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Saúde da Mulher Camilla Marcelino Câncer e Mulheres - O câncer é o principal problema de saúde pública no mundo e já entre as 4 principais causas de morte prematura (antes dos 70 anos de idade) na maioria dos países. - A incidência e a mortalidade por câncer vem aumentando no mundo, em parte pelo envelhecimento, crescimento populacional e também pela mudança na distribuição e na prevalência dos fatores de risco de câncer, especialmente aos associados ao desenvolvimento socioeconômico. - Transição dos principais tipos de câncer observados nos países em desenvolvimento, com um declínio dos tipos de câncer associados a infecções e o aumento daqueles associados à melhoria das condições socioeconômicas com a incorporação de hábitos e atitudes associados à urbanização (sedentarismo, alimentação inadequada, entre outros). - Para mulheres, a mama feminina é campeã de casos novos de câncer. - Comparativo dos cânceres mais prevalentes em ambos os sexos. - O câncer de próstata é campeão nos homens. - O número de óbitos em mulheres relacionado ao câncer de mama é o mais prevalente. BRASIL - A estimativa para cada ano do triênio 2020- 2022 aponta que ocorrerão 625 mil novos casos de câncer (450 mil, excluindo os casos de câncer de pele não melanoma). - O câncer de pele não melanoma será o mais incidente (177 mil) para ambos os sexos, seguido pelos cânceres de mama em mulheres e próstata nos homens (66 mil cada), cólon e reto (41 mil), pulmão (30 mil) e estômago (21 mil). - Sub-registro: aponta para 685 mil novos casos. - Mulheres: serão os principais os cânceres de mama (29,7%), cólon e reto (7,4%), pulmão (5,6%) e tireoide (5,4%). - O câncer de pele não melanoma representará 29,5% em mulheres. Continua sendo o primeiro em incidência tanto na população masculina quanto feminina. - A distribuição da incidência por região geográfica mostra que a Região Sudeste concentra mais de 60% da incidência, seguida pelas Regiões Nordeste (27,8%) e Sul (23,4%). Existe, entretanto, grande variação na magnitude e nos tipos de câncer entre as diferentes regiões do Brasil. Nas Regiões Sul e Sudeste, o padrão da incidência mostra que predominam os cânceres de próstata e mama feminina, bem como o de pulmão e de intestino. Saúde da Mulher Camilla Marcelino Câncer e Mulheres CÂNCER DE MAMA - Para o Brasil, estimam-se que 66.280 novos casos de câncer de mama, para cada ano do triênio 2020-2022. - Valor corresponde a um risco estimado de 61,61 casos novos a cada 100 mil mulheres. - Risco estimado para a Região Sudeste: 81,06 por 100 mil habitante: risco bastante elevado e de alta prevalência na população. ANATOMIA - A mama está na cavidade torácica. - É preciso entender a anatomia da mama para depois compreender a localização dos cânceres. MAMA FEMININA - Corpo glandular: repousa sobre a parede do tórax. - Envolto pela fáscia, recoberto por pele, se estende até a axila: prolongamento axilar. - A pele se diferencia em sua porção central (aréola) e papila (complexo areolopapilar). - Além de ser uma composição do corpo femi/87 nino, está muita ligada a feminilidade. CARACTERÍSTICAS DA MAMA - As mamas NÃO são do mesmo tamanho, havendo uma discreta assimetria entre elas. - Situações variáveis: idade, lactação, gestação, obesidade e período menstrual. - Dividem-se em quadrantes superiores (lateral e medial), inferiores (lateral e medial) e região central. - A divisão em quadrantes são importantes para localização e correlação dos achados de exame clínico e de imagem. CÂNCER DE MAMA – INFORMAÇÕES GERAIS - É uma doença resultante da multiplicação de células anormais da mama, que forma um tumor com potencial de invadir outros órgãos. Há vários tipos de câncer de mama. Alguns se desenvolvem rapidamente e outros não. A