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Pneumonia, Parasitoses Intestinais, Anemia Ferropriva Pneumonia adquirida em comunidade (PAC) Introdução Faz parte das infecções respiratórias agudas (IRA) Definição: síndrome clínica caracterizada por inflamação do parênquima pulmonar Epidemiologia 3 milhões de mortes/ano Redução da incidência: após a vacinação universal penumo 10v (1ª dose: 2 e 4 meses e reforço com 1 ano) 4-6 infeções respiratórias agudas por ano: 2-3% Fatores de risco para pneumonia <5anos Desnutrição Comorbidades Prematuridade Baixo peso ao nascer Sibilo ou pneumonia prévia Ausência de aleitamento materno Desmame precoce Vacinação incompleta Tabagismo domiciliar Etiologia Bactérias típicas/atípicas S. pneumoniae é a mais frequente Estreptococo do grupo B e gram negativos: grande incidência em RN por infecção pré-natal ou intra-parto S. aureus geralmente acomete RN após o 3º dia de vida Vírus (mais frequente) Vírus sincicial respiratório (VSR): mais frequente Influenza Parainfluenza 1 e 3 Adenovírus Rinovírus Coinfecção até 50% Sinais clínicos de evidência para PAC Pródromo: coriza nasal, tosse, febre Persistência da febre > 72h Prostração Tosse produtiva Desconforto respiratório Taquipneia (principal achado clínico) Ausculta: estertor crepitante (sibilo geralmente é em infecção viral) Sinais de perigo/alerta 2meses-5anos: PAC + tiragem subcostal = pneumonia grave Pneumonia muito grave: quando associado a outros sinais sistêmicos de gravidade <2 meses: FR ≥ 60 irpm, tiragem subcostal, febre alta ou hipotermia, recusa do seio materno por mais de 3 mamadas, sibilância, estridor em repouso, sensório alterado com letargia, sonolência anormal ou irritabilidade excessiva > 2m: tiragem subcostal, estridor em repouso, recusa de líquidos, convulsão, alteração do sensório e vômito incoercível Sinais de gravidade Desconforto respiratório Hipoxemia (SatO2<92%) Cianose ou palidez Alternância entre sonolência e agitação Prostração Toxemia Exame físico Presença de estertores (comprometimento brônquico) Redução do murmúrio vesicular Condensação, atelectasia ou derrame pleural grande Frêmito tóraco-vocal Síndrome infecciosa x insuficiência respiratória aguda Pneumonia não grave: clínica de pneumonia Pneumonia grave: tiragem subcostal Pneumonia muito grave: tiragem subcostal + outro sinal de perigo Quadro clínico: pneumonia viral Idade < 2 anos Febre < 38,5°C Tosse seca Sibilância Hipoxemia Quadro clínico: pneumonia atípica Idade <5 anos Afebril Tosse persistente coqueluchoide Sibilância Taquipneia e hipoxemia leve Quadro clínico pneumonia afebril do lactente Idade <3m Nascido de parto normal Mãe com corrimento vaginal Afebril Tosse seca persistente Conjuntivite RX de tórax Não é necessário em todos os casos de pneumonia Atenção: RX não diferencia quadros virais de bacterianos Necessário fazer quando tiver falha na resposta ao tratamento após 48-72h de antibióticoterapia Diagnóstico de pneumonia na criança: Confirmação/dúvida de diagnóstico Avaliação da extensão da pneumonia Identificação de complicações (sinais de gravidade) RX de controle após o tratamento Após 4 a 6 semanas, se história de pneumonias recorrentes, sempre no mesmo lobo; suspeita de malformação ou aspiração de corpo estranho Deve ser considerada nos casos de pneumonia redonda, presença de colapso pulmonar e/ou sintomas persistentes Diagnóstico Ambulatorial: não colhe outros exames Internação: hemograma completo, RX de tórax obrigatório, PCR Pesquisa etiológica: hemocultura, pesquisa viral