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laís fernanda de jesus váz 
A REFORMA TRABALHISTA E O PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO AO RETROCESSO SOCIAL
Parauapebas - PA
2021
laís fernanda de jesus váz 
A REFORMA TRABALHISTA E O PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO AO RETROCESSO SOCIAL 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade Pitágoras de Parauapebas, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Direito.
Orientador(a): Fabiana Fabri
Parauapebas - PA
2021
LAÍS FERNANDA DE JESUS VÁZ
a reforma trabalhista e o princípio da vedação ao retrocesso social
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade Pitágoras de Parauapebas, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Direito.
BANCA EXAMINADORA
Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)
Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)
Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)
Parauapebas, dia de mês de 2021
Dedico este trabalho...
(OPCIONAL) (Fonte Arial tamanho 12; espaçamento entrelinhas 1,5; Alinhamento justificado; O texto no final da página deverá ter um recuo de 8cm em relação à margem esquerda.)
AGRADECIMENTOS (OPCIONAL) 
Elemento opcional. Texto em que o autor faz agradecimentos dirigidos àqueles que contribuíram de maneira relevante à elaboração do trabalho. (Fonte Arial 12)
Epígrafe (retire o título “epígrafe) 
Coloque aqui o texto da epígrafe
(Nome completo do autor com grafia comum, somente primeiras letras em maiúsculo)
 (OPCIONAL) (Fonte Arial tamanho 10; citação com alinhamento justificado com 7,5 cm de recuo da margem esquerda; Espaçamento entrelinhas de 1,5 cm; Texto e nome do autor da citação em itálico. Evite a utilização de epígrafes longas.)
SOBRENOME, Nome Prenome do autor. Título do trabalho: subtítulo (se houver). Ano de Realização. Número total de folhas. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Nome do Curso) – Nome da Instituição, Cidade, ano.
RESUMO
Elemento obrigatório. Consiste em texto condensado do trabalho de forma clara e precisa, enfatizando os pontos mais relevantes como natureza do problema estudado; objetivo geral; metodologia utilizada; principais considerações finais sobre a pesquisa, de forma que o leitor tenha ideia de todo o trabalho. Deverá conter entre 150 e 500 palavras, é escrito em parágrafo único, sem citações, ilustrações ou símbolos, espaçamento simples e sem recuo na primeira linha.
Palavras-chave: Palavra 1. Palavra 2. Palavra 3. Palavra 4. Palavra 5.
(Obs.: São palavras ou termos que identificam o conteúdo do trabalho. Deixe o espaço entre o resumo e as palavras-chave. Escreva de três a cinco palavras chave, com a primeira letra em maiúscula e separadas entre si por ponto final.)				
Norma referente a pontuação
SOBRENOME, Nome Prenome do autor. Título do trabalho na língua estrangeira: subtítulo na língua estrangeira (se houver). Ano de Realização. Número total de folhas. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em nome do curso) – Nome da Instituição, Cidade, ano.
ABSTRACT
Deve ser feita a tradução do resumo para a língua estrangeira.
Keywords: Word 1. Word 2. Word 3. Word 4. Word 5.
(Obs.: Siga as mesmas considerações do Resumo)
LISTA DE ILUSTRAÇÕES (utilizada somente quando há ilustrações no tcc – independente DO NÚMERO de imagens)
Figura 1 – Título da figura	00
Figura 2 – Título da figura	00
Figura 3 – Título da figura	00
Figura 4 – Título da figura	00
Figura 5 – Título da figura	00
LISTA DE TABELAS (Utilizada somente quando há tabelas no tcc – independente DO NÚMERO de tabelas)
Tabela 1 – Título da tabela	00
Tabela 2 – Título da tabela	00
Tabela 3 – Título da tabela	00
Tabela 4 – Título da tabela	00
Tabela 5 – Título da tabela	00
LISTA DE QUADROS (UTILIZAR SOMENTE SE HOUVER QUADROS NO CORPO DO TCC – independente DO NÚMERO de quadros)
Quadro 1 - Níveis do trabalho monográfico .............................................................00
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS (UTILIZADA SOMENTE QUANDO HÁ ABREVIATURAS E SIGLAS NO TCC – independente DO NÚMERO de siglas)
ABNT	Associação Brasileira de Normas Técnicas
BNDES	Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
IBGE	Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IBICT	Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia
NBR	Norma Brasileira
Além da lista de abreviaturas e siglas, o significado de cada uma deve ser mencionado por extenso quando aparecer pela primeira vez no texto. Ex: Todo o trabalho foi elaborado seguindo as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
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SUMÁRIO
1.	INTRODUÇÃO	13
2.	O PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO AO RETROCESSO SOCIAL NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO	15
3.	A FLEXIBILIZAÇÃO DOS dIREITOS TRABALHISTAS	21
4.	ALGUMAS REGRESSÕES LIGADAS AOS ARTIGOS DA REFORMA	25
5.	CONSIDERAÇÕES FINAIS	39
REFERÊNCIAS	40
No sumário, os títulos são colocados em negrito e em CAIXA ALTA (todas as letras em maiúsculo). Dadas as dimensões da Monografia, não indicamos a fragmentação dos capítulos em subtítulos, entretanto, caso sejam necessários apresente-os, no sumário, em CAIXA ALTA, contudo, sem destaque de negrito.
Importante: encaminhe um trabalho limpo, enviando apenas o que a atividade solicita. Lembre-se de atualizar o número das páginas do sumário antes de submeter sua atividade para avaliação, conforme mostra a Figura 1. 
Figura 1 - Atualização do Sumário
(Centralizado na figura – Fonte: Arial - tamanho 12)
 Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas.
 Alinhado à esquerda da figura – Fonte: Arial - Tamanho 10- Palavra Fonte em Negrito
INTRODUÇÃO
O decorrer da história dos direitos trabalhistas é marcado por muito sofrimento, sangue e suor, e desde os primeiros indícios de labor, sempre houveram os menos favorecidos da relação trabalhista, que foram e continuam sendo os menores socialmente. Essa massa lutou arduamente, seja por meio guerras civis, greves, protestos ou revoluções, sempre com a ideologia de melhorar a relação de trabalho que a tempo de modo era precária. Foi a partir dessas manifestações que obtivemos direitos, que consequentemente foram se estendendo e proliferando-se por diversos países. No Brasil, tivemos um ápice beneficiário com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), no governo de Getúlio Vargas, em pleno Estado Novo, onde a parte hipossuficiente da relação trabalhista ganhou um status mais igualitário e resguardado.
A Carta Magna atual, pensando justamente em não diminuir as lutas semelhantes às citadas, traz implicitamente o princípio da vedação ao retrocesso social. Este princípio coloca a supressão e/ou redução de direitos sociais já garantidos sem uma contrapartida apropriada, como uma proibição, ou seja, as conquistas já alcançadas pelos cidadãos não podem retroceder. Porém, com a reforma trabalhista introduzida pela Lei nº 13.467/2017, houve várias flexibilizações de direitos desta área, e este princípio foi ignorado, pois foram vários os malefícios e diversas diminuições e exclusões de direitos trabalhistas. A exploração desse tema é justamente o que este trabalho de pesquisa abordou.
