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Autora: Profa. Cláudia Ferretto Palladino Colaboradora: Profa. Tânia Sandroni Gestão de Comunicação e Mídia Re vi sã o: A na F. - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 06 /1 7 Professora conteudista: Cláudia Ferretto Palladino Mestre em Administração de Empresas – área de concentração: Administração e Planejamento (PUC-SP, 2008), MBA em E-business (FGV Management, 2001) e bacharel em Comunicação Social com ênfase em Marketing (ESPM-SP, 1986). Professora desde 2003 nos cursos superiores de tecnologia, nos cursos de ensino a distância e nos cursos de pós-graduação na UNIP. Autora de livros-textos das áreas de Marketing e Comunicação. Membro da CQA e do Núcleo Docente Estruturante dessa mesma universidade. Acumula trinta anos de experiência profissional em marketing institucional e comunicação corporativa em empresas de segmentos diversos. Paralelamente atua em gerenciamento de projetos de assessoria de comunicação corporativa. © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) P164g Palladino, Cláudia Ferreto. Gestão de Comunicação e Mídia. / Cláudia Ferreto Palladino. – São Paulo: Editora Sol, 2017. 184 p., il Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXIII, n. 2-090/17, ISSN 1517-9230. 1. Gestão. 2. Comunicação. 3. Mídia. 1. I. Título. CDU 659.3 Re vi sã o: A na F. - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 06 /1 7 Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades Universitárias Prof. Dr. Yugo Okida Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez Vice-Reitora de Graduação Unip Interativa – EaD Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcelo Souza Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli Material Didático – EaD Comissão editorial: Dra. Angélica L. Carlini (UNIP) Dra. Divane Alves da Silva (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT) Dra. Valéria de Carvalho (UNIP) Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Ana Fazzio Juliana Mendes Ricardo Duarte Re vi sã o: A na F. - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 06 /1 7 Sumário Gestão de Comunicação e Mídia APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................9 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................ 10 Unidade I 1 PROCESSO DA COMUNICAÇÃO ................................................................................................................. 11 1.1 Para começar, um pouco de história ............................................................................................ 11 1.2 O conceito de comunicação ............................................................................................................ 13 1.3 Elementos da comunicação ............................................................................................................. 15 1.4 Processo de codificação e decodificação da mensagem ...................................................... 17 2 COMUNICAÇÃO ESTRATÉGICA DE MARKETING .................................................................................. 21 2.1 Modelos de comunicação eficaz .................................................................................................... 23 2.1.1 Modelo Aida .............................................................................................................................................. 23 2.1.2 Modelo de Hierarquia de Efeitos ...................................................................................................... 26 2.2 Comunicação formal e comunicação informal ....................................................................... 28 2.3 Imagem de marca e comunicação estratégica de marketing ............................................ 29 2.3.1 O que é uma marca? .............................................................................................................................. 33 2.3.2 Como surgiram as marcas ................................................................................................................... 34 2.3.3 Branding ou construção de marca .................................................................................................. 35 2.3.4 Patrimônio de marca (brand equity) ............................................................................................... 37 2.4 Modelo de Comportamento de Compra ..................................................................................... 38 2.5 Influências ambientais nos processos de compra ................................................................... 40 2.6 Marketing de relacionamento ......................................................................................................... 43 2.6.1 Objetivos do marketing de relacionamento................................................................................. 45 2.6.2 A implantação do marketing de relacionamento ...................................................................... 46 2.6.3 As variações de marketing de relacionamento........................................................................... 47 2.6.4 As vendas atreladas a indicações ..................................................................................................... 48 2.6.5 Programas de fidelização ..................................................................................................................... 50 Unidade II 3 COMUNICAÇÃO INTEGRADA DE MARKETING ..................................................................................... 55 3.1 Comunicação integrada de marketing no Brasil ..................................................................... 58 3.2 Estágios do desenvolvimento da comunicação eficaz de marketing ............................. 59 4 GESTÃO ESTRATÉGICA DAS FERRAMENTAS DE COMUNICAÇÃO DE MARKETING ................ 69 4.1 Propaganda ............................................................................................................................................. 69 4.1.1 Níveis de comunicação ......................................................................................................................... 71 Re vi sã o: A na F. - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 06 /1 7 4.1.2 Objetivos da propaganda ..................................................................................................................... 72 4.1.3 Determinação da verba de propaganda ........................................................................................ 74 4.1.4 Estratégia da propaganda ................................................................................................................... 75 4.1.5 Mídias – Tipos, vantagens e desvantagens .................................................................................. 76 4.1.6 Formatos mais comuns de peças publicitárias ...........................................................................78 4.1.7 Programação de mídia .......................................................................................................................... 79 4.1.8 Avaliação de propaganda .................................................................................................................... 81 4.2 Relações Públicas e Publicidade ..................................................................................................... 82 4.2.1 Os princípios das Relações Públicas ................................................................................................ 85 4.2.2 Programas de Relações Públicas....................................................................................................... 86 4.2.3 A função estratégica das Relações Públicas ................................................................................ 88 4.2.4 A avaliação dos resultados de Relações Públicas ...................................................................... 90 4.3 Promoção de vendas ........................................................................................................................... 91 4.3.1 Públicos-alvo das promoções de vendas ...................................................................................... 93 4.3.2 Objetivos da promoção de vendas ................................................................................................... 93 4.3.3 Instrumentos da promoção de vendas .......................................................................................... 94 4.3.4 Instrumentos de promoção para canais de distribuição dos produtos ............................ 97 4.3.5 Instrumentos de promoção para vendedores ............................................................................. 97 4.4 Venda pessoal ........................................................................................................................................ 98 4.4.1 O papel da força de vendas ................................................................................................................ 