Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Pontos relevantes da educação de jovens e adultos (EJA) Beatriz Costa Reis Ozenilde Pereira Santos Dutra Ana Maria Mendonça Dutra Mayra Diniz Araújo Tutor: Francisco Garcês Caldas Junior Resumo: O presente trabalho se propõe a abordar os pontos relativos referentes a Educação de Jovens e Adultos (EJA), tratando do processo histórico desta modalidade, legislação e politicas publicas que embasam o cumprimento de atividades pedagógicas neste meio, as metodologias utilizadas por alguns educadores e a questões social que envolve todas os responsáveis nesse processo. A Educação para Jovens e Adultos (EJA) tem como objetivo de desenvolver o ensino fundamental e médio com qualidade, para as pessoas que não possuem idade escolar e oportunidade. É importante lembrar que a educação de jovens e adultos está tendo uma preocupação maior atualmente. Dá para perceber uma participação muito maior da sociedade na formação da Educação de Jovens e Adultos, diferente do que ocorreu no ensino regular no Brasil. Através de pesquisa bibliográfica que visa esclarecer pontos cruciais do tema proposto. Palavras – Chave: Educação, Histórico, Pedagógicas, Desenvolver. 1. Introdução Pessoas que há anos pararam de estudar por diversos motivos, retornam a sala de aula, sendo por vontade própria, ou por “determinação” do mercado de trabalho. Cada sujeito teve um motivo próprio para parar de estudar, e possui um motivo tão próprio para retornar. Quando retornam, muitos têm muita dificuldade em acompanhar os conteúdos e, em diversos casos, acabam desistindo muito facilmente, sem ao menos, tentarem entender o que lhes “bloqueia” o aprendizado. Assim, também como prováveis “causas” que os fazem retornar aos estudos, e as diferenças entre o aluno adulto e o jovem, quanto a questões psicológicas, biológicas e culturais. A Educação de Jovens e Adultos – EJA tem por finalidade, proporcionar a educação básica aquelas que não tiverem condições de frequentar, por quaisquer motivos, a escola, na idade tida como “correta”. As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos (Parecer CEB nº 11/2000), em concordância com a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB apontam três funções como responsabilidade da EJA: reparadora (restaurar o direito a uma escola de qualidade): equalizadora (restabelecer a trajetória escolar): qualificadora (propiciar a atualização de conhecimentos por toda a vida). Atualmente a idade mínima para frequentar a EJA e 15 (quinze) anos para o Ensino Fundamental, e 18 (dezoito) para Ensino Médio. No Art. 22 LDB 9.394/1996, esta prevista a Educação de Jovens e Adultos – EJA, classificada como parte integrante da Educação Básica. E, assim como a educação regular, e dever do governo disponibilizar educação de Jovens e Adultos, contudo, também existem instituições privadas, autorizadas a atender esta modalidade de ensino. Sendo assim, e importante que conhecemos o processo de desenvolvimento da EJA no Brasil, pois a historia nos fara compreender as muitas reformulações dessa modalidade educacional, inicialmente definida como “para trabalhador”, e que ainda esta em movimento, como todas as outras modalidades da educação. 2. Fundamentação Teórica 2.1 – Educação de Jovens e Adultos no Brasil O ensino para jovens, adultos e idosos vem se consolidando no decorrer da evolução da educação no Brasil, inicialmente, devido a movimentos populares e campanhas de alfabetização. Em 1925, por meios da Reforma Joao Alves, surgiu o ensino noturno para jovens e adultos, no o intuito de atender aos interesses da classe dominante que iniciava um movimento contra o analfabetismo, onde um dos principais objetivos era o de aumentar o contingente eleitoral, uma vez que analfabetos eram impedidas de votar. Em 1934 a Constituição Federal institui no país a obrigatoriedade e a gratuidade do ensino primário para todas, com o intuito de diminuir os indicativos dos analfabetismo no mesmo. Na década de 1960, criou-se na educação brasileira uma nova perspectiva, fundamentada nas ideias e experiências desenvolvidas por Paulo Freire, um educador que, pelo seu trabalho de 15 anos como diretor do serviço de extensão cultural na universidade do Recife, acumulou experiências na área da educação de adultos. Freire idealizou e criou um sistema de alfabetização que associava o processo de alfabetização a discussão dos problemas adversidades vivenciadas pelo educando. Em 1963, a proposta de Paulo Freire foi adotada nacionalmente como orientação