Esta pesquisa possui grande relevância pois deve-se buscar conhecimento sobre os regramentos sociais impostos pelos governantes, como foi a reforma, pois estes podem levar à precarização de condições outrora benéficas e que demandaram conflitos notáveis para sua garantia. Ademais, é importante não apenas aos operadores do direito, mas a toda sociedade o conhecimento sobre aspectos que se relacionam intimamente à qualidade de vida de seus trabalhadores.
O objetivo geral deste trabalho foi discutir sobre algumas das mudanças que vieram com a Lei nº 13.467/2017, que foram as exclusões e limitações de direitos pertinentes aos trabalhadores. Deste modo, também compreender como essa perda está ligada ao princípio constitucional da vedação ao retrocesso social, tendo em consideração que qualquer diploma normativo do Brasil deve seguir os limites impostos pela Carta Magna. 
Os objetivos específicos foram: discorrer sobre o princípiotema desta monografia, abordando sua história geral e implicações no Brasil; narrar sobre a flexibilização dos direitos trabalhistas e os retrocessos causados pela mesma; e analisar artigos recentemente “outorgados” pela reforma que causaram regressão social.
Este presente estudo se configurou em Revisão Bibliográfica, ou seja, uma pesquisa qualitativa e descritiva. Para a realização desse projeto foram utilizadas as seguintes bases de dados: livros, artigos científicos, dissertações, sites, leis, decretos, súmulas e jurisprudências presentes no ordenamento jurídico brasileiro.
O PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO AO RETROCESSO SOCIAL NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO
2.1 BREVE ABORDAGEM HISTÓRICA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS E SOCIAIS
Em tema de direitos fundamentais de caráter social, a idade antiga é bem pobre, e os direitos naquele período eram extremamente decadentes, podemos citar a lei de Talião e o código de Hamurabi, onde aqueles que prejudicassem a outrem sofriam consequências severas, iguais ou semelhantes às que causou. Havia também os escravos, que não possuíam direitos, e viviam em condições precárias e tortuosas; sobre isso o doutrinador Sergio Pinto Martins afirma que o escravo era coisificado, não possuindo direitos, apenas o dever de trabalhar até a sua morte ou até deixar de ser um escravo.
Na idade média o destaque foi o direito canônico (Tribunal Santo Ofício da Inquisição), com seu poder autoritário, torturante, arbitrário e sem limites. Na mesma época, trazendo esperança, o monarca João da Inglaterra (João Sem Terra, Rei da Inglaterra e Senhor da Irlanda
Duque da Normandia e Aquitânia), assinou a Magna Carta Libertarum, onde previa alguns direitos fundamentais como o devido processo legal, individualização de pena e princípio da proporcionalidade, dando início ao movimento do constitucionalismo – “O constitucionalismo significa a limitação do poder e supremacia da lei, com a finalidade de garantir o direito ao indivíduo”, conforme PADILHA, 2012, p. 1-2.
Após a revolução francesa, já na idade moderna, teve início o constitucionalismo liberal, onde o Estado devia respeitar devidamente a individualidade do ser humano. A máxima “liberdade, igualdade e fraternidade”, como é sabido, veio da referida revolução. A igualdade e direito à propriedade privada também foram amplamente difundidas pelo movimento iluminista, e culminante a todos esses acontecimentos, a Assembleia Constituinte da França promulgou a Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão.
Após o término da primeira guerra mundial, várias constituições criadas visavam estabelecer uma democracia societária, abrangendo ordem econômica e social, cultura, educação, família e propriedade privada. Assim, dava-se início ao constitucionalismo social, onde Estados foram criando seus direitos fundamentais e instigando positivamente outros países para a mesma situação.
2.2 A EVOLUÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS E SOCIAIS NO BRASIL
Posterior à independência do Brasil, a Constituição de 1824 foi outorgada, onde quatro poderes foram estabelecidos (executivo, legislativo, judiciário e moderador). Sendo um império, não houveram evoluções consideráveis quanto a direitos fundamentais, pois a escravidão e penas severas e cruéis eram naturais. Com a chegada da República Velha, alguns direitos podem ser enfatizados, que são: individualização da pena, fim da pena de morte no âmbito civil, e o habeas corpus.
A Constituição de 1934 seguiu o modelo da constituição mexicana e da alemã (de Weimar), e previa um capítulo dedicado para os direitos sociais, - Ordem Econômica e Social, Título IV, artigos 115 a 140) e para os direitos individuais – onde Padilha (2012) afirma que o caráter social dessa Constituição se deve à presença de socialistas na assembleia constituinte, uns na qualidade de representantes de classe e outros eleitos pelo partido socialista de São Paulo, o que foi uma novidade à época. Foi nela que foi prevista, pela primeira vez em nosso país, que a saúde e a educação eram obrigações do Estado.
A polaca (Constituição de 1937) estabeleceu um regime totalitarista, o qual foi repudiado, onde, segundo Padilha (2012), in verbis:
[…] Nesta Carta, foram previstas regras como: a) forma de Estado Federal, mas todo poder foi transferido para o governo central, especificamente para o Presidente da República (federalismo nominal); b) manteve a tripartição dos poderes só esteticamente, pois o Executivo ampliou muito suas funções, e o legislativo e o Judiciário tiveram suas funções extremamente reduzidas; c) os direitos e garantias foram restringidos, não havia sequer princípio da legalidade, mandado de segurança e ação popular, que foram retirados do texto constitucional; d) previa pena de morte para crimes políticos; 3) autorizava a censura prévia da imprensa e demais formas de comunicação; f) a lei declarada inconstitucional pelo judiciário poderia ser revista pelo legislativo. [...]
Assim, foi promulgada a Constituição de 1946, retomando o país ao estado democrático de direito. Porém, no ano de 1964, após um golpe contra o presidente João Goulart, a CF de 1964 foi outorgada, e teve início o regime militar. Onde é cediço que o Congresso Nacional foi dissolvido, liberdades civis foram suprimidas e foi criado um código de processo penal militar que permitia que o Exército brasileiro e a Polícia Militar pudessem prender e encarcerar pessoas consideradas suspeitas, além de impossibilitar qualquer revisão judicial. Há inúmeras evidências de desaparecimentos, assassinatos e torturas. Foi um claríssimo retrocesso dos direitos fundamentais e sociais, quais não vamos adentrar, visto que nosso tema é voltado para a seara trabalhista e não na ciência política, mas necessário trazer esse comentário para compreendermos a evolução histórica que o direito laboral passou.
Felizmente houve o fim da ditadura militar e o país entrou em processo de redemocratização. Assim, surgiu a necessidade de uma nova e diferenciada constituição. No mês de fevereiro de 1987 o deputado Ulysses Guimarães iniciou a Assembleia do Poder Constituinte composta por 559 congressistas, e após anos de miséria e ditadura, no dia 5 de outubro de 1988, a carta magna foi promulgada, reestabelecendo direitos e princípios fundamentais e sociais e assegurando garantias a esses, além de criar vários mecanismos para se impedir golpes, torturas e ações armadas de ordem inconstitucional. E nesta atual CF, veio implicitamente o princípio da vedação ao retrocesso social, e, sendo um princípio constitucional pós positivista, não se trata de fonte subsidiária, mas sim de centro do sistema jurídico, possuindo força normativa.
