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Objetivos • Diferenciar senilidade e senescência • Discorrer sobre a fisiologia do processo de envelhecimento • Identificar os fatores que corroboram com a qualidade do envelhecimento • Conhecer a política de saúde do idoso. Senilidade x senescencia Ambos estão ligados ao envelhecimento, no entanto, são quadros com impactos muito diferentes sobre a saúde. Senescência Abrange todas as alterações produzidas no organismo de um ser vivo e que são diretamente relacionadas a sua evolução no tempo, sem nenhum mecanismo de doença reconhecido. São, portanto, as alterações pelas quais o corpo passa e que são decorrentes de processos fisiológicos, que não caracterizam doenças e são comuns a todos os elementos da mesma espécie, com variações biológicas. São exemplos de senescência a queda ou o embranquecimento doa cabelos, a perda de flexibilidade da pele e o aparecimento de rugas. Senilidade É um complemento da senescência no fenômeno do envelhecimento. É definida como as condições que acometem o individuo no decorrer da vida baseadas em mecanismos fisiopatológicos. São, dessa forma, doenças que comprometem a qualidade de vida das pessoas, mas não são comuns a todas elas em uma mesma faixa etária. Assim são a perda hormonal no homem que impede a fertilidade, a osteoartrose, a depressão e o diabetes, entre outros comprometimentos. Todas essas circunstancias não são normais da idade e nem comuns a todos os idosos, por isso são caracterizadas como quadro de senilidade. Fisiologia O envelhecimento fisiológico compreende uma série de alterações nas funções orgânicas devido exclusivamente aos efeitos da idade avançada sobre o organismo, fazendo com que o mesmo perca a capacidade de manter o equilíbrio homeostático e que todas as funções fisiológicas gradualmente comecem a declinar. As alterações fisiológicas do envelhecimento nos diversos sistemas do organismo são: Sistema nervoso Alterações anatômicas: • Diminuição do peso cerebral a partir da sexta década para mulher e a sétima década para os homens. • Diminuição do volume em ate 200 cm3. • Redução da largura dos giros. • Redução nas partes anteriores do corpo caloso. • Alargamento e aumento do volume médio dos ventrículos de 16 ml, 18 e 40 anos, e de 56 ml acima de 61 anos. • Aumento do líquor. • Redução do peso do cerebelo. • Espessamento meníngeo. • Perda neuronal. Alterações histológicas e patológicas: • Retração neuronal e de todos os tecidos os espaços interneuronais. • A árvore dendrítica continua rica, mesmo comparada às dos jovens. • Aumento da árvore dendrítica de algumas áreas corticais e células piramidais do hipocampo, de 40 a 79 ano; segue-se uma diminuição de 80-99 anos, atribuível a uma tentativa dos neurônios remanescentes de compensar as perdas relacionadas com a idade, demonstrando a plasticidade neuronal. Somente em idades Envelhecimento muito avançadas haveria falência desse mecanismo compensador. • Queda de 50% a partir da oitava década comparada à quinta e à sexta décadas, observada na primeira camada do córtex motor pré-central. Simultaneamente ocorre aumento das sinapses remanescentes, interpretado como mecanismo compensador. • O efeito do acúmulo de lipofucsina (pigmento) sobre a função neuronal não é conhecido ainda, não estando associado necessariamente com a morte celular. A lipofucsina pode dificultar o processo de eliminação de substâncias tóxicas residuais pelos neurônios e contribuir para a degeneração celular. • Placas senis- são formadas pelo peptídeo beta- amilóide sem a presença de prolongamentos neuronais alterados em idosos não-dementes. • Angiopatia amiloide cerebral: deposição extracelular do peptídeo beta-amilóide na parede das pequenas artérias, arteríolas e capilares da leptomeninge e do cótex cerebral, especialmente na parede dos lobos parietal e occipital. Alterações nos neurotransmissores: • Diminuição dos níveis de acetilcolina, receptores colinérgicos, ácido gama aminobutínico, serotonina e catecolaminas. • Diminuição de