99 4.5 Marketing direto .................................................................................................................................100 4.5.1 Database marketing – O banco de dados de marketing .......................................................102 4.5.2 Principais meios utilizados em marketing direto ....................................................................103 4.5.3 Avaliação de marketing direto ........................................................................................................106 Unidade III 5 ADMINISTRAÇÃO DA FORÇA DE VENDAS ...........................................................................................116 5.1 Perfil do profissional de vendas ....................................................................................................118 5.2 Definição do tipo de vendedor .....................................................................................................122 5.3 Recrutamento e seleção de vendedores ...................................................................................123 5.4 Treinamento da força de vendedores.........................................................................................123 5.5 Remuneração dos vendedores ......................................................................................................124 5.6 Planejamento de vendas .................................................................................................................125 5.7 Supervisão da área de vendas .......................................................................................................128 5.8 Avaliação da área de vendas .........................................................................................................129 6 COMUNICAÇÃO DE MARKETING DIGITAL ...........................................................................................130 6.1 Propaganda na Internet ..................................................................................................................131 6.1.1 Tipos de propaganda on-line .......................................................................................................... 132 6.1.2 Métodos de avaliação de propaganda on-line ........................................................................ 137 6.2 Marketing direto na Internet .........................................................................................................138 6.2.1 O e-mail marketing ............................................................................................................................. 138 Re vi sã o: A na F. - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 06 /1 7 Unidade IV 7 BRIEFING ...........................................................................................................................................................149 7.1 Roteiro para levantamento e elaboração do briefing .........................................................150 8 ÉTICA E REGULAMENTAÇÃO DAS ATIVIDADES DE COMUNICAÇÃO DE MARKETING ........154 8.1 Comunicação socialmente responsável ....................................................................................155 8.2 Ética em propaganda ........................................................................................................................156 8.3 Transparência em promoção de vendas ....................................................................................158 8.4 Legitimidade em relações públicas .............................................................................................159 8.5 Vendas pessoais e transparência ..................................................................................................159 8.6 Respeito à privacidade do consumidor no marketing direto ...........................................159 8.7 Órgãos reguladores das atividades de comunicação de marketing ..............................160 8.7.1 Cases de ética em comunicação .................................................................................................... 165 9 Re vi sã o: A na F. - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 06 /1 7 APRESENTAÇÃO Seja porque a concorrência é grande, seja porque o produto é único no mercado, o trabalho do gestor de marketing é imprescindível para que, com as demais áreas da empresa, a organização atinja seus objetivos estratégicos. Essa importância decorre da premente necessidade de conhecimento do mercado de atuação e do seu acompanhamento constante, a fim de que relações saudáveis e duradouras sejam estabelecidas entre a empresa e seus stakeholders. Relacionamento se dá através de contato e de comunicação, e aqui chegamos ao propósito deste livro-texto: estudar a quarta variável do mix de marketing, aquela que apresentará ao mercado a oferta de valor da empresa. Não menos importante do que as demais variáveis, a comunicação, tradicionalmente chamada de promoção, requer o entendimento de como funcionam as ferramentas da comunicação de marketing, os meios de comunicação e a linguagem usada pelo público-alvo. Esses elementos adequadamente combinados e estrategicamente alinhados ao mix de marketing compõem o plano de marketing, que colocará a oferta de valor da empresa no mercado. Esta nossa disciplina, chamada Gestão de Comunicação e Mídia, visa proporcionar a você, estudante de Marketing e futuro gestor, uma visão integral do processo de comunicação e do seu papel no desenvolvimento e na implementação das estratégias de comunicação, de acordo com os objetivos propostos no plano de marketing e no plano estratégico da empresa. Para que esse entendimento seja possível, a disciplina discorrerá sobre como se dá oprocesso de comunicação, tendo em vista a criação de imagens positivas, o conhecimento das características e funções das ferramentas de comunicação de marketing, as peculiaridades dos meios de comunicação e as diretrizes que orientam a disseminação de ideias com objetivos comerciais. Complementam o estudo a abordagem das técnicas de gerenciamento das ferramentas de comunicação de marketing, a gestão das verbas destinadas para este fim, as formas de aferição de resultados e ainda a correta elaboração de briefings. É importante estar atento às explicações e aos textos complementares que são recomendados ao longo do livro-texto. Ao final deste estudo, com certeza você estará mais confiante para executar e controlar um plano de comunicação que atenda aos objetivos de negócio de uma empresa. Bons estudos! 10 Re vi sã o: A na F. - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 06 /1 7 INTRODUÇÃO Gestores de marketing e de comunicação têm um dia a dia preenchido com desafios provocados pela dinâmica do mercado, que impacta diretamente os objetivos estratégicos e de marketing das empresas e seus resultados. Uma vez que o marketing visa ao atendimento de necessidades e desejos dos mercados consumidores, a atividade desses gestores está, o tempo todo, voltada para a entrega de valor oferecida pelas suas empresas e consequentemente para a contração de uma imagem sólida diante dos clientes. Kotler e Keller (2012) apontam que o marketing é a identificação do atendimento das necessidades sociais e, na obra Administração de Marketing, citam como Peter Drucker pensa o objetivo do marketing: fazer das vendas uma ação supérflua, pois a dedicação a conhecer e compreender plenamente os seus clientes traz para a empresa as condições necessárias ao desenvolvimento de uma oferta de valor que atenda necessidades e desejos do mercado, fazendo a venda acontecer por si só. Esses autores lembram que foi E. Jerome McCarthy quem vaticinou que nada disso seria possível se não considerássemos com igual importância a combinação estratégica das variáveis controláveis do mix de marketing. Esta disciplina – Gestão de Comunicação e Mídia – trata exatamente da variável promoção, que também pode ser chamada de comunicação de marketing e leva a empresa até o cliente por meio da disseminação de informações, mediante uma feira, um comercial de TV ou uma mensagem de celular. Qualquer que seja a forma de comunicação, você pode estar certo de que um complexo trabalho de pesquisa e planejamento foi desenvolvido para que o público desejado seja atingido e motivado a comprar. É hora de arregaçar as mangas e começar a trabalhar. 11 Re vi sã o: A na F. - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 06 /1 7 GESTÃO DE COMUNICAÇÃO E MÍDIA Unidade I 1 PROCESSO DA COMUNICAÇÃO 1.1 Para começar, um pouco de história Será que a fala sempre foi o principal meio de comunicação entre os homens? Se voltarmos a um passado muito distante, há mais ou menos 4 ou 5 milhões de anos, vamos verificar que não, e esta informação nos é dada pela antropologia, a ciência que estuda o homem e a humanidade de maneira totalizante, abrangendo todas as suas dimensões, como costumes, crenças, hábitos e aspectos físicos dos diferentes povos que habitaram e habitam o planeta. Então, segundo a antropologia, sons como gritos e urros somados a gestuais podem ter sido as primeiras formas de comunicação entre aqueles que esta ciência considera como o ancestral que deu origem à espécie humana: o Homo habilis, assim chamado devido à sua capacidade de desenvolver e utilizar ferramentas, característica que o diferenciava das demais criaturas proto-humanas e que surgiu por volta de 2 milhões de anos atrás. Milhões de anos se passaram para que ocorresse lenta e gradualmente o aumento da massa cerebral nesses indivíduos; graças a essa evolução, foi possível o desenvolvimento da capacidade de aprender, de substituir sons guturais e gestos por um modelo de comunicação, com base em símbolos e sinais, e ainda de compartilhar o que havia sido aprendido – disseminação da experiência. Só mesmo entre 40 mil e 10 mil anos atrás surge o Homem de Cro-Magnon; são desse período os artefatos mais complexos e os sinais de desenvolvimento da fala e da linguagem, de uma embrionária forma de organização social e de sinais que sugerem a realização de ritos funerários e a produção das pinturas rupestres. Esse nosso antepassado teria, portanto, o raciocínio mais desenvolvido, o que lhe permitiu não só esses feitos, mas também caçar de forma mais estruturada e melhorar sua capacidade de defesa. Acredita-se que, à medida que o volume da massa cerebral aumentava, a linguagem natural dos pré-hominídeos e dos primeiros hominídeos tenha evoluído para uma imitação intencional dos sons emitidos pelos animais e pela natureza. A evolução dessa linguagem imitativa de sons (chamada onomatopeica), em conjunto com a evolução da linguagem corporal, provocou o desenvolvimento de códigos e regras para a comunicação e para o entendimento dos sinais. O dom da fala e a capacidade do discurso são as características que mais diferenciam o homem dos demais seres vivos. Tal dom ou capacidade é o que lhe permite relacionar-se com outros indivíduos de sua espécie e vivenciar processos de troca. 