2.2 O PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO AO RETROCESSO SOCIAL
Ao pensarmos sobre direitos fundamentais uma revolução aqui já citada vem normalmente à nossa mente, a revolução francesa; bastante popular e comentada, essa revolução nos traz automaticamente três boas novas que dali ganharam força: liberdade, igualdade e fraternidade. Pensamos na concretização desses direitos, também numa Constituição Federal e afins, no entanto, nos esquecemos de todo sangue que foi derramado para que esses valores fossem justamente implementados. Só poderemos avançar em direitos humanos e para o futuro da implementação deles se caminharmos juntamente com aquilo que foi positivado. Estabelecido um determinado grau de aplicação dos direitos nós não podemos retroceder.
Canotilho diz que "efeito cliquet dos direitos humanos significa que os direitos não podem retroagir, só podendo avançar na proteção dos indivíduos. Significa que é inconstitucional qualquer medida tendente a revogar os direitos sociais já regulamentados, sem a criação de outros meios alternativos capazes de compensar a anulação desses benefícios". Ou seja, os direitos fundamentais devem possuir garantia e estabilidade em relação às conquistas já alcançadas pela sociedade em relação ao legislador.
Imaginemos que um senhor, após muitos anos de trabalho árduo, é aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social, tendo apenas este benefício para garantia de suasobrevivência; porém, após certo tempo, o presidente da república sanciona lei que tributa os benefícios de aposentadoria anteriormente concedidos. Fatos como esse abalariam a confiança legítima e a segurança jurídica, gerando alta desconfiança da população ante ao poder público, além de violar princípios fundamentais, indo em contramão à finalidade do Estado, o bem comum.
O princípio da vedação ao retrocesso social possui diversas nomenclaturas, dependendo da doutrina pode ser chamado de:
· Princípio do não retrocesso social; 
· Princípio da proibição da evolução reacionária; 
· Princípio do efeito cliquet; 
· Princípio da não reversibilidade; 
· Princípio da vedação da contrarrevolução social, ou;
· Princípio da vedação (ou proibição) à estagnação social,
De toda sorte, o que pretende o Princípio em questão é limitar reformas prejudiciais, visando a proteção dos indivíduos contra possíveis superveniências da lei que pretendam atingir direitos sociais já conquistados presentes no ordenamento jurídico.
A doutrina é unânime em afirmar que se trata de princípio constitucional implícito, onde a norma que faz a previsão deste se encontra na Constituição da República Federativa do Brasil, no Título I (Dos Princípios Fundamentais), no artigo 3º, inciso II:
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
 II -  garantir o desenvolvimento nacional
É certo que o impedimento de retrocessos sociais ligados ao poder público no ato de deixar que os direitos fundamentais apenas evoluam é um claro ato de garantia do desenvolvimento nacional, visto que a inércia desses direitos certamente estagnaria a sociedade como um todo, atingindo várias áreas sociais e jurídicas (trabalhistas, penais, civis, previdenciárias, tributárias...).
Há ainda a Ementa Constitucional número 71, de 29 de novembro de 2012, que acrescentou o artigo 216-A, §1º, XII, da CRFB, instituindo o Sistema Nacional de Cultura, que tem como objetivo promover o desenvolvimento humano, social e econômico com pleno exercício dos direitos culturais.
Também há o Pacto de São José da Costa Rica, de 22 de novembro de 1969, que se trata de um tratado internacional, passando a produzir efeitos em nosso ordenamento a partir do Decreto Presidencial de número 678, em 6 de novembro de 1992, onde prevê, em seu artigo 26, claramente o princípio da vedação ao retrocesso social:
[...]Capítulo III – DIREITOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS
Artigo 26
Desenvolvimento progressivo
Os Estados-Partes comprometem-se a adotar providências, tanto no âmbito interno como mediante cooperação internacional, especialmente econômica e técnica, a fim de conseguir progressivamente a plena efetividade dos direitos que decorrem das normas econômicas, sociais e sobre educação, ciência e cultura, constantes da Carta da Organização dos Estados Americanos, reformada pelo Protocolo de Buenos Aires, na medida dos recursos disponíveis, por via legislativa ou por outros meios apropriados.
Frisa-se que o citado direito é extremamente importante e essencial à segurança jurídica brasileira, visto que, apesar de haverem outros princípios inerentes à vedação de práticas e atos legislativos capazes de lesionar direitos fundamentais, nenhum deles se faz tão específico e necessariamente ligado a direitos prestacionais em risco de barganhas pelos atos legislativos em detrimento à estagnação social e aos maldefendidos. Dessa forma, este princípio se manifesta de tal modo que impede o legislador de reduzir direitos sociais já positivados, sendo este ato caracterizado como ato atentatório e, portanto, passível de controle de constitucionalidade e legalidade.
Uma espécie de exceção ao princípio do retrocesso social é que, se o legislador apresentar políticas compensatórias - reduzir direito fundamental compensando-o de outro forma – pode haver essa modificação no direito. Em relação a essa situação, o Supremo Tribunal Federal já se manifestou, no informativo 726 há o RE 581/352, onde o ministro Celso de Melo apreciou uma omissão estatal em relação ao atendimento a gestantes em determinado Estado. Ele identificou erosão constitucional no julgamento, assim como escolhas trágicas, reserva do possível, mínimo existencial, e falou ainda que a omissão do estado em oferecer um atendimento melhor e amplo para uma gestante naquela situação estaria concretizando um retrocesso em relação ao direito fundamental à saúde; afirmando ainda que com isso não se pode compactuar, e é por isso que o STF tem legitimidade para determinar que seja melhorado esse direito, implementando uma melhora no atendimento. E isso foi feito, tendo como base principal o efeito cliquet.
Assim, pode-se ter em vista que um direito suprimido sem a devida compensação é indevido e inconstitucional, no entanto, tendo em vista recentes acontecimentos no âmbito trabalhista – desses há que se enfatizar dois (flexibilização dos direitos trabalhistas e a reforma de 2017) – pode-se notar que ocorrem diversas afrontas ao princípio, diminuindo e/ou excluindo diversos entendimentos pró reclamante, onde os lesionados nada podem fazer.
A FLEXIBILIZAÇÃO DOS dIREITOS TRABALHISTAS
A relação de trabalho entre empregador e empregado é um elo onde as partes possuem seus interesses distintos, – um, a mão de obra e assim o lucro, e outro um emprego para garantir o sustento próprio e de sua família, desenvolvimento profissional e afins – assim sendo, é necessário que haja um equilíbrio entre os dois, visando boas condições para ambos. Desse modo, há a vigência das normas fundamentais trabalhistas.
Corriqueiramente empresários pelo mundo inteiro afirmam que ao flexibilizar as leis trabalhistas, seria vantajoso para reclamante e reclamada, visto que a situação laboral seguiria os rumos das situações econômicas vindouras. Um exemplo: digamos que numa empresa que fabrica tijolos, todos os empregados ganham seus salários regularmente, porém, em determinada época, o país entra em recessão e as obras diminuem drasticamente, causando uma crise no setor de construções, e, por negociação, o salário de todas as pessoas é diminuído. Contudo, e se a recessão findasse e a empresa conseguisse arcar com seu prejuízo e voltasse à sua situação normal, ocorreria que o empregador negociaria também o valor retroativo que seus empregados perderam ao longo da época de recessão? Obviamente que não.
