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A hora da banana

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5 O CASO DA HORA DA BANANA 
CASO 5: o CASO DA HORA DA BANANA 407 
Este artigo descreve e analisa a interação social com um 
pequeno grupo de maquinistas de uma fábrica durante os 
dois meses de um período de observação participativa. 
Meus colegas trabalhadores c cu passamos dias dc 
trabalho simples, repetitivo, relativamente isolados 
dos demais operários da fábrica. Nossas máquinas es-
tavam separadas das demais áreas da fábrica pelas 
quatro paredes da sala dos balancins hidráulicos. A 
única porta da sala estava em geral fechada. Mesmo 
quando ficava aberta por causa do calor, as conse-
qÇiencias não eram sociais; ela se abria para um espa-
ço deserto da sala do departamento de expedição. 
Houve contatos ocasionais com funcionários de fora, 
em geral sobre assuntos ligados ao trabalho. Mas com 
cxccçâo da visita diária do encarregado de pegar as 
peças prontas para a próxima etapa do processamen-
to, as visitas eram esporádicas e pouco frequentes. 
Os balancins hldraúhcos eram do género de má-
quinaŝ de estamparia, com construção mecânica mui-
to próxima das mais conhecidas prensas de estampa-
ria, caracterizando-se pelo martelo e bloco. O marte-
lo tinha uma superfície de aproximadamente 8 por 
12 polegadas na sua achatada superfíji^de golpe. A 
descida para o golpe era forçada pelo operador, que 
exercia pressão sobre uma alavanca presa à cabeça do 
martelo. Algumas polegadas abaixo, estabelecia-se 
uma conexão elétrica que possibilitava que o golpe 
fosse preciso. O martelo também podia movimen-
tar-se manualmente, para a frente c para trás, na hori-
zontal e em arco, em tomo da coluna central da má-
quina. Portanto, o operador tinha, até o momento de 
estabelecer a conexão elétrica para o súbito e irrevo-
gável impulso, flexibilidade para manobrar o instru-
mento sobre a superfície maior do bloco. Este, com 
aproximadamente 24 polegadas de largura, 18 de 
profundidade e 10 de espessura, era feito de madeira 
resistente, como a de um cepo de açougueiro, e se en-
contrava a uma altura conveniente. Era nele que o 
operador colocava seu material, uma folha de cada 
vez, no caso do couro, e uma pilha no caso de folhas 
de plástico, para cortá-las com moldes de aço de vá-
rios tamanhos e formas. O molde a ser usado era mo-
vimentado, manualmente, de local para local cada 
vez que um corte era executado; raramente, quando 
o operador via necessidade, o material a ser cortado 
era movimentado sobre o bloco. 
A apresentação à nova ocupação, com suas sim-
ples habilidades para lidar com a máquina e rotinas 
de trabalho, foi feita com o que, segundo minha ex-
periência, se mostrou um recorde de treinamento mí-
nimo. A máquina que me foi destinada eslava situada 
em um dos extremos da fila. O superintendente e um 
dos operadores fizeram uma breve demonstração, 
acompanhada de alguns conselhos como o de manter 
as mãos afastadas do martelo na hora da descida des-
te. Depois dc um pequeno período dc prática, ao final 
do qual o superintendente expressou sua satisfação 
com meu progresso e meu potencial, fui deixado à 
vontade para desenvolver meu aprendizado sem ou-
tra supervisão que a dos demais participantes do gru-
po dc trabalho. De tempos em tempos, meus colegas 
me ofereciam conselhos ou ajuda e respondiam a mi-
nhas perguntas. 
O griipo de trabalhadores 
No início preocupado com o triplice objetivo de apri-
morar minha habilldiidc opcrucioniil. aumeninr ml-
nha produtividade e resguardar minha mâo esquer-
da, dei pouca atenção a meus companheiros de traba-
lho, cxccto para observar que pareciam cordiais, eram 
de meia-idade, nascidos no estrangeiro, comunicati-
vos e muito faladores, Seus nomes eram George, Ikc e 
Sammy. George, um cara parrudo, bem entrado nos 
cinquenta anos, operava a máquina situada no outro 
extremo da fila; mais tarde descobri que emigrara 
muito jovem de um país do sudeste da Europa. Ike, 
situado à esquerda de George, era alto, magro, esuiva 
em tomo dos 50 anos c era judeu; viera do leste da 
Europa ainda jovem. Sammy, o terceiro da fila e meu 
vizinho, era forte, de quase 60 anos e judeu; escapara 
dc um país do leste da Europa pouco antes deste ser 
invadido pelas tropas de Hitler. Todos três se encon-
travam em uma fase descendente de suas trajetórias 
ocupacionais. George e Sammy tinham sido donos de 
pequenos negócios; o primeiro foi "varrido" quando 
.sua loja, que nâo estava no seguro, foi atingida por 
um incêndio; o outro, perdera tudo ao fugir dos ale-
mães. Segundo seu próprio relato, Ike tinha deixado 
uma profissão altamente qualificada que exercera 
durante anos cm Chicago. 
