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processo penal unidade 2

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- -1
PROCESSO PENAL - INFRAÇÕES E 
PROCEDIMENTOS CRIMINAIS ESPECIAIS
UNIDADE 2 – LEGISLAÇÕES ESPECIAIS: 
CRIMES DE TRÂNSITO; DROGAS E RITO 
PROCESSUAL; CRIMES HEDIONDOS; CRIMES 
CONTRA A HONRA; E VIOLÊNCIA 
DOMÉSTICA
Autoria: Ronaldo Félix Moreira Júnior - Revisão técnica: Larissa Gonçalves
- -2
Introdução
O processamento e julgamento dos delitos no processo penal brasileiro envolve um sistema complexo, tendo em
vista que o procedimento comum, previsto no Código de Processo Penal (CPP), não engloba completamente
todas as categorias de delitos. Algumas condutas, devido à gravidade ou à complexidade do caso, demandam atos
específicos para seu bom processamento.
É natural, portanto, que algumas dúvidas surjam quanto a esse tema: quais crimes são processados em
legislações especiais? O que diferencia o rito dos crimes de trânsito – previstos no Código de Trânsito Brasileiro
(CTB) – do rito comum previsto no CPP? No campo processual, o que diferencia os crimes hediondos dos crimes
comuns?
As respostas para essas indagações só podem ser alcançadas após o estudo de cada uma dessas legislações
específicas, mas a presente unidade ainda vai além, trazendo um forte conteúdo teórico e crítico sobre um
assunto complexo e atual: a violência doméstica. Certamente, caro estudante, o conhecimento de tais legislações
e demais conteúdos será de extrema importância para seu crescimento profissional e acadêmico.
2.1 Crimes de trânsito
O CTB, inaugurado com a Lei nº 9.603/1997, busca a regulamentação do trânsito em todo território nacional.
Trata-se de uma regulamentação de grande importância, haja vista que a lei menciona, em seu art. 1º, § 2º, que:
“[…] o trânsito em condições seguras é um direito de todos, além de dever dos órgãos e entidades que compõem
o Sistema Nacional de Trânsito” (BRASIL, 1997).
Muito embora o CTB não seja apenas uma legislação de caráter penal (trazendo, em boa parte, aspectos
administrativos), ela também traz uma enumeração de uma série de delitos que podem ser praticados nesse
âmbito.
2.1.1 Crimes em espécie
O primeiro delito previsto pelo no CTB se trata do , previsto no art. 302, do CTB.homicídio culposo no trânsito
A pena prevista é de detenção (de dois a quatro anos), além de suspender/proibir a obtenção de habilitação para
a direção de veículos. Esta última penalidade pode até mesmo ser aplicada quando o réu é motorista profissional.
Compreende o Supremo Tribunal Federal (STF) que não se trata de uma violação ao direito constitucional do
trabalho. Entendeu este tribunal que o direito ao exercício das atividades profissionais, previsto no art. 5º, inc.
XIII, da Constituição Federal (CF), não é absoluto, e a restrição da legislação é, para tanto, razoável (BRASIL,
2020).
Delmanto, Delmanto Júnior e Delmanto (2018) destacam a existência de causas de aumento de pena no § 1º. A
pena será aumentada nesses casos de 1/3 até a metade.
Quadro 1 - Causas de aumento de pena no homicídio culposo do CTB
- -3
Quadro 1 - Causas de aumento de pena no homicídio culposo do CTB
Fonte: Elaborado pelo autor com base em BRASIL, 1997.
# : conforme estabelecido pelo art. 302, § 1º, do CTB, caso o delito seja praticado em uma dasPraCegoVer
circunstâncias descritas no quadro, a pena deverá ser aumentada de 1/3 até a metade. Causas de aumento de
pena do delito de homicídio culposo na direção de veículo automotor: (i) não possuir permissão para dirigir ou
carteira de habilitação; (ii) praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada; (iii) deixar de prestar socorro, quando
possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente; (iv) no exercício de sua profissão ou atividade, estiver
conduzindo veículo de transporte de passageiros.
Ressalta-se que o § 2º do artigo em questão foi revogado pela Lei nº 13.281/2016, enquanto o § 3º foi
acrescentado pela Lei nº 13.546/2017. Este estipula que, se o agente conduzir o veículo sob a influência de
substância ou similar, a pena será de cinco a oito anos de reclusão, além da ocorrência da proibição para dirigir
já mencionada no estudo (BRASIL, 1997).
O art. 303 do CTB, de maneira similar, trata do crime de lesão corporal culposa na direção de veículo
. O crime se consuma com a ocorrência de dano à integridade da vítima, desde que tal ocorrência sejaautomotor
causada pelo agente enquanto dirigia um veículo. O crime em questão possui tanto causa de aumento de pena
quanto hipótese qualificadora. As causas de aumento de pena são as mesmas do delito anterior (previstas no §
1º do art. 302 do TB). A qualificadora, por sua vez, trata da condução do veículo enquanto tem (o agente) sua
atribuição psicomotora lesada em virtude da influência de álcool ou substância que também venha a causar
dependência (vindo a causar uma grave ou gravíssima lesão). Essa hipótese se encontra no § 2º. Vale dizer que,
enquanto a pena para o delito do caput é de seis meses a dois anos (de detenção), além de suspensão/proibição
do direito de dirigir, a causa de aumento de pena será de 1/3 à metade e a qualificadora estipula a pena de dois
até cinco anos de reclusão, além da penalidade decorrente da proibição de direção (BRASIL, 1997).
O art. 304 do TB trata da . A omissão é configurada quando não há qualquer tipo de ajuda ouomissão de socorro
socorro à pessoa vitimada pelo acidente causado. Também configura o delito o ato do agente de deixar de
solicitar tal ajuda à autoridade competente, mesmo quando poderia ter assim procedido. Diferentemente dos
delitos anteriores, possui como elemento subjetivo o dolo e possui como pena-base a detenção de seis meses a
um ano, podendo haver substituição pela sanção de multa, caso não seja hipótese de crime mais grave (BRASIL,
1997).
Andreucci (2018) menciona que a omissão de socorro, no geral, pode ocorrer de três diferentes maneiras.
Figura 1 - Omissão de socorro
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Figura 1 - Omissão de socorro
Fonte: Elaborada pelo autor com base em ANDREUCCI, 2018, p. 89.
# : a imagem representa as hipóteses, em um acidente de trânsito, em que um indivíduo cometerá oPraCegoVer
delito de omissão de socorro no trânsito: 1ª espécie (art. 302, § 1º, III, CTB), em que o condutor omitente é
causador do acidente; 2ª espécie (art. 304, CTB), em que o condutor omitente não é o causador do acidente, mas
nele estiver envolvido; 3ª espécie (art. 135, CP), em que o omitente não é o causador do acidente e nele não
estiver envolvido, mas tem o dever genérico de assistência.
