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FACULDADE SANTA MARIA CURSO BACHARELADO EM BIOMEDICINA DOCENTE: ALEXSANDRA LAURINDO LEITE TEREZA VITTÓRIA FORMIGA DE OLIVEIRA ANEMIA FALCIFORME E TALASSEMIAS ALFA E BETA SOUSA-PB 2020 Anemia Falciforme: A anemia falciforme é uma das doenças mais frequentes e conhecidas dentre as doenças falciformes e também possui a maior magnitude em relação aos danos clínicos e hematológicos. A anemia falciforme trata-se de uma doença hemolítica de caráter autossômico recessivo e se dá através homozigose das hemoglobinas S (Hb SS), esta hemoglobina é uma hemoglobina variante da normal. Pelo fato de ser uma anomalia nas globinas betas, as características clínicas desta anemia apenas podem ser vistas após o 6º mês de vida que é quando acontece a estabilização da produção das globinas, quando é parada a síntese da globina gama que estará na fase fetal enquanto há a produção das globinas betas em sua normalidade pelo gene beta. Devido a uma troca de aminoácidos envolvendo a saída de ácido glutâmico (carga negativa) e a entrada da valina (neutro) resulta na perda de cargas negativas da Hb S o que causa a mobilidade eletroforética mais lenta da Hb S. -Características laboratoriais da Anemia Falciforme: . A anemia falciforme tem grande importância em vários meios de estudos devido a sua alta taxa de mortalidade e sua morbidade. A anemia falciforme é a doença hereditária de maior prevalência no país, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) por ano nascem no Brasil por volta de 2.500 crianças com doença falciforme, das quais cerca de 1.900 possuem anemia falciforme. Estimativas indicam que 5% a 6% da população carrega o gene da Hemoglobina S (HbS) e que a incidência fica em torno de 700 – 1000 novos casos por ano. A anemia falciforme destaca-se também pela sua diversidade clínica e hematológica, motivando extensos estudos e pesquisas na busca do seu entendimento. As principais manifestações clínicas da anemia falciforme são: -Processos Inflamatórios: Os processos inflamatórios da AF estão inter-relacionados e ocorrem de forma simultânea. A forma crônica da doença é caracterizada pela inflamação assídua no processo de vaso-oclusão, fenômeno causado pela adesão das hemácias falciformes e de leucócitos no endotélio vascular, responsável pela obstrução na circulação sanguínea nos microcapilares. O quadro de anemia se dá pela ocorrência da diminuição no número de hemácias circulantes no sangue. As hemácias falciformes do indivíduo que possui anemia falciforme são hemolisadas constantemente, diminuindo a concentração sanguínea de hemoglobina. -Processos Infecciosos: Os portadores da anemia falciforme possuem maior propensão a infecções causadas por micro-organismos no trato respiratório, como pneumonia, meningite, otite média, entre outras e também podem apresentar síndrome torácica aguda, episódios de crise de dor, priapismo, úlceras de perna e insuficiência múltipla dos órgãos. Os principais interferentes ambientais que possuem influência nas consequências fisio-patológicas da anemia falciforme são: o meio ambiente, deficiência alimentar e qualidade nutricional inadequada e deficiência nas assistências médica, social e psicológica. -Exames laboratoriais para o diagnóstico da Doença Falciforme: Os principais exames laboratoriais responsáveis pelo diagnóstico da doença falciforme e consequentemente da anemia falciforme são: Hemograma, teste de falcização (pré-diagnóstico), teste de solubilidade, eletroforese ácida em ágar citrato ou agarose, Cromatografia Líquida de Alta Performance (HPLC) e a focalização isoelétrica. -Tratamento Ainda não existe tratamento específico para a doença, porém alguns procedimentos preventivos ou paliativos são adotados, tais como: fármacos como a 5-azicitidina utilizam-se de moléculas covalentes, suplementação com arginina, fito medicamentos, transfusões sanguíneas regulares, medicamentos quelantes de ferro, introdução da hidroxiureia. Como citado anteriormente, os pacientes que possuem anemia falciforme apresentam susceptibilidade às infecções, sendo assim importante a vacinação desses contra as principais patologias. Talassemias Alfa e Beta: As talassemias estão entre as homoglobinopatias mais comuns e disseminadas pelo mundo e envolvem a produção de hemoglobina, são um grupo de doenças hematológicas hereditárias. Geralmente