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HIV: Vírus e Resposta Imune

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Ana Carolina Thomaz Mendes 
 
HIV 
Vírus da imunodeficiência humana - HIV 
O HIV é uma partícula esférica medindo de 100 a 
120nm de diâmetro, pertencente ao gênero Lentivirus 
e à família Retroviridae, que apresenta em seu núcleo 
duas cópias de RNA de cadeia simples, encapsuladas 
por uma camada proteica ou nucleocapsídeo, um 
capsídeo e um envelope externo composto por uma 
bicamada fosfolipídica. O genoma do HIV inclui três 
principais genes que codificam as proteínas 
estruturais e enzimas virais: gag, pol e env. A 
nomenclatura das proteínas virais utiliza a abreviação 
“gp” para glicoproteína ou “p” para proteína, seguida 
de um número que indica o peso molecular em 
kilodaltons (kd). O gene gag codifica a p55, a partir da 
qual quatro proteínas estruturais do capsídeo são 
formadas: p6, p9, p17 e p24. O capsídeo que circunda 
o ácido nucléico viral contém p24, p6 e p9, enquanto 
a p17 se encontra em uma camada entre o núcleo 
proteico e o invólucro, denominada matriz protéica, a 
qual reveste a superfície interna da membrana viral. 
Os principais componentes virais com utilidade 
diagnóstica incluem as proteínas do envelope viral 
(gp160, gp120 e gp41), as proteínas codificadas pelo 
gene gag (p55, p24 e p17) e as proteínas codificadas 
pelo gene pol (p66, p51, p31) (CLSI, 2011). 
 
INFECÇÃO E RESPOSTA IMUNE CONTRA O HIV 
A maioria das infecções pelo HIV-1 ocorre por meio 
das mucosas do trato genital ou retal durante a 
relação sexual. Nas primeiras horas após a infecção 
pela via sexual, o HIV e células infectadas atravessam 
a barreira da mucosa, permitindo que o vírus se 
estabeleça no local de entrada e continue infectando 
linfócitos T-CD4 +, além de macrófagos e células 
dendríticas. 
Após a transmissão do vírus, há um período de 
aproximadamente dez dias, denominado fase eclipse, 
antes que o RNA viral seja detectável no plasma. 
Estudos que utilizaram técnicas avançadas de 
sequenciamento genético das primeiras partículas 
virais detectadas no plasma permitiram demonstrar 
que aproximadamente 80% das infecções sexuais pelo 
HIV-1 dos subtipos B e C são iniciadas por um único 
vírus. A homogeneidade do vírus, dito fundador, 
indica que o estabelecimento da infecção é resultado 
de um único foco de linfócitos T-CD4 + infectados da 
mucosa. A resposta imunológica inata que se 
estabelece no foco da infecção atrai uma quantidade 
adicional de células T, o que, por sua vez, aumenta a 
replicação viral. A partir dessa pequena população de 
células infectadas, o vírus é disseminado inicialmente 
para os linfonodos locais e depois sistemicamente, em 
número suficiente para estabelecer e manter a 
produção de vírus nos tecidos linfóides, além de 
estabelecer um reservatório viral latente, 
principalmente em linfócitos T-CD4+ de memória. 
A replicação viral ativa e a livre circulação do vírus na 
corrente sanguínea causam a formação de um pico de 
viremia por volta de 21 a 28 dias após a exposição ao 
HIV. Essa viremia está associada a um declínio 
acentuado no número de linfócitos T-CD4 +. 
Na fase de expansão e disseminação sistêmica, há a 
indução da resposta imunológica, mas esta é tardia e 
insuficiente em magnitude para erradicar a infecção. 
A ativação imune, por outro lado, produz uma 
quantidade adicional de linfócitos T-CD4+ ativados 
que servem de alvo para novas infecções. Ao mesmo 
tempo, o número crescente de linfócitos T-CD8+ 
exerce um controle parcial da infecção, mas não 
suficiente para impedir, na ausência de terapia, a 
lenta e progressiva depleção de linfócitos T-CD4+ e a 
eventual progressão para a síndrome da 
imunodeficiência adquirida (aids). 
A ativação de linfócitos T-CD8+ específicos contra o 
HIV ocorre normalmente antes da soroconversão. O 
aparecimento de uma resposta imune celular HIV-
específica e a subsequente síntese de anticorpos anti-
HIV levam a uma queda da carga viral plasmática 
Ana Carolina Thomaz Mendes 
 
(viremia) – até um nível (set point) que é específico de 
cada indivíduo – e à cronicidade da infecção pelo HIV. 
A resposta imune mediada por células é mais 
importante do que a resposta imune humoral no 
controle da replicação viral durante a infecção aguda, 
mas os anticorpos têm um papel relevante na redução 
da disseminação do HIV na fase crônica da infecção. 
A resposta imunológica humoral contra vários 
antígenos virais é vigorosa. A maioria das proteínas do 
HIV é imunogênica, mas uma resposta de anticorpos 
precoce e preferencial é induzida contra as 
glicoproteínas do envelope, a gp120 e a gp41, e 
contra a proteína do capsídeo viral, a p24. Como em 
qualquer outra infecção viral, a primeira classe de 
anticorpo produzida durante uma resposta imune 
primária é a imunoglobulina M (IgM). Devido à 
persistência do HIV, nosso organismo é 
continuamente exposto aos mesmos antígenos e a 
produção inicial de IgM é substituída pela produção 
de imunoglobulina G (IgG). 
Entretanto, ao contrário de outras doenças 
infecciosas, a presença da IgM não permite diferenciar 
uma infecção recente de uma infecção crônica, tendo 
em vista que a IgM pode reaparecer em outros 
momentos durante o curso da infecção. A IgG anti-HIV 
atinge níveis séricos elevados e persiste por anos, 
enquanto os níveis séricos de IgM tendem a 
desaparecer com o tempo ou apresentar padrão de 
intermitência. 
É observado um aumento da afinidade do anticorpo 
pelo antígeno, ou seja, os anticorpos de baixa 
afinidade que são produzidos no início da resposta 
humoral são pouco a pouco substituídos por 
anticorpos de alta afinidade. Esse é um fenômeno 
devido à ocorrência de mutações somáticas em 
determinadas regiões (hot spots) dos genes que 
codificam a imunoglobulina (Ig). Essas mutações 
ocorrem ao acaso e o aparecimento de clones de 
linfócitos B com maior especificidade antigênica é o 
resultado de um processo de seleção positiva 
decorrente dessas mutações. 
Essa característica de aumento de afinidade (ou 
avidez), juntamente com o aumento da concentração 
sérica de anticorpos específicos anti-HIV durante a 
fase inicial da resposta imune humoral, é a base 
racional para o desenvolvimento de testes 
laboratoriais que classificam a infecção em recente ou 
crônica. 
HIV 
O HIV é uma IST, que também pode ser contraída pelo 
contato com o sangue infectado e de forma vertical, 
ou seja, a mulher que é portadora do vírus HIV o 
transmite para o filho durante a gravidez. 
Não há cura para a infecção pelo vírus HIV, mas há 
remédios que podem reduzir drasticamente a 
progressão da doença. Essas drogas reduziram o 
número de mortes em decorrência da infecção em 
grande parte do planeta, mas não é um tratamento 
simples e a pessoa infectada demandará diversos 
cuidados em todas as áreas de sua saúde. 
No Brasil, de acordo com o Programa Conjunto das 
Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS), a incidência 
do HIV em pessoas de 15 a 49 anos é de 0,6%, 
segundo última atualização em 2013. De acordo com 
o mesmo relatório, o Brasil apresenta uma incidência 
maior que os seus vizinhos Bolívia e Chile, ambos com 
0,3%, Paraguai e Peru, com 0,4% e Colômbia, 0,5%, 
por exemplo. No Haiti a taxa é de 2%, mas os números 
são muito mais altos em países africanos como 
Zimbábue (15%), Moçambique (10,8%), Malavi 
(10,3%), Uganda (7,4%) e Angola (2,4%). No Canadá e 
na Itália a incidência de infecção pelo vírus é de 0,3%. 
Todas as pessoas estão sujeitas à infecção pelo HIV, 
não importa o gênero, idade ou comportamento 
sexual. É preciso apenas que tenham contato com 
uma das formas de transmissão do vírus. 
Causas 
Os cientistas acreditam que um vírus similar ao HIV 
ocorreu pela primeira vez em algumas populações de 
chimpanzés e macacos na África, onde eram caçados 
para servirem de alimento. O contato com o sangue 
do macaco infectado durante o abate ou no processo 
de cozinhá-lo pode ter permitido ao vírus entrar emcontato com os seres humanos e se tornar o HIV. 
O HIV é transmitido principalmente por relações 
sexuais desprotegidas, isto é, sem o uso do 
preservativo, e compartilhamento de seringas e 
agulhas contaminadas com sangue, o que é frequente 
entre usuários de drogas ilícitas - que também podem 
contrair mais doenças, como hepatites. Outras vias de 
Ana Carolina Thomaz Mendes 
 