para a alfabetização de adultos, o que ficou conhecido como “alfabetização em 40 horas”. E, em janeiro de 1964, o governo federal deu inicio a execução do Plano Nacional de Alfabetização (PNA), para uma politica nacional de alfabetização de jovens e adultos em todo o país, coordenada por Paulo Freire. Na década de 1970, foi implantada pelo governo federal o Movimento Brasileiro de alfabetização (Mobral), como um programa de alfabetização de adolescente e adulto para substituir o então existentes, sob o respaldo da Lei nº 5.379/67. Esse programa acontecia em espaços não escolares, com instrutores não necessariamente professores, tendo o apoio de prefeituras e material didático especifico advindo do Ministério de Educação e Cultura (MEC). Em 1985, o Mobral foi substituído pela Fundação Nacional para Educação de Jovens e Adultos (Educar). No ano seguinte, foi criada uma comissão especial para formular as diretrizes politicas pedagógicas, tendo como objetivos: articular o então ensino supletivo, a politica nacional de Educação de Jovens e Adultos e ensino de 1º grau, e promover a formação e o aperfeiçoamento de educadores. Essas modificações nas ações voltadas para o publico jovem e adulto fundamentavam-se na conquista do direito universal ao Ensino Fundamental publico e gratuito, independente de idade, consagrado no Art.208 da Constituição Federal de 1988. Estabeleceu-se assim o prazo de dez anos para a erradicação do analfabetismo, pelas Disposições Transitórias da Constituição, e que a sociedade e governos deveriam concentrar esforços não só para isto, mas também para universalização do Ensino Fundamental. Apesar dos ganhos efetivos para a garantia da manutenção dos direitos, a Fundação Educar foi extinta em 1990. Este mesmo ano foi declarada, pela Organização das Nações Unidas (ONU), como o Ano Internacional da Alfabetização. Foi também em 1990 que aconteceu a Conferencia mundial para a Educação para todos, sendo o Brasil signatário da ONU. Em dezembro de 1996, com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/96), o jovem analfabeto passou a ser objeto de legislação, com uma seção com dois artigos destinados a jovens e adultos, são eles: Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada aquelas que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria. Art. 38. Os sistemas de ensino manterão cursos e exames supletivos, que compreenderão a base nacional comum do currículo, habilidade ao prosseguimento de estudos em caráter regular. 2.2 – O método Paulo Freire Indispensáveis a todo professor, senão a toda cidadão brasileiro, o conhecimento da historia e da proposta pedagógica do educador pernambucano Paulo Reglus Neves Freire é imprescindível para o atendimento da historia da Educação no Brasil. Especialmente aqueles que se dedicam a educação de jovens e adultos. Paulo Freire foi quem nos trouxe uma nova visão da EJA e como desenvolver uma educação significativa aos jovens e adultos, Freire, através de sua pedagogia, este novo espiritoda época e acabou por se tornar um marco teórico na Educação de Adultos, desenvolvendo uma metodologia própria de trabalho, que unia pela primeira vez a especificidade dessa Educação em relação a quem educar, para que e como educar, a partir do principio de que a educação era um ato politico, podendo servir tanto para a submissão como para a libertação do povo. (SCORTEGAGNA;OLIVEIRA,2006, p.5). A partir de Paulo Freire passou-se a ver o analfabetismo não como uma situação de pobreza, mais sim como uma consequência das desigualdades sociais. Sua metodologia levava em consideração a cultura do aluno e suas bagagens. Seu método estruturava-se em três etapas: Investigação, Tematização e problematização. E com seu método, baseado em um “Convite”, ele conseguiu alfabetizar 300 adultos em 45 dias, mostrando, com isso, que o problema da evasão e não aprendizagem de jovens e adultos não estava neles, e sim, na metodologia utilizada pelos professores. Em seu livro, Pedagogia da Autonomia, Paulo Freire afirma que: “A curiosidade como inquietação indagadora, como inclinação ao desvelamento de algo, como pergunta verbalizada ou não, como procura de esclarecimentos, como sinal de atenção que sugere alerta faz parte integrante do fenômeno vital. Não haverá criatividade sem a curiosidade que nos move e que nos põe pacientemente impacientes diante do mundo que não fizemos, acrescentando a ele algo que fazemos”. (FREIRE. 