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APG 34 - ENVELHECIMENTO

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Objetivos 
 
• Diferenciar senilidade e senescência 
• Discorrer sobre a fisiologia do processo de 
envelhecimento 
• Identificar os fatores que corroboram com a 
qualidade do envelhecimento 
• Conhecer a política de saúde do idoso. 
 
Senilidade x senescencia 
 
Ambos estão ligados ao envelhecimento, no entanto, 
são quadros com impactos muito diferentes sobre a 
saúde. 
 
Senescência 
Abrange todas as alterações produzidas no 
organismo de um ser vivo e que são diretamente 
relacionadas a sua evolução no tempo, sem nenhum 
mecanismo de doença reconhecido. São, portanto, 
as alterações pelas quais o corpo passa e que são 
decorrentes de processos fisiológicos, que não 
caracterizam doenças e são comuns a todos os 
elementos da mesma espécie, com variações 
biológicas. 
 
São exemplos de senescência a queda ou o 
embranquecimento doa cabelos, a perda de 
flexibilidade da pele e o aparecimento de rugas. 
 
Senilidade 
É um complemento da senescência no fenômeno do 
envelhecimento. É definida como as condições que 
acometem o individuo no decorrer da vida baseadas 
em mecanismos fisiopatológicos. São, dessa forma, 
doenças que comprometem a qualidade de vida das 
pessoas, mas não são comuns a todas elas em uma 
mesma faixa etária. 
 
Assim são a perda hormonal no homem que impede 
a fertilidade, a osteoartrose, a depressão e o 
diabetes, entre outros comprometimentos. Todas 
essas circunstancias não são normais da idade e 
nem comuns a todos os idosos, por isso são 
caracterizadas como quadro de senilidade. 
 
Fisiologia 
 
O envelhecimento fisiológico compreende uma série 
de alterações nas funções orgânicas devido 
exclusivamente aos efeitos da idade avançada sobre 
o organismo, fazendo com que o mesmo perca a 
capacidade de manter o equilíbrio homeostático e 
que todas as funções fisiológicas gradualmente 
comecem a declinar. 
 
As alterações fisiológicas do envelhecimento nos 
diversos sistemas do organismo são: 
 
Sistema nervoso 
Alterações anatômicas: 
• Diminuição do peso cerebral a partir da sexta 
década para mulher e a sétima década para os 
homens. 
• Diminuição do volume em ate 200 cm3. 
• Redução da largura dos giros. 
• Redução nas partes anteriores do corpo caloso. 
• Alargamento e aumento do volume médio dos 
ventrículos de 16 ml, 18 e 40 anos, e de 56 ml 
acima de 61 anos. 
• Aumento do líquor. 
• Redução do peso do cerebelo. 
• Espessamento meníngeo. 
• Perda neuronal. 
Alterações histológicas e patológicas: 
• Retração neuronal e de todos os tecidos os 
espaços interneuronais. 
• A árvore dendrítica continua rica, mesmo 
comparada às dos jovens. 
• Aumento da árvore dendrítica de algumas áreas 
corticais e células piramidais do hipocampo, de 
40 a 79 ano; segue-se uma diminuição de 80-99 
anos, atribuível a uma tentativa dos neurônios 
remanescentes de compensar as perdas 
relacionadas com a idade, demonstrando a 
plasticidade neuronal. Somente em idades 
Envelhecimento 
muito avançadas haveria falência desse 
mecanismo compensador. 
• Queda de 50% a partir da oitava década 
comparada à quinta e à sexta décadas, 
observada na primeira camada do córtex motor 
pré-central. Simultaneamente ocorre aumento 
das sinapses remanescentes, interpretado 
como mecanismo compensador. 
• O efeito do acúmulo de lipofucsina (pigmento) 
sobre a função neuronal não é conhecido ainda, 
não estando associado necessariamente com a 
morte celular. A lipofucsina pode dificultar o 
processo de eliminação de substâncias tóxicas 
residuais pelos neurônios e contribuir para a 
degeneração celular. 
• Placas senis- são formadas pelo peptídeo beta-
amilóide sem a presença de prolongamentos 
neuronais alterados em idosos não-dementes. 
• Angiopatia amiloide cerebral: deposição 
extracelular do peptídeo beta-amilóide na 
parede das pequenas artérias, arteríolas e 
capilares da leptomeninge e do cótex cerebral, 
especialmente na parede dos lobos parietal e 
occipital. 
Alterações nos neurotransmissores: 
• Diminuição dos níveis de acetilcolina, 
receptores colinérgicos, ácido gama 
aminobutínico, serotonina e catecolaminas. 
• Diminuição de colina acetiltransferase na 
doença de Alzheimer. 
• Diminuição da dopamina na doença de 
Parkinson. 
• Aumento de concentração de noradrenalina e 
do ácido 5-hidroxiindolacético (metabolito da 
serotonina) no líquido cefalorraquidiano de 
indíviduos idosos. 
• Memória → Glutamato→ principal ácido gama-
aminobutírico (GABA). 
• Aumento da MAO. 
• Memória de curta duração: é regulada pelos 
receptores dopaminérgicos, noradrenérgicos, 
serotoninérgicos e colinérgicos do hipocampo, 
no córtex entorrinal e no córtex parietal 
posterior. 
• A memória de longa duração é fortemente 
modulada pelos receptores dopaminérgicos, 
noradrenérgicos, serotoninérgicos e 
colinérgicos muscarínicos no hipocampo, no 
córtex entorrinal, no córtex cingulado e no 
córtex parietal posterior. 
 