maioria dos casos tem boa resposta ao tratamento, principalmente quando diagnosticado e tratado no início. - Heterogeneidade patológica: observada por variáveis manifestações clínicas e morfológicas, genes diferentes e consequente resposta terapêutica diferente. - Homens: também podem ser acometidos pela doença, sendo que a incidência é baixa. Em torno de 1%. LESÕES PRECURSORAS DO CARCINOMA MAMÁRIO - Início: células epiteliais (revestem ductos mamários no interior da mama). Saúde da Mulher Camilla Marcelino Câncer e Mulheres - Velocidade: depende influência hormonal – estrogênio/progesterona. - Classificações: podem ser de 2 tipos – invasivo e não invasivo. - Não invasivo (in situ): não se estende além do ducto, lóbulo ou ponto de origem. - Invasivo (infiltrativo): potencial de metástase (caminha para outras regiões do corpo). - Os carcinomas mais frequentes são os ductais ou lobulares. - Tipo mais comum: carcinoma ductal invasivo. ▪ Carcinoma: tumor maligno no tecido epitelial – infiltrativo. - Inicia-se nos ductos (rompe parede), invade tecido adiposo mamário e propaga-se lentamente para linfonodos axilares (por isso a importância da palpação das axilar no exame de toque). - Relativamente raro antes dos 35 anos, acima desta idade sua incidência cresce progressivamente, especialmente após os 50 anos. - Estatísticas indicam aumento da sua incidência tanto nos países desenvolvidos quanto nos países em desenvolvimento (os câncer estão sofrendo alterações de suas características, por fatores de vida que são crônicos). FATORES DE RISCO - Relacionados a comportamento ou ambiente (modificáveis): 1. Obesidade e sobrepeso, principalmente após a menopausa. 2. Sedentarismo. 3. Consumo de bebida alcoólica. 4. Exposição frequente a radiações ionizantes: radioterapia em exames de imagem como raios X, mamografia e tomografia computadorizada. 5. Tabagismo: estudos ainda não evidenciam por completo, mas ainda sim deve ser cessado. - Fatores genéticos/hereditários (não modificáveis): 1. Mutações genéticas transmitidas na família, especialmente nos genes BRCA1 e BRCA2. 2. Histórico de laços consanguíneos, principalmente em mulheres jovens com histórico de câncer de ovário ou câncer de mama em homens. ESTROGÊNIO RECEPTOR - Alguns estudos apontam que a agressividade dos tumores se deve ao fato de estarem relacionados ao estrogênio receptor (ER) positivo ou negativo: nas nossas células, tem esses estrogênios relacionados com os hormônios, e os hormônios estão correlacionados com o desenvolvimento do câncer de mama. - As variações morfológicas também estão relacionadas ao ER, como por exemplo, os carcinomas medulares se ligam a ER-negativos e os carcinomas tubulares e lobulares à ER- positivos: importante para entender as diferentes formas do câncer de mama. - Carcinomas medulares: pode-se dizer ainda que eles estão associados às mutações no gene BRCA1 e são mais frequentes em populações de baixo risco, como as japonesas. - Carcinomas tubulares e lobulares: têm associação com as mutações do gene BRCA2 e são mais comuns em populações de alto risco, como os EUA. DETECÇÃO - As estratégias incluem o diagnóstico precoce: abordagem de pessoas com sinais e/ou sintomas iniciais da doença. - Rastreamento: aplicação de teste ou exame numa população sem sinais e sintomas sugestivos de câncer de mama, com o objetivo de identificar alterações sugestivas de câncer e, a partir daí, encaminhar as mulheres com resultados anormais para investigação diagnóstica. Saúde da Mulher Camilla Marcelino Câncer e Mulheres SINTOMAS/ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - São considerados sinais e sintomas suspeitos de câncer de mama e de referência urgente para a confirmação diagnóstica: 1. Qualquer nódulo mamário em mulheres com mais de 50 anos. 2. Nódulo mamário em mulheres com mais de 30 anos, quepersistem por mais de um ciclo menstrual. 