em swab de nasofaringe, sorologia para atípicos Tratamento Antibióticoterapia empírica Ambulatorial: amoxicilina 50mg/kg/dia 8/8h VO 10 dias (se <2m: 12/12h) ou Claritromicina 10 dias Hospitalar: penicilina cristalina e/ou claritomicina (2m-5a). Se <2m: ampicilina + gentamicina Medidas de suporta Internação Oxigenoterapia Fluidoterapia Decúbito elevado FST respiratória Critérios de internação Idade < 6 anos Apneia e taquipneia Hipoxemia <92% ou acidose Sonolência ou convulsões Desconforto respiratório importante Má aceitação de medicamento oral Falha do tratamento ambulatorial Pneumonia complicada Doença grave concomitante Critérios de gravidade Febre > 38,5°C Sinais de infecção grave SatO2 < 92% Complicações Derrame pleural Quadro clínico Febre Tosse Dispneia Intolerância a exercícios Apetite diminuído Dor abdominal Halitose Letargia Indisposição Dor pleurítica Cinaose Pneumonia nosocomial Infecção pulmonar obtida após 48h de admissão em uma unidade de saúde, não associada à IOT ou ventilação mecânica. Atinge pacientes com imunidade baixa (devido à doença que levou a pessoa à internação) Tópicos relevantes Importante causa da mortalidade na infância Agente mais comum: S. pneumoniae Vírus são mais comuns em <2 anos IVAS: persistência da febre, taquipneia, estertor Diagnóstico clínico Exames complementares: somente se o paciente for internar RX de tórax em consolidação Tratamento de acordo com a gravidade do caso Caso clínico 1) Pré-escolar de 3 anos é levado à emergência com quadro de febre e tosse há 3 dias. Exame físico: T ax: 38,5ºC, REG, FR, 58irpm e tiragem subcostal. RX de tórx com broncopneumonia em lobo inferior esquerdo. O diagnóstico e a conduta adequados são: a) Pneumonia viral / tratamento ambulatorial com sintomáticos b) Pneumonia por germe atípico / tratamento ambulatorial com azitromicina oral c) Pneumonia bacteriana / hemograma, hemocultura e internar para atb parenteral d) Pneumonia bacteriana / hemograma e uso de atb caso o hemograma, VHS e proteína C reativa, internar para atb se algum dos exames sugerir infecção bacteriana Resposta 1) C Parasitoses intestinais Introdução Doenças cujos agentes etiológicos são helminto ou protozoários e que em pelo menos um dos períodos do ciclo evolutivo se localizam no aparelho digestório Principal fonte de infecção: oral-fecal, água, alimentos contaminados Muito prevalentes em países em desenvolvimento Relacionados à pobreza Fatores de risco Epidemiologia Estimativas globais: mais de ¼ da população mundial Crianças em áreas endêmicas: impacto no desenvolvimento físico e intelectual 55% das crianças estavam contaminadas: 56,6% com ascaridíase; 51% com tricuríase; 11% com ancilostomíase Fisiopatologia: localização da infestação/infecção Delgado Má absorção/perda de peso Deficiência de Zn e Fe Diarreia aquosa Cólon Dor abdominal Hematoquezia Anemia Sistêmica Febre Hepatoesplenomegalia Eosinofilia Perianal Prurido Ascaridíase Ascaris lumbricoides Parasita humano de maior prevalência Se intenso parasitismo, pode causar obstrução intestinal Tricuríase Trichuris trichuira Enterobíase/oxiuríase Enterobius vermicularis Ancilostomíase Ancylostoma duodenale Teníase Taenia solium e Taenia saginata Giardíase Giardia lamblia Amebíase Entamoeba histolytica Quadro clínico Grande parte não é diagnosticada Pensar sempre nos locais com condições precárias de higiene Maioria assintomática: dificulta o diagnóstico Se presentes podem ser agudos, subgudos ou crônicos Podem afetar o crescimento e o ganho ponderal Podem depletarvitaminas