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Vamos nos deliciar nas alturas! Jantar especial na cobertura do Edifício J Dia 10102020- 20h Reservas 134-5678

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HISTORIA DA 
ARQUITETURA
BRASILEIRA
Introdução; 
As Obras Públicas: dos Fortes e Fortificações à Casa de
Câmara e Cadeia; 
Formas de Habitar: da Casa Rural à Casa Urbana; 
A Importância da Arquitetura Religiosa.
Compreender como a colonização introduziu novas tipologias
arquitetônicas em território brasileiro tendo em vista um painel
histórico- -social desse período.
Unidade I
A arquitetura no Brasil colônia
Objetivo de aprendizado
Introdução
 Ao estudar a história da arquitetura brasileira, nota-se que ela se
confunde com a história da formação do Brasil. Com a chegada
dos portugueses guiados por Pedro Álvares Cabral, numa terra
povoada por nativos, de fauna e flora ricas e diversificadas, o
início do processo de colonização efetiva se dá no ano de 1530. Os
anos seguintes à chegada são marcados, portanto, por uma
tentativa de fusão dos dois continentes – europeu e sul americano -,
tendo em vista a forma como as terras brasileiras foram
ocupadas.
 A formação das primeiras vilas e cidades surge pela urgência de
ocupar e explorar o novo continente a fim de alcançar os objetivos
do mercantilismo e do desejo de lucros de uma burguesia em
ascensão. A implantação dos primeiros núcleos urbanos, das vilas e,
posteriormente, das cidades traz consigo traços de uma herança
muçulmana herdada por Portugal. Esse lastro não é apenas visto em
seu traçado urbano, como também pode ser notado nas novas
tipologias arquitetônicas que surgem ao longo do processo de
colonização que se estende por três séculos e que se adequa aos
diversos ciclos econômicos nele implícitos. Não obstante, a Igreja
também tem um papel fundamental nessa fase, posto que a
arquitetura religiosa será amplamente difundida nesse novo
território, à medida que a colônia se desenvolve social e
economicamente. 
Portanto, essa unidade pretende explorar as formas de habitar ao
destacar a casa-grande como centro social, familiar, de decisões
políticas e de atividades econômicas; a casa urbana, além das obras
públicas como fortes, a casa de câmara e cadeia e o engenho,
além da importância da arquitetura religiosa na formatação do
Brasil Colonial.
As Obras Públicas: dos Fortes e Fortifi cações à
Casa de Câmara e Cadeia
 Os fortes, bem como a Casa de Câmara e Cadeia, denotam o
domínio e a implantação do poder na Colônia. Como forma de se
proteger de outros povos vindos da Europa, os portugueses
determinam locais específicos, como embocaduras de rios e baias,
para erguer os seus fortes na defesa de seu novo território, além
de fornecer portos seguros para o envio de carga e recebimento
de frotas enviadas pela Coroa. Construções como o Forte dos
Reis Magos possibilitam que núcleos urbanos como Natal surjam e
estejam protegidos para a sua futura expansão
 A Casa de Câmara e Cadeia, equipamento que abriga as funções
administrativas, judiciárias e penitenciárias, representa a extensão do
poder real sobre a Colônia e tem por objetivo estabelecer a ordem
e a administração de uma determinada localidade. 
 
Normalmente encontra-se implantada na praça principal do povoado
de frente ao pelourinho em alguns casos e também próxima a
outros equipamentos públicos como a igreja. Em função da
importância da Casa de Câmara e Cadeia, tratados eram elaborados
e enviados aos seus construtores indicando algumas especificações
como medidas dos ambientes, materiais e elementos de segurança
para evitar a fuga dos detentos.
Ainda que apresentem um partido arquitetônico variável, os
exemplares dessa tipologia arquitetônica são edificações imponentes,
possuem pórticos no térreo abrigando comércio, sobretudo
açougue, sinaleira e têm o programa de necessidades organizado em
apenas dois pavimentos. 