3. Nódulo mamário de consistência endurecida e fixo ou que vem aumentando de tamanho, em mulheres adultas de qualquer idade. 4. Descarga papilar sanguinolenta unilateral. 5. Lesão eczematosa de pele que não responde a tratamentos tópicos. 6. Homens com mais de 50 anos com tumoração palpável unilateral. 7. Presença de linfadenopatia axilar. 8. Aumento progressivo do tamanho da mama com a presença de sinais de edema, como pele com aspecto de casca de laranja. 9. Retração mamilar. 10. Mudança no formato do mamilo. AUTOEXAME - Orientação é que a mulher observe e palpe suas mamas sempre que se sentir confortável para tal (seja no banho, no momento da troca de roupa ou em outra situação do cotidiano), sem necessidade de aprender uma técnica de autoexame ou de seguir uma periodicidade regular e fixa, valorizando a descoberta causal de pequenas alterações mamárias suspeitas. - Orientação geral para a população!! - É necessário que a mulher seja estimulada a procurar esclarecimento médico, em qualquer idade, sempre que perceber alguma alteração suspeita em suas mamas. - O sistema de saúde precisa adequar-se para acolher, informar e realizar os exames diagnósticos em tempo oportuno. - Prioridade na marcação de exames deve ser dada às mulheres sintomáticas, que já apresentam lesão palpável na mama ou outro sinal de alerta. - A estratégia do diagnóstico precoce é especialmente importante em contextos de apresentação avançada do câncer de mama. - Lesões menores que 2cm de diâmetro apresentam prognóstico favorável. DETECÇÃO PRECOCE - Observação e palpação das mamas. Atualmente as orientações do INCA não ficam restritas a um período exato do mês conforme proposto desde os anos 1980. - MAMOGRAFIA: de 50 a 69 anos a cada dois anos ou em idade inferior quando os benefícios forem superiores aos riscos. - A mamografia diagnóstica pode ser solicitada em qualquer idade a critério médico. PREVENÇÃO - Não é totalmente possível em função da multiplicidade de fatores relacionados ao surgimento da doença e ao fato de vários deles não serem modificáveis. - Baseia-se no controle dos fatores de risco e no estímulo aos fatores protetores, especificamente aqueles considerados modificáveis. - Estima-se que por meio da alimentação, nutrição e atividade física, é possível reduzir em Saúde da Mulher Camilla Marcelino Câncer e Mulheres até 28% o risco da mulher desenvolver câncer de mama. - Controlar o peso corporal e evitar a obesidade, por meio da alimentação saudável e da prática regular de exercícios físicos, evitar o consumo de bebidas alcoólicas são recomendações básicas para prevenir o câncer de mama. - A amamentação também é considerada um fator protetor. - A terapia de reposição hormonal quando estritamente indicada, deve ser feita sob rigoroso controle médico e pelo mínimo de tempo necessário. - O êxito das ações de rastreamento depende dos seguintes pilares: 1. Informar e mobilizar a população e a sociedade civil organizada. 2. Alcançar a meta de cobertura da população- alvo. 3. Garantir acesso a diagnóstico e tratamento oportuno em tempo assim que necessário. 4. Garantir a qualidade das ações. 5. Monitorar e gerenciar continuamente as ações, ou seja, a mulher receber o cuidado longitudinal na rede de saúde. MÉTODOS DE IMAGEM - Mamografia, USG e ressonância. RECOMENDAÇÕES QUANTO ÀS INTERVENÇÕES AVALIADAS PARA A DETECÇÃO PRECOCE DO CÂNCER DE MAMA - Saber quando se é contra ou a favor a mamografia. - Sempre acompanhando o histórico e cada situação. - O período de 50 a 69 anos é importante para o rastreamento. - Mamografia: ▪ É o único exame cuja aplicação em programas de rastreamento apresenta eficácia comprovada na redução da mortalidade do câncer de mama. ▪ Mamografia