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G1 Eleitoral - sistematizada

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1 
 
DIREITO ELEITORAL 
GRAAL DA PROVA ORAL DO 29º CPR – 10/2018 
 
Organizado por Valdir Monteiro Oliveira Júnior 
Sumário 
1.O SUFRÁGIO UNIVERSAL ........................................................................................................ 4 
1A. Direito à Democracia. Conceito Formal e Material de Democracia. Elementos Essenciais 
da Democracia. Democracia e Direitos humanos ................................................................... 4 
8A. Sistemas Eleitorais. Democracia Indireta e Direta. Plebiscito e Referendo. Iniciativa 
Popular ................................................................................................................................. 7 
2A. Direitos Políticos. O Direito ao Sufrágio. Voto Direto, Secreto, Universal e Periódico. .... 12 
2.DIREITOS POLÍTICOS ............................................................................................................. 15 
2A. Perda e Suspensão dos Direitos Políticos. ...................................................................... 15 
5A. Condições de Elegibilidade ............................................................................................ 18 
5B. Inelegibilidades Constitucionais e suas Espécies ............................................................ 19 
3C. Inelegibilidades infraconstitucionais. Lei Complementar nº 64/1990. Lei Complementar 
nº 135/2010. Desincompatibilização. .................................................................................. 22 
3.PARTIDOS POLÍTICOS ........................................................................................................... 26 
1B. Partidos Políticos. Estatuto e limites à autonomia dos partidos políticos. Modo de 
criação, fusão e dissolução dos partidos políticos. Registro dos partidos políticos. .............. 26 
4.JUSTIÇA ELEITORAL .............................................................................................................. 30 
3A. Justiça Eleitoral. Jurisdição e competência. Composição. Juntas, juízes e Tribunais 
Regionais Eleitorais. Tribunal Superior Eleitoral. Atuação contenciosa, normativa e 
consultiva............................................................................................................................ 30 
5.MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL.......................................................................................... 33 
4C. A função eleitoral do Ministério Público Federal. Procuradoria-Geral Eleitoral. 
Procuradoria Regional Eleitoral. Ministério Público Estadual. .............................................. 33 
6.AQUISIÇÃO DA CIDADANIA .................................................................................................. 36 
7C. Alistamento: Conceito, Espécies e Procedimentos. Domicílio Eleitoral. Impossibilidade e 
Cancelamento do Alistamento. Fraude no Alistamento Eleitoral e Revisão do Eleitorado .... 36 
7.PROPAGANDA ELEITORAL .................................................................................................... 41 
7B. Propaganda eleitoral e suas modalidades. Poder de polícia e a propaganda eleitoral. 
Propaganda antecipada. Regramento da propaganda eleitoral em bens públicos, de uso 
comum e bens particulares. Meios de veiculação de propaganda e restrições. .................... 41 
5C. Propaganda eleitoral no rádio e na televisão. Debates. Direito de resposta. Pesquisas 
eleitorais. Propaganda eleitoral na imprensa escrita e internet. Comícios. Distribuição de 
material .............................................................................................................................. 50 
2 
 
6C. Propaganda intrapartidária. Propaganda partidária. Promoção e difusão da participação 
feminina pela propaganda partidária. Representação eleitoral por desvirtuamento da 
propaganda partidária: competência, legitimidade, processamento e sanções .................... 58 
8B. Condutas vedadas aos agentes públicos nas campanhas eleitorais: regras materiais e 
processuais. ........................................................................................................................ 59 
8C. Captação Ilícita de Sufrágio: Regras Materiais e Processuais .......................................... 65 
8.ORGANIZAÇÃO DO ELEITORADO .......................................................................................... 69 
2C. Organização do eleitorado. Seções, zonas e circunscrições eleitorais. Votação. Voto 
eletrônico e mecanismos de segurança. Mesas receptoras. Fiscalização. Apuração e 
totalização. Proclamação dos resultados. ............................................................................ 69 
3B. Diplomação dos eleitos. Suplentes. Nulidades e novas eleições. Prerrogativas e vedações 
aos eleitos após a diplomação ............................................................................................. 72 
9.CONVENÇÕES PARTIDÁRIAS E REGISTRO DE CANDIDATURA ................................................. 74 
6A. Atuação do Pré-Candidato e seu Regime Jurídico. Convenção Partidária. Validade. Prazo 
de Realização e Forma de Deliberação. Coligações. ............................................................. 74 
9B. Registro de Candidatura. Vagas e reserva por sexo. Requisitos e documentos. Diligências. 
Controle de ofício pelo Poder Judiciário Eleitoral. Substituição de candidaturas. ................. 76 
9C. Inclusão Eleitoral da Pessoa com Deficiência. Regras de Estímulo à participação política 
feminina. Regramento do voto do preso provisório. ............................................................ 81 
10.ARRECADAÇÃO DE RECURSOS E PRESTAÇÃO DE CONTAS NAS CAMPANHAS ELEITORAIS .... 85 
10A. Fidelidade Partidária e sua proteção. Financiamento de Partidos Políticos. 
Financiamento das campanhas eleitorais, doações eleitorais e ações pertinentes. Fundo 
Partidário e sua fiscalização................................................................................................. 85 
4A. Prestação de contas dos partidos políticos. Prestação de contas de campanha. 
Arrecadação de recursos e gastos nas campanhas eleitorais. Procedimento de prestação de 
contas, competência para julgamento e efeitos da decisão. ................................................ 90 
2B. Abuso do Poder Econômico, Político e dos Meios de Comunicação Social...................... 91 
12.RECURSOS E AÇÕES ESPECIAIS ELEITORAIS ......................................................................... 93 
7A. A Ação de Impugnação do Registro de Candidatura. Legitimidade. Processamento e seus 
efeitos. Demonstrativo de validade de atos partidários. ...................................................... 93 
2B. Ação de investigação judicial eleitoral. .......................................................................... 98 
9A. A Representação Eleitoral por Captação e Gastos Ilícitos ............................................. 100 
4B. Recursos eleitorais cíveis. Legitimidade recursal. Espécies e cabimento. Processamento 
dos recursos. Sustentação oral nos tribunais. .................................................................... 103 
1C. Recurso contra a Expedição de diploma. Ação de impugnação de mandato eletivo. Ação 
rescisória eleitoral. ............................................................................................................ 107 
13.CRIMES ELEITORAIS E PROCESSO PENAL ELEITORAL ......................................................... 114 
3 
 
10B. Crimes eleitorais. Natureza e tipicidade dos crimes eleitorais. As penas. Os crimes 
previstos no código eleitoral. Os crimes eleitorais previstos na legislação esparsa. ............ 114 
10C. Procedimento das ações penais eleitorais perante o Tribunal Regional Eleitoral e seus 
recursos. Habeas corpus erevisão criminal na Justiça Eleitoral. Recursos das decisões do 
Tribunal Superior Eleitoral ................................................................................................. 117 
6B. Processo penal eleitoral. A polícia judiciária eleitoral. Crimes eleitorais próprios, conexos 
e competência. Prerrogativa de foro. Aplicação subsidiária do processo penal comum. 
Recursos eleitorais criminais. O procedimento preparatório eleitoral. ............................... 120 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
1.O SUFRÁGIO UNIVERSAL 
1.1 Direito à democracia. Conceito formal e material de democracia. Elementos essenciais da 
democracia. Democracia e direitos humanos. (1.a) 
1.2 Sistemas eleitorais. Democracia indireta e direta. Plebiscito e referendo. Iniciativa popular. 
(8.a) 
1.3 Direito ao sufrágio. Voto direto, secreto, universal e periódico. (2.a) 
 
1A. Direito à Democracia. Conceito Formal e Material de Democracia. Elementos Essenciais da 
Democracia. Democracia e Direitos humanos 
 
Rafael Veloso 
 
I. Direito à Democracia 
 
Os direitos políticos, na teoria dos status de Jellinek, representam o “status ativo”, 
abarcando os direitos de (i) votar e (ii) e ser votado, (iii) de fiscalizar a ação do poder, (iv) de 
representar para provocar a ação do poder, (v) de participar do procedimento de tomada de 
decisão por parte do poder e (vi) de aceder a cargos públicos. O regime democrático se pauta 
na prevalência da vontade da maioria na escolha dos governantes e na tomada de decisões do 
Poder Público. 
 
II. Conceito Formal e Material de Democracia 
 
Conceito de democracia (princípio fundamental, fundamento e valor essencial das 
sociedades ocidentais). Segundo JOSÉ JAIRO GOMES, são princípios fundamentais de direito 
eleitoral: i) democracia; ii) democracia representativa; iii) Estado Democrático de Direito; iv) 
soberania popular; v) republicano; vi) federativo; vii) sufrágio universal (direito público subjetivo 
democrático, pelo qual um conjunto de pessoas - o povo - é admitido a participar da vida política 
da sociedade, ou seja, votar e ser votado. Enquanto o sufrágio é um direito, o voto representa 
seu exercício. Além disso, o escrutínio representa a maneira como o processo de votação se 
perfaz. Vide, nesse tocante, a ADI 4543/DF, em que foi deferida medida cautelar para suspender 
a eficácia de dispositivo que tratava do “voto impresso” – art. 5º, Lei 12034/2009); viii) 
legitimidade; ix) moralidade; x) probidade; xi) igualdade ou isonomia. Indo além, referido autor 
afirma que, mais que princípio, a democracia constitui fundamento e valor essencial das 
sociedades ocidentais (GOMES, José Jairo). 
 
Democracia formal ou procedimental: conjunto de regras e procedimentos que 
assegura o exercício do poder como reflexo da vontade da maioria de determinada sociedade, 
sem que se leve em consideração o conteúdo das decisões tomadas. 
 
Democracia material ou substancial: além da democracia formal agrega a adoção de 
decisões voltadas à preservação de direitos humanos e a obtenção da igualdade e da justiça 
social. Tem uma dimensão substantiva, que envolve a proteção dos direitos fundamentais de 
todos, inclusive e sobretudo das minorias. 
 