A estratégia de flexibilização dos direitos trabalhistas vem acontecendo desde o final do século XX, vários países já implementaram esse método, e o que se nota é que isso não gerou empregos, normalmente o que gera é uma piora nas condições de trabalho e diminuição drástica na renda dos trabalhadores. A geração de empregos não surge pela diminuição de direitos, mas sim pelo crescimento econômico. Com a flexibilização, o mercado se deprecia e ao invés de aumentar, menos empregos são gerados.
Flexibilizar os direitos não traz avanços, isso é ridículo e utópico. É plenamente certo que qualquer empresário visa o lucro de seu negócio, e opta pelo que for mais barato para si, assim o empregado somente possui duas opções: aceita o emprego com condições precárias, ou não aceita e permanece desempregado passando necessidades. É uma grande falácia.
A liberdade do trabalhador é protegida pelas normas e princípios constitucionais. “A sociologia entende que flexibilizar as legislações consiste em abster-se de determinados costumes, adaptando-se aos novos cenários que surgirão” (MARTINS, 2009, p.13). Logo a flexibilização é nada menos que o abandono de direitos conquistados, e no âmbito trabalhista, onde a flexibilização no Brasil aconteceu em prol do empregador, o trabalhador foi exposto à vontade deste, de modo que seus interesses foram amplamente prejudicados.
Amauri Mascaro afirma que:
“o direito do trabalho vive atualmente um conflito entre as suas concepções, a protecionista, acusada de hipergarantista, de afetar desenvolvimento econômico e a livre iniciativa, e a reformista, que defende que a flexibilização das leis e a reavaliação no plano teórico, dos seus princípiose funções, pondo-se a flexibilização como uma polêmica reação contrária à rigidez da legislação tutelar do trabalhador”. (MASCARO, 2011, p. 68).
Consoante a este entendimento pode-se perceber que com o avanço do modelo capitalista, crises econômicas são constantes, onde nessas situações a flexibilização das leis do trabalho são vistas como um remédio, porém, se esquece que, com o exemplo de vários países, como ocorreu na Europa em 2008, a melhor maneira de driblar uma recessão é manter as relações trabalhistas rígidas e optar por um modo de gestão política eficiente, para que surte os efeitos desejados e os países saiam da estagnação.
Em 2008 a Europa, com o intuito de aumentar a produtividade e ter mão de obra barata, e vendo sua economia cair em retrocesso, além da ocasião de um déficit enorme nos fundos de investimento, resolveu desenvolver flexibilizações trabalhistas, retirando vários direitos dos operários e precarizando a situação dos reclamados, acreditando que assim a situação seria contornada.
Na Holanda os resultados de seu modelo de flexibilização apresentaram resultados positivos, porém, em contrapartida, na Espanha a flexibilização foi um fracasso, onde constata-se que o motivo para resultados opostos é a diferença na gestão política desses países, apesar de a OIT ter entendido que os dois países precarizaram o direito trabalhista, onde o desespero para uma solução fez com que os desempregos continuassem.
Tendo em vista o exposto, não há uma certeza de que a flexibilização funcione, o que se pode notar realmente é que a falta de gestão política acarreta inúmeros prejuízos, e a esta situação de precarização, levando os empregados a uma situação de convivência com a insegurança jurídica.
3.1 A FLEXIBILIZAÇÃO NORMATIVA TRABALHISTA NO BRASIL
Com vistas para a situação na Europa, em 2017 o então governo Temer apresentou o projeto de lei nº 13.467 de 13 de julho de 2017, com um viés temível, uma reforma que flexibilizaria as regulamentações do trabalho, o que de fato infelizmente aconteceu.
Como disse Nelson Mannrich (MANNRICH, 2017, p. 1), essa reforma foi outorgada com a motivação de que a CLT estava defasada, carente quanto à terceirização e dava ao PPE um caráter permanente frente à crise vivenciada.
Uma reforma era iminente, mas esperava-se que as legislações seriam atualizadas e ou aperfeiçoadas, e não que a população vivenciasse um retrocesso, onde a proteção dos trabalhadores foi exterminada, inúmeros direitos excluídos, insegurança jurídica extremamente presente e reclamados acima dos reclamantes em numerosos aspectos. Ela foi outorgada de tal forma que foi aprovada sem que ao menos os trabalhadores fossem ouvidos, ou houvesse uma contrapartida benéfica. Os interesses passaram a ser neoliberais e pró reclamado, afastando-se da defensão outrora existente para os empregados e sindicatos.
Onde há o prevalecimento do negociado sobre o legislado, haverá sempre opressão. Como afirma José Carlos Borges (BORGES, 2018), onde predominam o desemprego, a miséria, e os salários baixos, é fácil de se manipular em prol dos empregadores. É nítido que não houve preocupação nenhuma com melhoria nas condições de trabalho para os operários.
Como cita Cristiano Pinheiro Grosso (GROSSO, 2017), criticado por muitos doutrinadores, o fenômeno da flexibilização sob o desejo de acabar com o desemprego e alavancar a economia, pode originar um alerta à toda sociedade, vez que ao retirar o poder intervencionista do Estado, os empregados perdem o seu manto protetor. Dessarte, consequências catastróficas podem ocorrer não apenas em relação à saúde dos trabalhadores, mas também ao contribuir-se para o aumento de acidentes de trabalho e doenças psíquicas, aniquilando assim, o princípio da dignidade da pessoa humana.
Nesse sentido, José Canotilho (CANOTILHO, 2003, p. 257) leciona que o princípio da segurança jurídica é um dos elementos constitutivos do Estado de Direito, onde o homem necessita de segurança para poder conduzir e planificar sua vida. A segurança jurídica está atrelada à eficácia dos princípios de vedação ao retrocesso social e à dignidade da pessoa humana. Nesse sentido, não há dúvidas que o poder legislativo brasileiro transparece deficiência quanto a compreensão dos princípios existentes no ordenamento jurídico, sendo nítido que inúmeros projetos de leis são elaborados em benefício próprio. Exemplo disso é a reforma em questão, vinda para benefício dos grandes empregadores apoiadores do então governo.
Ponderando todas as abstrações abordadas, constata-se que no íntimo das relações de trabalho, a vulnerabilidade circunda os trabalhadores, propagando o desígnio de ampliar e difundir o neoliberalismo, visto que os apoiadores da reforma trabalhista aspiram a prevalência da coação, cedendo margem para que grandes empresas detenham o poder de escolha sobre as ideologias que melhor lhes convém. Nesse sentido há diversas normas que foram extremamente precarizadas, algumas delas serão exemplificadas no capítulo seguinte.
