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FIG-UNIMESP TRABALHO: RITO ORDINARIO NO PROCESSO PENAL. GUARULHOS 2021 FIG UNIMESP TRABALHO: RITO ORDINARIO NO PROCESSO PENAL. GUARULHOS 2021 Trabalho apresentado ao curso de Direito, da disciplina de Direito de Processo Penal. Parte das exigências curriculares para composição de exame AB Professor Nilton de Souza Vivan Nunes SUMÁRIO 1. Introdução ......................................................................................... 4 Infográfico – Procedimento Ordinário .................................................... 4 2. Rito ordinário ..................................................................................... 5 3. Estrutura do procedimento comum de rito ordinário .......................... 5 1º Passo – A oferta da inicial acusatória, seja ela a denúncia (ação pública) ou a queixa-crime (ação privada). ....................................... 5 2º Passo – A realização do juízo de admissibilidade da inicial. ............. 6 3º passo – A realização da citação. ....................................................... 9 4º Passo – Apresentação da defesa terá 10 dias para alegar preliminares, apresentar provas e arrolar testemunhas. ................. 10 4. Conclusão ....................................................................................... 12 5. Referências Bibliográficas ............................................................... 13 4 1. Introdução O presente trabalho, tem como objetivo o estudo do rito ordinário no processo penal brasileiro (artigo 394 §1º, I do CPP). Veremos a seguir que existe um processo (instrumento), que será conduzido através de um dentre vários procedimentos (rito, sequência de atos) existentes em nosso ordenamento jurídico. Neste artigo iremos abordar o procedimento comum e a sequência de atos que são inerentes ao rito ordinário. Infográfico – Procedimento Ordinário 5 2. Rito ordinário Procedimento será ordinário quando a pena máxima em abstrato do crime cometido for maior ou igual a 4 anos. Este procedimento se inicia com a denúncia do réu (ação penal pública), ou com a queixa-crime (ação penal privada). Neste procedimento as partes poderão arrolar até 8 testemunhas. O procedimento comum ordinário serve de norte para os demais procedimentos, sendo o mais complexo dos procedimentos penais, ressalvado alguns procedimentos especiais. Possui as seguintes fases: 1. oferecimento da denúncia ou queixa. Recebimento ou rejeição pelo juiz; 2. citação do réu; 3. resposta à acusação; 4. absolvição sumária (art. 397, CPP); 5. audiência de instrução e julgamento. Após oferecida a denúncia ou a queixa-crime, os autos irão para conclusão e o juiz dará a sentença. 3. Estrutura do procedimento comum de rito ordinário 1º Passo – A oferta da inicial acusatória, seja ela a denúncia (ação pública) ou a queixa-crime (ação privada). Recebimento da denúncia ou queixa. Os requisitos formais da inicial estão delineados na lei. 6 Art. 41 do CPP. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas. Primeira observação: as testemunhas da acusação devem ser arroladas na inicial, sob pena de preclusão. A omissão leva à preclusão. O STJ tem precedentes no sentido de que, se o MP não arrolar as testemunhas na inicial (denúncia), mas promover a apresentação do rol até antes da formação da relação processual, não haverá preclusão. Segunda observação: podem ser arroladas até 8 testemunhas para cada crime imputado. 2º Passo – A realização do juízo de admissibilidade da inicial. a) Nessa primeira hipótese, a inicial será NEGATIVO: a inicial será rejeitada. Rejeição (art. 395 do CPP) O juiz rejeitará a peça inicial caso esta seja inepta, falte condição ou pressuposto processual ou haja falta de justa causa. A rejeição é o ato do juiz que nega inicial ao processo, já que a inicial não atendeu aos correspondentes requisitos legais. • Hipóteses de rejeição (artigo 395 do CPP). Art. 395 do CPP. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: I – For manifestamente inepta; II – Faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou III – Faltar justa causa para o exercício da ação penal 7 Inépcia: o CPP não explica o que é de fato inépcia. Revela um defeito formal grave na inicial, que normalmente compromete a narrativa fática. Se faltar condição da ação ou pressuposto processual Por ausência de justa causa: a justa causa é o lastro probatório que vai dar sustentação à inicial acusatória. Revela a autoria e a materialidade. • Sistema recursal Para esta decisão cabe Recurso em sentido estrito (RESE). Regra geral – a rejeição da inicial é combatida com recurso em sentido estrito (artigo 581, I do CPP) Art. 581 do CPP. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: I – Que não receber a denúncia ou a queixa; Exceção – no juizado especial criminal a rejeição é desafiada por apelação, ex.: ameaça (infração de menor potencial ofensivo) – artigo 82 da Lei 9.099/95. Art. 82 da Lei 9.099/95. Da decisão de rejeição da denúncia ou queixa e da sentença caberá apelação, que poderá ser julgada por turma composta de três Juízes em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado. • Questões complementares I) De acordo com a Súmula 707 do STF, deve o juiz intimar a defesa para apresentar contrarrazões ao recurso, sob pena de nulidade. A ausência de intimação não é suprida pela mera nomeação de advogado dativo. 8 Súmula 707 do STF. Constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para oferecer contrarrazões ao recurso interposto da rejeição da denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor dativo. II) Com base na Súmula 709 do STF, se o Tribunal acolher o recurso da acusação, deverá receber a inicial. O juiz rejeitou a denúncia o promotor recorreu e quando o tribunal der provimento ao recurso, ele já recebe a inicial e já interrompe a prescrição. Obs.: Quando a decisão de 1º grau é nula, o Tribunal devolve os autos para que o juiz de 1º grau profira uma decisão nova. Súmula 709 do STF. Salvo quando nula a decisão de primeiro grau, o acórdão que provê o recurso contra a rejeição da denúncia vale, desde logo, pelo recebimento dela. Nessa segunda hipótese, a inicial será POSITIVO: a inicial será recebida. Receber a denúncia/queixa-crime, este recebimento se dará apenas se a peça inicial cumprir com os requisitos do artigo 41, ou seja, houver indícios de autoria e materialidade do crime. Para esta decisão não cabe recurso, porém poderá haver eventual Habeas Corpus. O juiz fará uma análise a contrário sensu do artigo 395 do CPP. O processo começa quando a inicial é recebida. O recebimento da inicial é o ato do juiz que demarca o início do processo, já que a inicial preencheu os requisitos legais. • Consequências: I) início do processo; 9 II) o investigado vira réu; III) interrupção da prescrição (art. 117, I do CP); Art. 117 do CP. – O curso da prescrição interrompe-se: I – Pelo recebimento da denúncia ou da queixa IV) fixação da prevenção (artigo 83 do CPP) – É o juiz que primeiro recebe a inicial. Art. 83 do CPP. Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez que, concorrendo dois ou mais juízes igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa, um deles tiver antecedido aos outros na prática de algum ato do processo ou de medida a este relativa, ainda que anterior ao oferecimento da denúncia ou da queixa (arts. 70, § 3º, 71, 72, §2º, e 78, II, c). • Sistema recursal: O recebimento da inicial não comporta recurso, não há previsão legal para isso. Todavia, a defesa poderá impetrar habeas corpus (ação autônoma) para trancar o processo. Vale lembrar que o juízo de admissibilidade da inicial, será feito pelo juiz das garantias. Contudo, tal instituto ainda se encontra suspenso por deliberação do STF. 3º passo – A realização da citação. É o ato de comunicação processual que informa ao réu sobre o início do processo e o convoca a apresentar defesa. Primeira observação: a citação integra a relação processual (artigo 363 do CPP). 10 Art. 363 do CPP. O processo terá completada a sua formação quando realizada a citação do acusado. Segunda observação: intimação e notificação – elas servem para comunicar de todos os demais atos da persecução penal. O CPP não promove diferença entre intimação ou notificação. A doutrina que diferencia isso. Para a doutrina, intimamos de algo que já ocorreu (intimação de…). Em complemento, notificamos para que o sujeito faça algo (notifica-se para…). 