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EDUCAÇÃO FISICA BACHAREL BRENDO TORRES DOS REIS CLEUSON COSTA PANTOJA EMILLY SANTOS PANTOJA RAONI DE ANDRADE KERVENY NAYARA AIRES PASSOS KALINKA TEODORO COSTA SOUZA MILA THIFANI DIAMANTINO SILVA SARA VIERA DA SILVA TAIRES LEITE DE MORAES WESLEY FREITAS DE SÁ Natação, Pedagógicos e Aprofundamentos Tucurui 2021 BRENDO TORRES, CLEUSON COSTA, EMELLY SANTOS, RAONI DE ANDRADE, KERVENY NAYARA, KALINKA TEODORO, MILA THIFANI, SARA VIERA, TAIRES LEITE, WELES FREITA Natação, Pedagógicos e Aprofundamentos Trabalho de Educação Fisica (Bacharelado) apresentado como Requisito parcial para a obtenção de Media na disciplina de Natação Prof. Afonso Tucurui 2021 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 4 4 O NADO CRAWL ....................................................................................................... 5 4.1 Histórico do nado crawl ....................................................................................... 5 4.2 Movimentação geral do nado crawl e seu ensino ............................................. 5 4.2.1 Posição do corpo na água na aprendizagem do nado crawl ........................ 6 4.2.2 Movimentação geral das pernas na aprendizagem do nado crawl .............. 6 4.2.3 Movimentação geral dos braços na aprendizagem do nado crawl ............. 7 4.2.4 Respiração na aprendizagem do nado crawl ................................................. 9 4.3 Aspectos técnicos, aperfeiçoamento e habilidades complexas do nado crawl ..................................................................................................................................... 11 4.3.2 Coordenação da pernada com a braçada .................................................... 11 4.3.3 Aspectos técnicos e aperfeiçoamento da braçada de crawl ...................... 12 4.3.4 Aperfeiçoamento da respiração lateral do nado crawl ................................ 14 4.3.5 Frequência respiratória .................................................................................. 16 4.3.6 O papel dos exercícios educativos da natação ........................................... 17 4.4Saída do nado crawl ............................................................................................ 18 4.4.1 Saída do bloco de partida ............................................................................... 19 4.5 Viradas da prova do nado livre ......................................................................... 21 4.5.1 Virada olímpica ................................................................................................ 22 4.5.2 Regras da prova de nado livre ....................................................................... 23 6 CONCLUSÃO .......................................................................................................... 25 7 REFERÊNCIA .......................................................................................................... 26 Introdução O nado crawl e constituído de braçadas e pernadas alternadas. É o mais utilizado em treinamento porque consegue controlar o gasto de energia e velocidade. E é possível treinar por varias horas. O NADO CRAWL Até 1900, as competições de natação tinham o caráter de livre escolha da forma de nadar (PALMER, 1990). Atualmente, com a diferenciação dos nados definida por regras para determinar como nadar as diferentes provas, o nado crawl é o escolhido nas provas de nado livre, pois as regras desta prova são menos restritivas, permitindo múltiplas variações de execução para que se busque a forma mais rápida de nadar, e as variações do crawl têm se mostrado mais eficientes. Sua história inicia-se com adaptações de movimentos existentes para torná-los mais rápidos, a partir de formas mais antigas, como o nado peito. Histórico do nado crawl Este nome é utilizado porque em inglês crawl significa “rastejar”, descrevendo o movimento de braços similar ao de uma pessoa rastejando, puxando-se no solo em movimentos alternados como que engatinhando, sendo esta uma observação realizada por um técnico ao ver nadadores utilizando esta forma de nadar. Segundo Massaud (2001), na época dos primeiros Jogos Olímpicos da era moderna (1896), o nado mais utilizado era uma braçada de peito realizada na posição lateral, passando depois a ser utilizada a recuperação de um dos braços por cima da superfície (single overarm stroke). Esse estilo de nadar mudou para o double overarm stroke, em que os dois braços eram trazidos alternadamente à frente por cima da superfície, evoluindo posteriormente para o crawl conhecido hoje. Representação atribuída a um nadador, em uma estatueta antiga de bronze, exposta no Museu do Louvre, na França De acordo com Velasco (1997), em 1893, o inglês John Arthur Trudgen adaptou uma pernada em tesourada e que depois foi aperfeiçoada por outro inglês, Frederick Cavill, na Austrália, onde os indígenas utilizavam uma maior frequência nos movimentos da pernada. Movimentação geral do nado crawl e seu ensino Para compreendermos a técnica do nado crawl ou de qualquer movimento coordenado no ato de nadar, devemos observá-lo nos mais diferentes planos: lateral, superior, posterior e frontal. Nas observações de execução dos nados devemos sempre levar em consideração as características individuais de cada aluno, além do grau de condicionamento físico, idade, sexo etc. O nado crawl é considerado o mais rápido dos nados, sendo o escolhido por especialistas para provas de nado livre, pois, para estas provas, o nadador escolhe a forma de movimentação conforme veremos adiante. Posição do corpo na água na aprendizagem do nado crawl A posição ideal do corpo do praticante em relação ao meio líquido é aquela onde o corpo esteja paralelo com a linha da água e o mais próximo possível da superfície da água para gerar a menor resistência frontal. Também deve-se prestar atenção ao alinhamento lateral do nado, ou seja, a flexões laterais na coluna, que desalinham o corpo. Movimentação geral das pernas na aprendizagem do nado crawl A pernada do nado crawl é realizada com movimentos verticais e alternados de membros inferiores, a partir da articulação coxofemoral. O movimento das pernas é contínuo (cíclico). O movimento inicial a ser proposto pelo professor é a alternância no movimento anteroposterior. A princípio, o aluno precisará modular a amplitude e velocidade de sua pernada através da observação e experimentação. Também é importante o professor analisar a coordenação e eficiência da pernada realizada, podendo então escolher as melhores estratégias para melhorar a eficiência da pernada. 