgãos pela assembleia geral.
Ressalte-se, no particular, a tendência jurisprudencial de limitar o número de 
dirigentes que gozam de estabilidade ao número referido no artigo 522 da CLT, 
o que vale dizer, em nosso entendimento, que o sindicato pode fixar o número 
de dirigentes, mas até que advenha nova regulamentação, apenas são estáveis 
aqueles que observem o limite legal estatuído.
Merece citação particular, todavia, a jurisprudência do Tribunal Superior do 
Trabalho (TST):
N. 369. DIRIGENTE SINDICAL. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. 
[...]
II - O artigo 522 da CLT foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988. Fica limitada, assim, 
a estabilidade a que alude o art. 543, §3.º, da CLT a sete dirigentes sindicais e igual número de 
suplentes.
Por fim, sobre a liberdade de atuação, importa reconhecer que, afora a tutela e 
salvaguarda de interesses profissionais, o sindicato deve, em esfera de liberdade, 
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22
Organização e administração sindicais
definir seu campo de atividade abrangendo por vezes preocupação com os exclu-
ídos do trabalho, cultura, lazer e mesmo da atividade política, ainda aqui derroga-
das as normas celetistas em sentido contrário. 
Assim se encontram normas derrogadas como a do artigo 521 da CLT: 
Art. 521. São condições para o funcionamento do sindicato:
a) proibição de qualquer propaganda de doutrinas incompatíveis com as instituições e os inte-
resses da Nação, bem como de candidaturas a cargos eletivos estranhos ao Sindicato;
[...]
d) proibição de quaisquer atividades não compreendidas nas finalidades mencionadas no 
artigo 511, inclusive as de caráter político-partidário;
e) proibição de cessão gratuita ou remunerada da respectiva sede à entidade de índole polí-
tico-partidária.
Organização sindical: estrutura 
Se voltarmos os olhos à nossa estrutura sindical, iremos nos deparar com graus 
superpostos que levam a reconhecer a existência de associações sindicais de grau 
inferior (sindicato) e superior (federação e confederação). 
Os sindicatos são a expressão nuclear do sistema, reunindo categoria profis-
sional (empregados) ou econômica (empregadores), por exceção, também pro-
fissionais liberais. 
Em origem, a criação dos sindicatos foi condicionada à passagem por status 
embrionários de associação profissional e à outorga da carta de reconhecimento 
sindical que lhes dava a representatividade jurídica da categoria. Assim, o Estado 
interferia diretamente nos sindicatos em explícita violência à liberdade sindical. A 
Constituição de 1988, reconhecendo a liberdade de organização, pôs fim à carta 
de reconhecimento. 
Permaneceu durante longo período a estrutura sindical estagnada em nível 
inferior e superior: sindicato, reunindo categoria econômica ou profissional, em 
nível inferior; e dois níveis superiores – federação, reunião de ao menos cinco 
agremiações de base (sindicatos) e confederações (que agrupam federações e 
têm sede na Capital Federal). 
Nesse sentido, as disposições do artigo 533 e seguintes da CLT:
Art. 533. Constituem associações sindicais de grau superior as federações e confederações orga-
nizadas nos termos desta Lei.
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Organização e administração sindicais
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Art. 534. É facultado aos sindicatos, quando em número não inferior a 5 (cinco), desde que repre-
sentem a maioria absoluta de um grupo de atividades ou profissões idênticas, similares ou cone-
xas, organizarem-se em federação.
Art. 535. As Confederações organizar-se-ão com o mínimo de 3 (três) federações e terão sede na 
capital da República.
A formulação arcaica foi recepcionada pela Constituição e deixava à margem 
as formas mais representativas da organização sindical: as centrais sindicais. 
As centrais sindicais foram a resposta autêntica dos trabalhadores à obsoles-
cente estrutura vigente. Constituindo-se, inicialmente, a partir da Central Geral 
dos Trabalhadores (CGT), posteriormente Central Única dos Trabalhadores (CUT) e 
Força Sindical, foram ganhando foros de representatividade no plano dos fatos.
Todavia, as centrais sindicais não detinham representatividade jurídica dos 
trabalhadores, por absoluta impossibilidade de se amoldarem, sequer em tese, à 
rígida estrutura celetista construída derredor do conceito de categoria. 
Ainda assim, o legislador por intermédio da Lei 11.648/2008 introduziua cen-
tral sindical no sistema que passa a contar com quatro níveis, a saber: sindicatos, 
federação, confederação e central sindical. Frise-se que em edições anteriores 
defendemos a referida mudança, agora finalmente implementada. 
As centrais são fenômeno comum em âmbito internacional, valendo uma refe-
rência às norte-americanas American Federation of Labor e Congress of Industrial 
Organization, hoje fundidas. 
Texto complementar
Lei 11.648/2008
Dispõe sobre o reconhecimento formal das centrais sindicais para os fins que espe-
cifica, altera a Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, aprovada pelo Decreto-Lei 
5.452, de 1.º de maio de 1943, e dá outras providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA faço saber que o Congresso Nacional decreta 
e eu sanciono a seguinte Lei:
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Organização e administração sindicais
Art. 1.º A central sindical, entidade de representação geral dos trabalhadores, constituída 
em âmbito nacional, terá as seguintes atribuições e prerrogativas:
I - coordenar a representação dos trabalhadores por meio das organizações sindicais a ela 
filiadas; e
II - participar de negociações em fóruns, colegiados de órgãos públicos e demais espaços 
de diálogo social que possuam composição tripartite, nos quais estejam em discussão 
assuntos de interesse geral dos trabalhadores.