Nota-se que o motorista incidirá na pena mencionada ainda que sua omissão acabe sendo substituída pela ajuda
de terceiros ou se trate de vítima que tenha morte instantânea ou ferimentos leves. Andreucci (2018) menciona
que, no caso de morte instantânea, não seria possível configurar o delito, sendo hipótese de crime impossível.
O art. 305 do TB trata da , cometido com o ato do motorista de se afastar do lugar emfuga do local do acidente
que aconteceu o acidente, para que possa escapar da responsabilidade penal ou civil decorrente deste. A pena
para o delito é a de detenção de seis meses a um ano, ou multa, de forma alternativa (BRASIL, 1997).
Importa ressaltar aqui, mais uma vez, a posição de Ricardo Andreucci (2018), que considera haver uma
inconstitucionalidade do delito diante do princípio da não autoincriminação. Entretanto, prevalece o
entendimento de que a suposta existência de um direito à fuga não pode prevalecer em relação ao interesse
estatal em identificar envolvidos em um acidente de trânsito.
A é o delito trazido pelo art. 306 do CB. O crime estará configurado a partir do momentoembriaguez ao volante
em que seja evidenciado que o agente conduzia seu veículo influenciado pelo álcool (ou por composto similar,
capaz de causar dependência). Nota-se, aqui, que não há qualquer menção na legislação a respeito da
necessidade de se causar algum dano, ou mesmo gerar o perigo de algum dano. Por isso, esse delito é
considerado de perigo abstrato, de modo que basta a realização da conduta mencionada para que o crime ocorra
(BRASIL, 1997).
Vale destacar que a confirmação da embriaguez ocorre (nostermos do § 1º) quando há concentração que seja
igual ou superior a: “[...] seis decigramas de álcool por litro de sangue ou igual ou superior a 0,3 miligrama de
álcool por litro de ar alveolar” (BRASIL, 1997).
Nota-se também que não há obrigatoriedade de realização do exame do bafômetro. Contudo, nos termos do art.
277, § 3º, do poderá ser aplicada a medida administrativa do art. 165-A, da mesma lei, ao condutor que recusar a
se submeter a qualquer exame previsto no caput daquele artigo (BRASIL, 1997). 
O art. 307 do CTB trata da . O delito em análise diz respeito ao ato de infringir umaviolação de suspensão
suspensão (ou mesmo proibição) que tenha sido aplicada baseada em algum dispositivo do próprio código
(BRASIL, 1997).
Importante afirmar que, se um indivíduo não entregar (quando for obrigado) sua permissão de direção, ele irá
incorrer na mesma sanção (seis meses a um ano de detenção, além da pena de multa). Essa determinação se
encontra no parágrafo único do artigo mencionado (BRASIL, 1997).
O delito do art. 308 é a . Esse crime diz respeito a um famosoparticipação em competição não autorizada
fenômeno conhecido como “racha”. Importante dizer que não é necessário que haja efetivamente uma corrida,
com participantes apostando em um vencedor. O crime também será configurado na ocorrência de qualquer
demonstração de manobras (com veículos), desde que esse tipo de exibição (de corrida ou manobra) não seja
autorizada pelo poder público (BRASIL, 1997).
O dispositivo estipula a pena de detenção de seis meses a três anos, além de impor também a penalidade de
multa e suspensão da habilitação (BRASIL, 1997). Vale dizer que, no caso dessa infração, é de extrema
importância que seja demonstrada a ocorrência de algum risco (à incolumidade, pública ou privada). Pode-se
concluir, assim, que se trata de um crime de perigo concreto.
Ainda é preciso apontar que, se o crime resultar em lesão corporal de natureza grave, havendo demonstração
pelas circunstâncias do ocorrido de que o resultado não foi algo desejado pelo agente provocador e este sequer
assumiu o risco de produzi-lo, a pena privativa de liberdade será de reclusão de três a seis anos, além das demais
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assumiu o risco de produzi-lo, a pena privativa de liberdade será de reclusão de três a seis anos, além das demais
penalidades do artigo (§ 1º). Se dessa prática vier a ocorrer o resultado morte, a pena será de reclusão de cinco a
dez anos (BRASIL, 1997).
A é o delito previsto no art. 309 do e traz a penalidade de seis meses a um ano dedireção sem habilitação
detenção, ou multa, para quem realizar a conduta de dirigir em via pública, mas sem que tenha a habilitação
obrigatória para esse ato. Também estará configurado o delito se a pessoa já teve tal direito, mas que acabou
sendo cassado (e mesmo assim decidiu por dirigir seu veículo). É imprescindível que haja a possibilidade de
dano (mais uma vez estamos diante de um delito doloso de perigo concreto). Nota-se que, conforme menciona
Andreucci (2018), a falta de habilitação para dirigir veículo é absorvida pelo crime de lesão corporal culposa,
caso aconteça (BRASIL, 1997).
O art. 310 do trata da . Pode-se afirmarentrega da direção de veículo automotor para pessoa não autorizada
que o delito analisado pode ser configurado pela prática de três verbos descritos no tipo penal. Nesse caso,
aquele que concede permissão para direção, ou confia, entregando a direção de veículo a alguém que não seja
habilitado, ou alguém que tenha sua habilitação cassada ou esteja com o direito de dirigir suspenso, sofrerá a
sanção de detenção de seis meses a um ano, ou multa. Ressalta-se que também será configurado o crime caso a
pessoa realize um desses três verbos em relação a pessoa que não esteja em condições físicas ou mentais de
dirigir. Trata-se de delito doloso que se consuma com a realização da conduta, independentemente da prática de
dano (delito de perigo abstrato) (BRASIL, 1997).
Por sua vez, o art. 311 do versa sobre o delito de . Otráfego em velocidade incompatível com a segurança
delito é consumado com a efetiva direção de veículo em alta velocidade (aquela que não é compatível com o
local) nas proximidades de lugares em que houver movimentação ou grande concentração de pessoas. A
legislação faz direta menção a escolas, estações e hospitais. Nesse caso, também deve ser demonstrada a
probabilidade de dano, muito embora possa ser afirmado que o tráfego em grande velocidade em local de grande
movimentação muito provavelmente já demonstrará a existência de perigo. A pena cominada é de seis meses até
um ano de detenção, mas poderá ser aplicada, alternativamente, a sanção de multa (BRASIL, 1997).
O último delito está previsto no art. 312 do. Trata-se da , consistente no ato de realizarfraude processual
inovação artificiosa – em caso de ocorrência de acidente envolvendo vítima, ou na pendência de procedimento
policial preparatório, inquérito ou mesmo processo penal – no estado de lugar, coisa ou pessoa, com o objetivo
de induzir agente policial, perito ou juiz à prática de erro. A pena prevista é a de detenção de seis meses a um
ano, ou multa (BRASIL, 1997).
Não se trata de mero esquecimento ou dúvida, deve haver o dolo e o especial fim de enganar agente policial,
perito ou magistrado. É crime que admite tentativa e, conforme dispõe o parágrafo único, é aplicado a inquérito,
procedimento preparatório ou processo, ainda que não iniciados.