Sistema circulatório 
Pericárdio 
• Espessamento fibroso: hialização. 
• Aumento da taxa de gordura 
(Subpericárdica) 
Endocárdio Mural 
• Espessamento fibroelástico 
• Fragmentação, esclerose e acelularidade da 
camada elástica 
• Infiltração gordurosa 
• Substituição de tecido muscular por tecido 
conectivo 
Miocárdio 
• Acúmulo de gordura 
• Fibrose intersticial 
• Depósito de lipofuscina 
• Atrofia fosca 
• Degeneração basofílica 
• Hipertrofia concêntrica 
• Calcificação 
• Amiloidose 
Valvas 
• Calcificação do anel valvar 
• Degeneração mixomatosa 
Aórtica 
• Excrescências de Lambi 
• Calcificação 
• Amioidose 
Tecido específico 
• Acúmulo de gordura: infiltração gordurosa 
• Redução da musculatura específica e 
aumento de tecido colágeno 
• Fibrose 
• Atrofia celular 
• Calcificação propagada 
• Processos esclerodegenerativos 
Artérias Coronárias 
• Alterações de parede: perda de fibras 
elásticas e aumento do colágeno, depósito 
de lipídeos; calcificação; amiloidose. 
• Alteração do trajeto = tortuosidade 
• Alterações do calibre = dilatação 
Alterações anatômicas do coração no idoso 
• Diminuição do número dos miócitos 
(necrose e apoptose) 
• Aumento do volume dos miócitos 
• Alteração das propriedades do colágeno 
• Relação miócito/colágeno inalterada. 
• Aumento da espessura e massa do 
ventrículo esquerdo. 
• Aumento do átrio esquerdo. 
 
Sistema respiratório 
Pulmão 
• Aumento do espaço morto 
• Alargamento e calcificação das cartilagens 
traqueais e brônquicas 
• Redução da área de superfície de volume 
• Aumento do diâmetro dos ductos alveolares 
achatamento dos sacos alveolares redução da 
superfície alveolar. 
• Redução do clearance mucociliar 
Parede torácica 
• Aumento da rigidez 
• Calcificação das cartilagens costais 
• Calcificação das superfícies articulares das 
costelas 
• Redução do espaço intervertebral 
• Aumento da sensibilidade à pressão intra-
abdominal 
• Redução da mobilidade do gradeado costal 
Músculos Respiratórios 
• Redução da força e massa muscular 
De modo geral 
• Redução da elasticidade pulmonar 
• Aumento da complacência pulmonar 
• Redução da capacidade de difusão de oxigênio 
• Fechamento prematuro das vias aéreas 
• Fechamento das pequenas vias aéreas 
• Redução dos fluxos expiratórios. 
 
Sistema Digestório 
• Elevação do tempo de esvaziamento gástrico. 
• Redução da secreção de ácido clorídrico 
• Diminuição do fator intrínseco da mucosa 
gástrica necessário para absorção da vit. B12. 
• Diminuição da absorção de ferro. 
• Aumento da colonização da mucoso gástrica 
por H.pilory com a idade. 
• Redução da secreção de lípase e de 
bicarbonato pelo pâncreas(Redução do peso). 
• Trânsito intestinal mais lento. 
 
Aparelho Urinário 
• Diminuição do peso renal 
• Diminuição da área de filtração 
• Diminuição da elasticidade dos vasos 
• Atrofia glomerular 
• Diminuição do fluxo sanguíneo renal 
• Diminuição do ritmo de filtração glomerular 
• Função tubular renal se mantém preservada 
• Incontinência urinária 
 
Sistema endócrino 
• Diminuição do GH 
Mulheres: diminuição do estradiole testosterona 
Homens: diminuição da testosterona total e livre 
• Diminuição da captação tireoideana do iodo 
 
Sistema Osteoarticular e muscular 
• Perda do tecido ósseo 
• Desgaste dos ossos maxilar e mandibular 
• Perda de 1 a 2% da massa muscular ao ano após 
a sexta década de vida sarcopenia 
Obs: O estilo de vida contribui para o agravamento 
ou atenuação dessas modificações. 
 
