Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
● Pergunta 1 ● 0 em 1 pontos ● Veja a seguir dois materiais iconográficos retirados de acervos públicos que anunciam cativos em jornais. Imagem 1 LEITE, C. R. S. da C. Anúncios de escravos: os classificados da época. Portal Geledés, São Paulo, 12 maio 2015. Disponível em https://www.geledes.org.br/anuncios-de-escravos-o s-classificados-da-epoca/. Acesso em: 16 dez. 2020. Imagem 2 NASCIMENTO, D. Os repugnantes anúncios de escravos em jornais do século 19. São Paulo Antiga, São Paulo, 5 jul. 2013. Disponível em: https://saopauloantiga.com.br/anuncios-de-escravo s/. Acesso em: 16 dez. 2020. Anúncios como os selecionados aqui, publicados em vários jornais no século XIX, registram algumas das características da escravidão na sociedade brasileira durante aquele século. Agora, julgue as afirmações a seguir. I. O termo “crioulo” identifica o negro como natural do Brasil; é chamado de “africano” o recém-chegado, trazido pelo tráfico internacional de escravos. II. Os cativos especializados em certos ofícios tinham melhores condições de vida que os demais, de “eito”, vivendo geralmente nas vilas. Muitos também eram forros e dificilmente se envolviam em fugas ou rebeliões. III. O fato de ter “levado roupa de algodão” ao se evadir de sua condição de cativo (informação que aparece no anúncio da Imagem 2), demonstra a habilidade e o conhecimento da realidade social, o https://www.geledes.org.br/anuncios-de-escravos-os-classificados-da-epoca/ https://www.geledes.org.br/anuncios-de-escravos-os-classificados-da-epoca/ https://saopauloantiga.com.br/anuncios-de-escravos/ https://saopauloantiga.com.br/anuncios-de-escravos/ que significando que o escravo pretendia esconder sua condição social originária e passar-se por liberto em São Paulo e nas suas cercanias. IV. A evasão de cativos era vista pelos seus senhores como uma perda significativa de capital, o que justificava o pagamento de recompensas para reaver o cativo ou mesmo por informações acerca de seu paradeiro. V. Diferenças entre cativos e libertos, nas áreas urbanas, eram pouco significativas, não havendo, desse modo, sinais claros que distinguissem um alforriado de um cativo, principalmente de um africano recém-chegado. Resposta Selecionada: II, III e IV. Resposta Correta: I, III e IV. Comen tário da resp osta : Resposta incorreta: mesmo trabalhando em circunstâncias consideradas mais brandas, todo cativo buscava sua liberdade. Há vários relatos da participação de libertos que viviam nas vilas coloniais, que participaram ativamente de movimentos antiescravagistas das mais diferentes formas; também é importante lembrarmos que a escravidão moderna, principalmente no Brasil, associou cor da pele e origem étnica à condição de escravo. Desse modo, mesmo os libertos estavam em condições desfavoráveis e podiam ser reconduzidos à condição de escravo. ● Pergunta 2 ● 1 em 1 pontos ● Leia o texto a seguir: Em 17 de março de 1872, pelo menos vinte negros liderados pelo escravo Bonifácio avançaram sobre José Moreira Veludo, proprietário da Casa de Comissões (lojas de venda e compra de escravos) em que se encontravam, e lhe meteram a lenha. Em depoimento à polícia, o escravo Gonçalo disse que, tendo ido anteriormente à casa de Veludo para ser vendido, foi convidado por Filomeno e outros para se associar com eles para matar Veludo para não irem para a fazenda de café para onde tinham sido vendidos. (CHALHOUB, 1990) CHALHOUB, S. Visões da liberdade: uma história das últimas décadas da escravidão na corte. São Paulo: Companhia das Letras, 1990. Com base no texto e considerando seus conhecimentos, reflexões e leituras a respeito da escravidão no Brasil, analise as afirmações a seguir. I. Pesquisas a respeito da escravidão no Brasil trazem uma série de exemplos, como no fragmento do texto citado, que se opõem e desconstroem mitos famosos da historiografia clássica, seja esta conservadora ou mesmo progressista, porque, muitas vezes, os cativos apareciam apenas como peças econômicas, sem nenhuma vontade que orientasse suas