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Técnica Dietética Aula 3: Ficha Técnica de Preparação Apresentação: Já estudamos um pouco sobre condimentos, molhos, sopas e bebidas. A partir desta aula, iremos estudar como elaborar uma Ficha Técnica de Preparação (FTP) a �m de evitar o desperdício em uma Unidade de Alimentação e Nutrição. Vocês conhecem uma Ficha Técnica de Preparação? Sabem para que serve? E será que é mesmo útil para nós, nutricionistas? Vamos conhecer um pouco sobre as �chas técnicas e seu uso. Objetivos: Planejar uma FTP; Identi�car a execução de uma FTP; Detectar os elementos essenciais à elaboração de uma FTP. Ficha Técnica de Preparação (FTP) Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online A padronização de receitas é uma atividade que contribui para a manutenção da qualidade de formulações alimentares empregadas pelo nutricionista na área de alimentação coletiva ou no atendimento ambulatorial. A Ficha Técnica de Preparação (FTP) é também chamada de receituário padrão. A partir das informações da FTP, pode-se ter acesso a dados como: A FTP é um instrumento gerencial de apoio operacional, pelo qual se fazem o levantamento de custos, a ordenação do preparo e o cálculo nutricional da preparação. Portanto, segundo Fonseca (2016), pode ser utilizada como um instrumento para o planejamento do cardápio, representa um dos mais importantes documentos do restaurante e é um instrumento que descreve todo o processo de elaboração dos pratos/preparações, bem como das matérias-primas utilizadas, suas quantidades e seu valor total de produção. Quais as funções de uma FTP? 1 Registrar quantidades da matéria-prima utilizada nas preparações. 2 Padronizar o quantitativo de matérias-primas nas preparações. 3 Padronizar a montagem e apresentação das preparações. 4 Identi�car os custos da produção. 5 Registrar os processos da produção. 6 Manter um histórico das preparações da Unidade de Alimentação e Nutrição ou restaurante. 7 Permitir a comparação das informações de consumo. 8 Facilitar a previsão de compras e especi�cações de gêneros. Veja a seguir as informações que devem constar na FTP: 1 Quantidade de cada ingrediente, em medidas caseiras, peso bruto (PB) e peso líquido (PL). 2 Cálculo dietético total e por porção. 3 Rendimento em peso preparado, número de porções e peso por porção. 4 Densidade energética. 5 Descrição do modo de preparo. 6 Análise sensorial. 7 Custo total e por porção. FTP (Fonte: Pixabay). Por que é importante a padronização por meio de �chas técnicas em uma Unidade de Alimentação e Nutrição, segundo Vaz (2006) e Domene (2011): Permitir realizar uma melhor previsão de compras. Facilitar e organizar a liberação de material do estoque. Permitir o cálculo dos custos de cada preparação e do cardápio. Possibilitar a padronização do preparo e da forma de servir. Permitir que a preparação seja a mesma independente da mudança de funcionário. Ajudar a preservar a receita ao longo do tempo. Permitir um melhor controle dos ingredientes utilizados, evitando desvios e desperdício. Contribuir para a manutenção da qualidade das formulações alimentares empregadas pelo nutricionista, seja na área de alimentação coletiva ou no atendimento ambulatorial. Permitir conhecer o tempo de preparo, a temperatura, os equipamentos e utensílios no preparo e distribuição. Possibilitar a análise nutricional das preparações, dando margem a mudanças, de forma a tornar a preparação mais saudável, sem que ocorra a perda das suas características sensoriais. Elaboração das �chas técnicas Na confecção das �chas técnicas de preparo, os dados devem ser colhidos por observação nas práticas de preparo in loco. Esse aspecto é importante, pois poderá não surtir os resultados esperados se forem copiados de outros estabelecimentos ou se forem apenas teóricos. Necessário: Após o término da elaboração das FTP, sugere-se testá-las por meio do preparo e montagem da preparação, de preferência por um funcionário diferente daquele que foi acompanhado para a elaboração da Ficha Técnica de Preparo diagnóstica. A elaboração das FTP tem importante função no ajuste de receitas preexistentes em programas informatizados de controle de estoque. Recomenda-se que as FTP sejam organizadas conforme o tipo de preparação, a exemplo: Saladas, guarnição, prato principal etc., para facilitar o planejamento do cardápio. Atenção Recomenda-se que as FTP