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Cirurgia Oral I Larissa Galdino Anestésicos Locais e Vasoconstritores Motivo de uso: dor - mecanismo saudável para que haja vida. Histórico da Anestesia - 1844 - NO - gás hilariante - aumentava o limiar de dor, por isso extraiu um dente e o paciente não sentiu dor. Mas quando foi demonstrar, usou uma dose subclínica e não obteve efeito. 1846 - gás éter com sucesso. Via de condução da dor: 3 modos de bloquear impulso: travar interruptor (para de captar impulso), cortar o fio (anestesia troncular) ou bloquear o receptor sonoro. Neurônio - dendritos, corpo celular e axônio. Axônio tem bainha de mielina (lipídica), axoplasma (citoplasma neuronal), cél. de swan formam os gomos de lipídeos, no intervalo temos os nódulos de Ranvier. membrana neuronal - fosfolipídio de membrana, molécula anfipática. Estado de repouso: extra celular temos muitos íons positivos, Na +. Intracelular temos carga negativa, poucos íons K +. Isso produz ddp de -70mV intracelular e +40 extracelular. Quando tenho estímulo, vai despolarizar a membrana. de -70 a célula vai ficando cada vez mais positiva. quando chega em -50 os canais de sódio que estavam fechados se abrem, as proteínas de membrana permitem a passagem e o fluxo de sódio entra muito rápido e o meio intra se iguala ao extra, chegando até +40, quando interrompe o fluxo de sódio. sentido unidirecional. periferia até o SNC. Para transmitir de novo impulso temos que repolarizar essa fibra. transmissão saltatória, mais rápida. 14 a 120 m por segundo. Na face temos a fibra mielinizada. Cabeça, mãos, pés, genitais avantajadas em ilustrações, pois são áreas de grande sensibilidade. Como funciona o anestésico local? bloqueia os receptores dos canais de sódio, AL se liga e fecha o canal, sem despolarização, sem transmissão do impulso nervoso. Os AL diminuem a permeabilidade dos canais de sódio, impede a movimentação iônica através da membrana e impede o desenvolvimento do potencial de ação. Fibra não-mielinizada - cada segmento vai ser despolarizado lentamente, quando encontra uma porção com anestésico a transmissão é interrompida. Se eu tenho só 2 nódulos de ranvier 1 Cirurgia Oral I Larissa Galdino bloqueados, a transmissão pula esses dois e continua a propagar. Por isso que pouco anestésico não pega. preciso bloquear de 8 a 10 mm para ter sucesso. AL é uma molécula anfipática. Temos 2 tipos de cadeia R: amino-amida (metabolização hepática) e amino-éster (enzimas do plasma sanguíneo quebram essas moléculas, pseudocolinesterasas plasmáticas). O amino - amida tem efeito prolongado, pois passa pelo fígado. Amino-éster não são usados para injeção. O único que usamos é a benzocaína, que é aquele anestésico tópico. cocaína deixa a ponta da língua dormente. Todo AL é uma base fraca, pouco solúvel em água, instável em exposição ao ar. Para que o anestésico fique em boa solução, sem grumos, adicione ácido. Ex.: cloridrato de mepivacaína. Baixa o ph da solução do AL. Em um tubete eu tenho: Somente a forma não ionizada vai atravessar a barreira. a forma ionizada vai ser tamponada, esse tampão tira o H + tornando-a não ionizada e, assim, ela passa. Para se ligar ao receptor do canal de sódio para poder fechá-lo essa molécula precisa ser ionizada novamente dentro da célula. 2 Cirurgia Oral I Larissa Galdino Influência do PH: Em meio ácido o tampão, que muita das vezes já está saturado, vai ter que funcionar muito mais, a quantidade de AL que chega aos receptor no canal de sódio é baixa, concluímos que a anestesia em tecido ácido não é impossível mas difícil. Ex.: tecidos inflamados tem ph baixo, muito H + ioniza AL e não passa pela membrana. Como tenho mais quantidade de base livre, ocorre maior difusão e mais rápida pela membrana plasmática. Não é uma situação que vamos lidar muito no nosso dia a dia. Influência do Pka Pka - valor de ph quando o ph do meio está em equilíbrio químico. Em outras palavras, é o ph no qual um composto está metade no estado ionizado e outra metade em estado não-ionizado. Ex.: a mepivacaína tem pka 7,6. PH tecidual - 7,4 Isso quer dizer que o AL que tem valor próximo a esse fica melhor no tecido. AL com pka elevado vão ter dificuldade de difusão pela membrana nervosa. Se tem pka baixo vou ter predomínio de forma não ionizada e mais moléculas disponíveis para chegar a membrana citoplasmática. Mepivacaína é o melhor para áreas inflamadas, porque tem pka mais próximo do ph tecidual, tendo mais formas não ionizadas para chegar ao local do receptor. Vou depender menos do sistema tampão. Difusão do anestésico local Quanto mais lipossolúvel, mais rápido vai ser a difusão que vai atravessar a bainha de mielina. Quanto mais formas ionizadas, corre o risco dessas moléculas se ligarem a outros tecidos e não serem tamponadas para que cheguem a membrana nervosa. Pode acontecer: E se for um AL éster vai ser logo degradado pelas pseudocolinesterases. 