Parágrafo único. Considera-se central sindical, para os efeitos do disposto nesta Lei, a enti-
dade associativa de direito privado composta por organizações sindicais de trabalhadores.
Art. 2.º Para o exercício das atribuições e prerrogativas a que se refere o inciso II do caput do 
art. 1.º desta Lei, a central sindical deverá cumprir os seguintes requisitos:
I - filiação de, no mínimo, 100 (cem) sindicatos distribuídos nas 5 (cinco) regiões do País;
II - filiação em pelo menos 3 (três) regiões do País de, no mínimo, 20 (vinte) sindicatos em 
cada uma;
III - filiação de sindicatos em, no mínimo, 5 (cinco) setores de atividade econômica; e
IV - filiação de sindicatos que representem, no mínimo, 7% (sete por cento) do total de 
empregados sindicalizados em âmbito nacional.
Parágrafo único. O índice previsto no inciso IV do caput deste artigo será de 5% (cinco por 
cento) do total de empregados sindicalizados em âmbito nacional no período de 24 (vinte 
e quatro) meses a contar da publicação desta Lei.
Art. 3.º A indicação pela central sindical de representantes nos fóruns tripartites, conselhos 
e colegiados de órgãos públicos a que se refere o inciso II do caput do art. 1.º desta Lei será 
em número proporcional ao índice de representatividade previsto no inciso IV do caput do 
art. 2.º desta Lei, salvo acordo entre centrais sindicais.
§1.º O critério de proporcionalidade, bem como a possibilidade de acordo entre as centrais, 
previsto no caput deste artigo não poderá prejudicar a participação de outras centrais sin-
dicais que atenderem aos requisitos estabelecidos no art. 2.º desta Lei.
§2.º A aplicação do disposto no caput deste artigo deverá preservar a paridade de repre-
sentação de trabalhadores e empregadores em qualquer organismo mediante o qual sejam 
levadas a cabo as consultas. 
Art. 4.º A aferição dos requisitos de representatividade de que trata o art. 2.º desta Lei será 
realizada pelo Ministério do Trabalho e Emprego.
§1.º O Ministro de Estado do Trabalho e Emprego, mediante consulta às centrais sindicais, 
poderá baixar instruções para disciplinar os procedimentos necessários à aferição dos 
requisitos de representatividade, bem como para alterá-los com base na análise dos índices 
de sindicalização dos sindicatos filiados às centrais sindicais.
§2.º Ato do Ministro de Estado do Trabalho e Emprego divulgará, anualmente, relação das 
centrais sindicais que atendem aos requisitos de que trata o art. 2.º desta Lei, indicando 
seus índices de representatividade.
Art. 5.º Os arts. 589, 590, 591 e 593 da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, aprovada 
pelo Decreto-Lei 5.452, de 1.º de maio de 1943, passam a vigorar com a seguinte redação:
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Organização e administração sindicais
25
“Art. 589. [...]
I - para os empregadores:
a) 5% (cinco por cento) para a confederação correspondente;
b) 15% (quinze por cento) para a federação;
c) 60% (sessenta por cento) para o sindicato respectivo; e
d) 20% (vinte por cento) para a ‘Conta Especial Emprego e Salário’;
II - para os trabalhadores:
a) 5% (cinco por cento) para a confederação correspondente;
b) 10% (dez por cento) para a central sindical;
c) 15% (quinze por cento) para a federação;
d) 60% (sessenta por cento) para o sindicato respectivo; e
e) 10% (dez por cento) para a ‘Conta Especial Emprego e Salário’;
III - (revogado);
IV - (revogado).
§1.º O sindicato de trabalhadores indicará ao Ministério do Trabalho e Emprego a central 
sindical a que estiver filiado como beneficiária da respectiva contribuição sindical, para fins 
de destinação dos créditos previstos neste artigo.
§2.º A central sindical a que se refere a alínea b do inciso II do caput deste artigo deverá 
atender aos requisitos de representatividade previstos na legislação específica sobre a 
matéria.” (NR)
“Art. 590. Inexistindo confederação, o percentual previsto no art. 589 desta Consolidação 
caberá à federação representativa do grupo.
§1.º (Revogado).
§2.º (Revogado).
§3.º Não havendo sindicato, nem entidade sindical de grau superior ou central sindical, a 
contribuição sindical será creditada, integralmente, à ‘Conta Especial Emprego e Salário’.
§4.º Não havendo indicação de central sindical, na forma do §1.º do art. 589 desta Con-
solidação, os percentuais que lhe caberiam serão destinados à ‘Conta Especial Emprego e 
Salário’.” (NR)
“Art. 591. Inexistindo sindicato, os percentuais previstos na alínea c do inciso I e na alínea d 
do inciso II do caput do art. 589 desta Consolidação serão creditados à federação correspon-
dente à mesma categoria econômica ou profissional.
Parágrafo único. Na hipótese do caput deste artigo, os percentuais previstos nas alíneas a e 
b do inciso I e nas alíneas a e c do inciso II do caput do art. 589 desta Consolidação caberão 
à confederação.” (NR)
“Art. 593. As percentagens atribuídas às entidades sindicais de grau superior e às centrais 
sindicais serão aplicadas de conformidade com o que dispuserem os respectivos conselhos 
de representantes ou estatutos.
