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Incisões Laparotômicas e Hérnias Laparotomia Definição: “abertura cirúrgica da cavidade abdominal” Etapas: exploração/inventário (palpar todos os órgãos possíveis, procurando lesões ou deformidades, que possam ser relatadas no inventário da cirurgia) cirurgia revisão/inventário (checar se está tudo certo, conferir compressas e instrumentos) fechamento É sempre indicado afastar bem para conseguir ter uma boa exposição para conseguir operar Parede abdominal Fascia (cobertura da musculatura) e aponeurose (junção, como se fossem ligamentos) Classificação Com relação à cicatriz umbilical Supra-umbilical (azul) Periumbilical (laranja) Infra-umbilical (verde) Com relação a linha média Medianas Supra umbilical Infra-umbilical Xifo-púbica (azul) Paramedianas: direita (laranja) ou esquerda (verde) Com relação aos músculos retos Transretais: por divulsão (azul) Pararretais: por afastamento Xifo-púbica (laranja) Supra/infra umbilical (verde) Quanto à direção Longitudinais (azul) Transversais (laranja) Oblíquas (verde) Incisão ideal Fácil acesso ao órgão visado Oferece espaço suficiente para manobras cirúrgicas seguras Possibilita a reconstrução perfeita da parede Permite ampliação (combinadas) Geralmente a incisão ideal acompanha as linhas de corpo Nomes especiais Koucher: fígado, vesícula, vias biliares Paramediana: baço, estômago, cólon esquerdo Transversa: pâncreas, cólon direito, duodeno Mediana: universal, trauma (a única do trauma) Rutherford-Morrison: cólon sigmoide e pelve Mc Burney, Lanz, Battle: apêndice Pfannenstiel: cesaniana, correção de hérnia inguinal bilateral Incisão mediana Incisão de apêndice xifoide à sínfise púbica Abertura no entrecruzamento da fibras da bainha dos músculos reto-abdominais Não há secção dos planos musculares – menor sangramento Acesso intra-abdominal e retroperitoneal Maior incidência de eventrações e eviscerações pois ela não acompanha as linhas de força do corpo (linhas não só da pele, mas todas do corpo) Incisão paramediana 1,5 a 2cm à direita ou à esquerda da linha mediana Secção da lâmina anterior da bainha do reto Bom acesso e reconstrução resistente (2 aponeuroses) Nunca sutura músculo Mais dolorosa e sujeita à complicações Incisão transversal Seccionam transversalmente os retos abdominais e obliquamente os oblíquos Abertura na mesma direção das linhas de tensão Menos dor e melhor cicatrização Diérese mais demorada (pois acessa mais estruturas), maior sangramento e síntese mais minuciosa Incisão oblíqua Os planos musculares podem ou não ser seccionados Não respeitam a anatomia e a fisiologia (complicações) Podem não oferecer boa exposição Podem ser cominadas (cada vez menos usadas) As boas incisões soa as mais curtas Imagens abaixo - classificação 1: Infra-umbilical longitudinal mediana 2: Mediana supra-umbilical e paramediana 3: Supra-umbilical long. comb. mediana e transversa 4: Xifopúbica (longitudinal) 5: Mc Burney (oblíqua, direita) 6: Supraumbilical longitudinal mediana 7: Pfannenstiel (transversa infra-umbilical) 8: Transversa, supra-umbilical esquerda 9: Kocher 10: Incisão por VLP Anatomia abdominal Cavidade abdominal: limitada superiormente pelo diafragma, inferiormente pelo diafragma pélvico, posteriormente pelas vértebras lombares e anteriormente pelos músculos de parede abdominal Camadas da parede abdominal: pele tela subcutânea músculos (ordem: oblíquo externo, oblíquo interno e transverso do abdome) fascia transversalis gordura pré-peritoneal peritônio vísceras Complicações pós-cirúrgicas Afastamento total ou parcial de um ou todos os planos suturados Exteriorização dos conteúdo abdominal: evisceração Pele íntegra: