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Aminoácidos e Peptídeos Profa. Norma UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA E BIOLOGIA MOLECULAR DISCIPLINA: INTRODUÇÃO À BIOQUÍMICA CURSO: AGRONOMIA Aminoácidos Aminoácidos: compostos com função mista “amino” e “ácido” (anfóteros). 2 Amino Ácido α α- Aminoácidos Proteínas são polímeros de aminoácidos (sendo cada resíduo de AA unido ao seu vizinho por um tipo de ligação covalente denominada ligação peptídica (ligação amida). Embora mais de 300 AA diferentes tenham sido descritos na natureza, apenas 20 deles são usualmente encontrados como constituintes de proteínas dos organismos vivos. O primeiro AA dos 20 AA proteicos a ser descoberto foi a Asparagina, em 1806 e o último a Treonina que foi identificada em 1938. Em relação a nomenclatura os AA possuem nomes comuns, em alguns casos as denominações foram derivadas da fonte da qual primeiramente foram isolados. Exemplos: Asparagina do aspargo e Glutamato do glúten. 3 Aminoácidos 4 Entretanto os organismos variam muito em sua capacidade de sintetizar os 20 AA comuns. A maior parte das bactérias e plantas podem sintetizar todos os 20 AA, enquanto que os mamíferos sintetizam cerca da metade utilizando vias de síntese mais simples, sendo denominados de AA não essenciais. Os demais AA são denominados de AA essenciais e são obtidos dos alimentos. Além, dos AA serem blocos constitutivos das proteínas, também atuam como precursores da síntese de outras biomoléculas, tais como: hormônios, coenzimas, nucleotídeos, alcalóides, polímeros constituintes de paredes celulares, porfirinas (precursoras da síntese do grupo heme), antibióticos, pigmentos, neurotransmissores, etc. Aminoácidos 5 Grupo carboxila Grupo amino Hidrogênio Radical Estrutura Geral dos Aminoácidos em solução aquosa ( pH 7) e pH fisiológico (~ pH 7,2) Estrutura: Varia em Tamanho e Carga elétrica Prolina aa cíclico (iminoácido) Aminoácidos 6 Apresentam Centro Quiral Exceção: Glicina H Aminoácidos 7 Estereoisomeria em α-aminoácidos Em decorrência do arranjo tetraédrico dos orbitais de ligação em volta do átomo de carbono quiral, os quatro grupos diferentes, por rotação ótica, formam dois arranjos espaciais únicos não sobreponíveis denominados estereoisômeros (configurações absolutas D e L), representando a classe denominada de enantiômeros. Aminoácidos 8 Configuração absoluta dos grupos substituintes no carbono quiral Fischer (1891), convencionou que o par de estereoisómeros L e D representam a configuração absoluta dos grupos substituintes no C quiral . Historicamente, as designações L e D representavam as propriedades óticas de moléculas. Para o desvio da luz polarizada no sentido anti-horário (levorrotatória) a designação era L que atualmente é representada por (-) e, desvio no sentido horário (dextrorotatória) designada D que atualmente é representada por (+). Aminoácidos 9 Somente resíduos de AA L estão presentes nas proteínas, por elas apresentarem esteroeespecificidade em relação as reações catalisadas por enzimas durante suas sínteses que só adicionam L AA. Resíduos de AA D são encontrados em alguns peptídeos (geralmente pequenos), incluindo peptídeo de paredes celulares de bactérias e de antibióticos peptídicos. Os AA proteicos são classificados em 5 classes com base na polaridade das cadeias laterais (grupos R) interagindo com a água ou em pH fisiológico (~ pH 7,2) variando de AAs apolares (hidrofóbicos) a polares (hidrofílicos). Aminoácidos 10 Classificação dos aminoácidos Tendem a se agrupar no interior de proteínas, estabilizando a estrutura proteica por meio de interações hidrofóbicas. v A cadeia lateral da prolina forma uma estrutura rígida em anel, diferindo dos demais (19 aa) por apresentar um grupo amino secundário (imino), que reduz a flexibilidade estrutural em determinadas regiões da estrutura química da proteína São Aminoácido mais simples Aminoácidos 11 Classificação dos aminoácidos Todos podem participar em interações hidrofóbicas. OH da Tirosina pode formar ligações de hidrogênio com grupos de outros AA ( Ex: C=O) contribuindo com a estabilidade da estrutura da proteína Significativamente mais polares, que a fenilalanina Aminoácidos 12 Absorção da luz ultravioleta por aminoácidos aromáticos OS AA aromáticos apresentam uma forte absorção de luz no comprimento de onda de 280, característica de uma grande maioria das proteínas. O triptofano é o AA que contribui com uma maior absorção de luz. Aminoácidos 13 A absorção da luz por moléculas: aromáticas segue a Lei de Lambert-Beer Pesquisas realizadas com medida da absorção da luz por moléculas, utilizam um espectrofotômetro para identificação do composto e determinação de suas concentrações em soluções. No