 No térreo, cadeias e enxovias. Em situações mais complexas, isto é,
dependendo das necessidades administrativas locais e também da
extensão territorial do povoado, o térreo poderia abrigar também
sala do corpo da guarda, solitárias e salas de tortura, oratórios e
simulacros de enfermarias. 
 
 No pavimento superior, as dependências dos responsáveis pela
administração municipal, juízes e vereadores, além dos funcionários
da vila como meirinhos, arruadores, almotacés e aferidores,
conjunto conhecido como máquina burocrática colonial. Em
determinadas situações, o programa arquitetônico torna-se mais
extenso ao incluir sala de audiência, sala de juiz, plenário, gabinete,
arquivos, secretarias e arsenal da milícia. 
 O que se verifica é que, de maneira contrastante, o corpo nobre
da Câmara ocupa salas e salões suntuosos com balcões de frente
à praça para a promulgação oral de leis, tomada de posse ou
substituição de juízes e decisões feitas pelos “cavaleiros vilões”, os
homens bons da vila, sem a participação das castas mais baixas da
sociedade. 
 Por outro lado, as cadeias, simbolicamente abaixo da Câmara,
dependem da caridade pública para se manter. O perfil do detento
é característico das camadas pobres ou escravos, sendo que os
demais detêm a chance de barganha por penas pecuniárias ou
doações generosas de poder.
 Entre os exemplares, destaca-se a Casa de Câmara e Cadeia de
Vila Rica (Ouro Preto), claramente inspirada no Capitólio de
Michelangelo (Roma, 1537). Ainda que não tenha sido concluída para
servir os seus objetivos iniciais, a construção é adaptada para
receber o atual Museu da Inconfidência que abriga importante
acervo da arte colonial.
Formas de Habitar: da Casa Rural à Casa Urbana 
 As casas coloniais brasileiras podem ser organizadas em dois tipos:
as rurais e as urbanas. De toda a sorte, a moradia colonial, bem
como a família brasileira, é resultado de uma mistura de povos de
diferentes origens e costumes.
A família brasileira, contingente básico da célula de morar, é um produto da
miscigenação branca, índia e africana, responsável por sentimentos
perceptíveis e outros sequer imagináveis, geradores de seu próprio
espaço de permanência, local de realização de toda sorte de atividades [...].
(MENDES et al, 2011, p. 117)
 Essa amálgama origina um tipo de arquitetura que carrega em si
algumas características europeias, porém adequadas a um clima
tipicamente brasileiro, ao explorar, por exemplo, a varanda. Elemento
presente, sobretudo nas tipologias rurais, a varanda surge como
forma de vigília, controle e amenização climática. 
 Além da varanda como elemento constitutivo essencial dessa
arquitetura, a moradia brasileira guarda algumas outras
características. Podem ser citados os telhados e beirais alongados
como solução para o escoamento das grandes chuvas, tão
recorrentes em países de clima tropical. A disposição dos
ambientes internos reflete a estrutura familiar colonial,
segregadora, de modo que os escravos são colocados em uma
situação precária; as mulheres são limitadas a algumas zonas; e os
senhores possuem acesso irrestrito a todos os ambientes. 
 De modo geral, as moradias possuem os setores de trabalho e
social à frente, junto à fachada principal; na área intermediária, o
setor íntimo e aos fundos, junto aos pátios ou quintais, o setor de
serviço. 
 Em função da economia baseada na monocultura da cana-de-
açúcar, a casa- -grande do engenho torna-se a primeira forma
consolidada de moradia do colonizador, o português, que ao atuar
como “coordenador, orientador e homogeneizador dessa moradia”
(MENDES et al, 2011, p. 120) é capaz de sugerir uma síntese
arquitetônica, que salvo os diferentes partidos em função da época
e da geografia, perdurou por mais de três séculos. 