transmissão são por transfusão de sangue, porém é 
muito raro, uma vez que a testagem do banco de 
sangue é eficiente, e a vertical, que é a transmissão do 
vírus da mãe para o filho na gestação, amamentação e 
principalmente no momento do parto, o que pode ser 
prevenido com o tratamento adequado da gestante e 
do recém-nascido. 
É importante ressaltar que é possível contrair o HIV 
seja por sexo desprotegido vaginal, anal ou oral, 
quando o parceiro está infectado e seu sangue, sêmen 
ou secreção vaginal entram no corpo da pessoa que 
não vive com o vírus. 
A infecção pelo HIV evolui para Aids quando a pessoa 
não é tratada e sua imunidade vai diminuindo ao 
longo do tempo, pois, mesmo sem sintomas, o HIV 
continua se multiplicando e atacando as células de 
defesa, principalmente os linfócitos TCD4+. Por 
definição, a pessoas que tem aids apresentam 
contagem de linfócitos TCD4+ menor que 200 
células/mm3 ou têm doença definidora de aids, como 
neurotoxoplasmose, pneumocistose, tuberculose 
extrapulmonar etc. O tratamento antirretroviral visa 
impedir a progressão da doença para aids. 
Quanto tempo demora para os sintomas se 
manifestarem? 
Uma pessoa pode estar infectada pelo HIV, sendo 
soropositiva, e não necessariamente apresentar 
comprometimento do sistema imune com perda dos 
linfócitos T, podendo viver por anos sem manifestar 
sintomas ou desenvolver a AIDS. Existe também o 
período chamado de janela imunológica, que é o 
período entre o contágio e o início de produção dos 
anticorpos pelo organismo. Nesse período, não há 
detecção de positividade nos testes, pois ainda não há 
anticorpos, e pode variar de 30-60 dias. Embora nesse 
período a pessoa não seja identificada como 
portadora do HIV, ela já é transmissora. 
Fatores de risco 
Todos estão sujeitos a contrair o vírus HIV, uma vez 
que a doença não escolhe cor de pele, idade, gênero 
ou preferências sexuais, contudo, há alguns 
comportamentos de risco para a infecção por HIV: 
● Relação sexual (vaginal, anal ou oral) com 
pessoa infectada sem o uso de preservativos 
● Compartilhamento de seringas e agulhas, 
principalmente, no uso de drogas injetáveis 
● Reutilização de objetos perfurocortantes com 
presença de sangue ou fluidos contaminados 
pelo HIV 
Mulheres HIV-positivas que queiram engravidar 
também precisam tomar as providências, sob 
orientação médica, para não transmitir o vírus para os 
seus filhos durante a gestação, parto ou 
amamentação. 
Sintomas de HIV 
A maior parte das pessoas infectadas pelo vírus HIV 
desenvolvem, cerca três semanas após a exposição, 
alguns sintomas parecidos com os de um resfriado. 
Esta fase, conhecida como primária ou aguda pode 
durar por algumas semanas e é bastante perigosa, 
pois a infecção pode passar desapercebida e a carga 
viral (quantidade de vírus no sangue) neste momento 
é bastante alta, fazendo com que o vírus se espalhe 
mais facilmente. Depois deste período os sintomas 
podem desaparecer espontaneamente por vários 
anos antes do HIV ser diagnosticado. Em pacientes 
crônicos pode demorar até 11 anos em média para 
apresentar sintomas. 
Entre os sintomas que podem surgir quando a pessoa 
foi infectada pelo HIV estão: 
● Febre 
● Mal-estar 
● Manchas vermelhas pelo corpo 
● Aumento dos linfonodos, ou ínguas 
● Dores de cabeça 
● Dor nos músculos 
● Erupção cutânea 
● Calafrio 
● Dor de garganta 
● Úlceras orais ou úlceras genitais 
● Dor nas articulações 
● Sudorese noturna 
● Diarreia 
● Tosse 
Diagnóstico de HIV 
O diagnóstico do HIV normalmente é realizado através 
de testes que detectam o vírus na saliva ou no sangue. 
Eles podem ser realizados a partir de 30 dias após a 
Ana Carolina Thomaz Mendes 
 
exposição, isso porque os exames (laboratorial e teste 
rápido) busca por anticorpos contra o HIV no sangue 
para detectar a infecção. Existem vários testes para 
determinar em que estágio a doença está, dentre 
eles: 
● Contagem de CD4: As células CD4 são um tipo 
de glóbulo branco que é especificamente 
destruído pelo HIV. A contagem de células 
CD4 em uma pessoa sem HIV pode variar de 
500 a mais de 1.000. Mesmo que o paciente 
não apresente sintomas, quando a infecção 
por HIV progride para AIDS a contagem de 
CD4 cai para menos de 200. 
● Carga viral: O teste mede a quantidade de 
vírus no sangue e, normalmente, quanto 
maior a carga viral, menor a condição geral de 
saúde da pessoa. 
O médico também pode solicitar testes para outras 
infecções ou complicações relacionadas ao HIV/aids: 
● Tuberculose 
● Hepatite 
● Toxoplasmose 
● Outras ISTs 
● Danos nos rins e fígado 
● Infecções de trato urinário 
● Sífilis 
Tipos de teste 
● Testes convencionais: O teste convencional 
foi o primeiro a ser desenvolvido. A ele, dá-se 
o nome de Ensaio Imunoenzimático, ou ELISA. 
Nele os profissionais de laboratório colhem 
uma amostra do sangue do paciente e buscam 
por anticorpos contra o vírus. Se a amostra 
não apresentar nenhuma célula de defesa 
específica para o HIV, o resultado é negativo 
e, então, oferecido ao paciente. Porém, caso 
seja detectado algum anticorpo anti-HIV no 
sangue, é necessária a realização de um teste 
adicional, o chamado teste confirmatório, 
para que se tenha certeza absoluta do 
diagnóstico. Nele, os profissionais buscam por 
fragmentos de HIV na corrente sanguínea do 
paciente 
● Teste rápido: Ele funciona da mesma forma 
que o teste convencional, com a diferença de 
que o resultado sai no mesmo dia, cerca de 
trinta minutos até duas horas após a 
realização do exame. Isso permite que o 
paciente fique sabendo do resultado no 
momento da consulta médica e receba o 
aconselhamento pré e pós-teste, muito 
importante para esclarecer dúvidas a respeito 
das formas de transmissão e também de 
tratamento 
● Fluído oral: O teste de fluido oral é a mais 
recente modalidade de testagem. Para 
realizar o exame, é necessário retirar uma 
amostra do fluido presente na boca, 
principalmente das gengivas e da mucosa da 
bochecha, com o auxílio de uma haste 
coletora. O resultado sai em 30 minutos e 
pode ser realizado em qualquer lugar, 
dispensando estruturas laboratoriais. No 
entanto, o teste de fluido oral serve apenas 
como triagem para o paciente 
● Testes confirmatórios: São usados como 
testes confirmatórios os exames Western 
Blot, o Teste de Imunofluorescência indireta 
para o HIV-1 e o Imunoblot. Eles são 
requeridos somente quando o resultado de 
testes convencionais ou testes rápidos é 
positivo. Eles são necessários porque, algumas 
vezes, os exames podem dar resultados falso-
positivos em decorrência de algumas doenças, 
como artrite reumatoide, doenças 
autoimunes e alguns tipos de câncer não 
diagnosticados. 
Tratamento de HIV 
Atualmente há tendência de tratar todos os pacientes 
com HIV, independente do CD4, com o objetivo de 
reduzir a transmissão e melhorar a evolução clínica 
das pessoas portadoras do HIV. 
Há várias medicações disponíveis e o tratamento é 
sempre combinado com pelo menos três drogas. Há 
um consenso brasileiro de tratamento de HIV/Aids do 
Ministério da Saúde, que visa uniformizar as formas 
de tratar. A medicação de primeira escolha hoje está 
disponível em um único comprimido, é a combinação 
de lamivudina, tenofovir e efavirenz. No caso de 
contraindicação, efeitos adversos ou resistência, 
temos opções de outros antirretrovirais que deverão 
ser individualizados para cada paciente. A indicação 
Ana Carolina Thomaz Mendes 
 
de qual esquema de tratamentodeve ser utilizado é 
passada pelo médico. 
O importante é que uma vez iniciado o tratamento, o 
paciente deve estar ciente de que ele não deve ser 
interrompido sem motivo e que as medicações devem 
ser tomadas todos os dias e nos intervalos prescritos. 
Quando utilizado de maneira irregular, o tratamento 
pode falhar por surgimento de vírus resistentes. 
Os medicamentos agem em diferentes partes do ciclo 
de multiplicação do HIV dentro do organismo, 
evitando a formação de novos vírus e a destruição das 
células de defesa. Cada classe de medicação age em 
uma fase desse ciclo e para que o tratamento seja 
mais eficaz, são utilizadas combinações de diferentes 
classes. É importante lembrar que ainda não há uma 
medicação que consiga destruir todos os vírus 
existentes no paciente e que alguns permanecem 
“escondidos” e podem voltar a se multiplicar se ele 
parar de tomar a medicação. 
Outros remédios utilizados são para prevenção de 
algumas doenças oportunistas, que em geral são 
suspensos com a melhora da imunidade do paciente. 
Conheça a seguir como cada um deles é usado: 
● Inibidores nucleosídeos da transcriptase 
reversa: Essa classe de medicamentos 
atua sobre a enzima transcriptase reversa, 
tornando conversão do RNA em uma 
cadeia de DNA viral defeituosa, 
impedindo a inclusão desta no DNA das 
células de defesa do organismo 
hospedeiro. Essa ação impede que o vírus 
se reproduza. Exemplos: Abacavir, 
Lamivudina, Tenofovir, Zidovudina, 
Truvada; 
● Inibidores não nucleosídeos da 
transcriptase reversa: Essa classe de 
medicamentos também atua sobre a 
enzima transcriptase reversa, bloqueando 
diretamente sua ação, impedindo a 
multiplicação do vírus. Exemplos: 
Efavrienz, Nevirapina, Etravirina 
● Inibidores de protease: Medicamentos 
que atuam na enzima protease, 
bloqueando sua ação e impedindo a 
produção de novas cópias do vírus HIV. 
Exemplos: Atazanavir, Darunavir, 
Lopinavir, Ritonavir 
● Inibidores de fusão: Medicamentos que 
impedem a entrada do vírus do HIV nas 
células de defesa do organismo 
hospedeiro via proteína CD4, impedindo o 
ciclo reprodutivo do vírus, como o 
Enfuvirtida (T20) 
● Inibidores da integrase: Medicamentos 
que bloqueiam a atividade da enzima 
integrase, responsável pela inserção do 
DNA do vírus HIV (após ação da 
transcriptase reverva que converte RNA 
do vírus em DNA) ao DNA humano. Isto 
permite a inibição da replicação do vírus e 
sua capacidade de infectar novas células. 
Exemplos: Dolutegravir, Raltegravir. 
Caso o (a) parceiro (a) esteja presente na consulta, 
poderá também passa pela testagem. Quando 
indicado, a pessoa exposta sexualmente ao vírus HIV 
(ou ao risco de), recebe medicamentos antirretrovirais 
que devem ser usados por 4 semanas, para evitar a 
infecção pelo HIV. 
PEP 
A Profilaxia Pós-exposição (PEP), estratégia para 
prevenção da infecção pelo HIV, foi inicialmente 
disponibilizada para profissionais de saúde que 
acidentalmente se expunham ao HIV (com agulhas e 
outros instrumentais contaminados) ou para vítimas 
de violência sexual. Desde 2010, no entanto, existe a 
versão PEP sexual. Esta é uma estratégia 
complementar ao sexo seguro, indicada para pessoas 
que se expuseram a situações sexuais de risco para 
infecção pelo HIV: falha no uso ou ainda rompimento 
de preservativos. A ideia da PEP é que tão logo a 
pessoa tenha sido exposta, ela seja avaliada e testada 
para o HIV. 
Essa medida irá verificar se ela já havia sido infectada 
anteriormente - fator que impossibilitaria o uso da 
PEP -, uma vez que logo após a exposição não é 
possível saber se a pessoa contraiu o vírus ou não. 
Caso o parceiro esteja presente na consulta, ele 
também passa pela testagem e, se indicado, é dado 
início ao uso de medicamentos antirretrovirais. 
Ana Carolina Thomaz Mendes 
 
