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Parentesco, Família e Casamento Em Moçambique

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Prévia do material em texto

Alfredo Zacarias Chihungo
Amâncio Antanásio Muchine
Aulino Agostinho Cumbane
Milton Gabriel Manhique
Yara Rosa Manusse
Parentesco, Família e Casamento em Moçambique
Faculdade de engenharia e Tecnologia
Licenciatura em Informática
Antropologia Cultural de Moçambique
2°ano / II semestre/Pós-Laboral
Docente:
Dr.: Cassino Jaime Neuara
	
UNIVERSIDADE PEDAGÓGICA DE MAPUTO
Novembro de 2021
Índice
1	Introdução	1
2	Objectivos	2
2.1	Objectivos gerais:	2
2.2	Objectivos específicos:	2
2.3	Metodologia:	2
3	Introdução ao estudo do parentesco	3
3.1	Descendencia	3
3.2	Descendência unilateral dupla	4
3.3	Simbologia e Nomenclatura	4
3.3.1	Simbologia	5
3.3.2	Nomenclatura	6
3.4	Filiação	7
4	Critica do parentesco: O caso Macua	9
5	Família	10
5.1	Quanto às regras de residência	10
5.1.1	Quanto ao número de cônjuges	11
5.1.2	Quanto ao parentesco	11
6	Lobolo em Moçambique" Um velho idioma para novas vivências conjugais "	12
7	Conclusão	14
8	Referencias Bibliográficas	15
Introdução
O estudo das relações do parentesco, família e casamentos a moda moçambicana (lobolo) dentro da antropologia ocupa um lugar privilegiado. Neste trabalho pretendemos introduzir um conjunto de terminologias técnicas muito usado no estudo do parentesco, é-las: lanços parentesco, descendência, descendência unilateral dupla, nomenclatura de parente ou terminologia de parentesco. Casamentos (lobolo) em Moçambique – segundo Ganjo (2005), dissolução do casamento por adultério e esterilidade, vantagens e desvantagens destes casamentos. 
Este trabalho foi realizado no âmbito da cadeira de Antropologia Cultural, que pertence ao com o objectivo de falar do tema “Parentesco, Família e Casamento em Moçambique”, por considerar que a matéria sobre o Parentesco, Família e Casamento em Moçambique é de grande importância para a disciplina de Antropologia Cultural, assim iremos abordar o tema, considerando os aspectos mais importantes do tema.
Objectivos
Objectivos gerais:
 Falar de Parentesco, família casamento e família em Moçambique.
 Análise da prática cultural do lobolo em Moçambique
Objectivos específicos:
 Definir os conceitos de parentesco, família, clã, monogamia e poligamia;
 Classificar a família quanto as regras de residência, ao número de cônjuges e quanto a relação de poder;
 Utilizar a nomenclatura de parentesco;
 Descrever o processo de lobolo;
 Identificar as vantagens e desvantagens da prática do lobolo na sociedade moçambicana.
Metodologia:
Para realização desde trabalho recorremos a várias referências bibliográficas, apostilas e manuais de Antropologia cultural de Moçambique.
Introdução ao estudo do parentesco
O estudo das relações de parentesco dentro da Antropologia ocupa um lugar privilegiado, o parentesco no sentido restrito refere-se aos laços de sangue, mas num sentido mais amplo, também aplica-se aos laços de afinidade ou de casamento (parentesco por afinidade ou por casamento). 
O termo parentesco não é de fácil definição. Uma definição simples considera que o parentesco seja “um vínculo que liga os indivíduos entre si em vista da geração e da descendência” (Bernardi, 1978, p. 259). Pode ainda definir-se como um sistema simbólico de denominação das posições relativas aos laços de descendência e de afinidade.
É nele onde são prescritos ou definidos comportamentos entre os membros de um grupo social, como por exemplo os tipos de casamentos, as formas de tratamento entre os membros, as formas de filiação, isto é, a maneira como é definida a pertença dos filhos, etc.
Laços de parentesco é a relação que decorre da posição ocupada pelo sujeito no sistema de parentesco. Pode-se falar de três tipos de laços de parentesco:
· Laço de sangue (descendência);
· Laço de afinidade (matrimónio ou casamento);
· Laço fictício (adopção).