II. Elementos Essenciais da Democracia 
 
Para a Resolução n. 47/2000 da extinta Comissão de Direitos Humanos da ONU: I) 
acesso e exercício do poder de acordo com o Estado de Direito (rule of law); II) realização de 
eleições periódicas e justas, pelo sufrágio universal e secreto, assegurando-se a livre 
manifestação da vontade popular; III) pluralismo partidário; IV) separação de poderes; V) 
5 
 
independência do Poder Judiciário; VI) transparência e responsabilização do Poder Público; e 
VII) liberdade de informação e expressão jornalística. 
Para a Carta Democrática Interamerica da OEA/2001: são elementos essenciais da 
democracia representativa, entre outros: I) o respeito aos direitos humanos; II) o acesso ao 
poder e seu exercício com sujeito ao Estado de Direito; III) a celebração de eleições periódicas, 
livres, justas e baseadas no sufrágio universal e secreto como expressão da soberania do povo; 
IV) o regime pluralista de partidos e organizações políticas; e V) a separação e independência 
dos poderes públicos. 
 
III. Democracia e Direitos Humanos 
 
O tratamento da matéria em âmbito internacional. 
I) O art. XXI da Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 1948 e o art. 25 do Pacto 
Internacional de Direitos Civis e Políticos, elevaram a democracia ao status de direitos humanos 
(José Jairo Gomes, p. 46). 
II) Em 2012, o Conselho de Direitos Humanos da ONU (que substituiu a extinta Comissão de 
Direito Humanos) adotou a Resolução n. 19/36, denominada “Direitos Humanos, Democracia e 
Estado de Direito”, pela qual se reafirmou que o respeito aos direitos humanos e a preservação 
da democracia são interdependentes e se reforçam mutuamente. 
III) Em 2015 a Resolução n. 28/14 do Conselho de Direitos Humanos estabeleceu um fórum sobre 
direitos humanos, democracia e Estado de Direito, que visa discutir medidas para o 
fortalecimento dos direitos humanos e as democracias do século XXI. 
 
Relação entre democracia e Direitos Humanos: o regime democrático não pode ser 
definido sem a proteção dos direitos humanos; por sua vez os direitos humanos só encontram 
um ambiente de promoção em sociedades democráticas. 
 
Democracia proposta no âmbito internacional: é uma democracia substancial ou 
material, uma vez que importa o teor das decisões tomadas, que devem promover os direitos 
humanos, a diversidade, inclusão e igualdade de todos, mesmo os que pertencem a grupos 
vulneráveis. 
 
Fica consolidado o direito à democracia: que não se resume ao direito do indivíduo de 
participar de eleições periódicas, mas também exige que o regime democrático seja 
materialmente conforme aos direitos humanos, promovendo a sociedade inclusiva. 
 
Questões anteriores do MPF: João Heliofar 05/10/2015 - 28 oral - Resposta de Gabriela 
Tavares: 
1) Normalmente se diz que no brasil a democracia é semi direta. O que isso significa? Resposta: 
A democracia direta é aquela em que o cidadão pode participar sem qualquer intermediação do 
processo político, do jogo político, e a democracia brasileira é semi direta, porque é 
representativa, a gente escolhe os representantes que terão um mandato e que atuarão de 
forma indireta, justamente mediante o voto, mas também há instrumentos de democracia 
direta, como por exemplo o plebiscito, o referendo, a ação popular, são instrumentos de 
democracia direta. O plebiscito e o referendo possuem feições muito próximas: o referendo 
ocorre a posteriori, ou seja, o Congresso Nacional vota e depois requer que aquilo seja 
referendado pela população; já o plebiscito ocorre de forma prévia, justamente para saber se 
há o consentimento da sociedade em relação a determinada matéria que será aprovada, como 
por exemplo ocorreu na Constituição para saber a forma de governo e a forma de Estado, foi 
instrumentalizada por meio de plebiscito. Já a Ação Popular, a meu ver, seria a maior forma, a 
maior expressão dessa... 
2) Ação Popular? Resposta: É, seria a maior... 
6 
 
 
 
3) Ou seria iniciativa popular? Resposta: É, iniciativa popular, reformulando. Mas a ação popular 
também seria uma forma de democracia direta, mas a iniciativa popular ela é, a meu ver, a maior 
forma de expressão da democracia direta justamente porque a iniciativa parte da população. 
Então, por exemplo, a Lei da Ficha Limpa teve uma forte adesão da sociedade, e o professor 
Daniel Sarmento afirma que, nessas hipóteses, a presunção de constitucionalidade dessa lei é 
superior à de outras leis aprovadas pelo Parlamento, justamente diante dessa forte comoção 
popular, diantedessa forte adesão popular. É a mesma hipótese agora das 10 medidas do MPF 
contra a corrupção, que também será por iniciativa popular. Então, se exige aquele quórum, 
aquelas condições previstas na Constituição Federal, e, uma vez aprovada, essa lei possui uma 
hierarquia axiológica em relação às demais leis do ordenamento. A ação popular também é uma 
expressão da democracia direta... 
4) Doutora, interessante isso que a senhora está falando. Quer dizer que a presunção de 
constitucionalidade das leis de iniciativa popular é maior? Ela é mais constitucional, então, 
que as outras? Resposta: O Daniel Sarmento fala, ao tratar do princípio da presunção de 
constitucionalidade, que existem algumas normas que nascem com presunção de 
inconstitucionalidade, por exemplo, uma lei aprovada pelo Congresso que objetivasse alterar a 
LC 64, pois a Lei da Ficha Limpa foi aprovada por meio de uma forte comoção popular. Então, 
eventual alteração vai precisar de um ônus argumentativo muito maior, o Parlamente precisaria 
teria esse ônus. Seria, então, uma hierarquia axiológica, não uma hierarquia formal. Então, a LC 
135 possui presunção de constitucionalidade superior, reforçada. É interessante, porque 
justamente acaba invertendo o ônus da prova: quem for editar uma lei que possua como 
objetivo restringir alguma norma protetiva da Lei Complementar 64 terá um ônus 
argumentativo muito maior. E a ação popular também é uma forma de democracia direta, 
porque permite ao cidadão, ou seja, aquele que possui 16 ou 18 anos, nos seus amplos direitos 
políticos, que ele pode de forma direta ajuizar uma ação popular para anular eventual ato que 
seja contrário a.... 
5) Menor de 18 anos pode propor ação popular? Resposta: Desde que com 16 anos e que ele 
tenha sido alistado, aí ele poderá propor essa ação popular com o objetivo de anular um ato 
lesivo àqueles interesses elencados na Lei de Ação Popular. 
6) Desde que seja menor de 18 anos, mas se for eleitor, pode propor ação popular? Resposta: 
Acredito que sim, Excelência, porque se ele está com gozo dos direitos políticos... 
7) Ele está no pleno gozo dos direitos políticos? Resposta: Ele é considerado cidadão... 
8) Ele está no pleno gozo dos direitos políticos? Resposta: Não, só a capacidade eleitoral ativa, 
e não passiva. Então, acredito que justamente por partir da iniciativa do cidadão [a ação popular] 
não teria problema. 
9) No caso de desmembramento de estado, qual o instrumento de consulta que se faz? 
Resposta: Um plebiscito. Deve-se ouvir previamente as populações interessadas de ambos os 
Estados para ver se elas concordam ou não, e isso é feito por meio de plebiscito. Exige-se 
também uma lei federal regulamentando. Esse plebiscito vincula, obviamente. 
 
Observações finais retiradas de questões de cursos preparatórios 
1) Há três princípios que são correlacionados à cítrica doutrinária à concepção de democracia: 
São eles: I) princípio da ruptura ou separação, II) princípio da redução e III) princípios da 
abstração e idealização. Dentro do princípio da redução encontram-se casos significativos 
quando se pensa que a política e a democracia se circunscrevem à ação de determinados 
indivíduos carismáticos e excepcionais; ou quando se reduz o político, a política e a democracia 
a algumas instituições privilegiadas, como podem ser os partidos políticos ou a figura das 
eleições. O exemplo mais grotesco de simplificação é aquele em que só representam a 
democracia o voto e as eleições. 
7 
 
2) Os principais desafios que se põem à democracia, aos Direitos humanos e ao Estado de 
Direito, segundo a AGONU e a antiga Comissão de Direitos Humanos, nomeadamente: (i) Uma 
pobreza crescente; (ii) Ameaças à segurança humana; (iii) Desrespeito dos direitos individuais e 
entraves ao exercício das liberdades fundamentais; (iv) Erosão do Estado de direito no contexto 
da luta contra o terrorismo; (v) Ocupação ilegal acompanhada do uso da força; (vi) Escalada dos 
conflitos armados; (vii) Acesso desigual à justiça por parte dos grupos desfavorecidos e, (viii) 
Impunidade. O erro da alternativa está em afirmar que o acesso igual à justiça por parte dos 
grupos desfavorecidos foi elencado como desafio à democracia, aos direitos humanos e ao 
Estado de Direito pela ONU. 
3) São elementos principais da democracia moderna: a igualdade, participação, governo da 
maioria e direitos da minoria, primado do direito e do julgamento justo, compromisso com os 
direitos humanos, pluralismo político, eleições livres e justas e divisão de poderes. 
4) São garantias institucionais da democracia, dentre outras, as seguintes: I) Legislação eleitoral 
ativa e passiva (universal, livre, igual e secreta); II) Liberdade de organização; III) Liberdade de 
comunicação; IV) Governo efetivo; V) Respeito à legalidade; VI) Mecanismos (políticos) de 
accountability. 
 
