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Nódulos pulmonares e Doenças pleurais Nódulos pulmonares Definição Nódulo pulmonar é definido como uma imagem pequena (<30mm/<3cm), bem definida circundada por parênquima pulmonar OBS: lesões com mais de 30mm são consideradas massas e têm maior probabilidade serem malignas (devem ser investigadas) Classificação Sólido Branco no raio-X: radiopacidade; branco na TC: hiperdenso Imagem abaixo: TC em janela de pulmão. Possível ver o nódulo pulmonar na lobo direito (ponta da seta) Semi-sólido Vidro-fosco (não é só COVID-19) – imagem abaixo 1 Tem característica de ser mais cinza Algo está comprometendo e ficando dentro do alvéolo pulmonar É uma proliferação celular Hipodenso Parcialmente sólido – imagem abaixo 2 Atenção Os nódulos pulmonares podem ser detectados em estudos de imagem solicitados por outro motivo que não a investigação diagnóstica se presença ou não de nódulos (nem sempre os pacientes chegam com sintomas) Pode-se repetir o exame para ver se o processo inflamatório diminuiu, mas não adianta repetir 5 dias depois, tem que esperar algumas semanas Nódulo pulmonar nem sempre é sinônimo de neoplasia maligna, pode ser apenas uma doença inflamatória, má formação arterio-venosa(vascular) Estudo Achado > 35 anos sem sinais ou sintomas atribuíveis à lesão identificada (nódulo) Risco de câncer de pulmão equivalente ao da população em geral Comum presença de nódulo em tuberculose Pode acontecer do nódulo ser uma alteração venosa, e não ser um nódulo mesmo (necessário colocar contraste para saber se é uma veia ou não) Epidemiologia A frequência de cada causa de nódulo varia de acordo com a população e o método de estudo Todavia, estudos de rastreio realizados em tabagistas sugerem que a maioria dos nódulos identificados em exames de tomografia computadorizada são benignos Etiologia Etiologia maligna Câncer de pulmão primário Adenocarcinoma é o subtipo histológico mais comum (50% seguido por carcinoma de células escamosas 25% e carcinoma de grandes células <10%) Característica do adenocarcinoma e carcinoma de grandes células: lesões periféricas Característica do carcinoma de células escamosas: nódulo central Malignos: grande probabilidade de estarem no ápice Metástase pulmonar Principais: melanoma, sarcoma, carcinoma do brônquio, cólon, mama, fígado e testículo, principalmente Em um paciente com histórico de neoplasia maligna extra-torácica, a probibilidade de um nódulo ser maligno quando detectado em radiografia de tórax é de 25% Não tem localização específica, mas geralmente é mais de uma lesão Tumor carcinoide Apesar de serem tipicamente endobronquiais, aproximadamente 20% se manifestarem como nódulo bem delimitado periférico Etiologia benigna Granuloma infeccioso Representam 80% dos nódulos benignos Granuloma por histoplasmose, coccidiodomicose, tuberculose são as causas mais frequentes Características: bem delimitados e calcificados (central) ou com calcificação central (semi- sólido), mas na maioria dos casos, se apresentam como nódulos não calcificados e não são diagnosticados até realização de biópsia ou ressecção Hamartoma 10% dos tumores benignos do pulmão Características: paciente de 40-50 anos, crescimento insidioso, radiologicamente e histologicamente heterogêneo RX: nódulo com calcificação “em pipoca” Imagem abaixo: módulo heterógeno, em periferia, há tecido gorduroso, típico de hamartoma Vascular: má-formação arterio-venosa Outros: Lesões inflamatórias, como sarcoidose A presença de doença sistêmica aumenta a probabilidade do nódulo ser inflamatório Nódulos miliares: inúmeros nódulos entre 1-4mm em ambos pulmões. Associado a tuberculosa, mas pode ocorrer também na sarcoidose, silicose, etc Imagens abaixo: em A, não é possível saber se é maligno ou benigno, apesar de estar no ápice, então é necessário fazer TC. Na TC, em B, representa uma janela de pulmão, sendo possível ver calcificação e linfonodos parabraquiais Nódulos pulmonares e COVID Consenso: durante a pandemia do Coronavírus, a avaliação dos nódulos pulmonares foi modificada devido aos riscos de exposição e à necessidade de realocação de recursos. No entanto, reconhece-se que o cuidado com nódulo também está sujeito a fatores regionais e relacionados ao paciente ª : qual a probabilidade de ser um nódulo maligno? Depende: fazer associação de tal modelo preditor com avaliação clínica (complementares) Usa-se a calculadora para descobrir a probabilidade de um nódulo ser maligno: Baixa probabilidade de ser maligno: <5% Probabilidade intermediária: entre 5 e 65% Alta probabilidade: >65% O que muda entre uma porcentagem e