2.1.2 Rito
O CTB é bem claro ao dispor, em seu art. 291, que o regramento geral dos delitos cometidos na direção de
veículos automotores será o Código Penal (CP) e o CPP, exceto quando o próprio CTB dispuser em sentido
diverso. Vale também lembrar, no crime de lesão corporal culposa, dos arts. 74 (quanto à composição civil), 76
(proposta imediata de pena restritiva ou multa) e 88 (sobre a necessidade de representação), a aplicabilidade da
Lei nº 9.099/1995, ou seja, dos Juizados Especiais Criminais (Jecrim) (BRASIL, 1997).
Há, em contrapartida, algumas causas de vedação à aplicação desse rito para crimes de trânsito de lesão corporal
culposa, expostas no quadro a seguir.
- -6
Quadro 2 - Causas de vedação de aplicação do rito do Jecrim na lesão corporal culposa do CTB
Fonte: Elaborado pelo autor com base em BRASIL, 1997.
# : o quadro detalha o parágrafo primeiro do art. 291, que estipula certas circunstâncias nas quais oPraCegoVer
rito do Jecrim não poderá ser utilizado no processamento do delito de lesão corporal culposa no trânsito: (i) se o
agente estiver sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que determine dependência; (ii)
se o agente estiver participando, em via pública, de corrida, disputa ou competição automobilística, de exibição
ou demonstração de perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela autoridade competente; (iii)
se o agente estiver transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 km/h (cinquenta
quilômetros por hora).
Nota-se que também estão excluídos da competência do Jecrim alguns delitos do CTB, como embriaguez ao
volante, previsto no art. 306 (devido à pena máxima cominada ser de três anos de detenção), e participação em
corrida não autorizada, previsto no art. 308. O § 2º deste artigo menciona que nesses casos será necessária a
instauração de inquérito policial para a investigação da infração (BRASIL, 1997).
Além da disposição quanto à Lei nº 9.099/1995, o CTB traz ainda outras regras de cunho processual. Por
exemplo, seu art. 292 dispõe sobre uma nova modalidade de sanção. Trata-se da imposição de suspensão
/proibição de direção de veículo. Essa penalidade poderá ser cumulada com outras formas (a pena privativa de
liberdade ou mesmo a pena de multa) (BRASIL, 1997).
Será, contudo, apenas no art. 293 e seu § 1º, desse códigoque o legislador responderá à indagação quanto ao
limite temporal que essa suspensão ou proibição terá. A duração estabelecida é de dois meses a cinco anos, de
modo que deve o acusado ser notificado para entregar (à autoridade competente) sua habilitação noprazo de 48
CASO
Ricardo, enquanto dirigia seu veículo, acabou por causar, culposamente, lesão em Amanda, que
atravessava a avenida para praticar esportes na orla da praia. Levando-se em consideração a
pena imposta no art. 303, CTB, a competência para o processamento do delito em questão será
do Jecrim. Entretanto, se no caso em questão o mesmo resultado tivesse ocorrido, mas Ricardo
estivesse com sua capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool, a
competência seria do juízo singular, não mais do Jecrim, tendo em vista que a pena prevista
(nos termos do § 2º) é de dois a cinco anos (BRASIL, 1997).
- -7
modo que deve o acusado ser notificado para entregar (à autoridade competente) sua habilitação no prazo de 48
horas (BRASIL, 1997). Vale mencionar que essa penalidade deverá ser aplicada em todos os casos nos quais for
demonstrado que o acusado é reincidente na prática de algum crime de trânsito.
Em caráter especial, em que pese às medidas cautelares previstas no CPP, o art. 294 do CTB traz nova espécie de
medida cautelar: a suspensão da permissão ou da habilitação para direção.
É necessário também comentar sobre a pena de multa. Esta deve ocorrer na forma de um depósito judicial (que
será destinado à vítima ou a seus sucessores). Indaga-se, assim, se há um valor máximo a ser estipulado a essa
sanção. Por determinação expressa da legislação (art. 297, § 1º), ela não poderá ser superior ao valor do prejuízo
que for demonstrado no processo.
Por fim, é importante destacar alguns outros importantes aspectos penais e processuais presentes no CTB.
Quanto ao aspecto penal: esse instrumento normativo ainda traz as circunstâncias agravantes para os delitos
nele dispostos (art. 298). No aspecto processual, estipula (art. 301) que não deverá ocorrer a prisão em flagrante
na hipótese em que o condutor do veículo (envolvido em acidentes de trânsito com vítimas) tiver prestado
socorro à eventual vítima. Nesses casos, também não haverá a necessidade de imposição de fiança (BRASIL,
1997).
2.2 Drogas e rito processual
A atual Lei de Drogas (nº 11.343/2006) é uma legislação completa, tendo em vista que não aborda apenas
aspectos penais ou processuais relacionados ao delito de tráfico de entorpecentes (e similares), mas os extrapola.
A legislação mencionada inicia com princípios e objetivos do sistema nacional de políticas públicas sobre drogas
e, posteriormente, passa a trazer as disposições sobre o próprio funcionamento desse sistema. De grande
importância também é o Título III, que aborda as atividades de prevenção ao uso indevido, além de atenção e
reinserção social dos usuários e dependentes (BRASIL, 2006b).
Os delitos e os aspectos processuais se encontram apenas na segunda parte da lei, com os crimes sendo descritos
no art. 28 (e seguintes) e o procedimento a partir do art. 48 (BRASIL, 2006b).
2.2.1 Crimes na Lei de Drogas
Os delitos na legislação sobre drogas estão inseridos no Capítulo III (Dos crimes e das penas). O dispositivo
inicial desse capítulo (art. 27), apesar de não dispor a respeito de nenhum crime específico, traz a importante
previsão quanto à aplicação das penas (BRASIL, 2006b).
Conforme o dispositivo citado (BRASIL, 2006b), as sanções cominadas pela legislação podem ser aplicadas
cumulativamente ou isoladamente, assim como também podem ser substituídas, após serem ouvidos tanto o
Ministério Público quanto o defensor, a qualquer momento.
Apesar de o delito de tráfico ser o mais comum, a legislação enumera uma série de condutas puníveis. Essas
condutas, bem como as respectivas penalidades, são ilustradas nos quadros a seguir.
- -8
Quadro 3 - Delitos previstos na Lei de Drogas (1)
Fonte: Elaborado pelo autor com base em BRASIL, 2006b.