ALGUMAS REGRESSÕES LIGADAS AOS ARTIGOS DA REFORMA
O artigo 7º da Constituição Federal lista direitos fundamentais trabalhistas, cláusulas pétreas. Uma estrutura para sustentação do corpo legal infraconstitucional. In verbis:
“Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
        I -  relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos;
        II -  seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;
        III -  fundo de garantia do tempo de serviço;
        IV -  salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender às suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;
        V -  piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho;
        VI -  irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo;
        VII -  garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável;
        VIII -  décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria;
        IX -  remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
        X -  proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa;
        XI -  participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei;
        XII -  salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei;
        XIII -  duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho;
        XIV -  jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva;
        XV -  repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;
        XVI -  remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinqüenta por cento à do normal;
        XVII -  gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal;
        XVIII -  licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias;
        XIX -  licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
        XX -  proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei;
        XXI -  aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei;
        XXII -  redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança;
        XXIII -  adicional de remuneração para as atividades penosas,insalubres ou perigosas, na forma da lei;
        XXIV -  aposentadoria;
        XXV -  assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas;
        XXVI -  reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho;
        XXVII -  proteção em face da automação, na forma da lei;
        XXVIII -  seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;
        XXIX -  ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho;
        XXX -  proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;
        XXXI -  proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência;
        XXXII -  proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos;
        XXXIII -  proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos;
        XXXIV -  igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso.
    Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a simplificação do cumprimento das obrigações tributárias, principais e acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdência social.”
(BRASIL, 1988)
O artigo em questão traz uma série de direitos constitucionais trabalhistas, que ao serem regulamentados, caracterizou um grande avanço para a época, não sem custo, pois foram várias as reivindicações para que se chegasse a isso. O artigo 7º da CF/88 consagra basicamente que poderão haver negociações coletivas de qualquer natureza, contanto que haja a preservação de direitos já implementados e que possa servir de contribuição aos trabalhadores, porém, ao que parece isso foi totalmente ignorado, fazendo com que o reclamado ficasse acima do reclamante, promovendo um retrocesso.
Foram vários os retrocessos vindos com a reforma. Nos próximos tópicos serão apresentados quatro deles: artigos 611-A e 611-B, redação da ultratividade da norma coletiva e a exclusão das horas in itinere.
4.1 ARTIGOS 611-A E 611-B
Os artigos 611-A e 611-B, inseridos na CLT/43 com a reforma, ditam, in verbis:
“Art. 611-A. A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho têm prevalência sobre a lei quando, entre outros, dispuserem sobre:
I - pacto quanto à jornada de trabalho, observados os limites constitucionais;
II - banco de horas anual;
III - intervalo intrajornada, respeitado o limite mínimo de trinta minutos para jornadas superiores a seis horas;
IV - adesão ao Programa Seguro-Emprego (PSE), de que trata a Lei nº 13.189, de 19 de novembro de 2015 ;
V - plano de cargos, salários e funções compatíveis com a condição pessoal do empregado, bem como identificação dos cargos que se enquadram como funções de confiança;
VI - regulamento empresarial;
VII - representante dos trabalhadores no local de trabalho;
VIII - teletrabalho, regime de sobreaviso, e trabalho intermitente;
IX - remuneração por produtividade, incluídas as gorjetas percebidas pelo empregado, e remuneração por desempenho individual;
X - modalidade de registro de jornada de trabalho;
XI - troca do dia de feriado;
XII - enquadramento do grau de insalubridade;
XIII - prorrogação de jornada em ambientes insalubres, sem licença prévia das autoridades competentes do Ministério do Trabalho;
XIV - prêmios de incentivo em bens ou serviços, eventualmente concedidos em programas de incentivo;
XV - participação nos lucros ou resultados da empresa.
§ 1º No exame da convenção coletiva ou do acordo coletivo de trabalho, a Justiça do Trabalho observará o disposto no § 3º do art. 8º desta Consolidação.
§ 2º A inexistência de expressa indicação de contrapartidas recíprocas em convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho não ensejará sua nulidade por não caracterizar um vício do negócio jurídico.
§ 3º Se for pactuada cláusula que reduza o salário ou a jornada, a convenção coletiva ou o acordo coletivo de trabalho deverão prever a proteção dos empregados contra dispensa imotivada durante o prazo de vigência do instrumento coletivo.
§ 4º Na hipótese de procedência de ação anulatória de cláusula de convenção coletiva ou de acordo coletivo de trabalho, quando houver a cláusula compensatória, esta deverá ser igualmente anulada, sem repetição do indébito.
§ 5º Os sindicatos subscritores de convenção coletiva ou de acordo coletivo de trabalho deverão participar, como litisconsortes necessários, em ação individual ou coletiva, que tenha como objeto a anulação de cláusulas desses instrumentos.”
“Art. 611-B. Constituem objeto ilícito de convenção coletiva ou de acordo coletivo de trabalho, exclusivamente, a supressão ou a redução dos seguintes direitos:
I - normas de identificação profissional, inclusive as anotações na Carteira de Trabalho e Previdência Social;
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;
III - valor dos depósitos mensais e da indenização rescisória do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS);
IV - salário mínimo;
V - valor nominal do décimo terceiro salário;
VI - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
VII - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa;
VIII - salário-família;
IX - repouso semanal remunerado;
X - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em 50% (cinquenta por cento) à do normal;
XI - número de dias de férias devidas ao empregado;
XII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal;
XIII - licença-maternidade com a duração mínima de cento e vinte dias;
XIV - licença-paternidade nos termos fixados em lei;
XV - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei;
XVI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei;
XVII - normas de saúde, higiene e segurança do trabalho previstas em lei ou em normas regulamentadoras do Ministério do Trabalho;
XVIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas;
XIX - aposentadoria;
XX - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador;
XXI - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho;
XXII - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador com deficiência;
XXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito anos e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos;
XXIV - medidas de proteção legal de crianças e adolescentes;
XXV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso;
XXVI - liberdade de associação profissional ou sindical do trabalhador, inclusive o direito de não sofrer, sem sua expressa e prévia anuência, qualquer cobrança ou desconto salarial estabelecidos em convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho;
XXVII - direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender;
XXVIII - definição legal sobre os serviços ou atividades essenciaise disposições legais sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade em caso de greve;
XXIX - tributos e outros créditos de terceiros;
XXX - as disposições previstas nos arts. 373-A, 390, 392, 392-A, 394, 394-A, 395, 396 e 400 desta Consolidação.
Parágrafo único. Regras sobre duração do trabalho e intervalos não são consideradas como normas de saúde, higiene e segurança do trabalho para os fins do disposto neste artigo.”
Permanece claro que pode-se ocorrer reduções de direitos e garantias sem a intervenção de sindicatos. Esse tamanho retrocesso veio com sequer uma mísera contrapartida, caracterizando uma afronta ao princípio da vedação ao retrocesso social, onde há a prevalência das normas coletivas sobre o direito positivado. Partindo da hipótese de que a legislação não alcança todos os contextos e não atende todas as particularidades de cada categoria, o autor da lei engrandece a negociação coletiva que passa a ser válida mesmo em que caso de contrariedade a determinados preceitos legais (ROMAR, 2018).
Antes tinha-se com ênfase o princípio da adequação setorial negociada, onde discutia-se os limites da negociação coletiva, e destacando esses limites, a doutrina fixava um patamar mínimo dividido em três grupos: normas constitucionais, normas de tratados e convenções internacionais vigentes no Brasil e normas infraconstitucionais relacionadas à saúde e segurança, bases salariais mínimas, dispositivos antidiscriminatórios e identificação profissional (CTPS). Assim, em tese, era vedada a negociação relacionada a algum desses grupos, sob pena de afronta a direitos considerados “indisponíveis”.