8A. Sistemas Eleitorais. Democracia Indireta e Direta. Plebiscito e Referendo. Iniciativa Popular 
 
Rafael Veloso 
 
I. Sistemas Eleitorais 
 
01) SISTEMAS ELEITORAIS: Sistema eleitoral “identifica as diferentes técnicas e procedimentos 
pelos quais se exercem os direitos políticos de votas e ser votado”, incluindo-se nesse conceito 
“a divisão geográfica do país para esse fim, bem como os critérios de cômputo votos e de 
determinação dos candidatos eleitos” (STF, ADI 5081, trecho do voto do Min. Luís Roberto 
Barroso). Atualmente, existem três sistemas eleitorais: o majoritário, o proporcional e o misto: 
01.1) SISTEMA MAJORITÁRIO: I) CONCEITO: é eleito o candidato que recebe o maior número 
de votos em determinado distrito/circunscrição eleitoral. Pode-se exigir maioria absoluta ou 
relativa e realizar-se em turno único ou em dois turnos. II) ORIGEM: parlamento inglês. A 
Inglaterra adotou o voto direto e nominal em 1265 e o sistema majoritário em 1430, 
inicialmente em distritos plurinominais e, posteriormente, uninominais. III) É ADOTADO NO 
BRASIL PARA: a eleição dos chefes do Poder Executivo e dos Senadores, ocorrendo em turno 
único para a eleição de senadores e de prefeitos e vices em municípios com menos de 200 mil 
eleitores e em turno duplo (se não houver maioria absoluta no primeiro turno) nos demais casos. 
IV) SEGUNDO HELIOFAR (2014), SUAS VANTAGENS SÃO: ser de fácil compreensão pelo eleitor; 
gerar maior vínculo entre comunidade e seu representante; reduzir os custos de campanha, 
conforme delimitação do distrito; gerar maior estabilidade do governo e inibir a pulverização 
partidária. V) JÁ AS SUAS DESVANTAGENS SÃO: a ausência de espaço representativo de 
minorias; a dificuldade de definição do desenho distrital, influenciada por interesses políticos; o 
enfraquecimento dos partidos políticos, que se tornam mero veículo para lideranças locais. VI) 
MÉTODOS: VI.a) UNINOMINAL/DISTRITAL: o país é dividido em tantos distritos quantas forem 
as vagas a serem preenchidas, assim, cada distrito elege apenas um representante, sendo que 
cada partido apresenta apenas um candidato por distrito. É o método mais praticado entre os 
países que adotam o sistema majoritário. Em regra, adota-se o mecanismo da maioria 
simples/relativa e turno único (ex. Canadá, Reino Unido, EUA). A França, excepcionalmente, 
adota dois turnos, do qual participam todos os candidatos que tenham recebido pelo menos 
12,5% de votos; VI.b) PLURINOMINAL (“DISTRITÃO”): neste método cada distrito elege dois ou 
mais representantes, conforme opção legislativa. Cada partido apresenta tantos candidatos 
quanto o número de vagas em disputa [obs: Era o método defendido na PEC 54/2007, arquivada 
em 2014]. 
8 
 
01.2) SISTEMA PROPORCIONAL: I) CONCEITO: importa a proporção de votos recebidos pelo 
partido, que corresponderá ao número de cadeiras que lhe serão atribuídas. Tem como 
propósito a correção das distorções do sistema majoritário, protegendo os interesses das 
minorias, fortalecendo o regime democrático e assegurando aos partidosuma representação 
correspondente à sua força. Assim, dá ênfase à representatividade do mosaico social existente. 
II) ORIGEM: Tem origem histórica na Europa e foi adotado pela primeira vez na Bélgica, em 1899. 
É uma tendência mundial, sendo adotado por mais da metade dos países democráticos do 
mundo. III) NO BRASIL: foi implantado pelo Código Eleitoral de 1932 e é adotado para a eleição 
de deputados federais, deputados estaduais e vereadores. IV) SEGUNDO HELIOFAR (2014), SUAS 
VANTAGENS SÃO: a efetiva representação democrática; a representatividade das minorias; e o 
fortalecimento dos partidos (no sistema de lista fechada). V) CONTUDO, TEM COMO 
DESVANTAGENS: gerar problemas de governabilidade, tendo em vista a diversidade ideológica 
da composição do Parlamento e dificuldade de formação de coalizões; gerar a multiplicação de 
partidos, com pulverização e fragmentação da representação popular. VI) MÉTODOS: VI.a) 
SISTEMA DE LISTA ABERTA: no qual a votação nominal define a ordem de preenchimento das 
cadeiras. Tem como desvantagens a competição entre candidatos do mesmo partido (“exército 
de brancaleone”), gerando individualismo e falta de coesão partidária; e o fato das campanhas, 
e toda a estrutura relacionada (arrecadação, comitê, prestação de contas), serem individuais e 
realizadas em toda a circunscrição, resultando em custos altíssimos e inviáveis para um 
candidato normal. É adotado no Brasil, Dinamarca, Finlândia e Chile, por exemplo; VI.b) SISTEMA 
DE LISTA FECHADA: em que as cadeiras serão ocupadas conforme ordem preestabelecida por 
lista apresentada pelo partido. Adota-se o voto em legenda. Tem como vantagens a redução 
drástica dos custos da campanha, já que não haverá campanhas individuais; e a definição 
ideológica do partido na campanha. Adotado na Espanha, África do Sul, Itália, Portugal, Israel, 
Ucrânia, Uruguai, etc; e VI.c) SISTEMA DE LISTA FLEXÍVEL: segundo o qual o Partido Político 
preordena a lista. O eleitor pode votar na legenda ou num nome da lista. Conforme a votação 
nominal alcançada, a ordem da lista pode ser alterada. A experiência internacional demonstra 
que tende a prevalecer a lista preestabelecida. Este método foi proposto pela comissão de 
reforma política da Câmara de Deputados relatada pelo Deputado Federal Henrique Fontana e 
é adotado na Bélgica e na Holanda. 
01.3) SISTEMA MISTO: I) CONCEITO: É, na realidade, uma combinação dos sistemas majoritário 
e proporcional, com variações conforme o local em que adotado. II) O MODELO ALEMÃO: é o 
mais conhecido. Nele, os eleitores possuem dois votos: um no representante do distrito (voto 
distrital uninominal por maioria simples) e outro no partido (sistema proporcional de lista 
fechada). A votação na legenda define a quantidade de cadeiras conquistadas pelo partido. As 
cadeiras são ocupadas primeiramente pelos representantes eleitos pelo voto distrital e as 
restantes, conforme a lista fechada. Caso o partido obtiver número de cadeiras inferior ao 
número de representantes distritais eleitos a ele filiados, serão adicionadas cadeiras 
suplementares ao Parlamento. III) OUTROS PAÍSES: É adotado, com algumas variações, pelo 
Japão, Coréia do Sul e Lituânia. IV) NO BRASIL: Foi cogitado pela Assembléia Constituinte de 
1988, no projeto Afonso Arinos, mas foi derrotado. V) É APONTADO POR HELIOFAR COMO O 
MELHOR MODELO, MAS TEM COMO DESVANTAGENS: a complexidade, a dificuldade de 
compreensão pelo eleitor e a dificuldade na definição dos distritos. No caso brasileiro, tem como 
desvantagem adicional o fato de que sua implantação demandaria uma reforma por meio de 
emenda constitucional. 
 
01.4) ANÁLISE CRÍTICA DO MODELO BRASILEIRO (HELIOFAR, 2014): O modelo brasileiro, 
proporcional de lista aberta, traz como desvantagens a falta de governabilidade, a multiplicação 
e enfraquecimento dos partidos, o personalismo e o altíssimo custo de campanha, principal 
causa da corrupção. Em outros países, os dois primeiros problemas costumam ser contornados 
pela adoção de cláusulas de barreira. Contudo, o STF julgou inconstitucional tal previsão (ADI 
1351 e 1354). Além disso, a possibilidade de formação de coligações é uma distorção do sistema, 
9 
 
permitindo a criação de partidos sem ideologia e representatividade. As grandes dimensões das 
circunscrições eleitorais bem como a alta quantidade de representantes eleitos por 
circunscrição potencializam os problemas da lista aberta. Heliofar defende que o sistema 
eleitoral existente hoje no Brasil [eleição proporcional com lista aberta e votação nominal] não 
é racional e fomenta distorções do sistema político e a corrupção, em especial considerando os 
altos custos exigidos para a realização das campanhas eleitorais. A alternativa mais viável, 
segundo ele, seria a adoção do sistema proporcional com lista fechada, que poderia ser 
concretizada por legislação ordinária e reduziria drasticamente os custos de campanha. Teria 
como vantagens o fortalecimento dos partidos, a redução do personalismo com ênfase nas 
propostas e o fim do domínio econômico sobre as campanhas, tornando viável o financiamento 
público das campanhas. A grande crítica a essa opção é o risco de que a elaboração das listas 
fique a cargo das lideranças partidárias, com sujeição do poder ao seu exclusivo interesse 
gerando grave distorção da representação política. Contudo, esse risco poderia ser contornado 
pela regulamentação da forma de confecção da lista, impondo-se um modelo de ampla 
participação dos filiados e divulgação das convenções, inclusive com fiscalização pela justiça 
eleitoral. Seria possível também determinar a observância da diversidade na composição das 
listas, incluindo setores sub-representados, como as mulheres. 
 
II. Democracia Indireta e Direta 
 
02.1) CONCEPÇÕES SOBRE A DEMOCRACIA: I) A IDÉIA CENTRAL DE DEMOCRACIA (FRIEDRICH 
MULLER): reside na “determinação normativa do tipo de convívio de um povo pelo mesmo 
povo”, indo além da estrutura de textos para abarcar um nível de tratamento das pessoas, como 
membros do Soberano. II) FÓRMULA DE ABRAHAN LINCOLN: “governo do povo, pelo povo e 
para o povo”. III) CONCEPÇÃO MODERNA (FERREIRA, 1889): abarca o governo constitucional das 
maiorias que, sobre a base da liberdade e da igualdade concede às minorias o direito de 
representação, fiscalização e crítica parlamentar; IV) CONCLUSÃO (GOMES, 2016): assim, a 
democracia autêntica requer o estabelecimento de debate público permanente acerca dos 
problemas relevantes da vida social, com acesso livre e geral a fontes de informação e 
possibilidade de preenchimento de espaços contramajoritários (audiências públicas, consulta 
prévia, participação em conselhos, manifestações, etc.), o que modernamente é associado aos 
direitos políticos em sentido amplo. 
 
