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Introdução à neurologia

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Prévia do material em texto

1.1.1.1 
INTRODUÇÃO À NEUROLOGIA 
 
 
 
 
Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma 
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou 
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
RESUMO DA UNIDADE 
 
Esta unidade analisará os princípios básicos do sistema nervoso e a apresentação 
de algumas de suas partes mais importantes ligadas ao processamento e o 
funcionamento cerebral. Apresentar noções de anatomia cerebral e suas correlações 
funcionais permitem um entendimento mais aprofundado dos quadros neurológicos 
e psiquiátricos que são mais predominantes na clínica neuropsicopedagógica. 
Entender particularidades e as sutilezas relacionadas ao neurodesenvolvimento 
permitem uma melhor compreensão dos fenômenos psíquicos e do entendimento 
das formas de comunicação neuronal. Após esses conhecimentos, o profissional 
terá um olhar mais refinado e criterioso referente a observação mais acurada de 
comportamentos ditos normais ou aqueles desviantes da norma e poder assim, 
entender a semiologia dos transtornos e da epidemiologia. 
 
Palavras chave: anatomia funcional sistema nervoso; nervos cranianos; funções e 
estruturas neuronais; epidemiologia e semiologia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma 
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou 
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
SUMÁRIO 
RESUMO DA UNIDADE ............................................................................................. 2 
APRESENTAÇÃO DO MÓDULO ............................................................................... 4 
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO A NEUROLOGIA BÉSICA........................................ 5 
1.1 NEUROLOGIA GERAL .................................................................................. 5 
1.2 FUNÇÕES E ESTRUTURAS NEURONAIS ................................................... 7 
1.2.1 Atividade elétrica dos neurônios .................................................................... 9 
1.2.2 Sinapses ...................................................................................................... 10 
1.2.3 Neurotransmissores ..................................................................................... 11 
1.3 FORMAS DE ABORDAGEM DA COGNIÇÃO HUMANA ............................. 12 
1.3.1 Psicologia cognitiva ...................................................................................... 13 
1.3.2 Neuropsicologia cognitiva ............................................................................ 16 
1.3.3 Neurociência cognitiva ................................................................................. 17 
1.4 INTRODUÇÃO PARA AS TÉCNICAS PARA O ESTUDO DO CÉREBRO .. 17 
1.5 CIÊNCIA COMPUTACIONAL COGNITIVA .................................................. 20 
CAPITULO 02 - ANATOMIA CEREBRAL ................................................................ 22 
2.1 DIVISÃO DO SISTEMA NERVOSO ............................................................. 22 
2.2 ANATOMIA FUNCIONAL DO CÓRTEX CEREBRAL .................................. 23 
2.2.1 Aspectos filogenéticos do sistema nervoso .................................................. 23 
2.3 ANATOMIA DO TELENCÉFALO ................................................................. 25 
2.3.1 Bulbo ............................................................................................................ 27 
2.3.2 Ponte ............................................................................................................ 28 
2.3.3 Mesencéfalo ................................................................................................. 29 
2.3.4 Cerebelo ....................................................................................................... 29 
2.4 NERVOS CRANIANOS ................................................................................ 33 
2.5 ÁREAS FUNCIONAIS DO CÓRTEX CEREBRAL ....................................... 36 
CAPÍTULO 03 - SEMIOLOGIA NEUROPSIQUIÁTRICA ......................................... 39 
3.1 SEMIOLOGIA CONCEITOS INTRODUTÓRIOS ......................................... 39 
3.2 DIVISÕES DA SEMIOLOGIA ....................................................................... 43 
3.3 EPIDEMIOLOGIA DOS TRANSTORNOS .................................................... 46 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 54 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 56 
 
4 
 
 
 
Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma 
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou 
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
APRESENTAÇÃO DO MÓDULO 
 
Nesse trabalho, será realizada a apresentação de questões relevantes para 
que o profissional da neuropsicopedagogia possa adquirir habilidades específicas 
dessa área, refinar seu olhar clínico e ter um maior embasamento teórico para 
propor suas intervenções e desenvolver competências de entendimento dos 
processos cognitivos que englobam o raciocínio e a transmissão de informações via 
corticais. 
Inicialmente são apresentados alguns aspectos básicos de neurologia geral, 
com destaque para o funcionamento do sistema nervoso, das partes constitutivas 
desse sistema e das funções mais nobres de algumas reais mais relevantes para o 
bom funcionamento cognitivo. 
Na segunda parte são apontadas as estruturas da anatomia geral do sistema 
nervoso. Demonstrando como se dá divisão e subdivisões do sistema nervoso, bem 
como as suas correlações com partes cerebrais responsáveis pelas funções nobres 
do raciocínio humano. São mostrados os aspectos filogenéticos do sistema nervoso 
e explicitadas as formas com que o organismo orquestra os estímulos externos e 
internos para promover conhecimento. Nessa parte, os nervos cranianos têm um 
destaque mais relevante, pois, são por meio deles que o corpo faz o processamento 
das informações advindas dos mundos externo e interno. 
Finalmente abordamos a semiologia neuropsicológica e seu papel na coleta de 
dados relevantes à promoção do entendimento mais abrangente, dos sinais e 
sintomas presentes nos mais variados transtornos neuropsicológicos. De forma bem 
sucinta são apresentados alguns tópicos da epidemiologia clínica e suas 
particularidades. 
 
 
 
 
 
5 
 
 
 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO A NEUROLOGIA BÉSICA 
 
1.1 NEUROLOGIA GERAL 
 
Vivemos em um mundo de constantes transformações e marcado por avanços 
nas mais variadas áreas do conhecimento humano. Atualmente somos capazes de 
realizar façanhas que há 50 anos atrás eram apenas especulações, ou da 
criatividade exposta nos filmes de ficção. Isso pode, no mínimo, nos levantar 
algumas inquietações: O que nos aguarda em desenvolvimentos daqui há mais 50 
anos, tendo como base as grandes descobertas do homem? Todavia, alguns outros 
questionamentos, atémais relevantes, deveriam ser outra natureza: como 
conseguimos chegar a este avanço tecnológico e de conhecimento? 
A biologia, a neurologia, a pedagogia, a psicologia vêm produzindo um vasto 
número de publicações científicas que, de certa forma, se inter-relacionam e 
respondem a alguns dos questionamentos anteriores. Produzimos muita informação 
que nos permitiu avançar tecnologicamente. Entretanto, a produção dessas 
informações, na verdade, abriram ainda mais o leque para o conhecimento, mas ao 
mesmo tempo, nos tornaram cientes de que muito desconhecemos do que 
deveríamos conhecer, sobre como conseguimos realizar nossos feitos mais 
grandiosos. 
Inicialmente vamos refletir: como nós sabemos o que sabemos? Onde estão 
localizados nossos conhecimentos? Conhecemos algum ser vivo sem sistema 
nervoso que é capaz de aprender? 
Sternberg (2008) conta que uma antiga lenda indiana apresenta a figura 
mitológica de “Sita”. Ela era casada com um homem, mas que nutria afeição por 
outro. Os dois homens se enfrentaram e, com um golpe de espada sincronizado, 
ambos se decapitaram. Sita muito entristecida pela dupla perda, reza a Kali (Deus 
da vida), para que os traga de novo à vida. Seu pedido foi atendido, porém, com 
pressa para que retornassem a vida, Sita troca as cabeças dos seus dois amores. E 
a partir daí vive com uma constante dúvida, quem era quem? Um possuindo a 
cabeça do outro, ou seja, um corpo com outra mente. Ela nunca mais teve como 
saber com quem estava. 
6 
 
 
 
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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou 
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
Assim sendo, questões que envolvem a mente e o corpo já há muito tempo 
instigam as ciências e a filosofia. Levantando questionamentos sobre: como se dá a 
interação entre corpo e à mente? Como somos capazes de pensar, falar, lembrar 
que falamos, o que pensamos? Quais são as bases físicas de nossas capacidades 
cognitivas1? O grande número de questionamentos apresentado anteriormente 
evidencia que muitas respostas estão sendo buscadas por muitos pesquisadores 
para entender o desenvolvimento humano. E você agora é convidado a se debruçar 
sobre estas dúvidas e ser mais um agente pesquisador e produtor de material 
científico, sobre como a mente funciona e quais são as suas bases biológicas. 
Segundo Eysenk (2017), estamos no terceiro milênio, e cada vez mais se 
multiplica a produção científica sobre os mistérios do cérebro e da mente humana. É 
impressionante a quantidade de dados que já se tem acesso sobre o cérebro 
humano, porém, ainda há muito a se descobrir. Portanto, o ponto de partida será 
apresentar uma introdução sobre informações básicas sobre o cérebro. 
O cérebro, de acordo com Sternberg (2008, pg.,29), é: 
 
o órgão que controla mais diretamente os pensamentos, as emoções e 
motivações[...] está no topo da hierarquia do corpo, como um chefe, com 
vários outros órgãos respondendo a ele. Contudo, como qualquer bom 
chefe; escuta seus subordinados e é influenciado por ele, que são os 
órgãos do corpo. Dessa forma cérebro é tanto diretivo como reativo. 
 