92 Revisão: Fabrícia - Diagramação: Jefferson - 14/05/18 Os exercícios para o ensino desta habilidade de propulsão deverão fazer com que o aprendiz compreenda, sinta e perceba como é feita a movimentação das pernas e como esta interfere na progressão do nado (propulsão). Com relação às estratégias de ensino, estas variam,mas, de modo geral, pode-se trabalhar com exercícios usando o apoio na borda, utilizando materiais diversos e também sem o uso de materiais, quando o aluno não depende do seu uso. O trabalho pode ser feito em duplas, criando oportunidades para que os alunos executem e também observem o movimento, o que pode facilitar o aprendizado. Figura 69 – Execução de pernadas de crawl com apoio da prancha. Note que o peso da cabeça suspensa para fora da água gera uma sobrecarga, necessitando de um maior esforço para realizar o deslocamento À medida em que o aluno progride em sua ambientação e equilíbrio aquático, o professor irá possibilitar grande variação de atividades. Enquanto necessita de apoio firme, pode usar a própria borda ou corrimão (se a piscina possuir). Quando conseguir se equilibrar seguramente, pode usar uma prancha ou espaguete. Ao passar a não mais depender de um material flutuante, deve experimentar fazer a pernada anteroposterior sem usar material. Variações para melhorar a percepção e controle motor do aluno podem incluir pernadas curtas, pernadas longas (maior amplitude), pernadas rápidas, pernadas lentas etc., visando variações importantes para o aluno reconhecer e passar a melhor dominar o controle da execução. Por fim, o professor também vai verificar a qualidade da execução, que ao ser melhorada vai possibilitar maior eficiência no deslocamento. Observar flexão exagerada dos quadris e joelhos, falta de flexão de joelhos (perna rígida), hiperextensão dos tornozelos para possibilitar uma maior área de aplicação da força no peito do pé etc. Exemplos de exercícios a serem executados para desenvolvimento do movimento de pernadas do nado crawl: • sentado na borda, com os pés fazendo espuma na superfície; • com apoio do espaguete ou outro objeto flutuante estável; 93 Revisão: Fabrícia - Diagramação: Jefferson - 14/05/18 NATAÇÃO: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS • com apoio na borda; • sem uso de prancha, com braços na lateral e depois, estendidos à frente do corpo (foguetinho); • com prancha, parando quando necessário para respirar; • com prancha, realizando a respiração frontal caso já tenha esta habilidade desenvolvida; • de formas variadas: rápidas, lentas, amplas ou curtas, fortes (potentes), fracas (leves) etc.; • intercalando a amplitude da pernada: 10 pernadas longas, seguidas de 10 pernadas curtas e assim por diante. Movimentação geral dos braços na aprendizagem do nado crawl Em uma descrição geral, a braçada do nado crawl é contínua, com movimentos de circundução alternados de braços em duas fases: a submersa e a aérea. A fase submersa é propulsiva e a fase aérea é de relaxamento. Como uma primeira descrição aos alunos, trabalhamos muitas vezes com a explicação de braços “opostos”: enquanto um braço puxa a água submerso, o outro retorna à frente, por cima da superfície. Entrada Agarre Tração Desmanchamento Empurre Recuperação– Movimentações básicas da braçada do nado crawl segundo Palmer 94 Revisão: Fabrícia - Diagramação: Jefferson - 14/05/18 O ensino da braçada pode ser feito na posição vertical (andando, o aluno executa o movimento) e depois em decúbito ventral, com ou sem uso de material de apoio. Ainda na fase de adaptação ao meio aquático, alguns exercícios andando na piscina servem para desenvolver os primeiros conceitos da braçada do nado crawl, quando, por exemplo, pedimos para o aluno andar e ir puxando a água alternadamente para trás pela lateral do corpo. A movimentação dos braços no nado crawl é complexa, com muitos detalhes, como veremos a seguir, porém, na fase inicial da aprendizagem, não se deve cobrar do aluno este detalhamento. Ao aluno inexperiente apresenta-se o movimento correto por demonstração, mas sem a cobrança de que o execute com perfeição. Inclusive, nas primeiras experiências com o movimento, pede-se para o aprendiz apenas “rodar os braços na água”. Depois de algumas repetições, respeitando a velocidade de aprendizagem, os detalhes vão sendo incluídos, com exercícios de deslocamento andando pela piscina ou em decúbito ventral. Figura 71 – Os movimentos básicos de circundução inicialmente ensinados em linha reta ou sem orientação podem, com o tempo, ir ganhando maior controle motor e consciência espacial Exemplos de exercícios a serem realizados para desenvolvimento do movimento de braçada do nado crawl: • Parado, em pé, realizar movimentos de circundução alternada de braços, a princípio na posição ereta e, em seguida, com leve flexão do tronco, aproximando-o da horizontal. 