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26
Organização e administração sindicais
Parágrafo único. Os recursos destinados às centrais sindicais deverão ser utilizados no cus-
teio das atividades de representação geral dos trabalhadores decorrentes de suas atribui-
ções legais.” (NR)
Art. 6.º (VETADO)
Art. 7.º Os arts. 578 a 610 da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, aprovada pelo Decre-
to-Lei 5.452, de 1.º de maio de 1943, vigorarão até que a lei venha a disciplinar a contri-
buição negocial, vinculada ao exercício efetivo da negociação coletiva e à aprovação em 
assembleia geral da categoria.
Art. 8.º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. 
Brasília, 31 de março de 2008; 187.º da Independência e 120.º da República.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Tarso Genro
Carlos Lupi
Ampliando seus conhecimentos
Estudo das convenções internacionais da OIT, com ênfase nas Convenções 87 
e 98, que alicerçam o sindicalismo no mundo. 
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A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) esboça o conceito de sindicato 
em seu artigo 511 ao dispor:
Art. 511. É lícita a associação para fins de estudo, defesae coordenação dos seus interesses 
econômicos ou profissionais de todos os que, como empregadores, empregados, agen-
tes ou trabalhadores autônomos, ou profissionais liberais, exerçam, respectivamente, a 
mesma atividade ou profissão ou atividades ou profissões similares ou conexas.
No particular, em análise sintética, podemos pensar o fenômeno como 
associação permanente para defesa de interesses profissionais ou econômi-
cos, isso de modo a reconhecer a figura do sindicato que congrega emprega-
dores, cogitado no Direito nacional. 
Resulta claro do conceito proposto pelo legislador, que o sindicato pode 
reunir categoria profissional, econômica ou trabalhadores autônomos, sendo 
esta sua classificação mais relevante. 
Rememore-se a extensão constitucional da sindicalização ao servidor 
público civil, conforme legitima o artigo 37, VI, da Constituição Federal (CF) 
ao dispor que:
Art. 37. [...]
VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre associação sindical.
Nota de referência também se faz à vedação de sindicalização ao servi-
dor público militar, consoante previsão específica do artigo 42, parágrafo 1.º, 
cumulado com o artigo 142, parágrafo 3.º, IV, da Carta Magna, a saber:
Art. 42. Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, instituições 
organizadas com base na hierarquia e disciplina são militares dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Territórios.
§1.º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, além do que 
vier a ser fixado em lei, as disposições do artigo 14, parágrafo 8.º; do artigo 40, parágrafo 
9.º; e do artigo 142, parágrafos 2.º e 3.º, cabendo a lei estadual específica dispor sobre as 
matérias do artigo 142, parágrafo 3.º, inciso X, sendo as patentes dos oficiais conferidas 
pelos respectivos governadores.
O sindicato como 
base da estrutura sindical
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O sindicato como base da estrutura sindical
Art. 142. [...]
§3.º Os membros das Forças Armadas são denominados militares, aplicando-se-lhes, além das 
que vierem a ser fixadas em lei, as seguintes disposições:
[...]
IV - ao militar são proibidas a sindicalização e a greve;
Muitas, todavia, são as dúvidas derredor da figura jurídica do sindicato, a prin-
cipiar por sua natureza jurídica. 
A possibilidade de criação de normas jurídicas e de exercício de verdadeiro 
poder de tributar, para alguns autores, traçaria seu perfil publicista, tese hoje 
minoritária. 
O sindicato busca a tutela de interesses particulares, sendo pacífica a possibili-
dade de os particulares criarem norma jurídica, pluralismo jurídico, v.g., costume, 
mas, também, o acordo coletivo e a convenção coletiva. 
No particular, digladiam-se monistas e pluralistas, sendo, todavia, a visão mo-
nista de Estado (como único centro produtor de normas jurídicas), hoje, supe-
rada.
Além disso, a contribuição sindical obrigatória revela exclusivamente interfe-
rência estatal imprópria, resquício de período autoritário, não sendo hábil a des-
naturar a inegável qualidade do sindicato de pessoa jurídica de Direito Privado, 
por consequência mesmo das universais Convenções 87 e 98 da Organização 
Internacional do Trabalho (OIT).
Registre-se que parte da doutrina alude à natureza semipública ou híbrida, 
que, ao que nos parece, nada explicita ou acresce. 
O constituinte fixou no esteio da unicidade sindical a base territorial mínima 
de um município, violando a liberdade sindical, em particular o subprincípio da 
liberdade de organização. Devem os próprios interessados fixar a base territorial, 
tese rejeitada em nosso Direito, mas sufragada nas normas oriundas da OIT.
Aliás, a manutenção da unicidade sindical tem aturdido os operadores do 
Direito acerca do registro do sindicato.
Expliquemo-nos.
Qual o órgão competente? O cartório de registro de pessoas jurídicas ou o 
Ministério do Trabalho?
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O sindicato como base da estrutura sindical
31
 A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF) tem se encaminhado pela 
competência do Ministério do Trabalho e Emprego que, entretanto, praticaria 
ato administrativo vinculado, simples verificação de atendimento aos requisitos 
legais, dentre os quais respeito à unicidade. 