A ANAMATRA (Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho) opina pela inconstitucionalidade de partes do art. 611-A da CLT em seus enunciados:
27. ADEQUAÇÃO SETORIAL NEGOCIADA
I. Negociação coletiva. Limites. Adequação setorial negociada. As regras autônomas coletivas podem prevalecer sobre o padrão geral heterônomo trabalhista, desde que implementem padrão setorial de direitos superior ao padrão geral heterônomo, ou quando transacionam setorialmente parcelas e direitos trabalhistas de indisponibilidade apenas relativa, respeitadas as normas de indisponibilidade absoluta.
II. A “adequação setorial negociada” não autoriza a supressão ou redução de direitos tout court, cabendo às partes, nos termos do artigo 611-A da CLT, com a redação dada pela Lei 13.467/2017, justificar a excepcionalidade da adequação e sua transitoriedade, bem como definir as contrapartidas, com razoabilidade e de boa-fé, sendo inconstitucional o disposto no parágrafo 2º do art. 611-A da CLT (FELICIANO; FREITAS; TREVISO, 2018, p. 22).
Entende-se que a adequação setorial negociada veda a supressão ou redução dos direitos dos trabalhadores previstos em lei e, portanto, a ANAMATRA classifica o parágrafo 2º do art. 611- A da CLT, como inconstitucional. Além do parágrafo, os incisos III e XII do art. 611-A da CLT também são considerados pela associação como inconstitucionais, isso porque conflitam com o art. 7º, XXII e XXVI da CRFB/1988
Pode-se afirmar que o artigo 611-A da CLT levou a insegurança jurídica aos trabalhadores, relativizando a proteção outrora dada pela legislação trabalhista, uma vez que a reforma passou a permitir que as convenções e acordos coletivos prevalecessem sobre a lei, trazendo condições menos favoráveis aos operários. O Ministério Público do Trabalho emitiu opinião afirmando que a aprovação do artigo 611-A da Lei nº 13.467/2017, retirou da Justiça do Trabalho sua outrora competência de analisar o conteúdo material das convenções e acordos coletivos, restando somente a função de examinar a formalidade dos instrumentos.
Ou seja, com a nova legislação, a JT poderá apenas verificar se a norma coletiva (convenção ou acordo) foi registrado em cartório de forma devida, não possuindo competência para questionar a violação dos textos quanto aos direitos trabalhistas. Essa autonomia possui potencial gigantesco para possibilitar arbitrariedade dos empregadores, tendo a garantia de que o judiciário não apreciará a pretensão, ficando a Justiça do Trabalho apenas como se fosse um fiscal do pacta sunt servanda, restrita tão somente à conformidade do negócio jurídico, consoante artigo 104 do Código Civil:
Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:
I - agente capaz;
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
III - forma prescrita ou não defesa em lei.
(Código Civil, 2002)
Dessa forma, o empregado é obrigado a aceitar as exigências da empresa, tendo ela total liberdade para gerenciar o contrato de trabalho. Com isso, o acesso do empregado à justiça é inibido, pois os pontos que antes se podia questionar ante à JT, hoje terão de serem suportados.
Sobre o artigo 611-B da CLT, (DELGADO, DELGADO, 2017) citam que a interpretação literal e gramática do dispositivo se apresenta bastante censurável e defeituosa, levando a conclusões absurdas na interpretação. (SANTOS, 2018) classifica o novo dispositivo legal como uma restrição à livre soberania da escolha coletiva, mas, reconhece que diversos temas constitucionais foram esquecidos do rol do art. 611-B da CLT.
O mesmo autor traz mais alguns exemplos como:
a) relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, entre outros direitos (art. 7º, I);
b) piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do serviço (art. 7º, V);
c) proteção em face da automação, na forma da lei (art. 7º, XXVII);
d) proibição de distinção entre trabalho, manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos (art. 7º, XXXII);
e) vedação de dispensa de empregado sindicalizado, a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei (art. 8º, VIII);
f) vedação de dispensa arbitrária ou sem justa causa do empregado eleito para a cargo de direção de comissões internas de prevenção de acidentes, desde o registro de sua candidatura até um ano após o final de seu mandado (ADCT, art. 10, II, “a”);
g) vedação de dispensa arbitrária ou sem justa causa da empregada gestante, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto (ADCT, art. 10, II, “b”) (SANTOS, 2018, não paginado).
Neste contexto, apesar da expressão “exclusivamente” estampada no caput do art. 611-B da CLT, resta evidente que o dispositivo não é taxativo, e sim restritivo, uma vez que “deixou de impossibilitar que a negociação coletiva infrinja, a título de exemplo, os direitos da personalidade e liberdade garantidos pela CRFB/1988, e os princípios e valores legais” (CASSAR, 2018). Assim como, os demais exemplos citados anteriormente. Além disso, a inobservância dos valores, regras e princípios constitucionais acarretam a nulidade da cláusula, independente de não estar elencando nos incisos do art. 611-B da CLT (CASSAR, 2018).
Têm-se então que “outros temas estão excluídos, peremptoriamente, da negociação coletiva trabalhista, por força do conjunto geral da ordem jurídica brasileira ou, até mesmo, de alguns de seus preceitos normativos específicos” (DELGADO; DELGADO, 2017, p. 267). Dessa forma, não se trata de um rol taxativo, uma vez que existem outros direitos previstos na CRFB/1988 e em tratados internacionais que não podem ser negociados em normas coletivas trabalhistas.
Tendo em vista o narrado, parte dominante da doutrina – embora haja divergência -, assim como a Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho, defendem a inconstitucionalidade parcial do art. 611-A da CLT, e usam como argumento que o dispositivo possibiliza a negociação em prejuízo dos operários, assim como a supressão de direitos. Era entendido que o princípio da proteção e a prevalência da norma mais favorável ao empregado, consoante o artigo 7º da CF/88, as normas coletivas deveriam estabelecer condições em benefício aos trabalhadores, porém, isso não éexigido pelo dispositivo em questão. Deve-se destacar que a possibilidade de supressão e redução de direitos trabalhistas pode gerar situações de precarização de direitos indisponíveis, como exemplo: saúde e segurança, higiene e afins, um ataque à CF/88.
4.2 VEDAÇÃO DA ULTRATIVIDADE DA NORMA COLETIVA
Cita o art. 614, §3º da CLT, in verbis:
Art. 614 - Os Sindicatos convenentes ou as empresas acordantes promoverão, conjunta ou separadamente, dentro de 8 (oito) dias da assinatura da Convenção ou Acordo, o depósito de uma via do mesmo, para fins de registro e arquivo, no Departamento Nacional do Trabalho, em se tratando de instrumento de caráter nacional ou interestadual, ou nos órgãos regionais do Ministério do Trabalho e Previdência Social, nos demais casos. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)
§ 3º Não será permitido estipular duração de convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho superior a dois anos, sendo vedada a ultratividade.