O trabalho 
Antes que o primeiro dia de trabalho clicgasse ao fim, 
ficou evidente que minha carreira dc operador de ba-
lancins hidráulicos seria um processo desalentador 
4 0 8 COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL 
dc corrida contra o relógio, sendo que este era um 
despertador antigo que liquctaqueava numa pratelei-
ra próximo à máquina de George. Durante minha ex-
pcriCncia industrial j;i hiiara com o monótono trans-
curso dos minutos e das horas, mas nunca me depa-
rara com uma combinação tâo sombria de condições 
dc trabalho, somando a longuíssima jornada, o estí-
mulo cerebral infinitesimal c a extrema limitação dos 
movimentos físicos. O contraste com minha recente 
passagem pelos campos petrolíferos da Califórnia era 
impressionante. Nada de oito horas diárias correndo 
daqui para ali. por desertos e contrafortes com uma 
turma alegre dc trabalhadores nâo-qualificados con-
sertando poços petrolíferos, oleodutos e tanques de 
csiocagcm. Aqui nâo havia as brincadeiras ao fim da 
tarde, buscando tarântulas e cobras nas areias, nem 
subíamos cm velhos vigamcntos para buscar ninhos 
dc corvos c, naturalmente, a grande nuvem de poeira 
que visia ao longe nos informava com grande antece-
dPiiciíida clu-giidadorlu-íc Aíjiii i-ra íiiar i»dia inici-
ro de pé, no mesmo lugar, ao lado de irâs velhos ra-
bugentos numa sala sombria, com janelas gradeadas 
através das quais só se viam os tijolos da parede de 
um armazém; os movimentos das pernas resumidos a 
deslocar o peso do corpo dc uma para outra perna, os 
movimentos dc mão e braço, uma siiçp^es e repetiti-
va sequência dc colocar o molde, descer a alavanca, 
colocar o molde, descer a alavanca, e a atividade inte-
lectual reduzida ao cálculo do tempo restante até o 
fim do expediente. É verdade que dc tempos em tem-
pos era necessário subsHtuir íima pilha dc folhas por 
outras; mas a pilha era preparada por outra pessoa e a 
troca só demorava um ou dois minutos. De tanto em 
lanio. uma caixa com produto acabado tinha de ser 
tirada do caminho e outra vazia posta no lugar, mas 
pard tanio bastava dar um ou dois passos. E, para di-
vidir o dia cm panes digcríveis havia a meia hora dc 
almoço c as eventuais idas ao banheiro ou ao bebe-
douro. Mas. após cada instante de pausa, martelo c 
molde eram tudo o que sc movia: abaixe a alavanca, 
movimente o molde, abaixe a alavanca, movimente o 
molde. 
Inventei um jogo de trabalho. Na verdade era mui-
to simples, tâo elementar que jogá-lo lembrava os 
dias chuvosos da infância quando a atenção se con-
centrava cm pedaços coloridos dc diferentes cores e 
tamanhos. Mas essa atividade adulta nâo era apenas 
desperdício dc tempo; o que lhe faltava em conteúdo 
imaginário das aiividades de antanho era compensa-
do por uma estrutura nítida. As etapas fundamentais 
envolviam: (a) variação na cor dos materiais corta-
dos, (b) variação na forma dos moldes usados e (c) 
um processo chamado "raspar o bloco". O processo 
básico que ordenava a combinação específica de com-
ponentes funcionários poderia ser descrito assim; 
"Logo que acabar tantas destas, passo a fazer algumas 
marrons." E tendo atingido o objetivo de trabalhar 
com o material marrom, estabelecia-se um novo ob-
jetivo, "agora é a vez dos brancos". Ou o novo objeti-
vo podia envolver a troca de moldes. 
Atividades sociais informais do grupo 
de trabalhadores; horas e temas 
Comecei a observar atentamente a atividade social 
que aconteciaà minha volta; e com a atenção veio um 
crescente envolvimento. O que ouvi primeiro, antes 
de começar a escutar, foi um fluxo de pedaços desco-
nexos de comunicação que não faziam muito senti-
do. Os sotaques eram fortes, e as referências nào 
lonsiiuiíani um coniexio cooicnic dc .significados. 