Neste diapasão, o STF fez consignar na Súmula 677 que, “[...] até que lei venha 
a dispor a respeito, incumbe ao Ministério do Trabalho proceder ao registro das 
entidades sindicais e zelar pela observância do Princípio da Unicidade”.
O registro do sindicato foi mantido no artigo 8.º da Constituição que se furtou 
a indicar, todavia, o órgão competente, nascedouro da controvérsia acima lance-
tada.
Rememore-se que os dissídios sindicais sobre representatividade foram agora 
encaminhados à competência da Justiça do Trabalho pela Emenda Constitucional 
(EC) 45/2004, conforme dispõe o artigo 114, III:
Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:
[...]
III - as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e 
entre sindicatos e empregadores;
Outro ponto controverso são os órgãos componentes do sindicato, antes 
indicados taxativamente na CLT (art. 522). A possibilidade de livre administração 
sindical reconhecida na CF (art. 8.º) implica reconhecer não ter sido a regra no 
particular recepcionada, ressalva feita ao número de dirigentes que gozarão de 
estabilidade, segundo a jurisprudência. 
Certo é que a assembleia geral, órgão deliberativo que reúne os integrantes da 
categoria profissional ou econômica, sendo soberana elege: a diretoria, que equi-
vale ao órgão executivo encarregado de operacionalizar as decisões da assem-
bleia e implementar dia a dia as tarefas inerentes à razão de existir do sindicato, a 
defesa dos interesses da categoria; e o conselho fiscal, em que repousa a gestão 
financeira do sindicato. Esse órgãos são vistos como essenciais à configuração de 
qualquer sindicato, nada obstante se possam a eles ajuntar outros, como consul-
tivos e assistenciais.
Questão última são as receitas sindicais, constituídas de quatro tipos: con-
tribuições voluntárias (que possuem caráter de doação); contribuição assisten-
cial (presente mais das vezes nos acordos e convenções em percentual sobre os 
ganhos obtidos na negociação coletiva); imposto sindical (contribuição obrigató-
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32
O sindicato como base da estrutura sindical
ria que equivale a um dia de salário, calculada sobre o mês de março e prevista na 
CLT enquanto objeto de repartição em percentuais de 60% para o sindicato, 15% 
para a federação e 5% para a confederação, 10% que reverte ao próprio Ministé-
rio do Trabalho e 10% para a central sindical) e, por derradeiro, contribuição para 
manutenção do sistema confederativo (passível de ser criada em assembleia e 
válida apenas aos associados).
A contribuição para manutenção do sistema confederativo foi criação da legis-
lação de 1988 encontrando supedâneo no artigo 8.º, IV, ao dispor que 
Art. 8.º [...] 
IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será 
descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respec-
tiva, independentemente da contribuição prevista em lei.
A manutenção do imposto sindical, que é substituído na proposta de revisão 
da estrutura sindical, pela contribuição negocial, revela imprópria interferência 
do legislador, devendo o próprio organismo sindical perseguir sua fonte de cus-
teio, como diretriz geral de independência em face do Estado, reconhecida no 
plano internacional.
Ampliando seus conhecimentos
Estudo das convenções internacionais da OIT, com ênfase nas Convenções 87 
e 98, que alicerçam o sindicalismo no mundo. 
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Há que se proceder à separação entre relações individuais e coletivas de 
trabalho. Nas primeiras, a preocupação da norma se direciona a cada uma 
das relações entre empregado e empregador, ao passo que, nas últimas, o 
cerne é o conjunto dos trabalhadores, mas considerado enquanto unidade e 
somente por via reflexa cada um dos seus componentes.
Em sociedade, a persecução de um interesse por vezes implica um choque 
com o interesse de outrem, surgindo o conflito, a lide, que pode ser qualifi-
cado, a partir do tipo de relação jurídica, como individual ou coletivo.
Os autores em sede de Teoria Geral do Processo conceituam conflito ou 
lide nos moldes mencionados. Nesse sentido, o escólio de Alexandre de Frei-
tas Câmara (2004, p. 67):
Como é por demais conhecido, Carnelutti construiu todo o seu sistema jurídico em torno 
do conceito lide, instituto de origem metajurídica que o mesmo definia como conflito de 
interesses degenerado pela pretensão de uma das partes e pela resistência da outra.
Exatamente neste diapasão é a lição de Cândido Rangel Dinamarco (2001, 
p. 296): “Conhecidíssima doutrina, que o Código de Processo Civil endossa, 
sustenta que o objeto do processo seria representado pela lide – sendo esta 
o conflito de interesses qualificado por uma pretensão resistida (Carnelutti).”
A necessidade de paz social e superação do impasse trouxe, ao longo da 
evolução do Direito do Trabalho, modos diversos de composição dos con-
flitos coletivos de trabalho, que passaram, em estágio primitivo, no período 
pós-Revolução Industrial, pela autodefesa, notadamente a greve. 
Em verdade, provém a autodefesa de reminiscência dos idos da vingança 
privada, fenômeno muito estudado. Sobre a denominada “vingança privada”, 
rememore-se o magistério de Ovídio Baptista da Silva (2001, p. 14):
Afastada como teve de ser, necessariamente, a defesa privada, levada a efeito por seu pró-
prio titular, em regime de autotutela, já porque este tipo de realização gera uma constante 
intranquilidade e compromete irremediavelmente a convivência social, já porque a reali-
zação privada do direito nem sempre resultará na vitória daquele que efetivamente tinha 
razão, mas acabará impondo simplesmente a preponderância do interesse do mais forte, 
ou do mais astuto [...]