95 Revisão: Fabrícia - Diagramação: Jefferson - 14/05/18 NATAÇÃO: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS • Andar fazendo movimentos de circundução alternada de braços. • Executar pernadas com a prancha à frente, realizando o movimento de circundução de apenas um dos braços, segurando a prancha com a outra mão. • Executar pernadas sem a prancha à frente, realizando o movimento de circundução de apenas um dos braços, deixando o outro parado à frente. • Executar pernadas com a prancha à frente, realizando o movimento de circundução alternada dos braços (pegada dupla). • Executar pernadas sem a prancha, puxando a água alternadamente com a mão desde à frente até o quadril e retornando o braço por debaixo da água. Enquanto um braço puxa a água, o outro retorna, como no nado cachorrinho, porém evidenciando a amplitude máxima da braçada. • Executar pernadas sem a prancha, realizando o movimento de circundução alternada dos braços (pegada dupla, sem prancha). • Executar movimentos de circundução alternada de braços com flutuador (pullbuoy) entre as pernas. Respiração na aprendizagem do nado crawl A respiração do nado crawl é lateral, podendo ser uni ou bilateral. Executa-se uma rotação lateral da cabeça até que a boca esteja acima do nível da água para a inspiração, sem elevação da cabeça. Após a inspiração, a face retorna à água até alinhar-se ao pescoço e coluna, com olhar direcionado para o chão da piscina, quando ocorre a expiração pelas narinas e pela boca, controladamente. A respiração lateral do nado crawl utiliza os mesmos princípios e técnicas respiratórias que já devem ter sido vivenciadas pelo aluno na fase de adaptação ao meio aquático. Se o movimento de respiração lateral for forçado enquanto o aluno ainda não tem padrões organizados de braçada e pernada, isso vai influir negativamente nos movimentos, realizando um padrão de nado normalmente conhecido como “nadador de ribeirão”, em que ele eleva a cabeça por sobre a superfície e executa várias braçadas com a cabeça fora da água, até conseguir respirar ou até cansar-se. O professor deve esperar os movimentos de braçadas e pernadas do nado crawl se tornarem consistentes, antes de utilizar o movimento de respiração lateral de maneira frequente. Lembrete Os exercícios de controle respiratório vivenciados na fase de adaptação serão importantes nesta etapa de aprendizagem da respiração específica para o nado crawl. O aluno já deve ter conquistado seu poder de decisão e 96 Revisão: controle sobre a entrada e saída do ar, saber evitar que a água entre pelas narinas etc. para aplicar estes conhecimentos de forma coordenada com movimentação de pernas e braços. Portanto, antes de pretender ensinar o movimento completo da respiração, em um primeiro momento tentaremos conciliar a respiração já conquistada na fase de adaptação (fazer “bolhinhas”), desta vez conjugada com o desenvolvimento do movimento de pernas de crawl. Nos exercícios para desenvolver a pernada, o aluno inicialmente vai parar por alguns momentos, colocar os pés no chão para apoiar-se e inspirar, e depois flutuar novamente, retomando o exercício de pernadas. Certamente, se conseguirmos uma progressão paralela nesses dois aspectos do nado, à medida em que o aluno ganhar proficiência no movimento de pernadas, também conseguirásoltar o ar enquanto bate pernas e começar a tentar elevar a cabeça para inspirar. Dessa forma, ao mesmo tempo em que o aluno alcança distâncias maiores progressivamente, também será capaz de realizar uma respiração enquanto bate pernas, sem a necessidade de parar para respirar com os pés apoiados no chão. Em seguida, inicia-se a apresentação ao movimento de respiração lateral ainda de forma básica, na posição com os pés no chão e o tronco flexionado à frente na horizontal, parado, com uso de prancha para referência de posicionamento. Pede-se para o aluno colocar uma mão na prancha e a outra ao lado do tronco (parada), solicitando que, ao invés de olhar para a frente para inspirar (hiperextensão cervical), o aluno passe a olhar para o lado (rotação da cabeça), levando o queixo na direção do ombro cujo braço está ao lado do tronco, até que a boca saia da água e ele possa inspirar. Tão logo o aluno consiga achar uma posição adequada, pode-se pedir que ele realize o mesmo movimento em deslocamento (andando), e depois, à medida em que se habitua, pode passar a treinar esta respiração enquanto bate pernas (esta evolução depende de sua eficiência no batimento de pernas). Desse modo, aproveita-se o controle respiratório já obtido na respiração frontal para a respiração lateral. Pode-se começar pelo lado dominante e fazer o mesmo com lado não dominante. Uma boa estratégia é usar a contagem durante a inspiração e expiração: conta-se um tempo para a inspiração e o dobro deste tempo para a expiração. Mas a respiração lateral é uma habilidade complexa. Além de ter que ocorrer em um movimento orientado no plano frontal, em torno do eixo longitudinal, deve ser coordenada com a expiração e inspiração intrinsecamente, bem como com a circundução dos braços de modo extrínseco. Lembrete O termo comumente conhecido como nadador de ribeirão indica que o nadador consegue deslocar-se pela água sem se afogar, mas não domina a 97 Revisão: Fabrícia - Diagramação: Jefferson - 14/05/18 NATAÇÃO: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS coordenação entre respiração e braçadas de crawl, que é uma forma mais econômica de realizar o nado. Geralmente, este padrão de nado cansa rapidamente o nadador pelo peso da cabeça, que deve ser erguida para fora da água por um tempo prolongado. Aspectos técnicos, aperfeiçoamento e habilidades complexas do nado crawl Aspectos técnicos e aperfeiçoamento da pernada de crawl Na fase de movimentação geral de pernas, observamos que sua ação se dá de forma alternada no plano vertical, com ação propulsiva na fase descendente, e o gesto de recuperação para o início de um novo movimento na fase ascendente. O aluno deve desenvolver a consciência de que as ações das pernas possuem menor ação propulsiva em relação à ação dos braços, mas são de grande efeito no equilíbrio geral do nado. O movimento de pernas se origina no quadril, com flexão natural do joelho para aumentar o ângulo de ação da perna e do pé. A maior pressão ou ação propulsiva se dará no peito do pé, que deverá estar estendido. A menor amplitude do movimento se dá no quadril e maior amplitude