espectrofotômetro a fração da luz incidente absorvida por uma solução contendo um soluto (molécula) selecionando um determinado comprimento de onda, está relacionada à espessura da camada de absorção (l) e à concentração (c) do soluto. Cada soluto apresenta seu valor de coeficiente de absortividade (a) . Equação: A = acl Camada absorvente do comprimento de onda de caminho fixo é determinada pela equação: A= acl O aumento na absorbância (A) é diretamente proporcional ao aumento concentração do soluto (l) Aminoácidos 14 Classificação dos aminoácidos Os grupos R desses AA são mais solúveis em água, ou mais hidrofílicos do que os aminoácidos apolares por conterem grupos funcionais que formam ligações de hidrogênio com a água. A cisteina é um ácido fraco e pode fazer ligações de hidrogênio com o oxigênio ou nitrogênio. Sua polaridade é devido ao grupo sulfidrila livre. 2 Resíduos de cisteína ligados por ponte dissulfeto (covalente) formam a cistina fortemente hidrofóbica. Aminoácidos 15 Classificação dos aminoácidos Amino primário Grupo guanidínio Imidazol aromático Aminoácidos 16 Aminoácidos incomuns também têm funções importantes Além dos 20 AA comuns, as proteínas após tradução podem ser modificadas estruturalmente Parede celular de célula vegetais Colágeno A estrutura de alguns resíduos de AA de proteínas quando modificadas levam a alteração na função das proteínas. Adição de grupos: OH, fosforil, metil, acetil, adenil ou outros grupos de resíduos de AA aumentam ou diminuem as atividades biológicas de proteínas. Aminoácidos 17 Tampão Tampões: são sistemas aquosos que tendem a resistir a mudanças de pH (ex. usando um potenciômetro) quando pequenas quantidades de ácido (H+) ou base (OH–) são adicionads. Portanto, um sistema tampão consiste em um ácido fraco (o doador de prótons) e sua base conjugada (o aceptor de prótons). No ponto central da região de tamponamento de uma curva de titulação onde a concentração do doador de prótons é exatamente igual à do aceptor de prótons e, a força de tamponamento do sistema é máxima. Isso significa que seu pH muda menos se tornando mais resistente a mudança de pH pela adição de H+ ou OH– para um tampão ácido ou para um tampão básico. Aminoácidos 18 Aminoácidos tem curvas de titulação características Como a titulação ácido-base envolve a adição ou a remoção gradual de prótons: Os aminoácidos em soluções aquosas contêm grupos α-carboxila fracamente ácidos e grupos α-amino fracamente básicos. Portanto, os aminoácidos livres e alguns aminoácidos combinados por meio de ligações peptídicas podem também atuar como tampões. Na reação de neutralização (entre um ácido fraco e uma base forte), os ácidos são definidos como doadores de prótons e as bases como aceptoras de prótons (ácido ácetico e hidróxido de sódio). A concentração de prótons em solução aquosa é expressa como pH. Portanto, a relação quantitativa entre o pH da solução e a concentração de um ácido fraco não ionizado (HA) e sua base conjugada (A-) ionizada é descrita pela equação de Henderson-Hasselbalch.Aminoácidos 19 Titulação – Equação de Henderson-Hasselbalch Ácidos fracos não ionizados ou aminas alifáticas ao serem titulados (com bases ou ácidos, respectivamente), atingem seus valores de pH de dissociação denominado pKa quando 50% dos seus grupos tituláveis encontram-se na forma ionizada e 50% na forma não ionizada. pKa é a medida da tendência de um grupo doar seu próton. Quanto menor for o valor numérico de pKa de um grupo, maior é a força ácida do grupo (mais forte é o ácido). Ex: O pka do grupo COOH da glicina = 2,3 e o pKa do grupo COOH do ácido acético = 4,76 . Portanto, a COOH da glicina é 100 vezes mais facilmente ionizada que a COOH do ácido acético. Isso indica a maior tendência do grupo COOH da glicina em doar o seu próton se dissociando em H+ e A- Aminoácidos 20 Titulação Os aminoácidos por terem grupos ionizáveis podem agir como ácidos e bases e têm curvas de titulação características. Cada grupo ionizável possui um pKa numericamente igual ao pH no qual exatamente metade dos prótons foram removidos daquele grupo (50%). O pKa para o grupo mais acídico (-COOH) é o pK1, enquanto o pKa para o grupo acídico seguinte é o pK2. Se as unidade de HA e A- forem iguais, o pH é igual ao pKa, logo, termos a capacidade tamponante máxima Aminoácidos 21 Curvas de titulação dos Aminoácidos (AA) predizem a carga elétrica dos AA Outra informação importante da curva de titulação de um AA é a relação entrea sua carga final e o pH da solução. Portanto,O pH característico no qual a carga elétrica final do AA é zero é chamado de ponto isoelétrico ou pH isoelétrico ou pI. Como aa glicina, só possui 2 grupos tituláveis o seu ponto isoelétrico é a média aritmética dos dois valores