outra, é a conduta Lesões > 30mm que não tem característica benignas são ressecadas devido alta probabilidade de malignidade supera o risco cirúrgico Nódulos <8mm sem crescimento são documentados são acompanhados por TC tórax seriada Fatores de risco Idade avançada (≥65 anos: 50%) Sexo feminino História familiar de câncer de pulmão Enfisema Nódulos grandes (diâmetro grande do nódulo) Localização do nódulo: lobo superior Características do nódulo: parcialmente sólido, especulação História de tabagismo Exposição a asbesto Apresentação clínica que favorece malignidade: hemoptise OBS Esse modelo é válido para pacientes tabagistas ou ex-tabagistas. Assim, ele pode potencialmente superestimar a probabilidade de câncer em população de baixo risco Nódulos detectados em pacientes com alto risco de câncer de pulmão não é considerado incidental, sendo considerado como screening para investigação de lesão pulmonar ª : qual exame solicitar para avaliação inicial de nódulo pulmonar com suspeição de malignidade? Radiografia de tórax: dificuldade em detectar nódulos < 10mm PET-CT Não serve para avaliar nódulo sólido <8mm É utilizado na suspeição de nódulos malignos, para avaliar metástases e para selecionar o melhor nódulo para realização de biopsia Nódulos >8mm com probabilidade intermediária, a sensibilidade desse exame é de 72-94% para diagnóstico de malignidade. Nódulos que não tem hipercaptação de 18-FDG (marcador) têm maior probabilidade de ser benigno Tomografia de tórax (principal exame) Normalmente sem contraste. Indicação de contraste endovenoso: suspeita de má- formação vascular. Protocolo: cortes de 1mm Tamanho: preditor independente de malignidade (>20mm: > 50%) Atenuação (densidade): nódulos parcialmente sólidos têm maior probabilidade de serem malignos Nódulo sólido: mais comum. São tipicamente densos e homogêneos. Quando <8mm, baixa probabilidade de ser maligno. Monitorização com TC seriada Nódulo parcialmente sólido: incidência tem aumentado, haja vista aumento de incidência de adenocarcinoma, bem como aumento do uso de TC Crescimento: se estável por 2 anos ou mais na TC, ou aumentou rapidamente (< 20 dias), considerado benigno Nódulo sólido: >20mm Nódulo parcialmente sólido: além do aumento do diâmetro, deve-se avaliar também o crescimento do componente sólido do mesmo Calcificação: preditores de lesão benigna (central, difusa, lamelado, “pipoca”) Gordura: a presença de gordura dentro de um nódulo debordas bem delimitadas é sugestivo de hamartoma Bordas Não pode servir como fator de exclusão entre benigno ou maligno Tipicamente, lesões benignas: bordas bem delimitadas e lisa, enquanto lesões malignas apresentam bordas lobuladas ou espiculas Localização: maior probabilidade de malignidade quando lobo superior Captação de contraste Nódulosólido > 5mm com atenuação homogênea: ausência de captação de contraste sugere lesão benigna Tipicamente lesões malignas tem hipercaptação de contraste ª : como é o manejo após identificação do nódulo? Medidas agressivas (como ressecção cirúrgica dos nódulos) têm maior probabilidade de identificar câncer de pulmão em estágios iniciais, o que reflete no potencial de cura, bem como em uma taxa de sobrevida de 70-80% em 5 anos Medidas menos agressivas podem retardar a avaliação de casos potencialmente de câncer de pulmão Nódulo sólido que está estável (sem crescimento) nos últimos 2 anos e nódulos parcialmente sólidos que estão estáveis há 5 anos ou mais: maior probabilidade de serem benignos Para nódulos sólidos > 8mm Se baixa suspeição para câncer: repetir TC tórax em 3 meses. Se após esse período o nódulo permanecer sem mudança, repetir a TC em 9, 12, 18, 24 meses. Se crescimento do nódulo, avaliar indicação de biópsia Se suspeição “intermediária” para câncer: FDG PET-CT. Se captação de 18-FDG, indicada biopsia ou excisão do nódulo. Após esse período, repetir a TC em 3, 9, 12, 18, 24 meses Se suspeição alta: biópsia ou excisão Não é necessário follow-up para nódulos <6mm Se nódulo sólido: repetir a TC em 12 meses se paciente tiver fator de risco para câncer de pulmão Se nódulo parcialmente sólido: não necessita de seguimento Nódulos entre 6-8mm: repetir a TC em 6-12 meses Múltiplos nódulos: maior probabilidade de ser de etiologia inflamatória ou infecciosa Follow-up TC tórax entre 3-6 meses para confirmar resolução do quadro Se houver nódulos, repetir TC em 18-24 meses. Se houver aumento de nódulos, prosseguir com investigação diagnóstica OBS: para screening de câncer de pulmão Mesmo se não identificar nódulo pulmonar, há indicação de TC de tórax anualmente Se nódulo <6mm: TC anual Biópsia não cirúrgica Risco