12 Re vi sã o: A na F. - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 06 /1 7 Unidade I A instituição dos símbolos veio orientar e definir as relações de poder entre os representantes do grupo, bem como suas atividades cotidianas, como as caçadas e movimentações. Essa evolução mostra ainda o desenvolvimento da capacidade de representação simbólica, impulsionando o passo inicial para o avanço do pensamento e, por conseguinte, da linguagem e da sociedade como a conhecemos. Os primeiros relacionamentos parecem ter sido justamente para a realização da troca de mercadorias, quando se utilizavam seixos de diferentes tamanhos para representar o valor dessas mercadorias. Paulatinamente, esses seixos foram sendo substituídos por inscrições em argila, e nasciam, assim, contando de forma muito resumida, as primeiras representações escritas. É o povo sumério que primeiro utiliza um sistema pictográfico (3.400 a.C.) – representação de objetos e conceitos por meio de desenhos –, e é a partir daí que se dá a caracterização gráfica da linguagem falada. Portanto, o ato da comunicação é inerente à própria existência humana. Mesmo antes do nosso nascimento, ainda na vida intrauterina, já somos capazes de nos comunicar. Ao fazermos isso, estamos tentando, entre outros objetivos, compartilhar ou enviar informações. Para se comunicar, o homem não depende apenas da capacidade da fala. Durante o período que a antecedeu, todo o processo de comunicação era realizado pelos seres humanos por meio de sons, como o choro, que depois foram substituídos pela linguagem gesticulada e falada, quase da mesma forma que o homem primitivo fazia para se comunicar com os seus pares. Os mais variados tipos de símbolos, que logo depois evoluíram para os ruídos, deram origem às palavras. Não existem provas concretas sobre o processo de comunicação dos hominídeos, porém os pesquisadores supõem que esses seres se comunicassem de forma semelhante à dos demais mamíferos, por meio de grunhidos, gritos, urros, rosnados, que, somados a movimentos corporais, transmitiam mensagens relativas às diversas necessidades básicas, como fome e acasalamento, bem como sinalizavam situações de perigo. Os sinais de mudança dessa condição de troca de mensagens começaram a ser percebidos quando foram descobertos os fósseis dos primeiros Homo habilis. Para muitos paleoantropólogos, a inteligência e a capacidade de organizaçãosocial, mesmo rudimentares, eram de nível superior às de seus antecessores, os Australopithecus. 13 Re vi sã o: A na F. - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 06 /1 7 GESTÃO DE COMUNICAÇÃO E MÍDIA Figura 1 – Pintura rupestre Graças às pinturas rupestres (gravuras encontradas em cavernas), deixadas pelos nossos ancestrais, somos capazes de reconstituir e entender como viviam, seus hábitos e costumes, além de conhecer os tipos de relações desenvolvidas. 1.2 O conceito de comunicação A palavra comunicação tem origem no latim communicatio e significa “tornar alguma coisa comum a muitas pessoas”. O termo se refere ao compartilhamento de mensagens, conceitos e ideias em determinado grupo. Ainda sobre a origem ou formação da palavra comunicação, os linguistas explicam que o termo é resultado da união das palavras comum e ação, em que comum indica algo que pode pertencer a todos os membros de determinado grupo ou comunidade, de forma igualitária, e ação é um substantivo que significa atuar, agir. Dessa forma, o termo comunicação tem um significado bastante amplo, e sua ideia mais básica refere-se a transmissão ou encaminhamento de informações em determinado grupo, entre seus participantes. A comunicação é, portanto, um processo social de fundamental importância para os seres humanos, porque permite o relacionamento e a interação dos membros do grupo. Os estudos sobre comunicação abrangem tanto a comunicação de massa como a interpessoal e envolvem o entendimento de todos os signos e símbolos usados pelos seres humanos para transmitir significados e valores, como a palavra falada, os gestos, os sinais, as imagens, a impressão, a radiodifusão, o cinema etc. O processo de comunicação se desenrola sempre da mesma forma, qualquer que seja o sinal transmitido e o meio utilizado, e, em sua forma mais simples, consiste na interação de um transmissor e um receptor apoiada na transmissão de uma mensagem. Observação O processo de comunicação apenas será efetivo se os sinais emitidos na transmissão da mensagem forem entendidos pelo receptor. 14 Re vi sã o: A na F. - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 06 /1 7 Unidade I Devido a sua importância, o processo de comunicação é estudado desde a Antiguidade. Aristóteles (384-322 a.C.), filósofo grego, defendia a ideia de que o principal objetivo da comunicação é o de persuadir, isto é, cabe a quem comunica (o emissor) convencer a audiência (os receptores), trazendo-os para o seu ponto de vista. Sant’Anna, Rocha e Garcia (2015) lembram que para exercer influência, que é a necessidade básica da persuasão, o emissor deve conseguir ser aceito pelo receptor. Ao aceitar, concordar, ter empatia com o emissor, o receptor o atende, permite que a comunicação se estabeleça e, assim, exerce o poder de ultrapassar a censura e as normas opostas dos grupos-alvo. Graças à possibilidade de comunicação, o homem desenvolveu seu intelecto e construiu conhecimento, com base no compartilhamento de experiências e descobertas entre os membros do seu grupo. Esse compartilhamento, portanto, só foi possível a partir do momento em que o processo de relacionamento entre os indivíduos foi estabelecido, o que, por sua vez, só aconteceu devido à comunicação. José Luis López-Aranguren (1909-1996), filósofo espanhol, definiu comunicação como a transmissão de uma mensagem que se dá por meio de um emitente, um meio e um receptor. Ele reproduz em sua definição o modelo básico do processo da comunicação. Emitente Meio Receptor Figura 2 – Modelo básico de comunicação proposto por López-Aranguren (1975) Segundo Lopes (2007), outro estudioso que também versou sobre o processo de comunicação foi o linguista francês André Martinet (1908-1999), que explicou o processo de comunicação como a utilização de um código para a transmissão de uma mensagem referente a uma experiência específica, a fim de permitir que os indivíduos se relacionem uns com os outros. Como você pode perceber, esses postulados feitos pelos filósofos nos fazem entender que a comunicação é um processo de transmissão de ideias entre indivíduos. Veja como Sant’Anna, Rocha e Garcia (2015) resumem o conceito de comunicação: É fundamental, porque toda a sociedade humana – da primitiva à contemporânea – se baseia na capacidade do homem de transmitir suas intenções, seus desejos, sentimentos, conhecimentos e experiência, de pessoa para pessoa. E é vital porque a habilidade de comunicar-se aumenta as chances de sobrevivência do indivíduo, enquanto sua falta é geralmente considerada uma séria forma de patologia (SANT’ANNA; ROCHA; GARCIA, 2015, p. 2). 15 Re vi sã o: A na F. - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 06 /1 7 GESTÃO DE COMUNICAÇÃO E MÍDIA Para nos ajudar a entender as práticas de comunicação que vamos estudar ao longo deste livro- texto, vamos adotar a seguinte definição: “Comunicação é o processo pelo qual interagem um emissor e um receptor para trocar ideias, conhecimentos, experiências e sentimentos, que são transmitidos por um código, uma mensagem e um canal adequados”. A comunicação é um elemento imprescindível para a implementação das estratégias de marketing; afinal, é por meio dela que se estabelece todo e qualquer relacionamento entre a empresa e seus públicos. Para que se dê o estabelecimento da comunicação, é necessário o desenvolvimento de um ambiente propício à interatividade dos membros, cujas trocas devem ser sempre possíveis. Trata-se, então, de um processo didático, com construção de significados e expectativas. 