# : o quadro está tripartido e enumera os delitos previstos na legislação de drogas, entre os arts. 28 ePraCegoVer
39, bem como estabelece as respectivas penalidades: Art. 28. Trata do delito de posse de drogas para uso
pessoal. O artigo descreve uma série de condutas (tais como adquirir, ter em depósito, ou levar consigo)
concernentes a ter em propriedade substância ilícita, desde que para o consumo pessoal. I - Advertência
relacionada aos efeitos das substâncias entorpecentes; II - prestação de serviços comunitários; III – realização de
alguma medida educativa que requeira o comparecimento do indivíduo a um programa ou curso educativo. O §
1º descreve condutas vinculadas não à posse da droga em si, mas de material para sua preparação ou seu cultivo
em pequena quantidade voltada ao uso pessoal. A pena aplicada é a mesma do caput. Art. 33. Trata-se do tráfico
de drogas, o delito mais comum da legislação. O dispositivo traz uma série de condutas (como importar,
exportar, produzir etc.) substâncias entorpecentes ilícitas. Nota-se que o crime será consumado mesmo que a
troca da posse da droga ocorra de forma gratuita. A pena aplicada é de reclusão de 5 a 15 anos e pagamento de
500 a 1.500 dias-multa. O § 1º traz hipóteses de condutas que serão puníveis com a mesma penalidade. Essas
condutas, ainda que similares (importar, exportar, produzir, etc.), não dizem respeito à droga em si, mas a algum
tipo de insumo ou matéria-prima para produção ou cultivo. A novidade fica para a punição também daquele que
se utiliza de local que tenha propriedade ou posse para realizar qualquer conduta descrita no art. 33. A pena
aplicada é a mesma do caput.
- -9
Quadro 4 - Delitos previstos na Lei de Drogas (2)
Fonte: Elaborado pelo autor com base em BRASIL, 2006b.
# : o quadro continua a descrição dos artigos e das penas, retomando do art. 33: O § 2º traz aPraCegoVer
hipótese não do tráfico em si (marcado pela venda ou posse), mas de induzimento, instigação ou auxílio a alguém
para que utilize alguma droga de maneira ilícita. A pena, certamente menos grave, é de detenção, de 1 a 3 anos, e
multa de 100 a 300 dias-multa. O § 3º versa sobre o mero oferecimento de droga a pessoa que compõe o
relacionamento do agente para consumo em conjunto. A pena também é menos grave, detenção, de 6 meses a 1
ano, e pagamento de 700 a 1.500 dias-multa, com eventual cumulação com as penas previstas no art. 28. Art. 34.
Versa a respeito não da droga ou de insumos, mas de maquinário ou aparelhos que podem ser utilizados para a
fabricação de drogas. As condutas descritas no tipo dizem respeito à fabricação, aquisição ou utilização (entre
outras) de tais ferramentas de forma ilícita. Reclusão, de 3 a 10 anos, e pagamento de 1.200 a 2.000 dias-multa.
Art. 35. Trata-se da associação ao tráfico. É necessário que haja pelo menos duas pessoas para a consumação do
delito. Elas devem ter a intenção conjunta de praticar (de forma reiterada ou não) os delitos dos arts. 33, caput e
§ 1º, e 34. Pena: reclusão, de 3 a 10 anos, e pagamento de 700 a 1.200 dias-multa. Art. 36. O delito em questão
- -10
§ 1º, e 34. Pena: reclusão, de 3 a 10 anos, e pagamento de 700 a 1.200 dias-multa. Art. 36. O delito em questão
reside no ato de financiar ou custear o tráfico de drogas (ou o delito do art. 34). Reclusão de 8 a 20 anos, e
pagamento de 1.500 a 4.000 dias-multa.
Quadro 5 - Delitos previstos na Lei de Drogas (3)
Fonte: Elaborado pelo autor com base em BRASIL, 2006b.
# : o quadro continua a descrição dos artigos e das penas. Art. 37. Trata da atuação como informantePraCegoVer
com grupo ou associação para os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34. Reclusão, de 2 a 6 anos, e
pagamento de 300 a 700 dias-multa. Art. 38. É o crime específico para médico ou quem tenha a capacidade para
prescrever ou ministrar drogas. Trata-se de uma hipótese culposa, de modo que o paciente não necessita de tais
medicamentos (ou que eles sejam ministrados de maneira excessiva). Crime menos grave com pena de detenção,
de 6 meses a 2 anos, além do pagamento de 50 a 200 dias-multa. Art. 39. Trata da condução de embarcação ou
aeronave sob efeito do uso de drogas. É necessário que haja exposição a dano. Trata-se, assim, de delito de
perigo concreto. Crime menos grave de detenção, de 6 meses a 3 anos,além da apreensão do veículo e cassação
da habilitação pelo mesmo prazo da pena privativa de liberdade aplicada. Imposição do pagamento de 200 a 400
dias-multa.
Insta ressaltar que, apesar de a legislação trazer as penas definidas para cada delito, o art. 40 da Lei de Drogas
(BRASIL, 2006b) ainda traz hipóteses em que a pena poderá ser aumentada (de um sexto a dois terços).
Quando a natureza/procedência da substância ou do produto e as suas circunstâncias deixarem evidente o
caráter transnacional do crime.
Quando o agente tiver praticado o delito se valendo de função pública ou de missão de educação, poder familiar,
guarda ou vigilância.
Quando a infração tiver sido praticada em imediações de locais como estabelecimentos prisionais, de ensino e
hospitais.
Quando o crime tiver sido praticado com uso de violência, grave ameaça, emprego de arma de fogo ou outro
processo de intimidação.
Quando realizado entre os estados da Federação ou envolvendo estes e o Distrito Federal.
- -11
Quando realizado entre os estados da Federação ou envolvendo estes e o Distrito Federal.
Quando a prática envolver ou tiver o escopo de afetar criança, adolescente ou quem tenha suprimida sua
capacidade de determinação e compreensão.
Quando o agente financiar/custear a prática delituosa.
Esse aumento poderá incidir nos delitos previstos entre o art. 33 (tráfico de drogas) e o 37 (colaboração).
2.2.2 Procedimento correlato
O procedimento na Lei de Drogas irá depender, inicialmente, se o crime cometido foi aquele constante no seu art.
28 (posse para consumo pessoal) (BRASIL, 2006b). Nesse caso, inexistindo concurso com os demais delitos, o
agente deverá ser processado e julgado nos termos do art. 60 da Lei nº 9.099/1995, uma vez que se trata de
delito de menor potencial ofensivo (BRASIL, 1995).
No delito de tráfico de drogas, o procedimento segue o regramento dos arts. 50 até 59 da Lei Contudo, como bem
menciona Andreucci (2018), algumas considerações devem ser feitas devido à ocorrência de algumas alterações
no CPP (pela Lei nº 11.719/2008).
A primeira alteração de relevância diz respeito ao art. 394, § 4º, do CPP (BRASIL, 1941). Conforme a nova
disposição, parte do procedimento comum (arts. 395 a 398) serão aplicáveis a todos os procedimentos especiais,
ainda que não regulados pelo CPP (RANGEL, 201).
Nesses termos, conforme menciona Andreucci (2018), em que pese à existência de divergências, o melhor
entendimento reside na manutenção do procedimento da Lei de Drogas, com as devidas alterações estabelecidas
pelos arts. 395 a 398 do CPP. Fala-se, portanto, em um rito híbrido para a Lei de Drogas, no qual a defesa prévia,
antes do recebimento da denúncia, deve ocorrer por ser mais garantista.