02.2) A PARTICIPAÇÃO POPULAR É PRESSUPOSTO BÁSICO DA DEMOCRACIA, TENDO SIDO 
CONCEBIDA EM TRÊS MODELOS: I) DEMOCRACIA DIRETA: modelo clássico que tem como 
paradigma o autogoverno ateniense dos séc. V e VI a.C, mas impraticável sob o modelo de 
sufrágio universal; II) DEMOCRACIA INDIRETA/REPRESENTATIVA: a participação dos cidadãos se 
dá pela escolha de representantes que receberam um mandato que os habilita a tomas as 
decisões político administrativas conforme julgarem conveniente, sem qualquer vinculação 
jurídica à vontade dos eleitores. Atualmente a representação política é intermediada pelos 
partidos, sendo a filiação uma condição de elegibilidade no Brasil (art. 14, par. 3º, CRFB). 
Atualmente, discutem-se mecanismos de maior controle popular sobre o mandatário, como 
através do instituto do recall. III) DEMOCRACIA SEMIDIRETA/MISTA: objetiva conciliar os dois 
modelos anteriores. O governo e o parlamento são formados por representação, mas são 
previstos mecanismos de intervenção direta dos cidadãos. É o modelo adotado no Brasil, 
segundo qual “todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitosou diretamente, nos termos desta Constituição” (art. 1º, p.u., CRFB). Assim, “a democracia 
representativa é temperada com mecanismos próprios de democracia direta, entre os quais 
citem-se: o plebiscito, o referendo e a iniciativa popular (CF, art 14, I, II, III e art. 61§ 2º)” (Gomes. 
p. 40). 
 
III. Plebiscito, Referendo e Iniciativa Popular 
10 
 
 
03.1) NOÇÕES GERAIS: O plebiscito e o referendo são consultas formuladas ao povo para que 
delibere sobre matéria de acentuada relevância, de natureza constitucional administrativa ou 
legislativa (art. 2º da Lei 9709/98). Ambos estão previstos no art. 14 da Constituição Federal e 
regulamentados pela Lei nº 9.709, de 18 de novembro de 1998. A diferença entre plebiscito e 
referendo concentra-se no momento de sua realização. 
 
03.2) PLEBISCITO: I) CONCEITO: “(...) consiste na consulta prévia à edição de “ato legislativo ou 
administrativo, cabendo ao povo aprovar ou denegar o que lhe tenha sido submetido” (Lei 
9709/98, art. 2º, §1º)” (Gomes. p. 40). (ex.: plebiscito sobre a monarquia de 1993). II) ART. 18, 
§§ 3º E 4º DA CRFB: a criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Estados e 
Municípios exige aprovação da população interessada mediante plebiscito. III) O TSE ENTENDE: 
“a criação de novos municípios somente será possível após a edição da lei complementar federal” 
(Pet 2.971/BA, Rel. Min. Eros Grau, DJe de 30.4.2009), observada a convalidação das alterações 
realizadas até 31/12/2006 (art. 96 ADCT). IV) JULGADO RELEVANTE DO STF: STF - Ação direta de 
inconstitucionalidade. Artigo 7º da Lei 9.709/98. Alegada violação do art. 18, § 3º, da 
Constituição. Desmembramento de estado-membro e município. Plebiscito. Âmbito de consulta. 
Interpretação da expressão “população diretamente interessada”. População da área 
desmembranda e da área remanescente. Alteração da Emenda Constitucional nº 15/96: 
esclarecimento do âmbito de consulta para o caso de reformulação territorial de municípios. 
Interpretação sistemática. Aplicação de requisitos análogos para o desmembramento de 
estados. Ausência de violação dos princípios da soberania popular e da cidadania. 
Constitucionalidade do dispositivo legal. Improcedência do pedido. (...) 4. Sendo o 
desmembramento uma divisão territorial, uma separação, com o desfalque de parte do território 
e de parte da sua população, não há como excluir da consulta plebiscitária os interesses da 
população da área remanescente, população essa que também será inevitavelmente afetada. 
(ADI 2650, Rel. Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 24/08/2011). V) EXEMPLOS: 
Quanto a plebiscitos, pode-se citar o: i) relativo à forma e ao sistema de governo no Brasil 
(monarquia parlamentar ou república; parlamentarismo ou presidencialismo), em 21 de abril de 
1993, conforme previsão do art. 2º ADCT. ATENÇÃO: há quem sustente, como Ivo Dantas, que 
o sistema presidencialista e a forma republicana de governo adquiriram o status de cláusulas 
pétreas após o plebiscito de 1993; ii) também foram realizados plebiscitos no Estado do Pará, 
em 2011, sobre a possibilidade de desmembramento dessa unidade federativa e da criação de 
mais dois estados nessa região – Carajás e Tapajós. Na ocasião, o STF se manifestou sobre a 
abrangência da consulta, definindo que deveria ser consultada toda a população do Estado e 
não somente das regiões a serem alteradas (ADI 2650). 
 
03.3) REFERENDO: I) CONCEITO: “É a consulta posterior à edição de “ato legislativo ou 
administrativo, cumprindo ao povo a respectiva ratificação ou rejeição” (Lei 9709/98, art. 2º, 
§2º)” (Gomes. p. 40/41). É uma consulta posterior sobre determinado ato ou decisão 
governamental, seja para atribuir-lhe eficácia que ainda não foi reconhecida (condição 
suspensiva), seja para retirar a eficácia que lhe foi provisoriamente conferida (condição 
resolutiva). (ex.: recente referendo sobre o uso de armas). II) AUTORIZAÇÃO DO CONGRESSO 
POR DECRETO (1/3): a realização de plebiscito e referendo em questões de relevância nacional 
depende de autorização do Congresso Nacional (art. 49, XV da CRFB), mediante decreto 
legislativo proposto por no mínimo 1/3 dos votos dos membros que compõem uma das Casas 
do Congresso Nacional, excetuados os casos expressamente previstos na Constituição (art. 18, 
§§3º e 4º da CRFB e art. 2º do ADCT). III) O PLEBISCITO E O REFERENDO ESTÃO SUBMETIDOS À 
RESERVA LEGAL EXPRESSA (art. 14, caput da CRFB). IV) NÃO SE ADMITE A CONVOCAÇÃO DE 
PLEBISCITO OU REFERENDO MEDIANTE INICIATIVA POPULAR. V) NOS DEMAIS ENTES 
FEDERADOS: Nas questões de competência dos Estados, DF e Municípios a forma de convocação 
é regulada pela Constituição Estadual e pela Lei Orgânica. VI) EXEMPLOS: O Brasil já realizou dois 
11 
 
referendos: (i) sobre o sistema de governo, em 6 de janeiro de 1963, durante a gestão de João 
Goulart, após curto período parlamentarista, no qual a população optou pelo retorno ao 
presidencialismo; (ii) e, em 23 de outubro de 2005, sobre a proibição da comercialização de 
armas de fogo e munições, com vistas à aprovação ou não do disposto no art. 35 da Lei nº 
10.826/2003 (Estatuto do desarmamento). Nesta consulta, maioria do eleitorado optou pela 
não proibição. 
 
O RESULTADO DE PLEBISCITO OU REFERENDO PODE SER ALTERADO POR LEI OU EMENDA À 
CONSTITUIÇÃO? Segundo Pedro Lenza, o legislador não pode contrariar a vontade popular, que 
passa a ser vinculante. Assim, a lei ou a EC contrárias à consulta seriam inconstitucionais por 
violação aos artigos 14, I ou II c/c art. 1º da Constituição. 
 
03.4) INICIATIVA POPULAR: I) CONCEITO: “(...) é o poder atribuído aos cidadãos para apresentar 
projetos de lei ao Parlamento, desfechando, com essa medida, procedimento legislativo que 
poderá culminar em uma lei” (Gomes. p.41). II) PREVISÃO: A iniciativa popular está prevista no 
art. 61, §2º da CRFB e poderá ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de 
projeto de lei subscrito por, no mínimo, 1% do eleitorado nacional, distribuído em pelo menos 
cinco Estados, com não menos 0,3% do eleitorado de cada um destes Estados. No caso de leis 
municipais, a iniciativa deve contar com a adesão de 5% do eleitorado. A iniciativa popular 
também é regulada pela Lei nº 9.709/98. Esta lei estabeleceu que o projeto de iniciativa popular 
deve se restringir a um único assunto e que não se pode rejeitar proposição decorrente de 
iniciativa popular por vício de forma (art. 13, §2º). III) SENTIDO: Como se observa, o povo não 
tem a capacidade de legislar diretamente, apenas possuindo a prerrogativa de apresentar o 
projeto de lei à Câmara que poderá, ou não, se tornar lei. IV) EXEMPLOS: Até hoje, foram 
aprovados quatro projetos oriundos de iniciativa popular: i) Lei 8.930/1994 (inclusão do 
homicídio qualificado como crime hediondo, após o caso Daniella Perez); ii) Lei 9.840/1999 
(combate à compra de votos), iii) Lei 11.124/2005 (criação do Fundo Nacional de Habitação de 
Interesse Social) e iv) Lei 11.124/2005 (Lei da Ficha Limpa). V) DIFICULDADE NA VERIFICAÇÃO 
DAS ASSINATURAS: Contudo, em todos os casos, dada a dificuldade de verificação das 
assinaturas, os projetos não tramitaram formalmente como leis de iniciativa popular, sendo 
“adotados” por parlamentares que os apresentaram como seus autores. Esta sistemática foi 
questionada no STF no caso do pacote das “10 Medidas contra a corrupção” e, após decisão do 
relator, realizou-se a conferência individualizada das assinaturas e autuou-se o projeto 
formalmente como de iniciativa popular (MS 34530 MC / DF). VI) ATENÇÃO: A doutrina 
majoritária não admite iniciativa popular em sede de emendas constitucionais, por entender 
que o rol do art. 60 da CRFB é taxativo, mas existem vozes em sentido contrário entendendo 
que por um critério de razoabilidade é admissível iniciativa popular de PEC com base na idéia de 
que o titular do Poder Constituinte é o povo, concepção inexoravelmenteligada à noção de 
soberania popular. 
 