Lira apenas "palavrório". O ciue vi no início, antes dc 
começar a observar, eram surtos ocasionais de brin-
cadeiras grosseiras, tão simples e invariáveis cm pa-
drão e tâo infantis cm qualidade que nâo motivavam 
a atenção. Por exemplo, Ike sempre desligava a má-
quina de Sammy quando este ia ao banheiro ou ao 
bebedouro. E, invariavelmente, Sammy caía na arma-
dilha tentando operar sua alavanca ao retomar ao 
posto. E isso era seguido sempre por indignação e re-
clamações de Sammy, risadas de Ike e admoestações 
paternais de George. Inicialmente, meu interçssc nes-
se comporumento se confinou a imaginar quando 
Ikc cansaria de sua monótona brincadeira ou quando 
Sammy passaria a verificar a tomada de força antes dc 
voltar a operar a alavanca. 
A maioria das interrupções nas séries diárias era 
chamada de "horas" no linguajar dos operadores c gi-
ravam em tomo do consumo dc comida ou bebida. 
Havia a hora do café. a hora da laranja, a hora da ba-
nana, a hora do peixe, a hora do refrigerante e, natu-
ralmente, a hora do almoço. Outras interrupções que 
faziam parte da série mas nâo eram reconhecidas ver-
balmente como horas eram a da janela, a da colcta e 
as horas de salda escalonadas de Sammy e Ike. Nesses 
intervalos sem nome não havia compartilhamento de 
alimentos. 
Passei a prestar atenção a essa divisão do tempo 
quando hii convidado, na primeira semana, a dividir 
duas laranjas. Era Sammy quem providenciava as laran-
jas; depois de anunciar "Hora da laranja!", ele as pegava 
em sua marmita. Na primeira vez recusei, mas depois 
CASO 5; o CASO DA HORA DA BANANA 4 0 9 
passei a consumir regularmente minha meia laranja. 
Sammy continuava a providenciar as laranjas e a anun-
ciar a "Hora da laranja!", embora houvesse dias em que 
Ike tivesse de lembrar que já estava na hora da laranja e 
reclamasse do atraso do lanche. Ikc reclamava sempre 
da qualidade da fruta, o que dava origem a brincadeiras 
entre doador e reclamante. Eu achava a fruta meio sem 
graça, mas sentia, antes de perceber a função da hora da 
laranja, que Ike estava sendo grosseiro ao criticar o pre-
sente. Ficava imaginando por que Sammy continuava 
dividindo suas laranjas com o ingrato. 
Depois de aproximadamente uma hora, vinha a 
hora da banana. Era Sammy, novamente, quem pro-
videnciava o lanche - uma banana. Contudo, nào 
dava para dividir a fruta em quatro partes. Ike a co-
mia inteira depois de tê-la roubado sub-repticíamen-
te da marmita de Sammy, que ficava numa prateleira 
atrás de seu posto. Toda manhã, depois de realizado 
o furto, Ike gritava "Hora da bananal", e passava a 
consumi-la enquanto Sammy fazia imiteis protestos e 
denúncias. George se juntava a ele mostrando discre-
ta reprovação, e às vezes reclamando de Sammy por 
fazer tanto fuzuê. Sammy tinha comprado a banana 
para seu almoço, nunca chegava a comê-la e ainda as-
sim não deixava de trazê-la no dia seguinte. No iní-
cio, eu ficava intrigado. Um pouco deijoii eu já espe-
rava o furto diário e as brincadeiras que se seguiam. 
A seguir vinha a hora da janela. Seguia-se à hora da 
banana como consequência das broncas que Ike leva-
va do indignado Sammy. Depois de "aguentar" repeti-
das referências a ele mesmo como sendo pessoa sem 
moral e sem caráter, Ike "finalmente" retaliava, abrin-
do a janela que estava à frente do posto de Sammy para 
permitir que o "ar fresco" ventilasse o colega. A calú-
nia que teria, por sua repetição ecolálica, dado cabo da 
paciência e tolerância em geral, assumia a fonna dc 
uma comparação hostil: "George é um bom pai. Ike é 
um homem mau, muito mau!" A abertura da janela le-
vava um certo tempo e envolvia uma longa converea 
entre Ike e Sammy, antes c depois. Ike ameaçava, fazia 
finta, até finalmente abrir a janela. Sammy protestava, 
argumentava e reclamava que pegaria um resfriado; 
depois de algum tempo, largava a máquina para fechar 
a janela. Às vezes o tempo estava frio e a corrente de ar 
se tomava desagradável, mas, frio ou calor, chuva ou 
vento, todo dia chegava a hora da janela. (Imagino que 
no início fosse uma brincadeira de inverno.) A parte 
de George nessa brincadeira era a de incentivar Ike a 
abrir a janela, apesar de ser o "pai bom". Ele destacava 
os efeitos tónicos do ar puro e debochava de Sammy 
por sua ingratidão. 