Descendencia
relação do sujeito com os seus parentes de sangue. Embora o critério de descendência seja biológico, em Moçambique a descendência obedece à critérios culturais (de descendência unilateral). Por exemplo, um indivíduo é sempre filho de uma mãe e um pai, mas na zona
norte de Moçambique leva-se em consideração a descendência matrilinear, enquanto no sul considera-se a descendência patrilinear. Nas sociedades europeias a descendência é dos dois progenitores (descendência bilateral).
Descendência unilateral dupla
Acontece em sociedades que não consideram como preponderante a linhagem matrilinear nem a patrilinear, porém, orientam-se pela linhagem patrilinear para uns propósitos.
Ex: realização de funerais, delegação da herança.
E orientam-se pela linhagem matrilinear para outros propósitos.
Ex: o cuidado de crianças, a atribuição de apelidos, etc.
Simbologia e Nomenclatura
Nomenclatura de parente é o sistema de denominações das posições relativas aos laços de sangue e de afinidade. Segundo a forma como os vínculos se formaram ou o parentesco surgiu, este pode ser real (a consanguinidade), fictício (o da adopção) e o das relações de aliança. Não obstante a adopção criar laços fortes, a consanguinidade parece criar laços mais profundos. Em função destes pressupostos, surgem os parentes consanguíneos e aliados ou afins.
Os parentes consanguíneos compreendem os da linha recta, isto é, os ascendentes (os que nasceram antes de um Ego ou de você, como os seus avôs e pais) e os descendentes (os que nasceram depois do mesmo Ego ou de você mesmo, como os seus filhos, os seus netos). Nestes parentes consanguíneos são ainda integrados os da linha colateral (germanos, isto é, descendentes do mesmo pai e mãe, no seu caso, os seus irmãos, os seus primos e os seus tios). 
Simbologia
Na vida quotidiana, você nota que o Homem guia-se por um conjunto de sinais que substituem os objectos, coisas ou seres a que se referem, desde palavras, imagens, sons, objectos, etc, etc. Da mesma maneira, você vai aprender um conjunto de símbolos e de abreviaturas usados pela Antropologia no sistema do parentesco, capazes de levarem-no a identificar o sexo de um indivíduo, o tipo de relação existente entre um indivíduo determinado no esquema de parentesco e um EGO. Assim, os seguintes símbolos têm o significado que está logo a seguir :
Figure 1. Simbolos de parentesco
Nomenclatura
é o sistema de denominações das posições relativas aos laços de sangue e de afinidade. Exemplos de nomenclaturas de parentesco: pai, mãe, irmão, primo, esposa, cunhado, sogra, enteado, filho, neto, sobrinha, etc. Importa significar que a nomenclatura de parentesco pode ser descritiva e classificatória.
Para além dos símbolos, na Antropologia são usados um conjunto de abreviaturas para designar os parentes primários, (os que com cuja ligação não há intermediário) secundários, (aqueles cuja ligação tem um intermediário), terciários (os que precisam de dois intermediários para a sua ligação) e os afins. O quadro que você observa abaixo, traz as abreviaturas dos parentes primários e secundários.
	Abreviaturas para designar parentes primários
	Em francês
	Em Inglês
	Em Português
	Père
	Pe
	Father
	F
	Pai
	Pa
	Mère
	Me
	Mother
	M
	Mãe
	Ma
	Fils
	Fs
	Son
	S
	Filho
	Fo
	Fille
	Fl
	Daughter
	B
	Filha
	Fa
	Frère
	Fr
	Brother
	B
	Irmão
	Io
	Soeur
	So
	Sister
	Z
	Irmã
	Ia
	Mari
	Ma
	Husband
	H
	Marido
	Eo
	Épouse
	Ep
	Wife
	W
	Esposa
	Es
	Oncle
	On
	Uncle
	U
	Tio
	To
	Tante
	Ta
	Aunt
	A
	Tia
	Ta
	Neveu
	Ne
	Nephew
	Ne
	Sobrinho
	So
	Nièce
	Ni
	Niece
	Ni
	Sobrinha 
	Sa
Filiação
A filiação constitui um dos fundamentos da transmissão do parentesco. A filiação pode ser legítima, natural ou adoptiva. No sentido antropológico, a filiação é geralmente traçada apenas por um único progenitor: ou se é filho de um determinado pai ou mãe, pertencendo ao grupo de parentesco daquele ou desta. A filiação “(...) entende-se como o conjunto das regras que definem a identidade social da criança em relação aos seus ascendentes e que determinam a hierarquia dos membros da família, a forma de herança dos bens, a transmissão dos cargos e funções, até a distribuição da autoridade nas sociedades (...)”(Rivière, 1995:64-65). Você quando observa pessoasna sua área de residência que indicam que pertencem ou são da família da mãe ou do pai; quando você nota que certos bens são geralmente herdados de um lado e não do outro, está diante de um conjunto de procedimentos que se definem na filiação.