04) ARTIGOS INTERESSANTES: 
 
04.1) CORRUPÇÃO: O OVO DA SERPENTE (HELIOFAR): I) CAUSA DA CORRUPÇÃO. O ovo da 
serpente, ou a causa, da corrupção não é a impunidade, mas sim o financiamento de campanha. 
II) EXCESSO DE CANDIDATOS, INVIABILIZANDO A FISCALIZAÇÃO: O atual sistema inviabiliza a 
fiscalização pela enorme quantidade de candidatos cujas contas de campanha demandam 
acompanhamento. Essa quantidade excessiva se deve ao fato de a campanha não ser por partido 
(como na maioria da Europa) nem por distrito (como nos EUA). III) ALTO CUSTO DAS 
CAMPANHAS: A campanha é encarecida pelo fato de os candidatos disputarem vagas até mesmo 
contra correligionários do partido. Ou seja, não podem contar com financiamento de seu 
partido. IV) RESULTADO: A necessidade absurda de obter recursos do setor privado torna a via 
lícita de arrecadação estreita demais, razão por que há um consenso silencioso na classe política 
12 
 
de que o caixa dois é uma necessidade inafastável. V) CONSEQUÊNCIA DO CAIXA DOIS: Cria um 
vínculo maldito entre financiador e candidato, pois a dívida que surge na campanha será paga 
na administração. VI) CONCLUSÃO: Só haverá mudança se o sistema eleitoral for alterado. 
 
04.2) NÃO HÁ REFORMA POLÍTICA SEM REFORMA DO SISTEMA HELEITORAL – CONCLUSÕES: 
I) Os sistemas eleitorais existentes no mundo atendem às suas raízes históricas. II) O modelo 
brasileiro se mostra obsoleto e implica um custo insuportável para a democracia, sendo o ovo 
da serpente da corrupção. III) Dentre os sistemas existentes e praticados nas principais 
democracias do mundo, parece que o melhor deles é o sistema distrital misto, que concilia as 
vantagens do sistema majoritário e do sistema proporcional. Contudo, a necessidade de 
alteração constitucional o torna improvável. IV) Diante desse panorama, o sistema de lista 
partidária fechada, com uma regulamentação que garantisse a democratização na formação da 
lista (com ampla participação dos filiados em convenção), é certamente a melhor opção para se 
fazer uma profunda reforma no sistema brasileiro. Fortaleceria os Partidos Políticos, livraria o 
cenário político do personalismo exacerbado, diminuiria dramaticamente os custos da 
campanha e viabilizaria o financiamento público eleitoral. Nesse artigo, foi feito menção à 
expressão “Gerrymandering”: expressão americana que se refere ao uso de artifícios políticos 
para a definição de distritos que atendam ao interesse de determinado partido. Tem origem na 
proposta do governador Eldrigde Gerry, em 1812, cujo desenho lembrava uma salamandra 
(“salamander”). Relaciona-se ao problema de definição dos distritos eleitorais no sistema 
majoritário. 
 
05) QUESTÕES ANTERIORES: 
05.1) 18º CPR– Questão subjetiva: O que vem a ser plebiscito e referendo? Em que hipóteses 
podem ser realizados? 
 
05.2) 28º CPR -ORAL - Examinador: João Heliofar de Jesus Villar: Fale sobre o histórico da 
Justiça eleitoral. Antes da sua implementação como era o sistema eleitoral? Como era o sistema 
de verificação dos poderes no regime anterior? Há alguma relação entre a Justiça Eleitoral e a 
Revolução de 30? Quais eram as causas/objetivos da reforma? 
 
05.3) 28º CPR -ORAL - EXAMINADOR: JOÃO HELIOFAR DE JESUS VILLAR: O que significa 
democracia semidireta? No caso de desmembramento de Estado, qual o instrumento utilizado? 
 
05.4) CONCLUSÕES RETIRADAS DE QUESTÃO DE CURSO PREPARATÓRIO: 
I) O veto popular legislativo é o instrumento que permite ao povo opor-se a uma lei já aprovada, 
mas ainda não vigente, por solicitação dos próprios eleitores. Na forma típica, consta de três 
momentos: a) o órgão legislativo aprova uma lei que não entra em vigor de imediato; b) o povo 
solicita que a lei seja submetida a sua manifestação; c) se a recusa for majoritária, a lei não 
subsiste. (Verdadeiro) 
II) O recall ou voto destituinte, previsto no ordenamento jurídico dos Estados Unidos, 
diferentemente do impeachment, NÃO exige acusação criminal ou comprovação de má 
conduta, sendo suficiente a perda da confiança da maioria dos eleitores. (Verdadeiro) 
III) O projeto de lei de iniciativa popular NÃO poderá abranger mais de um assunto, nos termos 
do art. 13, §1º, da Lei nº 9.709/1998 (Verdadeiro); 
 
2A. Direitos Políticos. O Direito ao Sufrágio. Voto Direto, Secreto, Universal e Periódico. 
 
Renata Souza 
Materiais consultados: GOMES, José Jairo. Direito Eleitoral. 14. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Atlas, 2018; RAMOS, André de 
Carvalho. Curso de Direitos Humanos. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2018; Graal do 28º CPR; Mjolnir; Transcrições de provas orais ; 
Comentários de julgados do Dizer o Direito. 
 
13 
 
 Direitos Políticos: 
Os direitos políticos ou cívicos, de acordo com José Jairo Gomes, são as prerrogativas e os 
deveres inerentes à cidadania, englobando o direito de participar direta ou indiretamente do 
governo, da organização e do funcionamento do Estado. Os direitos políticos são conferidos 
apenas aos nacionais que preencham determinados requisitos previstos na Constituição (povo), 
e não indistintamente a toda a população. Os direitos políticos relacionam-se à ideia de 
democracia. Na teoria dos status de Jellinek, os direitos políticos representam o status ativo 
(status activus). 
Os direitos políticos, consoante se extrai da CF, disciplinam as diversas manifestações da 
soberania popular, que é concretizada pelo sufrágio universal, pelo voto direto e secreto (com 
valor igual para todos os votantes), pelo plebiscito, referendo e iniciativa popular. 
- Cidadania x Nacionalidade: são conceitos que não podem ser confundidos. A nacionalidade é 
um status do indivíduo perante o Estado. A cidadania é um status relacionado ao regime político. 
Consequentemente, um sujeito pode ser brasileiro e não ser cidadão (exemplo: criança). 
Cumpre salientar que, embora no campo da ciência social a cidadania seja compreendida de 
forma ampla (abarcando direitos civis, políticos, sociais e econômicos), no Direito Eleitoral, os 
termos cidadão e cidadania são utilizados de modo restrito, envolvendo, somente, os direitos 
de votar e ser votado (jus suffragii e jus honorum). De acordo com José Afonso da Silva, “a 
cidadania se adquire com a obtenção da qualidade de eleitor, que documentalmente se 
manifesta na posse do título de eleitor válido.” - GOMES, p. 73. 
- Estatuto da Igualdade Brasil-Portugal (Decreto nº 3.927/2000): prevê que brasileiros em 
Portugal e portugueses no Brasil gozarão dos mesmos direitos e estarão sujeitos aos mesmos 
deveres dos nacionais desses Estados, com exceção daqueles direitos expressamente 
reservados pela Constituição de cada uma das partes aos seus nacionais. Tais benefícios não são 
automáticos, sendo atribuídos mediante decisão dos órgãos internos com competência para 
tanto. Exigem que os brasileiros e portugueses que o requisitarem sejam civilmente capazes e 
tenham residência habitual no país que pleiteiam. Havendo a equiparação, portugueses, 
independentemente de naturalização, podem gozar de direitos políticos no Brasil (para direitos 
políticos, deve haver o mínimo de três anos de residência habitual e o gozo de direitos políticos 
no Estado de residência importa na suspensão do exercício dos mesmos direitos no Estado da 
nacionalidade). 
 
 O Direito ao Sufrágio: 
O sufrágio é o direito público subjetivo democrático, por meio do qual o povo é admitido a 
participar da vida política da sociedade. O sufrágio é a essência dos direitos políticos, traduzindo 
o direito de votar e ser votado. Nesta linha, o sufrágio apresenta duas dimensões: a) capacidade 
eleitoral ativa (cidadania ativa): direito de votar, de eleger representantes; e b) capacidade 
eleitoral passiva (cidadania passiva): direito de ser votado, de ser eleito. 
 “Tal direito não é a todos indistintamente atribuído, mas somente às pessoas que preencherem 
determinadosrequisitos. Nos termos do artigo 14, §§ 1º e 2º, da Constituição, ele só é 
reconhecido: (a) a brasileiros natos ou naturalizados; (b) maiores de 16 anos; (c) que não estejam 
no período de regime militar obrigatório (conscritos). Quanto aos naturalizados, a cidadania 
passiva sofre restrições, já que são privativos de brasileiro nato os cargos de Presidente e Vice-
Presidente da República. Não há impedimento a concorrem e serem investidos nos cargos de 
Deputado Federal e Senador. O que a Constituição lhes veda é ocuparem a presidência da 
Câmara Federal e do Senado (CF, art. 12, § 3º).” - GOMES, p. 72/73. 
- Classificação do sufrágio: 
1. Universal x Restrito: 
a) Universal: no sufrágio universal, o direito de votar é conferido ao maior número possível de 
nacionais. São admissíveis, contudo, eventuais restrições fundadas em circunstâncias que 
naturalmente impedem a participação no processo político. O sufrágio universal, portanto, não 
se confunde com a ausência de restrições ao direito de votar e ser votado. 
14 
 
b) Restrito: o sufrágio restrito é aquele limitado a determinado grupo de indivíduos, a uma 
parcela dos nacionais. De acordo com a doutrina, são espécies de sufrágio restrito: 
b.1) Censitário: é o sufrágio fundado na capacidade econômica do sujeito. No Brasil, esta forma 
de sufrágio já foi adotada na Constituição Imperial de 1824 e, mais moderadamente, nas 
Constituições Republicanas de 1891 e de 1934. 
b.2) Cultural ou capacitário: é o sufrágio fundado na aptidão intelectual do sujeito. A CF/88 
acolheu parcialmente esta espécie de sufrágio, pois nega capacidade eleitoral passiva aos 
analfabetos, considerados inelegíveis (art. 14, § 4º), embora estabeleça que estes podem votar, 
se quiserem. 
b.3) Masculino: é o sufrágio que veda a participação feminina no processo político. 
2. Igual x Desigual: 
a) Igual: o sufrágio igual é uma decorrência do princípio da isonomia. O voto de todos os 
cidadãos apresenta idêntico peso, sendo irrelevantes circunstâncias como riqueza, idade, grau 
de instrução, naturalidade ou sexo. No sufrágio igual, todos têm o mesmo valor no processo 
político-eleitoral. É a máxima do one man, one vote. Importante salientar que, no que tange à 
capacidade eleitoral passiva, a CF limitou o sufrágio igual, fixando o critério etário como 
condição de elegibilidade para determinados cargos (exemplo: candidatos aos cargos de 
Presidente, Vice-Presidente e Senador devem contar com a idade mínima de 35 anos). 
b) Desigual: no sufrágio desigual, admite-se a superioridade de determinados votantes. “São 
exemplos de sufrágio desigual: o voto familiar, em que o pai de família detém número de votos 
correspondente ao de filhos; o voto plural ou plúrimo, em que o eleitor pode votar mais de uma 
vez na mesma eleição, desde que o faça na mesma circunscrição eleitoral; o voto múltiplo, em 
que o eleitor pode votar mais de uma vez na mesma eleição em várias circunscrições eleitorais” 
- GOMES, p. 75 
- Sufrágio, voto e escrutínio: o voto representa o exercício do direito de sufrágio; o voto é a 
concretização do sufrágio. O escrutínio, de sua vez, indica a maneira como o processo de votação 
se perfaz (exemplo: escrutínio secreto ou público). Contudo, o termo escrutínio também pode 
identificar o processo de apuração dos votos depositados na urna (escrutinar = apurar os 
resultados de uma votação) e pode ser sinônimo de turno (a eleição pode se dar em primeiro 
ou segundo turno). 
 