3 Cirurgia Oral I Larissa Galdino Articaína - mais caro e melhor. Extremamente lipossolúvel . Um bom AL precisa se difundir também por tecidos não neuronais, por isso a necessidade de alta lipossolubilidade. Influência do grau de ligação proteica Quanto maior a capacidade do AL de se ligar a proteínas, maior será a duração de sua atividade. bupivacaína - pka 8,1 - demora a ser tamponada, mas quando se liga a receptor fecha o receptor e faz efeito por 6/7 horas, pois tem alta ligação pela proteína transmembrana. Influência da Vasoatividade Todos AL, em diferentes graus, possuem atividade vasodilatadora, isso ocorre porque o AL atinge terminações nervosas dos músculos, vasos… relaxando devido a perda de tonicidade. Isso é péssimo, não quero que o Al vá para outros lugares. Quanto menor a capacidade vasodilatadora do AL, maior sua potência anestésica e duração de efeito. Por exemplo, a mepivacaína tem duração maior, menor capacidade vasodilatadora, mesmo sem vasoconstritor. Resumo do ideal: No Brasil só usamos 5 medicamentos. Lidocaína Primeiro AL amida comercializado - 1948; é raro ter alguém com alergia; padrão ouro; agente de comparação; segunda opção para gestantes. Mepivacaína - 1960 Menor potencial vasodilatador. A apresentação a 3% sem vasoconstritor traz segurança. Não é indicada para gestantes, 4 Cirurgia Oral I Larissa Galdino é uma molécula pequena. Prilocaína Orto - tira a hemoglobina da hemácia. Pode trazer dificuldade respiratória. Contra - indicação - paciente com metahemoglobinemia congênita, insuficiência cardíaca e respiratória, recém nascidos, gestantes. Articaína Neurotoxicidade - a especulação de que ela é tóxica já caiu por terra. É muito segura igual aos outros. Indicado para hepatopatas, igual a prilocaína que tem uma parte metabolizada nos pulmões. Bupivacaína 5 Cirurgia Oral I Larissa Galdino Difícil de achar no mercado, caro. 4x mais potente que Mepi,Lido e Prilo; Maior toxicidade que demais AL amida, pode causar cardiotoxicidade, depressão CV (altas doses); mais indicado para gestantes, primeira opção, devido ser uma molécula grande que vai ficar concentrada na mãe e não atravessa a barreira placentária. Mas na prática uso a Lido mais Adrenalina porque é mais fácil de achar. Início de ação (período de latência) prolongado - até 10 min. Indicada em procedimentos longos, para controle de dor pós operatória imediata até que o analgésico que eu prescrevi faça efeito. Pouco usada para odontopediatria, para não ficar mordendo o lábio. Só 0,5%!! Muito potente!!! Farmacologia dos vasoconstritores e cálculo de dose máxima de anestésicos locais Vasoconstritores são responsáveis por diminuir a absorção do AL, prolongar a duração da anestesia, diminuir a toxicidade do AL e hemostasia. Prolonga o contato do AL com a fibra neuronal. Mais usados: Os quatro primeiros são aminas simpatomiméticas, parentes da adrenalina que vão se ligar a receptores adrenérgicos. Adrenalina é neurotransmissor endógeno. Felipressina atua sobre vênulas, análogo a vasopressina. Os três primeiros são catecolamínicos, pois têm o anel catecol. Adrenalina 6 CirurgiaOral I Larissa Galdino a1 - receptores nos vasos; B - coração e pulmão; Em odonto: 1/100.000 e 1/200.000. Usamos mais de 1/100.000, a 1/50.000 é muito concentrada. Noradrenalina desenvolvida para evitar efeitos colaterais em receptores B. Vasoconstrição demorada, isquemia. Não há vantagens em se usar ela em prioridade de adrenalina. Levonordefrina Muito forte, aumenta risco de toxicidade. Fenilefrina Felipressina Em um tubete temos AL, vasoconstritor, preservador de vasoconstritor, antibacteriano (preserv. al) e o veículo de água bidestilada lembrando que adrenérgicos: adrenalina, nora, levonordefrina e fenilefrina. 