De forma geral, a filiação pode ser unilinear (patrilinear ou matrilinear); bilinear e indiferenciada.
Filiação unilinear, o indivíduo não escolhe o seu grupo de pertença. Ele recebe-o. A pertença ao grupo é determinada pelo facto de se ser filho do pai ou de se ser filho de determinada mãe, já que em certas sociedades aponta-se que uma criança é gerada por um único dos seus progenitores. Umas consideram que a mãe é a única responsável pelo nascimento da criança, negando-se a paternidade fisiológica. 
Filiação matrilinear ou uterina, o laço do parentesco é transmitido pela mãe. O Ego masculino, apesar de ser membro do grupo de filiação da sua mãe, ao contrário do que acontece com a irmã, não transmite a sua pertença aos filhos. Estas sociedades são geralmente sedentárias e geralmente vivem da agricultura. Veja o esquema a seguir.
 (
Espírito
)Filiação bilinear, ou dupla filiação, combina as duas filiações unilineares. A filiação é reconhecida de ambos lados (paterno e materno), mas com finalidades diferentes. Num dos lados pode receber o apelido e no outro receber, por exemplo, poderes espirituais. Veja o esquema.
Filiação indiferenciada, dita também cognática ou bilateral ignora o sexo para a definição dos laços do parentesco. No sistema de filiação cognática, o Ego é membro de dois grupos de parentesco: o do seu pai e o da sua mãe.
Para todos os efeitos, todos os anteriores tipos de filiação são de carácter natural, porque apesar de ela ser determinada culturalmente, ela envolve a consanguinidade. Fora desta, existe a filiação que é adoptiva, naquela em que os filhos têm uma origem exterior da família nuclear ou não têm uma relação genética.
Critica do parentesco: O caso Macua
As sociedades macuas daquela época se organizavam através de um sistema de descendência matrilinear e matrilocal, ou seja, na ocasião de um casamento era o homem que se transferia para o grupo familiar da esposa e a prole dessa união recebia o “sobrenome”, ou melhor, o nihimo da “mãe”, pertencendo à linhagem dela.
O nihimo é uma entidade espiritual e esotérica exclusivamente transmitida pelas mulheres. É também um nome: Lapone, Mirasse, Marevoni... pelo qual os indivíduos que recebem o mesmo nihimo se designam e se reconhecem entre si.
Todas as mulheres que compartilhavam com as crianças uma origem ancestral e que as alimentaram durante a infância eram vistas por elas como “mães”. Uma dinâmica parecida pode ser observada para a paternidade. Os homens recebiam os seus nihimo de suas “mães” e não os transmitiam aos seus filhos.
Percebemos com essas breves informações que a maternidade e a paternidade, dentro das sociedades macuas, não eram estabelecidas a partir de critérios biológicos, como acontece no ocidente. Pelo contrário, eram os vínculos sociais que determinavam essas relações.
O casamento entre os macuas obedecia a uma série de negociações que só
terminavam com o nascimento da primeira criança. Enquanto isso não acontecia, o
casamento não estaria, de fato, consolidado e, por isso, o casal vivia numa situação
relativamente precária, não dispunham de uma casa e nem mesmo de um terreno
próprio para cultivar. O nascimento da criança marcava uma ascenção social. O jovem casal
estaria, a partir de então, autorizado a possuir alguns bens.
Tanto o homem quanto a mulher trabalhavam em sua terra, mas o
homem ainda precisaria dedicar algumas horas semanais. de trabalho nas terras de sua
"sogra", ao passo que a jovem mulher deveria enviar parte de sua colheita para o celeiro
da "mãe". Por outro lado, os “filhos” que viessem a ter não se alimentavam apenas na
sua casa. Pelo contrário, as crianças circulavam por todos os lares do grupo familiar,
alimentando-se em cada um e, principalmente, no lar da "avó".