na articulação do tornozelo, portanto, não é viável um movimento propulsivo de pernas em posição rígida, mas num gesto de “chutar” a água. Os calcanhares não devem se elevar acima da linha da superfície da água, o que causaria uma quebra de continuidade propulsiva e uma perda de tempo e energia, pois não se obtém propulsão no movimento dos pés fora da água– O uso de nadadeiras pode ser uma ferramenta importante para desenvolver a sensibilidade, posicionamento adequado, noção de amplitude e aplicação de força na pernada do nado crawl, assim como no costas e borboleta 98 Revisão: Fabrícia - Diagramação: Jefferson - 14/05/18 Coordenação da pernada com a braçada Existem diferentes ritmos de ação de pernas em relação ao ciclo de braçadas. Para os iniciantes, podemos enfatizar que o ritmo de 2 a 6 pernadas por ciclo é bem aceitável e confortável, buscando o equilíbrio e a confiança individual na ação do nadar, podendo chegar até 12 ou mais pernadas por ciclo em provas de velocidade na natação. Devemos lembrar que em ações propulsivas de movimento de pernas, quanto maior a velocidade do nado, menor será a amplitude da pernada; portanto, os iniciantes não devem realizar ações propulsivas de perna em velocidade alta demais, com o risco de não poder controlar as corretas ações motoras coordenadas do nado como um todo. Em velocidades de nado relaxadas ou em provas longas, como a participação das pernas é menos importante na propulsão total, a escolha dos nadadores é por diminuir a proporção de pernadas, como, por exemplo, no ciclo 2x1 (lê-se dois por um – significa duas pernadas para cada ciclo da braçada). Quando o nadador deseja imprimir velocidade em percursos mais curtos, pode assumir uma proporção de 6x1 (seis pernadas para cada ciclo da braçada) ou mais. Isso irá exigir um maior esforço e fornecer maior fadiga para os membros inferiores do que na proporção anterior, mas como a distância a ser nadada é curta, antes da fadiga o nadador completará a prova, podendo dispor do máximo de pernadas que conseguiu produzir (MAGLISCHO, 1999). Em alguns nadadores, pode-se observar que uma das pernadas é realizada de forma “cruzada”, uma perna cruza à frente da outra ao invés de trabalhar sua amplitude paralelamente ao lado. Em geral, esse gesto não é necessariamente ensinado ao nadador para obter qualquer alteração no seu nado, mas ele sozinho realiza uma adaptação de equilíbrio, e nem sempre há necessidade de “consertar” este gesto, por ser a pernada cruzada realizada sem prejudicar o rendimento do nadador (MAGLISCHO, 1999). Aspectos técnicos e aperfeiçoamento da braçada de crawl Depois de trabalhar o movimento geral, é hora de nos preocuparmos com os detalhes técnicos da braçada do aluno. Muitos autores já analisaram os aspectos da braçada e sugeriram formas diferentes da divisão do movimento para fazer comparações. Utilizaremos para análise a divisão da braçada do nado crawl em quatro fases, a saber: • Posição inicial: um braço à frente do corpo, mão alinhada com o respectivo ombro. • Agarre: a mão cujo braço está estendido à frente do ombro se dirige para o fundo da piscina. Esta fase não gera propulsão, apenas posiciona a mão para o início da tração. O cotovelo flexiona-se aproximadamente 40º e a mão deve descer até 40 cm a 60 cm de profundidade aproximadamente (MAGLISCHO, 1999), realizando neste momento uma leve flexão do punho (posição do agarre), posicionando a palma da mão para trás e os dedos da mão devem permanecer unidos para melhor aproveitamento da ação propulsiva do braço. — Dica: como uma referência básica, dizemos que quando a mão está próxima da posição ideal de agarre é possível vê-la, devido à posição do rosto. 99 Revisão: Fabrícia - Diagramação: Jefferson - 14/05/18 NATAÇÃO: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS • Tração: ocorre uma flexão do cotovelo, onde ele se mantém voltado para fora do eixo do corpo, a mão se mantém voltada para trás, indo em direção à vertical da linha média do corpo. Quando a mão se alinha ao plano do ombro, o ângulo da articulação do cotovelo deve ser de aproximadamente 80º a 100º. — Dica 1: a sensação do praticante é de estar puxando o corpo para frente. — Dica 2: se o cotovelo no momento da tração estiver muito próximo do corpo, a força da ação motora será direcionada para o lado e, assim, o praticante pode ter a sensação de nadar em zigue-zague. • Empurre: nesta fase temos o momento de maior velocidade da braçada, em que o praticante procura manter a palma da mão voltada para trás e o cotovelo voltado para fora da linha média do corpo, terminando o movimento com o braço estendido ao lado do tronco, quadril e coxa. Nesta fase ocorre a extensão total do cotovelo e ombro, provocando propulsão, enquantoa mão se aproxima da superfície.— Dica: em aperfeiçoamento, o praticante sempre pode ser orientado a tocar com o polegar na coxa para que ele perceba a importância de o braço estar totalmente estendido. • Recuperação: movimento semicircular realizado com a circundução do ombro, iniciando com a mão ao lado do quadril e terminando com a mão entrando na água à frente do corpo, na direção do ombro. O braço é transportado por fora da água e ao lado do corpo com uma flexão relaxada do cotovelo, deixando o antebraço apontando para baixo e a mão próxima à água. A mão deve estar levemente abaixo da linha do cotovelo durante seu percurso para frente. Ao passar a mão pela linha do ombro, o cotovelo inicia a extensão e a mão vai sendo levada à frente da cabeça, alinhada com o ombro. O braço deverá entrar na água quase que totalmente estendido, com a palma da mão voltada para baixo e/ou para fora — Dica 1: no final da recuperação, o praticante deve, na entrada do braço na água, posicionar a mão entre a linha média do corpo e o ombro, para evitar aumentar a resistência ao avanço colocando-o desalinhado. — Dica 2: em provas de natação de velocidade, o braço na fase de recuperação tem uma posição da mão mais alta em relação ao cotovelo. Essa exceção ocorre com atletas de alto rendimento que possuem um controle motor muito refinado do nado e tem relação com a alta velocidade do movimento. 