Complicações possíveis 
São diversas as complicações que uma pessoa vivendo 
com HIV pode desenvolver, a principal delas é a AIDS, 
mas, com o tratamento adequado é possível retardar 
bastante este processo. Contudo, o vírus deixa a 
pessoa mais suscetível a outras doenças, como um 
grande número de infecções e de tipos de cânceres. 
Dentre as infecções temos: 
● Tuberculose: É a infecção oportunista 
mais comum associada ao HIV e uma das 
principais causas de morte entre pessoas 
com aids. É extremamente comum que 
pessoas com HIV também estejam 
infectadas com tuberculose. 
● Salmonela: A infecção é contraída através 
da ingestão de alimentos ou água 
contaminada. Entre os sintomas estão 
diarreia severa, febre, calafrios, dor 
abdominal e vômitos e é muito mais 
incidente entre soropositivos do que em 
soronegativos. 
● Citomegalovírus: O vírus da herpes, que é 
transmitido através de contatos com 
fluídos corporais, fica inativo ou dormente 
em uma pessoa com um sistema 
imunológico saudável. Contudo, se a 
imunidade da pessoa está baixa, ele 
reaparece, o que é comum em 
soropositivos. O vírus pode causar dano 
aos olhos, trato digestivo, pulmões e 
outros órgãos. 
● Candidíase: A infecção causa inflamações 
e o aparecimento de um revestimento 
branco espesso nas membranas mucosas 
da boca, língua, esôfago ou vagina. Em 
crianças, os sintomas são ainda mais 
severos na boca ou no esôfago, o que 
pode tornar o ato de comer bastante 
doloroso. 
● Meningite criptocócica: é uma infecção do 
sistema nervoso central, associada ao HIV, 
ocasionada por fungos encontrados no 
solo. Esta doença também pode estar 
ligada à pássaros ou fezes de morcego. 
● Toxoplasmose: É uma infecção 
potencialmente fatal causada por um 
parasita transmitido usualmente por 
gatos. O animal infectado libera o parasita 
nas fezes, que é quando ele pode ser 
transmitido a humanos e outros animais. 
● Criptosporidiose:É uma infecção intestinal 
parasitária comumente encontrada em 
animais, transmitida para os humanos 
através da ingestão de água ou alimentos 
contaminados. O parasita cresce no 
intestino, levando a diarreias severas e 
crônicas em pacientes com aids. 
Dentre os tipos mais comuns de câncer que podem se 
desenvolver com maior facilidade em pacientes 
soropositivos estão: 
● Sarcoma de Kaposi: Que é raro em 
pessoas sadias e comum entre os 
portadores do vírus HIV. O Sarcoma de 
Kaposi surge com lesões rosas, vermelhas, 
roxas, marrons ou pretas na pele e boca 
da pessoa e também pode afetar os 
órgãos internos como o trato digestivo e 
os pulmões. 
● Linfomas: Esse tipo de câncer se origina 
nos glóbulos brancos do sangue e 
usualmente aparece primeiramente nos 
nódulos linfáticos. 
Outras complicações podem incluir: 
● Síndrome de Wasting ou do definhament: 
É definida como a perda de ao menos 10% 
da massa corpórea do paciente, 
acompanhada de diarreia, fraqueza 
crônica e febre. Com os tratamentos, o 
número de casos de Síndrome do 
Definhamento tem diminuído, mas ainda 
afeta muitas pessoas com HIV. 
● Complicações neurológicas: Apesar da 
aids aparentemente não afetar as células 
nervosas, ela pode causar sintomas 
neurológicos como confusão, 
esquecimento, ansiedade, dificuldade de 
caminhar etc. A complicação mais comum 
é o complexo aids-demência, que leva a 
Ana Carolina Thomaz Mendes 
 
mudanças comportamentais e a um 
funcionamento mental diminuído. 
● Doenças renais: A nefropatia associada ao 
HIV é uma inflamação dos pequenos 
filtros dos rins, que removem o excesso 
de líquido e resíduos do sangue e os passa 
para a urina. 
Assim como é muito importante que o paciente com 
HIV faça uso das medicações corretamente para que 
aumente a sua expectativa de vida e reduza as 
possíveis complicações do HIV, que incluem a aids, 
também é essencial ter diversos cuidados e regras 
com a saúde. As seguintes sugestões podem ajudar os 
pacientes soropositivos a ficarem saudáveis por maior 
período de tempo: 
Coma alimentos saudáveis 
Frutas e vegetais frescos, grãos e proteínas, emuma 
dieta equilibrada, ajudam a manter o paciente forte, 
liberar mais energia e a dar suporte ao sistema 
imunológico. Mas cuidado, doenças relacionadas a 
ingestão de alimentos podem ser especialmente mais 
severas em pessoas vivendo com HIV/aids. Evite 
produtos lácteos não pasteurizados, ovos crus e frutos 
do mar crus, como ostras e peixes. Cozinhe a carne 
até que ela fique bem passada ou até que não haja 
nenhum traço cor de rosa. 
Tome suas vacinas 
A imunização pode prevenir infecções como 
pneumonia e gripe, mas tenha certeza de que as 
vacinas não são compostas de vírus vivos. Eles podem 
ser perigosos para pessoas com sistema imunológico 
enfraquecido. 
Tome cuidado com os animais de estimação 
Alguns animais podem carregar parasitas que causam 
infecções em pessoas soropositivas ou com o sistema 
imunológico enfraquecido. As fezes do gato, por 
exemplo, podem causar toxoplasmose, répteis podem 
carregar salmonela e os pássaros certos tipos de 
fungo. O ideal é conversar com o seu médico sobre a 
presença do animal em casa e procurar um veterinário 
para verificar a saúde do bichinho. 
Não fume 
Pacientes soropositivos têm o sistema imunológico 
enfraquecido e estão mais susceptíveis a diversas 
doenças, inclusive comorbidades relacionadas aos 
pulmões. Então, se ainda fuma, pare de fumar o 
quanto antes. 
AIDS na gestação 
Durante a gestação, uma mulher soropositiva não vai 
necessariamente transmitir o vírus para o bebê. O 
maior risco é durante o parto e depende da carga viral 
da paciente: se for muito alta o ideal é fazer uma 
cesárea. 
Durante toda a gestação a mulher deve ser medicada, 
mesmo que sua sua carga viral não exija tratamento. 
A mãe recebe um coquetel para reduzir a quantidade 
de vírus em seu organismo, o que diminui o risco de 
transmissão para o bebê. 
Além disso, durante o parto, a mãe deve receber 
medicação endovenosa contra o HIV. 
Os filhos nascidos de mãe infectada pelo HIV também 
devem receber medicamento contra HIV no início da 
vida – todas estas estratégias combinadas diminuem 
muito o risco do bebê ser infectado pelo HIV. 
Além disso, estes bebês NÃO devem receber leite 
materno, que pode transmitir HIV. 
AIDS na terceira idade 
Os pacientes idosos podem ter associadas doenças 
pré-existentes que podem intensificar os sintomas 
relacionados a doenças ditas oportunistas que 
definem o diagnóstico de AIDS, conferindo maior 
gravidade, morbidade e mortalidade ao quadro. 
Em relação aos antirretrovirais disponíveis para 
tratamento dos pacientes idosos, (que são as mesmas 
classes disponíveis para os pacientes adultos), se faz 
importante atentar para possíveis para-efeitos destas 
medicações, que costumam ser mais intensos em 
pacientes com mais de 60 anos. No momento do 
início de tratamento com medicações antirretrovirais, 
é preciso escolher um esquema que tenha o menor 
número de interações farmacológicas com as 
medicações de uso prévio e contínuo do paciente em 
questão (exemplo: medicações para hipertensão 
arterial, diabetes etc). 
Ana Carolina Thomaz Mendes 
 
O diagnóstico do HIV no idoso muitas vezes é 
dificultado, porque tanto o paciente quanto seus 
familiares e profissionais de saúde tendem a não 
cogitar a possibilidade deste diagnóstico nesta faixa 
etária e em muitas situações os sinais e sintomas 
presentes no momento da avaliação médica fazem 
parte do grupo de doenças típicas do envelhecimento, 
confundindo e dificultando o diagnóstico. Por isso, o 
atendimento diferenciado a este paciente, com 
intensa interação entre médico geriatra e médico 
infectologista é imprescindível. 
O que é janela imunológica? 
Janela imunológica é o tempo que o corpo demora 
para reconhecer a presença do HIV (ou qualquer 
outro vírus) na corrente sanguínea e, assim, começar 
a produzir anticorpos contra ele. E como os testes de 
diagnóstico buscam esses anticorpos na amostra de 
sangue colhida, se o exame for feito dentro deste 
período o resultado pode dar negativo mesmo que a 
pessoa já esteja infectada. 
Prevenção 
Para se prevenir contra o HIV, o mais importante é 
não se colocar em situação de risco para a infecção 
pelo vírus, ou seja: 
● Faça sexo (vaginal, anal ou oral) sempre com 
proteção; 
● Não compartilhe agulhas e seringas 
● Não reutilize objetos perfurocortantes no 
geral 
● No caso de violência sexual, comunique as 
autoridades o quanto antes e vá a um 
hospital, de preferência especializado, para 
que eles possam ministrar os remédios de 
profilaxia de infecção pelo HIV ou outras IST. 
As chances de não se desenvolver essas 
doenças quando a profilaxia é feita poucas 
horas após o ato é muito maior 
● Se você descobriu que tem o vírus, 
comunique o seu parceiro ou pessoas com as 
quais teve relações sexuais. Ele precisará fazer 
os testes, pois um diagnóstico precoce faz 
com que o tratamento seja muito mais 
efetivo. Além disso, eles precisam saber se 
estão com o vírus para que não acabem por 
infectar outras pessoas. 
Se você já foi diagnosticado com HIV, para se prevenir 
a aids o mais importante é que você tome todos os 
seus medicamentos conforme prescrição e siga todas 
as demais orientações médicas, além de procurar ter 
uma vida mais saudável, se alimentando bem, 
mantendo o peso compatível com a sua idade, sexo e 
altura e, se ainda fuma, deixar de fumar. No caso de 
infecções oportunistas ou outros sintomas enquanto 
está se tratando do HIV, é importante procurar 
assistência médica para tomar as providências 
corretas contra a doença o quanto antes, que incluem 
medicações que não interfiram com os seus 
antirretrovirais. 
PrEP: medicamentos para prevenção do HIV 
No começo de julho de 2014, a Organização Mundial 
de Saúde (OMS) fez uma recomendação do uso de 
quimioprofilaxia através de uma combinação de 
antirretrovirais para tentar diminuir a transmissão do 
HIV entre os homens que fazem sexo com homens 
(HSH), transgêneros femininos, usuários de drogas 
injetáveis, profissionais do sexo e pessoas que 
estejam em privação de liberdade no sistema 
prisional. 
A profilaxia seria feira com a combinação dos 
antirretrovirais Tenofovir e Emtricitabina, unidos em 
uma pílula única. Os pacientes submetidos a esse 
tratamento deveriam tomar diariamente um 
comprimido da medicação ao dia, por tempo 
indeterminado. A isso se deu o nome de Profilaxia Pré 
Exposição Sexual (PrEP). Todos tem que ser avaliados 
periodicamente a fim de rastrear possíveis efeitos 
adversos da medicação. Ainda não se sabe a longo 
prazo todos os efeitos adversos que esse tratamento 
pode acarretar, visto que essa medicação foi liberada 
para uso no tratamento do HIV somente a partir de 
2004. 
Apesar de se mostrar eficaz na redução da 
contaminação pelo vírus HIV, outros métodos de 
profilaxia, como o uso de preservativo, devem ser 
sempre muito estimulados. Também é preocupante a 
postura de medicalização do problema e a 
inexistência de políticas de prevenção para o grupo 
HSH no Brasil e em todo mundo. 
Existem muitos argumentos prós e contras essa 
prática, no entanto, ficamos felizes que novos 
métodos de proteção estejam surgindo na luta contra 
Ana Carolina Thomaz Mendes 
 