O veio condutor dessa comunicação entre corpo e cérebro e vice versa se dá 
pelo Sistema Nervoso (SN). Ele é a base da aptidão para perceber, adaptar e 
interagir com o mundo. A base estrutural do SN está sustentada nos – Neurônios- 
que são células neurais individuais, que transmitem sinais elétricos de um local para 
outro do SN. A maior concentração de neurônios está no Neocórtex do cérebro. O 
córtex é a parte associada às cognições mais complexas (responsável pela 
capacidade para aprender conceitos, símbolos e concatenar ideias novas com 
outras já aprendidas). Sabe-se hoje que o homem possui em torno de cem bilhões 
de neurônios. Sua organização tende a ser similar a uma rede interligada, trocando 
informações e promovendo uma diferenciada gama de processamento de 
informações (Sternberg, 2008). 
 
1
processos internos envolvidos em extrair sentido do ambiente e tomada de decisão de forma 
apropriada. 
7 
 
 
 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
 
SAIBA MAIS! 
LENT, Roberto. Cem bilhões de neurônios: conceitos fundamentais de 
neurociência. In: Cem bilhões de neurônios: conceitos fundamentais de 
neurociência. 2° Ed Atheneu, RJ. 2004. 
 
1.2 FUNÇÕES E ESTRUTURAS NEURONAIS 
 
Os neurônios possuem variações em sua estrutura, mas basicamente possuem 
quatro partes, como ilustrado na figura 1: 
 
Figura 1 – Diagrama representativo de um neurônio. As setas vermelhas representam a 
propagação do impulso nervoso pela célula neural 
 
Fonte: Bonfim, (s/d) 
 
Neste diagrama do neurônio é demonstrada a forma de condução das 
informações, do ponto de vista neuronal. Quanto as suas partes e funções, observe 
abaixo: 
- Núcleo celular neurônio (chamado também por soma), é composto pelo 
núcleo e citoplasma (membrana que envolve a célula). Ele realiza as funções 
metabólicas, promove a síntese proteica e reprodutiva da célula. O núcleo mantém a 
vida do neurônio e faz a ligação entre os dendritos e as terminações axonais. 
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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou 
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
O citoplasma do corpo celular recebe também o nome de pericário. O corpo 
celular é o centro metabólico do neurônio, responsável pela síntese de todas as 
proteínas neuronais, assim como pelos processos de degeneração e renovação das 
partes das células. A forma e o tamanho do corpo celular são extremamente 
variáveis conforme o tipo do neurônio (Machado, 2014). 
 
IMPORTANTE! 
 O veio condutor da comunicação entre corpo e cérebro e vice versa se dá pelo 
Sistema Nervoso (SN). Ele é a base de nossa aptidão para perceber, adaptar e 
interagir com o mundo a nossa volta. A base estrutural do SN está sustentada nos – 
Neurônios- que são células neurais individuais que transmitem sinais elétricos de 
um local para outro do SN. 
 
Do corpo celular partem os prolongamentos neuronais (dendritos e axônio, 
vistos a seguir) e são os locais de recepção de estímulos através de contatos 
sinápticos, conforme será discutido no item 1.1.3 (ver abaixo). 
- Dendritos: 
De acordo com Machado e Haertel (2014) os dendritos ramificam-se 
abundantemente semelhante a uma raiz de uma árvore. Todavia são bem mais 
curtos que o axônio. Dendritos tem a especialização de receber estímulos e os 
propagar ao corpo do neurônio. Na estrutura do dendrito destacamos as espinhas 
dendríticas, elas correspondem a uma expansão da membrana plasmática do 
neurônio. Pesquisas evidenciaram que o número das espinhas dendríticas em 
algumas áreas do cérebro aumentam em relação a estímulos do ambiente; em 
modelo animais mostraram que ambientes com riqueza de cores e estímulos 
causavam alteração na morfologia dos dendritos, o que ocasionava uma maior 
capacidade do neurônio de fazer conexões e realizar aprendizado. Dados em 
microscopia do neurônio mostraram o desaparecimento e o aparecimento de 
espinhas dendríticas no neurônio refletindo sobre as sinapses em algumasregiões 
do cérebro. Tais evidências apontam que “o ambiente pode modificar sinapses do 
SNC, demonstrando sua plasticidade, que pode estar relacionada a memória e ao 
aprendizado” (Machado & Haertel, 2014). Estudos têm mostrado que em crianças 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
com déficits intelectuais como na Síndrome de Down existe uma redução no número 
das espinhas dendríticas, daí a importância da estimulação precoce para aumentar a 
reserva cognitiva dessas crianças (Machado & Haertel, 2014). 
- Axônio 
De acordo com Machado e Haertel (2014), a maioria dos neurônios possui um 
prolongamento longo e fino, que emerge do corpo do neurônio. Os axônios 
apresentam uma grande variedade de tamanhos, que pode variar de milímetros a 
metros de comprimento – basta pensar que, para sentirmos dor no dedo do pé 
existem fibras de axônios que partem do cérebro a chegam ao pé, e mandam 
informações do pé ao cérebro para executar algum comportamento-. O axônio após 
emitir seus colaterais, geralmente sofre uma arborização nos terminais axonais, 
ampliando sua capacidade de emitir informações para vários neurônios. 
 
FIQUE ATENTO! 
Organelas celulares 
- Pericário comumente chamado de corpo celular ou soma é a parte mais abundante 
do córtex cerebral. Nele se encontra o núcleo e demais organelas celulares como os 
- Ribossomas envolvidos na síntese enzimática e responsável pela síntese das 
proteínas da célula. 
- Mitocondrias realizam a respiração celular (entrada de O² e saída de CO²), utilizam 
o oxigênio e a glicose transformando em energia em forma de ATP (trifosfato de 
adenosina) que é devolvido para a célula. 
Para saber mais sobre esse assunto, acesse: MOREIRA, Catarina. Modelo 
Endossimbiótico. Revista de Ciência Elementar, v. 3, n. 3, 2015. 
 
1.2.1 Atividade elétrica dos neurônios 
A membrana celular faz a distinção entre dois ambientes celulares (interno e 
externo) e apresenta composições de íons próprios: no ambiente intracelular 
(citoplasma) existe uma predominância de íons com carga negativas; já o ambiente 
extracelular as cargas são positivas. Cargas intra e extracelular da membrana são 
responsáveis pelo estabelecimento do potencial elétrico neuronal. O movimento dos 
íons, para dentro e fora da membrana celular permitem a ativação neuronal. Ou 
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seja, a entrada de íon positivo dentro da célula e saída de íons negativos para fora 
e, posteriormente, sua reversão, fazendo como um movimento de onda pelo corpo 
do neurônio e o axônio. Essas alterações são denominadas fenômenos de 
despolarização e hiperpolarização celular. A despolarização é sempre excitatória e 
em termos gerais, significa o aumento de carga negativa no citoplasma da 
membrana celular. Já a hiperpolarização é fruto de uma ação inibitória, e significa 
um aumento da carga negativa no lado de dentro da célula, ou o aumento da carga 
positiva do lado de fora da célula (Machado & Haertel, 2014). 
 
SAIBA MAIS! 
De acordo com Moreira (2013), o potencial de ação neuronal é caracterizado por 
uma rápida alteração do potencial elétrico do neurônio. De forma mais significativa 
a mudança na concentração de íons de Na (Sódio) e K (potássio) dentro e fora da 
membrana celular. 
Ver na íntegra: MOREIRA, Catarina. Neurónio. Revista de Ciência Elementar, v. 1, 
n. 1, 2013. 
 
O axônio é portanto especializado em conduzir o potencial de ação na célula. 
Cabe ressaltar ainda que no SNC existem canais iônicos sensíveis a: potencial 
elétrico no neurônio, a neurotransmissores ou estímulos mecânicos, assim como de 
distensão e pressão, dentre outros (Machado & Haretel, 2014). 
 
1.2.2 Sinapses 
Os neurônios entram em contato com outros neurônios, passando-lhes e 
recebendo informações, principalmente pelos terminais axonais, sem que haja um 
contato direto entre eles. Os locais de troca dessas informações é denominado de 
sinapseinterneural. No sistema nervoso periférico, os terminais axonais podem 
também relacionar-se com células não neurais, com células musculares controlando 
suas funções. Quanto à tipificação, as sinapses podem ser elétricas ou químicas 
(Machado & Haertel, 2014). 
 