ações diante de processos mais abrangentes. II. O tráfico interno no Brasil deslocava milhares de cativos de regiões estagnadas para outras, como da região açucareira para locais onde o plantio e a colheita do café estavam crescendo economicamente. Esse deslocamento separava amigos e familiares. Diante da possibilidade de serem retirados de contextos nos quais estavam minimamente familiarizados, da companhia de seus entes queridos e do trabalho que já realizavam, muitos cativos reagiam agredindo senhores, seus capatazes, e atacavam também os donos das casas de comissões. III. Incidentes como o relatado eram isolados no contexto colonial e no Império. O ataque revela a barbárie de africanos e de seus descendentes; Bonifácio não foi devidamente civilizado pelo trabalho e demais instituições ocidentais. IV. Nem inertes, tampouco revolucionários em tempo integral, os cativos e muitos libertos na ordem escravocrata eram sujeitos de sua época e, a despeito da ordem escravocrata, muitos se organizavam para lutar por aquilo que acreditavam, resistindo, mesmo sob o jugo da escravidão. V. Ao cativo só restava assumir seu papel na ordem escravocrata, tornando-se “peça” de uma imensa engrenagem para sobreviver, um dia por vez. Deveria aceitar plenamente o domínio de seu senhor e seus eventuais lapsos morais e agressivos. Está correto o que se afirma em: Resposta Selecionada: I, II e IV. Resposta Correta: I, II e IV. Comen tário da resp osta : Resposta correta: os cativos e libertos tinham uma boa capacidade de resistência, inventividade e resiliência na ordem racista e escravocrata. Eles se organizavam visando alcançar objetivos muito claros, como atenuar a violência de seu dia a dia por meio dos instrumentos ali disponíveis. Ao trabalharmos com documentos, verificamos que, mesmo sob profunda violência e exploração, há uma multiplicidade de situações nas quais os cativos estavam inseridos. Cativos sim, mas ainda sujeitos diante das possibilidades que os engendravam; exerciam minimamente um espaço autônomo e de barganha a favor de sua situação sob a escravidão. ● Pergunta 3 ● 1 em 1 pontos ● A escravidão é considerada, por historiadores e cientistas sociais, um dos pilares da sociedade brasileira, tendo-a marcado de maneira indelével. A respeito das características da sociedade escravista colonial da América portuguesa, a atual sociedade brasileira, julgue as afirmações a seguir. I. Desde o início do processo de colonização portuguesa na América, houve uma ampla e maciça inserção da mão de obra africana, em especial na antiga capitania de São Vicente, atual São Paulo. II. Na América portuguesa, ocorreu o predomínio da utilização da mão de obra escrava africana, seja em áreas ligadas à agroexportação e monocultura do açúcar, no atual Nordeste brasileiro, a partir do fim do século XVI, seja na região mineradora de ouro, diamantes e outras pedras preciosas, a partir do século XVIII. III. A partir do século XVI, com a introdução da mão de obra escrava cativa africana, a escravidão indígena foi completamente abolida em todas as regiões da América portuguesa, o que representou uma nova inserção dessas populações na sociedade brasileira em formação. IV. Em algumas regiões da América portuguesa, os senhores permitiram que alguns de seus cativos e até libertos realizassem uma lavoura de subsistência dentro dos latifúndios agroexportadores e monocultores. Essa lavoura, dedicada ao cultivo de víveres imprescindíveis à vida de senhores e cativos, é chamada por historiadores de “brecha camponesa”. V. Nas cidades coloniais da América portuguesa, cativos e cativas de origem africana e afro-brasileira trabalhavam também vendendo mercadorias nas ruas, como doces, legumes, frutas, sendo conhecidos na literatura como “escravos de ganho”. Está correto o que se afirma em: Resposta Selecionada: II, IV e V. Resposta Correta: II, IV e V. Comen tári o da res pos ta: Resposta correta: a América portuguesa, atual Brasil, foi organizadado ponto de vista econômico a partir da mão de obra escrava. Nos anos iniciais da colonização e em