O instituto jurídico da ultratividade permite a eficácia de uma norma mesmo após sua revogação, ou seja, permite produzir efeitos após o término de sua efetiva vigência. Pode-se notar que o dispositivo acima veda taxativamente que acordos e convenções coletivas trabalhistas tenham prazo de vigência superior a dois anos, assim como também veda a ultratividade dessas normas coletivas.
(ARAÚJO, DIAS MACHADO, 2013), conceituam o instituto da ultratividade:
“A ultra eficácia das normas coletivas pode ser compreendida como a possibilidade de as cláusulas normativas ajustadas, mesmo decorrido seu prazo de vigência, permanecerem produzindo efeitos nos contratos individuais de trabalho. Tendo as categorias econômica e profissional definido determinada condição de trabalho aplicáveis aos trabalhadores integrantes da categoria profissional respectiva, mesmo após expirado o prazo de vigência da norma coletiva na qual foi estabelecida essa condição, ela não será suprimida, ou seja, não terá sua eficácia condicionada à vigência da norma (sujeita a prazo), mas sim integrar-se-á aos contratos daqueles trabalhadores. Essa, em síntese, é a ideia central da ultra eficácia.”
A duração maior da negociação coletiva trabalhista, já tratadas como fontes de caráter autônomo do direito do trabalho, sempre se mostrava positiva aos operários, pois preservava de forma mecânica o texto fixado nessas normas coletivas. Se mostra um grande retrocesso a limitação temporal dessas convenções, destarte que a reforma deveria trazer progressos e melhorias, mas existindo regramentos limitando essa evolução, o que acontece na verdade é a supressão dos direitos dos menos favorecidos, ainda mais tendo em conta que os interesses entre os empregados e empregadores são demasiadamente distintos.
4.3 EXCLUSÃO DAS HORAS IN ITINERE
As chamadas horas in itinere estavam, até a ocorrência da Reforma Trabalhista, presentes na Consolidação das Leis do Trabalho, em seu capítulo II, que trata da duração do trabalho, seção II, que trata da jornada de trabalho, estando contidas especificamente no artigo 58, parágrafo 2º, que foi revogado:
Art. 58 - A duração normal do trabalho, para os empregados em qualquer atividade privada, não excederá de 8 (oito) horas diárias, desde que não seja fixado expressamente outro limite.
§ 2º O tempo despendido pelo empregado desde a sua residência até a efetiva ocupação do posto de trabalho e para o seu retorno, caminhando ou por qualquer meio de transporte, inclusive o fornecido pelo empregador, não será computado na jornada de trabalho, por não ser tempo à disposição do empregador.
Conforme o jurista (BRUNNO, 2017), para a contabilização da jornada de trabalho, a CLT, em seu artigo 4º, determinou que seria considerado o tempo em que o trabalhador ficaria à disposição do seu empregador no local de trabalho. No entanto, com a maior complexidade que as relações de trabalho foram evoluindo, percebeu-se que este critério não poderia ser utilizado de forma igual, pois assim não seria existente o cumprimento exato dos princípios do direito. De acordo com o jurista, as horas in itinere, que tratam de deslocamento ao local de trabalho de difícil acesso, prejudicariam o trabalhador, pois o tempo despendido por este no percurso de sua residência até o local de trabalho era excessivo, tendo contabilizado em sua jornada apenas o período em que esteve no efetivo local que labora, que era, obviamente, reduzido em relação aos demais.
(SASSO,2015), lembra a situação dos mineradores de minas no subsolo, que para chegarem a seus postos de trabalho, percorriam quilômetros de profundidade, obviamente tendo que repetir o mesmo traslado no final do expediente, causando aos empregados prejuízos quanto ao tempo de efetivo labor.
Essas situações tiveram que se tornar menos rígidas pelo entendimento do artigo 4º da CLT:
Art. 4º - Considera-se como de serviço efetivo o período em que o empregado esteja à disposição do empregador, aguardando ou executando ordens, salvo disposição especial expressamente consignada. 
Após a diminuição da rigidez da norma, surgiu-se muitas jurisprudências tratando dessas horas itinerantes de forma favorável ao empregado o que ocasionou a edição da súmula nº 90, do Tribunal Superior do Trabalho, no ano de 1978. A súmula, segundo o entendimento do autor Homero Batista Mateus da Silva (SILVA, 2009), “considerou razoável a contagem do tempo gasto pelo empregado, se o trajeto já não estivesse mais dentro dos limites corriqueiros do transporte coletivo de uma cidade”. Tivemos então a súmula 90 do TST:
Súmula nº 90 do TST HORAS “IN ITINERE”
I - O tempo despendido pelo empregado, em condução fornecida pelo empregador, até o local de trabalho de difícil acesso, ou não servido por transporte público regular, e para o seu retorno é computável na jornada de trabalho.
II - A incompatibilidade entre os horários de início e término da jornada do empregado e os do transporte público regular é circunstância que também gera o direito às horas “in itinere”.
III - A mera insuficiência de transporte público não enseja o pagamento de horas “in itinere”
IV - Se houver transporte público regular em parte do trajeto percorrido em condução da empresa, as horas “in itinere” remuneradas limitam-se ao trecho não alcançado pelo transporte público.
V - Considerando que as horas “in itinere” são computáveis na jornada de trabalho, o tempo que extrapola a jornada legal é considerado como extraordinário e sobre ele deve incidir o adicional respectivo.
Mauricio Godinho Delgado (DELGADO, 2017), ao tratar do tema “horas in itinere”, afirma que a criação do parágrafo 2º, do artigo 58, da CLT, transmitiu quase que de forma literal, o que estava na súmula nº 90 do TST. Então, chegou ao entendimento de que “considera-se integrante da jornada laborativa o período que o obreiro despenda no deslocamento ida e volta para local de trabalho considerado de difícil acesso ou não servido por transporte regular público, desde que transportado por condução fornecida pelo empregador.”
Sobre os requisitos que eram necessários seu preenchimento por parte do trabalhador para que fosse possível a obtenção do direito à contabilização das horas in itinere enquanto jornada de efetivo labor, eram: a empresa deveria estar situada em local de difícil acesso; não poderia existir transporte público regular na localidade da empresa e havia a necessidade de o transporte da residência até o local de trabalho ser fornecido pelo empregador.
De acordo com Vólia (BOMFIM, 2017), a doutrina classifica um local de difícil acesso como aquele que tem localização geográfica atípica, não comum, tais como uma fazenda no interior de uma região ou uma empresa que esteja no topo de uma colina. Porém, a autora discorda desse posicionamento, pois, no entendimento ela, caso o local da empresa não dispusesse de transporte público e regular e o empregador fornecesse a condução, deveria o tempo ser computado enquanto jornada de trabalho, ainda que o local da empresa fosse de fácil acesso.
Vólia (BOMFIM, 2017), tratando do tema da regularidadedo transporte público, a diferencia da insuficiência do transporte, ambos citados na Súmula 90 do TST. Quanto a ausência de regularidade, a autora trata que ocorre quando há grandes intervalos entre a passagem dos transportes públicos e também quando há intermitência deste. Já a insuficiência se dá quando em horários normais, há a demanda necessária de transporte e em horário de pico, não há suficiência de transporte para a demanda.