o HIV. Ainda há muito a se fazer nesta questão, 
passando por educação sexual, políticas de saúde 
pública de prevenção eficazes e combate ao 
preconceito e discriminação. No Brasil já estão 
acontecendo novos estudos para avaliar a eficácia da 
quimioprofilaxia como método de prevenção ao HIV e 
a discussão da introdução desse método nos serviços 
de saúde. 
AIDS 
AIDS é uma doença crônica causada pelo vírus HIV, 
que danifica o sistema imunológico e interfere na 
habilidade do organismo lutar contra outras infecções 
(tuberculose, pneumocistose, neurotoxoplasmose, 
entre outras). 
A AIDS também facilita a ocorrência de alguns tipos 
de câncer, como sarcoma de Kaposi e linfoma, além 
de provocarperda de peso e diarreia. 
Apesar de ainda não existir cura para a doença, 
atualmente há tratamentos retrovirais capazes de 
aumentar a expectativa de vida dos soropositivos. 
Diferença entre HIV e AIDS 
HIV é a sigla em inglês do vírus da imunodeficiência 
humana, que é o causador da AIDS. AIDS, no entanto, 
se trata do estágio mais avançado da infecção por 
HIV. 
O HIV é uma infecção sexualmente transmissível, que 
também pode ser contraída pelo contato com o 
sangue infectado e de forma vertical, ou seja, a 
mulher que é portadora do vírus HIV o transmite para 
o filho durante a gravidez, parto ou amamentação. 
Fatores de risco 
Para se contrair AIDS é necessário que a pessoa seja 
infectada pelo vírus HIV. 
Mulheres infectadas pelo HIV não devem amamentar, 
pois o vírus pode ser transmitido pelo leite materno. 
Sintomas de AIDS 
Os primeiros sintomas de HIV observáveis para AIDS 
são: 
● Fraqueza 
● Febre 
● Emagrecimento 
● Diarreia prolongada sem causa aparente 
Nas crianças que nascem infectadas, os efeitos mais 
comuns são: 
● Problemas nos pulmões 
● Diarreia 
● Dificuldades no desenvolvimento 
Fase sintomática inicial da AIDS: 
● Candidíase oral 
● Sensação constante de cansaço 
● aparecimento de gânglios nas axilas, virilhas e 
pescoço 
● Diarreia 
● Febre 
● Fraqueza orgânica 
● Transpirações noturnas 
● Perda de peso superior a 10% 
Infecção aguda da AIDS: 
● Febre 
● Afecções dos gânglios linfáticos 
● Faringite 
● Dores musculares e nas articulações 
● Ínguas e manchas na pele que desaparecem 
após alguns dias 
● Feridas na área da boca, esôfago e órgãos 
genitais 
● Falta de apetite 
● Estado de prostração 
● Dor de cabeça 
● Sensibilidade à luz 
● Perda de peso 
● Náuseas e vômitos 
Os sintomas que pessoas com aids podem apresentar 
incluem: 
● Emagrecimento não intencional 
● Fadiga 
● Aumento dos linfonodos, ou ínguas 
● Sudorese noturna 
● Calafrios 
● Febre superior a 38ºC durante várias semanas 
● Diarreia crônica 
● Manchas brancas ou lesões incomuns na 
língua ou boca 
● Dor de cabeça 
Ana Carolina Thomaz Mendes 
 
● Fadiga persistente e inexplicável 
● Visão turva e/ou distorcida 
● Erupções cutâneas e/ou inchaços 
Estes sintomas podem ser agravados sem o 
tratamento adequado, além de que, o paciente 
vivendo com HIV/AIDS pode apresentar outros sinais 
mais graves dependendo da doença oportunista que 
desenvolver. 
Diagnóstico de AIDS 
Para diagnóstico de AIDS o médico analisará a 
condição de saúde geral do paciente, a evolução do 
HIV, a resposta aos tratamentos e a presença de 
doenças oportunistas. 
Existem vários testes para determinar em que estágio 
a doença está, dentre eles: 
● Contagem de CD4 - A infecção pelo HIV 
costuma diminuir a contagem de CD4. 
Quanto menor for o CD4, pior o 
comprometimento do sistema 
imunológico. Contagens abaixo de 200 
células/mm3 mostram que o paciente 
tem risco de apresentar infecções 
oportunistas; 
● Carga viral - O teste mede a quantidade 
de vírus no sangue e quanto maior a carga 
viral, mais o sistema imunológico pode ser 
agredido. 
Carga viral 
O teste mede a quantidade de vírus no sangue e 
quanto maior a carga viral, mais o sistema 
imunológico pode ser agredido. 
Teste rápido: 
Pode ser feito com sangue (inclusive da ponta do 
dedo) e na saliva. Isso permite com que o paciente 
fique sabendo do resultado no momento da consulta 
médica. O teste é feito após o aconselhamento pré-
teste. 
Com o resultado, seja ele positivo ou negativo, a 
pessoa passa por um aconselhamento pós- teste, 
muito importante para esclarecer dúvidas a respeito 
das formas de transmissão, tratamento e prevenção. 
Western Blot: 
É um exame que detecta diferentes tipos de anticorpo 
contra o HIV 1 e 2 e pode ser útil no caso de 
resultados discrepantes nos exames acima. 
PCR ou carga viral para HIV: 
Via de regra, este exame é solicitado quando um dos 
exames acima é positivo. Ele detecta e quantifica o 
vírus HIV no sangue e é importante para monitorar o 
tratamento. 
Testes confirmatórios: 
Todo exame positivo para HIV precisa ser confirmado 
com um segundo teste. 
Testes convencionais: 
O teste convencional foi o primeiro a ser 
desenvolvido. A ele, dá-se o nome de Ensaio 
Imunoenzimático, ou ELISA. 
Nele os profissionais de laboratório colhem uma 
amostra do sangue do paciente e buscam por 
anticorpos contra o vírus. 
Se a amostra não apresentar nenhuma célula de 
defesa específica para o HIV, o resultado é negativo e, 
então, oferecido ao paciente. 
Porém, caso seja detectado algum anticorpo anti-HIV 
no sangue, é necessária a realização de um teste 
adicional, o chamado teste confirmatório, para que se 
tenha certeza absoluta do diagnóstico. Nele, os 
profissionais buscam por fragmentos de HIV na 
corrente sanguínea do paciente. 
Tratamento de AIDS 
O objetivo é minimizar os danos que o HIV causa no 
corpo e reduzir a transmissão: pessoas em tratamento 
e com carga viral indetectável = intransmissível. 
Complicações possíveis 
Quando o sistema imunológico está muito 
enfraquecido pelo HIV, outras infecções e doenças 
oportunistas se aproveitam – são as chamadas 
infecções oportunistas. 
Dentre as infecções temos: 
Ana Carolina Thomaz Mendes 
 
● Tuberculose 
● Salmonella 
● Citomegalovírus 
● Candidíase 
● Meningite criptocócica 
● Toxoplasmose 
● Criptosporidiose 
Pessoas infectadas pelo HIV têm risco aumentado 
para alguns tipos de câncer. 
Sarcoma de Kaposi: Raro em pessoas sadias e mais 
comum entre pessoas com aids e imunossupressão 
severa. O Sarcoma de Kaposi surge com lesões escuras 
na pele e boca da pessoa e também pode afetar os 
órgãos internos como o trato digestivo e os pulmões. 
Em muitos casos, tratar o HIV acaba por resolver o 
sarcoma. Quando muito avançado, demanda 
quimioterapia. 
Lipodistrofia: Caracteriza-se pela concentração 
excessiva de gordura no abdome, tórax e nuca e 
perda de gordura na face, braços e pernas de pessoas 
soropositivas que estão utilizando a Terapia Anti-
retroviral Altamente Ativa (HAART), também 
conhecida como terapia de combinação ou coquetel 
para o tratamento anti-HIV. 
Pode ocorrer aumento de gordura na região do 
abdome/ventre (gordura central), entre os ombros, 
em volta do pescoço ou no tórax (especialmente em 
mulheres) ou perda de gordura da pele, mais 
aparente nos braços, pernas, nádegas e rosto, 
resultando em enfraquecimento da face, 
atrofiamento das nádegas e veias aparentes nas 
pernas e braços. 
Pessoas com HIV também tem risco aumentado para 
doenças cardiovasculares, como infarto do miocárdio 
e AVC. Por este motivo, talvez mais que a população 
em geral, pessoas com HIV precisam manter hábitos 
de vida saudáveis: 
● Não fumar 
● Manter atividade física regular 
● Evitar obesidade 
● Consumir alimentos pobres em gorduras e 
açúcares, preferindo frutas, verduras, 
legumes 
AIDS na terceira idade 
Os pacientes idosos com HIV enfrentam os mesmos 
problemas relacionados ao envelhecimento que as 
outras pessoas. O envelhecimento pode ser acelerado 
na infecção pelo HIV, bem como maior o risco de 
doenças cardiovasculares. 
Pacientes idosos recebem o mesmo tratamento que 
adultos jovens, mas deve-se levar em consideração 
interações com outros remédios que o paciente 
eventualmente precise usar. 
Nem todos os remédios combinam entre si. Por isso, o 
infectologista precisa centralizar o cuidado, em 
especial de pacientes com múltiplas comorbidades. 
É equivocado quem esquece de pensar em HIV como 
diagnóstico em idosos. Ao fazer isto, atrasamos o 
diagnóstico e com isso, atrasamos o tratamento. 
Prevenção 
As chances de não se desenvolver essas doenças 
quando a profilaxia é feita poucas horas após o ato é 
muito maior; Se você descobriu que tem o vírus, 
comunique o seu parceiro ou pessoas com as quais 
teve relações sexuais. 
Ele precisará fazer os testes, pois um diagnósticoprecoce faz com que o tratamento seja muito mais 
efetivo. Além disso, eles precisam saber se estão com 
o vírus para que não acabem por infectar outras 
pessoas. 
PeRP: medicamentos para prevenção do HIV 
Desde 2018 o PreP, feito com a combinação dos 
antirretrovirais Tenofovir e Emtricitabina, unidos em 
uma pílula única, é oferecido no SUS. 
Pessoas com risco acrescido de se infectarem por HIV 
e fazem uso regular deste medicamento tem 
diminuído o risco de se infectarem pelo HIV. A 
proteção conferida pelo remédio não muda a 
recomendação de se fazer sexo protegido, com 
camisinha. 
Pessoas que recebem este medicamentos precisam 
ser acompanhadas regularmente, para monitorar 
eventuais efeitos adversos do remédio e serem 
testados para HIV e outras DST. 
Como vimos acima, a infecção pelo HIV tem 
tratamento mas ainda impacta negativamente na 
Ana Carolina Thomaz Mendes 
 
saúde dos infectados. Deste modo, prevenir é sempre 
melhor. 
Síndrome da imunodeficiência adquirida 
 
Estruturas virais: 
● P24: componente capsídeo 
● P17: presente no capsídeo 
● GP120 e GP41: localizadas no envelope 
(ligam-se aos receptores) 
● Possuem transcriptase reversa e integrase, 
além do RNA viral. 
 