capitanias mais afastadas dos grandes centros açucareiros, predominou a mão de obra indígena, os “negros da terra”, que gradativamente foi substituída, dado o crescente comércio internacional de escravos, pela mão de obra africana. Assim, foi a mão de obra africana cativa que impulsionou os principais “ciclos” econômicos e as demais atividades produtivas no Brasil colônia, o que não impediu a manutenção da escravidão de segmentos indígenas. A brecha camponesa era um elemento importantíssimo para a organização do engenho, pois fornecia víveres e gêneros alimentícios sem os quais parte do engenho não sobreviveria. Desse modo, foi comum, no Brasil colônia, a brecha camponesa por meio do trabalho de cativos e de libertos que orbitavam a lógica do engenho. Outro elemento importante é a existência de amplos setores urbanos que utilizavam a mão de obra africana cativa como “escravos de ganho”, que eram alugados para as mais diferentes tarefas ou ainda perambulavam pelo espaço urbano das vilas coloniais vendendo víveres e oferecendo os mais diferentes serviços. ● Pergunta 4 ● 0 em 1 pontos ● Leia o trecho a seguir: A reflexão Necropolítica, de Achille Mbembe, discute, dentre outros assuntos, de “[...] ‘como o poder e a capacidade de ditar quem pode viver e quem pode morrer’ reflete as práticas colonialistas ainda em voga, sejam estas na relação das narrativas dos poderosos com os subalternos, do biopoder e da ação estatal e ainda da presença do racismo estrutural, institucional e cotidiano, que deslegitima enormes contingentes populacionais, em especial as populações afro diaspóricas no mundo Ocidental. A soberania sobre os corpos daqueles que são considerados supérfluos é a base da economia política contemporânea (MBEMBE, 2016, p. 123-124). MBEMBE, A. Necropolítica: biopoder, soberania, estado de exceção, política da morte. Arte & Ensaios, Rio de Janeiro, n. 32, dez. 2016. Disponível em: https://revistas.ufrj.br/index.php/ae/article/view/8993 /7169. Acesso em: 23 dez. 2020. I. A comparação do exercício do racismo estrutural, institucional e cotidiano, praticado no Ocidente democrático, com a política de controle racial praticada na África do Sul durante décadas, o apartheid, é a chave para entendermos as políticas públicas cotidianas de evitamento social dos diferentes, não importando se eles são cidadãos ou imigrantes em situação de irregularidade. II. Mbembe pensa as políticas do apartheid como base das atuais políticas de biopoder e de necropolítica praticadas no Ocidente, principalmente ao verificarmos as práticas de encarceramento em massa da juventude negra e latina nos EUA e de imigrantes e seus descendentes na Europa. III. Diante das consequências do 11 de setembro, do impacto da imigração rumo aos países capitalistas centrais e da ausência de políticas públicas que barrem o avanço do populismo, há a https://revistas.ufrj.br/index.php/ae/article/view/8993/7169 https://revistas.ufrj.br/index.php/ae/article/view/8993/7169 repetição de expedientes da guerra ao terror, mas realizadas no plano doméstico. Isso repete mecanismos de segregação seletiva e violência contra grupos considerados potencialmente perigosos à sociedade mais ampla. IV. Uma outra política que encontra eco nas considerações de Mbembe é a de encarceramento em massa ou de violento controle de imigrantes, contingentes populacionais étnicos e socialmente marginalizados e indesejáveis. Vítimas da ausência de políticas públicas inclusivas, tornam-se atores despersonalizados e ausentes de direitos, por mais que eles estejam garantidos no texto constitucional. V. No Brasil, não há a aplicação de mecanismos de controle policial e higienista em nossas cidades contra segmentos sociais considerados “párias” ou ainda etnicamente desprestigiados pelo racismo estrutural. Desse modo, a discussão sobre necropolítica é mais um elemento exógeno trazido para tumultuar a nossa harmonia social. Está correto o que se afirma em: Resposta Selecionada: I e II. Resposta Correta: III e IV. Comen tári o da res pos ta: Resposta incorreta: por mais que Mbembe possa