de rotina: 50 a 69 anos a cada 2 anos. - Ultrassonografia: ▪ Mais importante método de imagem na investigação diagnóstica de alterações mamárias suspeitas. ▪ Vantagens em relação à mamografia: ausência do uso de radiação ionizante e o fato de sua acuidade diagnostica não depender da densidade mamária. - Ressonância: ▪ Considerada o método de imagem com maior sensibilidade para detecção de lesões mamárias, e tem capacidade de detectar uma possível angiogênese pelo aumento da captação de contraste. Ao contrário da mamografia, a RNM não usa radiação ionizante e sua acuidade não é prejudicada pela densidade mamária. Saúde da Mulher Camilla Marcelino Câncer e Mulheres ▪ O Ministério da Saúde recomenda contra o rastreamento do câncer de mama com RNM em mulheres com risco padrão de desenvolvimento desse câncer, seja isoladamente, ou como complemento à mamografia. ▪ Recomendação contrária forte: os possíveis danos provavelmente superam os possíveis benefícios. - Linha de cuidado do câncer de mama. - Percebe-se que tudo está interligado. - Apesar de ser considerado um câncer de relativamente bom prognóstico, se não diagnosticado e tratado oportunamente, as taxas de mortalidade por câncer de mama se elevam muito provavelmente porque a doença ainda é diagnosticada em estágios avançados: demora na rede pública de saúde. - Inspeção dinâmica e estática. CÂNCER DE COLO UTERINO - O útero é um órgão do aparelho reprodutor feminino que está situado no abdômen inferior, por trás da bexiga e na frente do reto, e é dividido em corpo e colo. Essa ultima parte é a porção inferior do útero e se localiza dentro do canal vaginal. CÂNCER DE CORPO UTERINO - Corpo uterino: ▪ O câncer do corpo do útero pode se iniciar em diferentes partes do órgão. ▪ O tipo mais comum se origina no endométrio (revestimento interno do útero) e é chamado de câncer de endométrio. ▪ O sarcoma uterino é uma forma menos comum de câncer uterino que se origina na musculatura e no tecido de sustentação do órgão. ▪ O câncer uterino pode ocorrer em qualquer faixa etária, mas é mais comum em mulheres que já se encontram na menopausa. ▪ Estimativas de novos casos: 6.540 (2020- INCA). ▪ Número de mortes: 1.743 (2018 – Atlas de Mortalidade por Câncer - SIM). FATORES PREDISPONENTES - O risco de desenvolvimento de câncer do corpo do útero aumenta em mulheres com mais de 50 anos. 1. Predisposição genética. 2. Excesso de gordura corporal: o excesso de gordura corporal promove aumento nos níveis de Saúde da Mulher Camilla Marcelino Câncer e Mulheres estrogênio biodisponiveis que, quando não contrabalançados pela progesterona, aumentam a atividade mitótica do tecido endometrial e, portanto, promovem a carcinogênese. 3. Diabetes mellitus. 4. Dietas com elevada carga glicêmica: alimentação com ultraprocessado. 5. Hiperplasia endometrial. 6. Ovulação deficitária. 7. Uso de radiação anterior para tratamento de tumores de ovário. 8. Uso de estrogênio para reposição hormonal após a entrada na menopausa. 9. Menarca precoce. 10. Menopausa tardia. 11. Nuliparidade. 12. Síndrome do ovário policístico. 13. Síndrome de Lynch: acontece por alteração genética autossômica. Acomete o intestino, podendo favorecer o câncer de cólon e reto. SINAIS E SINTOMAS - Sangramento vaginal em mulheres que já entraram na menopausa. - Dor pélvica. - Fadiga, anorexia e perda de peso. PREVENÇÃO - Alguns fatores são considerados de proteção para o câncer endometrial, como engravidar, prática de atividade física e manter o peso corporal saudável. CÂNCER DO COLO UTERINO – INFORMAÇÕES GERAIS - O câncer do colo do útero, também chamado de câncer cervical, é causado pela infecção persistente por alguns tipos do Papilomavírus Humano – HPV (chamados de tipos oncogênicos). - A infecção genital por esse vírus émuito frequente (relação