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Trauma Cranioencefálico Epidemiologia: -90% das mortes em atendimento Pré-hospitalar tem TCE. -Nos EUA: -1.700.000 casos de TCE / ano -275 mil hospitalizações/ano -52 mil mortes/ano -80 mil pacientes com sequelas/ano -Pacientes com TCE: -75% TCE leve -15% TCE moderado -10% TCE grave Anatomia: -Entre a calota craniana e a dura-máter: espaço extradural ou epidural → irrigado por ramos da artéria maxilar, proveniente da a. carótida externa. -Entre a dura-máter e a aracnóide-máter: espaço subdural. -Entre a aracnóide-máter e a pia-máter: espaço subaracnóideo→ onde se encontra o líquor / LCR. -Foice cerebral: invaginação das meninges, separando os hemisférios cerebrais→ onde corre o seio venosos sagital superior. -O LCR é produzido pelo plexo coróide, que se localiza nos ventrículos laterais. -O cérebro é irrigado por ramos da artéria carótida interna. -Couro cabeludo é muito vascularizado, logo em traumas ele sangra muito, podendo levar o paciente ao choque hemorrágico, que se não tratado, leva o paciente a óbito. Crânio: é rígido e não expansível. Sua base é uma estrutura irregular, o que contribui na lesão do trauma por aceleração e desaceleração. Calota craniana: -Fossa anterior: lobo frontal, responsável pela função executiva, emoção, função motora. -Fossa Média: lobo temporal, responsável pela função sensitiva e espacial. -Fossa Posterior: lobo occipital e cerebelo, responsável pela visão. Tronco cerebral: -Mesencéfalo: sistema reticular ascendente (estado de alerta). -Ponte: parte superior. -Bulbo: centro cardiorrespiratório e se conecta com a medula. Cerebelo: -Conecta com o cérebro, tronco cerebral e medula. -Responsável pela coordenação e equilíbrio. Pressão Intracraniana: Normal = 10 mmHg Anormal = 20 mmHg Grave = > 40 mmHg -A PIC persistentemente elevada leva a piora da função cerebral e do prognóstico. -A hipotensão arterial e a baixa saturação de oxigênio também pioram o prognóstico. -Exemplo: aumento da PIC por traumatismo da calota craniana com rompimento da artéria meníngea média, levando a um sangramento e consequente efeito de massa e herniação do uncus (compressão do trato córtico-espinhal → déficit motor do lado oposto e dilatação da pupila ipsilateral): Autorregulação: -Quando a autorregulação está intacta, o fluxo sanguíneo cerebral se mantém constante para valores de PA média entre 50 e 150 mmHg. -Na lesão cerebral moderada a grave, a autorregulação fica comprometida, de modo que o FSC varia com a PAM. -O cérebro lesado é mais vulnerável a episódios de hipotensão, que causam lesão cerebral secundária. Pressão de Perfusão Cerebral = PAM - PIC TCE: -Sinais de Fratura de Base de Crânio: -Classificação das Lesões Cranianas: ❖ Focal: ➢ Epidural (Extradural) ➢ Subdural ➢ Intracerebral ❖ Difusa: ➢ Concussão ➢ Contusões múltiplas ➢ Lesão hipóxica / isquêmica Hematoma Epidural (Extradural): -Associado a fratura de crânio. -Clássico: lesão de artéria meníngea média. -Forma de lente biconvexa. -Intervalos de lucidez após o trauma seguidos de deterioração neurológica. -Pode ser rapidamente fatal. -O esvaziamento precoce é essencial. Mecanismos: ❖ Lesão de artéria meníngea. ❖ Ruptura de seio venoso. ❖ Fratura de crânio Herniação do uncus Hematoma Subdural: -É mais comum. -Ruptura de veias / laceração do cérebro. -Espalha-se pelo contorno cerebral. -Morbidade / mortalidade pela lesão cerebral subjacente. -Recomendado o esvaziamento cirúrgico rápido, especialmente se houver desvio > 5 mm das estruturas da linha média. Hematoma / Contusão Intracerebral: -Lesão de golpe / contragolpe. -Mais comum: lobos frontal e temporal. -Há alterações tomográficas, as quais são geralmente progressivas. -A maioria dos pacientes encontram-se conscientes: não é necessário operar. -Pacientes com contusão devem ser submetidos a TC repetidas para avaliar as mudanças nos padrões da contusão nas 24 horas após a TC de crânio inicial. -Lesão Cerebral Difusa: -Varia desde concussão leve até lesão isquêmica grave. Mecanismos: ❖ Concussão cerebral. ❖ Edema cerebral. ❖ Lesão axonal difusa. → TC normal → lesão difusa -Lesão Cerebral Leve: -Escala de Glasgow: 13 a 15. -Colher bem a história do trauma. -Excluir lesões sistêmicas. -Realizar o exame neurológico. -Investigação radiológica conforme o caso. -Investigação de álcool / drogas, se indicado. -Observar ou dispensar, conforme os achados. -Lesão Cerebral Moderada: -Escala de Glasgow: 9 a 12. -Avaliação