Temas 
Para dar um pouco de, digamos, substância ao esque-
ma interacional das horas, meu gmpo de trabalhado-
res desenvolveu vários "temas" em tomo dos quais sc 
desenvolviam as brincadeiras verbais, que tinham se 
tomado, pela repetição, padronizadas. Esses tópicos 
de conversação iam de papos totalmente sem sentido 
a conversas extremamente sérias. Ao contrário das 
"horas", esses temas fluíam sem nenhuma sequência 
previsível. Conversas sérias viravam de repente brin-
cadeiras grosseiras e vice-versa. No meio de comen-
tários sérios sobre a alta do custo de vida, Ike deixava 
cair algo pesado atrás de Sammy que sc assustava fa-
cilmente ou batia na sua cabeça com um saco de pa-
pel. A interação imediatamente se tomava uma co-
média pastelão em que trocavam tapas, ameaças, sol-
tavam gargalhadas e reclamações que acabavam inva-
riavelmente numa ecolalia de "Ikc é um homem mau, 
muito'mau! George é um bom pai, um homem muito 
bom!" Ou dc repente se seguia uma série dc compa-
rações hostis, como aquelas que acompanhavam o 
desligamento da máquina 4c Sammy c que acabavam 
numa discussão dos prós c contras dc fazer uma pou-
pança para pagar o próprio enterro. 
Os "temas das brincadeiras" eram cm geral dados 
por George ou Ike, sendo Sammy o alvo. Às vezes 
"encarnavam" em Ike, raramente em George. Uma 
das brincadeiras prediletas se referia aos US$100 
mensais que Sammy recebia do filho. Eles diziam que 
Sammy nào precisava fazer hora extra, talvez nem 
mesmo precisasse trabalhar porque tinha um filho 
que o sustentava. George sempre dizia que ele, Geor-
ge, mandava dinheiro para a filha, c nào o contrário. 
Às vezes a mulher de Sammy ligava para o marido e 
quando ele contava que ela ligara pedindo para ele 
comprar algo no armazém, a turinit fingia nflo ncrcdi-
tar. Os colegas diziam que a mulher estava vigiando o 
marido e a expressão "Você é um homem ou um 
rato?" SC tomava uma exclamação ccoUUica utili2.ida 
dentro e fora do contexto original. 
Os temas sérios eram relativos às principais des-
graças vividas no passado pelos membros do gru-
po. George gostava de repetir a narrativa sobre o 
incêndio que destruíra sua loja; as queixas de Ike 
giravam em torno das doenças de sua mulher que 
já fora operada várias vezes c volta e meia era hos-
pitalizada. Ike falava desanimado dos gastos que ti-
nha com a empregada para ele e os filhos; do filho 
adolescente que "era incapaz de preparar o almoço. 
Não é capaz nem mesmo de fazer um sanduíche!". 
E as lembranças dc Sammy sc voltavam para a per-
4 1 0 COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL 
da dc seu próspero negócio quando teve dc fugir 
dos nazistas. 
Havia um tema que sc revestia dc especial soleni-
dade, o do "professor". Esse lema também poderia 
ser chamado de "tema do casamento da filha de 
George", pois o recente casamento da tinica filha 
dc George estava inseparavelmente ligado ã conexão 
dc George com o ensino superior. Sua filha casara 
com o filho dc um professor dc uma das faculdades 
locais. Na verdade esse tema não poderia ser conside-
rado rigorosamente um motivo dc conversa; quando 
o assunto vinha à tona, somente George falava. Os 
dois operários judeus ouviam com profundo respei-
to, para nào dizer admiração, os relatos dc George so-
bre a festa dc casiimcnio, incluindo foios. que custa-
ram US$1.000. Era um monólogo, mias era ouvido 
atentamente, havia comunicação, a comunicação sa-
grada de u m templo, quando Georgefalava das visi-
tas ao professor ou dos jantares na casa dele no do-
mingo. Sempre que falava do professor, de sua filha, 
do casamento, do novo genro que na verdade per-
manecia uma figura apagada no fundo do palco, 
quase como o bolo de casamento, George era o se-
nhor da interação. Sua maneira de falar aos opera-
dores do balancim hldratllico era, na verdade, a de 
um mestre dignando-se a dirigir um olhar a seus su-
balternos. Cheguei à conclusão de que era sua cone-
xão com o professor, nào sua chefia ou os cenuvos a 
mais que ganhava por hora, que dava a George seu 
status superior dentro do grupo.

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