1.3 Elementos da comunicação Quais são os elementos necessários para que o processo de comunicação se estabeleça? Além de uma mensagem e duas pessoas interagindo, outros fatores, que devem ser observados com igual atenção, participam do processo de comunicação. Já sabemos que o emissor, o receptor e a mensagem são os elementos básicos e necessários para o processo da comunicação, considerados os recursos centrais desse processo. Porém, apenas com esses elementos não é possível que a comunicação aconteça de forma eficaz. Além do emissor, do receptor e da própria mensagem, são ainda necessários outros três fatores (que chamamos de satélites): o código, o canal e o contexto. Vamos entender a função de cada um desses recursos e a interligação deles. • Emissor: até este ponto do livro-texto, o termo emissor já foi diversas vezes usado; já vimos que o emissor tem a função de transmitir determinada informação, mas outra característica importante que deve ser ressaltada é que cabe a esse elemento utilizar os melhores recursos para garantir que a mensagem seja recebida e entendida com precisão pelo receptor. • Receptor: também já citado várias vezes, este é o elemento-alvo do emissor, ou seja, é aquele que recebe a mensagem enviada; ao contrário do que pode parecer, o receptor não é um elemento passivo, pois cabe a ele decodificar a mensagem para que ela seja compreendida; neste ponto, em parte, amarramos o processo; o emissor, ao usar recursos conhecidos pelo receptor, permite a este decodificar a mensagem. • Mensagem: esse é o elemento principal de qualquer processo de comunicação; a mensagem representa a informação (ou o grupo de informações) que deverá ser transmitida pelo emissor para, posteriormente, ser recebida e compreendida com eficácia pelo receptor; sem a existência de uma mensagem, ou de necessidade ou desejo de transmitir uma mensagem, não há motivos para estabelecer um processo de comunicação. • Contexto: esse elemento diz respeito ao momento ou à situação em que a comunicação está sendo processada; o contexto representa um referencial situacional que deve ser comum para emissor e receptor, pois somenteassim será possível o entendimento da mensagem; 16 Re vi sã o: A na F. - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 06 /1 7 Unidade I • Canal: é o meio pelo qual a mensagem é transmitida do emissor ao receptor, efetivando a sua circulação; pode ser explicado como o suporte necessário para que a mensagem transite do emissor até o receptor; • Código: é o conjunto de signos utilizado para efetivar a transmissão das mensagens; os códigos, que são passados pela linguagem, podem ser os idiomas, a Língua Brasileira de Sinais, a mímica, a dança etc. É o código que deve ser compreendido pelo receptor e, portanto, deve ser do conhecimento de quem recebe a mensagem. Imagine, por exemplo, a aula em EaD da UNIP. O emissor é o professor, a aula é a mensagem e os alunos são os receptores. Para que a aula chegue até o aluno, é necessário que exista um contexto, que neste exemplo é o local de onde os alunos acessam as aulas, via web, que é o canal utilizado nessa modalidade de ensino a distância. O código que está sendo usado é a língua portuguesa escrita (nos slides) e falada (pelo professor), e ainda a Língua Brasileira de Sinais (pelo intérprete). Esses elementos foram reunidos em um modelo desenvolvido em 1949 por C. E. Shannon e W. Weaver, que explica como se desenvolve o processo de comunicação estabelecendo um fluxo necessário para que a transmissão de uma informação de fato aconteça. Veja a seguir um modelo adaptado de como se dá a interação de emissor e receptor e como se estabelece o processo de comunicação. Nesse modelo, vemos mais dois elementos também importantes e que devem ser considerados durante o processo de comunicação: as fontes de ruído e o feedback. Mensagem Meio Decodificação Resposta Emissor ReceptorCodificação Feedback Ruído Figura 3 – Elementos do processo de comunicação O ruído (ou fonte de ruído) é qualquer elemento que possa prejudicar a transmissão da mensagem, como vocabulário, assunto ou símbolos que sejam desconhecidos pelo receptor, ou ainda que se sobreponha à comunicação, como sons que impeçam o receptor de ouvir bem, excesso de imagens ou apelos visuais que desfoquem a atenção do destinatário-alvo. Por exemplo: existe um ruído quando se assiste a um filme falado e/ou legendado em um idioma que não se conhece; e, ainda, se houver uma conversa em um ambiente muito barulhento, provavelmente haverá dificuldade de entender o que o interlocutor está falando. 17 Re vi sã o: A na F. - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 06 /1 7 GESTÃO DE COMUNICAÇÃO E MÍDIA O feedback – outro elemento encontrado no modelo de Shannon-Weaver – é o entendimento da mensagem por parte do receptor. Trata-se do resultado da decodificação do código, que veremos a seguir. Voltando ao exemplo: ao assistir à aula, o aluno decodifica o código, que é conhecido por ele. O aluno emite um feedback (resposta) quando envia uma pergunta para o professor, resolve os exercícios e participa do fórum ou do chat. Saiba mais A ideia defendida por Marshall McLuhan de que o meio é a mensagem talvez nunca tenha feito tanto sentido como neste novo milênio. O pensador, que nasceu no início do século XX, anteviu a Internet e a cibercultura e cunhou um dos mais modernos pensamentos a respeito de comunicação. Entenda mais sobre a íntima relação entre meio e mensagem lendo, no capítulo 6 do livro a seguir, o trecho intitulado “McLuhan: mago ou visionário”: FRANÇA, V. V.; SIMÕES, P. G. Curso básico de teorias da comunicação. Belo Horizonte: Autêntica, 2017. p. 189. (Coleção Biblioteca Universitária). 1.4 Processo de codificação e decodificação da mensagem É fundamental que o receptor entenda o emissor. Isso se refere a conhecer o código e destrinchá-lo, ou seja, decodificá-lo. O processo de codificação (forma de expressar a mensagem) do emissor precisa estar coordenado com o processo de decodificação (forma de entendimento) do receptor. Só dessa maneira a mensagem será efetiva. A efetividade da comunicação requer também que o emissor entenda mais que o idioma. O universo do receptor, a compreensão do seu perfil e a antecipação de possíveis dificuldades que possam surgir por parte do receptor fazem parte da elaboração da mensagem. É então tarefa do emissor fazer a mensagem chegar ao receptor e, para isso, ele, o emissor, deverá considerar alguns fatores que podem ser responsáveis por eventuais deficiências na captação da mensagem pelo receptor. Veja a seguir quais podem ser as razões dessas deficiências: • Atenção seletiva: os seres humanos retêm mais facilmente as mensagens que estão mais claras. É necessário apontar que, ao elaborar uma mensagem, é preciso se lembrar de que as pessoas recebem uma enormidade de estímulos. Portanto, as mensagens claras, que contiverem frases de efeito e recursos visuais fortes, serão mais facilmente captadas. • Distorção seletiva: as pessoas estão mais receptivas àquilo que está de acordo com o seu conjunto de crenças, ou seja, as mensagens com as quais concordam e/ou das quais gostam. É comum também que o receptor acrescente informações que não estão na mensagem ou ainda não perceba outras que estão presentes. O comunicador deve, por este motivo, buscar simplicidade e clareza, além de repetir pontos importantes, para que todo o conjunto de informação seja entendido. 18 Re vi sã o: A na F. - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 06 /1 7 Unidade I • Retenção seletiva: os indivíduos retêm por mais tempo uma pequena parte das mensagens que chegam até ele. Se o receptor estiver positivo à mensagem e receber argumentos de apoio, será possível que a mensagem fique retida por mais tempo. Porém, se estiver negativo e houver contra- argumentos não rebatidos, irá rejeitar a mensagem, apesar de retê-la. Lembrete O nível de instrução e o de inteligência interferem fortemente na recepção da mensagem pelo receptor. Quanto mais educado o receptor, maior deverá ser o esforço impresso na persuasão pelo emissor. Além das razões que podem interferir na captação baixa ou nula da mensagem pelo receptor, o emissor deverá levar em consideração as capacidades humanas e os fatores que podem influenciar a mente das pessoas durante o processo de comunicação, a fim de que a interação seja encaminhada com eficiência. Veja quais são as capacidades humanas que poderão interferir na captação e no entendimento das mensagens: • Atenção: potencial que nós, seres humanos, temos de concentrar a nossa consciência em algo específico. É ela que nos possibilita notar um objeto entre vários. • Inibição: capacidade da nossa consciência de manter o foco em um determinado interesse e isolar o que está em volta. • Interesse: nossa atenção aumenta à medida que nosso interesse em alguma coisa cresce. • Memória: faculdade que nos permite lembrar fatos, reconhecê-los e relacioná-los com nossas experiências passadas. • Percepção: registro de um objeto ou ideia em nossa consciência; tecemos impressões sobre fatos, coisas e pessoas em função de registros anteriores. • Imaginação: nossa aptidão de reviver na consciência objetos ausentes em determinado momento. Dessa forma, a imagem retida em nossa mente volta e os enxergamos novamente. • Emoção: resultante de uma modificação súbita ocorrida no meio que nos cerca; trata-se de uma oscilação em nível mental e que é sempre causada pela presença de um fenômeno representativo em nossa consciência. • Vontade/ato voluntário: nosso potencial para agir segundo nossas próprias preferências. • Conduta: nossa forma de agir, que tem a ver com o nosso jeito de ser. 19 Re vi sã o: A na F. - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 06 /17 GESTÃO DE COMUNICAÇÃO E MÍDIA • Necessidades biológicas: fatores dinâmicos e naturais que dão a origem (causa) da conduta. • Desejo: nossa expressão consciente da necessidade. • Associação de ideias: união de ideias, fatos e lembranças. • Motivação: nossa predisposição para agir de