Após o procedimento mencionado e recebendo o juiz a denúncia, o acusado deverá ser citado para responder à
acusação no prazo de 10 dias (por escrito). O juiz ainda poderá -lo sumariamente, ocorrendo alguma das
hipóteses do art. 397 do CPP (ANDREUCCI, 2018). Poderá o acusado, no momento da defesa prévia, arguir
preliminares, oferecer documentos, especificar provas e até arrolar testemunhas (não excluindo seu direito de
resposta à acusação).
Não sendo caso de absolvição sumária, será de responsabilidade do juiz: determinar uma data para a audiência
de instrução e julgamento (que deve ser realizada em um período de até 30 dias depois do recebimento da
denúncia, a não ser que seja realizada uma avaliação para a verificação de dependência de drogas – caso em que
a audiência mencionada deverá ser realizada em 90 dias); ordenará também a intimação pessoal do acusado e de
seu defensor, além do MP; e requisitará laudos periciais (BRASIL, 2006b).
É importante ainda dar destaque ao fato de que a audiência de instrução e julgamento terá como primeiro ato o
interrogatório do acusado. Posteriormente, haverá a inquirição das testemunhas de acusação e defesa, a
sustentação oral do Ministério Público (prazo de 20 minutos, prorrogáveis por mais 10), a sustentação oral da
defesa (com mesmo prazo) e, por último, a sentença, que deve ser proferida de imediato ou no prazo de dez dias.
VOCÊ QUER VER?
O documentário (2017), dirigido por Wagner Abreu, é uma interessante obraDe Boca em Boca 
para instigar o debate a respeito da repressão ao delito de tráfico de drogas no Brasil. Filmado
em diversas bocas de fumo em Porto Alegre, aborda questões como crimes violentos, jovens no
tráfico e a atuação do Estado nas comunidades periféricas. Assista ao filme acessando o link:
https://www.youtube.com/watch?v=Lh-6v8aPMXw&has_verified=1.
- -12
defesa (com mesmo prazo) e, por último, a sentença, que deve ser proferida de imediato ou no prazo de dez dias.
O juiz ainda deverá decidir sobre o perdimento do produto, além do valor ou bem que eventualmente for
apreendido (ANDREUCCI, 2018).
2.3 Crimes hediondos
A Lei nº 8.072/1990 (Lei dos Crimes Hediondos) foi criada em um momento de grande comoção social. Com o
objetivo de coibir a prática de delitos considerados graves, a lei trouxe um processamento rigoroso para uma
ampla categoria de crimes. Tal rigor, entretanto, foi (e ainda é) criticado por muitos autores, tendo em vista a
suposta contrariedade dispositivos legais e às garantias previstos pela Constituição Federal.
2.3.1 Conceito
O critério estabelecido pelo Brasil para tratar de crimes hediondos é, conforme Delmanto, Delmanto Júnior e
Delmanto (2018), o legal. Isso significa que a própria legislação estabelecerá, de maneira taxativa, quais os
crimes considerados hediondos ou assemelhados. Trata-se da escolha de crimes graves que, por essa razão,
merecem um maior rigor em seu processamento. Esse conceito não é estanque, tendo em vista que a lei já
passou por sérias alterações em relação aos tipos penais presentes em seu art. 1º. Uma recente e importante
alteração é a Lei nº 13.964/2019, também chamada de Lei Anticrime, que trouxe novas previsões de delitos
considerados hediondos, entre elas, pela primeira vez, uma hipótese de furto (com uso de explosivo ou similar).
Ressalta-se que, conforme estabelece o CPP em seu art. 394-A (BRASIL, 1941), os processos responsáveis por
apurar a prática de crime hediondo terão prioridade de tramitação em todas as instâncias.
2.3.2 Crimes hediondos e equiparados
Conforme mencionado, a legislação a respeito dos crimes hediondos passou por diversas alterações no decorrer
dos anos. Isso significa que os delitos com esse rótulo sofreram severas modificações, inclusive recentes.
A legislação, em seu art. 1º e parágrafo único (BRASIL, 1990), menciona expressamente quais delitos são
considerados hediondos. O art. 2º, por sua vez, menciona certas categorias delituosas (previstas em leis
especiais) que receberão igual tratamento. O quadro a seguir detalha esses crimes.
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Quadro 6 - Crimes hediondos e equiparados
Fonte: Elaborado pelo autor com base em BRASIL, 1990.
# : o quadro enumera os delitos considerados hediondos pela Lei nº 8.072/1992, bem como osPraCegoVer
equiparados (tortura, tráfico de drogas e terrorismo), mencionados no art. 2º, recebendo igual tratamento:
Homicídio quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e
homicídio qualificado. Lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § 2º, CP) e lesão corporal seguida
de morte (art. 129, § 3º, CP), quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da
Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da
função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau,
em razão dessa condição. Roubo: circunstanciado pela restrição de liberdade da vítima (art. 157, § 2º, inc. V, CP);
circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (art. 157, § 2º-A, inc. I, CP) ou pelo emprego de arma de fogo de
uso proibido ou restrito (art. 157, § 2º-B, CP); qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou morte (art. 157,
§ 3º, CP). Extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima,ocorrência de lesão corporal ou morte (art.
158, § 3º, CP). Extorsão mediante sequestro e na forma qualificada (art. 159, caput, e §§ 1º, 2º e 3º, CP). Estupro
(art. 213, caput e §§ 1º e 2º, CP). Estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1º, 2º, 3º e 4º, CP). Epidemia com
resultado morte (art. 267, § 1º, CP). Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins
terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput e § 1º, § 1º-A e § 1º-B, CP, com a redação dada pela Lei nº 9.677, de 2
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terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput e § 1º, § 1º-A e § 1º-B, CP, com a redação dada pela Lei nº 9.677, de 2
de julho de 1998). Favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança,
adolescente ou vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º, CP). Furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de
artefato análogo que cause perigo comum (art. 155, § 4º-A, CP). Genocídio. Posse ou porte ilegal de arma de fogo
de uso proibido. Comércio ilegal de armas de fogo. Tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição.
Organização criminosa, quando direcionado à prática de crime hediondo ou equiparado. Tortura (Lei nº 9.455
/1997). Tráfico de drogas (Lei nº 11.343/2006). Terrorismo (Lei nº 13.260/2016).
Tanto os crimes hediondos quanto os equiparados, conforme estabelecido pelo art. 2º, inc. I (BRASIL, 1990), são
insuscetíveis de anistia (esquecimento jurídico das infrações cometidas, conforme o art. 48, inc. VIII, CF), graça
(concessão de clemência pelo Presidente da República, conforme o art. 84, XII, CF) ou indulto (decreto
presidencial de clemência coletiva) (BRASIL, 1988).
Tais crimes são também insuscetíveis de fiança, conforme vedação expressa do art. 2º, inc. II, da Lei dos Crimes
Hediondos (BRASIL, 1990). A redação original, conforme citam Delmanto, Delmanto Júnior e Delmanto (2018),
incluía a vedação à liberdade provisória, o que foi removido pela Lei nº 11.464/2007, de modo que agora existe a
possibilidade de concessão desse benefício a tais delitos.