intermediário (5-65%) EBUS (USG endobrônquico) Broncoscopia Biópsia trans-torácica Biópsia cirúrgica Padrão ouro para diagnóstico de câncer de pulmão Indicado para casos de alto risco de câncer ou ainda risco intermediário Doenças pleurais O espaço pleural está localizado entre os pulmões e a parede torácica Líquido pleural acumula abaixo do pulmão, entre a camada inferior e a camada diafragmática, indo para sulco costofrênico posterior, anterior e lateral Toracocentese (casos de derrame pleural) Análise Macroscópica: coloração e viscosidade Microscópica Contagem e diferencial celular pH Proteína LDH Glicose Outros: amilase, colesterol, triglicerídeos Diagnóstico através da toracocentese Empiema: pus no espaço pleural (streptococos) Derrame pleural secundário a neoplasia Tuberculose Infecção fúngica Quilotórax: derrame pleural que tem grande quantidade de triglicerídos no seu interior (líquido amarelado/viscoso) Ruptura esofagiana: a pleura é permeável, por isso pode haver devido ao aumento de pressão abdominal (que é refletida para o esôfago) Hemotórax Diagnóstico RX de tórax Imagem 1 (A): presença de derrame pleural (pleural effusion) devido ao apagamento do seio costofrênico direito (ponta da seta) + curva da quantidade de líquido que está acumulada/curva de Damoiseau – para ter certeza, é necessário pedir incidência lateral (imagem B) Imagem 2 (B): mesmo paciente da imagem A, mas em decúbito lateral direito, podendo ver as camadas de derrame pleural Tomografia Imagem 3: janela de mediastino (são analisadas diferentes janelas para ver a localização do líquido e ter certeza) – as “manchas” cinzas são os líquidos, mostrando que está para fora do pulmão Classificação Transudato x Exsudato Classificação: critérios de LIGHT (LHD, PROTEINA, G, LDH, T) Comparação entre proteínas: proteína do líquido pleural em referência à proteína do sangue (se a proteína do líquido x sangue for > 0,5: há maior chance do líquido ser exsudato) Fazer LDH duas vezes para fazer comparação: LDH pleural x LDH sérico (proporção > 0,6: maior chance de ser exsudato) de pois fazer valor isolado par LDH: se for >2/3 do valor normal, há probabilidade de ser exsudato Transudato Principal causa: IC Exsudato Pode ser secundário de neoplasia, viral (menos comum), por bactéria, entre outros Resultam da inflamação pleural e pulmonar - Aumento da entrada de líquidos e proteínas devido à elevada permeabilidade capilar e da drenagem linfática prejudicada. Também podem ser decorrentes do movimento do fluido do espalho peritoneal, como na pancreatite aguda, carcinomatose peritoneal Se o paciente tiver derrame pleural exsudativo, devem ser realizados os seguintes exames do líquido pleural: - Descrição das características físicas: colocação e viscosidade - Bioquímica Principais causas: - Derrame parapneumônico: comum em criança (depois da pneumonia o pulmão fica todo velado, ou seja, um lado do pulmão está todo branco no RX, então necessário pedir TC) - Derrame secundário às neoplasias malignas 75% casos correspondem a: CA de pulmão, CA de mama, linfoma Clínica: dispneia, que geralmente é desproporcional ao volume do derrame Citologia é essencial e, caso negativa, mas com alta suspeitação: toracoscopia com biópsia + pleurodese - Mesotelioma: os mesoteliomas malignos são tumores primários que se original das células mesoteliais que revestem as cavidades pleurais. A maioria está associada à exposição ao asbesto Clínica: dor torácica de dispneia Exame de imagem: derrame pleural, espessamento da pleura Avaliação bioquímica Proteína Transudato: <0,3g/dL Tuberculose: >4g/dL LDH Emplema: LDH >1000UI/dL, em alguns casos de malignidade Colesterol: decorrente do aumento da permeabilidade, resultado de debris celulares Aumenta a acurácia em diferenciar transudato e exsudato: quando >45mg/dL, maior probabilidade de ser exsudato Pseudoquilotorax (pode se desenvolver em paciente com derrame pleural prolongado): >250mg/dL Triglicerídeos Maior probabilidade de quilotórax: >110mg/dL Glicose Emplema, derrame pleural secundário a neoplasia, tuberculose, ruptura esofagiana: glicose <60mg/Dl pH (normal: 7,6) Transudato: 7,4-7,55 Exsudato: 7,3-7,45 Amilase Suspeita de pancreatite, ruptura esofagiana, malignidade ADA (adenosina deaminase) Auxilia no diagnóstico entre tuberculose e doença maligna Tuberculose: >35-50U/L Doença maligna: <40 U/L Citologia Sensibilidadde: 60% para doença pleural maligna Tuberculose, linfoma, sarcoidose, quilotorax: linfocitose Eosinofilia: pode representar doenças benignas ou malignas Biomarcador Não tem nenhum específi
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