determinada maneira. Além das capacidades humanas que interferem no processo de captação e entendimento das mensagens, há outros fatores que podem influenciar o entendimento da mensagem por parte do receptor. Veja quais são eles: • Sugestão: uma ideia ou um plano de ação que o indivíduo aceita incondicionalmente; é o consentimento de uma ideia recebida, sem que seja feito um exame, uma crítica ou uma fundamentação racional; algumas pessoas são mais sugestionáveis que outras; um indivíduo pode ser mais sugestionável sob determinada condição, assim como o testemunho de formadores de opinião (pessoas que possuem conhecimento específico e conquistam assim autoridade para falar) pode influenciar fortemente a audiência; a sugestão atua por meio de algumas formas, como: — Repetição: conceitos ou ideias passam a ser aceitas de tantas vezes que são ouvidas. — Convicção: a confiança de quem emite a mensagem é um forte influenciador; o texto e a interpretação colaboram para a convicção. — Atmosfera: o ambiente em que a mensagem é transmitida é um veículo sutil, que interfere na passagem da informação. — Imitação: uma tendência nata do ser humano; fazemos inúmeras coisas por imitação, bem como repetimos crenças, hábitos e atitudes; a moda é a expressão máxima da imitação; o homem emula o comportamento dos demais membros do grupo. • Empatia: sentir o que se passa no íntimo; é um aspecto coletivo da sugestão-imitação; é a capacidade de identificação. Para que o processo da comunicação ocorra de forma eficaz, também é necessário que certos aspectos importantes sejam considerados na elaboração de mensagens, como: • Uso de linguagem apropriada e acessível à audiência: é importante ressaltar que a linguagem deve ser escolhida de acordo com o perfil do público para o qual a mensagem é enviada; diversos fatores, como a cultura e as características sociais do receptor, definem padrões de comunicação que devem ser lembrados pelo emissor para garantir o entendimento da mensagem ou até mesmo evitar ser mal interpretado; a linguagem, que é o código utilizado no envio da mensagem, deve ser obrigatoriamente familiar, tanto para o emissor como para o receptor; tome como exemplo a língua portuguesa, um idioma que é falado em diversos países, como Portugal, Brasil, Angola, 20 Re vi sã o: A na F. - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 06 /1 7 Unidade I Moçambique e Timor Leste; em cada uma dessas localidades, verificamos diferenças de sons, de vocábulos e até de aplicação da gramática em decorrência de cultura, história, influência de línguas locais, presença de imigrantes, entre outras tantas razões; um palestrante brasileiro em qualquer desses países deverá verificar possíveis diferenças de vocabulário e até mesmo de pronúncia para evitar que a audiência fique sem entender o que está sendo dito. • Escolha de canais (veículos de comunicação) de fácil acesso ao público: a eficácia do processo de comunicação depende diretamente do tipo de canal utilizado para repassar a mensagem; o canal deverá ser escolhido pelo emissor de acordo com a possibilidade de acesso do receptor: por mais elaborada que seja, a transmissão da mensagem não será eficaz se não puder ser acessada pelo receptor; se a intenção for, por exemplo, anunciar algum tipo de produto de consumo para donas de casa, será mais eficaz veicular a propaganda em emissoras de televisão, durante o dia, ou optar por revistas segmentadas voltadas para esse público. • Estabelecimento de uma boa relação entre o emissor e o público (entre emissor e receptor): lembre-se de que antes de transmitir a mensagem é imprescindível que o emissor quebre todas as possíveis resistências para garantir a maior aceitação possível por parte do receptor; para isso, é importante que o receptor tenha ou desenvolva qualidades como carisma, simpatia, afeto e confiança, só para citar algumas; essas qualidades funcionam como ferramentas catalisadoras de um bom relacionamento; um exemplo claro são as informações passadas aos filhos por seus pais ou as mensagens compartilhadas entre amigos; como nesses dois casos de relacionamento existe um grau razoável de confiança mútua, todas as informações tendem a ser levadas em consideração. • Verificação sobre o nível de familiaridade da audiência com o conteúdo: o receptor deve ter certeza de que a audiência domina o assunto antes de enviar a mensagem; caso contrário, deve optar por incluir uma apresentação a respeito do tema que será tratado; portanto, é imprescindível conhecer o público em questão; por exemplo, se o assunto for bolsa de valores e o público for leigo, caberá, nesse caso, dar detalhes sobre o assunto, definir o tipo de investimento, falar dos riscos etc.; porém, se o público for composto de investidores ou profissionais do mercado financeiro, não caberão apresentações, mas partir de um ponto que represente alguma novidade para despertar interesse; nesse caso, é natural que as informações sejam absorvidas com mais facilidade, sem necessidade de construção de um processo cognitivo (de aprendizagem). • Uso simultâneo de dois ou mais tipos de linguagem para a transmissão da mensagem: observe como um professor se comunica em uma sala de aula – além de explicar verbalmente determinado tema, ele poderá se expressar por meio de gestos, projetar imagens e ainda utilizar técnicas teatrais; a combinação de diversos tipos de linguagem facilita o repasse e a compreensão das mensagens, além de evitar a monotonia gerada por um único modelo de comunicação; a combinação de gestos e fala, por exemplo, é um hábito involuntário e bastante positivo; algumas pessoas escrevem ou rabiscam algo ao mesmo tempo que estão conversando; desenhar gráficos ou escrever palavras são apoios visuais que podem colaborar com a eficácia da comunicação. • Apresentar as informações com clareza: transmitir informações de forma clara e objetiva é primordial para promover uma comunicação eficaz, auxiliando na rapidez da compreensão da 21 Re vi sã o: A na F. - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 06 /1 7 GESTÃO DE COMUNICAÇÃO E MÍDIA mensagem e ainda diminuindo o risco de interpretações equivocadas; para isso, coerência (um texto com sentido, começo, meio e fim) e coesão (aplicação correta do código) são essenciais. 2 COMUNICAÇÃO ESTRATÉGICA DE MARKETING No marketing moderno, não basta que as empresas atinjam sucesso em vendas e em participação de mercado, com o desenvolvimento de um bom produto ou serviço que atenda às necessidades e aos desejos dos consumidores, ou que pratiquem preços convidativos, ou ainda que estejam presentes em múltiplos pontos de venda. As empresas, assim como as pessoas, precisam se comunicar. Kotler e Keller (2012) afirmam que o marketing moderno requer mais que uma proposição ideal do mix de marketing; as organizações precisam saber se comunicar com os seus públicos (atuais e potenciais). Observação Proposição ideal do mix de marketing é a combinação estratégica de uma oferta (produto ou serviço), em determinado marketplace (praça), precificada de acordo com o valor percebido pelo mercado (preço) e divulgada pelo próprio meio ou pelo ambiente físico (promoção). Saber como se comunicar com os seus públicos é saber o que dizer (conteúdo adequado), como dizer (forma), quando dizer e para quem dizer. É por esse motivo que, antes de começarmos a estudar as ferramentas do composto de comunicação de marketing, vamos entender o conceito de comunicaçãoe como se estabelece o processo da comunicação. O desenvolvimento de ações de comunicação que sejam realmente eficazes deve ser pensado de forma que colabore com o alcance dos objetivos de marketing. A comunicação de marketing é o meio pelo qual a empresa, mediante suas marcas, produtos ou serviços, estabelece relacionamento com os seus públicos-alvo. Para que isso aconteça, as empresas, primeiramente, precisam entender que esse relacionamento depende de um comportamento contínuo, que abrange as seguintes ações: • Assumir o papel de comunicadoras com frequência: a empresa precisa continuamente se dirigir ao seu público-alvo, seja para comunicar novidades, seja para ser lembrada; marcas há muito tempo consolidadas no mercado fazem, de tempos em tempos, alguma campanha com o objetivo de se manterem vivas na mente dos seus consumidores. É o caso de produtos como Leite Moça, da Nestlé, que não apresenta campanhas publicitárias frequentes, mas pode ser visto em rápidas ações em mídia impressa, como ser mencionado em receitas culinárias. • Comunicar-se com os atuais e potenciais clientes e, ainda, com o público geral: o consumidor da marca não é o único público de interesse; os clientes potenciais, que são aqueles com perfil para 22 Re vi sã o: A na F. - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 06 /1 7 Unidade I consumir, mas que ainda não o fazem, devem ser alvo das campanhas com o objetivo de ganho de participação de mercado. Manter bom relacionamento com a sociedade em geral contribui para a construção da imagem de marca. • Saber o que dizer, como dizer e quando dizer algo para o seu público: o conteúdo da mensagem deve ser definido de acordo com o público (informação para quem desconhece a marca ou o produto; reforço nos atributos quando a concorrência for ativa). • Construir e manter uma imagem de marca positiva de seus produtos, serviços, empresa: uma boa imagem, indubitavelmente, colabora com a construção da preferência dos clientes. • Manter um diálogo interativo com os seus clientes durante todos os estágios de