sexual) e não causa doença na maioria das vezes. - Em alguns casos, ocorrem alterações celulares que podem evoluir para o câncer. Essas alterações são descobertas facilmente no exame Papanicolau e são curáveis na quase totalidade dos casos. - É o terceiro tumor maligno mais frequente na população feminina (atrás do câncer de mama e do colorretal), e a quarta causa de morte de mulheres por câncer no Brasil. ANATOMIA - Parte interna: canal cervical ou endocervice, que é revestido por uma camada única de células cilíndricas produtoras de muco – epitélio colunar simples. - Parte externa: mantém contato com a vagina, é chamada de ectocervice e é revestida por um tecido de várias camadas de células planas – epitélio escamoso e estratificado. - Junção escamocolunar (JEC): encontra-se entre os dois epitélios, que é uma linha que pode estar tanto na ecto como na endocervice, dependendo da situação hormonal da mulher. - Infância e no período pós-menopausa: a JEC situa-se dentro do canal cervical (normalidade). - Período da menacme: fase reprodutiva da mulher, geralmente, a JEC situa-se no nível do orifício externo ou para fora desse – ECTOPIA ou EVERSÃO. ECTOPIA - A ectopia cervical caracteriza-se pela presença de epitélio colunar na ectocervice, sendo observado frequentemente em adolescentes e adultos jovens. - Embora seja de natureza benigna, a presença de ectopia pode favorecer a instalação de algumas doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) pela Saúde da Mulher Camilla Marcelino Câncer e Mulheres zona de transição tecidual, como as originadas a partir da infecção pela Chlamydia trachomatis, Neisseria gonorrhoeae e o Papilomavirus humano (HPV). - Define-se ectopia como sendo a presença de epitélio colunar, incluindo glândulas e estroma, na ectocervice. - Alteração no epitélio. - O controle do câncer do colo do útero é hoje uma prioridade da agenda de saúde do país e integra o Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis no Brasil, lançado pelo Ministério da Saúde em 2011 até 2022. - Hoje, temos uma sociedade que prioriza a mudança do estilo de vida. - Triênio 2020-2022: 16.540 casos novos, com um risco estimado de 15,43 casos a cada 100 mil mulheres. - Região Sudeste: ocupa a quarta posição – 12,01/100 mil. - Em termos de mortalidade, no Brasil, em 2017, ocorreram 6.385 óbitos, e a taxa de mortalidade bruta por câncer do colo do útero foi de 6,17/100mil. PATOLOGIA - O câncer do colo do útero é caracterizado pela replicação desordenada do epitélio de revestimento do órgão, comprometendo o tecido subjacente (estroma) e podendo invadir estruturas e órgãos contíguos ou a distância. - Tem origem principal na junção escamocolunar, tanto do epitélio escamoso como do epitélio colunar. São reconhecidas duas principais categorias de carcinomas invasores da cérvice: 1. Carcinoma epidermóide: ocorre nas células escamosas e representa cerca de 80% dos casos. 2. Adenocarcinoma: representa cerca de 10% dos casos, demonstrando aumento crescente da incidência em mulheres mais jovens, talvez pelo uso indiscriminado de contraceptivo hormonal. Acomete o epitélio glandular. - Detecção precoce é muito importante!!!!!!! - A detecção e o tratamento das lesões precursoras (neoplasias intraepiteliais cervicais – NIC) devem ser considerados como metas prioritárias para a redução da incidência do câncer do colo uterino. - Nos estágios iniciais do câncer, os tratamentos conservadores como conização ou traquelectomia radical com linfadenectomia por via laparoscópica devem ser considerados. - Para lesões invasoras pequenas menores que 2cm, devem ser consideradas as cirurgias menos radicais, evitando assim as complicações e morbidades provocadas por cirurgias mais radicais. - Para os estágios IB2 e IIA volumosos (lesões maiores que 