7 Cirurgia Oral I Larissa Galdino obs.: não confundir alergia (pálpebra inchada…) com reação adrenérgica (suor, ansiedade…) Antibacteriano: Usar tubete de cristal, que não tem metilparabeno. Reações adversas graves são raras e podem acontecer em pacientes hipertensos, cardiopatas, hipertireoidismo. Preciso me preocupar se estou injetando intravascular. Se acontecer, efeitos adversos: aumento brusco da P.A, arritmias, AVE hemorrágico. Para segurança a injeção deve ser lenta 1 tubete/1,5 min. e devo fazer aspiração prévia. Como vemos, é mais perigoso o paciente ter estresse. A adrenalina endógena secretada em situações de estresse é mais nociva que a quantidade de vasoconstritor em um tubete; o uso do vasoconstritor prolonga e potencializa o efeito anestésico, minimizando a dor, estresse e secreção endógena de adrenalina. Ex.: ASA3 e ASA4 mando para um ambiente hospitalar, a menos que seja uma emergência. Então, para o paciente ASA 3 e 4 a dose máxima é de 2 tubetes. E se a concentração for de 1/200.000, 4 tubetes. Para ASA 1 e 2 - máx 11 tubetes Restrições relativas ao uso de adrenalina: geralmente são atendidos em hospital: 8 Cirurgia Oral I Larissa Galdino MAO - antidepressivos Alternativas: prilocaína 3% com felipressina ou Mepivacaína 3% sem vaso. Obs.: não usa AL sem vaso em cirurgia. obs: Lembra que posso dar 11 tubetes de vasoconstritor, se der 13 vai ter intoxicação. Sempre vale o número menor. Questões para Estudo Dirigido 1. Qual o mecanismo de ação dos anestésicos locais? 2. Quais as características da molécula de um anestésico local? Qual a implicação clínica de um anestésico amino-amida e amino-éster? 3. Qual a influência do pH local na ação dos anestésicos? 4. Qual a influência do pKa da solução anestésica no meio tecidual? 5. Qual a influência da lipossolubilidade da molécula anestésica? 6. Qual a influência da afinidade protéica da molécula anestésica? 7. Como se dá a ação sistêmica do anestésico local? 8. Quais os sinais e sintomas de superdosagem por AL? 9. Quais as características farmacológicas e terapêuticas da Lidocaína? 10. Quais as características farmacológicas e terapêuticas da Mepivacaíma? 11. Quais as características farmacológicas e terapêuticas da Prilocaína? 12. Quais as características farmacológicas e terapêuticas da Articaína? 13. Quais as características farmacológicas e terapêuticas da Bupivacaína? 14. Qual a função da adição de um vasoconstritor na solução anestésica? 15. Quais os vasoconstritores utilizados clinicamente em anestesia local odontológica e como são classificados? 16. Qual a importância clínica do preservador do vasoconstritor na anestesia local? 9 Cirurgia Oral I Larissa Galdino 17. Quais as características farmacológicas e terapêuticas da adrenalina? 18. Quais as características farmacológicas e terapêuticas da noradrenalina? 19. Quais as características farmacológicas e terapêuticas da felipressina? 20. Quais as características farmacológicas e terapêuticas da fenilefrina? 21. Quais as características farmacológicas e terapêuticas da levonordefrina? 22. Os vasoconstritores devem ser utilizados em anestesia local em pacientes hipertensos ou sensíveis à adrenalina? Quais cuidados devem ser observados? 23. Qual a dose e quantidade de tubetes de adrenalina nas concentrações e condições clínicas listadas abaixo? Paciente ASA I/ASA II (em mg) Paciente ASA III/ ASA IV (em mg) Número de tubetes Adrenalina 1:100.000 Adrenalina 1:200.000 24. Qual a dose máxima indicada para um paciente adulto, de 70 Kg, saudável das associações AL + vasoconstritor da tabela abaixo? (veja o exemplo) Anestésico Dose Máxima Recomendada (mg/Kg) Dose Máxima Absoluta Número de tubetes Lidocaína 2% + Adrenalina 1:100.000 7mg/Kg 500mg 13 tubetes, porém limitado a 11 em função do vasoconstritor Lidocaína 2% + Adrenalina 1:200.000 7mg/Kg 500mg 13 tubetes Mepivacaína 2% + Adrenalina 1:100.000 Mepivacaína 3% vasoconstritor Bupivacaína 0,5% + adrenalina 1:200.000 Prilocaína 3% + felipressina 0,03UI/ml Articaína 4% + adrenalina 1:100.000 Articaína 4% + adrenalina 1:200.000 25. Dentre as associações AL + VC cite o mais indicado ou o menos (ou contra)-indicado nas situações clínicas citadas abaixo: Gravidez: Doença respiratória grave: Áreas inflamadas: Hepatopatas: Crianças: 10
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