colina acetiltransferase na doença de Alzheimer. • Diminuição da dopamina na doença de Parkinson. • Aumento de concentração de noradrenalina e do ácido 5-hidroxiindolacético (metabolito da serotonina) no líquido cefalorraquidiano de indíviduos idosos. • Memória → Glutamato→ principal ácido gama- aminobutírico (GABA). • Aumento da MAO. • Memória de curta duração: é regulada pelos receptores dopaminérgicos, noradrenérgicos, serotoninérgicos e colinérgicos do hipocampo, no córtex entorrinal e no córtex parietal posterior. • A memória de longa duração é fortemente modulada pelos receptores dopaminérgicos, noradrenérgicos, serotoninérgicos e colinérgicos muscarínicos no hipocampo, no córtex entorrinal, no córtex cingulado e no córtex parietal posterior. Sistema circulatório Pericárdio • Espessamento fibroso: hialização. • Aumento da taxa de gordura (Subpericárdica) Endocárdio Mural • Espessamento fibroelástico • Fragmentação, esclerose e acelularidade da camada elástica • Infiltração gordurosa • Substituição de tecido muscular por tecido conectivo Miocárdio • Acúmulo de gordura • Fibrose intersticial • Depósito de lipofuscina • Atrofia fosca • Degeneração basofílica • Hipertrofia concêntrica • Calcificação • Amiloidose Valvas • Calcificação do anel valvar • Degeneração mixomatosa Aórtica • Excrescências de Lambi • Calcificação • Amioidose Tecido específico • Acúmulo de gordura: infiltração gordurosa • Redução da musculatura específica e aumento de tecido colágeno • Fibrose • Atrofia celular • Calcificação propagada • Processos esclerodegenerativos Artérias Coronárias • Alterações de parede: perda de fibras elásticas e aumento do colágeno, depósito de lipídeos; calcificação; amiloidose. • Alteração do trajeto = tortuosidade • Alterações do calibre = dilatação Alterações anatômicas do coração no idoso • Diminuição do número dos miócitos (necrose e apoptose) • Aumento do volume dos miócitos • Alteração das propriedades do colágeno • Relação miócito/colágeno inalterada. • Aumento da espessura e massa do ventrículo esquerdo. • Aumento do átrio esquerdo. Sistema respiratório Pulmão • Aumento do espaço morto • Alargamento e calcificação das cartilagens traqueais e brônquicas • Redução da área de superfície de volume • Aumento do diâmetro dos ductos alveolares achatamento dos sacos alveolares redução da superfície alveolar. • Redução do clearance mucociliar Parede torácica • Aumento da rigidez • Calcificação das cartilagens costais • Calcificação das superfícies articulares das costelas • Redução do espaço intervertebral • Aumento da sensibilidade à pressão intra- abdominal • Redução da mobilidade do gradeado costal Músculos Respiratórios • Redução da força e massa muscular De modo geral • Redução da elasticidade pulmonar • Aumento da complacência pulmonar • Redução da capacidade de difusão de oxigênio • Fechamento prematuro das vias aéreas • Fechamento das pequenas vias aéreas • Redução dos fluxos expiratórios. Sistema Digestório • Elevação do tempo de esvaziamento gástrico. • Redução da secreção de ácido clorídrico • Diminuição do fator intrínseco da mucosa gástrica necessário para absorção da vit. B12. • Diminuição da absorção de ferro. • Aumento da colonização da mucoso gástrica por H.pilory com a idade. • Redução da secreção de lípase e de bicarbonato pelo pâncreas(Redução do peso). • Trânsito intestinal mais lento. Aparelho Urinário • Diminuição do peso renal • Diminuição da área de filtração • Diminuição da elasticidade dos vasos • Atrofia glomerular • Diminuição do fluxo sanguíneo renal • Diminuição do ritmo de filtração glomerular • Função tubular renal se mantém preservada • Incontinência urinária Sistema endócrino • Diminuição do GH Mulheres: diminuição do estradiole testosterona Homens: diminuição da testosterona total e livre • Diminuição da captação tireoideana do iodo Sistema Osteoarticular e muscular • Perda do tecido ósseo • Desgaste dos ossos maxilar e mandibular • Perda de 1 a 2% da massa muscular ao ano após a sexta década de vida sarcopenia Obs: O estilo