sejam organizadas conforme o tipo de preparação, a exemplo: Saladas, guarnição, prato principal etc., para facilitar o planejamento do cardápio. A �cha técnica, segundo Guimarães e Souza (2000), Akutsu et al (2005) e Fonseca (2006), por sua �exibilidade e variedade de informações, pode se prestar a diversas aplicações: Detalhando os elementos necessários na FTP Per capita A expressão latina ‘Per capita’ signi�ca ‘por cabeça’ e representa a quantidade para cada pessoa da população. Nas Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN), é utilizado para de�nir a oferta das preparações do cardápio. A Per capita pode ser de�nida: Por cálculo do valor calórico total com base no per�l da coletividade assistida. Por estimativa em serviços com distribuição self-service (utilizando a medida de sobras). Estabelecidos em contrato de prestação de serviços entre a empresa contratada e o contratante. Representa a base para um bom planejamento de cardápio, do ponto de vista quantitativo, bem como o de compras, pois a partir desta, podem ser elaborados: Os pedidos de compras. A liberação de produtos para a produção. Orientação para a equipe de produção. Os cálculos do valor nutricional por pessoa. Os custos por refeição servida. Fatores que in�uenciam no valor do per capita servido nas UAN: Hábito alimentar. Tipo de atividade dos usuários. Gênero dos usuários. Clima. Qualidade e apresentação das preparações. Frequência das preparações no cardápio. Idade dos usuários. Tipo de serviço (distribuição) – Porcionada ou self- service. Cocção. Porcionamento no preparo (corte realizado durante o pré-preparo). O per capita deve ser de�nido para cada UAN. Valor do per capita servido nas UAN (Fonte: Pixabay). Cálculo do per capita de consumo da UAN Estimado Real Com base na medida da sobra limpa e da sobra do balcão, pode-se estimar o per capita médio servido de uma determinada preparação, valor este que auxiliará no planejamento das quantidades a serem servidas e, consequentemente, na compra dos gêneros. Se os dados de resto estiverem disponíveis, é possível obter o per capita de consumo médio real da população e com base nestes é possível calcular o consumo calórico médio referente às refeições realizadas na UAN. Veja a seguir as de�nições de alguns termos: Clique nos botões para ver as informações. Peso do alimento tal como é adquirido, com aparas, cascas, sementes, talos e ossos. Utilizado para o dimensionamento dos pedidos de compra e cálculo do custo com os gêneros. Peso bruto (PB) De�nido como a fração aproveitável do alimento no estado cru, resultante do pré-preparo do alimento com a eliminação das aparas. Utilizado para o cálculo dietético do alimento e/ou preparações servidas na atividade de planejamento do cardápio, quando a receita estiver disponível. Peso líquido (PL) Pode ser de�nido como a perda que ocorre entre o alimento adquirido e o alimento após o pré-preparo e pronto para servir (no caso das preparações servidas sem cocção). O alimento após o pré-preparo e pronto para o processo de cocção. A perda em relação ao peso inicial, representada pela remoção das partes não comestíveis do alimento. É calculado utilizando –se a fórmula: Fator de correção (FC)= peso bruto (PB) ÷ peso líquido (PL). Fator de correção Fatores que interferem no valor do Fator de correção: Qualidade dos gêneros adquiridos. Condições de armazenamento dos gêneros. Quali�cação da mão de obra. Método de processamento utilizado (manual ou com uso de equipamentos). Manutenção e estado de conservação de equipamentos e utensílios utilizadosno processo de produção. Utilização de técnicas adequadas de processamento do alimento. Atenção Apesar da existência de alguns valores de FC na literatura, cada UAN deverá de�nir o seu fator de correção com base nas suas condições de manipulação, estabelecendo o padrão a ser seguido na UAN. O fator de correção após estabelecido pode ser utilizado como um parâmetro de controle de qualidade da produção, pois permite avaliar: Já o fator de cocção (FCÇ) ou índice de cocção (IC) pode ser de�nido como a relação entre o peso do alimento cozido e o peso líquido cru desse mesmo alimento. Re�ete a perda de água ou retração das �bras de um alimento, no caso das carnes e vegetais e/ou a hidratação do amido pela absorção da água, para os cereais e leguminosas. É calculado pela fórmula abaixo: Índice de cocção (IC)= peso do alimento cozido ÷ peso do alimento cru e limpo. Cabe salientar que o índice de cocção irá variar conforme o método de cocção empregado, bem como de acordo com o tempo de exposição do alimento ao calor e observando, ainda, as características de cada grupo de alimentos. Outro aspecto importante no que se refere ao uso do IC, para gêneros cárneos, é a de�nição do per capita de distribuição das preparações, a �m de que se possa de�nir o porcionamento das carnes no pré-preparo. Alguns índices de cocção: Alimento Índice de cocção Carnes com muita gordura (2ª ou 3ª, suínas) 0,4 a 0,5 Carnes com pouca gordura (nobre e de 1ª) 0,6 a 0,7 Cereais (arroz, aveia, milho, trigo, canjica) 2,0 a 3,0 (dependendo da qualidade do produto) Hortaliças e folhosas Calor misto (com pouco tempo) 0,6 a 0,7 Leguminosas (feijões, grão-de-bico, soja, lentilhas) 2,0 a 2,5 Tubérculos 0,9 a 1,0 Silva e Bernardes, 2004 Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Outros elementos importantes na FTP Outros elementos importantes na FTP Valor calórico total. Carboidrato. Proteína. Lipídio. NDPCal%. Densidade calórica. Valor calórico total. Cálculo das calorias provenientes dos carboidratos, proteínas e lipídios: Proteína Calcular o valor, com base na tabela de alimentos, de gramas de proteína de cada ingrediente e multiplicar por 4kcal. Carboidrato Calcular o valor, com base na tabela de alimentos, de gramas de carboidrato de cada ingrediente e multiplicar por 4kcal; Lipídio Calcular o valor, com base na tabela de alimentos, de gramas de lipídio de cada ingrediente e multiplicar por 9kcal. NDPCal% é a relação entre calorias e proteína líquida. Procura garantir que o cardápio seja elaborado com proteínas de adequado valor biológico. NDPCal = Proteína líquida x 4 / VET x 100 Valores de referência - Entre 6 e 12 Valores abaixo de 6 indicam que a dieta pode conter um alto teor de proteína de origem vegetal ou que a dieta contém um teor baixo de proteína total. Para o cálculo da proteína líquida, multiplicam-se os gramas de proteínas de acordo com a origem da proteína pelos fatores abaixo: ▶ Proteína de origem animal - 0,7 ▶ Proteína de leguminosas - 0,6 ▶ Proteína de cereais - 0,5 Densidade calórica (DC) É a quantidade de energia metabolicamente disponível por unidade de volume de alimento. Ou seja, a densidade calórica é a relação entre as calorias que o alimento fornece sobre o volume do mesmo. DC = VCT / Peso líquido Custo O cálculo deve levar em consideração o peso bruto. “Regra de 3” do valor total do produto adquirido pela quantidade utilizada na receita. Ex: Arroz com cenoura Per capita -> 80g de arroz e 15g de cenoura Custo estoque -> R$2,50, 1kg de arroz; R$3,50, 1kg de cenoura. Custo da preparação per capita -> 2,50 – 1000g x = R$0,20 Exemplos de FTP x --------- 80g -> 3,50 –1000g x = R$ 0,0525 x ---- 15g Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Nome da preparação: VCT PTN Categoria: CHO LIP Ingredientes Per capita (g) Quantidade p/ almoço (kg) Quantidade p/ jantar (kg) Quantidade p/ceia (kg) Modo de preparo: Porcinamento: Facilidade de preparo: Custo: Nome da preparação: _____________________ Indicação de uso: _______________________ data: ____/____/____ Modo de preparo: _____________________________ Rendimento: Peso cozido: ____________ (g) Porções: Número - ____________ Peso da porção: ____________(g) Densidade energética: _______________ kcal/g Ficha Técnica de Preparo- FTP CHO Nome da preparação: LIP Ingredientes: PTN Rendimento total: Número de porções: VCT Ingrediente Peso bruto (kg) Peso líquido (kg) Fator de correção Per capita Aproveitamento % Custo unit. (kg/l) R$ Custo total Arroz Sal refinado Óleo de soja Custo total Modo de preparo: Ingredientes Peso (g) Fator de correção Custo (R$) Calculo dietético Alimento Medida caseira Bruto Líquido Mercado Fração Ener (kcal) PTN (g) CHO (g) LIP (g) Fibra (g) Total Total por porção Atividades 1. O registro diário para o fator de correção (FC) possibilita avaliar o rendimento de cada preparação, principalmente quando se incorporam os 20% relativos às perdas no descongelamento. Sobre essa a�rmação, julgue como certo ou errado: Verdadeiro Falso 2. A Ficha Técnica de Preparo (FTP) é um instrumento gerencial de apoio operacional, pelo qual se fazem os levantamentos dos custos, a ordenação do preparo e o cálculo do valor nutricional da preparação, sendo, portanto, útil para subsidiar o planejamento de