 Localizada no meio rural, o engenho monocultor canavieiro
estabelece uma relação direta entre as funções de morar e
trabalhar. Ainda que a palavra engenho se refira a uma edificação,
também está associada ao complexo composto por edificações de
atividades específicas, sendo que três se destacam tanto pela
importância econômica quanto pela função: casa-grande, senzala e
engenho. Todas as edificações são conectadas por uma praça que
sugere diferentes funções como lazer, trabalho, punições, oração
e vigília. 
 Por uma questão estratégica em função do escoamento da
produção,os engenhos são implantados nas margens dos rios. Do
complexo, a carga é transferida para os núcleos urbanos mais
próximos com destino à Europa. Além disso, os cursos de água
proporcionam força hidráulica necessária para girar as moendas e
substituem, por sua vez, a força motriz escrava ou de animais de
tração.
 Em contrapartida, no ponto mais alto do terreno estão localizadas
a casa-grande e a capela. O que se verifica é que o partido
arquitetônico da casa-grande resulta em uma planta quadrangular no
século XVII, sendo que no século XVIII, a partir de quando a capela se
unifica ao corpo da casa-grande, esta admite uma planta em
formato de U ou retangular com pátios internos na parte posterior
da edificação.
 A casa-grande, tida como sede de um complexo agroindustrial no
Brasil Colonial rural, tem como ambientes varandas, salas, alcovas,
quarto de hóspedes, capela e cozinhas de grandes proporções.
Ainda que a sua função inicial seja de habitação, a casa-grande
também serve como fortaleza, cofre, harém do senhor de
engenho, escola, hospital, depósito e abrigo para escravos
domésticos (no nível inferior) e pousada para viajantes ou
comerciantes. 
 A varanda, como já mencionada anteriormente, constitui uma das
principais partes da casa. Além do fator climático, a varanda das
fachadas principais, também conhecida como alpendre, torna-se um
elemento intermediário do ambiente interno para as dependências
internas da casa. É um espaço de lazer e vigilância que também
serve como filtro em relação àqueles que podem receber
permissão para ingressar na intimidade da família do senhor-de-
engenho. Normalmente constituída por várias portas, o alpendre
dava acesso, além do interior da casa, à capela e também a alguns
quartos para hóspedes. Quando não, a varanda também serve de
extensão da nave quando a capela excede a sua lotação.
 Adentrando à residência, a sala é o espaço de convivência familiar
entre outras funções como de costurar, tecer, cuidar da
educação dos filhos do senhor-de-engenho, fazer as refeições e
sala de visitas para aqueles que tinham autorização para acessar a
casa. As demais dependências são compostas, basicamente, por
alcovas, quartos sem janelas.
 Aos fundos da casa, encontra-se o setor de serviço, composto
por cozinhas de grandes dimensões para receber não somente a
família patriarcal, mas também viajantes, agregados, empregados,
padres e inclusive alguns escravos. No mesmo espaço, há os
setores de limpeza, abate e antepreparo.
 Ainda dentro da casa-de-engenho, mas ao rés do chão, há a senzala
doméstica que, basicamente, “serve de abrigo para escravos
responsáveis pelas tarefas da casa, como cozinhar, arrumar,
limpar, cuidar das crianças, além de prestar favores sexuais ao
senhor” (MENDES et al, 2011, p. 130). Por outro lado, compondo outra
edificação, há a senzala de eito, ou de trabalho, localizada próxima à
casa-grande. Diferentemente da senzala doméstica que abriga
escravos de traços finos, bela dentição e dotes físicos, a senzala
de eito abriga uma mão de obra mais robusta, capaz de suportar
as dificuldades do dia-a-dia, bem como punições. Essa moradia
determinada para os escravos é feita de taipa com cobertura
vegetal composta por uma série de ambientes de dimensões
reduzidas, justapostos e voltados para a praça do complexo,
também conhecida como terreiro.