Antes que a questão procedimental seja abordada, resta ainda mencionar (no contexto do art. 2º) a necessidade
de cumprimento da pena em regime inicialmente fechado. A redação do artigo também foi alterada, tendo em
vista que na anterior o regime fechado deveria ser o regime de cumprimento integral, o que não mais se verifica.
2.3.3 Aspectos penais e processuais penais
Conforme mencionado, não mais subsiste a necessidade de cumprimento de pena de crime hediondo em regime
integralmente fechado. O plenário do STF reconheceu a inconstitucionalidade da redação original do art. 2º, da
Lei nº 8.072/1990, que impedia a progressão de regime. Com a redação dada pela Lei nº 11.464/2007, que
alterou determinados aspectos da Lei dos Crimes Hediondos, o art. 2º, em seu § 1º, passou a dispor que a pena
deveria ser cumprida em regime inicialmente fechado. Essa progressão está disposta no art. 2º, § 2º, da
legislação (BRASIL, 1990), havendo a necessidade de cumprimento de 2/5 da pena (se primário o réu) ou 3/6
(se reincidente).
Entretanto, essa disposição foi expressamente revogada pela chamada Lei Anticrime (nº 13.964/2019). Indaga-
se como será possível tal progressão. Nesse contexto, a Lei de Execuções Penais (nº 7.210/1984) prevê a
progressão em seu art. 112, parágrafos e incisos (BRASIL, 1984).
- -15
Quadro 7 - Crimes hediondos e equiparados: progressão de regime
Fonte: Elaborado pelo autor, com base nas alterações da Lei Anticrime (BRASIL, 2019).
# : o quadro mostra o atual e complexo sistema de progressão de regime. Nota-se que o percentualPraCegoVer
da pena cumprida para que haja a progressão (em delitos hediondos) varia de 40% a 70%: ausência de violência
ou grave ameaça com réu primário – 16%; ausência de violência ou grave ameaça com réu reincidente em crime
sem violência ou grave ameaça – 20%; presença de violência ou grave ameaça com réu primário – 25%;
presença de violência ou grave ameaça com réu reincidente em crime com violência ou grave ameaça – 30%;
hediondo ou equiparado com réu primário – 40%; hediondo ou equiparado com réu reincidente em crime com
violência ou grave ameaça – 60%; hediondo ou equiparado com resultado morte com réu primário – 50%;
hediondo ou equiparado com resultado morte com réu reincidente em crime com violência ou grave ameaça –
70%; comando/liderança de organização criminosa para a prática de crime hediondo ou equiparado – 50%;
constituição de milícia privada – 50%.
A progressão de regime passou a ser mais complexa com a edição da nova lei, não mais limitada às frações antes
estabelecidas.
Além da questão da progressão de regime, a Lei dos Crimes Hediondos ainda possui outras peculiaridades, entre
elas a questão da suspensão condicional da pena. Muito embora antes da Lei nº 11.464/2007 se falasse na
impossibilidade desse benefício, com sua promulgação (que alterou, como citado, a progressão de regime para os
crimes hediondos), a discussão voltou a ocorrer. Desse modo, os tribunais superiores firmaram posicionamento
pela possibilidade da suspensão condicional da pena do condenado, sendo preenchidos os requisitos do art. 77
do CP, conforme aponta Andreucci (2018). O autor também fala da controvérsia existente a respeito da
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do CP, conforme aponta Andreucci (2018). O autor também fala da controvérsia existente a respeito da
possibilidade de a sanção privativa de liberdade ser substituída por uma pena restritiva de direitos, mas
menciona julgados do Supremo Tribunal Federal que admitem tal substituição (ANDREUCCI, 2018).
A Lei nº 8.072/1990, em seu art. 2º, § 3º, estabelece que, na existência de uma sentença de caráter condenatório
(e que seja por crime hediondo), o juiz decidirá (motivadamente) se é possível ao réu apelar em liberdade
(BRASIL, 1990). O Superior Tribunal de Justiça (STJ), já compreendeu que essa proibição não afronta a
presunção de inocência (BRASIL, 2017a).
Outro aspecto de grande relevância diz respeito ao prazo da prisão temporária no caso de crimes hediondos.
Sabe-se que o prazo tradicional para a prisão temporária é de cinco dias (havendo a possível prorrogação por
mais cinco dias, mas apenas nos casos em que houver extrema e justificada necessidade). Na hipótese em que
tiver sido praticado um crime hediondo ou equiparado, sabe-se que há uma maior necessidade de atuação do
poder punitivo e do rigor penal. Por esse motivo, foi estipulado maior prazo para a prisão temporária no caso em
que tais delitos praticados. O prazo, nesses casos, será de 30 dias. Nota-se que, da mesma forma que na forma
original, é possível que esse período possa ser prorrogado por mais 30 dias, havendo, mais uma vez, extrema e
comprovada necessidade (BRASIL, 1990).
Importante ressaltar que o art. 5º da legislação estudada (BRASIL, 1990) alterou o art. 83, do CP, que trata da
possibilidade de livramento condicional. Este código traz requisitos específicos para que esse benefício seja
concedido. Com tal alteração, deverá ainda ocorrer o cumprimento de mais de 2/3 da pena que for determinada,
caso haja condenação por crime considerado hediondo ou equiparado.
É também de grande destaque o art. 8 da lei estudada. O dispositivo menciona que a pena para o delito de
associação criminosa (art. 288, CP) será de três a seis anos de reclusão quando a associação for para a prática de
crime hediondo ou equiparado (BRASIL, 1990).
Nota-se, caro aluno, que para esse caso ainda será possível ocorrer a colaboração premiada. Nesse caso, se o
denunciante da associação trouxer informações úteis que acabem levando à extinção dessa associação, será
possível a concessão de redução da pena em até 2/3 (BRASIL, 1990).
2.4 Crimes contra a honra e violência doméstica
Os delitos contra a honra e o debate acerca da violência doméstica são duas temáticas de grande importância,
tanto para o direito penal quanto para o processo penal. Embora não sejam assuntos de surgimento recente, a
discussão a respeito desses temas é constante, o que faz com que haja grande incidência de tais tópicos nos maisvariados tipos de prova.
Discute-se muito, nos dias atuais, a incidência de crimes contra a honra no contexto da internet. Essa discussão
VOCÊ SABIA?
Conforme o art. 10 da Lei dos Crimes Hediondos, a contagem dos prazos procedimentais nos
casos dos crimes previstos nos arts. 12, 13 e 14 da Lei nº 6.368/1976 serão contados em
dobro. Tal legislação mencionada se trata da antiga Lei de Drogas, substituída pela atual Lei nº
11.343/2006. Essa revogação faz com que o disposto no art. 10 perca sua eficácia, tendo em
vista que os prazos procedimentais são tratados especificamente nos artigos 48 e 59 da nova
legislação (BRASIL, 1990).