relacionamento empresa-cliente, que tem início na pré-venda, continua durante o momento da venda e do consumo e abrange a fase de pós-consumo, para que esse ciclo se inicie novamente e, assim, o relacionamento se consolide. Não é à toa que uma forma de conceituar marketing envolve o conceito de relacionamento: marketing é o processo pelo qual as empresas criam valor para os clientes e constroem fortes relacionamentos com eles a fim de, em troca, capturar valor deles (KOTLER; ARMSTRONG, 2015, p. 4). É importante enfatizar, no que diz respeito ao relacionamento entre a empresa e o cliente durante todos esses estágios, que o objetivo não se estabelece apenas em realizar uma única venda, mas em manter a continuidade do relacionamento e do consumo, obtendo assim a repetição da compra. É comum as empresas se esforçarem para conquistar o cliente e conseguir vender seus produtos e serviços. Porém, muitas vezes, o cliente é esquecido nas etapas seguintes, e esse esquecimento pode significar a perda desse cliente para as empresas concorrentes, porque o cliente foi abordado de forma mais consistente por outras organizações, ou porque se sentiu insatisfeito durante o consumo por não encontrar informações esclarecedoras etc. O esforço durante a pré-venda significa a conquista da atenção do cliente para o produto ou serviço que está sendo oferecido, perpassando por todas as etapas determinadas pelo Modelo Aida de comunicação eficaz, que será estudado logo a seguir e que explica como funciona o processo de comunicação com o intuito de destacar a empresa perante o seu público ao afirmar que o interesse somente será aguçado depois que a atenção for despertada. Dar continuidade ao relacionamento durante o processo de venda significa dedicar a atenção necessária durante o processo de compra, que se refere ao trabalho executado pelos vendedores e pelos pontos de contato entre a empresa e o cliente. Também durante o consumo, a empresa precisa garantir que o cliente saberá usar o produto ou serviço. Daí a necessidade de uma dedicação especial aos rótulos e manuais e ainda do estabelecimento e da manutenção de pontos de contato com o cliente, que podem ser por telefone, e-mail ou site, para dirimir eventuais dúvidas e ainda sugerir outras formas de consumo, quando cabíveis. 23 Re vi sã o: A na F. - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 06 /1 7 GESTÃO DE COMUNICAÇÃO E MÍDIA No pós-consumo, esses canais e o desenvolvimento de programas de comunicação, envolvendo as ferramentas que vamos ver em breve, devem ser continuamente implementados para manter viva a lembrança da marca e garantir novas compras. Quando falamos em comunicação estratégica de marketing, estamos nos referindo não só à combinação harmoniosa das ferramentas e meios de comunicação, mas também a uma visão mais ampla, que envolve a construção de uma percepção positiva da marca, o estabelecimento de relacionamentos duradouros com os clientes, a consciência, por parte do cliente, da entrega de valor pela empresa e ainda a obtenção de uma confiabilidade que gere indicações a clientes potenciais. Vamos, a seguir, estudar os conceitos que devem ser conhecidos e os fatores que devem ser considerados na elaboração de estratégias de comunicação para que você, gestor, alcance os objetivos de comunicação com eficácia. 2.1 Modelos de comunicação eficaz Diversos modelos de comunicação eficaz já foram desenvolvidos para que pudéssemos entender como a comunicação deve ser usada para influenciar o público-alvo e trazê-lo para a empresa. Neste nosso estudo vamos abordar dois desses modelos: o Modelo Aida e o Modelo de Hierarquia de Efeitos. 2.1.1 Modelo Aida Um dos mais utilizados para análise da situação do segmento e elaboração da mensagem, esse modelo se baseia nas possíveis respostas originadas nos estágios cognitivo, afetivo e comportamental. Com base nele, é possível afirmar que a mensagem ideal deve chamar a atenção do consumidor, manter o interesse, despertar o desejo e provocar a ação. Seu funcionamento se dá com a verificação, em primeiro lugar, do estado mental dos consumidores para somente depois levá-los a percorrer todas as fases de estímulo até culminar na compra propriamente dita. Dessa forma, todo o processo deve iniciar com a apresentação do produto. Em seguida, o esforço será alimentar o interesse dos consumidores em conhecer um pouco mais sobre o que lhes está sendo oferecido, estimulando o desejo de possuir o produto. Finalmente, o vendedor encoraja os consumidores a decidir-se pela compra. Compare o esquema do processo de compra com o encadeamento de ações e reações das etapas do Modelo Aida: Necessidade ou desejo Avaliação do produto/serviço disponível Informações sobre produtos/serviços Decisão pela compra Pós-compra (avaliação do atendimento da necessidade/do desejo) Atenção Interesse Desejo Ação Figura 4 – Processo de compra e Modelo Aida 24 Re vi sã o: A na F. - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 06 /1 7 Unidade I • Atenção (A) O processo de comunicação precisa atrair a atenção dos clientes que deverão receber a mensagem. Segundo esse modelo, somente assim poderemos evitar que a mensagem seja ignorada. O conteúdo, portanto, deverá mencionar claramente a possibilidade de atendimento da necessidade ou do desejo previamente identificados no consumidor. • Interesse (I) Após chamar a atenção para a mensagem, o foco dos esforços da comunicação será manter o interesse dos consumidores em continuar a recebê-la. Para o alcance desse objetivo, a comunicação deve referenciar os benefícios e diferenciais da oferta.• Desejo (D) Despertar o desejo de compra nos consumidores será a próxima etapa, que dependerá diretamente dos dois primeiros passos. A mensagem deverá traduzir-se na mente do consumidor como possibilidade de atendimento de sua necessidade ou de seu desejo. • Ação (A) O último passo consiste em levar os consumidores a agir de forma a comprar. É o objetivo principal desse modelo de comunicação. Ao concluir que a sua necessidade ou o seu desejo serão atendidos, o consumidor vai transformar o seu desejo em realidade, saindo em busca da oferta. Observe-se quando estiver assistindo à TV: alguns comerciais chamam mais a sua atenção do que outros; para essa avaliação, pense em comerciais de produtos que você usa ou usaria; o comercial que apresentar uma razão adequada ao seu perfil para uso do produto, ou que mostrar um desejo seu ou um problema que você esteja precisando resolver, terá mais chances de atrair a sua atenção. O Modelo Aida é um dos mais aceitos entre os modelos de comunicação existentes. Sua aplicação é voltada não só para a venda de produtos e serviços, mas também para a promoção de novas ideias. O vendedor de um plano de saúde aplicará o Modelo Aida para comercializar seu produto da mesma forma que um estudante de mestrado defenderá sua dissertação. A diferença reside no fato de que o produto final do vendedor do plano de saúde será o retorno monetário da venda do produto. Já para o estudante, o retorno será em forma de aceitação do seu trabalho pela banca examinadora. Analise a seguir como se dá a elaboração de mensagens, conforme o Modelo Aida; veja que, para esse modelo, há a necessidade do atendimento a quatro quesitos: 1) Definir o que deve ser dito: refere-se à definição do conteúdo, isto é, à informação que deve ser transmitida; a definição do conteúdo da mensagem sempre deverá respeitar o perfil do público- alvo no que diz respeito ao que ele já sabe ou não sobre o produto (características, finalidade 25 Re vi sã o: A na F. - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 06 /1 7 GESTÃO DE COMUNICAÇÃO E MÍDIA do uso), suas convicções sobre a qualidade, os benefícios e outras percepções; o conteúdo ainda poderá ser de diferentes teores, de acordo com a necessidade encontrada no momento da transmissão da mensagem: • Conteúdo racional: contém argumentos que envolvem questões como a relação custo- benefício, a qualidade, o valor e a necessidade ou o desejo que será satisfeito; relaciona-se aos interesses do consumidor, que podem ser os benefícios e diferenciais trazidos pelo produto ou serviço; neste caso, as mensagens devem apresentar argumentos relativos a qualidade, valor, desempenho etc.; é o caso de quando uma peça publicitária sobre determinado detergente explica o seu poder de limpeza, informa sobre os componentes da sua fórmula, com substâncias que não estragam as mãos etc. • Conteúdo emocional: abrange situações que envolvem desejo, repúdio ou culpa; esses apelos podem despertar emoções positivas ou negativas; são comumente usados em campanhas que poderão ter mais sucesso se forem baseadas em apelos emocionais, por exemplo, as direcionadas ao Dia das Mães, quando apelos dessa natureza, referentes ao relacionamento mãe e filho, são usados para incentivar a compra de presentes; é também um exemplo uma peça publicitária sobre certa operadora de celular que aborda a questão de que o seu serviço de telefonia aproxima pessoas que estão distantes, estabelecendo um contato afetivo. • Conteúdo moral: nesse caso, são abordadas questões que envolvem atitudes; tais apelos trabalham com o senso comum sobre o que é certo ou errado; são muito comuns em causas sociais para conquistar um comportamento favorável por parte do público-alvo; as campanhas voltadas para antitabagismo ou direção segura trabalham no sentido moral, levando o público a rever seus atos e costumes. 