cardápio. Sobre a FTP, analise as a�rmativas abaixo e marque V (verdadeira) ou F (falsa): ( ) Com a FTP, é possível obter per capita, fator de correção e cocção, composição centesimal em macro e micronutrientes da preparação, o rendimento e o número de porções (porcionamentos), permitindo o controle �nanceiro e a determinação da composição nutricional. ( ) É uma ferramenta que permite o controle dos gêneros alimentícios, do número de funcionários e do �uxo do alimento. ( ) As �chas técnicas de preparação, desde que concebidas de forma adequada, fornecem informações e instruções claras, que orientarão a forma e o uso dos produtos, equipamentos e utensílios, passo a passo, no processo de elaboração, e permitirão a racionalização na área de produção. ( ) Garante ao cliente que determinada preparação terá sempre o mesmo aspecto físico e sensorial. Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta: a) V F F V b) V V V V c) V F V V d) F F V V e) F F F F 3. No cardápio de uma Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN), está previsto bife de �lé-mignon acebolado. O nutricionista estabeleceu o peso líquido do bife em 100g, sendo o fator de correção dessa carne de 1,5. O valor do quilo do �lé-mignon no fornecedor da unidade é de R$10,00. Espera-se um número de comensais de 300 pessoas. Com relação à situação hipotética apresentada acima, julgue os itens que se seguem: a) O peso bruto do bife de �lé-mignon é de 150g por pessoa. b) A quantidade de carne para ser adquirida com o fornecedor, para atender ao número de comensais esperado, é de 50kg. c) O valor a ser gasto para comprar toda a carne do cardápio é de R$450,00. 4.Uma UAN deve visar competência e planejamento para melhoria dos serviços prestados, promovendo sempre a alimentação saudável. Nesse contexto, a Ficha Técnica de Preparação (FTP) torna-se útil ao planejamento de cardápios. Em relação à FTP, marque (V) quando verdadeiro e (F) quando falso: I ( ) Implementar FTP em Serviços de Alimentação e Nutrição permite o controle da composição nutricional das preparações ofertadas, promovendo a melhoria da saúde de sua clientela. II ( ) Desenvolver FTP traz benefícios para a UAN, pois permite controle �nanceiro, controle na aquisição dos gêneros e detalhamento das técnicas de preparo. III ( ) Dados sobre fator de correção, rendimento e porcionamento das preparações não devem constar na FTP. A sequência correta é: a) V V V b) F F F c) V V F d) F F V e) V F V 5. Fichas técnicas são ferramentas fundamentais para o planejamento de cardápios e permitem que sempre haja a padronização dos pratos. Nelas, devem constar as seguintes informações: a) Cada etapa de preparoe os cortes utilizados, valor nutricional e custo. b) Quantidades individuais e totais, fatores de correção dos alimentos da receita e valor nutricional. c) Equipamentos necessários para a produção, índices de cocção, fatores de correção e modo de preparo. d) Custo, modo de preparo, valores per capita e acompanhamentos apropriados ao prato. Referências ABREU, E.; SPINELLI, M. G. N. Seleção e Preparo de Alimentos - Gastronomia e Nutrição. São Paulo: Metha, 2014. FONSECA, M. T. Tecnologias gerenciais de restaurantes. São Paulo: Senac, 2006. ISOSAKI M NAKASATO M G tã d i d t i ã h it l Ri d J i El i 2009 ISOSAKI, M.; NAKASATO, M. Gestão de serviço de nutrição hospitalar. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. KIMURA, A. Y. Planejamento e administração de custos em restaurantes industriais. São Paulo: Varela, 2003. ORNELLAS, L. H. Técnica dietética: Seleção e preparo de alimentos. 7. ed. São Paulo: Atheneu. 330 p. TEIXEIRA, S. M. F. G.; OLIVEIRA, Z. M. C.; REGO, J. C.; BISCONTINI, T. M. B. Administração Aplicada às Unidades de Alimentação e Nutrição. São Paulo: Atheneu, 2010. VAZ, C. S. Restaurantes: Controlando custos e aumentando lucros. Brasília: LGE, 2006. Próxima aula Classi�cação e identi�cação da estrutura das carnes/aves/pescados; Identi�cação da estrutura das carnes/aves/pescados e seus componentes químicos de cada tecido; Os agentes amaciadores das carnes. Explore mais Elaboração de �cha técnica para restaurantes <https://www.youtube.com/watch?v=uDPVRNAH3AM> . Cálculo do fator de correção dos alimentos <https://www.youtube.com/watch?v=tiEhEsoMW8M> . https://www.youtube.com/watch?v=uDPVRNAH3AM https://www.youtube.com/watch?v=tiEhEsoMW8M
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