citar a diáspora africana e o apartheid como práticas de necropolítica que fundamentam a experiência moderna, essa comparação não cabe na discussão sinalizada, pois ainda não há políticas específicas que limitem o acesso de cidadãos de um país para o outro, tendo como base seu pertencimento étnico ou religioso, embora a “guerra ao terror” tenha tentado implementar tais ações. Desse modo, o exercício da soberania necropolítica encontra mais respaldo em políticas de encarceramento em massa de contingentes étnicos e sociais, agindo na contramão da consolidação dos direitos sociais e humanos desses segmentos. Isso faz com que aumentem os conflitos, mas também as críticas frente a essas ações, que, no Brasil, somam-se a um quadro social delicado, de profunda violência e desigualdade social, aliado a práticas históricas de higienismo social e de racismo estrutural. ● Pergunta 5 ● 1 em 1 pontos ● O neocolonialismo, também conhecido como imperialismo, promoveu uma partilha dos recursos humanos e materiais do continente africano. Ele perpetuou as chagas do escravismo e do velho colonialismo, destruiu a economia e a organização social tradicional de inúmeras culturas e povos africanos nos mais variados graus. Em seu lugar, tivemos a implantação de obras de infraestrutura e a reorganização da agricultura, objetivando o atendimento da economia das metrópoles, com o declínio, em algumas regiões, da agricultura de subsistência e sua substituição por sistemas de plantation, por exemplo. As dificuldades econômicas e os conflitos sociais advindos do neocolonialismo ainda são parte significativa da paisagem africana moderna e um empecilho ao seu maior desenvolvimento humano e social. Tendo como base essas informações, relacione as colunas a seguir. (A) Os franceses conquistaram a região ainda no século XIX, sendo expulsos após intensa e violenta guerra colonial nos anos de 1960. (B) O país sofreu duas tentativas de anexação por parte de uma potência imperialista europeia, sendo conquistado em 1935. Todavia, é ainda considerado o símbolo da resistência africana e das cores de sua bandeira surgiram os símbolos nacionais da maioria dos países do continente. (C) Os ingleses tomaram completamente esta região após a descoberta de importantes jazidas de ouro e de diamantes. Após o término das hostilidades, no entanto, ambos os grupos se uniram para estabelecer aquele que foi considerado um dos mais brutais e racistas dos regimes coloniais, o apartheid. (D) Os ingleses impediram a expansão de um de seus aliados europeus mais antigos e tradicionais no evento conhecido como “incidente do mapa rosa”, também chamado de “o ultimato britânico de 1890”. (E) Seu governo pessoal causou a mutilação e morte de milhões de africanos que foram submetidos à tortura e à escravidão na virada do século-XIX para o XX. Após a sua expulsão, seu país assume a colonização direta do território. I. Etiópia II. República Democrática do Congo (ex-Zaire) III. Portugal IV. África do Sul V. Argélia Resposta Selecionada: IB; IIE; IIID; IVC; VA. Resposta Correta: IB; IIE; IIID; IVC; VA. Comen tári o da res pos ta: Resposta correta: a correlação correta é aquela que traz à tona os exemplos de intervenção direta de países europeus imperialistas em solo africano, tais como a conquista francesa da Argélia, no século XIX; a importância da resistência etíope diante da agressão italiana; a guerra dos bôeres, colonos de origem majoritariamente holandesa que se instalaram no sul da atual África do Sul, desalojando nativos e, no fim do século XIX e início do século XX, foram expulsos por ingleses no conflito pelo controle de importantes jazidas minerais. Após o conflito, ambos se uniram contra a maioria africana, formando um governo de coalizão racista do apartheid. Antes desse evento, durante a partilha do continente, Portugal,com base em um pretenso direito histórico, tentou controlar o interior do continente africano unindo dois de seus domínios, Angola e Moçambique, ação negada pela intervenção direta dos britânicos. Já o último evento narra o genocídio congolês