Qualidade do envelhecimento 
 
O envelhecimento é um fenômeno complexo que 
está exigindo, cada vez mais, estudos 
multidisciplinares para seu melhor entendimento e 
compreensão. O envelhecimento ativo foi definido 
pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como “o 
processo de otimização das oportunidades de 
saúde, participação e segurança, com o objetivo de 
melhorar a qualidade de vida à medida que as 
pessoas ficam mais velhas”. De modo geral, este 
conceito parte do pressuposto de que envelhecer 
significa favorecer oportunidades para que os 
indivíduos possam optar por estilos de vida 
saudáveis e, ainda, fazer controle do próprio status 
de saúde e melhorar sua qualidade de vida. 
De acordo também com a OMS, qualidade de vida é 
a “percepção do indivíduo de sua posição na vida 
em relação ao contexto e sistemas de valores nos 
quais se insere bem como seus objetivos, 
expectativas, padrões e preocupações”. Trata-se de 
um amplo conceito de classificação, afetado de 
modo complexo pela saúde física do indivíduo, 
estado psicológico, relações sociais, nível de 
independência e pelas suas relações com as 
características mais relevantes do seu meio 
ambiente. A qualidade de vida dos idosos pode ser 
muito boa ou, pelo menos, preservada desde que os 
indivíduos permaneçam ativos, com autonomia e 
independência, boa saúde física e relações sociais. 
 
Fatores determinantes 
• Transversais: cultura e gênero 
• Sistemas de saúde e serviço social: promoção 
da saúde e prevenção de doenças, serviços 
curativos, assistência a longo prazo, serviços 
de saúde mental. 
• Comportamentais: tabagismo, atividade física, 
alimentação saudável, saúde oral, álcool, 
medicamentos. 
• Aspectos pessoais: biologia e genética, fatores 
psicológicos. 
• Ambiente físico: moradia segura, quedas, água 
limpa, ar puro e alimentos seguros. 
• Ambiente social: apoio social, educação. 
• Econômico: renda e trabalho. 
Politica de Saude do Idoso 
A finalidade primordial da Política Nacional de 
Saúde da Pessoa Idosa é recuperar, manter e 
promover a autonomia e a independência dos 
indivíduos idosos, direcionando medidas coletivas e 
individuais de saúde para esse fim, em consonância 
com os princípios e diretrizes do Sistema Único de 
Saúde. É alvo dessa política todo cidadão e cidadã 
brasileiros com 60 anos ou mais de idade. 
São apresentadas abaixo as diretrizes da Política 
Nacional de Saúde da Pessoa Idosa: 
a) promoção do envelhecimento ativo e saudável; 
b) atenção integral, integrada à saúde da pessoa 
idosa; 
c) estímulo às ações intersetoriais, visando à 
integralidade da atenção; 
d) provimento de recursos capazes de assegurar 
qualidade da atenção à saúde da pessoa idosa; 
e) estímulo à participação e fortalecimento do 
controle social; 
f) formação e educação permanente dos 
profissionais de saúde do SUS na área de saúde 
da pessoa idosa; 
g) divulgação e informação sobre a Política 
Nacional de Saúde da Pessoa Idosa para 
profissionais de saúde, gestores e usuários do 
SUS; 
h) promoção de cooperação nacional e 
internacional das experiências na atenção à 
saúde da pessoa idosa; e 
i) apoio ao desenvolvimento de estudos e 
pesquisas. 
 
Referencias 
CANCELA, Diana Manuela Gomes. O processo de 
envelhecimento. Trabalho realizado no Estágio de 
Complemento ao Diploma de Licenciatura em 
Psicologia pela Universidade Lusíada do Porto, v. 3, 
2007. 
 
PILGER, Calíope et al. Compreensão sobre o 
envelhecimento e ações desenvolvidas pelo 
enfermeiro na atenção primária à saúde. Ciencia y 
enfermeria, v. 19, n. 1, p. 61-73, 2013. 
 
GONTIJO, Suzana. Envelhecimento ativo: uma 
política de saúde. In: Envelhecimento ativo: uma 
política de saúde. 2005. p. 60-60. 
 
Campos, Ana Cristina Viana, Ferreira, Efigenia 
Ferreira e e Vargas, Andréa Maria 
DuarteDeterminantes do envelhecimento ativo 
segundo a qualidade de vida e gênero. Ciência & 
Saúde Coletiva [online]. 2015, v. 20, n. 7 [Acessado 3 
Dezembro 2021] , pp. 2221-2237.

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