são encontradas em pessoas que habitam ou possuem ancestrais que se originaram no nordeste do mediterrâneo. As talassemias caracterizam-se por doenças que possuem deficiência na síntese de uma das cadeias de globinas, que compõe as hemoglobinas. Acarretando um desequilíbrio entre as globinas alfa e beta ocorrendo a precipitação da globina no eritrócito. -Talassemia Alfa: A produção da globina alfa depende de 4 genes alfa funcionantes que estão nos cromossomos 16, sendo dois genes em cada cromossomo. Portadores da alfa talassemia apresentam mutações no cromossomo 16 e são classificadas através do número de genes alfa mutados. São quatro as possibilidades genéticas de uma pessoa apresentar este tipo da talassemia. Portador Silencioso (α-/α) – É o tipo mais comum dentre as talassemias alfa, ocorrendo entre 15% a 25% da população brasileira. Neste tipo de alteração, o indivíduo é o portador de um gene defeituoso, herdado de um dos pais, sem apresentar sintomas ou necessitar de tratamento. Ou seja, o portador silencioso não é considerado doente e não precisam de tratamento. Traço Alfa Talassemia (α-/α- ou –/ αα) – Este tipo de talassemia alfa acontece quando dois genes são defeituosos, o hemograma apresenta algumas alterações leves, e o portador pode apresentar palidez na pele e, quando adulto, sentir um pouco de cansaço. Doença da Hemoglobina H (α-/–) – Considerado entre os casos mais graves, onde a pessoa herda dos pais três genes alterados, o indivíduo pode manifestar a doença da hemoglobina H (que tem uma função semelhante à da hemoglobina normal, mas é mais instável e seu tempo de vida menor, por isso as hemácias terão menor duração no organismo), resultando em anemia e necessidade de tratamento. É rara no brasil, porém ocorre com maior incidencia no sudeste da Ásia. Hidropsia Fetal (–/–) – Há casos em que a mutação atinge os quatro genes, o que causa completa incapacidade do organismo em produzir as cadeias alfa, tornando impossível a produção normal de hemoglobina. A doença desenvolvida é incompatível com a vida e leva o feto ao óbito ainda no útero. Mas felizmente, isso é raro. A talassemia alfa caracteriza-se por apresentar deficiência na produção de cadeias alfas da hemoglobina, diminuindo assim essas cadeias pelo fato de que todas as hemoglobinas são afetadas. Sobre o diagnóstico da talassemia alfa: a priori deve-se ter conhecimento sobre o histórico familiar do paciente e de seus hemogramas anteriores, saber a quanto tempo os sintomas clínicos estão sendo manifestados, além de exames como teste de resistência globular osmótica, análise da morfologia eritrocitária, análise de ferro sérico e eletroforese de hemoglobina. -Talassemia Beta: A talassemia beta caracteriza-se a partir de um defeito genético no cromossomo 11, que prejudica a síntese das cadeias beta da hemoglobina, ficando assim diminuída, sendo a forma de transmissão variável e, dependendo da lesão se é total ou parcial. Este é o tipo mais frequente de talassemia no Brasil e no mundo. A prevalência é desconhecida, mas a incidência ao nascimento da forma grave é estimada em 100,000/ano. Esta talassemia é classificada em três grupos básicos: talassemia menor (ou traço talassêmico); talassemia maior e talassemia intermediária. Dos 3 subtipos, somente a Talassemia menor não requer tratamento. No subtipo de talassemia beta menor, os pacientes possuem apenas uma herança genética da talassemia, que pode ter sido adquirida do pai ou da mãe. O único sintoma aparente da beta talassemia menor é uma leve anemia, e não há necessidade de tratamento. O diagnóstico da beta talassemia baseia-se na análise da hemoglobina por electroforese ou HPLC. Na talassemia menor, os níveis de Hb A2 estãoaumentados e os níveis de Hb estão normalmente com pseudopolicitemia microcítica e hipocrómica. Referências: Naoum, Paulo C. "Interferentes eritrocitários e ambientais na anemia falciforme." Revista Brasileira de hematologia e hemoterapia 22.1 (2000): 5-22. de Almeida, Renata Araujo, and Ana Laura Remédio Zeni Beretta. "Anemia Falciforme e abordagem laboratorial: uma breve revisão de literatura." Volume 49/Volume 49 Número 2/Number 2 49.2 (2017): 131-4. Dotto, Fátima Rosane Colpo. "Talassemias alfa e beta: revisão." (2005). https://www.abrasta.org.br/tipos/#1487253034511-5d2e7c89-40f4
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