102 Revisão: Fabrícia - Diagramação: Jefferson - 14/05/18 Unidade I — Dica 3: em provas em rios, represas ou no mar, a recuperação do braço é mais elevada devido haver nadadores muito próximos uns dos outros e também a ação de marolas, muito comuns em águas abertas, as quais atrapalham a ação da recuperação. Observação: O termo varreduras é amplamente utilizado para descrever trechos das braçadas de todos os nados. Maglischo (1999) divide a braçada submersa do nado crawl em “varredura para baixo – até o agarre”, “varredura para dentro” (equivalente à tração) e “varredura para cima” – extensão do cotovelo. Outros autores podem utilizar nomenclaturas diferentes e explicações para cada trecho de forma a evidenciar os aspectos de seus estudos. Aperfeiçoamento da respiração lateral do nado crawl O aperfeiçoamento para realizar a respiração durante o nado crawl deve ser minuciosamente observado para que evolua de modo a não interferir ou pouco interferir no desenvolvimento do nado como um todo. O melhor momento é aquele quando um dos braços está passando ao lado do quadril. A cabeça deve realizar uma rotação no eixo longitudinal, projetando a boca para fora da água, sem mudar o alinhamento, nunca elevando a cabeça, o que normalmente geraria maior resistência hidrodinâmica pois afeta a flutuação do corpo. A posição da cabeça durante a ação motora dos braços deve ser com o rosto dentro da água e voltado levemente para frente, num ângulo aproximado de 45º. Uma dica que auxilia bastante o praticante é que a linha da água fique bem no alto da testa, próximo ao início do cabelo Nesta fase, portanto, tenta-se coordenar o momento da respiração lateral com a passagem do braço, de modo a projetar a cabeça lateralmente sem a interferência do braço a seu lado, o que obrigaria o nadador a elevar a cabeça. Os exercícios nesta fase podem se iniciar também com os pés no chão, para possibilitar a percepção do momento correto de rodar a cabeça para a lateral – no final do empurre da braçada – e do momento de voltar o rosto para dentro da água – antes que o braço ultrapasse o ombro. Para que isso seja possível, é necessário também coordenar a respiração, para que, no momento da rotação da cabeça para fora da água, imediatamente seja feita a inspiração. A expiração deve ter sido realizada antes, pois não há tempo para expirar e em seguida inspirar enquanto se tenta manter o rosto para fora da água. Depois de alguma experiência, pode-se, em movimento (batendo pernas), tentar conjugar a execução da respiração com a braçada de apenas um lado, enquanto a outra mão segura a prancha, permitindo ao aluno gradualmente conquistar a percepção e domínio desta nova coordenação Este trabalho de coordenação da braçada com a respiração lateral pode ser feito usando o método analítico – partes para o todo – ou, a depender do aluno, seu estágio de evolução e facilidade de aprendizado, podemos seguir a direção do todo para as partes, partindo do esboço do nado na forma mais rudimentar para chegar no aprimoramento de cada uma das habilidades específicas. Depois de realizar com a movimentação de um dos braços enquanto o outro segura na prancha, deve-se evoluir gradativamente para não precisar mais da prancha como referência de posição, nem de apoio. Também deverá ser trabalhado o movimento de respiração lateral em relação ao outro braço – que anteriormente ficava segurando a prancha – para que este se mantenha à frente enquanto a cabeça termina o retorno para dentro da água, sem que o braço afunde demasiadamente, buscando o apoio da prancha até então utilizada. • Dica 1: utilização de exercícios educativos com ou sem material (prancha) para que o nadador aperfeiçoe o movimento e evite oscilações laterais ou verticais. • Dica 2: em alguns momentos em provas ou treinamento em rios, represas ou mar o praticante faz uma respiração frontal para se localizar durante o nado, também chamada de navegação ou orientação. Essa navegação deve ser treinada desde a adaptação em águas abertas para ser realizada de forma cuidadosa nos estágios mais avançados, pois a elevação da cabeça totalmente fora da água, se não for muito bem realizada, provoca um desalinhamento do corpo, o que compromete o nado. • Dica 3: é de fundamental importância para os praticantes, tanto os iniciantes como os intermediários e avançados, terem a percepção da importância do rolamento de ombros sobre o eixo da coluna no nado crawl, pois os ombros acompanham os movimentos da braçada, proporcionando a possibilidade de melhoria da amplitude da braçada. • Dica 4: independentemente das características individuais de cada praticante, é sabido que quanto maior o comprimento da braçada, melhor o desempenho e economia de energia, o que causa conforto ou melhora no desempenho do praticante, pois há um maior aproveitamento de cada ciclo de movimento. Frequência respiratória Vemos muitos iniciantes que não conseguem realizar uma frequência respiratória satisfatória devido a problemas de adaptação ao meio aquático e não propriamente ao ato de respirar durante o nado. Existem diversas frequências respiratórias que podem ser executadas livremente e elas se aplicam ao grau de desenvolvimento da habilidade de execução do nado além do grau de condicionamento físico e velocidade do nado. São exemplos: • 2x1 (lê-se: “dois por um”), ou seja, a cada duas braçadas, uma ação respiratória realizada sempre para o mesmo lado (esquerdo ou direito); • 3x1, ou bilateral, onde ocorre uma alternância de lado que acontece a cada ciclo de três braçadas; • 4x1, que ocorre a cada quatro braçadas, podendo ocorrer tanto para a esquerda quanto para a direita sem a alternância de lado; • 5x1, que ocorre a cada cinco braçadas, ou seja, alternando o lado da respiração como no 3x1; • 3x2, ou seja, duas respirações