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29/4/2011 1 Lipídeos e Membranas Delimitação das células • Células são delimitadas por membranas biológicas, que impedem o vazamento de moléculas geradas internamente ou que moléculas indesejadas se difundam para dentro. • Além disso, elas possuem sistemas de transporte para captar moléculas desejadas e remover as indesejadas – é a propriedade de permeabilidade seletiva. 29/4/2011 2 Membranas celulares • As membranas celulares são formadas principalmente de lipídeos, mas há circulação de grandes variedades de proteínas. • A parte lipídica da camada forma uma barreira de permeabilidade, enquanto as proteínas formam sistemas de transporte e sinalização. • Eucariotos possuem também membranas internas para delimitar organelas, como mitocôndrias ou cloroplastos. Propriedades das membranas • Membranas são estruturas laminares, com espessura entre 60Å e 100Å. • A relação de massas lipídeos/proteínas vai de 1:4 até 4:1. Glicídeos também estão presentes, ligados a eles. • Lipídeos de membranas têm uma porção hidrófila e outra hidrófoba, formando espontaneamente lâminas bimoleculares fechadas em meio aquoso, que barram o fluxo de moléculas polares. 29/4/2011 3 Propriedades das membranas • Proteínas específicas em membranas podem funcionar como bombas, canais, receptores, transformadores de energia e enzimas. • Membranas são montagens não covalentes, resultando de muitas interações cooperativas. • Membranas são assimétricas (as duas faces sempre diferem uma da outra). Propriedades das membranas • Membranas são fluidas, com alta difusão das moléculas de lipídeos e proteína, mas a sua inversão não é frequente. • A maioria das membranas têm polaridade elétrica, com o lado interno negativo (~60mV). 29/4/2011 4 Ácidos graxos • Longas cadeias hidrocarbonadas, com diferentes comprimentos e graus de insaturação, com terminação em carboxila (grupamento ácido). • Seu nome é derivado do nome do hidrocarboneto correspondente substituindo o o final por óico (octadecano � ácido octadecanóico) Variações de ácidos graxos • Em sistemas biológicos, comumente os ácidos graxos contém um número par de carbonos, geralmente entre 14 e 24 (mais comuns entre 16 e 18), quase invariavelmente sem ramificações em animais. • Eles podem ter a cadeia alquílica saturada ou com duas ou mais ligações duplas, com os insaturados tendo pontos de fusão mais baixo. 29/4/2011 5 Lipídeos de membrana • Por definição, lipídeos são biomoléculas insolúveis em água mas muito solúveis em solventes orgânicos. • Os lipídeos de membrana estão presentes em três principais classes: fosfolipídeos, glicolipídeos e colesterol. • Há algumas diferenças entre os lipídeos encontrados em eucariotos e bactérias em relação aos de archaea. Fosfolipídeos • São abundantes em todas as proteínas biológicas. • São compostos de uma plataforma (glicerol ou esfingosina) ligados a um ou mais ácidos graxos e um fosfato ligado a um álcool. No caso dos fosfoglicerídeos (glicerol como plataforma), há sempre dois ácidos graxos). 29/4/2011 6 Glicolipídeos • Lipídeos podem se ligar a glicídeos, formando glicolipídeos. • Podem ser formadas apenas pela ligação de uma ose ou conter cadeias longas e ramificadas. Colesterol • O colesterol tem estrutura diversa dos fosfolipídeos, sendo um esteróide (molécula com um arranjo específico de quatro cicloalcanos fusionados). • Em membranas, eles se orientam paralelamente às cadeias de ácidos graxos dos fosfolipídeos. • Ausente em procariontes, ele é encontrado em praticamente todas as membranas de animais. 29/4/2011 7 Anfipaticidade • Há enorme variedade de lipídeos de membrana, mas eles são sempre anfipáticas, contendo uma porção hidrófila e outra hidrófoba. • Essa propriedade favorece a formação de espontânea de membranas ou micelas (como visto no capítulo 1). Membranas e micelas • A maior parte dos fosfolipídeos e glicolipídeos tendem a formar lâminas bimoleculares, pois suas cadeias são muito volumosas para se adaptar no interior de uma micela. • Já os sais de ácidos graxos, com uma só cadeia, tendem a formar micelas espontaneamente. • A formação espontânea destas estruturas é chamada de processo de automontagem. 29/4/2011 8 Fatores para a automontagem • Interações hidrófobas (moléculas de água são liberadas das caudas hidrocarbonadas). • Forças atrativas de van der Waals (entre as caudas compactadas). • Atrações eletrostáticas e pontes de hidrogênio (entre as cabeças polares e moléculas de água). Conseqüências biológicas • Bicamadas tendem a serem amplas. • Bicamadas tendem a fechar-se para evitar bordas com cadeias hidrocarbonadas expostas, formando compartimentos. • Bicamadas lipídicas são auto-selantes (a formação de um orifício é energeticamente desfavorável). 29/4/2011 9 Lipossomos • Como fosfolipídeos têm propensão a formar membranas, tem-se usado comumente as vesículas lipídicas ou lipossomos para estudos experimentais em ciência básica ou aplicada. Uso clínico de lipossomos • Lipossomos podem ser usados como transporte de DNA para terapia gênica, poise se fundem com a membrana citoplasmática de várias células, introduzindo o material encapsulado. • A distribuição de medicamentos por lipossomos freqüentemente diminui sua toxidez, pois eles se concentram em regiões de circulação sangüínea aumentada, como tumores sólidos e locais de inflamação. 