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Discute-se muito, nos dias atuais, a incidência de crimes contra a honra no contexto da internet. Essa discussão
se torna ainda mais acalorada com o aumento da disseminação de notícias falsas (as chamadas ). É defake news
grande importância, portanto, saber quais são os delitos contra a honra e qual a diferença entre eles.
No que diz respeito ao tema violência doméstica, sua discussão nunca cessou, haja vista os números crescentes
de delitos praticados nesse contexto no Brasil. É de extrema importância que o assunto seja estudado, tanto no
seu aspecto teórico quanto dogmático, ainda mais com a incidência e alteração das recentes leis nº 13.827/2019
e nº 13.894/2019.
É importante ressaltar que as temáticas se encontram em instrumentos diversos. Os crimes contra a honra são
estabelecidos no Código Penal, muito embora o procedimento para seu processamento se encontre no CPP. A
violência doméstica, por sua vez, encontra seu principal tratamento na Lei nº 11.340/2006, a chamada Lei Maria
da Penha.
Atenção, caro estudante, aos destaques aqui presentes, tendo em vista o crescente debate relacionado a esses
assuntos na atualidade.
2.4.1 Crimes contra a honra (revisão) e procedimento correlato
Três são os crimes contra a honra estabelecidos no Código Penal: calúnia, difamação e injúria (BRASIL, 1940).
O delito de calúnia, previsto no art. 138, CP (BRASIL, 1940), é uma falsa imputação a outrem de uma conduta
criminosa. Trata-se, por exemplo, do caso em que alguém afirmar que outro realizou diversos furtos em uma
determinada loja. Conforme leciona Prado (2019), qualquer pessoa pode compor o polo de sujeito ativo e
passivo do delito; não há, portanto, necessidade especial para o autor ou a vítima dessa infração. Tutela-se a
honra objetiva, e o crime pode ocorrer por meio de qualquer meio, inclusive digital (não se admite, contudo, a
tentativa na calúnia verbal). Consuma-se com o conhecimento do ato por terceiro. A pena cominada pela
legislação é de seis meses a dois anos de detenção (BRASIL, 1940). Também será aplicada a pena de multa. O §3º
do mencionado artigo permite, contudo, a exceção da verdade.
A difamação diz respeito à imputação a alguém de fato que seja ofensivo à sua reputação, conforme o art. 139
(BRASIL, 1940). Como também menciona Prado (2019), trata-se de delito que pode ser praticado por qualquer
pessoa contra qualquer pessoa, inclusive pessoas jurídicas. Um exemplo claro é do indivíduo que afirma que
outro, que se considera uma pessoa sem vícios, frequenta ambientes de bares e festas e se embriaga com
frequência. Muito embora não seja um delito se embriagar (o que consistiria em calúnia, caso fosse), trata-se de
um fato considerado potencialmente ofensivo pela vítima.
Da mesma forma que a calúnia, não é admitida a tentativa de difamação feita pelo meio verbal (mas pode ser
discutida a tentativa no caso de cartas ou instrumento similar), e a consumação ocorre com o conhecimento da
imputação por terceiro. A pena é de detenção de três meses a um ano, além da imposição de multa. A exceção da
verdade é admitida no parágrafo único do art. 139 do CP, mas apenas se o ofendido for funcionário público e a
ofensa tiver relação com sua função (BRASIL, 1940).
A injúria (art. 140), por sua vez, é uma ofensa à dignidade ou ao decoro de outrem. Estão excluídos do polo
passivo indivíduos que não possuem capacidade cognitiva para essa compreensão (BRASIL, 1940). É uma ofensa
à honra subjetiva de alguém (PRADO, 2019). Nesse caso, pode-se ter como exemplo aquela pessoa que se utiliza
de expressões para manchar a imagem de outra, tais como “ladrão”; “bêbado” ou qualquer outra. Para esse caso,
não é necessário que se impute um fato. Destaca-se o § 3º, chamado de injúria racial, que traz como sanção a
reclusão por um período de um ano até três anos, além de multa. Nesse caso, a injúria deve ser embasada no uso
de características ligadas a raça, cor, etnia, religião, origem ou condição de pessoa idosa ou portadora de
deficiência (BRASIL, 1940).
Calúnia Falsa imputação de conduta criminosa.
Difamação Imputação de fato ofensivo à reputação.
Injúria Ofensa à dignidade ou ao decoro.
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Injúria Ofensa à dignidade ou ao decoro.
Importante lembrar que a ação penal nos crimes contra a honra, conforme mencionado por Prado (2019), é
privada quanto a sua iniciativa, de modo que deve ser exercida pelo ofendido ou por meio de seu representante
legal. Nesses casos, diferentemente da ação pública, a ação terá início por meio da queixa-crime.
Os delitos de calúnia e injúria, por sua vez, possuem procedimento de processamento e julgamento específico,
previsto no CPP, nos arts. 519 a 523. Alguns autores mencionam que o procedimento ainda abrange o delito de
difamação (TÁVORA; ALENCAR, 2020).
Destaca-se, nesse procedimento, o art. 520, que traz a possibilidade de o juiz às partes oportunidade para
reconciliação. A queixa será arquivada, caso haja tal reconciliação, nos termos do art. 522 (BRASIL, 1941).
Menciona-se, por fim, que pelas penas em abstrato previstas, são considerados delitos de menor potencial
ofensivo, de modo que tais delitos vêm sendo processados conforme a legislação dos Jecrim. O procedimento
específico, portanto, acabou se restringindo a poucos delitos, como os crimes no campo eleitoral e militar, por
não haver juizado especial nessas áreas (TÁVORA; ALENCAR, 2020).
2.4.2 Violência doméstica
Uma triste ocorrência, habitual no país, trata-se da violência doméstica, que a cada ano atinge números
alarmantes, ainda que haja uma constante tentativa, por parte do direito, de coibi-la.
Como principal ferramenta de inibição de tais condutas, existe a Lei nº 11.340/2006, conhecida como Lei Maria
da Penha, que possui, entre suas disposições, a possibilidade de aplicação de medidas protetivas de urgência.
Pode-se dizer, portanto, que a referida legislação não visa somente à repressão, mas ressalta o caráter essencial
da prevenção.
A chamada Lei Maria da Penha (nº 11.340/2006) foi sancionada em agosto de 2006, tratando especificamente
do combate à violência doméstica. Tem seu objetivo claramente descrito em seu art. 1º (BRASIL, 2006a):
Art. 1º Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a
mulher, nos termos do da Convenção sobre a Eliminação de§ 8º do art. 226 da Constituição Federal, 
Todas as Formas de Violência contra a Mulher, da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e
Erradicar a Violência contra a Mulher e de outros tratados internacionais ratificados pela República
Federativa do Brasil; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a
Mulher; e estabelece medidas de assistência e proteção às mulheres em situação de violência
doméstica e familiar.
É certo, contudo, que a legislação, por si, é impotente na erradicação da violência doméstica ou de gênero. Para
VOCÊ O CONHECE?