para o mesmo lado e depois mais três braçadas mudando o lado (também conhecido como 3x1 duplo); • 4x2, como a respiração 4x1, mas realizando duas respirações para um mesmo lado e depois realizando bloqueio de mais quatro braçadas. Existem outras combinações de frequência respiratória, mas devemos levar em consideração que o aumento do intervalo da respiração proporciona aumento do débito de oxigênio, causando uma fadiga precoce, e deve ser realizada por indivíduos mais adaptados com maior nível de condicionamento físico. Nas mais diferentes provas de natação, quanto menor a distância, maior será o intervalo da frequênciarespiratória. Em provas de 50 metros nado livre, por exemplo, alguns atletas não realizam respiração para evitar mudança da linha de flutuação e com isso perder preciosos centésimos de segundo. Trechos do treino ou em provas em que o nadador opta por não respirar são conhecidos como “bloqueio” da respiração. O papel dos exercícios educativos da natação Na natação, é muito comum os professores utilizarem de exercícios chamados de “educativos”, que são exercícios orientados para solucionar problemas relacionados à aprendizagem, aperfeiçoamento e alto rendimento em natação, dependendo da dificuldade que um nadador tem em executar com a melhor perfeição possível, dentro do seu grau de desenvolvimento ou aprendizagem, as diferentes solicitações dos quatro nados oficiais da natação, além das saídas e viradas. Cabe ao professor/treinador e ao nadador buscar soluções para estas dificuldades que se modificam ao longo do tempo. Fracionar as diferentes fases dos nados ou mesmo das ações de saídas e viradas em partes distintas podem auxiliar na compreensão e busca de soluções para estes entraves que prejudicam ou mesmo impedem a evolução dos objetivos traçados ao longo do tempo. Um determinado educativo ou ação motora específica pode auxiliar num determinado período de evolução da técnica desportiva e em outro período, um mesmo educativo não se apresenta como auxílio, pois sua efetividade já foi superada. Devemos também observar se o nadador possui condições psicológicas e fisiológicas de executar e absorver as ações motoras propostas. A grande maioria dos educativos são realizados em velocidades inferiores à velocidade natural dos nados para que o nadador perceba com maior clareza as diferentes proposições apresentadas. Exemplos de educativos para o nado crawl: • Dificuldade de colocar no tempo correto da sequência de braçadas o momento da respiração lateral: neste caso, um dos educativos mais simples e de grande valia se mostra com o nadador na posição inicial do nado, ou seja, um braço ao lado do corpo junto ao tronco e quadril e o outro no prolongamento do corpo à frente. Em propulsão de pernas, com ou sem o auxílio de nadadeiras, dependendo do nível do nadador, ele realiza a respiração lateral e na sequência um ciclo de braçadas voltando à posição inicial, aí então haverá uma troca do braço estendido à frente e o outro ao lado do corpo. Uma variação é realizar a respiração lateral e depois realizar a braçada. • Outra variação do tempo de respiração, mas em nadadores mais avançados, seria realizar o nado crawl com recuperação submersa, ou seja, no momento em que o nadador finaliza a braçada e o braço oposto está estendido à frente, o braço da finalização é recuperado por dentro da água, bem junto ao corpo, com o nadador realizando a respiração lateral e aguardando o braço da recuperação se juntar ao estendido à frente e assim depois o outro braço realiza a fase submersa com o movimento propulsivo do outro lado com a respiração alternada e a mesma recuperação submersa. • Realizar alternadamente uma recuperação submersa e outra aérea para aumentar a sensibilidade das facilidades de se colocar a respiração em movimentos sequenciais do nado com diferentes dificuldades. Esta execução obriga ao nadador realizar um rolamento de ombros muito significativo, pois sem isso ele não conseguirá realizar o movimento com exatidão. • Um exercício muito simples e de grande auxílio na percepção do nado seria o nadador, durante a fase de recuperação do braço, realizar o movimento com a “mão fechada”, o que possibilita ao nadador perceber melhor onde se encontra o braço durante a fase de recuperação. • Similarmente, para a etapa submersa, pode o nadador realizá-la com a “mão fechada”, evidenciando a diferença de sensibilidade em relação à braçada com a mão espalmada. • Outra variação pode ser a realização da recuperação do braço com o polegar tocando na coxa, cintura e tronco, com o cotovelo bem alto, e após a passagem do braço pela linha do ombro, realizar a entrada do braço dentro da execução habitual. Este movimento auxilia os nadadores que fazem uma recuperação com o braço muito estendido e não percebem que o fazem. Saída do nado crawl A saída é um gesto pelo qual o nadador, partindo ao sinal dado, deixa a plataforma de saída e alcança a água: o mais distante possível, com maior velocidade, no tempo mais reduzido e numa orientação favorável à retomada do nado. Considerando o desenvolvimento do controle respiratório nas habilidades básicas de natação, posteriormente as atividades de submersão e o aumento da complexidade do mergulho elementar, agora poderemos aplicar estes conceitos diretamente em cada um dos quatro nados. O ensino da saída (largada) do nado crawl é geralmente realizado de forma independente do nado. Chamamos de maneira popular de “mergulho de cabeça” ou “mergulho de ponta” o ato de, partindo da posição em pé na borda da piscina, preparamos e executarmos um salto para a frente e para cima, em que projetamos o corpo na posição horizontal, realizando em seguida a entrada na água de forma a criar pouca resistência e permitir o maior avanço possível. As saídas para os nados ventrais (crawl, peito e borboleta) e para o nado dorsal (costas) são divididas em partes justapostas, que vão desde a posição preparatória até a entrada na água e deslize. Essa