1996) Com isso, podemos perceber que o ensino deve ocorrer levando em conta a curiosidade dos alunos, que já não são mais crianças, e tem seus anseios, suas duvidas, questionamentos e curiosidades, que lhes movem. Assim o profissional da alfabetização, não deve considerar apenas o sistema de linguagem e tornar o estudante, autônomo dessa linguagem e da escrita. Este e, segundo Freire, o libertador deste aluno para a vida. A transferência de conhecimentos requer respeito e conhecimento por parte deste profissional, e isso com certeza não esta nos livros ou e aprendido nas faculdades. Compete aos professores fazerem uso de sua inteligência para compreender a verdadeira necessidade de cada educando e de cada grupo para assim conseguir andar com seus alunos, em um caminho repleto de conhecimentos e boas experiências. 2.3 – Legislação e politicas publicas direcionadas a EJA Toda instituição de ensino e regida por leis educacionais, nacional e estaduais, que regulamentam seu funcionamento e amparam as ações desenvolvidas, visando a condições de ensino. O documento legal inicial que o diretor escolar deve conhecer sobre o EJA e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN nº 9.394/96). Essa Lei, em seu art. 37, contempla a EJA como modalidade da Educação Básica, e enfatiza sua identidade própria, determinando que a EJA é designada “aquelas que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e Médio da idade própria”. O 1º paragrafo deste mesmo artigo destaca que a EJA deve proporcionar oportunidades educacionais adequadas, sempre considerando as particularidades do educando, os seus interesses e suas condições de vida e de trabalho. Ainda com relação a EJA, a LDB, em seu art. 38, estabelece que tais oportunidades educacionais se realizarão através de cursos e exames supletivos que compreenderão a base nacional comum do currículo. Quanto aos exames supletivos, a lei estabelece que elas são destinadas aos educandos com conhecimento e habilidades adquiridas por meios informais. Tais conhecimentos podem ser aferidos e reconhecidos mediante exames, os quais poderão ser realizados no nível de conclusão do Ensino Fundamental para os maiores de 15 anos e no nível de conclusão do Ensino Médio para os maiores de 18 anos. De todo modo, os diretores escolares devem estar atentos aos documentos de âmbito federal, instituídos pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), por meio da câmara de Educação Básica (CEB), que determinam as diretrizes vigentes para a EJA. Sendo eles: O Parecer CNE/CEB nº 11, de 10 de maio de 2000, a Resolução CNE/CEB nº 1, de 05 de julho de 2000, a Resolução CNE/CEB nº 2, de 19 de maio de 2010, a Resolução CNE/CEB nº 3, de 15 de junho de 2010, a Resolução nº 3, de 13 de maio de 2016, a Resolução CNE/CEB nº 4, de 30 de maio de 2016. O direito a educação e garantido a todos por meio da lei, e através de parecer e resoluções a EJA adquiriu uma concepção para além da suplência, ou seja, passou a uma modalidade de ensino vinculada a educação básica. A Constituição Federal de 1988 no artigo 208 assegura a educação de jovens e adultos sendo direito de todos. A lei de diretrizes e bases da educação nacional (LDB 9.394/96) trata da educação de jovens e adultos do Titulo V, capitulo II como modalidade da educação básica, superando sua dimensão de ensino supletivo, regulamentando sua oferta a todos aqueles que não tiveram acesso ou não concluíram o ensino fundamental. As diretrizes curriculares nacionais para a educação de jovens e adultos (parecer cne/ceb 11/2000 e resolução cne/ceb 1/2000) nos diz que: Devem ser observadas na oferta e estrutura dos componentes curriculares dessa modalidade de ensino, e estabelece que como modalidade destas etapas da Educação Básica, a identidade própria da Educação de Jovens e Adultos considerará as situações, os perfis dos estudantes, nas faixas etárias e se pautara pelos princípios de equidade, diferença e proporcionalidade na apropriação e contextualização das diretrizes curriculares nacionais e na proposição de um modelo pedagógico próprio... (BRASIL, 2000, p.1) A resolução cne/ceb nº 01/2000 no artigo 6°, determina que cabe a cada sistema definir a estrutura e a duração dos cursos da Educação de Jovens e Adultos, respeitadas as diretrizes curriculares nacionais, a identidade desta modalidade de educação e o regime de colaboração entre os entes federativos. O plano nacional de educação (lei 10.172/2001) diz que: A Constituição Federal determina como um dos objetivos do Plano Nacional de Educação a integração de ações do poder publico que conduzam a erradicação do analfabetismo (art. 214, 1). Trata-se de tarefa que exige uma ampla mobilização de recursos humanos e financeiros por parte dos governos e da sociedade. Os déficits de atendimento no ensino fundamental resultaram, ao longo dos anos, num grande numero de jovens e adultos que não tiveram acesso ou não lograram terminar o ensino fundamental obrigatório. (BRASIL, 2001, p.46) Contudo, mais recentemente, com as discussões relativas a criação da BNCC – Base Nacional Comum Curricular, a Educação de Jovens e Adultos voltou a ser parte dos itens em discussão, já que inicialmente houve um foco especifico em EJA, enquanto que sua versão final, suprimem o olhar mais detalhado e especifico em relação a mesma, segundo a educadora Guiomar Namo de Mello, uma das profissionais responsáveis pela elaboração de 3ª versão da BNCC, a EJA “esta incluída na educação regular e, como tal, foi considerada no conjunto dos direitos de aprendizagem de todas”, já que, “a base não e currículo” e as especificidades de EJA devem ser discutidas relativamente aos pormenores de currículo. 3. Matérias e Métodos Este trabalho foi construído através de pesquisas bibliográficas, pela internet e com matérias traduzidas pelos colegas, analisando a composição da Educação de Jovens e Adultos (EJA), elencando tal pratica com os pensamentos de Paulo Freire, bem como, a legislação e politicas publicas em educação voltadas a este publico. 4. Resultados e Discussão Diante do exposto, percebemos que o EJA tem um papel importante. Para que assim, jovens e adultos compreendam a importância de aprender, levando-os a uma reflexão referente a necessidade dos estudos em suas vivencias, pois devemos estimular a aprendizagem para formarmos cidadões críticos e pensantes. Observamos que muitos educadores e alguns teóricos acreditamque se voltarmos o nosso “olhar” para o aluno e suas necessidades, trabalharmos com as experiências de cada um, suas vivencias, seu conhecimento de mundo, com o planejamento mais significativos, dinâmico, flexível, tendo a participação dos sujeitos, onde o dialogo faca parte da aula. 5. Conclusão Verificou-se que a EJA e um sistema de ensino que pode ser considerado recente e tem muito a ser discutido para que possa atender as demandas dos alunos que procuram. A presente pesquisa nos faz pensar que a educação de jovens e adultos favorece o raciocínio e aprendizagem, ampliando as disposições humanas nos trazendo uma sociedade mais justa e humana. A educação acontece a todo o momento e lugar, seja na escola, em casa ou na rua, tornando a sociedade “multicultural”. Queremos aqui também, ressaltar o valor das legislações voltadas a educação de jovens e adultos vigorantes no Brasil, que visam prover as indigências educacionais dos estudantes que almejam a concretização de uma ideia a de concluir seus estudos, de ter um diploma, de sentir- se como cidadão inserido numa sociedade cada dia mais exigente. 6. Referencias BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial [da] Republica Federativa do Brasil, Brasília, DF, 21 dez. 1996. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm. Acesso em: 30 de junho de 2020 Freire, Paulo. Pedagogia da Autonomia. São Paulo: Paz e Terra. 1996. PARECER CEB 11/2000. In: SOARES, Leôncio. Diretrizes Curriculares Nacionais: Educação de Jovens e Adultos. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/escola-de-gestores-da- educacao-basica/323-secretarias-112877938/orgaos-vinculados-82187207/13252-parecer-ceb- 2000. Acesso em: 30 de junho 2020 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/contituicao.htm. Acesso em: 02 de julho de 2020 BRASIL. Lei n.13.005, de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de Educação – PNE e da outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 26 de jun 2014. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ato2011-2014/2014/lei/113005.htm. Acesso em: 02 de Julho de 2020. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm http://portal.mec.gov.br/escola-de-gestores-da-educacao-basica/323-secretarias-112877938/orgaos-vinculados-82187207/13252-parecer-ceb-2000 http://portal.mec.gov.br/escola-de-gestores-da-educacao-basica/323-secretarias-112877938/orgaos-vinculados-82187207/13252-parecer-ceb-2000 http://portal.mec.gov.br/escola-de-gestores-da-educacao-basica/323-secretarias-112877938/orgaos-vinculados-82187207/13252-parecer-ceb-2000 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/contituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ato2011-2014/2014/lei/113005.htm
Compartilhar