eventração/hérnia incisional Como evitar Jejum: faz alívio de pressão abdominal (alças intestinais, estômago, ... mais juntas) Paciente em posição adequada e confortável na mesa (muitas vezes é colocado um coxim embaixo do paciente) Local da incisão limpo e bem delimitado por campos Incisão respeitando a anatomia e diérese por planos Hemostasia cuidadosa Síntese por planos, com fio e sutura adequados Evitar “espaços mortos” (tecido que antes estava conectado e após a cirurgia está afastado. Para evitar, pode-se dar um ponto, para evitar acúmulo de líquidos e seromas) “Ruptura” da parede abdominal, com protusão anormal de um órgão ou tecido (ou seja, gerando abaulamento de estruturas abdominais) Aponeurose e fáscia descobertas de musculatura (áreas de junção, não a musculatura mesmo que daria uma sustentação maior) Principais tipos de hérnias de parede abdominal Inguinal (direta e indireta) Femoral Umbilical Incisional (só ocorre em cima de uma incisão cirúrgica prévia) Fatores de risco Histórico familiar Sexo masculino (hérnia mais comum em mulheres: hérnia femoral) Idade (>70 anos) – prevalência aumenta com idade Tabagismo Doenças colagenosas Aumento da pressão abdominal (DPOC, ascite) Hérnias incisonais: técnica, complicações, desnutrição, obesidade Hérnia inguinal (75% subdividida em direta e indireta – 5% da população desenvolverá hérnia de parede abdominal) Anatomia Canal inguinal: ducto que vai da lateral para medial, de dentro para fora, fazendo comunicação entre a cavidade abdominal e a bolsa escrotal até a descida do testículo (28ª semana de gestação) Indivíduo saudável adulto: comunicação entre cavidade abdominal e bolsa escrotal é feita por estruturas que passam pelo canal inguinal: funículo espermático, nervos, músculos cremaster e outras - Funículo espermático fica dentro do canal inguinal Funículo espermático é uma continuação da parede abdominal que tem correlação anatômica com túnica vaginalis (membrana que recobre o testículo) Estruturas do funículo espermático: ducto deferente, plexo pampiniforma, nervos, músculo cremáster Limites do funículo espermático: aponeurose do obliquo externo (recobre o canal inguinal), tendão conjunto (inserção conjunta do m. oblíquo interno e m. transverso do abdome, que limita o canal superiormente), ligamento inguinal/Poupart (limite inferior: (final da aponeurose do oblíquo externo: espinha ilíaca antero-superior ao tubérculo púbico) e fáscia transversalis (estrutura que cobre posteriormente todo o canal/limite posterior) A aponeurose do oblíquo externo recobre todo o abdome, inclusive o canal inguinal “Hérnias de parede abdominal ocorrem apenas em locais onde a aponeurose e a fáscia não são cobertas por músculo estriado” Canal inguinal feminino: ligamento redondo do útero Conduto peritoniovaginal: obliterado após a descida do testículo Atenção: - Hérnias inguinais surgem acima do ligamento inguinal - Hérnias femorais: abaixo do ligamento inguinal (toda hérnia femoral é indireta) - Uma camada fina de fáscia transversalis cobre posteriormente o canal inguinal, sendo um local de fragilidade, ou seja, local comum de aparecimento de hérnias Visão interna do abdome (laparoscópica): - Óstio miopectíneo de Fruchaud Grande área de fraqueza na região inguinal, sendo local propenso ao surgimento de hérnias Limites: Medialmente: reto abdominal Inferiormente: ligamento pectíneo/de Cooper Lateralmente: músculo psoas Superiormente: tendão conjunto (oblíquo interno com o transverso do abdome) Três tipos de hérnias podem surgir nessa região: inguinal indireta, inguinal direta e femoral Hérnia inguinal diretasurge no Trígono de Hesselbach (local de fraqueza da região inguinal). Limites: m. reto