 
 
Ação viral: 
Ligação de glicoproteínas virais (gp120) ao receptor 
específico da superfície celular 
● Células dendríticas 
● Macrófagos 
● Linfócitos, T-CD4 principalmente; 
Fusão do envelope do vírus com a membrana da 
célula hospedeira; 
Liberação do "core" do vírus para o citoplasma da 
célula hospedeira; 
Transcrição do RNA viral em DNA complementar, 
dependente da enzima transcriptase reversa; 
Transporte do DNA complementar para o núcleo da 
célula, onde pode haver integração no genoma 
celular (provírus), dependente da enzima integrase, 
ou a permanência em forma circular, isoladamente; 
O provírus é reativado, e produz RNA mensageiro 
viral, indo para o citoplasma da célula; 
Proteínas virais são produzidas e quebradas em 
subunidades, por intermédio da enzima protease; 
As proteínas virais produzidas regulam a síntese de 
novos genomas virais, e formam a estrutura externa 
de outros vírus que serão liberados pela célula 
hospedeira; 
Ana Carolina Thomaz Mendes 
 
O vírion recém-formado é liberado para o meio 
circundante da célula hospedeira, podendo 
permanecer no fluído extracelular, ou infectar novas 
células. 
 
Dentro de 3 a 6 semanas após a infecção inicial, 40 a 
90% dos indivíduos infectados desenvolvem a 
síndrome aguda do HIV, que é desencadeada pela 
disseminação inicial do vírus e pela resposta do 
hospedeiro. Esta fase está associada a uma doença 
autolimitada com sintomas inespecíficos que incluem 
dor de garganta, mialgias, febre, perda de peso e 
fadiga, assemelhando-se a uma gripe. Erupção 
cutânea, linfadenopatia, diarreia e vômitos também 
podem ocorrer. O quadro normalmente se resolve 
espontaneamente em 2 a 4 semanas. 
Fisiopatologia 
Desde os primórdios da descrição da AIDS, era 
observada a sua consequência catastrófica decorrente 
de uma profunda diminuição da imunidade celular. 
Inicialmente, observava-se que as pessoas infectadas 
evoluíam a óbito pelas assim chamadas infecções 
oportunistas e por neoplasias raras que foram 
denominadas subsequentemente de neoplasias 
oportunistas. No momento do diagnóstico destas 
“doenças oportunistas”, sistematicamente se 
detectava a diminuição da imunidade celular. Em um 
segundo momento, quando o diagnóstico mais 
precoce da infecção pelo HIV foi possibilitado pelo 
desenvolvimento de testes sorológicos, percebeu-se 
que a perda da imunidade celular, que era 
determinada pelas quantidades de linfócitos T CD4+, 
ocorria de maneira paulatina e progressiva. Era, 
portanto, um processo crônico, quase sempre lento e 
inexorável, que minava a imunidade celular, 
culminando com a morte. Entretanto, percebeu-se 
desde o início que a regra tinha exceções. Algumas 
pessoas infectadas pelo HIV tinham a progressão do 
déficit de imunidade de modo muito lento, enquanto 
isto acontecia de maneira muito acelerada em outras. 
Na busca do entendimento sobre o que ditaria o ritmo 
de progressão da doença, ou seja, o ritmo de 
decaimento dos linfócitos T CD4+, ficou determinado 
que o fator que mais se correlacionava com a queda 
desses linfócitos eram os níveis de replicação do HIV, 
ou seja, a carga viral. A equação parecia finalizada: o 
vírus leva à progressão da doença de maneira direta 
devido ao seu papel citopático e, quanto mais intensa 
a replicação viral, mais rapidamente este processo 
ocorreria. As condutas para intervenção em 
momentos de risco, como instituição de profilaxias 
primárias para infecções oportunistas ou início de 
tratamento com antirretrovirais, eram ditadas 
exclusivamente pelos níveis de linfócitos T CD4+ na 
periferia da corrente sanguínea. 
 
 
Ativação celular e progressão da doença 
Ana Carolina Thomaz Mendes 
 
A ativação celular denota indiretamente um processo 
inflamatório que, entre outros fatores, correlaciona-se 
com a morte celular, especialmente a morte celular 
programada ou apoptose. A ativação celular não só 
está aumentada nas pessoas infectadas pelo HIV em 
comparação às não infectadas, como também é 
proporcional aos níveis de carga viral na ausência de 
tratamento antirretroviral. Em outras palavras, 
quanto maior a carga viral, maiores os níveis de 
ativação celular. 
Os mecanismos relacionados ao desenvolvimento 
deste processo inflamatório deletério que é a ativação 
celular relacionam-se intrinsecamente com a depleção 
de linfócitos T CD4+ existentes no TGI. Após a 
exposição ao HIV, o vírus será captado por uma célula 
dendrítica, que sem se infectar por ele, leva o HIV 
aderido a ela ou mesmo protegido por endocitose ao 
linfonodo regional para que seja montada a chamada 
resposta imune adaptativa. Isto ocorre a despeito da 
via de exposição ao HIV e, neste caso, a célula 
dendrítica funciona como um “cavalo de Troia”, 
levando o vírus para o quartel general do exército 
protetor de nosso organismo. Este tráfego demora 
entre 4 e 14 dias e a infecção dos linfócitos ocorrerá 
então neste linfonodo regional e uma quantidade 
enorme de vírus será lançada na circulação sanguínea. 
Estes vírus livres no plasma vão se replicar em órgãos 
linfoides e se concentrar especialmente no TGI, o 
maior órgão linfoide do corpo humano, que alberga 
mais de 50% dos linfócitos de nosso organismo. Este 
contingente de linfócitos encontra-se mais 
concentrado em jejuno, com a função de proteção do 
corpo humano contra os patógenos veiculados à 
alimentação e às bactérias no TGI. 
Nestes primeiros momentos da infecção, a depleção 
linfocitária no organismo é intensa, sendo que 
realmente não se consegue idealizar a magnitude da 
perda de linfócitos T pela observação dos níveis de 
CD4+ na periferia sanguínea. Somente cerca de 3% 
dos linfócitos T CD4+ encontram-se na periferia e na 
determinação dos níveis de CD4+ não é possível 
observar uma variação que reflita a perda do 
contingente destes linfócitos, que está ocorrendo 
especialmente no TGI. A repercussão mais imediata 
desta depleção linfocitária em TGI é a ruptura da 
barreira mucosa associada à ocorrência de 
translocação bacteriana, ou seja, invasão de bactérias 
nos espaços que deveriam conter os tecidos linfoides. 
Esta translocação bacteriana possibilita a 
transferência de LPS bacterianos à corrente 
sanguínea, o que leva a um processo inflamatório 
generalizado e, especificamente, ao aumento da 
ativação celular. De fato, existe uma correlação direta 
entre os níveis plasmáticos de LPS com o grau de 
ativação celular, sendo que, quanto maiores os níveis 
de LPS, maiores os níveis de ativação celular. 
De modo geral, os níveis mais elevados de ativação 
celular são detectados entre os indivíduos sem 
tratamento com vírus sensíveis aos medicamentos. Os 
controladores deelite, que são pessoas que 
apresentam naturalmente carga viral indetectável e 
estabilidade do CD4+, apresentam menores índices de 
ativação celular do que os indivíduos com viremia, 
porém os níveis de ativação celular entre os 
indivíduos tratados e com carga viral indetectável é 
inferior ao dos controladores de elite. De qualquer 
maneira, mesmo o tratamento antirretroviral com 
supressão da viremia a níveis indetectáveis não reduz 
a ativação celular no nível das pessoas não infectadas 
pelo HIV. Em resumo, a ativação celular é maior entre 
os HIV-positivos sem tratamento com vírus sensíveis, 
seguidos dos indivíduos com viremia em tratamento 
antirretroviral, seguidos dos controladores de elite, 
seguidos dos HIV-positivos com antirretrovirais e 
carga viral indetectável, seguidos dos HIV-negativos. 
Consequências da inflamação provocada pelo HIV em 
humanos 
A inflamação crônica proporcionada pelo HIV leva, de 
maneira geral, à deterioração de diversos órgãos e 
tecidos do organismo. Esta deterioração ocorre de 
modo acelerado no SNC, levando à atrofia encefálica 
com aparecimento de alterações cognitivas e 
depressão. Leva também à degeneração do sistema 
cardiovascular com fenômenos ateroscleróticos, 
insuficiência coronariana e disfunção ventricular 
esquerda. Leva também à osteopenia com fraturas 
patológicas, à deterioração da função hepática e 
renal, bem como à insuficiência endócrina múltipla. 
Infelizmente, o tratamento antirretroviral mitiga, mas 
não elimina os riscos destas ocorrências. Mesmo com 
níveis mantidos de carga viral indetectáveis, os 
fenômenos acima ocorrem com maior frequência 
entre as pessoas infectadas pelo HIV em comparação 
à população soronegativa. 
Ana Carolina Thomaz Mendes 
 