 
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FIQUE ATENTO! 
Nas sinapses elétricas existe a comunicação iônica, através do canais iônicos 
concentrados em cada uma das membranas em contato. Esses canais são 
projetados no espeço intercelular, de modo a estabelecer comunicações 
intercelulares, que permitem a passagem direta de moléculas pequenas, como os 
íons do citoplasma de uma célula para outras. Elas acontecem por exemplo, no 
centro respiratório situado no bulbo, e permitem o disparo de forma sincronizada 
dos neurônios desse local, responsáveis pela respiração ritmada. 
Já as sinapses químicas são a maioria em vertebradas, a comunicação intercelular 
depende da liberação de substâncias químicas chamadas de neurotransmissores. 
 
1.2.3 Neurotransmissores 
 
Acreditava-se até pouco tempo atrás que cada neurônio sintetizasse apenas 
um tipo específico de neurotransmissor. Atualmente já se sabe que não ocorre 
especialização de neurotransmissores, ou seja, um único neurônio é capaz de 
sintetizar vários tipos de neurotransmissores. Os neurotransmissores são os 
responsáveis pelas sinapses químicas. A sinapse química ocorre via polarização 
celular, ou seja, possui neurotransmissores apenas em um dos lados da 
comunicação, nos terminais axonais entre os neurônios que são ativados, nesse 
caso, ele é chamado de elemento pré-sináptico. O neurotransmissor é sintetizado no 
neurônio e fica armazenado nas vesículas sinápticas e liberado na fenda sináptica 
de acordo com o tipo de informação a ser efetuada (Machado & Haretel, 2014). 
 
IMPORTANTE! 
Por muito tempo, a ciência tinha o entendimento que as vesículas sinápticas eram 
produzidas apenas no pericárdio, sendo posteriormente levadas até as terminações 
axonais, por meio do fluxo axoplasmático. Porém, na atualidade já se tem ciência de 
que em algumas situações, elas podem ser produzidas na própria terminação 
axônica a partir do reticulo endoplasmático (Machado & Haertel, 2014). 
 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
Para que haja uma perfeita comunicação neuronal via sinapses, é necessário 
que o neurotransmissor seja rapidamente retirado da fenda sináptica. Do contrário, 
aconteceria a excitação ou inibição da membrana por um tempo mais que o 
necessário, podendo gerar impactos negativos no processo de adaptação a 
demandas variadas. A degradação do neurotransmissor excedente na sinapse, pode 
ser feita por ação de enzimas,como por exemplo a monoamina-oxidase -MAO- 
(utilizada em alguns medicamente antidepressivos para o tratamento de alguns tipos 
de depressão) no passado eram prescritas medicações que realizavam a inibição da 
MAO, permitindo que o neurotransmissor ficasse mais tempo na fenda sináptica e 
pudesse ser assimilado pelo canal pós-sináptico, o que gerava a melhoria do humor. 
Todavia, tais medicações inibidoras da monoamino-oxidase IMAO causavam muitos 
efeitos colaterais, atualmente, é raramente prescrito IMAO para tratamento da 
depressão, pois, existem vários outros tipos de medicações que agem de outras 
formas e com menor intensidade de efeitos colaterais (Machado & Haertel, 2014). 
 
FIQUE ATENTO! 
Para que haja uma perfeita comunicação neuronal via sinapses, é necessário que 
o neurotransmissor seja rapidamente retirado da fenda sináptica. Do contrário, 
aconteceria a excitação ou inibição da membrana por um tempo mais que o 
necessário podendo gerar impactos negativos no processo de adaptação a 
demandas variadas. 
 
1.3 FORMAS DE ABORDAGEM DA COGNIÇÃO HUMANA 
 
É admirável que a abordagem cognitiva esteja sendo cada vez mais relevante 
no campo das ciências. Nessa área, é reconhecido que os processos cognitivos 
exercem um papel relevante para a compreensão do desenvolvimento e na 
abordagem de transtornos, das mais variadas áreas do saber, ligados à 
comunicação social. Os processos cognitivos são mecanismos internos existentes 
para extrair significado do ambiente e determinar qual ação é a mais apropriada para 
um determinado contexto, dentre esses processos destacamos a atenção, a 
percepção, a aprendizagem, a memória, a tomada de decisão, o raciocínio e o 
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pensamento. Um ponto relevante sobre o psiquismo relacionado à cognição diz 
respeito às neurociências. Ela é uma ciência que busca analisar o comportamento 
das pessoas enquanto executam tarefas cognitivas. Nessa perspectiva, o termo 
cognição passa a ser entendido de forma bem abrangente, incluindo a atividade, a 
estrutura cerebral que entra em atividade, na tentativa de compreender a cognição 
humana (Eysenck & Keane, 2017). 
É relevante frisar que os objetivos dos neurocientistas são bem próximos aos 
dos psicólogos cognitivos. Dessa forma, como apontam Eysenck e Keane (2017): 
 
Os neurocientistas cognitivos defendem de forma convincente que 
precisamos estudar o cérebro, bem como o comportamento, enquanto as 
pessoas estão envolvidas em tarefas cognitivas. Afinal de contas, os 
processos internos envolvidos na cognição humana ocorrem no cérebro. 
 
Assim sendo, os neurocientistas cognitivos utilizam vários recursos 
tecnológicos, de diferentes formas, para entender a cognição humana, que pode ser 
pela: Ressonância Magnética Funcional RNMf, a Eletroencefalografia EEG ou o 
estudo das lesões cerebrais na cognição humana. Acredita-se que os padrões de 
prejuízos demonstrados por pacientes com lesões em áreas cerebrais podem ajudar 
a entender o funcionamento cerebral normal. Existem hoje, predominantemente, 
quatro grandes abordagens principais no estudos da cognição, que são a psicologia 
cognitiva; a neuropsicologia cognitiva; a neurociência cognitiva e a ciência cognitiva 
computacional (ver próximo capítulo) (Eysenck & Keane, 2017). 
 
1.3.1 Psicologia cognitiva 
Segundo Eysenck e Keane (2017), no ano de 1956 no Massachusetts Institute 
of Tecnology – MIT-, grandes expoentes da ciência cognitiva fizeram exposição 
muito importante sobre a cognição e deram start para o entendimento da mente 
humana correlacionada com o modelo computacional. George Miller, falando sobre o 
extraordinário número sete (ligado a memória operacional), bem como, Newell e 
Simon (ver Newellet al, 1958) apresentando o General Problem Solver (solucionador 
geral de problemas). Nesse encontro, deu início a tentativa sistemática de 
compreender o processo de formação de conceitos, partindo de uma perspectiva 
cognitiva. 
14 
 
 
 
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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou 
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
Eysenk e Keane (2017) ressaltam que um grande efetivo de psicólogos 
cognitivos adotou o entendimento do processamento de informação, a partir de uma 
analogia entre: mente e computador. A mente funcionando de forma similar ao 
software e o corpo o hardware. Nessa visão, um estímulo que poderia ser um evento 
ambiental, um problema ou uma tarefa, é apresentado ao cérebro; isso 
desencadearia determinados processos cognitivos na busca pela tradução ou 
percepção acurada do estímulo e, consequentemente, o processamento de ideias e 
a tomada de decisão. Veja abaixo uma versão inicial da abordagem do 
processamento de informação: 
 
Figura 02 – Processamento de informação 
 
 
 
 
Fonte: Eysenck e Keane, (2017 pg. 02) 
 
