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Tanatologia e Diagnóstico de Morte Tanatologia: é o capítulo da medicina legal que estuda a morte e as suas consequências para o cadáver Tanatognose: é o diagnóstico da morte Cronotanatognose: quando ocorreu a morte do individuo Classificação das alterações cadavéricas (post mortem) Abióticas ou vitais negativas: ↪Imediatas: ocorre logo após a morte, análise dos parâmetros clínicos. • Perda da consciência • Perda da mobilidade voluntaria e do tônus muscular • Cessação dos movimentos respiratórios e dos batimentos cardíacos (silencio auscultatório) • Perda da ação reflexa aos estímulos. Ex: midríase bilateral (não observa movimentação da pupila • Cessação das funções cerebrais (ECG) ↪Consecutivas: ocorre em consequência da morte • Desidratação: ➢ Depende de: ❖ Ação da gravidade: uma vez que ele está em decúbito, e por ação da gravidade os líquidos se depositam na parte mais baixa do cadáver,. Então a parte superior vai desidratar mais rapidamente devido a exposição. ❖ Temperatura e umidade ➢ É muito evidente na pele e no globo ocular ➢ Diminuição do volume com aparente “crescimento” de unhas e pelos ➢ Decréscimo de massa (peso) ➢ Pergaminhamento da pele: pele fica seca, dura e enrugada ➢ Dessecamento das mucosas • Resfriamento (Algor mortis): ➢ Depende de: ❖ Período agônico: período de redução de metabolismo em que o paciente não consegue manter a temperatura corporal ❖ Temperatura ambiente ❖ Estado nutricional: animais mais magros perdem calor mais rápido para o ambiente do que os obesos ❖ Tamanho do animal: quanto maior mais demora a perder calor ❖ Doença que causou a morte: caso a doença cause febre (hipertermia) o animal vai demorar para resfriar. ❖ Contato com corpos condutores de calor: no piso, na agua resfria mais rápido do que se o animal estiver sobre sofá, cama, piso de madeira. ❖ Idade: animal mais jovem resfria mais rapidamente porque o volume é menor e os animais mais velhos resfriam rapidamente devido ao metabolismo mais baixo. ➢ Resfriamento do corpo: lento nas 3 primeiras horas, rápido nas 6 horas seguintes e nas ultimas horas volta a ser lento. ➢ A temperatura é aferida na boca, axilas, reto, vísceras (fígado). • Rigidez cadavérica (Rigor mortis): parâmetro muito variável, geralmente início a partir da 3ª hora e tem duração de 1 a 2 dias. Desaparece na mesma ordem que apareceu. ➢ A rigidez muscular aparece 2-3 horas após a morte em: coração → pálpebras → diafragma → músculos da cabeça → região cervical → membros anteriores → tronco → membros posteriores → cauda ➢ Após 24 horas inicia o desaparecimento da rigidez na mesma ordem que ela apareceu. ➢ Classificação do Rigor mortis: ❖ Fulgaz/incompleto: doenças septicêmicas, morte por asfixia, estado nutricional (caquexia) ❖ Intenso: morte violenta (abate/caça); tétano; intoxicação por estricnina. ➢ O rigor mortis ocorre devido a presença dos filamentos de actina e miosina nas fibras musculares, uma vez que ocorre a ligação entre elas e não terá mais o ATP para desfazer essa contração. A célula consome o glicogênio de forma anaeróbica e produz pouco ATP e lactato (promove acidificação do citoplasma e leva a liberação das enzimas lisossomais) • Livor mortis (fase das manchas cadavéricas): ➢ Mucosas e pele apresentam tonalidade branco-acizentada ou branco “sujo” nas partes mais altas do cadáver. ➢ Nas partes do corpo em contato com superfícies aparecem manchas inicialmente róseas ou arroxeadas, significando que tem mais sangue nessa região. ➢ Hipostase: nas áreas de decúbito, respeitando as áreas de contato, pressão ou dobras (viscerais ou cutâneas). É resultado da deposição do sangue, ruptura das hemácias e degradação da hemoglobina. Essa deposição vai