Corroborando a associação da inflamação e infecção 
pelo HIV, marcadores inespecíficos como a PCR 
ultrassensível, dosagem de IL-6 e dímero D estão 
elevados entre as pessoas infectadas pelo HIV e 
correlacionam-se diretamente com gravidade de 
doença quando desfechos como mortalidade são 
usados em análises de estudos. Evidências científicas 
demonstram também que o tratamento levando a 
supressão viral a níveis indetectáveis reduz os 
marcadores inflamatórios inespecíficos, como PCR 
ultrassensível, IL-6, dímero D e cistatina C, porém os 
níveis destes marcadores continuam elevados quando 
comparados aos dos indivíduos não infectados pelo 
HIV. 
De modo mais específico, quanto maior a ativação 
celular entre pessoas em tratamento com carga viral 
indetectável, maior a dificuldade na recuperação dos 
níveis de CD4+. 
Especula-se, portanto, que a ativação celular elevada 
dificulte uma recuperação imunológica plena em 
alguns pacientes. 
A própria viremia proporcionada pelo HIV tem um 
potencial inflamatório. Pequenas proteínas, como 
TAT, NEF e VPU, podem propiciar esta inflamação. 
Percebe-se, assim, que, entre pessoas infectadas pelo 
HIV e sem tratamento antirretroviral, as pessoas com 
alta carga viral apresentam mais ativação celular do 
que as pessoas com viremia baixa que, por sua vez, 
apresentariam mais ativação celular do que os 
controladores de elite. 
Inflamação e ritmo de progressão da doença 
Existe um grande interesse da comunidade científica 
em entender os correlatos da progressão da doença 
na infecção pelo HIV. Na maior parte das vezes não se 
identifica o porquê do ritmo de progressão mais lenta. 
Fatores genéticos do hospedeiro têm sido estudados e 
entre os protetores estariam os perfis de HLA-B*5701 
ou B*27, o polimorfismo do gene que codifica a 
interleucina SDF1 conhecido como SDF-1 3′A/3′A, o 
polimorfismo dos genes que codificam os receptores 
CCR5 e o polimorfismo do gene que codifica o 
correceptor CCR2 (CCR2 64I). 
É especialmente interessante a relação do 
polimorfismo do alelo (gene) que codifica o CCR5 e a 
progressão da doença/inflamação. É sabido que uma 
pequena parcela da população de pessoas brancas 
apresenta um alelo com a deleção de 32 nucleotídeos, 
sendo conhecido como CCR5_delta32. A homozigose 
para o CCR5_delta32 que ocorre em cerca de 1% das 
pessoas está associada à resistência da infecção pelo 
HIV pela ausência da expressão do receptor CCR5 na 
superfície da célula, receptor este fundamental para a 
entrada do vírus. Aproximadamente 15% das pessoas 
podem apresentar heterozigose, com um alelo normal 
e um CCR5_delta32. Estas pessoas não estão 
completamente protegidas da infecção pelo HIV, mas 
notoriamente apresentam um ritmo de progressão da 
doença mais lento comparadas com as que 
apresentam os dois alelos normais. Para entendermos 
o mecanismo diferenciado de progressão da doença 
entre os indivíduos heterozigotos para o alelo 
CCR5_delta32, precisamos entender a função do CCR5 
e a repercussão da ausência ou diminuição da 
expressão destes receptores na superfície das células. 
O CCR5 é um receptor de quimiocinas e 
incidentalmente fundamental para a entrada do HIV 
na célula. Algumas atividades pró-inflamatórias do 
organismo são inteiramente dependentes do receptor 
CCR5. Percebe-se, por exemplo, que a gravidade da 
infecção pelo vírus do Nilo ocidental é 
substancialmente mais alta entre os portadores do 
CCR5_delta32. Sabe-se que o CCR5 é um 
determinante fundamental para o tráfego de 
leucócitos para o SNC e o knockout do CCR5 em 
camundongos leva a uma diminuição na quantidade 
de leucócitos, células NK e linfócitos T no cérebro. 
O potencial anti-inflamatório da ausência ou 
diminuição da expressão de CCR5 é notório. 
Percebeu-se inicialmente que a inibição do CCR5 em 
camundongos preveniu o aparecimento de artrite 
reumatoide grave nestes animais. De modo geral, o 
alelo CCR5_delta32 em humanos associa-se à 
proteção do desenvolvimento de artrite reumatoide, 
bem como de uma paucidade de sintomas desta 
doença quando ela se manifesta. Outras evidências do 
benefício relacionado à redução do dano mediado 
pelo sistema imune nos portadores do alelo 
CCR5_delta32 são redução dos índices de rejeição de 
transplantes renais, desenvolvimento mais tardio de 
esclerose múltipla, redução da incidência de linfoma 
relacionado a AIDS e redução da inflamação e dano 
hepático proporcionado pelo vírus da hepatite C. 
Ana Carolina Thomaz Mendes 
 
Em resumo, a diminuição de receptores CCR5 
causados pelo alelo truncado CCR5_delta32 leva a 
uma diminuição da capacidade inflamatória em seus 
portadores. É sabido também que estas pessoas, 
quando infectadas pelo HIV, progridem mais 
lentamente em suas doenças por apresentarem ritmo 
de decaimento de CD4+ mais lento. É, portanto, 
concebível que a diminuição da capacidade 
inflamatória nas pessoas com menor quantidade de 
receptores CCR5 nas suas células seja o determinante 
fundamental na preservação dos linfócitos T CD4+ nas 
pessoas infetadas pelo HIV. 
Outro fator relacionado à progressão mais lenta da 
infecção pelo HIV está na coinfecção com o vírus 
denominado GBV-C. Trata-se de um vírus 
hepatotrópico que não causa doença ao hospedeiro. 
Descobriu-se, entretanto, que a coinfecção HIV/GBV-C 
leva a menor ritmo de progressão da doença. 
Curiosamente, estar infectado pelo GBV-C seria bom 
no contexto do HIV, mas o mecanismo envolvido 
nesse benefício não havia sido elucidado. 
Recentemente foi determinado que o GBV-C causa 
uma regulação negativa na expressão dos receptores 
CCR5, diminuindo o número destes receptores na 
superfície celular. Deste modo, estas pessoas se 
comportariam (artificialmente) como se 
apresentassem o alelo CCR5_delta32. 
 
Classificação da OMS 
Estágio 1 
A OMS estabelece a síndrome de soroconversão 
aguda neste estágio. Ela geralmente acontece no 
primeiro mês da infecção e pode provocar uma 
síndrome flu-like, com febre e linfadenopatia. Como 
ainda não existe imunidade específica para o HIV, a 
viremia sobe a níveis muito altos e com alto consumo 
de células CD4. A linfopenia podecair 
transitoriamente a ponto de haver infecções 
oportunistas. Após o estabelecimento de anticorpos 
anti-HIV, a CV cai até o nível em que se inicia um 
platô. Nesse ponto, denomina-se “setpoint da CV” e 
está relacionado à velocidade da queda do CD4. O 
CD4 sofre uma recuperação. A pessoa então se torna 
assintomática, podendo ter linfadenopatia 
persistente. 
Capacidade funcional 1 (completamente ativo). 
Estágio 2 
● Sintomas sugestivos de imunodeficiência 
● Perda de menos de 10% do peso corporal. 
● Herpes-zóster. 
● Manifestações cutâneas menores. 
● Infecções respiratórias de repetição. 
● Capacidade funcional 2 (sintomático, mas 
quase completamente ativo). 
Estágio 3 
● Perda de mais de 10% do peso corporal. 
● Diarreia por mais de 1 mês. 
● Febre por mais de 1 mês. 
● Candidíase oral ou vaginal, recorrentes ou 
crônicas. 
● Leucoplasia pilosa oral. 
● Infecções bacterianas graves. 
● TB pulmonar. 
● Capacidade funcional 3 (no leito, menos de 
50% no último mês). 
Estágio 4 
● Caracteriza a doença. 
● Sarcoma de Kaposi. 
● Síndrome de emaciação. 
● Micose disseminada. 
● TB extrapulmonar. 
● Pneumonia recorrente. 
● Capacidade funcional 4 (restrito ao leito por 
mais de 50% do tempo). 
Quando iniciar o tratamento e relação com os 
exames 
A instituição da terapia antirretroviral (TARV) tem 
como objetivo diminuir a morbidade e mortalidade, 
melhorando a qualidade e a expectativa de vida das 
pessoas que vivem com HIV/ AIDS (PVHA). Sabe-se 
que, mesmo em indivíduos assintomáticos com 
contagens elevadas de LT- -CD4 + , a replicação viral e 
a ativação imune crônica são associadas ao 
surgimento de doenças não relacionadas à infecção 
pelo HIV, tais como eventos cardiovasculares e 
neoplasias. Além disso, pessoas com reconstituição 
Ana Carolina Thomaz Mendes 
 
imune, em uso de TARV, que mantêm contagens de 
LT-CD4 + acima de 500 células/mm3 e carga viral 
indetectável, atingem expectativa de vida semelhante 
à da população geral. O início precoce da TARV eleva 
as chances de se alcançar níveis elevados de LT-CD4 + 
, além de promover redução significativa da 
morbimortalidade e da transmissão do HIV. No 
entanto, deve-se levar em consideração a importância 
da adesão e o risco de efeitos adversos a longo prazo. 
Atualmente, estão disponíveis opções terapêuticas 
mais simplificadas, eficazes, cômodas e bem 
toleradas, justificando o estabelecimento de novos 
critérios para o início da TARV. 
O Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêu�cas para 
Manejo da Infecção pelo HIV em Adultos (PCDT) traz 
novas recomendações de esquemas antirretrovirais 
(ARV) considerando princípios básicos como eficácia, 
toxicidade e comodidade posológica. Situações de 
priorização de atendimento pelos serviços da rede de 
assistência à PVHIV, para início da TARV. 
– iniciar TARV com celeridade: 
• PVHIV sintomática. 
• LT-CD4+ < 350 céls/mm3. 
• Gestante. 
• Tuberculose ativa. 
• Coinfecção HBV. 
• Coinfecção HCV. 
• Risco cardiovascular elevado (> 20%). 
Importante: na impossibilidade de obter contagem de 
LT-CD4+, não se deve adiar o início do tratamento. 
Sintomáticos: 
• TB ativa: para LT-CD4 + < 200, iniciar TARV na 
segunda semana após o início do tratamento de TB. 
Para LT-CD4 + > 200, iniciar TARV ao final da oitava 
semana. 
• Manifestações clínicas atribuídas diretamente ao 
HIV: 
– Nefropatia associada ao HIV. 
– Alterações neurológicas. 
– Cardiomiopatia associada ao HIV. 
• Imunodeficiência avançada (doença definidora de 
AIDS) ou moderada. 5.1 
1. Principais antivirais (HIV) 
Medicamentos antirretrovirais disponíveis 
Inibidores de entrada 
Enfuvirtida | Inibidor de fusão 
O medicamento capaz de interferir na fusão do vírus à 
célula hospedeira é a enfuvirtida. São moléculas 
complexas e de difícil produção em larga escala. 
Trata-se de um peptídeo de 36 aminoácidos que atua 
ligando-se à região HR1 da gp41 do HIV-1, 
comprometendo os passos subsequentes de fusão da 
membrana viral com a membrana plasmática. 
Vários estudos já foram apresentados demonstrando 
sua ação antirretroviral em combinação com outros 
ARV. Apresenta a desvantagem do uso subcutâneo 
(SC) 2 vezes/dia. Os efeitos colaterais mais comuns 
são os relacionados à injeção. Em geral bem tolerada, 
enfuvirtida foi associada a cefaleia, neuropatia 
periférica, tonturas, insônia, depressão, diminuição do 
apetite, astenia, mialgia, constipação intestinal e 
pancreatite, embora fossem de leve ou moderada 
intensidade na maioria dos pacientes. A dose 
preconizada são 90 mg (1 mℓ) SC a cada 12 h. 
Apresenta barreira genética baixa, com resistência 
emergindo após 3 semanas de falha virológica. 
Maraviroque | Antagonista de correceptor CCR5 
Maraviroque (MVC) é um inibidor do correceptor 
celular CCR5. Para que seu uso seja efetivo é 
necessária a prévia realização de teste de tropismo 
para a caracterização do HIV como cepa com tropismo 
para receptor CCR5 (cepa R5) ou receptor CXCR4 
(cepa X4). Maraviroque somente é ativo para cepas 
com tropismo exclusivo R5. É apresentado em 
comprimidos de 150 mg e 300 mg. A posologia é de 
300 mg VO, de 12 em 12 h, com ou sem alimentos. 
Dependendo das medicações coadministradas, 
recomenda-se o ajuste de doses. 
Em combinação, a dosagem sempre varia de acordo 
com o inibidor da protease (IP); quando ambos, um 
inibidor e um indutor da metabolização hepática são 
utilizados, o inibidor será dominante. 
Em relação aos efeitos adversos, é medicação bem 
tolerada, com raras cefaleias, fadiga, tontura e 
náuseas. Em altas doses, pode ocorrer hipotensão 
ortostática. Há relatos ocasionais de elevação de CPK 
Ana Carolina Thomaz Mendes 
 