29/4/2011 10 Permeabilidade • Experimentos indicam que membranas de bicamada lipídica têm baixa permeabilidade para íons e para a maioria das moléculas polares, com exceção da água (devido ao seu pequeno tamanho, alta concentração e falta de carga completa). • O processo consiste em livrar-se da camada de solvatação, dissolver-se no cerne hidrocarbonado, difundir-se para o outro lado e ser ressolvatada, o que em geral é energeticamente desfavorável. Proteínas de membrana • Enquanto os lipídeos formam uma barreira de permeabilidade, praticamente todas as outras funções das membranas são exercidas por proteínas. • Em geral, membranas que executam funções diferentes contém conjuntos diferentes de proteínas. 29/4/2011 11 Associação de proteínas a membranas • Algumas proteínas (chamadas periféricas) podem ser isoladas mais facilmente de membranas, enquanto outras (chamadas integradas) estão muito fixas devido à interação direta com a região hidrocarbonada da membrana. • Estas últimas necessitam de fortes solventes orgânicos para sua retirada. Proteínas de membrana • Proteínas de membranas são mais difíceis de serem purificadas e cristalizadas. • Ainda assim, existem estruturas disponíveis (por cristalografia de raios-x ou microscopia eletrônica) de mais de cem destas proteínas, algumas com resolução suficiente para visualização de detalhes moleculares. 29/4/2011 12 Proteínas de membrana • Proteínas podem atravessar a membrana através de hélices. • Na bacteriorrodopsina, mostrada ao lado, a maior parte dos aminoácidos são apolares. • Em alguns casos, hélices transmembranares podem ser detectadas pela seqüência. Proteínas de membrana • Proteínas de canal podem ser formadas também por fitas. • A disposição destas fitas formam um cilindro oco, que permite a passagem de moléculas. Um interior hidrofílico pode surgir pela alternância de aminoácidos polares e apolares. 29/4/2011 13 Proteínas de membrana • Finalmente, algumas proteínas podem ter regiões que adentram apenas parcialmente na bicamada lipídica, mas ligam-se de forma suficientemente forte para serem consideradas proteínas integradas. Prostaglandina H2 sintase-1 Proteínas de membrana • Outra forma de ligação se dá através de grupamentos hidrofóbicos ligados covalentemente à proteína 29/4/2011 14 Previsão de hélices transmembranares • Pode-se avaliar se um segmento de hélices é maisestável em meio hidrocarbonado ou em água. • Usando os valores tabelados para a energia de transferência entre os meios, pode-se avaliar se uma seqüência é compatível com uma hélice de membrana. Gráficos de hidropatia 29/4/2011 15 Difusão em membranas • Membranas biológicas não são rígidas – os lipídeos e muitas proteínas de membranas estão constantemente se movimentando lateralmente, no processo chamado de difusão lateral, que pode ser acompanhado experimentalmente. • A distância média S atravessada no tempo t depende do coeficiente de difusão (D) segundo a expressão S=(4Dt)1/2 • D costuma ser em torno de 1μm2/s para lipídeos em membranas. Difusão em membranas • Proteínas por sua vez podem ter alta variação em sua mobilidade lateral – algumas são quase tão móveis quanto os lipídeos, enquanto outras são praticamente imóveis. • Como exemplos, a rodopsina tem coeficiente de difusão de 0.4μm2/s, enquanto a fibronectina tem D menor que 10-4μm2/s 29/4/2011 16 Mosaico fluido • Devido a esta mobilidade discutida anteriormente, as membranas foram descritas como mosaicos fluidos (Singer & Nicolson, 1972). Neste modelo, as membranas são “soluções bidimensionais”, em que as proteínas podem se difundir lateralmente até o limite das restrições por interações. • O modelo não considera a rotação através da membrana Flip-flop • Embora seja um processo lento, a rotação espontânea de lipídeos de uma face da membrana para a outra pode ocorrer. • Este processo é chamado de difusão transversa ou flip-flop, e também é confirmado experimentalmente. 29/4/2011 17 Flip-flop • Uma molécula de fosfolipídeo faz difusão transversa apenas uma vez em várias horas, demorando portanto 109 vezes mais para fazer o flip-flop que se difundir por 50Å. • No caso das proteínas de membranas, as barreiras de energia são ainda maiores, pois elas tem regiões polares mais amplas. A difusão transversa de proteínas de membrana nunca foi observada. • Isso garante a preservação da assimetria das membranas. Fluidez das membranas • A fluidez das membranas, que influi em processos como transporte e transmissão de sinais, depende da composição em ácidos graxos e conteúdo de colesterol. • Ácidos graxos saturados favorecem o estado rígido. 29/4/2011 18 Controle da fluidez • Bactérias controlam a fluidez de suas membranas variando o número de ligações duplas e comprimento da cadeia dos ácidos graxos. • Em animais, ela é controlada principalmente pelo colesterol, que por ser muito diferente dos fosfolipídeos perturba as interações regulares. Assimetria das membranas • As membranas são estrutural e funcionalmente assimétricas. • Como exemplo, a bomba de sódio e potássio é orientada de forma a bombear Na+ para fora e K+ para dentro da célula. • O ATP precisa estar dentro da célula para acionar a bomba, enquanto seu inibidor (ouabaína) só funciona quando no exterior da célula. 29/4/2011 19 Outras membranas • Algumas bactérias, como a E. coli, possui duas membranas separadas por uma parede celular (composta de proteínas, peptídeos e glicídeos). A região entre as duas membranas é chamada de periplasma. • Nos eucariotos, há só uma bicamada lipídica, mas há outras membranas formando organelas, como mitocôndrias (síntese de ATP), peroxissomos (oxidação de ácidos graxos) ou o próprio núcleo. Outras membranas • Há várias evidências de que as mitocôndrias evoluíram de bactérias por endossimbiose. • Há também membranas adicionais em processos como a endocitose, em que proteínas forçam a geração de vesículas.
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