Conflitos coletivos 
de trabalho e suas soluções
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Conflitos coletivos de trabalho e suas soluções
Paulatinamente se foram agregando formas não belicosas como a autocom-
posição, por decorrência do surgimento do sindicato e do implemento da prática 
da negociação coletiva e da heterocomposição, quando um terceiro interfere na 
solução do litígio. 
A persecução pelos próprios interessados da resolução do conflito de interes-
ses pela disciplina das condições de trabalho e das relações recíprocas entre as 
suas entidades representativas revela o conceito de negociação coletiva.
Enquanto processo que, conceituando de forma geral, significa sequência 
ordenada de atos para dada finalidade, a negociação coletiva se pauta em inúme-
ros princípios, dentre os quais citamos:
concertação permanente; �
relativa igualdade das partes; �
autonomia privada coletiva; �
boa-fé; �
paz social. �
Por concertação permanente, entendemos aquilo que muitos nominam ines-
cusabilidade negocial (João de Lima Teixeira Filho), cooperação e contraditório 
(Rodrigues Pinto). Vale dizer que as entidades sindicais, por sua ratio essencial 
de tutela corporativa, devem estar em constante harmonização de interesses, 
aferindo postulações, opondo razões de concordância e discordância, enquanto 
mecanismo de amenização dos interesses contrapostos. 
O pressuposto que torna possível tal concertação é a relativa igualdade das 
partes, força do número e possibilidade de autotutela, ou seja, a greve (categoria 
profissional) em oposição à força do capital (categoria econômica), porque, não 
nos parece que goze de aplicação direta em Direito Coletivo o princípio da prote-
ção, pois as partes são presumivelmente iguais, o que assegura a livre negociação, 
preservadas as normas de ordem pública (espécie), que não se confundem com 
aquelas simplesmente denominadas indisponíveis (gênero). 
A boa-fé assegura o direito de informação que aparelhará os negociadores, 
por exemplo, sobre fatos relevantes da economia empresarial, enquanto que o 
ajuste espontâneo atrai o dever de paz social, de trégua entre as partes, a título 
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Conflitos coletivos de trabalho e suas soluções
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de exemplo, no período de vigência da norma gestada pelos interlocutores das 
categorias contrapostas quando não se pode reabrir o embate intersindical. 
São múltiplos os instrumentos de negociação coletiva, assim entendidos todos 
os que veiculem pretensões contrapostas e de que participem categorias econô-
micas e profissionais. 
Seguindo tal critério, observamos o escólio de Rodrigues Pinto (2003) para 
embutir, enquanto instrumentos de negociação, as convenções internacionais, 
em razão mesmo da natureza tripartite da Organização Internacional do Trabalho 
(OIT), que alberga representação de trabalhadores, empregadores e dos Estados 
Soberanos; os pactos sociais, compromissos tripartites de âmbito nacional cele-
brados, regra geral, em momentos de crise ou profunda transformação social; 
convenção coletiva, acordo normativo intersindical com o objetivo de regrar 
condições de trabalho; acordo coletivo, cuja diferença específica da convenção 
assenta sobre as partes, sindicato da categoria profissional e empresa ou grupo 
de empresas; contrato coletivo, recente nível de negociação citada por normas de 
política laboral de abrangência nacional, pendente de regulamentação e defini-
ção precisa e nos países em que conta com a necessária aprovação dos trabalha-
dores, como na França, o regulamento de empresa. 
Merece ser salientada a importância da convenção coletiva conceituada pelo 
legislador no artigo 611 da Consolidação das Leis de Trabalho (CLT) nos seguintes 
termos:
Art. 611. Convenção Coletiva de Trabalho é o acordo de caráter normativo pelo qual dois ou mais 
sindicatos representativos de categorias econômicas e profissionais estipulam condições de tra-
balho aplicáveis, no âmbito das respectivas representações, às relações individuais do trabalho.
Quanto à sua natureza jurídica, doutrinariamente se reconhece o hibridismo 
de contrato e norma. Afigura-se norma por prazo determinado com duração 
máxima de dois anos, cujas disposições se aplicam a toda a categoria.
Paralelamente ao estudo da negociação coletiva e seus instrumentos, temos, 
dentre os mecanismos voltados à composição do litígio: a mediação, a concilia-
ção e a arbitragem. 