perpetuado pela administração direta do rei belga Leopoldo. Após os fatos terem sido trazidos ao conhecimento do público, o rei fora afastado e o estado da Bélgica assumiu inteiramente a administração colonial do Congo Belga, atual República Democrática do Congo. ● Pergunta 6 ● 0 em 1 pontos ● Observe a imagem a seguir e leia o texto: Cartaz comemorativo da abolição da escravidão no brasil. Fonte: Wikimedia Commons, 2020. Pronunciamento de Abdias Nascimento em 13/05/1998 “Na data de hoje, 110 anos passados, a sociedade brasileira livrava-se de um problema que se tornava mais agudo com a proximidade do século XX, ao mesmo tempo em que criava condições para o estabelecimento das maiores questões com que continuamos a nos defrontar às vésperas do Terceiro Milênio. Assim, a 13 de Maio de 1888, a Princesa Isabel, então regente do trono em função do afastamento de seu pai, D. Pedro II, assinava a lei que extinguia a escravidão no Brasil, pondo fim a quatro séculos de exploração oficial da mão de obra de africanos e afrodescendentes nesta Nação, mais que qualquer outra, por eles construída. Durante muito tempo, a propaganda oficial fez desse evento histórico um de seus maiores argumentos em defesa da suposta tolerância dos portugueses e dos brasileiros brancos em relação aos negros, apresentando a Abolição da Escravatura como fruto da bondade e do humanitarismo de uma princesa. Como se a história se fizesse por desígnios individuais, e não pelas ambições coletivas dos detentores do poder ou pela força inexorável das necessidades e aspirações de um povo [...]. Assim, neste 13 de maio, fazemo-nos presentes nesta tribuna, não para comemorar, mas para denunciar uma vez mais a mentira cívica que essa data representa, parte central de uma estratégia mais ampla, elaborada com a finalidade de manter os negros no lugar que eles dizem ser o nosso. A comunidade afro-brasileira, porém, já mostrou claramente que não mais aceita a condição que nos querem impingir. [...]. Assim, ao mesmo tempo em que denuncia as injustiças de que é vítima, nossa comunidade apresenta reivindicações consistentes e viáveis para a solução dos seculares problemas que enfrenta. Reivindicações, como a ação compensatória, capazes de contribuir para que venhamos a concretizar, com o apoio de nossos aliados sinceros, a segunda e verdadeira abolição.” NASCIMENTO, A. Pronunciamento. Brasília, DF: Senado, 13 maio 1998. Disponível em: https://www25.senado.leg.br/web/atividade/pronunci amentos/-/p/texto/226669. Acesso em: 16 dez. 2020. Agora, julgue os itens a seguir. I. O processo que resultou na abolição pouco teve relação com a benevolência pessoal da então regente princesa Izabel ou com razões estritamente humanitárias. Ele estava mais ligado à pressão diplomática e econômica britânica, nação já plenamente industrializada no fim do século XIX, desejosa de ampliar potenciais mercados consumidores para os seus produtos manufaturados. II. Também era do interesse britânico acabar com o tráfico de escravos, entendo-o como um empecilho ao alargamento das relações comerciais do império britânico com povos africanos e nações latino-americanas que ainda o patrocinavam. Ao findar o tráfico e asfixiar a escravidão, vários dos capitais foram direcionados para a aquisição de serviços e tecnologia britânica, que seria utilizada nessas nações politicamente livres, mas dependentes do ponto de vista econômico. III. A coroa imperial desejava, desde a independência, a abolição da escravidão, mas, dada a situação política interna e a necessidade de apaziguar as elites políticas e econômicas brasileiras, ao Império coube o papel de manter a escravidão até que ela não fosse mais interessante ao país e às suas lideranças. IV. O fim do tráfico internacional de escravos africanos e a adoção de instrumentos legais, como a Lei do Ventre Livre e a Lei dos Sexagenários, contribuiu decididamente para o fim da escravidão no Brasil. https://www25.senado.leg.br/web/atividade/pronunciamentos/-/p/texto/226669 https://www25.senado.leg.br/web/atividade/pronunciamentos/-/p/texto/226669 