divisão faz com que esta habilidade seja classificada como uma habilidade complexa. O ensino mais adequado neste caso deve ser feito pelo método analítico, seguindo o caminho do simples para o complexo, das partes para o todo. A saída propriamente dita (impulso e perda do contato dos pés com o bloco ou com a parede da piscina) é um movimento explosivo, resultado de cada ação anterior à saída em si. Estas ações envolvem o posicionamento inicial (na borda, na plataforma ou na parede da piscina) e a mobilização dos segmentos corporais; são elas que irão definir a velocidade e trajetória da entrada do corpo na água até o início do nado. Sendo assim, o sucesso da saída depende das instruções adequadas de ensino e aprimoramento das ações iniciais. O professor deve orientar seus alunos em cada etapa da sequência da saída visando à técnica mais eficaz para o melhor desempenho e resultados satisfatórios. Saída do bloco de partida Esta saída evoluiu nos anos 1960 e se mantém quase como a que conhecemos ainda hoje. Ela se baseava na saída do bloco de partida do atletismo. Desde então, diversas adaptações e modificações nas regras de saída do bloco aconteceram, tais como a inclinação da parte posterior da plataforma para dar mais apoio ao nadador ou como do apoio já dentro da água para os nadadores de nado de costas não escorregarem no momento da partida. Devemos nos atentar que o processo de aprendizagem deste tipo de saída ocorre muito antes do processo de treinamento mais avançado, bem como nas situações de competição; ele ocorre desde a etapa de aprendizagem das habilidades básicas como visto anteriormente. Podemos dividir a saída do bloco de partida dos nados crawl, peito e borboleta da seguinte maneira: • Posição preparatória: o nadador se coloca na plataforma em pé com o tronco semiflexionado à frente, braços relaxados e olhando para a piscina ou para baixo. • Posição de tiro: o nadador aguarda a ordem de saída, neste momento ele flexiona o tronco para frente e para baixo com as mãos tocando a borda da plataforma ou mesmo segurando com as pontas dos dedos, a cabeça fica voltada para o pé da frente ou voltada para trás. O nadador pode manter a posição de um pé na frente e o outro atrás (esta posição é a mais utilizada) ou ele pode colocar os dois pés à frente (que não propicia tanto equilíbrio), os dedos do pé da frente flexionados na face anterior do bloco, para evitar que escorreguem na saída. • Saída do bloco: ao sinal de saída, o nadadorprojeta o corpo para frente, com a extensão dos braços unidos protegendo a cabeça, e as pernas impulsionando o corpo (posição de flecha). Durante o voo, o tronco vai progressivamente se posicionando num nível mais baixo que o quadril e as pernas para preparar a entrada do corpo na água de preferência num mesmo ponto. • Entrada na água: as mãos devem entrar primeiramente na água e o resto do corpo estendido deve passar pelo mesmo ponto de entrada, evitando assim que a resistência frontal desacelere demasiadamente o corpo ou mesmo que prejudique a fase submersa. • Deslize: após a entrada na água, o nadador deverá buscar a melhor posição hidrodinâmica e a partir deste momento realizar a propulsão submersa conforme a característica de cada nado, até retornar para a superfície e poder iniciar os movimentos do nado O ensino da habilidade de saída teve início pelo trabalho com as formas básicas da submersão, do salto em pé e do mergulho elementar de cabeça (posições sentada, agachada e ajoelhada) já realizados na fase de aprendizado das habilidades básicas da natação. Essas habilidades elementares serão aprimoradas para a habilidade específica da saída dos nados em posição ventral do corpo. Após este trabalho no plano baixo passamos ao plano alto. Neste momento, as instruções sobre posicionamento do corpo e as ações em cada etapa da sequência da saída devem ser dadas de forma clara e objetiva. São muitos os detalhes e pode-se esperar pouca eficiência de início, mas este trabalho mais detalhado evita ações desnecessárias e que interferem negativamente na saída. O papel do professor desta etapa será direcionar a entrada do aprendiz de forma oblíqua na água: nem muito horizontal, para evitar a colisão frontal (ou “barrigada”), nem muito vertical, o que pode provocar um choque com o fundo da piscina. Viradas das provas do nado livre A virada é a mudança de sentido realizada quando a trajetória de natação tiver maior distância do que o comprimento da piscina. É o gesto assimétrico que envolve um conjunto de movimentos realizados de acordo com o regulamento para cada um dos quatro nados. No caso do nado livre, onde se utiliza o nado crawl, a regra apenas obriga que alguma parte do corpo toque a borda, ou seja, não é necessário o toque das mãos. Sendo assim, as viradas que podem ser utilizadas para as provas do nado livre são classificadas em virada simples e virada olímpica. A virada olímpica é mais rápida, através de uma cambalhota, e a virada simples é usada para aqueles que ainda não aprenderam a virada olímpica. Virada simples A virada simples é realizada com a aproximação da parede, estendendo ao máximo o braço cuja mão irá tocar na parede da piscina. Este toque é rápido e tão logo ocorra a mão já se afasta novamente da parede, indo de encontro à outra mão, que estava ao lado do quadril e ficou na superfície nesta posição, já apontando para a outra borda. Ocorre então um movimento pendular do corpo, ou seja, com os joelhos e quadris flexionados os pés passam por debaixo do tronco de encontro à parede, enquanto cabeça e ombros viajam no sentido contrário por cima do tronco e na direção da borda oposta, após o afastamento da mão que tocou a parede. O corpo termina este movimento pendular com o toque dos pés na parede e posterior impulso. O impulso deve ser dado apenas quando as mãos se encontrarem juntas à frente do corpo e este em posição hidrodinâmica. Divisão em fases da virada simples: • Aproximação: onde o nadador observa