4º Passo – Apresentação da defesa terá 10 dias para alegar preliminares, apresentar provas e arrolar testemunhas. Após citado, o réu irá dispor de 10 dias para apresentar a sua resposta à acusação. A resposta a acusação é uma "prima" da contestação do processo cível, é a oportunidade que a defesa tem de apresentar todas as teses pertinentes à defesa do acusado, na resposta a acusação o advogado poderá levantar três tipos de teses, que levaram a três tipos diferentes de pedidos, quais sejam - Preliminar – levantam-se questões de nulidade processual. - Mérito – tese que tentará convencer o juiz a conceder a absolvição sumária do réu (art. 397 – julgamento antecipado da lide a favor do réu) - Tese subsidiária – Se, eventualmente, o juiz recusar as duas primeiras teses, poderá o advogado, sem prejuízo, alegar circunstâncias que visem melhorar a condição do réu caso este venha a ser condenado. Como na denúncia/queixa o MP/querelante pode arrolar suas testemunhas, este é o momento em que a defesa poderá realizar o arrolamento de suas testemunhas. 11 O processo volta a conclusão para que o juiz aprecie os pedidos, podendo ocorrer uma de três hipóteses diferentes: - Diante de novo juízo de admissibilidade, com uma nova cognição poderá rejeitar a denúncia (art. 395 do CPP); - Determinar a absolvição sumária do réu (art. 397 do CPP); ou designar a data de audiência de instrução e julgamento (art. 399 do CPP). A audiência deverá ocorrer no prazo de 60 dias e, em regra, haverá uma única audiência. Há exceções prescritas em lei: Se o número de acusados for alto; Causa complexa; ou deferida diligência complementar. Não ocorrendo qualquer das hipóteses de exceções o juiz ouvirá as alegações finais de ambas as partes e então julgará o caso. Na audiência de instrução no rito comum, primeiro será ouvido o ofendido (vítima), seguido das testemunhas, primeiro da acusação e depois da defesa, com o interrogatório ao final (art. 400, do CPP): Art. 400. Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, à inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o disposto no art. 222 deste Código, bem como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado. Já no caso da Lei 11.343/06 (Lei de Tóxicos), a diferença é que o interrogatório é realizado no início da audiência, seguido das oitivas das testemunhas (artigo 57 da Lei 11.343/06): 12 Na hipótese de não existirem diligências, será dada a palavra à acusação e à defesa, pelo prazo de 20 minutos, prorrogável por mais 10, para que se manifeste em alegações finais orais, devendo o juiz proferir a sentença em seguida. Se a natureza e complexidade da causa assim justificar, poderá ser deferido prazo de 05 dias para as alegações finais, primeira para a acusação, depois para a defesa. Embora não seja muito comum o uso das alegações finais orais, tendo em vista que a demanda judiciária tem aumentado significativamente, existindo comarca em que as audiências criminais são marcadas com 15 minutos de diferença de uma para outra, é importante que o advogado esteja preparado para tal ato, explorando todas as teses defensivas, inclusive minorantes e causas de aumento de pena, se houver. 4. Conclusão O presente trabalho buscou sintetizar a observância e atenção no rito ordinário destacando aqui a importância com relação aos procedimentos aplicáveis, à forma adequada de elaborá-los e os prazos que devem ser observados pelos operadores do direito, pois o menor deslize ou desencontro no desenvolvimento do processo pode implicar na perda de oportunidades únicas para o pleno exercício da defesa dos direitos e interesses das partes envolvidas no processo. 13 5. Referências Bibliográficas https://br.pinterest.com/pin/147633694016400131/ https://www.institutoformula.com.br/direito-processual-penal-estrutura- do-procedimento-comum-de-rito-ordinario/ https://thiagof240.jusbrasil.com.br/artigos/261689373/procedimentos- penais-ordinario-sumario-e-sumarissimoLOPES JUNIOR, Aury. Direito Processual Penal. 14 ed. São Paulo: Saraiva, 2017. https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/10779/Provas-no- Processo-Penal NESTOR. Távora. E-book Direito Processual Penal – Procedimentos – Considerações Iniciais e Procedimento Comum Ordinário. Instituto Fórmula. 2021. Brasília.
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