O jurista Sasso (SASSO,2015), em seu artigo, deixa uma indagação: se o local de trabalho foi identificado como de difícil acesso, não há transporte público regular, porquê o empregado que escolhe outro meio de locomoção, como o transporte particular, ou qualquer outro que não seja o da empresa deve ser prejudicado? A partir daí surgiram jurisprudências favoráveis à equiparação, acordando com o princípio da equidade, dos trabalhadores que se utilizam do transporte fornecido pelo empregador aos que utilizam transportes próprios, desde que haja a plena constatação do difícil acesso, juntamente com a ausência de transporte público regular.
Porém, esse direito foi excluído. A referida Lei alterou o parágrafo 2º e revogou o parágrafo 3º do artigo 58, da CLT, que a partir de novembro de 2017 passaram a vigorar com o seguinte:
Art. 58 - A duração normal do trabalho, para os empregados em qualquer atividade privada, não excederá de 8 (oito) horas diárias, desde que não seja fixado expressamente outro limite.
§ 3o (Revogado)
Os autores Delgado e Delgado (DELGADO, DELGADO, 2017), tratam a modificação do parágrafo 2º do artigo 58 da CLT, enquanto uma “óbvia perda ao trabalhador”, pois sua jornada de trabalho será reduzida e, consequentemente, também será reduzida sua renda salarial. Eles também aduzem que a nova redação do parágrafo 2º, além de extinguir as horas in itinere, também poderia, caso fossem analisadas literalmente, induzir à mudança do conceito de duração do trabalho, afirmando que a jornada de trabalho só é contada quando o trabalhador está efetivamente no posto de trabalho, dentro do estabelecimento (empresa), o que para os autores “conduziria ao absurdo”, o que já está acontecendo.
Conclui-se, assim, que a remoção do direito às horas in itinere feriu diversos princípios trabalhistas e constitucionais, sendo o mais evidente o princípio da vedação ao retrocesso social.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As considerações finais devem levar a reflexão dos leitores quanto aos objetivos propostos para o seu trabalho, se eles foram alcançados e, caso não o tenha sido, explique o porquê de não ter sido possível.
Deve-se escrever de forma sintética, clara e ordenada os principais pontos abordados ao longo do trabalho. Você deve ficar atento para não apresentar dados quantitativos, muito menos dados novos que não foram discutidos ao longo dos capítulos. 
Neste item, você pode indicar propostas de trabalhos futuros. Faça pelo menos 3 parágrafos bem elaborados (não faça parágrafos com menos de 4 linhas), concluindo o seu trabalho cada parágrafo falando de um capítulo, não coloque referências neste item. 
Seguem algumas dicas. Leia atentamente!!
A introdução deve ter de 5-6 parágrafos bem elaborados descrevendo de maneira geral seu tema, não faça parágrafos com 1 frase apenas.
Segue uma síntese da estrutura proposta para a introdução do TCC de acordo com o modelo disponível no AVA:
· Um a dois parágrafos para contextualizar o tema;
· Um parágrafo que descreva a justificativa, ou seja, quais as motivações foram importantes para a elaboração do trabalho;
· Um parágrafo que descreva o problema de pesquisa, de forma interrogativa. (Elabore um pequeno comentário);
· Um parágrafo que apresente os objetivos (geral e específico) do trabalho, em forma de texto único e corrido. Os mesmos objetivos que foram desenvolvidos no semestre anterior;
· Um parágrafo que descreva a metodologia escolhida que será realizado para o desenvolvimento do seu trabalho, no qual é uma revisão de literatura, com pesquisas bibliográficas em livros acadêmicos, revistas científicas e sites confiáveis. Mencione também os principais autores utilizados. 
Um exemplo simples de introdução (em linhas gerais), para ter um parâmetro a seguir: 
A presente pesquisa aborda o tema.... e, tem o objetivo principal de .........(aqui você retira do objetivo geral do seu "projeto" - Pode contextualizar o tema, trazer o que falou na introdução de seu projeto, falar sobre aspectos polêmicos que ele traz, etc.)
Este estudo é de grande relevância uma vez que.... (Aqui são elementos da justificativa, traga ela para cá, mas de maneira harmônica, sem colocar em tópico separado – pode ser um parágrafo só).
No primeiro capítulo realiza-se um breve histórico.... No segundo capítulo... Por fim, no último capítulo... etc. (aqui fale da estruturação, apresentando cada capítulo que pretende elaborar).
Esta pesquisa adota a metodologia de revisão de literatura de natureza qualitativa, uma vez que se fundamenta em documentos diversos, tais como livros, artigos, periódicos... (aqui seria a explicação da metodologia).
Este trabalho se fundamentou especialmente nas obras dos doutrinadores X e Y (fale quais autores você priorizou ao realizar se estudo, também o período em que foi publicado o material utilizado).
· A introdução pode ser aperfeiçoada até o final do semestre caso haja alguma alteração na estrutura (aumento de capítulos, ou de autores principais abordados).
· Evite ao máximo realizar citações na introdução, pois ela vai apenas apresentar sua monografia.
· Leia mais sobre o assunto, aprofunde mais seus argumentos baseando-se também em outros autores além dos trazidos até o momento. O ideal é que cada capítulo ter, no mínimo, 5 páginas.
· 
· Dicas sobre citações: Citações curtas ficam no corpo do parágrafo apenas entre aspas ou itálico. Citações com mais de 3 linhas são longas, ficam com recuo de 4 cm, sem recuo na primeira linha, letra 10, espaçamento simples entre linhas e sem itálico ou aspas. A citação indireta ocorre com suas palavras e não precisa estar entre aspas ou em recuo. Mas não esqueça de colocar sempre a referência ao final da citação constando sobrenome do autor em maiúsculo, ano da obra e página. Exemplo (SILVA, 2012, p. 55). Se o documento é online e não tem página, deixe apenas o sobrenome e o ano, exemplo: (SILVA, 2015). 
· Em se tratando de artigo de lei coloque o ente federativo e o ano, exemplo: (BRASIL, 1988). Ajuste todas as suas citações, ok?
· 
· 
· Citação curta não fica em recuo
· O sobrenome do autor só fica em maiúsculo quando está dentro dos parênteses.
· O parágrafo tem espaçamento 1,5 entre linhas, letra Arial 12, recuo na primeira linha de 1,25 cm, e alinhamento justificado. Ajuste.
· Existem erros de digitação (falta de acentuação, falta ou excessos de espaços entre caracteres e pontuações). Verifique e ajuste.
· 
· As referências devem estar de acordo com as normas da ABNT. Referências de artigos online e legislação citada devem seguir os moldes da ABNT. Organize as referências em ordem alfabética. (Apenas o que foi efetivamente citado é que consta nas referências).
REFERÊNCIAS
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ANEXOS
(Opcional)
Consiste em um texto ou documento não elaborado por você, que serve de fundamentação, comprovação e ilustração. 
Os anexos são identificados por letras maiúsculas consecutivas, travessão e pelos respectivos títulos. Excepcionalmente, utilizam-se letras maiúsculas dobradas, na identificação dos anexos, quando esgotadas as 26 letras do alfabeto – contudo, dada as dimensões da Monografia, não é indicada a utilização excessiva de anexos. Assim, mantenha um número controlado de arquivos anexos.
ANEXO A
Título do Anexo

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