V. Outro importante elemento que tornou possível a abolição da escravidão foi a própria decadência da instituição escravista em nosso país, minada por inúmeras revoltas, que incendiariam, literalmente, o Brasil Império na década que antecede a Lei Áurea, assim como a decisiva atuação do movimento abolicionista, que também contou com a presença marcante de lideranças afro-brasileiras de destaque e de reconhecimento público. Está correto o que se afirma em: Resposta Selecionada: I, IV e V. Resposta Correta: I, II e V. Comen tári o da res pos ta: Resposta incorreta: a monarquia dos Bragança, instaurada nos trópicos, nunca atuou decididamente contra a escravidão, porque entendia a instituição escravista como um dos alicerces econômicos da nova nação. Além disso, todas as novas elites do recém-independente Brasil eram proprietárias de terras – logo, detentoras de escravos. Por isso, não cabia, na lógica desses grupos, a criação de um Estado que não fizesse valer os seus pretensos direitos. Assim, a monarquia se dirigiu contra o escravismo apenas quando não houve a possibilidade de perpetuar a escravidã. O resultado não poderia ser outro: apeados daquilo que consideravam parte importante de sua propriedade e “traídos” por uma monarquia “envelhecida”, parte das elites políticas brasileiras aderiu aos movimentos republicanos. O 13 de maio precipitaria o 15 de novembro. As leis contrárias à escravidão, editadas no Brasil ao longo do século XIX, não tiveram efeitos práticos, porque, se o tráfico internacional perdera sua força, o tráfico interno se intensificou. Os sujeitos que nasciam escravos precisavam continuar “prestando serviços” aos senhores até a maioridade. Dada a violência da instituição escravista, não era comum encontrar maiores de 60 anos e, se fossem encontrados, estariam condenados a um envelhecimento na miséria, abandonados à própria sorte ou ainda permaneceriam em condição servil junto à família de seus antigos captores. ● Pergunta 7 ● 1 em 1 pontos ● Leia o texto a seguir e responda ao que se pede. “Os africanos foram trazidos do chamado continente negro para o Brasil em um fluxo de intensidade variável. Os cálculos sobre o número de pessoas transportadas como escravos variam muito. Estima-se que, entre 1550 e 1855, entraram pelos portos brasileiros 4 milhões de escravos, na sua grande maioria jovens do sexo masculino.” (FAUSTO,1995, p. 51) FAUSTO, B. História do Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1995. No que tange à escravidão no Brasil, é correto afirmar que: I. eram chamados quilombos os espaços onde africanos, seus descendentes e outros contingentes se refugiavam da ordem escravista e da administração colonial; II. o dia da Consciência Negra celebra a abolição da escravidão, representada pela assinatura da Lei Áurea, que, no século XIX, proclamou a liberdade dos escravos e sua nova inserção na sociedade brasileira; III. aos escravos só restava a rebeldia como forma de reação, a qual se manifestava por meio do assassinato de feitores, de senhores, das fugas constantes e até do suicídio; IV. o quilombo dos Palmares, organizado no interior do atual estado de Alagoas, é considerado o mais importante do período colonial, tendo sido liderado por Zumbi, tido como o maior representante da resistência africana e afro-brasileira à instituição escravista; V. no continente africano, as várias sociedades e povos estavam divididos em etnias, organizadas em clãs, reinos e alguns impérios. Desse modo, o que prevalecia era a diversidade social e de organização política, diferente da ideia, preconceituosa, de que africanos eram atrasados e viviam, sem exceção, de forma homogênea; VI. por meio dasobras do pintor e desenhista Jean-Baptiste Debret (1768-1848), é possível conhecer aspectos do cotidiano da escravidão. Ele esteve no Brasil no século XIX e deixou uma preciosa fonte iconográfica, que retrata o cotidiano do país recém-independente, seu povo, fauna e flora; Está correto o que se afirma em: Resposta Selecionada: I, IV, V e VI. Resposta Correta: I, IV, V e VI. Comen tário