A Lei Maria da Penha é uma menção a Maria da Penha Maia Fernandes, farmacêutica e vítima
de violência doméstica durante 23 anos de casamento, chegando a ficar paraplégica. Nunca
tendo denunciado por medo de exposição de sua vida e de suas filhas, foi feita, muito tempo
depois uma denúncia pública, na qual o réu foi condenado pelo Tribunal do Júri. Por esse fato,
o Brasil foi condenado por negligência pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos
(CAMPOS, 2007).
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm- -19
É certo, contudo, que a legislação, por si, é impotente na erradicação da violência doméstica ou de gênero. Para
que se possa debater a erradicação de tais crimes, é preciso se valer de amplas medidas sociais e de mudanças de
cunho estrutural na sociedade, o que abrange, inclusive, medidas extrapenais (ANDREUCCI, 2018).
Nota-se que a lei define, em primeiro lugar, o que é a violência doméstica (em seu art. 5º), considerando como tal
qualquer ação ou omissão que seja baseada no gênero, resultando em morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou
psicológico, além de dano moral e patrimonial (BRASIL, 2006a). Não obstante, para que a violência passe a ser
considerada doméstica, são necessários três requisitos (alternativos, precisando que apenas um se configure
para ensejar a sua caracterização).
A prática da violência.
1) Na unidade doméstica.
2) No âmbito da própria família.
3) Em qualquer relação íntima de afeto.
Conforme mencionado, há diversos tipos de violência. Essas categorias são definidas pela própria lei (todas no
art. 7º) e reconhecidas como violência: a) física (inc. I); b) psicológica (inc. II); c) sexual (inc. III); d) patrimonial
(inc. IV); e) moral (inc. V) (BRASIL, 2006a).
Violência física
Art. 7º, inc. I.
Violência psicológica
Art. 7º, inc. II.
Violência sexual
Art. 7º, inc. III.
Violência patrimonial
Art. 7º, inc. IV.
Violência moral
Art. 7º, inc. V (BRASIL, 2006a).
Lembre-se que a legislação dos Juizados Especiais (Lei nº 9.099/1995) estabelece uma série de restrições quanto
aos crimes que podem ser neles processados. Vale dizer, portanto, que ainda que o delito praticado seja de
menor potencial ofensivo, se ele for cometido dentro do contexto de violência doméstica, não correrá sua ação
no Jecrim. Isso ocorre devido ao fato de que os juizados buscam tratar de delitos menos graves. Diante da
gravidade que é a violência doméstica, faz-se necessário um tratamento próprio, que é feito no âmbito do Juizado
de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, de competência e criminal, nos termos do art. 14 da
legislação (BRASIL, 2006a). Vale destacar que esta legislação trata dos procedimentos desse juizado no Título IV,
a partir do art. 13.
Por fim, é preciso ressaltar a existência de medidas integradas de prevenção (previstas no Título III da
legislação), que são outro ponto de grande destaque para a lei. Elas dependem de um complexo de ações que
devem ser realizadas por meio de atitudes da União, além dos estados, do Distrito Federal, dos municípios e
também de ações não governamentais (BRASIL, 2006a).
VOCÊ QUER LER?
A obra , da autora brasileira Heleieth Saffioti, é de extremaGênero, patriarcado, violência
importância a todos que buscam compreender o fenômeno da violência doméstica. Ao discutir
os conceitos fundamentais que dão nome à obra, a autora busca explicar a violência como um
problema sistemático, ligado à própria estrutura da sociedade (SAFFIOTI, 2011).
- -20
Pode-se dizer que os juizados mencionados são um grande avanço da Lei Maria da Penha. Eles são responsáveis
por centralizar em um mesmo procedimento judicial todos os meios de garantia dos direitos da mulher que
passa por uma situação de violência doméstica/familiar, conforme estabelecido no art. 14, da Lei 11.340/2006
(BRASIL, 2006a). Dessa forma, pode-se dizer que o mesmo juiz será capaz de julgar o pedido de separação
conjugal, a ação de alimentos, mas excluída a pretensão ligada à partilha de bens (conforme alteração pela Lei nº
13.894/2019) (BRASIL, 2006a).
Nota-se que os atos processuais podem ser realizados, inclusive, em horário noturno. Isso ocorre para que se
possa atender os casos sempre que necessário, tendo em vista as consequências que podem vir a ocorrer caso as
medidas demorem para serem tomadas (BRASIL, 2006a).
É ligada a essa necessidade de proteção que se destacam, por fim, as medidas protetivas de urgência presentes
na Lei Maria da Penha. São medidas que buscam impedir a ocorrência de novas agressões (ou qualquer das
espécies de violência mencionadas). Essas medidas podem ter como objeto especificamente o agressor
(conforme o art. 22) ou a própria ofendida (nos termos do art. 23). O descumprimento da decisão que as defere
pode, inclusive, levar a ser processado criminalmente. A pena por tal descumprimento pode chegar a até dois
anos de detenção, conforme estabelecido pelo art. 24-A (BRASIL, 2006a).
Conclusão
Nesta unidade, você teve a oportunidade de analisar diferentes procedimentos de diferentes legislações, como a
nova Lei de Drogas e a Lei dos Crimes Hediondos. A unidade foi importante para destacar não a previsão legal
dos delitos (com suas respectivas penas), mas também para abordar questões processuais de grande relevância,
tendo em vista que o próprio CPP não detém todas as informações de processamento de todas as categorias
delitivas. De modo geral, a unidade ainda trouxe algumas questões teóricas, com uma introdução ao estudo da
violência doméstica, inclusive com sugestões para o aprofundamento do assunto. Nesse sentido, alguns objetivos
foram alcançados, tais como:
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
• a realização de uma análise a respeito dos delitos de trânsito;
• o conhecimento quanto aos crimes e às penas previstos na Lei de Drogas;
• a compreensão de especificidades dos ritos especiais e em que pontos estes se diferenciam do 
procedimento comum.
Bibliografia
ANDREUCCI, R. A. . 13. ed. atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2018.Legislação especial
BRASIL. [Constituição (1988)]. . Brasília, DF:Constituição da República Federativa do Brasil de 1988
Presidência da República, [2020]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao
/constituicao.htm. Acesso em: 28 abr. 2020.
BRASIIL. . Código Penal. Rio de Janeiro: Presidência daDecreto-lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940
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Drogas - Sisnad; prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserçãosocial de usuários e
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drogas; define crimes e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, [2019]. Disponível em:
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	Introdução
	2.1 Crimes de trânsito
	2.1.1 Crimes em espécie
	2.1.2 Rito
	2.2 Drogas e rito processual
	2.2.1 Crimes na Lei de Drogas
	2.2.2 Procedimento correlato
	2.3 Crimes hediondos
	2.3.1 Conceito
	2.3.2 Crimes hediondos e equiparados
	2.3.3 Aspectos penais e processuais penais
	2.4 Crimes contra a honra e violência doméstica
	2.4.1 Crimes contra a honra (revisão) e procedimento correlato
	2.4.2 Violência doméstica
	Conclusão
	Bibliografia

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