Um estímulo ativa fenômenos atencionais, que carecem de ser interpretados 
via percepção e processamento de pensamentos, emoções ou modelos mentais, e 
promove a tomada de decisão, sobre qual a resposta ou ação é a mais adequada 
àqueles determinados estímulos. 
Sternberg (2008) ressalta que “a atenção é o meio no qual processamos 
ativamente uma quantidade limitada de informação, a partir da enorme quantidade 
disponível”. Sternberg (2008), por meio dos nossos órgãos do sentido, bem como 
das memórias armazenadas que nos permitem decodificar o que são os objetos ou 
pensamentos que povoam as mentes. A atenção também sofre impacto dos nossos 
processos cognitivos, tanto básicos quanto superiores. Nossa capacidade de manter 
atenção focada, determina o grau de competência com que realizamos tarefas 
como: é feito a compreensão de ideias, símbolos e metáforas, o que tem forte 
impacto sobre nosso aprendizado, bem como no aprimoramento da memória. Ela 
permite a percepção das emoções e o porquê das mesmas estarem como estão, e 
Estímulo Resposta ou ação 
Atenção Percepção 
processamen
to de 
pensamentos 
decisão 
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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou 
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
não de outra forma; por exemplo, ao ficar com raiva de alguém, podemos perceber a 
emoção raiva e dar um significado ou razão para sentir essa emoção negativa. 
Para Eysenck e Keane (2017) seguindo o esquema apresentado 
anteriormente, o processamento cognitivo pode se dar de diferentes formas com 
algumas peculiaridades muito relevantes: 
- Processamento Botton-up (baixo para cima), um tipo de processamento 
acionado diretamente pela emissão de estímulos. Possui uma dimensão mais pré-
consciente, pois, os seus conteúdos codificados são considerados automáticos ou 
melhor dizendo, proceduralizados (estado que muda de um estado de consciência 
para o automático, poupando energia no processamento de informações). Algumas 
de suas características são: opera em milissegundos, de forma muito veloz, pois, o 
sujeito já tem “modelo mental” esquematizado e, portanto, não precisa perder tempo 
com o que já é conhecido (ainda que de forma não assertiva). Alguns teóricos 
apontam que existe uma certa conotaçãointuitiva sobre as coisas, o que contribui 
para fazer nossas rotinas habituais, com pouco desgaste de energia e, de certa 
forma, guia nossas ações. 
- Processamento serial: A literatura sugere que ele ocorra somente um 
processo por vez em determinado momento, ou seja, é um processo serial. Nosso 
cérebro apenas dá conta de uma ideia por vez, ao contrário do que muitos pensam 
que conseguem fazer muitas coisas ao mesmo tempo. 
- Processamento Top-down (cima para baixo) é um tipo de processamento 
mais complexo, que sofre interferência de vários processos como: das expectativas, 
do conhecimento prévio do sujeito e do histórico de tomada de decisões arquivadas 
na memória. Ele ocorre de forma mais lentificada, pois, exige que o sujeito acesse a 
memória, a atenção e verificar se já existe uma informação válida para ser utilizada 
no instante da apresentação de determinado estímulo. Portanto, ele tem um caráter 
mais voluntário, portanto, exige um esforço para que a informação possa ser 
processada e compreendida corretamente, ou não. Com isso,o homem é capaz de 
aprender novos modelos, fazer novas estratégias de ação, para que posteriormente 
sejam proceduralizadas ou automatizadas, poupando energia. 
 
16 
 
 
 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
1.3.2 Neuropsicologia cognitiva 
Essa corrente teórica possui como objeto de estudo os padrões do 
desempenho cognitivo que se mantém preservado ou deficitário nos sujeitos. Os 
pacientes que buscam esse profissional, normalmente sofreram lesões, ou existe a 
suspeita de alguma disfunção, devido a danos nas estruturas cerebrais (Eysenk & 
Keane, 2017). 
A princípio pode-se achar que o neuspsicólogo tem como objeto de estudo o 
cérebro, todavia esse não é o principal foco, mas sim, de acordo com Collherat 
como citado por Eysenk e Keane,( 2017), “o objetivo principal da neuropsicologia 
cognitiva não é aprender sobre o cérebro. Em vez disso, seu objetivo principal é 
aprender sobre a mente, elucidar a arquitetura funcional da cognição”. 
Vejamos a seguir algumas suposições básicas da neuropsicologia que 
propiciam o entendimento de como se estrutura a mente humana. Para Eysenk e 
Keane (2017), existem alguns aspectos constitutivos da mente que são: 
(I) Modularidade: o sistema cognitivo consiste de vários módulos ou estratégias 
de processamento, que operam de forma mais ou menos independente. Acredita-se 
que exista uma especificidade de domínio, ou seja, estímulos precipitam respostas 
apenas sob determinados domínios, que possuam ligação com alguns esquemas 
cognitivos de reconhecimento; por exemplo, o modo reconhecimento de face é 
acionado apenas quando o estímulo é apresentado, no caso ao estar frente a faces 
conhecidas ou não. 
(II) Modularidade anatômica: cada módulo apresenta uma correlação direta 
com alguma área específica do cérebro; essa ideia encontra alguns opositores, pois, 
alguns pacientes apresentavam a mesma ativação do cérebro ao realizar tarefas 
bem distintas. 
(III) Uniformidade da arquitetura funcional entre as pessoas: por esse conceito 
é possível relacionar áreas e funções, seguindo modelos de entendimento das 
funções corticais; por exemplo, aspecto de reconhecimento de faces está 
relacionado no córtex cerebral, mais precisamente no giro fusiforme em todas as 
pessoas. 
 
17 
 
 
 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
1.3.3 Neurociência cognitiva 
Bullmore e Sporns como citado por Eysenk e Keane (2017) defendem dois 
princípios importantes sobre como se dá a organização cerebral. Para os autores, a 
organização se dá por meio do controle de custos e pelo princípio da eficiência. O 
cérebro busca sempre a redução do gasto de energia para compreender o mundo, 
para tal, ele cria rotas cognitivas, e consolida modelos de entendimento dos 
estímulos que, posteriormente são evocados e, seguindo o princípio da eficiência; 
caso o modelo mostre “resultado satisfatório”, ele será sempre acionado ao menor 
sinal de percepção entre os estímulos semelhantes ao modelo, poupando assim 
energia. 
 
1.4 INTRODUÇÃO PARA AS TÉCNICAS PARA O ESTUDO DO CÉREBRO 
 
Os constantes avanços tecnológicos estão possibilitando cada vez mais a 
compreensão do funcionamento e da estrutura cerebral em sujeitos ainda com vida. 
De acordo com Eysenk e Keane (2017): 
 
Em princípio, podemos descobrir onde e quando ocorrem processos 
cognitivos específicos. Isso nos permite determinar a ordem em que 
diferentes áreas cerebrais se tornam ativas quando alguém realiza uma 
tarefa. Também nos permite descobrir se duas tarefas envolvem as mesmas 
áreas cerebrais da mesma maneira ou se existem diferenças importantes. 
 
Vejamos a seguir algumas das principais técnicas empregadas para o estudo 
do cérebro: 
- Registro de Unidade Isolada: consiste na instalação de um microelétrodo para 
estudar a atividade típica de um neurônio específico. Ela é uma técnica das mais 
minuciosas para estudo neuronal. Todavia é também uma técnica muito invasiva, 
sendo raramente usada em humanos. Utiliza-se esse modelo mais para estudar a 
cognição com modelos animais. 
- Potenciais Relacionados a Eventos (ERPs): nesse experimento existe a 
apresentação de um ou mais estímulos para que o paciente faça alguma 
“correlação” pessoal entre os estímulos. Eletrodos são colocados no couro cabeludo 
para medir a atividade elétrica cerebral acionada, quando estímulos são 
apresentados. Essa técnica permite investigar vários processos cognitivos com uma 
18 
 
 
 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
precisão temporal excelente, apresenta-se o estímulo e a atividade é coletada 
instantaneamente. Todavia esse processo peca em relação à identificação espacial 
da área ativada (qual região cortical realmente foi acionada ao apresentar o 
estímulo). Nessa técnica é avaliado o tempo de reação em média no 
eletroencefalograma EEG que pode ter picos positivos chamados de P300 ou picos 
negativos N400. 
- Tomografia por Emissão de Pósitrons (TEP) Técnica que avalia quais áreas 
realizaram maior gasto de o² frente a algum estímulo. Essa técnica tem uma grande 
vantagem por mostrar o evento com muita precisão temporal e espacial. Ela consiste 
na emissão de um pulso magnético que causa um alinhamento dos prótons, e, 
posteriormente, retornam a sua posição original. Assim, as regiões mais brilhantes 
no cérebro após o pulso, marcam o local de maior gasto de energia. Essa técnica é 
apta a informar apenas sobre a estrutura cerebral e não sobre as funções cerebrais. 
 
IMPORTANTE! 
Ao estudar a relação entre estrutura e função cerebral podemos descobrir onde e 
quando ocorrem processos cognitivos específicos. Isso nos permite determinar a 
ordem em que diferentes áreas cerebrais se tornam ativas quando alguém realiza 
uma tarefa. Também nos permite descobrir se duas tarefas envolvem as mesmas 
áreas cerebrais da mesma maneira ou se existem diferenças importantes. 
 