por baixo da água a aproximação da borda. • Toque na borda: com um dos braços à frente tocar na borda com consequente flexão de cotovelo devido à desaceleração do nado. • Grupamento do corpo: com o rosto na água, o nadador projeta por baixo do corpo as pernas unidas para a borda da piscina com flexão de quadril e joelhos enquanto o braço que tocou a borda viaja por cima da água para se juntar ao outro braço, que estava apontando para a borda oposta. • Posicionamento de saída: braços unidos voltados à frente, quadris flexionados, pernas flexionadas e pés apoiados na parede. • Impulso: os braços estendidos à frente da cabeça em posição hidrodinâmica (streamline) para diminuir a resistência frontal com consequente extensão vigorosa das pernas para auxiliar no deslize do corpo. Na desaceleração do impulso da borda há o início da propulsão golfinhadas (se o aluno já o fizer), de pernadas alternadas e depois de braços. Quando bem realizada, a virada simples permite a economia de tempo, pois não há previsão para encostar os pés no chão, nem segurar a borda para sustentar-se. O trabalho de ensino da técnica da virada simples pode ser feito em partes, por exemplo, seguindo a ordem das etapas da virada. Deve ser dada ênfase à distância e velocidade de aproximação, o toque da mão na parede e o pêndulo (rápido) do corpo para o posicionamento dos pés na parede para a retomada do nado na outra direção. Virada olímpica A virada olímpica é realizada sem o toque das mãos na parede e com uma cambalhota depois da aproximação, seguida do toque dos pés na parede para a impulsão. Fases da virada olímpica • Aproximação: o nadador deve visualizar a parede e os pontos de referência para calcular a fase seguinte, a velocidade do nado deve ser levada em conta durante a aproximação. • Giro: na última braçada, o nadador deve direcionar a cabeça para a região do abdome, bem como o braço da última braçada. O outro braço deve ficar ao lado do quadril. Ao mesmo tempo, deve realizar uma flexão do tronco, projetando a cabeça para baixo, e flexão de quadris e pernas, trazendo os calcanhares em direção à borda da piscina. Depois, posicionar os braços unidos e estendidos à frente da cabeça na direção contrária da borda, os pés unidos e o corpo já na transversal o mais próximo possível da superfície. • Impulsão: durante a impulsão os pés tocam a parede e ocorre uma vigorosa extensão das pernas ao mesmo tempo que ocorre uma rotação do corpo para que o nadador volte a posição inicial do nado. Os braços devem se manter estendidos à frente do corpo, protegendo a cabeça para diminuir a resistência frontal. • Deslize: durante o deslize (submerso) inicia-se a propulsão de pernas que pode ser com uma sequência de golfinhadas e, à medida em que o corpo se aproxima da superfície, inicia-se a pernada alternada do nado, para que não haja perda do impulso realizado sobre a parede da borda da piscina. • Propulsão: quando o nadador percebe que está ao alcance da superfície ele inicia o movimento de braçada, mas se o realizar precocemente pode provocar uma drástica diminuição da velocidade. O nadador deve iniciar preferencialmente a respiração após duas ou três braçadas para que o corpo se posicione corretamente na superfície da água. Na virada olímpica o aprendizado deve ter início pela execução do movimento da cambalhota. Este trabalho pode ser feito de forma lúdica, em que o aluno será estimulado a girar para o lado primeiro, até que chegue a fazer o giro completo. Sugere-se que o professor auxilie o aluno principalmente nas primeiras tentativas, pedindo que ele flexione os joelhos trazendo-os próximos ao peito, aproxime o queixo do peito (como se fosse um “caramujo”) e, em seguida, o professor conduz o movimento da cambalhota. Depois, podem ser utilizados materiais como espaguetes e arcos para estimular o aluno a realizar sozinho o movimento da cambalhota passando por baixo e por dentro destes materiais. Após o trabalho visto anteriormente, podemos acrescentar movimentos com as demais etapas da virada, em exercícios como: executar movimento de propulsão de pernas e, em seguida, fazer a cambalhota; executar o nado crawl e na sequência a cambalhota; nadar crawl, fazer a cambalhota e prosseguir com o nado; aproximar-se da borda nadando e fazer a cambalhota, dentre outros até que todas etapas estejampresentes. O professor deve orientar os aprendizes a terem cuidado especial na distância do corpo e a parede da piscina na aproximação, pois se este espaço não for suficiente para o movimento da cambalhota, o aluno pode machucar-se ao bater seu pé de encontro à borda. Regras da prova de nado livre As provas em que o nado crawl é utilizado são as provas de nado livre. No entanto, as regras do nado livre permitem que sejam realizados quaisquer movimentos de propulsão durante a prova que possam colaborar na velocidade do nado, exceto, logicamente, impulsionar-se no fundo, nas bordas ou raias etc. SW 5.1 – Nado livre significa que numa prova assim denominada, o competidor pode nadar qualquer nado, exceto nas provas de medley individual ou revezamento medley; nado livre significa qualquer nado diferente do nado de costas, peito ou borboleta. SW 5.2 – Alguma parte do nadador tem que tocar a parede ao completar cada volta e no final. SW 5.3 – Alguma parte do nadador tem que quebrar a superfície da água durante a prova, exceto quando é permitido ao nadador estar completamente submerso durante a volta e numa distância não maior que 15 metros após a partida e cada volta. Nesse ponto, a cabeça deve ter quebrado a superfície da água (CDBA, 2017) Conclusão: O nado de crawl ou crol é uma técnica de natação e também uma disciplina olímpica. O crawl já era praticado bem antes do aparecimento da nossa civilização. Ele é, sem dúvida, o estilo mais utilizado e mais rápido, porém, na verdade ele não pode ser considerado como um estilo verdadeiro. Referencias: https://pt.wikipedia.org/wiki/Crawl https://pt.wikipedia.org/wiki/Crawl