abdominal (medialmente), ligamento inguinal (inferiormente), vasos epigástricos inferiores (lateralmente) Hérnia inguinal indireta: surge no canal inguinal Hérnia inguinal femoral: surge no canal femoral Conceito: hérnias diretas x hérnias indiretas - Hérnias diretas: surgem medialmente aos vasos epigástricos inferiores, incidindo diretamente na parede abdominal/inguinal - Hérnias indiretas: surgem lateralmente aos vasos epigástricos inferiores, incidindo por dentro do canal inguinal (toda hérnia femoral é indireta) Fator de risco para hérnia inguinal masculina x feminina: presença do canal inguinal (por onde ocorreu a descida testicular). Nas mulheres, onde deveria ser o sítio inguinal, é o ligamento redondo do útero, ou seja, nenhuma estrutura passa por essa região (o que acontece com os testículos no homem) – até pode acontecer hérnia na mulher, mas pelo o canal ser bem fechado, é difícil ter hérnia inguinal Hérnia umbilical/epigástrica Ocorre devido abaulamento de estruturas abdominais decorrente uma fraqueza na parede no nível da cicatriz umbilical (mecanismo parecido com o surgimento de hérnia inguinal) Formação do saco herniário: estrutura formada devido ao abaulamento da camada peritoneal junto com uma víscera abdominal Hérnias especiais Tipos menos comuns: Hérnia por deslizamento: não há formação de saco herniário pois o conteúdo é extra-peritoneal Hérnia de Amyand: presença de apêndice cecal no saco herniário inguinal Hérnia de Garengeot: presença de apêndice cecal no saco herniário femoral Hérnia de Littré: hérnia com divertículo de Meckel Hérnia de Richter: ocorre isquemia da borda anti mesentérica (não não há oclusão intestinal) Hérnia de Spiegel: é a hérnia que acontece na linha semilunar Hérnia obturadora: é a que ocorre no forame obturador Hérnias lombares (hérnias Grynfelt e Petit): trígono lombar inferior e trígono lombar superior, respectivamente Hérnia incisional Para ocorrer hérnia incisional, há necessidade de procedimento cirúrgico prévio ou fatores de risco: desnutrição, uso de corticoides, uso de radiação local e obesidade Classificação das hérnias – classificação de Nyhus As hérnias são divididas em 4 tipos: I: Indireta, anel inguinal interno de tamanho e estrutura normais infância (não obliteração do conduto peritoniovaginal) II: Indireta, anel inguinal interno alargado III: Fraqueza da parede posterior - A: direta apenas - B: indireta (anel inguinal interno alargado e distorcido) mista (direta + indireta) - C: crural (femoral) IV: Recorrentes - A: direta - B: indireta - C: crural (femoral) - D: qualquer combinação das 3 complexa Quadro clínico O quadro clínico é muito variável: a intensidade dos sintomas depende do tipo de sintoma, intensidade e há quando tempo É possível sobreviver sem intestino grosso, porém, sem o delgado, é incompatível com a vida (não é feita absorção de nutrientes nem nada mais). Anel inguinal superficial é uma perfuração na aponeurose do músculo oblíquo externo Sintomas mais comuns: Abaulamento na região da hérnia, que surge geralmente nos momentos de maior pressão abdominal (ex: portar algo pesado ou momento da evacuação) Geralmente o quadro oligossintomático (poucos sintomas) Sensação de dor vaga e peso na região (dor intensa é sinal de complicação de hérnia: encarceramento ou estrangulamento) Diagnóstico Anamnese: diagnóstico é clínico Importante questionar sobre situações de complicações prévias Exame clínico: paciente em posição ortostática e supina Palpação do anel inguinal: em caso de hérnia inguinal, deve-se fazer manobra de Landivar (obstrução do anel inguinal através da pele, enquanto o paciente faz a manobra de Valsalva, fazendo com que seja realizada uma