4cm), IIB, IIIA, IIIB e IVA, os informes científicos no momento orientam para tratamento quimioterápico, combinado com a radioterapia (RXT). Saúde da Mulher Camilla Marcelino Câncer e Mulheres COLO UTERINO - Infância / período pós menopausa: JEC dentro do canal cervical. - Fase reprodutiva: JEC a nível do orifício externo ou para fora desse – ectopia ou eversão. - Metaplasia escamosa: epitélio da endocervice – epitélio da ectocervice se comunicam, avançando a partir da JEC original em direção ao óstio externo do colo. Isso confere 3 aspectos. - 3 aspectos: 1. Confere ao epitélio maior proteção e é mais resistente. 2. Tira a função muco secretora e a ação dos cílios do epitélio colunar, podendo desenvolver neoplasias (possibilidade). 3. Forma uma nova JEC: zona de transformação. ▪ Zona de transformação: 90% das lesões precursoras ou malignas do colo do útero. - Duas categorias de carcinomas invasores: o epidermóide (80% dos casos) e adenocarcinoma. - NICs= alterações celulares. - Displasia: disfunção. - Estágios. CISTO DE NABOTH - Pequeno cisto que se forma na superfície do colo do útero pela obstrução das glândulas de Naboth ali localizadas. - Estas glândulas mucosas podem ficar cheias de secreção devido ao bloqueio no ducto, que ocorre pela proliferação de células semelhantes as da pele, em virtude de infecção do colo uterino. - Os cistos de Naboth ocorrem mais em mulheres em idade reprodutiva, sobretudo naquelas que já foram mães. - Ocasionalmente, a mulher não apresenta sintomas e o diagnóstico é feito no exame ginecológico de rotina. Em alguns (RAROS) casos, pode ser necessário fazer-se um exame Saúde da Mulher Camilla Marcelino Câncer e Mulheres colposcópico para que se distingam os cistos de Naboth de lesões cervicais de outros tipos. - Imagem a esquerda: junção escamocolunar. - Imagem a direita: cisto de Naboth. FATORES DE RISCO - Infecção persistente por subtipos oncogênicos do vírus HPV, especialmente o HPV-16 e o HPV- 18, responsáveis por cerca de 70% dos cânceres cervicais. - Tabagismo (favorece). - Início sexual precoce. - Multiplicidade de parceiros sexuais. - Multiparidade (história sexual e reprodutiva)e o uso de contraceptivos orais são considerados fatores de risco para o desenvolvimento de câncer do colo do útero. - Idade: a maioria das infecções por HPV em mulheres com menos de 30 anos regride espontaneamente, ao passo que acima dessa idade a persistência é mais frequente. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - A infecção pelo HPV apresenta-se na maioria das vezes de forma assintomática, com lesões subclínicas (inaparentes) visíveis apenas após aplicação de reagentes, como o ácido acético e a solução de Lugol, e por meio de técnicas de magnificação (colposcopia). - As lesões clínicas podem ser únicas ou múltiplas, restritas ou difusas, de tamanho variável, planas ou exofíticas (perde formato plano no tecido), sendo também conhecidas como condiloma acuminado, verruga genital ou crista de galo. - As localizações mais frequentes são a vulva, períneo, região perianal, vagina e o colo do útero. Menos comumente podem estar presentes em áreas extragenitais como conjuntiva, mucosa nasal, oral e laríngea. Dependendo do tamanho e localização anatômica, as lesões podem ser dolorosas, friáveis e/ou pruriginosas. - Lesões precursoras: ▪ As lesões precursoras do câncer do colo do útero são assintomáticas, podendo ser detectadas por meio da realização periódica do exame citopatológico e confirmadas pela colposcopia e exame histopatológico. - Câncer do colo do útero: ▪ No estágio invasor da doença, os principais sintomas são: sangramento vaginal (espontâneo, após o coito ou esforço), leucorreia e dor pélvica, que podem estar associados com queixas urinárias ou intestinais nos casos maisavançados. ▪ Ao exame