e miosite. A administração concomitante de 
maraviroque e rifampicina não é recomendada. 
Isoniazida deve ser evitada pelo risco de 
hepatotoxicidade. A erva-de-são-joão pode reduzir o 
nível sérico de maraviroque e também deve ser 
evitado o seu uso. 
Inibidores da transcriptase reversa análogos aos 
nucleosídeos 
A formação do DNA viral ocorre dentro da célula 
infectada pelo HIV, graças à ação da enzima 
transcriptase reversa. Esta enzima recruta os 
nucleotídeos naturais da célula, a adenosina, a 
guanosina (compostas por bases purínicas, com um 
anel na estrutura espacial), a timidina e a citosina 
(compostas por bases pirimidínicas, com dois anéis na 
estrutura espacial). Antes de serem fosforilados, os 
nucleotídeos são denominados nucleosídeos. Os 
inibidores da transcriptase reversa análogos aos 
nucleosídeos funcionam inibindo a síntese de DNA 
porque apresentam uma estrutura espacial que 
simula a estrutura dos nucleosídeos naturais. Como os 
compostos naturais, os análogos aos nucleosídeos são 
fosforilados pela célula, havendo incapacidade da 
transcriptase reversa em distinguir qual é o 
nucleosídeo natural do artificial. Uma vez 
incorporado, o falso nucleosídeo impede a 
continuidade da formação da cadeia de DNA, 
bloqueando a replicação viral. 
 
Zidovudina 
A zidovudina (1,3′-azido 2,3′-dideoxitimidina ou AZT) 
após metabolização, torna-se um análogo do 
nucleotídeo natural timidina. É inativa em sua forma 
natural, necessitando ser triplamente fosforilada 
utilizando enzimas dentro da célula. Assim, 
transforma-se no derivado trifosfato, detentor de 
ação antirretroviral. Uma vez fosforilado, este 
composto compete com o nucleosídeo natural 
timidina, ocupando seu lugar na formação de novas 
cadeias de ácido nucleico induzido pela transcriptase 
reversa. A zidovudina é absorvida no intestino após 
administração oral, alcançando biodisponibilidade de 
60%. Cerca de 35% da substância ligam-se à proteína 
plasmática, proporcionando curta meia-vida, em 
torno de 1,1 h. Todavia, apresenta longa meia-vida 
intracelular, de aproximadamente 3 h. Apresenta boa 
difusão pela barreira hematencefálica, característica 
que a coloca como um dos antirretroviraismais 
populares na escolha de esquema de tratamento para 
a doença neurológica causada pelo HIV. Também 
consegue atravessar de modo bastante adequado a 
placenta, vindo daí seu emprego na prevenção da 
transmissão vertical. É metabolizada no fígado e 
eliminada principalmente pelos rins. As doses 
inicialmente recomendadas, de 1.000 a 1.200 mg/dia, 
eram mal toleradas e bastante tóxicas. Com a 
comprovação de eficácia semelhante com doses 
menores, é empregada na dose de 600 mg/dia, o que 
diminuiu significativamente a ocorrência de efeitos 
colaterais. Entretanto, ainda são comuns queixas nas 
primeiras 2 semanas de seu uso de náuseas e cefaleia, 
que costumam desaparecer após. Podem ainda surgir 
vômitos, febre, exantema, parestesias e mialgias. A 
toxicidade medular, exteriorizada por anemia e 
neutropenia, ocorre principalmente em pacientes 
com formas avançadas da doença. Um efeito colateral 
raro, mas que pode apresentar significativa gravidade, 
é a acidose láctica. Hepatotoxicidade, hepatomegalia 
e esteatose hepática também ocorrem com baixa 
frequência. Suas apresentações comerciais são em 
comprimidos de 100 mg, 300 mg associados a 150 mg 
de lamivudina, xarope para uso pediátrico e frascos 
com 10 mg/mℓ para uso intravenoso no periparto. O 
esquema posológico para adultos prevê a 
administração oral de 300 mg duas vezes. 
Didanosina 
A didanosina (2,3′-dideoxi-inosina ou ddI) em sua 
forma original não apresenta atividade antirretroviral. 
Após sofrer complexo processo de transformação 
química intracelular, assume a forma de 2,3′-
dideoxiadenosina (ddA), análogo ao nucleotídeo 
Ana Carolina Thomaz Mendes 
 
natural adenosina. Portanto, como a zidovudina, inibe 
a ação da transcriptase reversa competindo com o 
trifosfato de adenosina na formação da cadeia de 
ácido nucleico. Sua biodisponibilidade é de 25 a 40%, 
alcançando pico sérico cerca de 30 min após ingestão. 
Sua meia-vida sérica é de 60 a 90 min, mas sua meia-
vida intracelular é muito mais longa, entre 8 e 24 h, 
permitindo a administração em intervalos de até 24 h. 
Atravessa a barreira hematencefálica, com níveis no 
líquido cefalorraquidiano de 19 a 21% dos observados 
no plasma em adultos, e mais elevados em crianças. 
Atravessa a barreira placentária e é removida por 
hemodiálise. Sua eliminação ocorre principalmente 
pela urina, merecendo ajuste de dose em pacientes 
com insuficiência renal. As doses recomendadas são 
de 400 mg (1 comp.), 1 vez/dia em indivíduos com 
peso acima de 60 kg e 250 mg para aqueles com 
menos que 60 kg. Os efeitos colaterais mais 
indesejáveis são pancreatite e neuropatia periférica. O 
primeiro, apesar de bastante incomum, pode levar a 
quadros muito graves e morte, obrigando constante 
monitoramento de níveis séricos de amilase, e o 
segundo pode levar a sequelas que podem ser 
irreversíveis, o que obriga a suspensão precoce do 
medicamento nos primeiros sintomas da neuropatia 
periférica. Pode ainda ocorrer diarreia com relativa 
frequência, mas sua causa está, em geral, associada à 
presença dos antiácidos na formulação dos 
comprimidos. Outros efeitos menos comuns são 
náuseas, vômitos, dor abdominal, cefaleia e insônia. 
Cardiomiopatias e hepatite são alterações raras e 
alterações hematológicas são excepcionais. É 
encontrado em formulações de comprimidos de 
liberação entérica, contendo 400 mg e 250 mg, ou 
ainda em pó para suspensão oral. Essa formulação 
difere da anterior em comprimidos por ser composta 
de grânulos revestidos que resistem à degradação 
ácida no estômago, resultando em maior absorção 
pela região proximal do intestino delgado. A ausência 
de antiácido em sua formulação diminui os efeitos 
adversos gastrintestinais e as interações devidas à sua 
presença. A administração é em dose única diária de 
uma cápsula de 400 mg, preferencialmente com 
estômago vazio. A absorção da didanosina EC é mais 
lenta e a Cmáx é 40% mais baixa, porém com 
equivalência da área sob a curva (AUC) em relação aos 
comprimidos. 
Lamivudina 
A lamivudina [(–)-β-enantiômero ou 2′,3′-dideoxi-3′-
tiacitidina ou 3TC] é um nucleosídeo sintético que, 
após fosforilação, torna-se um análogo a nucleotídeos 
naturais, inibindo a ação da transcriptase reversa e 
interrompendo a cadeia de formação de ácidos 
nucleicos. É bem absorvida após ingestão oral, com 
biodisponibilidade de 80 a 86%. Sua meia-vida sérica é 
de 3 a 6 h, ao passo que a intracelular é de 12 h. 
Alcança concentração baixa no líquido 
cefalorraquidiano, cerca de 10% da concentração no 
soro. Sua eliminação é por via renal, havendo um 
pequeno grau de metabolismo hepático. A absorção 
não sofre interferência da ingestão simultânea de 
alimentos. Trata-se de um medicamento bem 
tolerado. Efeitos colaterais como neuropatia 
periférica, pancreatite, cefaleia, tonturas e insônia são 
raros. Praticamente não apresenta toxicidade 
hematológica, com raros relatos de anemia ou 
neutropenia seguramente relacionados ao seu uso. A 
dose habitualmente indicada para adultos é de 150 
mg a cada 12 h, ou 300 mg 1 vez/dia, que requer 
ajuste em pacientes com insuficiência renal. É 
encontrada na formulação de comprimidos contendo 
150 mg de lamivudina isolada ou associada a 300 mg 
de zidovudina. 
Abacavir 
A abacavir (2′-deoxiguanosina – ABC) após 
metabolização, torna-se um análogo do nucleotídeo 
guanosina, inibindo competitivamente a ação da 
transcriptase reversa. Como os demais inibidores da 
transcriptase reversa análogos aos nucleosídeos, 
recomenda-se usar o abacavir em combinação com 
outros agentes da mesma classe. É bem absorvido 
quando administrado por VO, independente do 
estado de alimentação, proporcionando 
biodisponibilidade de 80 a 95%. Sua meia-vida sérica é 
de cerca de 0,9 a 1,7 h e sua ligação a proteínas 
plasmáticas de aproximadamente 50%. Tem boa 
penetração no líquido cefalorraquidiano, similar à da 
zidovudina. É metabolizado no fígado e sua excreção é 
basicamente realizada pelos rins. Contudo, não é 
necessária a redução da dose em pacientes com 
insuficiência renal. É bem tolerado, podendo causar 
queixas gastrintestinais, fadiga, insônia e cefaleia, em 
geral de baixa intensidade. Raramente pode causar 
leucopenia ou alterações das enzimas hepáticas. 
Entretanto, a principal preocupação ao usar o 
abacavir é o aparecimento em aproximadamente 5% 
Ana Carolina Thomaz Mendes 
 