de pKa O pI de aminoácidos com 3 grupos tituláveis corresponde a média aritmética dos 2 valores de pKa mais próximos.pI = pK1 + pK2 2 Aminoácidos 22 Curvas de Titulação do GLUTAMATO e da HISTIDINA Aminoácidos 23 Peptídeos 24 Duas moléculas de aminoácidos podem ser ligadas de modo covalente por meio de uma ligação amida substituída, denominada ligação peptídica, a fim de produzir um dipeptídeo. Tal ligação é formada pela remoção de elementos de água (desidratação) do grupo a-carboxila de um AA e do grupo a-amino de outro AA. Peptídeos são constituídos de cadeia(s) de aminoácidos Ligação peptídica Aminoterminal Carboxiterminal ¨ ¨ ¨ Peptídeos 25 Ligação peptídica Eletro negativo Eletro negativo Ataque nucleofílico Para tornar a reação mais favorável termodinamicamente, o grupo carboxila deve ser modificado ou ativado quimicamente, de modo que o grupo hidroxila possa ser mais rapidamente eliminado. Peptídeos 26 Ligação peptídica Síntese por desidratação Reação de condensação ou de desidratação N-terminal C-terminal Peptídeos 27 Características da ligação peptídica A ligação peptídica tem um caráter de dupla-ligação parcial, ou seja, é mais curta do que uma ligação simples, além de rígida e planar. Isso impede a rotação livre da ligação entre o carbono da carbonila (C=O) e o nitrogênio da ligação peptídica. A rotação permite que a cadeia polipeptídica assuma uma variedade de configurações possíveis Peptídeos 28 Características da ligação peptídica Geralmente, na grande parte da estrutura química de um peptídeo, a ligação peptídica os radicais dos AA assumem uma conformação trans reduzindo choques estéricos entre os grupos laterais R quando comparados com configuração cis Conformação Trans é favorecida por reduzir choques estéricos entre os grupos R Peptídeos 29 Polaridade da ligação peptídica Nas ligações amida do peptídeo, seus grupos C=O e NH não possuem carga e nem aceitam ou fornecem prótons na faixa de variação de pH de 2 a 12. Os grupos carregados presentes nos polipeptideos consistem somente dos grupos N-terminal (α-amino) e C-terminal (α-carbonila) e dos grupos ionizados presentes nas cadeias laterais dos seus AA constitutivos. Peptídeos 30 Ligação peptídica O número de ligações peptídicas no peptídeo é igual: N° de AA - 1 Peptídeos 31 Três AA podem ser unidos por 2 (duas) ligações peptídicas formando um tripeptídeo; do mesmo modo, 4 (quatro) AA são unidos para formar um tetrapeptídeo, 5 (cinco) AA formam um pentapeptídeo e assim por diante. Peptídeos são cadeias de aminoácidos Quando alguns aminoácidos se ligam desse modo, a estrutura é chamada de oligopeptídeos. Quando muitos aminoácidos se ligam, o produto é denominado de polipeptídeo. As moléculas peptídicas chamadas de polipeptídeos têm massas moleculares abaixo de 10.000 Da, e as chamadas de proteínas têm massas moleculares mais elevadas. Peptídeos 32 Cada aminoácido que compõe um peptídeo é denominado de “resíduo”, por ser a porção do aminoácido que permanece após a perda dos átomos de H e de grupos OH na forma de de água durante a formação da ligação peptídica. Nomenclatura dos peptídeos Quando um polipeptídeo é nomeado, os sufixos (-ina,-ano, e -ico) dos resíduos de aminoácidos são alterados para o sufixo (–il) com exceção do aminoácido C terminal. Exemplo da denominação de um tripeptideo composto por uma valina, N- terminal, uma glicina e uma leucina C-terminal é denominado de: Valil-glicil-leucina. Peptídeos 33 Outro exemplo de um peptídeos contendo apenas um grupo a-amino terminal e um grupo a-carboxila terminam livres, situados nas extremidades da cadeia. Peptídeos são cadeias de aminoácidos Peptídeos 34 Peptídeos e polipeptídeos biologicamente ativos Em relação às funções de peptídeo e proteínas, biologicamente ativos, nenhuma generalização pode ser feita em sobre suas massas moleculares. Peptídeos que ocorrem naturalmente variam em comprimento de muitos resíduos de aminoácidos. Mesmo os menores peptídeos podem ter efeitos biologicos importantes. Muitos peptídeos pequenos exercem seus efeitos em concentrações muito baixas. Exemplos: vários hormônios de vertebrados são peptídeos pequenos. Esses incluem a ocitocina (nove resíduos de AA) produzido no hipotálamo e secretadao pela glândula neuro-hipófise com funções na reprodução. Alguns venenos extremamente tóxicos de cogumelos, como a amanitina, também são peptídeos pequenos, assim como muitos antibióticos (Ex: amoxicilina). Peptídeos 35 Outros peptídeos e polipeptídeos biologicamente ativos Insulina – Hormônio pancreático com 2 cadeias (30 e 20 aa) Glucagon - Hormônio pancreático com 1 cadeia (29 aa) L-aspartil-L- fenilalanil-metiléster (adoçante aspartamo) – dipeptídeo sintético.
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