se iniciar logo após a morte do indivíduo, ficando evidente de 2 a 3 horas. ➢ Fixação de hipóstase: de 6 a 8 horas após o inicio da hipóstase. Ao realizar pressão digital e ela continuar, significa que o cadáver morreu nessa posição há cerca de 6 horas, pois o sangue não conseguiu se depositar nessa região devido a pressão ao local que o corpo estava posicionado. • Coagulação do sangue: é uma superfície lisa e brilhante, são elásticos, facilmente destacáveis. ➢ Tipos de coágulos: ❖ Coágulos cruóricos: coagulo vermelho ❖ Coágulos lardáceos: coágulo branco ❖ Coágulos mistos: coágulo é mistura do cruorico e lardaceo ➢ A coagulação post mortem normalmente observa coágulos vermelhos nos átrios, no ventrículo direito e nos grandes vasos da base do coração. Não tem no ventrículo esquerdo, pois devido a sua alta contração ele consegue expulsar todo o sangue presente na sua luz, ou seja, caso aja coagulo nele é um indicativo de miopatia. ➢ Os coágulos lardaceos formam-se em animais com anemia ou após períodos de agonia prolongada. ➢ Equinos geralmente tem coágulos lardáceos devido ao alto índice de sedimentação, pis as células do sangue dele sedimentam facilmente. ➢ Embebição post mortem de hemoglobina: coloração avermelhada difusa do endocárdio e epicárdio (aspecto de hemorragia). Transformativas: ↪Destrutivas: autólise, putrefação e maceração • Autólise: ocorre como resultado da digestão enzimática de células e tecidos. Tecidos susceptíveis (pois as células tem grande quantidade de enzimas): adrenais, mucosa do trato gastrointestinal, pâncreas, fígado, rins (epitélios especializados), SNC. • Putrefação: invasão do cadáver pelas bactérias saprófitas (bactérias que já habitam o corpo do indivíduo, principalmente no TGI), se inicia logo depois do desaparecimento da rigidez cadavérica. ➢ Fases da putrefação: ❖ Período cromático: quando as manchas cadavéricas se tornam mais pronunciadas ❖ Período gasoso: as bactérias são fermentativas que produzem gás durante o processo. ❖ Período coliquativo (dissolução): saída de líquidos pelas cavidades. ❖ Período de esqueletização: somente sobra osso. ➢ Aparecimento das manchas de putrefação: embebição pela hemoglobina (tinge os tecidos vermelho/vinho), embebição biliar (amarelo/verde), sulfometahemoglobina (verde/azul/preto). ❖ Sinal de inicio de putrefação, evidente de 16 a 18 horas e decorrente de ação microbiana. ❖ Mais precoces nos idosos (pele mais fina), fetos e afogados (principalmente ocorre no tórax, pois entre agua no pulmão com bactérias) ➢ Odor putrefativo: é o odor cadavérico, possui fermentação butírica (decomposição de gorduras), fermentação caseica (começa a decomposição de proteínas), fermentação amoniacal (liquefação de proteínas remanescentes). • Maceração: é um processo que ocorre em ambientes úmidos e quentes, é a destruição do cadáver em meio liquido. ➢ Comum nos fetos e nos afogados com formação de bolhas de conteúdo liquido e pardacento ➢ Observa-se no cadáver o destacamento de amplos fragmentos de pele e outros tecidos ➢ O corpo perde a consistência inicial, e os ossos se livram dos tecidos ➢ O que sobra é um liquido marrom. ↪Conservadoras: o cadáver fica preservado, tendo a mumificação, calcificação e saponificação. • Calcificação: ocorre nos fetos mortos e retidos na cavidade uterina. • Mumificação/dessecação: processo pelo qualquer cadáver cujos tecidos moles, em vez de se decomporem pela putrefação, endurecem pela dessecação. ➢ Natural: quando o cadáver está em ambiente seco e ventilado e quente, ocorrendo desidratação mais rápido do que as bactérias podem proliferar, assim preservando ➢ Artificial: requer processo especializado com formol e embalsamamento.
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