Colhem-se da doutrina inúmeros conceitos e distinções possíveis entre me-
diação, conciliação e arbitragem. Cumpre enfatizar, por sua precisão, as lições de 
João de Lima Teixeira Filho (apud SÜSSEKIND, 2002, p. 1.189):
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Conflitos coletivos de trabalho e suas soluções
A mediação é o processo dinâmico de convergência induzida ao entendimento. Visa à progres-
siva redução do espaço faltante para o atingimento do ponto de equilíbrio em torno do qual o 
consenso das partes se perfaz, livrando-as do impasse ou retirando-as da posição de conflito. A 
mediação é conduzida por um terceiro, estranho às tratativas interrompidas. [...] Nada obstante 
iluminada pelo mediador, a decisão é tomada de motu proprio pelos interessados. O media-
dor não tem poder decisório. [...] No Brasil, à luz do direito positivo,a conciliação difere apenas 
extrinsecamente da mediação. Intrinsecamente, como visto, têm tudo em comum. A diferencia-
ção formal entre esses institutos está em que: 
a) a escolha do conciliador independe da vontade das partes, porquanto predeterminado em 
lei: a Comissão de Conciliação Prévia, quando instalada (Lei 9.958, de 12.1.2000), ou o juiz ou 
tribunal do trabalho, que, inclusive, deve usar da “persuasão no sentido de uma solução conci-
liatória dos conflitos” (CLT, art. 764, §1.º); 
b) a conciliação configura-se em uma situação peculiar – exercício do direito público subjetivo 
de acesso ao Judiciário. Como a tentativa de conciliação é condição específica da ação traba-
lhista (Lei 9.958, de 12.1.2000) e como “os dissídios individuais e coletivos submetidos à Justiça 
do Trabalho serão sempre sujeitos à conciliação” (CLT, art. 764, caput), o juízo conciliatório é 
uma etapa obrigatória do procedimento judicial trabalhista, seja individual (CLT, arts. 831, 846 
e 850), seja coletivo (CLT, art. 860). A tal ponto a função conciliatória avulta em importância na 
Justiça do Trabalho que sua inocorrência, nos dissídios individuais, acarreta nulidade de todo o 
processado. 
Derredor do instituto da arbitragem, aduz ainda o preclaro autor tratar-se de 
“[...] mecanismo auxiliar ao qual as partes podem recorrer para concluir a negocia-
ção coletiva que diretamente não lograram compor,” ressaltando seu caráter deci-
sório, “[...] e não meramente sugestiva ou indutora, como a mediação.” (TEIXEIRA 
FILHO apud SÜSSEKIND, 2002, p. 1.200-1.205).
Ainda neste diapasão e cotejando a arbitragem em relação à mediação, asse-
vera Rodrigues Pinto (2003, p. 269):
A arbitragem tem da heterocomposição o elemento característico da intervenção de terceiro 
investido de autoridade decisória para a solução do conflito. Conserva, porém, da autocompo-
sição o elemento consensual da escolha do árbitro na busca dessa solução. Do mesmo modo 
que a mediação, a arbitragem privada ou o juízo arbitral, como se denomina em nosso Direito, 
conserva em seu interior o traço autocompositivo da solução do conflito.
O mediador, inicialmente, busca aproximar as partes, reduzindo as discrepân-
cias entre elas para que possam assim elaborar por conta própria a solução da 
contenda. O enquadramento da mediação como auto ou heterocomposição irá 
depender do conceito adotado para cada uma das espécies acima indicadas, que 
varia de autor a autor. Alguns percebem heterocomposição no fato de entre as 
partes se interpor um terceiro. Para outros, apenas quando a solução provém do 
terceiro e não das partes. 
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Conflitos coletivos de trabalho e suas soluções
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Certo é que na mediação participa terceiro de livre escolha das partes e que 
este não tem poder decisório, mas apenas sugestivo. 
A conciliação se diferencia da mediação por dois elementos: primeiro, não 
vigora livre escolha do terceiro, como ocorre dentre nós na Lei 9.958/2000 e nas 
determinações de tentativa obrigatória de conciliação dos dissídios trabalhistas; 
segundo, porque se imbrica com o exercício do Direito Público subjetivo de ação. 
Afora esses fatores externos, a solução aqui provém das próprias partes, tal qual 
na mediação e não do terceiro que apenas a chancela. 
A arbitragem é abrangida pelas formas de heterocomposição, pois aqui o ter-
ceiro atua em substituição à vontade das partes. É importante frisar que a arbi-
tragem é indicada à solução dos conflitos coletivos de trabalho, sendo repudiada 
nos dissídios individuais. 
Rememore-se que a arbitragem se reporta a direitos disponíveis, sendo extre-
mamente limitada a possibilidade de, na relação individual de trabalho, o obreiro 
ter reconhecida tal liberdade em razão das normas da CLT que inibem a renúncia 
e a transação. É o que se colhe, por exemplo, do artigo 9.º ao asseverar que:
Art. 9.º Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou 
fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação.
E mesmo em adendo de forma específica do artigo 468 da CLT, que prevê: 
Art. 468. Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições 
por mútuo consentimento, e ainda assim, desde que não resultem, direta ou indiretamente, 
prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia.
Assim e mesmo em razão do princípio da irrenunciabilidade dos direitos, temos 
a inaplicabilidade da arbitragem na seara individual, como regra.1 
O mesmo não ocorre nos dissídios coletivos, eis que vigora relativa igualdade, 
reconhecendo o legislador em nosso ordenamento a autodeterminação coletiva, 
entendida como autonomia privada coletiva. 