dos pacientes de quadro de potencial gravidade 
caracterizado por reação de hipersensibilidade. Em 
geral, surge precocemente, em média 11 dias após o 
início do uso, caracterizando-se por febre alta, 
náuseas, vômitos, exantema, linfadenopatia e 
comprometimento significativo do estado geral. 
Ocorre remissão dos sintomas com a suspensão 
permanente do uso do abacavir. No entanto, o 
prolongamento do uso ou o reinício da medicação 
após interrupção temporária podem levar a quadro 
ainda mais grave, com choque e morte. Por isso, é 
vital explicar estes sintomas a todos os pacientes em 
uso de abacavir e está contraindicada a reintrodução 
da substância após suspeita de quadro de 
hipersensibilidade anterior. A dose empregada em 
adultos é de 300 mg VO a cada 12 h, ou 600 mg (2 
comprimidos) em dose única diária. 
Estavudina 
A estavudina (2’,3’-dide-hidro-2’,3’-dideoxitimidina ou 
d4T), após fosforilação intracelular, assume a forma 
de trifosfato de estavudina, competindo com o 
nucleotídeo natural timidina na formação de ácido 
nucleico, resultando na interrupção da formação da 
cadeia. É rapidamente absorvida após a administração 
por VO, com biodisponibilidade de cerca de 86%. Sua 
vida média sérica é de somente uma hora, mas a 
intracelular é mais prolongada, em torno de 3,5 h. 
Alcança concentrações no líquido cefalorraquidiano 
de cerca de 30 a 40% equivalentes à concentração 
sérica. É eliminada principalmente por via renal. Seus 
efeitos colaterais mais importantes sãoneuropatia 
periférica e hepatite. Esta última é frequentemente 
oligossintomática ou assintomática, detectada por 
aumento dos níveis séricos de enzimas hepáticas, 
principalmente após o uso prolongado. Já a 
neuropatia é observada em cerca de 20% dos 
pacientes. Na maioria das vezes, a suspensão do uso 
leva à regressão da hepatite ou da neuropatia 
periférica, se realizada precocemente. Outros efeitos 
colaterais, como pancreatite, cefaleia, anemia, 
cansaço e febre, são de aparecimento bem menos 
frequente. Tais efeitos têm reduzido 
substancialmente seu emprego na prática clínica. 
Atravessa a barreira placentária e não há necessidade 
de jejum para sua administração. As doses 
recomendadas para adultos são de 30 mg em 
intervalos de 12 h. Atualmente, este medicamento 
está em desuso, devido à alta incidência de eventos 
adversos. 
Inibidores da transcriptase reversa análogos aos 
nucleotídeos 
Tenofovir 
O tenofovir (tenofovir disoproxil fumarato – TDF) é o 
primeiro representante dessa nova classe de 
antirretrovirais, diferindo dos análogos de 
nucleosídeos por ser previamente fosforilado, 
competindo com o nucleotídeo natural de adenina. 
Administrado VO, apresenta biodisponibilidade de 
25% e é mais bem absorvido quando ingerido junto 
com alimentos. Sua longa meia-vida plasmática 
permite que seja utilizado em dose única diária de 300 
mg. Não é substrato para o complexo enzimático 
citocromo P-450, sendo predominantemente 
eliminado pelo rim, por meio de filtração glomerular e 
secreção tubular ativa. O uso do tenofovir eleva a 
concentração sérica de didanosina, o que pode 
potencializar o aparecimento dos efeitos colaterais 
dessa última, motivo para desencorajar tal associação. 
Em geral, é uma substância bem tolerada. Uma 
pequena proporção dos pacientes pode se queixar de 
sintomas gastrintestinais, como náuseas, vômitos e 
flatulência. É encontrado na forma de comprimidos 
contendo 300 mg. 
Inibidores da transcriptase reversa, não análogos aos 
nucleosídeos 
Trata-se de outra classe de agentes que também inibe 
a ação da transcriptase reversa. Porém, ao contrário 
de agir como um falso nucleosídeo ou nucleotídeo, 
estas substâncias ligam-se diretamente à 
transcriptase reversa, fora do sítio ativo, conseguindo 
impedir sua ação na formação do DNA viral. Em geral, 
a resistência viral a estes compostos ocorre 
rapidamente, se utilizados como monoterapia 
antirretroviral. 
Nevirapina 
Liga-se diretamente à transcriptase reversa, 
bloqueando a atividade de polimerase da enzima por 
incapacitar seu sítio catalítico. Bem absorvida VO, não 
sofre interferência pela ingestão de alimentos ou 
antiácidos. Apresenta meia-vida plasmática superior a 
24 h, o que permite seu uso em dose única diária, 
Ana Carolina Thomaz Mendes 
 
embora a recomendação seja de administração 2 
vezes/dia. Com ótima penetração no SNC, é uma das 
melhores opções para tratamento da infecção pelo 
HIV em pacientes com diagnóstico de complexo 
demencial da AIDS. A substância é metabolizada no 
fígado pelo sistema enzimático citocromo P-450. 
Curiosamente, a nevirapina (NVP) induz seu próprio 
metabolismo, interferindo nas concentrações 
plasmáticas nas primeiras 2 a 4 semanas de 
tratamento. Esse efeito, associado à alta frequência 
de exantema cutâneo no início do seu uso, levou à 
recomendação do uso de 200 mg/dia nas primeiras 2 
semanas, seguido pelo aumento da dose para 200 mg, 
2 vezes/dia, a partir da terceira semana de 
tratamento. Tem boa ação antirretroviral, mas exige 
utilização em esquemas combinados para evitar o 
aparecimento de resistência e prolongar ao máximo o 
efeito antiviral. A reação adversa mais comum é o já 
referido exantema cutâneo, que aparece geralmente 
nas primeiras 8 semanas de tratamento. Ocorre em 
cerca de 22% dos pacientes, com aspecto 
maculopapular eritematoso, poupando plantas e 
solas. Apesar de habitualmente leve, pode assumir 
formas graves, incluindo a síndrome de Stevens-
Johnson. Nesses casos, o medicamento deve ser 
interrompido e seu uso futuro evitado. Aumento das 
transaminases hepáticas também é frequente, 
recomendando cautela no uso em pacientes que 
também são cronicamente infectados pelos vírus das 
hepatites B e C. Está disponível em comprimidos de 
200 mg. 
Efavirenz 
É bem absorvido VO, sem sofrer interferência 
significativa dos alimentos. Sua longa meia-vida 
plasmática (> 24 h) permite seu uso uma vez/dia. Tem 
boa penetração em SNC. Metabolizado pelo sistema 
enzimático citocromo P-450, sofre e exerce 
interferência no nível sérico de vários outros 
medicamentos, incluindo ritonavir, indinavir, 
saquinavir, claritromicina, cisaprida. Recomenda-se a 
verificação da possibilidade de interação significativa 
sempre que for utilizado medicamento que interage 
com o mesmo sistema enzimático hepático no seu 
metabolismo. Apresenta boa ação antirretroviral, 
sendo um dos medicamentos mais utilizados no 
tratamento inicial de pacientes infectados pelo HIV-1. 
A reação adversa mais comum envolve 
neurotoxicidade, exteriorizada por queixas de 
sonolência (mais raramente insônia), tonturas, 
dificuldade de concentração, cefaleia e alteração dos 
sonhos. Esta última e curiosa queixa consiste em 
vivacidade incomum dos sonhos e frequente 
lembrança após o despertar. É importante alertar os 
pacientes sobre tais efeitos antes do início do uso do 
efavirenz e recomendar a ingestão imediatamente 
antes de dormir, o que ameniza o desconforto 
durante o dia. Esses sintomas tendem a regredir após 
as primeiras 3 semanas de uso. Podem também 
ocorrer exantema e sintomas gastrintestinais leves. 
Neurotoxicidade crônica leve, como depressão, 
alteração de sono e irritabilidade podem também 
ocorrer. Encontra-se na apresentação de comprimidos 
com 600 mg utilizados em dose única diária. 
Etravirina 
Etravirina (ETR) é um inibidor da transcriptase reversa 
não análogo aos nucleosídeos (ITRNN) de segunda 
geração, recomendado no Brasil para esquemas 
antirretrovirais de resgate. Apresenta atividade contra 
cepas portadoras da mutação K103N. Sua barreira 
genética é mais elevada que a dos ITRNN de primeira 
geração, mas sua atividade se reduz à medida que 
ocorre o acúmulo de mutações de resistência para 
esta classe. É apresentada em comprimidos de 100 
mg, sendo a dose diária de 200 mg, de 12 em 12 h VO, 
após as refeições. Os comprimidos podem ser 
dissolvidos em água. 
Dentre os eventos adversos, o exantema cutâneo 
discreto é frequente e náuseas ocorrem raramente. 
Se ocorrer exantema discreto, o qual aparece em 
geral na segunda semana, o tratamento, na maioria 
das vezes, pode ser mantido. Se a farmacodermia for 
mais grave, o tratamento deve ser interrompido 
imediatamente. Raramente pode ocorrer síndrome de 
Stevens-Johnson e, recentemente, foram descritos 
casos de necrólise epidérmica tóxica. 
A etravirina é um substrato do citocromo P-450, assim 
como indutora do CYP3A4 e inibidora do CYP2C9. 
Consequentemente, várias interações podem ser 
previstas. A etravirina reduz as concentrações séricas 
de atazanavir, maraviroque e raltegravir e aumenta os 
níveis de fosamprenavir. Por outro lado, os níveis de 
etravirina são consideravelmente reduzidos pelo 
tipranavir, efavirenz, nevirapina e moderadamente 
por darunavir, saquinavir e tenofovir. Lopinavir 
Ana Carolina Thomaz Mendes 
 
aumenta os níveis de etravirina. Logo, etravirina não 
deve ser associada com atazanavir, fosamprenavir, 
tipranavir, IP sem reforço de ritonavir, efavirenz e 
nevirapina. Evitar rifampicina, carbamazepina, 
fenobarbital, fenitoína e erva-de-são-joão. 
Inibidores da integrase 
Os inibidores da integrasse do HIV ligam-se ao sítio 
ativo da integrase e bloqueiam a etapa de 
transferência do filamento na integração do DNA do 
retrovírus, essencial para o ciclo de replicação do HIV. 
Os dois fármacos dessa classe disponíveis

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