Família
No sentido mais restrito é o conjunto de pessoas que vivem sob o mesmo tecto. Mas no sentido lato, a família é o conjunto das sucessivas gerações descendentes de antepassados comuns; já na linguagem do senso comum costuma dizer-se que a família é a célula básica da sociedade. Por família, também, pode-se entender como o conjunto de parentes por consanguinidade ou por aliança ou afinidade.
No entanto, existe um tipo de classificação da família que se vale dos seguintes critérios: regras de residência, número de cônjuges, relação de poder e parentesco.
Quanto às regras de residência
No entanto, existe um tipo de classificação da família que se vale dos seguintes critérios: regras de residência, número de cônjuges, relação de poder e parentesco. As famílias podem ser:
· Patrilocal: aquela que estabelece uma residência conjunta entre um casal e os pais do homem. Geralmente nas sociedades meridionais de Moçambique há uma tendência de as famílias estabelecerem residências patrilocais devido à estrutura e natureza do poder que se centra nas mãos dos homens;
· Matrilocal: aquela que estabelece residência conjunta entre o casal e os pais da mulher. Com frequência acontece nas sociedades setentrionais de Moçambique onde há uma tendência de as famílias estabelecerem residências matrilocais;
· Neolocal: é a família cujo casal tem uma residência independente da dos pais de ambos os cônjuges. Este tipo de residência é mais frequente em sociedades urbanizadas onde o estilo de vida exige uma autonomia das famílias.
Quanto ao número de cônjuges  
As família podem ser:
· Monogâmica:  quando a união é de um só homem com uma só mulher.
· Poligâmica: é a união de um só marido com várias esposas ou de uma mulher com vários maridos;
· Poligínica: é a família em que o homem é quem pratica a poligamia, isto é, a união de um marido com várias esposas;
· Poliândrica: é a família em que a mulher é quem pratica a poligamia, ou seja, a união de uma mulher com vários esposos.
Quanto ao parentesco
a família pode adquirir as seguintes classificações:
· Nuclear: é a família constituída pelo marido, esposa e os filhos resultantes dessa união, todos morando juntos numa residência neolocal. A família nuclear pode ser de orientação, aquela da qual cada um de nós proveio e a família nuclear de procriação, que é a que cada um de nós funda ou estabelece.
· Alargada ou extensa: este tipo de família constitui-se por um casal, os filhos e os familiares colaterais (sobrinhos, netos, primos, irmãos, etc.), todos vivendo numa mesma residência patrilocal, matrilocal ou neolocal.
· Reconstituída: composta por um homem divorciado ou viúvo com os filhos e uma mulher (a madrasta), ou por uma mulher divorciada ou viúva com os filhos e um homem (o padrasto), ou ainda, por um homem e uma mulher, ambos divorciados ou viúvos vivendo juntos com os respectivos filhos
· .Monoparental: aquela composta só pelo pai solteiro ou viúvo e os filhos, ou só pela mãe solteira ou viúva e os filhos.
Lobolo em Moçambique" Um velho idioma para novas vivências conjugais "
O lobolo é uma prática cultural por meio da qual se unem duas pessoas (homem e mulher) pelo casamento condicionado ao pagamento real ou simbólico de um dote. Este dote pode ser uma enxada, uma cabeça ou várias de vaca, dinheiro em numerário ou outros bens de natureza ou
pecuniária.
O jovem que tenciona contrair o casamento informa os seus tutores (pais ou padrinhos) sobre a sua intenção e estes marcam uma agenda de visita à família da pretendida noiva com a finalidade de participar-lhes da pretensão do seu filho/afilhado. Uma vez recebidos os hóspedes estabelecem se garantias, designadamente uma lista contendo a descrição dos itens que serão objectos do próprio lobolo.
Chegado o dia marcado, a família da noiva prepara-se para a cerimónia de maneira especial, pois cumpre-lhe garantir a hospitalidade ao noivo e aos seus acompanhantes. Na hora do pagamento do lobolo, as prendas e todos os objectos descritos na lista são dispostos no meio de uma praça
visível.
Logo, as duasfamílias (a da noiva e a do noivo) reúnem-se para verificar se o número dos objectos está certo, indicado uns aos outros se estão ou não completos.