A Lei 9.307/96 disciplina a arbitragem que exclui a jurisdição, tendo sido reco-
nhecida como constitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF) como se colhe 
do seguinte arresto:
1 Em sentido contrário, decisão do Superior Tribunal de Justiça adunada na seção Texto complementar.
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Conflitos coletivos de trabalho e suas soluções
Ementa: [...] Lei de Arbitragem (9.307/96): constitucionalidade, em tese, do juízo arbitral; discus-
são incidental da constitucionalidade de vários dos tópicos da nova lei, especialmente acerca 
da compatibilidade, ou não, entre a execução judicial específica para a solução de futuros con-
flitos da cláusula compromissória e a garantia constitucional da universalidade da jurisdição 
do Poder Judiciário (CF, art. 5.º, XXXV). Constitucionalidade declarada pelo plenário, conside-
rando o Tribunal, por maioria de votos, que a manifestação de vontade da parte na cláusula 
compromissória, quando da celebração do contrato, e a permissão legal dada ao juiz para que 
substitua a vontade da parte recalcitrante em firmar o compromisso não ofendem o artigo 5.º, 
inciso XXXV, da Constituição Federal. (STF – Agravo Regimental em Homologação de Sentença 
Estrangeira – SE 5.206-7 – Tribunal Pleno – Rel. Min. Sepúlveda Pertence – Votação por maioria 
– DJ de 12/12/2001)
Aliás, a dúvida se pautava no eventual conflito da norma com o disposto no 
artigo 5.º, XXXV, da Constituição Federal (CF) que assegura que “a lei não excluirá 
da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito” cumprindo ressaltar 
que, com base na Lei 9.307/96, tratamos de questões envolvendo direitos dispo-
níveis, circunscrevendo-se uma eventual apreciação pelo Poder Judiciário da aná-
lise da validade da sentença arbitral e, por conseguinte, uma possível declaração 
de nulidade; intangível, todavia, resta o mérito da decisão arbitral.2
A arbitragem pode ser pactuada previamente ao litígio (cláusula compromis-
sória) ou de modo posterior à lide (compromisso arbitral) e atinge o epílogo com 
o laudo arbitral que, na sistemática pátria, independe de homologação; cum-
prindo, por derradeiro, assinalar as ponderações tecidas por Fredie Didier Junior 
(2005, p. 73):
Cláusula compromissória é a convenção em que as partes resolvem que as divergências oriundas 
de certo negócio jurídico serão resolvidas pela arbitragem, prévia e abstratamente; as partes, 
antes do litígio ocorrer, determinam que, ocorrendo, a sua solução, qualquer que seja ela, 
desde que decorra de certo negócio jurídico, ocorrerá pela arbitragem. Compromisso arbitral é 
o acordo de vontades para submeter uma controvérsia concreta, já existente, ao juízo arbitral, 
prescindindo do Poder Judiciário.
2 Em nada discorda este entendimento, aliás, da conclusão esposada por Rodolfo Pamplona Filho (1999, p. 218) para quem não 
há “[...] como se afastar a atuação do Poder Judiciário em relação às nulidades porventura ocorrentes. Sua atuação, entretanto, 
não poderá, obviamente, modificar o mérito da decisão arbitral, o que, em si mesmo, não é algo inovador no Direito brasileiro, 
se levarmos em consideração, por exemplo,que o Poder Judiciário não pode discutir também o conteúdo do ato administrativo 
discricionário, mas apenas sua legalidade (o que a doutrina e jurisprudência consolidada consideram plenamente constitucio-
nal)”.
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Conflitos coletivos de trabalho e suas soluções
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Texto complementar
Sentença arbitral tem valia idêntica 
à judicial no âmbito da Justiça do Trabalho 
(VILELA, 2004)
A Caixa Econômica Federal (CEF) não conseguiu impedir o levantamento 
de saldo do FGTS por trabalhador demitido sem justa causa, cuja rescisão de 
contrato de trabalho foi feita por juízo arbitral. O caso foi julgado pela Segunda 
Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e os ministros acompanharam a 
relatora, Ministra Eliana Calmon, para quem a sentença arbitral tem valia idên-
tica à judicial.
A CEF recorreu no STJ de acórdão do Tribunal Regional Federal da 1.ª 
Região (TRF, 1.ª Região), que consagrou o entendimento de que a sentença 
arbitral (nos termos do artigo 31 da Lei 9.307/96) tem os mesmos efeitos da 
sentença proferida pelos órgãos do Poder Judiciário. Assim, é documento 
hábil a comprovar a rescisão do contrato de trabalho sem justa causa, autori-
zando o levantamento do saldo da conta vinculada ao FGTS.
Para a CEF, houve contrariedade à legislação (artigo 20 da Lei 8.036/90). 
Sustenta que o Conselho Arbitral decidiu matéria atinente a direito indispo-
nível e não suscetível de apreciação naquela esfera. Por isso, a Caixa consi-
dera não estar demonstrada a demissão sem justa causa, não podendo ser 
levantado o saldo do FGTS. Por isso, a instituição se recusou a pagar o fundo 
de garantia a Ataíde Lima de Queiroz, que, na origem, impetrou mandado de 
segurança contra o gerente do banco.
Em seu voto, a relatora ressalta, primeiramente, que a legislação permite 
a movimentação da conta vinculada no caso de despedida sem justa causa. 
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Conflitos coletivos de trabalho e suas soluções
Para ela, a pergunta pertinente é: “No âmbito da Justiça do Trabalho é aceita a 
sentença arbitral como idônea para pôr fim à relação de trabalho?” Esclarece 
ser a resposta afirmativa a partir do entendimento jurisprudencial da Justiça 
especializada.