 Voto Direto, Secreto, Universal e Periódico: 
O voto é o ato pelo qual os cidadãos escolhem os ocupantes dos cargos políticos-eletivos. 
- Natureza jurídica do voto: para a doutrina da soberania popular, o voto é um direito. De outro 
lado, para a doutrina da soberania nacional, o voto é um dever, uma função política em benefício 
da coletividade e do Estado. José Jairo Gomes, assim como a maioria da doutrina brasileira, 
adota posição sincrética, no sentido de que o voto é um direito público subjetivo dotado de 
função social e política, função esta que legitima sua obrigatoriedade, como dever cívico. Já 
entendeu a jurisprudência que, sendo o voto um direito, a frustração no seu exercício, por falha 
no serviço estatal, enseja indenização ao seu titular. 
- Voto direto, secreto, universal e periódico: consoante previsto no art. 60, § 4º, II, da CF/88, o 
voto direto, secreto, universal e periódico é cláusula pétrea. 
- Voto direto: os governantes são escolhidos diretamente pelos cidadãos, sem intermediários 
nesse ato. No sistema brasileiro, o voto indireto é exceção, ocorrendo eleições indiretas no caso 
de vacância dos cargos de Presidente e Vice-Presidente da República nos últimos dois anos do 
período presidencial. 
- Voto secreto: o voto é sigiloso, não podendo o seu conteúdo ser revelado pela Justiça Eleitoral. 
O segredo é direito público subjetivo do eleitor e apenas ele, querendo, pode revelar seu voto. 
E ́nula a votação quando preterida formalidade essencial do sigilo dos sufrágios (art. 220, IV, do 
Código Eleitoral). Admite-se, excepcionalmente, o afastamento do sigilo do voto nos casos em 
que o eleitor seja uma pessoa com deficiência e houver necessidade de auxílio humano para a 
manifestação de sua vontade na urna eletrônica. A necessidade de preservação do sigilo do voto 
15 
 
fundamentou a concessão, pelo STF, de medida cautelar na ADI 5889, no sentido de afastar, 
para as eleições de 2018, o voto impresso, suspendendo o dispositivo introduzido pela 
minirreforma eleitoral de 2015 que determina a impressão do registro dos votos realizados em 
urna eletrônica. 
- Voto universal: característica do sufrágio (sufrágio universal). 
- Voto periódico: decorre do princípio republicano. Em intervalos regulares de tempo, os 
cidadãos devem comparecer às urnas para votar, renovando, assim, a representação política. 
Além das supracitadas características que, como dito, são cláusulas pétreas, o voto no Brasil 
também se reveste de: 
- Personalidade: o sujeito só pode votar pessoalmente, não sendo possível fazê-lo por 
procuração, representante ou correspondência. 
- Obrigatoriedade: no Brasil, o voto é obrigatório para os maiores de 18 anos e menores de 70 
anos. 
- Liberdade: embora exista o dever de votar, o cidadão pode escolher livremente entre os 
partidos políticos e candidatos, votar em branco ou anular seu voto. 
- Igualdade: no processo político-eleitoral, os votos dos cidadãos têm o mesmo peso. 
 
* Questões de prova oral: 
- 27º CPR: 
Voto universal. Voto direto. 
Nacionalidade e cidadania. Tem alguma diferença na CF? 
Direitos políticos. 
- 28º CPR: 
No sentido estrito, no sentido jurídico, de que o sujeito precisa para alcançar a cidadania? É um 
pressuposto fundamental o alistamento? 
O brasileiro naturalizado pode ser candidato a governador? 
O que é sufrágio cultural? O caso do analfabeto é caso de sufrágio cultural? 
Sufrágio, voto e escrutínio. Defina e distinga para mim uma coisa da outra. 
O escrutínio no Brasil é aberto e não secreto? 
 
2.DIREITOS POLÍTICOS 
2.1 Direitos polıt́icos. Perda ou suspensão dos direitos polıt́icos. (2.a) 
2.2 Condições de elegibilidade. (5.a) 
2.3 Inelegibilidades constitucionais e suas espécies. (5.b) 
2.4 Inelegibilidades infraconstitucionais. Lei Complementar nº 64/1990. Lei Complementar nº 
135/2010. Desincompatibilização. (3.c) 
 
2A. Perda e Suspensão dos Direitos Políticos. 
 
Renata Souza 
Materiais consultados: GOMES, José Jairo. Direito Eleitoral. 14. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Atlas, 2018; RAMOS, André de 
Carvalho. Curso de Direitos Humanos. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2018; Graal do 28º CPR; Mjolnir; Transcrições de provas orais ; 
Comentários de julgados do Dizer o Direito. 
 
 Perda e Suspensão dos Direitos Políticos: 
A CF/88 traz duas formas de privação de direitos políticos: perda e suspensão. A cassação de 
direitos políticos, largamente empregadapelo governo militar para afastar opositores do 
regime, é vedada, por expressa disposição constitucional. 
- Perda: perder é deixar de ter algo que se tinha; liga-se à definitividade; a perda é permanente, 
embora se possa recuperar o que se perdeu. 
- Suspensão: é a privação temporária de direitos políticos. 
- Natureza jurídica: Antônio Carlos Mendes acentua que a perda ou suspensão dos direitos 
políticos não constituem sanção penal, mas sanção constitucional de natureza não-penal. 
16 
 
- Consequências jurídicas da perda ou da suspensão: cancelamento do alistamento e exclusão 
do corpo de eleitores, cancelamento ou suspensão da filiação partidária, perda de cargo ou 
função pública, impossibilidade de ajuizar ação popular, impedimento para votar ou ser votado, 
impedimento para exercer a iniciativa popular e perda do mandato eletivo. 
- Hipóteses de perda ou suspensão de direitos políticos: previstas nos incisos do art. 15, da 
CF/88. 
“Parte da doutrina tem considerado os incisos I (cancelamento de naturalização) e IV (escusa de 
consciência) do citado art. 15 da Constituição como hipóteses de perda de direitos políticos. As 
demais são suspensão (...) No entanto, Cretella Júnior (1989, v. 2, p. 1122, nº 169) afirma que, 
na escusa de consciência, pode haver perda ou suspensão. Cremos, porém, que essa hipótese 
(e também a de incapacidade) é de suspensão ou de impedimento, não de perda” - GOMES, p. 
11. 
I - Cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado: o art. 12, § 4º, I, da CF/88, 
determina a perda da nacionalidade do brasileiro naturalizado que tiver cancelada sua 
naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional. 
Também será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro nato que adquirir outra 
nacionalidade, salvo nos casos de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei 
estrangeira ou de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente 
em estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício 
de direitos civis. A perda da nacionalidade brasileira implica na perda dos direitos políticos ipso 
facto. 
II - Incapacidade civil absoluta: na sua redação atual, o art. 3º, do Código Civil, apenas estabelece 
os menores de 16 anos como absolutamente incapazes. Por força do Estatuto da Pessoa com 
Deficiência, os deficientes, em princípio, são plenamente capazes para o exercício de atos da 
vida civil; a restrição à capacidade civil é baseada na impossibilidade de a pessoa exprimir sua 
vontade e não na deficiência em si. Ao Poder Público cabe garantir ao deficiente os direitos 
políticos e a oportunidade de exercê-los em igualdade de condições com as demais pessoas, 
inclusive o direito de votar e ser votado. A interdição e a curatela não implicam necessariamente 
na suspensão dos direitos políticos, por dizerem respeito especialmente à prática de atos 
relacionados ao patrimônio. “A suspensão de direitos políticos fulcrada no artigo 15, II, da 
Constituição Federal deve ser reservada apenas aos casos em que a pessoa se tornar 
completamente inapta a formar e expressar o seu querer. Aqui, então, o juiz cível que decretar 
a interdição deverá comunicar esse fato à Justiça Eleitoral, de maneira que seja suspenso o 
alistamento do interditado, com sua consequente exclusão do rol de eleitores (CE, art. 71, II, e 
§ 2º)” - GOMES, p. 16. 
III - condenação criminal transitada em julgado: a condenação criminal transitada em julgado 
enseja a suspensão de direitos políticos, enquanto perdurarem seus efeitos. Consoante a 
jurisprudência, trata-se de norma autoaplicável. “A suspensão de direitos políticos constitui 
efeito secundário da sentença criminal condenatória, exsurgindo direta e automaticamente com 
seu trânsito em julgado, independentemente da natureza ou do montante da pena aplicada in 
concreto. Por isso, não é necessário que venha gravada na parte dispositiva do decisum.” - 
GOMES, p. 17. A expressão condenação criminal abrange crimes de qualquer natureza e, 
igualmente, contravenções penais. Irrelevante o elemento subjetivo do tipo penal, havendo a 
suspensão dos direitos políticos, portanto, também em delitos culposos. A suspensão dos 
direitos políticos ocorre: a) ainda que a pena aplicada seja restritiva de direitos; b) mesmo que 
a pena seja somente pecuniária; c) ainda que o réu tenha sido beneficiado com o sursis (art. 77, 
do CP); d) mesmo que o réu tenha logrado livramento condicional (art. 83, do CP); e) ainda que 
a pena seja cumprida no regime de prisão aberto, albergue ou domiciliar. Também haverá 
suspensão dos direitos políticos no caso sentença penal absolutória imprópria (aplicação de 
medida de segurança). Por outro lado, no caso de transação penal e sursis processual, NÃO há 
suspensão dos direitos políticos, pois não há condenação criminal. “Os efeitos da suspensão dos 
direitos políticos somente cessam com o cumprimento ou a extinção da pena. Aqui se 
17 
 