e micronutrientes Prurido anal: típico de enterobíase/oxiuríase Eliminação de parasitas Diarreia Náuseas/vômitos Dor abdominal Dispepsia/epigastralgia Distensão abdominal/flatulência Astenia Prurido cutâneo Tosse/crise asmatiforme (síndrome de Loefler) Dor de garganta Anemia Eosinofilia Manifestações raras mas importantes Diagnóstico Critérios clínicos e epidemiológicos Exame parasitológico das fezes: 3 amostras Não descartar se negativo Diagnóstico diferencial: vírus (rotavírus) e bactéria (E. coli) Desparasitação periódica Recomendado pela OMS em áreas de endemia Evidências que o tratamento regular em áreas de alto risco traz benefícios a curto e a longo prazo Os medicamentos anti-helmínticos são de baixo custo e fácil acesso, seguros e fácil adm Pode ser adm por professores a gentes comunitários de saúde Crianças >1 ano: áreas de alto risco Prevalência acima de 50%: tratar 2x/ano Prevalência entre 20 e 50%: tratar 1x/ano Quimioterapia preventiva 24-60 meses Mebendazol 500mg Albendazol 400mg (para 12-24 meses: 200mg) Tratamento Ligantes de beta-tubulina: inibem a formação de microtúbulos, causando a ruptura do citoesqueleto (mebendazol e albendazol) Agentes espásticos paralisantes: palmoato de pirantel e o levamisol (agonistas dos receptores nicotínicos de acetilcolina) Agentes indutores de paralisia flácida: piperazina que inibe reversivelmente a transmissão neuromuscular no verme sendo uma agonista de GABA Tópicos relevantes Parasitoses são a principal causa de diarreia crônica no brasil Principal parasitose: Giardia lamblia Quadro clínico ajuda a agrupar os agentes Tratamento leva em consideração a característica do antígeno: helmintos (albendazol) e protozoários (metronidazol) Caso clínico 1) A genitora de uma pré-escolar de 1 ano e 7 meses telefonou, por volta das 23h, para seu pediatra, pois foi trocar a fralda da filha e encontrou pequenos vermes branco, lembrando linhas grossas, em grande quantidade no ânus e alguns na vulva da menina. A transmissão e o ciclo deste parasito se faz através do seguinte mecanismo: a) Ovo deglutição eclosão desenvolvimento intestino grosso b) Larva pele corrente sanguínea fixação na mucosa intestinal c) Ovo deglutição eclosão ciclo enteropulmonar intestino grosso d) Larva pele corrente sanguínea alvéolo pulmonar intestino delgado e) Cisticerco deglutição eclosão desenvolvimento intestino grosso e delgado Resposta 1) A Anemia ferropriva Definição Concentração de Hb abaixo dos valores esperados (inferior a 2 desvios-padrão), de acordo com idade, sexo, gestação, altitude Insuficiente para atender as necessidades fisiológicas Ferro “É o metal mais presente no corpo, sendo que participa de todas as fases da síntese proteica e dos sistemas respiratórios, oxidativos e anti-infecciosos do organismo” A maior parte do Fe do organismo é decorrente do sistema de reciclagem de hemácias (pequena parte é da dieta) Etiologia Deficiência de ferro Deficiência de outros micronutrientes Doenças hemolíticas crônicas (anemia falciforme) Perdas sanguíneas Processos infecciosos Epidemiologia Anemia ferropriva > 60% dos casos de anemia no mundo Mais comum: menos nível sócio- econômico No Brasil: prevalência em crianças (40- 50%) Predomínio: 6-18 meses Regiões N e NE Anemia ferropriva é a principal causa de anemia adquirida na infância Metabolismo do ferro Distribuição do ferro no corpo Proteínas funcionais: hemoglobina e mioglobina Proteínas de transporte: transferrina Sistema de reciclagem Ferro heme (regulagem própria) e ferro não heme (influência de fatores anutricionais na absorção) Fatores de risco Lactentes Aleitamento materno exclusivo <6m Introdução precoce ao leite de vaca < 1 ano Dieta pobre em ferro Ausência de suplementação de ferro Quadro clínico Astenia Dor em MMII Unhas quebradiças e rugosas Redução de atenção Distúrbios de conduta e de percepção Prejuízo na aprendizagem Anemia Apatia/irritabilidade Palidez palmar Palidez de mucosas Sopro cardíaco Taquicardia Redução da tolerância aos exercícios Diagnóstico laboratorial Estoques de ferro: ferritina Deficiência de ferro: ferro sérico, saturação de transferrina, capacidade total de ligação de transferrina Anemia: hemoglobina e hematócrito O que encontrar: Microcítica: VCM reduzido Hipocrômica: HCM e CHCM reduzidos Anisocitose: RDW elevado Reticulopenia Leucopenia Trombocitose Visão geral de hemograma Índices hemantimétricos Hemoglobina Hematócrito Volume corpuscular médio (VCM) Hemoglobina corpuscular média (HCM) Concentração de hemoglobina corpuscular média Amplitude de distribuição de eritrócitos Número de eritrócitos Porcentagem de reticulócitos Tratamento Reposição de ferro VO: 3-6mg/kg/dia, no mínimo por 8 semanas, até 6 meses ou normalização dos índices hemantimétricos Opções: sais de ferro (1h antes das refeições) Sais férricos e aminoquelatos: menor interferência e efeitos adversos Orientações nutricionais Monitorização do tratamento Reticulócitos e hemograma a cada 30-60 dias Perfil de ferro e ferritina com 30 a 90 dias Melhora Reticulócitos: 3 a 4 dias Hb: 30 dias Ferritina: 60-90 dias Medidas de prevenção de anemia Incentivo ao aleitamento materno exclusivo até os 6 meses Acesso à informação rica em ferro heme Contraindicação do consumo de leite de vaca antes dos 12 meses Fortificação das farinhas de trigo e milho Suplementação profilática de ferro na infância Atenção: não precisa suplementar ferro quando o lactente está com mais de 500mL de fórmula Tópicos relevantes Principal causa de anemia no mundo Ferro na dieta: heme (carnes) x não-heme (vegetais) Fatores de risco: lactente, AME < 6 meses, introdução precoce de leite de vaca Deficiência de ferro: PICA e distúrbios de atenção e aprendizagem Diagnóstico: depende dos exames laboratoriais Tratamento de ferro até a normalização de ferritina Profilaxia: dieta adequada + suplementação profilática de ferro RNPT: início mais precoce e em dose maior do ferro Caso clínico 1) Pré-escolar de 4 anos terá de submeter-se a intervenção cirúrgica para corrigir uma malformação congênita. No exame pré-operatório, seu peso era de 16kg; hemograma; Ht 29%, Hb 9,4g/dL, VCM 65fl. O pediatra fez o diagnóstico presuntivo de anemia ferropriva e instituiu tratamento com sulfato ferroso 16 gotas 1x/dia 30min antes do almoço. Ao fim de 21 dias de reposição de ferro, um novo hemograma obteve praticamente os mesmos índices hemáticos. A melhor conduta nesse caso será: a) Iniciar investigação para outras causas de anemia b) Administrar transfusão de concentrado de hemácias c) Corrigir a dose de ferro necessária para o tratamento d) Manter a dose de sulfato ferroso e aguardar mais uma semana e) Indicar correção cirúrgica de anomalia independente dos resultados 2) MMS, 11 meses. Deu entrada com história de dor abdominal recorrentes há 20m dias e diarreia há 7 dias. Refere tosse associada e perda de peso (4kg em 7 dias). Faz uso de leite de vaca com aveia 240mL 4x/dia; nega uso de medicação. EF: REG, emagrecido, desidratado de algum grau RespostaS 1) C
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