Ultrapassada esta parte, segue-se o acto religioso, logo, o cortejo nupcial, e em seguida os festejos com abundância de comidas e bebidas alcoólicas. Todos estes actos solenes selam para sempre a união dos dois nubentes. No entanto, dois grandes factores podem ser preponderantes para a dissolução do casamento: o adultério e a esterilidade da mulher.
Ora, embora a sociedade moçambicana consinta a poliginia (poligamia masculina) não tolera que a mulher possa estabelecer relações extra-conjugais ou adultérios, sendo estes actos suficientemente justificativos para o homem exigir a dissolução do casamento. A esterilidade feminina é um outro aspecto que legitima a dissolução do casamento. Ora, visto que entre os africanos a finalidade procriativa do casamento prima sobre as outras finalidades (prazer, partilha, afecto, etc), a dificuldade de procriação da mulher é tida como um impedimento à
manutenção do casamento, pelo que se declara divórcio.
· Toda a família do homem toma parte nas cerimónias do casamento, sobretudo no dia em que o lobolo é levado pelo noivo. Os membros masculinos do grupo têm o direito de opinar sobre os bois ou a soma entregue.
· Os irmãos estão sempre prontos a ajudar um dos seus, mais pobre, ao lobolo. Trabalham assim para o grupo.
· A mulher adquirida desta maneira é esposa aparente deles, embora lhes não seja permitido ter relações sexuais com ela. Recebe-la-ão em herança quando o marido morrer (o kutchinga).
· Os filhos pertencem ao pai, vivem com ele, usam o seu apelido (o nome do clã) e devem-lhe obediência: os filhos masculinos fortificam o grupo e os femininos são vendidos em casamento para o benefício desse grupo.
Conclusão
Respondendo aos objectivos específicos do presente trabalho, conclui-se que parentesco é a relação vinculatória entre pessoas que descendem umas das outras ou de um mesmo troco comum, mas também entre o cônjuge e os parentes do outro e entre adoptante e adoptado. Também é a designa as categorias básicas da relação biológica, os meios para o reconhecimento e a ordenação das relações sociais.
A família é a base da educação e inserção na sociedade, é na família que o individuo aprende a sua cultura, hábitos e costumes, tradições, o respeito e o amor ao próximo, são coisa essências para o mundo. Quando se fala da importância social da família, reconhece-se geralmente o alto grau de relevância, a família representa o ordenamento e padronização das normas do comportamento no que se refere ao sexo, regulamento, direitos, deveres com relação a sua educação e suas responsabilidades. Engana-se quem diz que o lobolo é um contracto entre duas famílias com a finalidade de garantir que a mulher seja tratada decentemente pelo marido e vice-versa. Parece-nos que em vez de esta prática obrigar os nubentes a prestarem cuidados recíprocos, serve para legitimar comportamentos egocêntricos e machistas de índole patriarcal.
Referencias Bibliográficas
· DE MELLO, Luiz Gonzaga. Antropologia cultural, p. 316-339.
· BERNARDI, Bernardo. Introdução aos estudos etno-antropoloógicos, p. 289-294.
· TOMÁS, Adelino Esteves. Manual de Antropologia Sócio-Cultural. Universidade Pedagógica Sagrada Família, s/d. p. 47-57.
· SANTOS, Armindo dos. Antropologia Geral: etnografia, Etnologia, Antropologia Social. Universidade Aberta, 2002. pp. 123-170.
· BALANDIER,G., antropologia politica, São Paulo, 1969.
· BERNARDI,B., introdução aos estudos etno-antropologicos,1974.
· LERMA, Martinez, F. antropologia cultural, 3ª edição, Maputo – matola,2001.
· MORINHO, Pedro manual de antropologia cultural-ensino a distancia, edição anilada hibahimo.
· MOREIRA, Eduardo, senhores da floresta, ritos de iniciação,2007.
· ESCOG, Texto de apoio ao estudante, simbolos,2016.
· VILACULO, Gregorio Zacarias, Manual de Antropologia Cultural de Moçambique, Familas,nomeclatura, lobolo em Moçambique.
· COSTAS, Inajá, reflexões teóricas a respeito da utilização do conceito de “gênero” para o contexto colonial do norte de moçambique,Caso dos Macuas2019.
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