Portanto, completa a Ministra, “[...] se não há dúvida quanto à legalidade 
da extinção do vínculo trabalhista, não pode a autoridade coatora pôr óbice 
onde não lhe diz respeito, sendo certo que a sentença arbitral, como des-
tacado nas decisões das instâncias ordinárias, tem valia idêntica à sentença 
judicial”. 
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Historicamente, a greve e o Direito do Trabalho são consentâneos, tanto 
que as primeiras normas surgem ao final de movimentos paredistas. 
Alguns autores buscam na Antiguidade a origem das greves, sendo certo 
que as revoltas de classes então existentes não podem ser vistas como greve, 
com o significado que atualmente se empresta. Primeiro, porque está ausente 
a liberdade de trabalho e por vezes sequer reconhecida a qualidade de pessoa 
ao trabalhador, não há como se cogitar de direito de greve. De todo modo, as 
revoltas foram fruto do associativismo que toma no Direito Coletivo a singu-
lar expressão de consciência de classe. 
Assim, debatem-se os autores derredor do instituto, percebendo muitos 
a sua esfera de antijuridicidade por vislumbrarem nela uso da força ou defi-
ciência do aparato estatal.
A classe trabalhadora marginalizada e esmagada no processo revolucionário burguês 
assistiu, súplice e impotente, ao espetáculo das lutas econômicas em nome da liberdade 
e pôde, então, assimilar o processo dialético, servindo-se dessa mesma liberdade para a 
sua reincorporação numa comunidade, da qual fora violenta e sub-repticiamente elimi-
nada. Começa nessa fase histórica a se apresentar a greve como o antijurídico, como o 
fato social contrário à soberania, à semelhança da guerra entre nações. Declarados ilegais 
(delito de greve) todos os movimentos coordenados e organizados pela classe trabalha-
dora, excluída da tutela legal, a greve converteu-se na única possibilidade que tinha o tra-
balhador de participar na vida jurídica dos bens, do progresso e da civilização. A proibição 
da greve, nessa época, foi seguramente um dos atos mais infundados da humanidade. 
(DIDIER JUNIOR, 2005, p. 596)
Se a própria reunião em defesa de interesses comuns foi, de início, proi-
bida, como consequência dos movimentos grevistas para, ao final, ser pro-
clamada como direito, igual caminho percorreu o direito de greve: ato ilícito, 
tolerância e direito; este é o iter do instituto ou em suma sua evolução. 
A natureza jurídica irá depender do trato em cada ordenamento jurídico 
como acima indicado, sendo no Brasil um direito devido ao teor do artigo 9.º 
da Constituição, que dispõe:
Art. 9.º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a 
oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender.
Paralisação coletiva do trabalho
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Paralisação coletiva do trabalho
Seu efeito sobre o contrato de trabalho é de suspensão, em princípio, con-
forme dispõe a Lei 7.783/89 em seu artigo 7.º:
Art. 7.º Observadas as condições previstas nesta Lei, a participação em greve suspende o con-
trato de trabalho, devendo as relações obrigacionais durante o período ser regidas pelo acordo, 
convenção, laudo arbitral ou decisão da Justiça do Trabalho.
Poderá, todavia, a greve se transmudar em interrupção, se no ato que põe fim 
à greve restar determinado pagamento dos dias parados. Nesse sentido, correta a 
percepção do ínclito Amauri Mascaro Nascimento (2000, p. 309) ao asseverar que, 
“[...] na greve, se houver acordo ou decisão judicial, os salários serão devidos e o 
tempo de serviço será contado, mas, não havendo acordo ou sentença, isso não 
ocorrerá”.
Da greve diferem a sabotagem, que se volta à destruição do maquinário; o 
piquete, que busca adesões ao movimento (pacífico) ou tenta inibir violenta-
mente os não grevistas de prestarem o trabalho (hipótese em que não será tole-
rado) e o boicote, quando tentam os obreiros dissuadir os membros da sociedade 
de adquirirem produtos da empresa. 
Múltiplas formas possui a greve lícita (nos meandros da Lei 7.783/89); de braços 
caídos, quando se diminui o ritmo de trabalho; de zelo, quando se empreende o 
trabalho com tamanha minúcia que se afeta a produção; de solidariedade, em 
apoio à categoria diversa; de ocupação, quando os trabalhadores se recusam a 
deixar o local de trabalho, dentre outras. 
A greve, não sendo direito absoluto, comporta regramento que implica a sua 
impossibilidade enquanto vigente instrumento de negociação coletiva, mas 
somente após a frustração desta, quando, aí sim, poderá ser utilizada. 
Ainda assim, exige-se aviso prévio de 48 horas1 ou 72 horas (neste último caso, 
em atividades essenciais), conforme o artigo 13 da Lei 7.783/89:
Art. 13. Na greve em serviços ou atividades essenciais, ficam as entidades sindicais ou os traba-
lhadores, conforme o caso, obrigados a comunicar a decisão aos empregadores e aos usuários 
com a antecedência mínima de 72 (setenta e duas) horas da paralisação.
Quanto às atividades essenciais, não se pode denegar o direito de greve que, 
entretanto, demanda manutenção dos serviços imprescindíveis à coletividade 
1 Lei 7.783/89, art. 3.º [...] 
Parágrafo único. A entidade patronal correspondente ou os empregadores interessados serão notificados, com antecedência 
mínima de 48 (quarenta e oito) horas, da

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