especular, podem ser evidenciados sangramento, tumoração, ulceração e necrose no colo do útero. O toque vaginal pode mostrar alterações na forma, tamanho, consistência e mobilidade do colo do útero e estruturas subjacentes. TRATAMENTO - Entre os tratamentos mais comuns para o câncer do colo do útero, estão a cirurgia e radioterapia. - O tipo de tratamento dependerá do estadiamento da doença, tamanho do tumor e fatores pessoais, como idade e desejo de ter filhos. PREVENÇÃO PRIMÁRIA - Está relacionada a diminuição do risco de contagio pelo HPV. - O uso de preservativos (camisinha) durante a relação sexual com penetração protege Saúde da Mulher Camilla Marcelino Câncer e Mulheres parcialmente do contágio pelo HPV, que também pode ocorrer por intermédio do contato com a pele da vulva, a região perianal e a bolsa escrotal. - IMUNIZAÇÃO: benefícios são significativos antes do início da vida sexual. - Os principais fatores de risco estão relacionados ao inicio precoce da atividade sexual e múltiplos parceiros. Deve-se evitar o tabagismo e o uso prolongado de pílulas anticoncepcionais, hábitos também associados ao maior risco de desenvolvimento desde tipo de câncer. - O Ministério da Saúde implementou no calendário vacinal, em 2014, a vacina tetravalente contra HPV para meninas de 9 a 13 anos. A partir de 2017, o Ministério da Saúde estendeu esta vacina para meninas de 14 anos e meninos de 11 a 15 anos incompletos. - Proteção vacinal: contra os subtipos 6, 11, 16 e 18 do HPV. Os dois primeiros causam verrugas genitais (6 e 11) e os dois últimos são responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer do colo do útero. - A vacinação em conjunto com o exame Papanicolau se complementam como ações de prevenção deste câncer. - Mesmo as mulheres vacinadas, quando alcançarem a idade preconizada (a partir dos 25 anos), deverão fazer o exame preventivo periodicamente, pois a vacina não protege contra todos os subtipos oncogênicos do HPV. - Vacinação nas redes pública e particular. - Vacinação do SUS. PREVENÇÃO SECUNDÁRIA – DETECÇÃO PRECOCE - Fase pré-clínica: PAPANICOLAU. - Quando diagnosticado na fase inicial, as chances de cura do câncer cervical são de 100%. - Conforme a evolução da doença, aparecem sintomas como sangramento vaginal, corrimento e dor. - Exame preventivo: ▪ Principal estratégia para detectar lesões precursoras e fazer o diagnóstico da doença. ▪ Pode ser feito em postos ou unidades de saúde da rede publica que tenham profissionais capacitados. - Resultado seguro: ▪ A mulher não deve ter relações sexuais (mesmo com camisinha) no dia anterior ao exame, evitar uso de duchas, medicamentos vaginais e anticoncepcionais locais nas 48h anteriores a realização do exame. - É importante também que não esteja menstruada, porque a presença de sangue pode alterar o resultado. - Mulheres grávidas também podem se submeter ao exame, sem prejuízo para sua saúde ou a do bebê. - Quem deve fazer? ▪ Toda mulher que tem ou já teve vida sexual e que estão entre 25 a 64 anos de Saúde da Mulher Camilla Marcelino Câncer e Mulheres idade (limiar de idade, não se prender somente a essa estimativa). ▪ Priorização dessa faixa etária como população-alvo justifica-se por ser a de maior ocorrência das lesões de alto grau. ▪ Antes dos 25 anos prevalecem as infecções por HPV e as lesões de baixo grau, que regredirão espontaneamente na maioria dos casos e, portanto, podem ser apenas acompanhadas conforme recomendações clínicas. ▪ Após 65 anos, por outro lado, se a mulher tirar feito os exames preventivos regularmente, com resultados normais, o risco de desenvolvimento do câncer cervical é reduzido dada a sua lenta evolução. - Quando fazer o exame preventivo? ▪ Devido a longa evolução da doença, o exame pode ser realizado a cada 3 anos. ▪ Para maior