2) Cuidar da elaboração da mensagem de forma lógica: esse cuidado refere-se a estruturar a sequência da mensagem de forma que o encadeamento das informações faça sentido; a elaboração da mensagem deverá ser estruturada propiciando unilateralidade de entendimento; qualquer duplicidade de conclusões poderá resultar em ruído negativo na comunicação; a mensagem precisa apresentar uma lógica que permita ao público-alvo tirar suas próprias conclusões. 3) Definir formas de transmitir a mensagem de maneira simbólica: refere-se ao formato da mensagem, a como o conteúdo será apresentado; os símbolos escolhidos para darem forma às mensagens deverão, obrigatoriamente, ser de conhecimento da audiência; variáveis como idioma e tipos de linguagem (formal ou informal) devem ser observadas; outro importante cuidado deve ser em relação ao uso de palavras estrangeiras nas mensagens – estrangeirismo –, que somente deverá ser feito quando esgotadas todas as possibilidades de uso de palavras do idioma nacional. 4) Definir quem dará voz à mensagem: diz respeito à fonte da mensagem (pessoas, personagens); quanto mais credibilidade tiver a fonte da mensagem, mais eficácia esta terá, por ser mais atrativa e ter um maior poder de persuasão; as fontes de maior credibilidade são aquelas que reúnem em si três características principais: 26 Re vi sã o: A na F. - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 06 /1 7 Unidade I — confiabilidade/credibilidade; — simpatia; — profundo conhecimento a respeito do assunto. 2.1.2 Modelo de Hierarquia de Efeitos Este é outro modelo de estímulo-resposta que descreve os vários estágios percorridos pelo consumidor, desde que se dá o início do processo de comunicação até a compra de fato ocorrer. Esse modelo também ajuda o gestor de Marketing na correta definição dos objetivos da comunicação de marketing. Os estágios descritos pelo Modelo de Hierarquia de Efeitos englobam desde a fase em que o consumidor desconhece totalmente o produto, serviço ou marca até a realização da compra. Veja que esse modelo apresenta os estágios por que passa o consumidor de forma um pouco mais aprofundada do que o Modelo Aida: • desconhecimento; • ouve falar sobre o produto ou a marca; • tomada de conhecimento; • sentimento de simpatia; • preferência; • convicção; • concretização da compra. A recomendação do modelo é que seja desenvolvido um esforço promocional específico para cada estágio com o intuito de alterar o seu estado (situação) e provocar o consumidor a passar para a fase seguinte. 2.1.2.1 Objetivos básicos atendidos pelo Modelo de Hierarquia de Efeitos Esse modelo permite o atendimento de três objetivos básicos, que são informar, persuadir e reforçar. Para o alcance desses objetivos são utilizados três diferentes tipos de composto promocional – composição do conteúdo da mensagem: 1) Composto promocional informativo: o conteúdo desse composto tem por objetivo transmitir dados sobre o produto (características, finalidades etc.) ou sobre a empresa (localização, horário 27 Re vi sã o: A na F. - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 06 /1 7 GESTÃO DE COMUNICAÇÃO E MÍDIA de funcionamento, meios de pagamento, entre outros); normalmente, a ferramenta propaganda é a mais usada para essa situação. 2) Composto promocional persuasivo: nesse caso, a comunicação deve voltar-se para a valorização dos atributos do produto ou da empresa de forma a convencer o consumidor de que o produto ou a empresa em questão são as melhores opções para a satisfação de suas necessidades; tanto a propaganda como a promoção de vendas são as ferramentas mais adequadas para esse caso. 3) Composto promocional de reforço: refere-se às ações continuadas de comunicação para que a marca sempre esteja presente na lembrança do consumidor; nesse caso, a propaganda tambémé a ferramenta mais utilizada para atender a esse objetivo. O Modelo de Hierarquia de Efeitos se dá por meio de estágios que podem acontecer segundo três sequências possíveis: 1) Aprender – sentir – agir: acontece quando o consumidor tem grande envolvimento com certa categoria de produto que é muito ampla e heterogênea, como no caso da compra de carros. Aprender Sentir Agir Figura 5 2) Agir – sentir – aprender: é estabelecida quando o público tem grande envolvimento com a categoria, mas não distingue muito as diferenças entre os produtos; um exemplo pode ser o de materiais de construção; Agir Sentir Aprender Figura 6 3) Aprender – agir – sentir: retrata a situação de quando o público tem pouco envolvimento com a categoria e faz pouca distinção entre as ofertas, por exemplo, no caso do produto sal. Aprender Agir Sentir Figura 7 Todos os modelos sugerem que os consumidores passam pelos estágios cognitivo (aprender), afetivo (sentir) e comportamental (agir), nesta ordem, mas existem sequências alternativas, de acordo com a situação desses consumidores. A seguir, vemos um comparativo dos estágios pelos quais passam os consumidores nos Modelos Aida e Hierarquia de Efeitos, que estudamos aqui, e em outros dois modelos também representativos, que são o Modelo de Inovação-Adoção e o Modelo de Comunicação. 28 Re vi sã o: A na F. - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 06 /1 7 Unidade I Estágios Modelo Aida Modelo de Hierarquia de Efeitos Modelo de Inovação-Adoção Modelo de Comunicação Cognitivo Atenção Conscientização Conhecimento Conscientização Exposição Recepção Resposta cognitiva Afetivo Interesse Desejo Simpatia Preferência Convicção Interesse Avaliação Atitude Intenção Comportamental Ação Compra Experimentação Adoção Comportamento Figura 8 – Modelos de hierarquia de respostas 2.2 Comunicação formal e comunicação informal Para que você, gestor de marketing, possa dar cabo da tarefa de desenvolver uma estratégia de comunicação de marketing a fim de atingir os objetivos de negócio da sua empresa, é importante perceber que nem toda mensagem que circula no mercado tem origem direta nos seus esforços de comunicação. É importante, então, entender a diferença entre comunicação formal e informal, pois esse conceito nos leva à origem da mensagem e consequentemente ao gerenciamento necessário. Chamamos de comunicação formal toda e qualquer mensagem originada oficialmente em uma empresa, cuja responsabilidade por sua veracidade, bem como pelo seu conteúdo, poderá facilmente ser atribuída a ela. A comunicação formal, portanto, é a divulgação de mensagens diversas, por meio dos vários canais existentes e disponíveis (veículos de comunicação), e que tem origem na alta administração da empresa. O processo da comunicação, nesse caso, é realizado pelos canais formalmente estabelecidos pela empresa. A comunicação formal, por ser sempre assinada pelos seus idealizadores ou responsáveis, é cuidadosamente elaborada e revisada antes de ser endereçada aos seus públicos-alvo. Essa preocupação é justificada pelo fato de que qualquer descuido nesse sentido poderá gerar um abalo prejudicial no posicionamento da empresa no mercado. Variáveis como cultura, religião, hábitos e costumes do público-alvo devem ser levadas em consideração no desenvolvimento de toda e qualquer iniciativa com o intuito de levar mensagens eficazes e coerentes com os objetivos de comunicação. 29 Re vi sã o: A na F. - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 06 /1 7 GESTÃO DE COMUNICAÇÃO E MÍDIA Já a comunicação informal, que também é conhecida como propaganda boca a boca, dificilmente tem sua origem identificada. A propaganda boca a boca nasce, geralmente, de alguma experiência vivida pelos clientes da empresa, como também pode ser o resultado de ações envolvendo públicos diversos que irão repetir a mensagem recebida. Muitas empresas se empenham para gerar uma comunicação boca a boca positiva sobre elas e suas marcas utilizando técnicas de buzz marketing. O buzz marketing é apenas um dos novos nomes para o que costumava ser chamado de comunicação boca a boca (BELCH; BELCH, 2014, p. 151). A propaganda boca a boca pode ser positiva, como também negativa – quando resultante de boatos e com força suficientemente grande para alterar a imagem da personagem principal de seu conteúdo, que no caso deste estudo é a empresa (marca, produtos e serviços). Apesar de se tratar de meros comentários repassados de pessoa para pessoa, estes contribuirão para a venda daquilo que se está comentando. Isso acontece porque, nesse caso, forma-se uma rede de pontos de vista que se multiplica em uma velocidade que muitas vezes foge ao controle das empresas. Outro problema consiste em desmentir esse tipo de comunicação, pelo seu forte poder de influência, que se sobrepõe ao da comunicação positiva. A comunicação negativa acaba tendo mais credibilidade do que a propaganda positiva. Por meio da comunicação informal, que inclui mensagens que podem ou não fazer referência à empresa e às suas atividades, é possível obter e mensurar opiniões e insatisfações de clientes, colaboradores e parceiros. Alguns estudiosos da área de marketing consideram a propaganda boca a boca como uma mídia, uma vez que muitas pessoas realizam suas compras com base na opinião ou recomendação de outras. Dessa forma, a propaganda boca a boca não somente comunica como também influencia as decisões dos consumidores. Um consumidor satisfeito pode falar bem do que adquiriu e fazer indicações aos seus familiares e amigos. Para o sucesso das empresas, tanto a comunicação formal como a comunicação informal são importantes, porém seus efeitos precisam ser avaliados com cautela. Observação O boca a boca negativo, que é o boato, tem o poder de manchar a imagem de uma marca, gerando prejuízos vultosos, mas é possível gerar boca a boca positivo, criando uma ação positiva que surpreenda os consumidores. 