- Magnetoencefalografia (MEG): técnica utilizada na mensuração doscampos 
magnéticos produzidos pela atividade elétrica cerebral. Fornece informações 
minuciosas em milissegundos sobre o curso temporal dos processos cognitivos, 
porém, sua resolução espacial é parcialmente boa. 
- Estimulação Magnética Transcraniana (TMS): técnica não invasiva que 
consiste em posicionar uma bobina próxima ao crânio do paciente e faz-se a 
emissão de um pulso magnético que inibe o processamento cognitivo na região 
cerebral. Vários estudos têm utilizado essa técnica para tratamento de depressão 
refratária, pois, acredita-se que esse transtorno afete o córtex dorsolateral frontal; os 
resultados, apesar de promissores, ainda não são conclusivos, carecendo de mais 
pesquisa. 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
IMPORTANTE! 
Potencial relacionado a estímulos P300 e N400 de acordo com TSOLAKI, A. et al 
(2015) é uma medida de tempo da atividade elétrica na superfície cerebral 
representando a ativação de uma fase distinta do processamento cognitivo. Eles 
são uma importante ferramenta para estudo dos processos cognitivos, tais como 
recepção e processamento de informações sensoriais. 
P300 
Ele é o mais estudado dos EPRs utilizando o paradigma odball, que consiste em 
um processo de ativação de memória operacional no córtex frontal, que produz um 
pico positivo por um tempo de 300milisegundos. 
N400 
De maneira geral o N400 representa um índice de dificuldade para acionar 
padrões de reconhecimento de relações entre estímulos, imagens ou palavras. 
Portanto, no EEG ao apresentar o estímulo não reconhecido, existe uma demora 
em processar a informação e gera um pico negativo por aproximadamente 400 
milissegundos. 
Para saber mais acesse em: TSOLAKI, A. et al. Brain source localization of MMN, 
P300 and N400: Envelhecimento e diferença de gênero. Brain research, v. 1603, 
p. 32-49, 2015. Acesso em: 02/19 
 
Eysenk e Keane (2017), ao apresentar a TMS ressaltam que: 
 
Essa técnica foi (jocosamente) comparada a bater no cérebro de alguém 
com um martelo. Os efeitos da TMS são frequentemente mais complexos do 
que o sugerido até o momento. De fato, ocorre muitas vezes uma 
interferência porque a área cerebral na qual a TMS é aplicada é envolvida 
no processamento da tarefa, assim como na atividade resultante da 
estimulação da TMS. 
 
A neurociência cognitiva é muito útil quando combinada com outras 
abordagens, pois, fica evidente que existe uma integração e correlação entre as 
atividades cognitivas, em diferentes áreas do cérebro, o que abre espaço para que 
várias ciências possam contribuir para o entendimento do funcionamento cognitivo, 
saberes como da neurologia, da psiquiatria, da psicologia, da pedagogia dentre 
outros (Eysenk & Keane, 2017). 
20 
 
 
 
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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou 
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
1.5 CIÊNCIA COMPUTACIONAL COGNITIVA 
 
Cabe aqui esclarecer a distinção entre inteligência artificial IA e a modelagem 
computacional. A IA de acordo com Eysenk e Keane (2017) “envolve a construção 
de sistemas de computador que produzem resultados inteligentes, mas os 
processos envolvidos podem ter pouca semelhança com os usados pelos seres 
humanos”. Já a modelagem computacional, ainda segundo os autores, diz respeito 
“a programação de computadores para simularem ou imitarem aspectos do 
funcionamento cognitivo humano". 
A maior parte dos modelos computacionais tem como intenção avaliar aspectos 
comportamentais, a partir de experimentos em psicologia cognitiva. Atualmente os 
modelos estão sendo correlacionados com os dados neuropsicológicos. O ponto de 
partida desse modelo é conseguir explicar o desempenho cognitivo em sujeitos 
sadios, ao realizar algumas tarefas específicas. Posteriormente, será possível criar 
modelos computadorizados com “lesões” e permitir investigar quais as alterações 
hipoteticamente iram afetar o processamento cognitivo, e depois realizar a 
comparação com os comportamentos de sujeitos com lesão cerebral (Eysenk & 
Keane, 2017). 
A ciência cognitiva computacional, portanto, apresenta muitas vantagens 
dentre as quais destacamos, conforme aponta Eysenk e Keane (2017): 
(I) Fornece a perspectiva abrangente que possibilita compreender processos 
complexos da cognição. 
(II) Amplificação da possibilidade de fazer correlação entre dados 
comportamentais e de neuroimagem funcional. Neurocientista elaboram um modelo 
específico no computador para estudar o impacto das lesões corticais sobre o 
processamento cognitivo e fazer uma analogia quanto a possíveis alterações 
cognitivas em seres humanos. 
(III) Exige do pesquisador uma maior precisão e adoção de critérios mais 
rigorosos na construção dos modelos para que sejam aplicáveis ao estudo em 
humanos. 
(IV) A possibilidade de fazer uma imagem incremental animada dos processos 
cognitivos. 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
Fica assim evidente a importância da necessidade por aprofundar os estudos 
sobre as tecnologias existentes, que já estão à disposição para o entendimento das 
funções cognitivas. Cabe agora aos profissionais envolvidos na ciência do 
entendimento do funcionamento cerebral, refletir sobre como pode ser mais um 
parceiro na produção de material que traga luz para o entendimento dos impactos 
das alterações cognitivas sobre as crianças, e avaliar a eficiência/eficácia dos 
estímulos expostos em sala de aula e analisaras metodologias de ensino-
aprendizagem atuais. Pois, as crianças serão os novos cientistas que irão se 
desenvolver e trazer mais perguntas e respostas a questões ainda obscuras sobre 
como se dá o processamento de informações corticais. 
 
INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS 
BOMFIM, C. Diferença entre neurônio e nervo. Rev. Original e exclusivo, (s/d). 
Disponível em: https://originaleexclusivo.com.br/diferenca-entre-neuronio-e-nervo/ 
Acesso em: 03/19 
 
EYSENCK, M. W.; KEANE, M T. Abordagens da Cognição humana; in: Manual 
de Psicologia Cognitiva-7. Editora Artmed, Porto Alegre, 2017. 
 
MACHADO, A. BM. Tecido nervoso. In: Neuroanatomia funcional. Ed. Atheneu, 
São Paulo,2014. 
 
MOREIRA, Catarina. Neurónio. Revista de Ciência Elementar, v. 1, n. 1, 2013. 
 
STERNBERG, Robert J.; OSÓRIO, Maria Regina Borges. Neurociência cognitiva; 
in: Psicologia cognitiva. Ed. Artmed Porto Alegre, 2008 
 
TSOLAKI, A. et al. Brain source localization of MMN, P300 and N400: aging and 
gender differences. Brainresearch, v. 1603, p. 32-49, 2015. 
 
 
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CAPITULO 02 - ANATOMIA CEREBRAL 
 
O cérebro humano, sem sombra de dúvida, é o órgão mais extraordinário do 
universo. Pois, o próprio universo é estruturado e compreendido somentepor 
intermédio desse órgão. Estudar então o cérebro é embarcar em uma viajem com 
muita informação sobre suas partes e sua organização. Sabemos que ainda há 
muito a se descobrir sobre ele, então vamos em frente. 
 
2.1 DIVISÃO DO SISTEMA NERVOSO 
 
A apresentação do sistema nervoso aqui será realizada levando em conta 
critérios anatômicos, embriológicos e funcionais. A divisão apresentada por 
Machado e Haertel (2014) é bastante didática e clara: 
 
Figura 03: Divisão do sistema nervoso por critérios anatômicos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Machado e Haertel (2014, pg. 13) 
 
- Sistema nervoso central: está localizado dentro do esqueleto na cavidade 
craniana e no canal vertebral. O cérebro é constituído pelo telencéfalo (que constitui 
os hemisférios cerebrais) e diencéfalo (constitui o tálamo, hipotálamo, epitátalo e 
subtálamo), constitui a porção mais desenvolvida e de maior importância do 
encéfalo. 
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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou 
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
2.2 ANATOMIA FUNCIONAL DO CÓRTEX CEREBRAL 
 
A possibilidade de estudar o funcionamento cortical com o sujeito vivo, sem 
anestesia ou qualquer outro procedimento invasivo é relativamente recente, por 
meio da imagiologia. Isso causou um forte impacto na neuroanatomia funcional, 
pois, processos completamente desconhecidos e que ocorrem o tempo todo na 
mente humana, hoje já se começa a entender. Isso possibilita desenvolver 
estratégias intervencionais mais eficientes em casos que se fizerem necessários. 
 