avaliação da hérnia, aumentando a pressão intra-abdominal - Manobra de Landivar: inserir o dedo mindinho na região lateral escrotal do paciente, palpando o anel inguinal externo, identificando se está alargado ou não - Se for uma hérnia indireta, ela vai bater na ponta do dedo; se for uma hérnia direta, bate ao lado do dedo (há abaulamento pois o orifício de saída do saco herniário está obstruído) Exames de imagem: reservado para casos duvidosos ou complexos (USG ou TC) Diagnóstico diferencial para Hérnia inguinal (pode parecer hérnia mas não é): Linfedema Neoplasia testicular Hidrocee de testículo Varicocele Testículo ectópico Adenomagelia inguinal Diagnóstico diferencial: Hérnia umbilical/epigástrica Diástase do reto abdominal: afastamento dos músculos retos do abdome (dilatação/afastamento da linha alba) - Não ocorre ruptura - Abaulamento assintomático - Comum em mulheres > 35 anos - Gravidez, obesidade, idade Classificação dentro do diagnóstico Hérnia redutível: quando é possível retornar o conteúdo herniado para seu lugar de origem Hérnia encarcerada: o conteúdo da hérnia está preso ao anel herniário (impossibilitado seu retorno) Hérnia estrangulada: comprometimento da circulação sanguínea no local, levando à necrose do órgão herniado. Isso pode ocorrer em casos de hérnia encarcerada (OBS: Hérnia não abre mas pode estrangular) Tratamento das hérnias É importante fazer um diagnóstico bem feito para saber qual o tipo de hérnia, pois o tratamento muda Hérnia redutível: cirurgia eletiva ou observação (acompanhamento) Hérnia encarcerada: redução (associada a analgésicos e relaxante muscular) ou cirurgia Hérnia estrangulada: cirurgia de urgência (não tentar reduzir: caso tente, a porção isquemiada do intestino pode ir para dentro da cavidade abdominal, podendo levar a uma perfuração e peritonite fecal) Técnicas de tratamento de hérnias conforme os anos Bassini (1884) - Ligadura do tendão conjunto ao ligamento inguinal com muita tensão - Desvantagem: tensão levava a muitas recidivas - Não trata a hérnia femoral Mc Way (1948) - Ligadura do tendão conjunto ao ligamento pectíneo (cooper) - Trata a hérnia inguinal e a femoral - Mais tensão: muitas recidivas Shouldice (1950) - Imbricamento das camadas musculares (“jaquetão”), ou seja, as camadas eram suturadas umas sobre as outras - Pouca tensão: menos recidivas Lichtenstein (1986) Técnica livre de tensão: baseada em utilização de telas (Marlex, polipropileno) Baixíssimo índices de recidiva Padrão ouro para hérnia inguinal Não trata hérnia femoral Tratamento hérnia femoral: dois tipos possíveis Mc Vay Plug femoral: é feito um reforço, colocando no canal femoral uma estrutura que o preencha Laparoscopia: realizada para cobrir a região com tela Tratamento hérnia umbilical Mesma técnica para epigástrica e incisional: utilização de tela sem tensão, depois do ressecamento do saco herniário, fechando com tela Posicionamento de tela Técnica de Stoppa - Hérnias recidivadas - Descolamento de todo o peritônio - Tela de um músculo psoas até o outro m. psoas e até o ligamento pectíneo inferiormente (cobre toda a cavidade abdominal) - Ligação com complicações: dor, seroma, fibrose, feridas operatórias Técnicas videolaparoscópicas TEP (técnica pré peritoneal): tela pré-peritoneal, sem entrada na cavidade abdominal TAPP (trans abdominal pré-peritoneal): entra na cavidade, coloca a tela pré-peritoneal por acesso intraperitoneal, fecha o peritônio Custo-efetividade semelhante à aberta Tempo de recuperação é a maior vantagem em relação à cirurgia videolaparoscópica Complicações das hérnias Dor crônica Infecção crônica Sangramento Orquite isquêmica
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