compreendem todas as espécies de pena, a saber: privativas de liberdade, restritivas de direitos 
e multa (CP, art. 32). Nesse sentido, reza a Súmula nº 9 do TSE: A suspensão de direitos políticos 
decorrente de condenação criminal transitada em julgado cessa com o cumprimento ou a 
extinção da pena, independendo de reabilitação ou de prova de reparação dos danos. Logo, a 
propositura de revisão criminal (CPP, art. 621) por si só não faz cessar os efeitos da condenação, 
de maneira a restaurar os direitos políticos.” - GOMES, p. 24. No que tange a alguns delitos, o 
legislador estabeleceu um tratamento mais gravoso para a ocorrência de condenação criminal. 
Assim, conforme dispõe o art. 1º, I, e, da LC nº 64/90, no caso de condenação transitada em 
julgada ou por órgão colegiado, pelos crimes ali elencados, o agente também ficará inelegível 
pelo prazo de 8 anos, após o cumprimento ou extinção da pena. Quanto à execução provisória 
da pena criminal, esta restringe-se ao efeito principal da condenação penal, que é a privação da 
liberdade, não afetando os direitos políticos, o que só ocorre com o trânsito em julgado; 
contudo, a depender do crime imputado ao réu, pode haver restrição à cidadania passiva, em 
razão da inelegibilidade prevista no art. 1º, I, e, da LC nº 64/90, já que existirá decisão 
condenatória proferida por órgão judicial colegiado. Por fim, é preciso analisar se a suspensão 
de direitos políticos decorrente de condenação criminal transitada em julgado acarreta a perda 
automática de mandato eletivo. Neste sentido, havendo condenação criminal transitada em 
julgado, haverá a perda imediata do mandato eletivo de Vereadores, Prefeitos, Governadores e 
Presidente da República. Por outro lado, no caso de Deputados Federais e Senadores, há 
discussão se, ocorrendo condenação criminal, pelo STF, se dá a perda automática do mandato 
ou se isso ainda dependerá de uma decisão da Câmara ou do Senado, sendo possível a 
identificação de três correntes principais acerca do tema: 1ª Corrente: mesmo com a 
condenação criminal transitada em julgado, o Deputado ou Senador somente perderá o 
mandato se assim decidir, por maioria absoluta, a respectiva Casa Legislativa, nos termos do art. 
55, VI e § 2º, da CF/88 (esta é o entendimento adotado pela 2ª Turma do STF - AP 996, 
julgamento em 29/05/2018). 2ª Corrente: se o parlamentar federal foi condenado 
criminalmente, com trânsito em julgado, o STF poderá determinar a perda do mandato eletivo, 
nos termos do art. 92, I, do CP; nesse caso, a própria condenação já tem o condão de acarretar 
a perda do mandato e a Casa Legislativa deverá simplesmente cumprir a decisão; se o STF não 
determinou a perda do cargo, mesmo assim a Casa Legislativa pode decidir pela perda do cargo, 
com base no art. 55, § 2º, da CF/88 (o STF já adotou esta corrente no julgamento da AP 470/MG, 
mas ela não representa mais o entendimento da Corte).3ª Corrente: se o Deputado ou Senador 
for condenado a mais de 120 dias em regime fechado, a perda do cargo será uma consequência 
lógica da condenação, cabendo à Mesa da Câmara ou do Senado somente declarar que houve a 
perda, à luz do art. 55, III e § 3º, da CF/88; se o parlamentar federal for condenado a uma pena 
em regime aberto ou semiaberto, a condenação criminal não gera a perda automática do cargo 
e o Plenário da Casa Legislativa irá deliberar, nos termos do art. 55, § 2º, se deverá haver ou não 
a perda do mandato (é a posição adotada pela 1ª Turma do STF - AP 694/MT, julgamento em 
2/5/2017 e AP 863/SP, julgamento em 23/5/2017). 
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa: consoante o art. 5º, 
VIII, da CF/88, ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção 
filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e 
recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei. Trata o referido dispositivo da 
chamada escusa ou objeção de consciência. Como obrigações legais a todos impostas podem 
ser citados o exercício da função de jurado e a prestação de serviço militar. 
V - improbidade administrativa: entre as sanções cabíveis para a prática de atos de improbidade 
administrativa encontra-se a de suspensão dos direitos políticos. Para que ocorra a suspensão 
dos direitos políticos, tal sanção deve vir expressa na sentença que julga procedente o pedido 
inicial. Ademais, a suspensão somente se efetiva com o trânsito em julgado da sentença (art. 20, 
da Lei nº 8.429). 
 
* Questões de prova oral: 
18 
 
- 28º CPR: 
Cassação, perda e suspensão de direitos políticos. Já houve cassação no Brasil? 
 
5A. Condições de Elegibilidade 
 
Valmor Piazza 
 
Distinção entre Condição Elegibilidade (14, §3º, CF) e Causas INelegibilidade (14, §4º a 7º, CF) 
 
Teoria Clássica (STF e TSE) 
A Elegibilidade consiste na própria Capacidade Eleitoral Passiva, ou seja, o direito público 
subjetivo de pleitear mandato político. Reune Condições Elegibilidade (aspecto positivo) E não 
incorrer em Causas INelegibilidade (aspecto negativo), sendo alcançada de forma gradual - 
alguns cidadãos nunca a alcançam plenamente, como os naturalizados 
- Condição Elegibilidade: requisitos positivos para concorrer eleição (ius honorum), 
encontrando previsão no art. 14, §3º, CRFB e regulamentação na lei ordinária (reserva 
legal simples). 
- Causas INelegibilidade: impedimentos que obstam concorrer à eleição (AIRC) ou - se 
superveniente ou natureza constitucional - fundamentam impugnação do diploma 
(RDC). Previstos na Constituição e em legislação complementar (14, §9º, CRFB) 
- Condições Registrabilidade: elementos formais para registro, como fotografia, certidão 
de quitação eleitoral (art. 11, §1º, L9.504). 
Portanto, para concorrer à eleição, necessita-se preencher as condições de elegibilidade e não 
incidir em causas de INelegibilidade. 
 
Adriano Soares da Costa - doutrina minoritária 
Inexiste diferença entre Condições de Elegibilidade E Causas de INelegibilidade, configurando 
ambas verdadeiras condições de Registrabilidade, ou seja, pressupostos para o registro da 
candidatura. Caso ausênte uma condição: não há direito ao registro (AIRC). 
Registro de Candidatura consiste em um fato jurídico que cria a elegibilidade, de modo que antes 
do registro ninguém possui direito à elegibilidade. Este direito somente surge após o registro da 
candidatura. 
 
As diferenças acabam por incorrer em consequências práticas, uma vez que a CRFB (14, §9º) 
demanda Lei Complementar para prescrever novas causas de inelegibilidade. Dessa forma, para 
Adriano Soares, as tradicionais condições de registrabilidade (art. 11, §1º, L9.504) seriam 
inconstitucionais, pois previstas em legislação ordinária. 
 
Condições de Elegibilidade (art. 14, §3º, CF): 
I. Nacionalidade Brasileira: vínculo jurídico-político que liga o indivíduo a determinado Estado. 
Apenas nacional detém capacidade eleitoral passiva, à exceção dos portugueses equiparados, 
pois podem gozar de direitos políticos no Brasil. 
II. Plenitude dos direitos políticos: Denotam a capacidade de votar e ser votado e são adquiridos 
com o alistamento. A suspensão e a perda de direitos políticos afeta a elegibilidade (art. 15 da 
CRFB) 
III. Alistamento: condiciona à aquisição da cidadania ativa e passiva. Através do alistamento 
eleitoral que se adquire a cidadania. A prova de alistado é feita pelo título eleitoral. 
IV. Domicílio eleitoral na circunscrição: no mínimo 6 meses antes da eleição (art. 9º, L9.504). 
Circunscrição: nas eleições municipais, é o município; nas eleições gerais, exceto presidencial, é 
o estado; e, por fim, na eleição presidencial, é o território nacional. Domicílio eleitoral é o local 
da residência ou moradia e, havendo mais de uma, o de qualquer delas (art. 42, p.u., Código 
Eleitoral). Domicílio eleitoral não se confunde com domicílio civil: Domicílio civil é o local no qual 
19 
 