2.2.1 Aspectos filogenéticos do sistema nervoso 
De acordo com Schimidek e Cantos (2008) o cérebro humano é 
proporcionalmente o mais pesado e o maior entre os animais. Sua formação vai 
desde a terceira semana de gestação, e vai atingir o seu mais alto grau de 
maturação próximo aos cinco anos de idade. A zona mais externa do cérebro é 
chamada de córtex, e ela é muito desenvolvida no homem, quando comparado aos 
outros animais. A evolução filogenética do sistema nervoso possui três etapas 
básicas: (I) encéfalo reptiliano, responsável pela manutenção da vida, pela vida 
vegetativa, controlando a respiração, frequência cardíaca e etc., consiste nas áreas 
da medula, tronco encefálico, amigdala (ligado às respostas de medo) e hipocampo 
(forte ligação à memória; (II) encéfalo límbico (ligado aos aspectos emocionais) e (III) 
encéfalo humano (responsáveis pelas nossas funções cognitivas superiores como 
linguagem, funções executivas, planejamento, raciocínio, controle inibitório dentre 
outros). 
Com o desenvolvimento do encéfalo humano, houve o desenvolvimento de 
dois hemisférios cerebrais idênticos (esquerdo e direito). Do ponto de vista funcional, 
o hemisfério esquerdo especializou em processar e criar relações lógicas, analíticas 
e de controle da linguagem, dentre outros. Já o hemisfério direito é mais 
especializado em aspectos não verbais, afetivos, criativos, intuitivos e emocionais. 
 
 
 
 
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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou 
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Quadro 01: Funções dos hemisférios cerebrais 
Funções Hemisfério esquerdo Funções Hemisfério direito 
Léxico verbal 
Raciocínio 
Analítico 
Matemático 
Temporal 
Não verbal (mas ligado à prosódia
2
) 
Intuitivo 
Afetivo 
Artístico 
 
Fonte: Elaborado pelo autor, 2019 
 
 
Schimidek e Cantos (2008) apresentam que os dois hemisférios cerebrais são 
ligados por um feixe de nervos chamado de corpo caloso. É nessa região que um 
hemisfério passa a interagir com o outro, compondo a arquitetura do pensamento, 
do raciocínio e da percepção. Os autores ressaltam, porém, que alterações na 
estrutura cerebral estão ligados a disfunções no processo de tomada de decisão e 
resolver problemas complexos. Entretanto, os pesquisadores salientam que: 
 
Embora os dois “cérebros” estejam altamente conectados e dependam 
constantemente um do outro, visando um funcionamento integrado, cada 
um contribui de modo diverso para nossa experiência de vida e para nosso 
comportamento. O resultado da interação determina o que sentimos, a 
nossa relação com o mundo e os nossos relacionamentos com os outros. 
Quando há cooperação ocorre uma harmonia interna (Schimidek& Cantos, 
2008). 
 
De acordo com Schimidek e Cantos (2008), para que haja uma boa 
comunicação entre os hemisférios cerebrais existem ainda várias substâncias que 
permitem o circular das informações, nos meios interno externo, que são: 
- Neurotransmissores: substâncias produzidas pelos neurônios, também 
chamadas de moléculas mensageiras. Elas agem nas sinapses (espaço entre os 
neurônios). Elas atuam no encéfalo, na medula espinhal, nos nervos e músculos. 
- Neuromoduladores: são produzidos pelos neurônios e liberados nas 
terminações do axônio e causam modificação no estado funcional das células que 
estão conectadas. Geralmente têm uma ação mais prolongada que os 
neurotransmissores. 
- Hormônios: São substâncias químicas produzidas por órgãos do sistema 
endócrino, transmitidas diretamente pelo sangue. Sua função é mais reguladora do 
funcionamento de órgãos e regiões do corpo, podendo ser inibitória ou excitatória. 
 
2
 Voltado a percepção das características dos sons da fala, como perceber a entonação a 
acentuação, o ritmo da fala. 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
Normalmente essas substâncias interagem de forma integrada, sendo 
liberadas em situações específicas. 
 
2.3 ANATOMIA DO TELENCÉFALO 
 
Todos os vertebrados têm um sistema nervoso central -SNC- que é composto 
pelo encéfalo e a medula espinhal. O encéfalo é constituído por três partes 
estruturais: cérebro, cerebelo e o tronco encefálico. O tronco encefálico é 
subdividido por três porções: mesencéfalo, ponte e bulbo. O bulbo está ligado na 
medula espinhal; a demarcação entre o fim do buldo e início da medula se dá muito 
mais por uma demarcação convencional, o chamado forame magno no crânio 
humano (Cosenza, 2005; Machado & Haertel, 2014). 
O telencéfalo é constituído por dois hemisférios e separados por um grupo de 
feixes neuronais, chamado de corpo caloso, - pacientes que possuem agenesia de 
corpo caloso manifestam um obscura classe de sintomas por apresentarem o 
cérebro dividido; nesses sujeitos as informações não convergem entre si -. Cada 
hemisfério cerebral é dividido em lobos denominados: frontal, parietal, temporal e 
occipital delimitados por sulcos (depressões no córtex) e giros (abaulações no 
córtex) (Figura 01) (Machado & Haertel, 2014). 
 
Figura 04: Cérebro vista superior 
 
Fonte: Nether, 2000 
 
Sulcos Giros 
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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou 
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.A existência de sulcos no encéfalo acontece por causa do grande 
desenvolvimento do córtex cerebral que, para caber no crânio, precisa se espremer, 
e essa capacidade possibilita um aumento no volume do cérebro. Observa-se que 
dois terços da porção ocupada pelo córtex cerebral, estão ocultas por sulcos. Alguns 
sulcos são mais constantes no cérebro e recebem nomeações e contribuem para a 
delimitação dos lobos cerebrais. Os mais relevantes são os sulcos lateral e sulco 
central (Fig 02) (Machado & Haertel, 2014). 
 
IMPORTANTE! 
Do telencéfalo é constituído por dois hemisférios e separados por um grupo 
de feixes neuronais chamado de corpo caloso – pacientes que possuem 
agenesia de corpo caloso manifestam um obscura classe de sintomas por 
terem o cérebro dividido, as informações não convergem entre si -. Cada 
hemisfério é dividido em lobos denominados: frontal, parietal, temporal e 
occipital delimitados por sulcos (depressões no córtex) e giros (abaulações 
no córtex). 
 
Figura 05 Vista lateral cérebro 
 
Fonte: Nether, 2000 
 
 Sulco Central: É um sulco que separa os lobos frontal e parietal. Ele 
separa duas áreas muito importantes na função cerebral. Ele divide o 
Sulco central 
Sulco lateral 
27 
 
 
 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
cérebro entre as áreas motoras (anterior ao sulco central) das áreas 
sensitivas (posterior sulco central); chamados respectivamente de giro 
pré-central motor e pós central sensitivo. 
 Sulco lateral: Separa o lobo temporal do frontal. 
 
Os ossos do crânio são utilizados como referência para denominar as áreas 
com as quais se relacionam. Portanto, existem o lobo frontal, temporal, parietal e 
occipital. Para além desses ainda existe a região da ínsula. 
De acordo com Machado e Haertel (2014) a suas partes funcionais são: 
(I) Lobo frontal: Na parte inferior do lobo frontal apresenta um importante sulco, 
chamado olfatório profundo a de direção anteroposterior. O sulco olfatório abriga o 
bulbo olfatório. 
De acordo com Machado e Haertel (2014) o tronco encefálico fica entre a 
medula e o diencéfalo. A sua constituição é composta por núcleos e fibras nervosas 
-os núcleos do tronco encefálico são um agrupamento de corpos de neurônio fora do 
neo-córtex-, que se agrupam novamente formando os tratos, fascículos ou 
lemniscos – essas estruturas são demarcadas por relevos ou depressões na 
superfície do cérebro. Grande parte dos núcleos do tronco encefálico recebem e 
emitem fibras que, posteriormente, irão formar os doze nervos cranianos. Dos 12 
pares de nervos cranianos, dez partem do tronco encefálico (Fig. 01) (Cosenza, 
2005; Machado &Haertel, 2014). 
 
2.3.1 Bulbo 
Como foi dito anteriormente, não é tão fácil a demarcação do término do bulbo 
e início da medula. Mas seu limite superior é identificável, por meio da localização de 
um sulco horizontal visível no córtex, chamado de sulco bulbo-pontino, por questões 
óbvias. Na porção mais anterior do bulbo é possível observar a fissura mediana. 
Entre a fissura e os sulcos laterais, fica localizada uma região chamada de pirâmide. 
Nessa região, ocorre a ligação das áreas motoras do cérebro com os neurônios 
motores da medula (Cosenza, 2005). 
 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
2.3.2 Ponte 
A ponte é uma parte que fica entre o mesencéfalo e o bulbo, fica na parte 
anterior do cerebelo e repousa sobre a base da região occipital. No limite entre a 
ponte e o pé do cerebelo emerge dali o nervo trigêmeo. Na região do chamado sulco 
bulbo-pontino emergem os nervos cranianos: nervo abducente; nervo vestíbulo-
coclear; nervo facial. O grande número de raízes dos nervos cranianos em uma 
pequena área cerebral, explica a manifestação de vários sintomas observados nos 
casos de tumores, por exemplo. (Ver Síndrome do ângulo ponto cerebelar3) 
(Cosenza, 2005; Machado &Haertel, 2014). 
Na região da ponte emerge o trigêmeo V par de nervo craniano, que apresenta 
duas raízes, uma mais volumosa sensitiva que inerva grande parte da sensibilidade 
da face e outra raiz mais delgada que é motora (Cosenza, 2005). 
 