2.3 Imagem de marca e comunicação estratégica de marketing Neste momento você já deve ter compreendido que a comunicação é o instrumento básico de relacionamento entre os indivíduos. Ao nos relacionarmos com as pessoas, geramos impressões que são captadas por nossos interlocutores e entendidas conforme o conjunto de informações, crenças e valores deles. 30 Re vi sã o: A na F. - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 06 /1 7 Unidade I O mesmo conceito pode ser levado para as organizações em seus relacionamentos com os seus stakeholders. Lembrete Stakeholder é um indivíduo ou grupo de indivíduos que se relacionam com as organizações e que as influenciam direta ou indiretamente; clientes, fornecedores e até o governo são alguns exemplos de stakeholders. A palavra imagem tem origem no latim imago, que significa qualquer visualização produzida pelo homem e que será sempre o somatório do que está sendo captado pelos olhos humanos com o que a mente produz. Contribui como complemento às crenças e à cultura desse indivíduo. A comunicação pode ser vista como uma ferramenta formadora de imagens. Antes de prosseguir, é necessário entendermos o que é imagem, e para isso vamos ver o que diz o Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa Michaelis, que explica o conceito de várias formas: 1. Representação do aspecto ou formato de pessoa ou objeto através de desenho, gravura, escultura; 5. Representação exata ou bem semelhante de algo ou alguém; aquilo que simbólica ou realmente imita, personifica ou representa pessoa ou coisa; percepção mental sobre alguém ou algo; [...] 9. Opinião (positiva ou negativa) que o público tem de umapessoa (político, artista etc.), de uma organização ou de um produto; conceito, reputação; reprodução na mente de uma sensação ou percepção anteriormente vivida ou sentida (MICHAELIS, 2017). Veja que reproduzimos aqui os conceitos que nos interessam quando tratamos de imagem em comunicação de marketing. Para o estudo da comunicação de marketing, interessa-nos entender o conceito de imagem mental. Refere-se às imagens produzidas pela mente quando imaginamos alguma coisa. Ao imaginarmos um objeto qualquer, produzimos uma imagem em nossa mente que pode conter as suas características reais. Porém a imagem pode ser o resultado da associação da visualização mental do objeto em uma contextualização, que é a ação de situar um objeto, fato ou ideia no tempo e no espaço, de forma a trazê-lo para o universo do receptor. Isso ocorre porque a mente trabalha com interligações. Para exemplificar, imagine que você esteja diante de um brinquedo. A imagem desse brinquedo pode fazer 31 Re vi sã o: A na F. - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 06 /1 7 GESTÃO DE COMUNICAÇÃO E MÍDIA você se lembrar da sua infância. Essa lembrança ocorre porque você associa o objeto (brinquedo) a uma fase da sua vida, podendo trazer-lhe sensações diversas, como alegria ou saudade, ou ainda remetê-lo a alguma situação ocorrida ou pessoa com quem você se relacionava nessa época. Esse processo interessa muito às atividades de marketing porque, da mesma forma, marcas, produtos, serviços, lugares e outras referências podem levar o consumidor a diversas sensações e lembranças, que podem ser positivas ou negativas. Essa dualidade depende basicamente destes fatores: • Imaginação: fruto da criação da mente de cada ser humano, que pode ir além da realidade. • Comunicação: referente ao que é transmitido, qualquer que seja a linguagem. Portanto, a formação da imagem depende das referências que os receptores possuem a respeito do que está sendo visualizado. A combinação adequada da imaginação com a comunicação enviada permite a formação de uma imagem positiva para a empresa, o produto ou o serviço junto ao seu público, colaborando com um bom posicionamento na mente dos consumidores e no mercado. Uma imagem favorável no mercado auxilia no posicionamento de qualquer produto ou serviço. É como se a empresa passasse a gozar de um diferencial em relação aos demais concorrentes, atingindo uma posição superior à deles. A boa comunicação, calcada na reputação, na imagem de marca, é uma preocupação constante de toda e qualquer empresa que deseja estar bem posicionada no mercado. As organizações sabem que esse é um processo que tem origem em vários pontos: na empresa em direção aos seus públicos, no próprio público em direção a outros consumidores (na forma de comentários a respeito da empresa e de seus produtos) e ainda em seus intermediários e parceiros presentes nos processos de distribuição, transporte, estocagem, financiamento ou divulgação. Uma vez que esses intermediários levam o nome da empresa para a qual estão trabalhando, eles são corresponsáveis por ela. 32 Re vi sã o: A na F. - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 06 /1 7 Unidade I Observe os seguintes processos de comunicação: Comunicação com origem na empresa em direção ao mercado Comunicação com origem no mercado em direção ao cliente FornecedoresClientes em potencial Parceiros Formadores de opinião Clientes Empresa Empresa B Empresa E Empresa D Empresa C Empresa A Cliente Figura 9 No primeiro esquema, podemos observar que toda empresa precisa reunir esforços para desenvolver mecanismos de comunicação que atinjam todos os seus públicos favoravelmente. Para controlar a eficácia da comunicação, as empresas procuram monitorar de forma bem intensa esse processo. Esse trabalho é desenvolvido por departamentos exclusivos para suas atividades de comunicação, sobretudo, no que diz respeito à comunicação com clientes externos (consumidores), dedicando, muitas vezes, verbas significantes para esse fim. Já o segundo esquema mostra a infinidade de mensagens que os clientes recebem das mais diversas empresas. Algumas pesquisas afirmam que, por dia, mais de 2 mil mensagens comerciais são dirigidas às pessoas de uma forma geral. Desse modo, estará à frente aquele que conseguir uma melhor comunicação com seu público-alvo. Podemos então dizer que imagem é o conceito que as pessoas têm e/ou formam sobre situações, empresas ou pessoas. Portanto, a imagem é o maior patrimônio que as pessoas e as organizações podem ter. Como a construção de uma imagem positiva a respeito de uma pessoa, uma empresa ou um produto depende muito da forma pela qual a comunicação é processada, as organizações precisam observar atentamente as respostas vindas tanto do público interno como do público externo, para reagirem rapidamente a qualquer sinal negativo sobre a percepção desses públicos com relação à empresa. Os ruídos então podem prejudicar a imagem que as empresas querem passar. No âmbito da comunicação empresarial, em que se inclui a comunicação de marketing, ruídos podem ser comentários negativos feitos por clientes, formadores de opinião e outros atores, bem como acontecimentos negativos vindos da empresa ou envolvendo seus negócios. A interferência de ruídos, conforme estudamos, deve ser constantemente observada e sempre eliminada. 33 Re vi sã o: A na F. - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 06 /1 7 GESTÃO DE COMUNICAÇÃO E MÍDIA 2.3.1 O que é uma marca? Segundo Healey (2009), a palavra marca em inglês (brand) tem origem no norueguês arcaico e quer dizer “queimar”. O dicionário on-line Michaellis (2017) explica o significado deste vocábulo fazendo referências ao ato de marcar e carimbar, e ainda como letra, nome ou emblema, feito a linha ou a tinta, em uma peça de roupa; um sinal ou distintivo impresso num corpo; o sinal impresso a fogo no corpo do animal; cunho, caráter; o que o comerciante emprega para indicar o seu estabelecimento e, assim, a procedência dos objetos do seu negócio. Marca, então, para o nosso estudo, é aquilo que representa determinada empresa, produto ou serviço. Essa representação vem da definição de um nome que ainda é apresentado de forma gráfica, podendo ou não conter uma ilustração. Veja que a forma usada pela American Marketing Association para definir marca abrange esse conceito que agrupa o nome a uma representação gráfica. Marca é um nome, termo, símbolo, desenho – ou uma combinação desses elementos – que deve identificar os bens ou serviços de uma empresa ou grupo de empresas e diferenciá-los dos da concorrência. Portanto, uma marca pode designar um produto, como é o caso do sabonete Lux Luxo, uma empresa fabricante, como a Sony, ou uma empresa varejista, como Zaffari. Para identificar uma empresa, produto ou serviço, usa-se um nome, que pode vir junto de um símbolo. Os gestores de marcas preocupam-se em criar logotipos e logomarcas que identifiquem seus negócios no mercado, de forma a diferenciá-los das outras marcas. Para isso, as empresas investem no desenvolvimento da criação de logotipos e logomarcas. Vejamos a diferença entre logotipo e logomarca. Logotipo é a forma pela qual o nome da marca é representado graficamente, recebendo em sua elaboração uma tipografia específica; o logotipo é, portanto, a representação gráfica da marca. Escorel (2000) explica que as marcas podem ser grafadas com a utilização de símbolos e logotipos. Dessa forma, a marca ganha tangibilidade. Figura 10 As marcas Coca-Cola e UNIP trabalham com a representação por meio de logotipo, aplicam uma tipologia específica, uma forma diferenciada de escrever seus nomes de marca. Logomarca
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