de vida contribui para o agravamento ou atenuação dessas modificações. Qualidade do envelhecimento O envelhecimento é um fenômeno complexo que está exigindo, cada vez mais, estudos multidisciplinares para seu melhor entendimento e compreensão. O envelhecimento ativo foi definido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como “o processo de otimização das oportunidades de saúde, participação e segurança, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas ficam mais velhas”. De modo geral, este conceito parte do pressuposto de que envelhecer significa favorecer oportunidades para que os indivíduos possam optar por estilos de vida saudáveis e, ainda, fazer controle do próprio status de saúde e melhorar sua qualidade de vida. De acordo também com a OMS, qualidade de vida é a “percepção do indivíduo de sua posição na vida em relação ao contexto e sistemas de valores nos quais se insere bem como seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”. Trata-se de um amplo conceito de classificação, afetado de modo complexo pela saúde física do indivíduo, estado psicológico, relações sociais, nível de independência e pelas suas relações com as características mais relevantes do seu meio ambiente. A qualidade de vida dos idosos pode ser muito boa ou, pelo menos, preservada desde que os indivíduos permaneçam ativos, com autonomia e independência, boa saúde física e relações sociais. Fatores determinantes • Transversais: cultura e gênero • Sistemas de saúde e serviço social: promoção da saúde e prevenção de doenças, serviços curativos, assistência a longo prazo, serviços de saúde mental. • Comportamentais: tabagismo, atividade física, alimentação saudável, saúde oral, álcool, medicamentos. • Aspectos pessoais: biologia e genética, fatores psicológicos. • Ambiente físico: moradia segura, quedas, água limpa, ar puro e alimentos seguros. • Ambiente social: apoio social, educação. • Econômico: renda e trabalho. Politica de Saude do Idoso A finalidade primordial da Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa é recuperar, manter e promover a autonomia e a independência dos indivíduos idosos, direcionando medidas coletivas e individuais de saúde para esse fim, em consonância com os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde. É alvo dessa política todo cidadão e cidadã brasileiros com 60 anos ou mais de idade. São apresentadas abaixo as diretrizes da Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa: a) promoção do envelhecimento ativo e saudável; b) atenção integral, integrada à saúde da pessoa idosa; c) estímulo às ações intersetoriais, visando à integralidade da atenção; d) provimento de recursos capazes de assegurar qualidade da atenção à saúde da pessoa idosa; e) estímulo à participação e fortalecimento do controle social; f) formação e educação permanente dos profissionais de saúde do SUS na área de saúde da pessoa idosa; g) divulgação e informação sobre a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa para profissionais de saúde, gestores e usuários do SUS; h) promoção de cooperação nacional e internacional das experiências na atenção à saúde da pessoa idosa; e i) apoio ao desenvolvimento de estudos e pesquisas. Referencias CANCELA, Diana Manuela Gomes. O processo de envelhecimento. Trabalho realizado no Estágio de Complemento ao Diploma de Licenciatura em Psicologia pela Universidade Lusíada do Porto, v. 3, 2007. PILGER, Calíope et al. Compreensão sobre o envelhecimento e ações desenvolvidas pelo enfermeiro na atenção primária à saúde. Ciencia y enfermeria, v. 19, n. 1, p. 61-73, 2013. GONTIJO, Suzana. Envelhecimento ativo: uma política de saúde. In: Envelhecimento ativo: uma política de saúde. 2005. p. 60-60. Campos, Ana Cristina Viana, Ferreira, Efigenia Ferreira e e Vargas, Andréa Maria DuarteDeterminantes do envelhecimento ativo segundo a qualidade de vida e gênero. Ciência & Saúde Coletiva [online]. 2015, v. 20, n. 7 [Acessado 3 Dezembro 2021] , pp. 2221-2237.
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