Figura 06: Vista anterior do tronco encefálico 
Fonte: Machado e Haertel (2014) 
 
3
 Ver: http://portalsbn.org/manualsbn/2016/09/07/6-4-tumores-do-angulo-ponto-cerebelar-apc/ acesso 
em 02/19 
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2.3.3 Mesencéfalo 
Área localizada entre a ponte e o diencéfalo. É a menor parte do tronco 
encefálico. De acordo com Cosenza (2005), nessa região emergem quatro 
eminências arredondadas: denominadas de colículo superior e inferior. Logo abaixo 
desses colículos inferiores emerge o nervo troclear o quarto nervo craniano. 
Os colículos formam o teto do mesencéfalo. Nesta região está localizado um 
importante grupo de neurônios do mesencéfalo, a chamada sustância negra, 
formada por neurônios que contêm a melanina. Ele é atravessado por um estreito 
canal denominado aqueduto cerebral; um canal que liga os terceiro e quarto 
ventrículos, e permite a passagem do líquido cefalorraquidiano a medula aos 
ventrículos cerebrais (Cosenza, 2005; Machado & Hartel, 2014). 
 
Figura 07: Vista posterior tronco encefálico 
 
Fonte: Machado e Haertel (2014) 
 
2.3.4 Cerebelo 
Cerebelo (deriva do latim, cérebro pequeno) está localizado atrás da ponte e do 
bulbo, ele contribui para formar o assoalho de quarto ventrículo (espaço onde circula 
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o cérebro espinhal). Ele está ligado a medula e ao bulbo pelo pedúnculo cerebelar 
inferior; e no pedúnculo cerebelar superior, faz conexão com o pedúnculo cerebelar 
médio e superior. 
De acordo com Machado e Haertel (2014) o cerebelo é um órgão muito 
importante para a manifestação de comportamentos controlados, que envolvem: 
- Equilíbrio e manutenção da postura: ele possibilita a contração organizada 
entre os músculos, de modo a manter o equilíbrio e a postura normal, mesmo 
quando o corpo está em deslocamento. 
- Controle do tônus muscular: sabe-se que o cerebelo apresenta esta função 
pois, os pacientes que apresentam a descerebelização, acontece a perda no tônus 
dos músculos. 
- Aprendizagem de habilidades motoras: à medida que existe uma repetição de 
determinados movimentos, por várias vezes, o comportamento passa a ser 
executado com mais facilidade, velocidade e com menos erros. Isso mostra que o 
SN aprende a realizar tarefas motoras. 
- Coordenação dos movimentos voluntários: Graças as manifestações de 
incoordenação motora -ataxia- apresentadas por pacientes com lesões no cerebelo, 
nos permite atribuira ele, a função de orquestrar nossos movimentos voluntários. 
Esse mecanismo de controle acontece de duas etapas: (I) Planejamento do 
movimento (elaborado pelas vias cérebro-cerebelo, a partir de dados conduzidos 
pela via córtico-ponto-cerebelar, de áreas do córtex envolvidos nas funções 
psíquicas superiores, também conhecida como áreas de associação e que 
expressam a deliberação do movimento). (II) Correção dos movimentos planejados: 
ao iniciar um movimento entra em ação, as vias espino-cerebelar, promovendo 
correções e realizando os ajustes necessários para que o comportamento seja 
executado da forma mais adequada. 
 
FIQUE ATENTO! 
O cerebelo é um órgão muito importante para a manifestação de 
comportamentos controlados, que envolvem: equilíbrio e a manutenção da 
postura, controle do tônus muscular, aprendizagem de habilidades motoras, 
coordenação dos movimentos voluntários. 
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Mesmo com sua evidente ligação com os aspectos do comportamento, novos 
estudos em neuroimagem funcional têm mostrado que existe relação entre o 
cerebelo e questões cognitivas pela via cérebro-cerebelo. Cerebelo possui vias de 
conexão com o córtex pré-frontal que ajudam a realizar várias funções não motoras 
como: 
- resolver quebra-cabeça; 
- associar palavras e verbos; 
- resolver mentalmente operações complexas de aritméticas e 
- reconhecer figuras complexas. 
 
2.3.4.1 Síndromes cerebelares 
Machado e Hartel (2014) destacam três síndromes cerebelares que são mais 
comuns e seus impactos sobre a organização da vida. 
a) Síndrome vestibulocerebelo 
Lesões nessa região causam perda da capacidade de usar informações 
adequadas para o movimento do corpo enquanto executa uma marcha ou ficar na 
postura ereta. As lesões causam movimentos irregulares das pernas, tanto com 
olhos aberto, quanto fechados. Não existe comprometimento dos braços e pernas 
para realizar movimentos ordenados, se estiver deitado ou apoiado. Apresenta ainda 
nistagno (movimentos dos olhos para os lados, constantemente, limitando a 
capacidade para focar). 
Ela manifesta com certa frequência em crianças de menos de dez anos de 
idade, em geral está ligada a tumores no teto do quarto ventrículo cerebral. 
b) Síndrome espino-cerebelar 
Lesões nesse local levam a erro na execução dos movimentos, pois, essa 
região para de processar informações de posição do corpo. O mecanismo de 
funcionamento na região espino-cerebelar se dá por meio de programação das 
ações antecipatórias, para que não haja erro na execução do comportamento. A 
perda desse controle faz com que, por exemplo, um movimento de pinça para pegar 
um grampo só aconteça depois que a mão já ultrapassou o limite no espaço para 
efetivar a pega da pinça; como resposta, existe uma tentativa de correção, que na 
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verdade causa ainda mais comprometimento, ocasionando um tremor terminal. Pode 
ocasionar também nistagno, alteração da fala, ficando mais arrastada. 
c) Síndrome cérebro-cerebelo 
Lesões nessa região causam: 
- atraso no início do movimento 
- decomposição do movimento multiarticular: movimentos que são realizados 
simultaneamente agora são realizados em uma sequência de início e término de um 
movimento, para só depois realizar outro. 
- Disdiadocinesia: comprometimento para efetuar movimentos com rapidez e 
alternados; esses pacientes têm limitação, por exemplo, para atender o comando de 
tocar o nariz com o indicador da mão direita e esquerda em sequência. 
- Rechaço: o paciente perde a capacidade de fazer a paralização de um 
movimento ao receber um comando. Por exemplo, pede-se ao paciente para 
estender os braços para frente e solicita que façam força para erguer os braços, o 
profissional por sua vez, força os braços para baixo, enquanto o paciente tenta 
elevar o braço. Um paciente com essa região preservada, ao final da força exercida 
pelo profissional, automaticamente interrompe a força de elevação dos braços. O 
paciente com lesões nessa região vai elevar os braços como se a força ainda 
estivesse em ação. 
- Tremor: tremor causado quando o paciente voluntariamente tenta pegar algo 
ou realizar algum movimento mais fino, como passar um folha, pentear cabelo e etc. 
- Dismetria: o paciente perde a capacidade de dosar os movimentos 
necessários para uma determinada ação. Testa-se essa habilidade solicitando ao 
paciente para tocar a ponta do nariz com o dedo indicador. O paciente terá 
dificuldade para acertar os movimentos para realizar a tarefa. 
Ainda de acordo com Machado e Haertel (2014), o distúrbios cerebelares 
podem estar ligados a várias outras condições como: malformação congênita, 
questões de hereditariedade, tumores dentre outros. 
Segundo Machado e Haertel (2014), quanto à fisiologia das células 
cerebelares, elas guardam características interessante: 
 
O cerebelo tem uma notável capacidade de recuperação funcional quando 
há lesões de seu córtex, particularmente em crianças, ou quando as lesões 
aparecem gradualmente. Para isso, concorre o fato de que o seu córtex ter 
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uma estrutura uniforme, permitindo que as áreas intactas assumam pouco a 
pouco as funções das áreas lesadas; entretanto essas recuperações não 
ocorrem quando as lesões atingem os núcleos centrais. 
 