da resp osta : Resposta correta: os quilombos eram espaços de resistência organizados por africanos e seus descendentes que acolhiam também outros sujeitos refugiados da ordem colonial. O mais famoso era o de Palmares, que teve como grande líder a figura de Zumbi. Sua morte, causada no cerco a Palmares, é lembrada como um grande símbolo da resistência africana e afro-brasileira à ordem escravista nos tempos da colônia. No continente africano, havia uma imensa diversidade étnica, assim como social e política; coexistiam reinos com organizações clânicas (de parentesco) e impérios que abrigavam milhares de indivíduos, contrariando estereótipos que apontam uma simplicidade ou primitividade na organização social e política dessas diferentes sociedades. ● Pergunta 8 ● 1 em 1 pontos ● A expansão imperialista das potências europeias sobre o continente africano, entre a segunda metade do século XIX e o início do século XX, alterou as estruturas das várias nações e territórios nos quais se manifestou, impactando as sociedades ao mesmo tempo que as tornava subalternas na ordem internacional que se desenhava a partir do fim do século XIX. Ao lado das teorias racistas, especulou-se a respeito da natureza humana das populações tradicionais, classificando-as como selvagens e primitivas. No que tange ao imperialismo europeu na África, é correto afirmar que: Resposta Seleci onada : justificou o domínio europeu a partir de uma ideologia que defendia a ação europeia como uma missão civilizadora, capaz de conduzir os povos do continente a melhores condições de vida sob a tutela da Europa. Resposta Corret a: justificou o domínio europeu a partir de uma ideologia que defendia a ação europeia como uma missão civilizadora, capaz de conduzir os povos do continente a melhores condições de vida sob a tutela da Europa. Coment ário da resp osta : Resposta correta: o imperialismo justificou sua ação em uma ação civilizatória capaz de retirar os povos de sua selvageria e primitividade. Além dos discursos civilizatórios, também há o mito da superioridade do homem branco e europeu, representado nas teorias do racismo científico, que atestava o atraso das demais populações do globo como algo inato, isto é, ligado a sua “raça” e outros elementos deterministas, tais como sua vegetação ou o clima. ● Pergunta 9 ● 1 em 1 pontos ● Leia o poema a seguir: Olá! Negro “Os netos de teus mulatos e de teus cafuzos e a quarta e a quinta geração de teu sangue sofredor tentarão apagar a tua cor! E as gerações dessas gerações, quando apagarem a tua tatuagem execranda, não apagarão de suas almas, a tua alma, negro! Pai-João, Mãe-Negra, Fulô, Zumbi, negro fujão, negro cativo, negro rebelde. negro cabinda, negro congo, negro ioruba, negro que foste para o algodão de USA para os canaviais do Brasil, para o tronco, para o colar de ferro, para a canga de todos os senhores do mundo; eu melhor compreendo agora os teus blues nesta hora triste da raça branca, negro! Olá, Negro! Olá, Negro! A raça que te enforca, enforca-se de tédio, negro! LIMA, J. de. Obras completas. Rio de Janeiro: Aguilar, 1958. Com base no poema de Jorge de Lima (1893-1953), julgue as afirmações a seguir. I. O branqueamento foi um processo social e histórico defendido por amplos setores das elites brasileiras que objetivavam apagar a “mácula” do sangue brasileiro. II. O branqueamento é uma ideologia racista que propunha a gradual incorporação dos afro-brasileiros em uma sociedade mestiça que se dizia branca. Também podemos compreender o branqueamento como uma ação genocida e etnocida, pois propõe, literalmente, apagar a presença do negro brasileiro na sociedade. III. As teses racistas – entre elas, a do branqueamento – tiveram ampla aceitação pela população, reforçando o ideário de que em nosso país não há racismo contra os segmentos populacionais afrodiaspóricos. IV. Entre os setores mais progressistas e radicais do movimento negro, não há a condenação das discussões e narrativas do branqueamento, entendido como parte de um processo histórico específico que só pode ser compreendido