inicial idêntica à lesão leve. -TC para TODOS os pacientes. -Internação e observação. -Exame Neurológico frequente. -Repetir a TC -Em casos de piora: tratar como lesão cerebral grave. -Lesão Cerebral Grave: -Escala de Glasgow: 3 a 8. -Avaliação e reanimação. -Intubação para proteção da via aérea. -Exame neurológico antes da intubação. -Exame neurológico dirigido. -Reavaliação deve ser frequente. -Identificação de lesões associadas. -Indicações de Tomografia: -Glasgow ainda < 15, duas horas após o trauma. -Déficit neurológico. -Fratura exposta de crânio. -Sinais de fratura de base de crânio. -Mais de 2 episódios de vômitos, ou vômitos em jato. -Extremos de idade (idosos e crianças). -Amnésia retrógrada. -Cefaleia intensa, com sinais de alerta. -Tratamento: Objetivo Primário: -Prevenir lesões cerebrais secundárias. Objetivos: ❖ Reduzir a PIC. ❖ Melhorar o fluxo sanguíneo e a perfusão cerebral. ❖ Manter PA normal (PAS > 100 mmHg) → evitar hipo ou hipertensão arterial. ❖ Manter volume intravascular normal → euvolemia. ❖ Manter a oxigenação e ventilação normais → evitar hipóxia. ❖ A realização da TC de crânio não deve retardar a transferência para Centro Especializado. Prioridades: -ABCDE -A intubação endotraqueal precoce deve ser realizada em doentes comatosos. -Minimizar a lesão cerebral secundária. -Administrar oxigênio. -Ventilação adequada. -Manter a PA sistólica > 90 mmHg. Exame Neurológico Dirigido: -Escala de coma de Glasgow. -Avaliação das Pupilas. -Sinais de lateralização (ausência de movimento em algum membro). OBS: consultar precocemente o neurocirurgião; Exame Clínico: -Ventilação controlada. -Principal objetivo é manter a PaCO2 de 35 mmHg. -Administrar soluções intravenosas isotônicas, garantindo a euvolemia. -Consultar o neurocirurgião. Medicação: -Manitol: diurético osmótico, reduzindo o edema extravascular. -Usar apenas se houver sinais de herniação tentorial (rebaixamento de consciência, anisocoria, alteração do padrão respiratório bradicardia, sinais de lateralização). -Evitar nos doentes com hipovolemia. -Dose: 1 g/KG, via IV, em bolus. -Anticonvulsivantes: tratar a síndrome epiléptica pós trauma. Não utilizar como prevenção. -Sedação -Curarização: bloqueador muscular, inibindo a contração muscular do paciente. OBS: fazer o exame neurológico antes e depois de sedá-lo / curarizá-lo. Exame Cirúrgico: -Ferimentos de Couro Cabeludo: ❖ Possível fonte de grande sangramento. ❖ Compressão direta para parar o sangramento. ❖ Eventualmente, fechamento temporário. -Ferimentos Penetrantes: ❖ ABCDE ❖ Radiografia / TC ❖ Consultar precocemente o neurocirurgião. ❖ Antibioticoterapia profilática. ❖ Não remover objetos encravados nem explorar o ferimento. -Lesão Intracraniana com Efeito de Massa: ❖ Pode ter risco de vida, se tiver expansão rápida. ❖ Consultar imediatamente o neurocirurgião. ❖ Hiperventilação / tratamento clínico. ❖ Craniotomia de controle de dano: transferir para neurocirurgião. Morte Cerebral: -Escala de coma de Glasgow = 3 -Pupilas arreativas: não fotorreagentes. -Ausência de reflexos de tronco cerebral (oculocefálico ou olhos de boneca e corneal) e do reflexo faríngeo (gag reflex). -Ausência de esforço ventilatório espontâneo no teste formal de apneia. -Segundo a nova resolução do Conselho Federal de Medicina e decreto de lei de 2017, não é mais necessário que um dos examinadores seja neurologista ou neurocirurgião, mas devem ser dois médicosdistintos, que tenham conhecimento e treinamento em morte encefálica, experiência com os atuais critérios e sem nenhuma relação com a equipe de transplante. -Recomenda-se que pelo menos um dos médicos seja especialista em uma das seguintes especialidades médicas: medicina intensiva, medicina de urgência, Neurologia (adulto / pediátrico) ou neurocirurgia. -É obrigatória a realização mínima dos seguintes procedimentos para determinação da morte encefálica: ➔ Dois exames clínicos que confirme coma não perceptivo e ausência de função do tronco encefálico. ➔ Exame complementar que comprove ausência de atividade encefálica. ➔ Teste de apneia que confirme ausência de movimentos respiratórios após estimulação máxima do centros de respiração localizados no bulbo. Doação de Órgãos: -Notificar o serviço de captação de órgãos a respeito de todos os doentes com traumatismo cranioencefálico e Glasgow < 5. -Considerar a doação de órgãos em todos os doentes com morte cerebral.
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