2.4 NERVOS CRANIANOS 
 
A conexão entre encéfalo é realizada pelos doze pares de nervos cranianos. A 
maior parte desses nervos está ligada ao tronco encefálico, a exceção do nervo 
óptico e olfatório. Conhecer sobre os nervos e suas questões funcionais precisa ser 
entendido pelos profissionais que lidam com o processo de ensino e aprendizagem 
(Machado &Haertel, 2014). 
- Nervo Olfatório I par 
Tem sua origem na região olfatória partindo das fossas nasais. Ele é um nervo 
exclusivamente sensitivo, suas fibras conduzem os impulsos olfatórios. Segundo 
Neto (2011), o declínio da aptidão para captar odores pode ser resultante da 
degeneração de células centrais e pode não ter relação com alteração do aparelho 
olfativo. O olfato pode ser um indício importante para o diagnóstico precoce de 
algumas doenças neurodegenerativas como o Parkinson. 
- Nervo óptico II par 
É formado por um grosso feixe de fibras nervosas que partem da retina. Cada 
nervo óptico se une com o do lado oposto, formando o chamado quiasma óptico. É 
um nervo exclusivamente sensitivo. 
- Nervo oculomotor III par 
Este nervo surge a partir do sulco do pedúnculo cerebral, por meio da fissura 
orbital. De acordo com Pereira et al. (2012), esse nervo é ligado às funções de 
elevação do músculo da pálpebra, e vários outros músculos ligados ao movimento 
ocular, exceto o músculo oblíquo superior e do músculo reto lateral. Lesões nesse 
nervo podem ter como resposta dificuldade na elevação dos olhos. 
Esse nervo também é importante para o reflexo pupilar à luz. O sistema 
nervoso autônomo, por meio de açãode moderação da ação simpática e 
parassimpática, que vai dilatar e comprimir o esfíncter pupilar; um dos testes mais 
conhecidos para avaliar atividade cortical preservada ou comprometida. 
 
 
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- Troclear IV par 
Esse nervo é o que inerva o músculo oblíquo superior do olho. Sua partida 
aparentemente surge abaixo dos colículos inferiores no mesencéfalo, e juntamente 
com os nervos óculo motor e abducente causam a habilidade para controlar o 
movimento dos olhos de forma intencional. 
- Abducente VI par 
Nervo ligado ao movimento ocular, ele permite os movimentos laterais dos 
olhos. Ele inerva exclusivamente o músculo reto lateral do olho. 
São nervos motores que entram na órbita pela fissura orbital superior. 
Esses últimos nervos compõe um grupo de nervos voltados à inervação e 
movimentação ocular. 
- Nervo trigêmeo V 
É um nervo misto, ou seja, ele tem raízes sensitivas e motoras.Tem sua origem 
entre a ponte e o pedúnculo cerebral médio e se divide em 3 ramos: oftálmico, 
maxilar e mandibular. O oftálmico é responsável pela inervação sensitiva dos olhos e 
passa pela fissura orbital superior. O maxilar é responsável pela inervação sensitiva 
do nariz até o lábio superior e passa pelo forame redondo. O mandibular é 
responsável pela inervação sensitiva da mandíbula, e a sensibilidade de 2/3 
anteriores da língua e movimentação dos músculos mastigatórios (Luna, 2010; 
Machado & Haertel, 2014). 
A patologia mais conhecida envolvendo o trigêmeo é a neuralgia do trigêmeo 
(para alguns autores quando afetada ou inflamada, causa a dor mais intensa que um 
ser humano pode sofrer), ele é descrita como a presença de choques na face, 
cefaleia, vertigem, dificuldade para manter-se ereto e presença de espasmos faciais; 
algumas vezes os sintomas são deflagrados abruptamente por mastigação, 
escovação dos dentes, dentre outros. Ela ocorre mais frequente em mulheres e tem 
maior incidência na terceira idade. A causa da neuralgia ainda permanece uma 
incógnita (Luna et al., 2010). 
- Nervo facial VII 
É um nervo misto (motor e sensitivo), que se origina no sulco bulbo-pontino na 
base do crânio. É responsável pelo sentido do paladar de 2/3 anteriores da língua e 
motricidade dos músculos da mimica facial (Dib, Kosugi, Antunes, 2004). 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
Uma das mais conhecidas patologias que envolvem esse nervo é a paralisia de 
Bell ou paralisia facial. Essa doença pode acometer pessoas em todas as idades 
causando paralisação temporária ou não, causando salivação constante e liberação 
lacrimal e assimetria facial. O paciente não consegue encher balões, manter o ar 
dentro da boca, dentre outros. Essa paralisação tem um início abrupto e mostra 
evolução favorável, a recuperação total das funções desse nervo pode chegar a 
mais de 80% dos casos (Dib, Kosugi, Antunes, 2004). 
- Nervo vestíbulo-coclear VIII par 
É um nervo sensitivo, tem sua origem no sulco bulbo-pontino. Esse nervo na 
verdade é a junção do nervo vestibular – responsável pelo equilíbrio – e do nervo 
coclear – responsável pela audição. Uma lesão nesse nervo pode causar perda 
parcial da audição e vertigens. 
- Nervo glossofaríngeo IX par 
É um nervo misto, que se origina no sulco lateral posterior e passa pelo forame 
jugular. É responsável pelo paladar e sensibilidade de 1/3 posterior da língua, 
sensível para seios e corpos carotídeos, além de ter função motora para os 
músculos da faringe, favorecendo a deglutição. 
- Nervo vago X par 
É o maior dos nervos cranianos. É um nervo misto, tem origem no sulco lateral 
posterior e passa pelo forame jugular. É motor para vísceras do tórax e abdômen, 
faringe e laringe, e a porção parassimpática das vísceras abdominais e torácicas. 
- Nervo acessório XI: 
É um nervo exclusivamente motor, tem sua origem no sulco lateral posterior e 
passa pelo forame jugular. É responsável pela motricidade dos músculos trapézio e 
esternocleidomastoide. 
- Nervo hipoglosso XII: 
É um nervo exclusivamente motor, sua origem é no sulco lateral anterior e 
passa pelo canal do hipoglosso. É responsável pela motricidade da língua (inerva os 
músculos intrínsecos), faringe e laringe – fonação e deglutição. Uma lesão nesse 
nervo causa paralisia da musculatura de uma das metades da língua, a pessoa 
afetada quando faz a profusão da língua ela se desvia para o lado lesado. 
 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
SAIBA MAIS! 
Neuralgia dos nervos trigêmeo, glossofaríngeo e vago aspectos dos nervos 
sobre a vida e desenvolvimento humano. 
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/anp/v13n4/07.pdf 
Acesso em: 02/19 
 
2.5 ÁREAS FUNCIONAIS DO CÓRTEX CEREBRAL 
 
As áreas sensitivas do corpo humano estão distribuídas nos lobos frontal, 
temporal, occipital. As áreas sensitivas são divididas em primárias (de projeção) e 
secundárias (de associação) e terciária (funções psíquicas) que consistem em fazer 
a captação e a resposta adequada para cada estímulo captado (Machado & Haertel, 
2014). 
- Área somestésica primária: localizada no giro pós-central e as áreas 3,1 e 2 
das áreas de Broadman. Essa área é representada pelo denominado homúnculo de 
Penfild ou homúnculo sensitivo. 
 
SAIBA MAIS! 
Homúnculo de Penfild e suas ligações com o córtex cerebral e a 
somatotopia. 
Disponível em: SCHOTT, G. D. Penfield's homunculus: a note on cerebral 
cartography. Journal of neurology, neurosurgery, and psychiatry, v. 56, n. 4, 
p. 329, 1993. 
 
- Visão: córtex occipital, na maioria dos mamíferos a visão não está 
completamente corticalizada. Estudos mostram que podem persistir algumas 
sensações luminosas, que nos permitem desviar de objetos no caminho, mesmo 
com os olhos vendados. 
- Audição: área localizada no giro temporal transverso anterior. Lesões nos dois 
lados do córtex temporal causam surdez completa. Lesão em apenas um lado causa 
surdez parcial. 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
- Olfatória: localizada no giro do uncus. Alguns casos de epilepsia com a 
presença de descargas na região douncus, faz com que o paciente queixe de sentir 
cheiro de carne podre. 
- Gustação: apenas no mamífero homem é localizado no córtex da insula. 
 
INDICAÇÃO BIBLIOGRÁFICA 
BUENO, OFA Neuropsicologia hoje. São Paulo: Artes Médicas, p. 125-134, 
2004. 
 
COSENZA, R. M. Morfologia externa do sistema nervoso central; in: 
Fundamentos de neuroanatomia 3°Ed. Rio de Janeiro: Koogan, 2005 
 
DIB, G. C.; KOSUGI, E. M.; ANTUNES, Marcos Luiz. Paralisia facial 
periférica. RevBrasMed, v. 61, n. 3, p. 110-7, 2004. 
 
DOS SANTOS, F.

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