naquele contexto social, sem nenhuma consequência para as presentes lutas do povo preto. V. O poema deixa claro que o branqueamento é a única saída para os amplos contingentes afro-brasileiros. Assim, uma possibilidade civilizacional que se propõe a apagar o passado da escravidão. Está correto o que se afirma em: Resposta Selecionada: I, II e III. Resposta Correta: I, II e III. Comen tári o da res post a: Resposta correta: o poema traz à tona a discussão a respeito do branqueamento, demonstrando-o como uma narrativa hegemônica, em especial de cientistas e de suas instituições, parte das elites intelectuais brasileiras, interessadas no surgimento de um “tipo de brasileiro” apto aos desafios da civilização capitalista e industrial desejada por esses setores. O branqueamento enquanto ideologia também propunha, de forma genocida e etnocida, a incorporação de amplos segmentos populacionais africanos e de suas práticas culturais em uma cultura mestiça aprazível para essas mesmas elites. Tais ideias ainda vieram a corroborar com o mito da democracia racial brasileira, que acredita na inexistência do preconceito de cor e na predisposição à miscigenação, em especial na incorporação dos segmentos populacionais afrodiaspóricos. ● Pergunta 10 ● 0 em 1 pontos ● Os países industrializados, sejam eles da Europa Ocidental, os Estados Unidos ou o Japão, a partir do século XIX, voltaram suas atenções para os continentes africano e asiático visando estabelecer áreas coloniais próprias, seja por meio de efetivo controle territorial ou ainda por meio de protetorados sobre populações inteiras e seus territórios. Também há a ação neocolonialista por meio de empréstimos e estabelecimento de infraestrutura para transportes de mercadorias e outras commodities, base da economia de países capitalistas dependentes das economias centrais. A respeito do neocolonialismo ou imperialismo, analise as afirmações a seguir. I. A dominação que os países da Europa Ocidental – Reino Unido, França, Alemanha, Espanha, Portugal, Itália e Bélgica – estabeleceram sobre o continente africano, no século XIX, ratificada pelo Congresso de Berlim, é mais conhecida como Partilha Sul do mundo. II. A principal área de dominação econômica do neocolonialismo europeu foi a América do Sul, especialmente em países como a Argentina e o Brasil, a exemplo dos grandes investimentos em infraestrutura e empréstimos destinados a essa região por financistas britânicos e, em menor escala, franceses e depois alemães. III. A França iniciou suas conquistas coloniais pela Argélia (norte da África), no início do século XIX, utilizando seus exércitos da chamada Legião Estrangeira. Esse foi o primeiro passo para o estabelecimento de um vasto controle sobre a África Ocidental e parte significativa do Sahel africano, o que tornou os franceses o segundo país em extensão imperialista. IV. A garantia de fornecimento de matérias-primas para a indústria (ferro, carvão, petróleo, mas também madeira e outros gêneros “exóticos” dos continentes africano e asiático), principalmente de países da Europa Ocidental, constituía-se no principal objetivo econômico do neocolonialismo ou imperialismo. V. As potências industrializadas justificavam o domínio sobre outros povos como missão civilizadora, isto é, obrigação de difundir o progresso pelo mundo. Essa missão civilizatória também atestava a supremacia do homem branco e europeu, seu “fardo” para com as demais populações atrasadas do planeta e era reforçado pelas teorias do racismo científico. Está corretoo que se afirma em: Resposta Selecionada: I, III e V. Resposta Correta: II, III, IV e V. Coment ário da resp osta : Resposta incorreta: não houve nenhuma Partilha Sul. Esse é um termo equivocado para a reunião de países imperialistas europeus no Congresso de Berlim, que dividiu o continente atendendo aos seus interesses, seguido de uma verdadeira corrida para a sua efetiva ocupação, o que gerou processos de invasão, violência, guerra aberta e reorganização dos territórios, submetendo-os aos interesses do domínio imperialista.
Compartilhar