segurança do diagnostico, os 2 primeiros exames devem ser anuais. ▪ Se os resultados estiverem normais, sua repetição só será necessária após 3 anos. ▪ A periodicidade de 3 anos tem como base a recomendação da OMS e as diretrizes da maioria dos países com programa de rastreamento organizado. ▪ Na prática essa realidade tem sido outra, é recomendado o exame anualmente devido a multiparidade de parceiros sexuais. - Recomendações mais antigas. RESULTADO - NÃO ESQUECER DE PEGAR O RESULTADO É MUITO IMPORTANTE!! - Negativo para câncer: sendo o primeiro resultado negativo, devera fazer novo exame preventivo em um ano. Um resultado negativo do ano anterior deverá fazer o próximo exame preventivo daqui a 3 anos. - Infecção pelo HPV ou lesão de baixo grau: repetir em 6 meses. - Lesão de alto grau: médico decidira a melhor conduta. Colposcopia, por exemplo, será necessária. - Amostra insatisfatória: repetir o exame assim que possível por amostra insatisfatória. ADEQUABILIDADE DA AMOSTRA - Satisfatória ou insatisfatória. 1. Amostra insatisfatória para avaliação: ▪ Material acelular ou hipocelular (menos de 10% do esfregaço). ▪ Leitura prejudicada (mais de 75% do esfregaço) por presença de: sangue, piócitos, artefatos de dessecamento, contaminantes externos ou intensa superposição celular. ▪ Recomendação: mulher deve repetir o exame entre 6 e 12 semanas com correção, quando possível do problema que motivou o resultado insatisfatório. 2. Amostra satisfatória para avaliação: ▪ Designa amostra que apresente células em quantidade representativa, bem distribuídas, fixadas e coradas, de tal modo que sua observação permita uma conclusão diagnóstica. ▪ Células presentes na amostra: células escamosas, células glandulares e células metaplásicas. IMPORTANTE - Rastreamento de mulheres portadoras do vírus HIV ou imunodeprimidos constitui uma situação Saúde da Mulher Camilla Marcelino Câncer e Mulheres especial: defesa imunológica reduzida e, consequentemente, maior vulnerabilidade para as lesões precursoras do câncer do colo do útero. - Realizar exames logo após o inicio da atividade sexual, com periodicidade anual após 2 exames normais consecutivos, realizados com intervalo semestral. - Não incluir no rastreamento: mulheres sem história de atividade sexual ou submetidas a histerectomia total por outras razões que não o câncer do colo do útero. - É importante destacar que a priorização de uma faixa etária não significa a impossibilidade da oferta do exame para as mulheres mais jovens ou mais velhas. - Anamnese bem realizada e a escuta atenta para reconhecimento dos fatores de risco envolvidos e do histórico assistencial da mulher são fundamentais para indicação do exame de rastreamento. - Por apresentar sinais e sintomas apenas em fases mais avançadas, o diagnostico precoce desse tipo de câncer é de difícil realização, mas deve ser buscado por meio da investigação de sinais e sintomas mais comuns como: 1. Corrimento vaginal, as vezes fétido. 2. Sangramento irregular em mulheres em idade reprodutiva. DIRETRIZ DCNT 2011 – 2022 - Câncer do colo do útero e de mama: fortalecer as ações de prevenção e qualificação do diagnostico precoce e tratamento dos canceres do colo do útero e mama; garantir acesso ao exame preventivo e a mamografia de rastreamento de qualidade a todas as mulheres nas faixas etárias e periodicidade preconizadas, independente da renda, raça/cor, reduzindo desigualdades; garantir tratamento adequado as mulheres com diagnostico de lesões precursoras; garantir avaliação diagnostica dos casos de mamografia com resultado anormal; garantir tratamento adequado aos casos de mulheres com diagnostico confirmado de câncer de mama ou diagnostico de lesões benignas. “SEM ENFERMEIRO NÃO SE FAZ SAÚDE”
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