a pessoa estabelece residência com ânimo definitivo. O conceito de domicílio eleitoral é um 
conceito bem elástico, porque alcança o domicílio e a residência. Atenção: O TSE elasteceu ainda 
mais o conceito de domicílio eleitoral, basta a comprovação de pelo menos um dos seguintes 
vínculos: patrimonial, laborativo ou social. Observe que com o requisito patrimonial a pessoa 
não precisa ter domicílio na circunscrição, nem residência, bastando ter um patrimônio no local. 
V. Filiação partidária: no mínimo 6 meses antes da eleição (art. 9º, L9.504). Estatutos partidários 
podem exigir tempo maior o qual não poderá ser alterado em ano de eleição (arts. 18 e 20 
L9.096/1995). Membros do MP, Judiciário e Tribunais de Contas: filiação, no mínimo, 6 meses 
antes do pleito, quando deve ocorrer a desincompatibilização (LC 64/90, arts. 1º, II, a, 8, 14 e j). 
Militares: não é exigida a filiação partidária do militar da ativa, bastando o alistamento e o 
registro de candidatura - participa da convenção sem estar alistado no partido. Suspensão de 
direitos políticos: a filiação não é cancelada, mas só suspensa, sendo possível o aproveitamento 
do tempo anterior à suspensão para fim de comprovação do prazo mínimo de filiação. OBS: a 
candidatura nata era prevista na Lei das Eleições e garantia o direito àqueles que já eram 
titulares de cargos eletivos de serem indicados para concorrer à reeleição. O STF declarou a 
inconstitucionalidade desse artigo. Ficou assentada a orientação que mesmo aqueles 
detentores de cargos devem ser escolhidos em convenção, sob o fundamento de que o cargo 
pertence ao partido que o elegeu, e não ao filiado. OBS: O registro da candidatura será realizada 
pelo próprio partido, ocorrerá até 15 de agosto do ano eleitoral, e se o partido for omisso, caberá 
ao candidato fazê-lo em 48 (quarenta e oito) horas. OBS: A comprovação da filiação partidária 
se dará por comunicação dos próprios partidos que devem remeter ao juiz eleitoral a relação de 
nomes dos seus filiados, conforme art. 19, 9.096/95. Em caso de omissão do partido, é facultado 
ao prejudicado requerer diretamente a justiça eleitoral a inclusão do seu nome na lista. A filiação 
pode ser provada por qualquer meio, não só pelas listas enviadas à justiça eleitoral (súmula 20 
do TSE). A CRFB adotou democracia partidária, inexistindo candidatura avulsa. Pluralidade de 
filiação: Havendo coexistência de filiações partidárias, prevalecerá a mais recente, devendo a 
Justiça Eleitoral determinar o cancelamento das demais (art. 22, parágrafo único, L9.096). 
Atenção: não existe mais a regra de dupla filiação. 
VI. Idade mínima: 35 anos (Presidente, Vice e Senador), 30 anos (Governador e Vice), 21 anos 
(Deputado Federal ou Estadual, Prefeito e Vice e juiz de paz) e 18 anos (Vereador). A idade 
mínima pode ser preenchida até a data da posse (art. 11, §2º, L9504), salvo para vereador- data-
limite do registro. 
Momento de aferição: em regra devem ser aferidas no momento da formalização do pedido de 
registro da candidatura, ressalvadas as alterações, fáticas ou jurídicas, supervenientes ao 
registro que afastem a inelegibilidade (art. 11, §10 da L9.504/97) – o TSE tem entedimento de 
que essa ressalva final aplica-se apenas à inelegibilidade e não à condição de elegibilidade como 
o não pagamento de multa por não comparecimento às urnas (Info TSE 3/2013). Porém, o 
domicílio eleitoral e a filiação partidária se auferem na data da eleição. O juiz realiza uma análise 
prospectiva. OBS: O TSE entende por fato superveniente “aquele que ocorre depois da 
propositura da demanda, sobre o qual não se tinha controle, tampouco conhecimento de sua 
existência, como acontece nos casos em que se obtêm liminares ou antecipações de tutela que 
afastem provisoriamente a condenação ou o fato, ou mesmo decisão definitiva que acarrete a 
extinção da causa geradora da inelegibilidade, não constituindo alteração fática ou jurídica 
superveniente o eventual transcurso de prazo de inelegibilidade antes da data de realização das 
eleições” (Agravo Regimental no Recurso Especial Eleitoral no 380-59/PR, rel. Min. Arnaldo 
Versiani, em 6.11.2012). 
 
5B. Inelegibilidades Constitucionais e suas Espécies 
 
Valmor Piazza 
 
20 
 
Conceito de inelegibilidade: situação/ impedimento que obsta o exercício da Capacidade 
Eleitoral Passiva (dirieto de ser votado). Atenção: a inelegibilidade não é pena. 
 
 
 
 
Espécies de inelegibilidade: 
 
 
 
Classificações de INelegibilidades: 
 
Absolutas: Atingem a capacidade eleitoral passiva para TODOS os cargos (analfabetos e 
inalistáveis) 
 
Relativas: Obstam somente a capacidade eleitoral passiva de determinados cargos. 
 
Classificação de Adriano Soares da Costa: 
- Inelegibilidade Sanção/ Cominada: advêm da prática de um ilícito (ex. improbidade 
administrativa). Podem ser Simples (um único pleito) ou Potenciadas (eleições futuras) 
- Inelegibilidades Inatas: visam ao equilíbrio e moralidade das eleições (ex. parentesco) 
 
Qual é a diferença entre as inelegibilidades constitucionais e legais? 
As Constitucionais não precluem; enquanto que as legais precluem e devem ser previstas em Lei 
Complementar. 
 
Caso Arruda DF: As inelegibilidades supervenientes ao requerimento de registro de candidatura 
poderão ser objeto de análise pelas instâncias ordinárias no próprio processo de registro de 
candidatura, desde que garantidos o contraditório e a ampla defesa. Votação por maioria. 
21 
 
(Recurso Ordinário no 15429, Acórdão de 26/08/2014, Relator(a) Min. HENRIQUE NEVES DA 
SILVA, Publicação: PSESS - Publicado em Sessão, Data 27/08/2014) 
 
As causas de INelegibilidade constitucionais (14, §4º a §7º, CRFB) podem ser arguidas após o 
prazo da AIRC, em sede de RDC. Todavia, as infraconstitucionais possuem a AIRC como prazo 
limite, salvo se supervenientes. 
 
I. Os inalistáveis e os analfabetos (§4º): 
Inalistáveis: a) Estrangeiros (exceção Português equiparado); b) Conscritos (serviço militar 
obrigatório); c) menores de 16 anos (exceção para o menor com 15 anos que complete 16 até a 
data do pleito); d) Quem perdeu ou teve suspensos os direitos polítocos. 
Analfabetos: Caso de dúvida fundada sobre o analfabetismo, deve-se proceder a teste de 
alfabetização, desde que individual e sem constrangimento; ou seja, veda-se teste coletivo. 
Atenção 1: o analfabeto funcional não é inelegível. Atenção 2: é possível aferir analfabetismo 
mesmo que já o indivíduo já exerça mandato político. Súm 15 TSE: O exercício de mandato 
eletivo não é circunstância capaz, por si só, de comprovar a condição de alfabetizado do 
candidato. 
 
II. Reeleição para Cargos do Executivo (§5º): A EC 16/97 inseriu a reeleição para cargos no Poder 
Executivo. Todavia, somente pode-se reeleger para um único período subsequente o Presidente 
da República, Governador, Preferito e quem os houver sucedido ou substituído. Atenção 1: O 
TSE veda a candidatura como Vice por 3 vezes consecutivas. Atenção 2: A figura do Prefeito 
Itinerante (município diversos) também restou vedada pela corte eleitoral. Considerou ser a 
alteração de domicílio eleitoral prática incompatível com os fins da Constituição, por ensejar 
perpetuação no poder e apoderamento de unidades da federação por clãs políticos. Atenção 3: 
Historicamente os membros do Poder Legislativo sempre puderam se reeleger. 
 
III. Desincompatibilização do Presidente, Governador e Prefeito para concorrer a outros cargos 
(§6º): Caso os titulares destes cargos desejem concorrer a outro cargo, devem renunciar ao 
mandato até 6 meses antes do pleito. Atenção 1: não é necessária a renúncia para concorrer à 
reeleição. Atenção 2: o TSE não permite que o titular se licencie do cargo 6 meses antes do pleito 
e renuncie somente após a convenção. Atenção 3: não se aplica ao Vice caso não tenha 
substituído o titular nos 6 meses anteriores ao pleito, ou seja, pode concorrer a outros cargos 
sem renunciar (caso Marco Maciel - Vice-Presidente e posteriormente Senador). Todavia, caso 
substitua o titular ou suceda-o definitivamente, será necessária a renúncia (caso Alkmin - ex-
Vice-Governador do falecido Mario Covas) 
 
IV. INelegibilidade Reflexa (§7º): “São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge 
e os parentes consangüíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da 
República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem 
os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato 
eletivo e candidato à reeleição.” Espécie de inelegibilidade relativa decorrente de parentesco. 
Atenção 1: Súm Vinculante 18: a dissolução de sociedade conjugal, no curso do mandato, não 
afasta a inelegibilidade. Busca-se evitar o “governador-laranja”. Atenção 2: Remanesce a 
inelegibilidade no caso de desmembramente de município, quando do parentesco com o 
“município-mãe” (STF, RE 158.314) (Súm 12 TSE). Atenção 3: Súm 6 TSE: “São inelegíveis para o 
cargo de chefe do Executivo o cônjuge e os parentes, [...] do titular do mandato, salvo se este, 
reelegível, tenha falecido, renunciado ou se afastado definitivamente do cargo até seis meses 
antes do pleito.” (caso Roseana Garotinho). Atenção 4: União Estável também acarreta 
inelegibilidade. 
 
22 
 
Inelegibilidades reflexas (art. 14, §7º, CRFB) e Heterodesincompatibilização: A 
desincompatibilização do chefe do executivo para se eleger a outro cargo eletivo é hipótese de 
autodesincompatibilização, pois permite o afastamento da própria inelegibilidade funcional. 
Porém, o ato de desincompatibilização do chefe do executivo pode beneficiar um terceiro que 
está reflexamente inelegível em razão do fato de ele ser chefe do Poder Executivo, sendo esse 
caso chamado de heterodesincompatibilização. Assim, segundo orientação do TSE, se o titular 
do mandato se afastar definitivamente do cargo 6 meses antes das eleições e não se candidatar 
à reeleição (afastamento esse que não era necessário para sua reeleição), evitará a 
inelegibilidade dos respectivos parentes. 
 
3C. Inelegibilidades infraconstitucionais. Lei Complementar nº 64/1990. Lei Complementar nº 
135/2010. Desincompatibilização. 
 
FONTES: Material do grupo MPF LEVADO À SÉRIO; Santo Graal 28CPR. ALMEIDA, Roberto Moreira de. Curso de Direito Eleitoral 
(12 ed, 2018). 
Atualizado por Felipe Fróes, em 07/09/2018 
 
 
É inelegível a pessoa que, embora regularmente no gozo de seus direitos políticos, esteja 
impedida de exercer temporariamente sua capacidade eleitoral passiva, ou seja, da condição 
de ser candidato e, consequentemente, de poder ser votado. A inelegibilidade é uma condição 
obstativa do exercício passivo da cidadania. Atenção: a inelegibilidade não é pena. 
A inelegibilidade inata,

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