 Por fim, o equipamento responsável pela produção da economia
colonial, o engenho. Como já mencionado, está localizado na cota
mais baixa de todo o complexo, na margem do rio. Dependendo da
grande produtividade, o engenho pode ser subdividido por
edificações específicas, cada uma recebendo uma função para
cada etapa do processo: armazém, picadeiro, moenda, reservatório,
caldeiras com fornalhas, casa de purgar, seleção de pães de
açúcar e encaixotamento. 
 Longe do campo, as moradias urbanas obedecem a uma
padronização dada pela definição dos lotes urbanos que resultam
em construções de testada estreita e grande profundidade,
alinhadas no terreno, sem recuos laterais, de modo que as casas
térreas ou assobradadas sejam geminadas
 Tanto as casas térreas quanto os sobrados mantêm os partidos
adotados por aproximadamente três séculos. As primeiras possuem,
alinhada à via pública, uma grande sala com o melhor mobiliário e
utensílios mais ostentoso para receber visitas. Único local onde se
admite o estranho, a grande sala pode conter um oratório. Dessa
forma, as mulheres, além de realizarem atividades de costura,
também podiam praticar a oração. 
 Na sequência a esse primeiro ambiente, encontram-se as alcovas,
locais de repouso diurno, convívio entre moças e prática de
atividades libidinosas. Normalmente esses ambientes não possuem
qualquer tipo de aberturas para ventilação nem para insolação
naturais. Limitada a um retângulo, a alcova possui mobiliário de
extrema simplicidade, sendo que, num primeiro momento, redes eram
usadas no lugar das camas. 
 Nos fundos, a área destinada tanto ao preparo do alimento quanto
às refeições é composta por uma sala de viver (equivalente à atual
copa), onde as mulheres podem assistir ao trabalho das escravas
ou então ter algum momento de descontração; ao lado, a cozinha
que se encontra do lado de fora da casa por conta do excesso de
calor e fumaça produzidos pelo fogão ou lareira; conectado a
esses espaços, um quintal onde se criam galinhas, patos e leitões.
 Por outro lado, os sobrados possuem o grande salão no térreo,
muitas vezes voltado ao comércio. Logo, a sala para receber
estranhos localiza-se voltada à via pública, porém, no piso superior,
cujo acesso se dá por uma estreita escada de entrada
independente. Ainda no térreo, atrás do salão, depósitos, sala de
engomar e, por fim, um quintal. Já no piso superior, justaposto à
sala, um oratório também voltado para a via pública, alcovas, sala de
viver conjugada com a cozinha e com um depósito.
 Em ambas tipologias o espaço destinado ao banheiro é inexistente.
Há pouca preocupação para o banho, ritual que costuma acontecer
em ocasiões especiais, enquanto que as necessidades são feitas em
urinóis ou em retretas, recipientes inseridos em cadeiras. O
conteúdo é despejado em barris que são armazenados no fundo do
lote e, posteriormente, carregados por escravos denominados
tigres até vazadouros, lagoas, rios, mares ou brejos.
A Importância da Arquitetura Religiosa 
 A expansão das fronteiras do Império português coincide com a
fase de reestruturação da Igreja Católica e, consequentemente,
com a difusão de seus princípios. Conhecida como
Contrarreforma, o século XVI é marcado pela ascensão do
catolicismo após ter perdido rapidamente um prestígio consolidado
por séculos com o surgimento da Reforma Protestante liderada
por Martinho Lutero. 
 A equação dada pela necessidade de enriquecimento da coroa
portuguesa associada à retomada da hegemonia da Igreja Católica
possibilita a ocupação mais efetiva do vasto território brasileiro.
Dessa forma, os responsáveis por desbravar o Novo Mundo junto a
Tomé de Sousa são os jesuítas liderados pelo padre Manoel da
Nóbrega.
 Embora não seja a única ordem que se estabelece no Brasil, a
Companhia de Jesus marca a primeira de três fases um tanto
distintas caracterizadas tanto pelas tipologias adotadas em função
do partido arquitetônico das construções religiosas quanto pela
cronologia com que as demais ordens são fundadas.
Ainda sobre essa primeira fase, é marcada pela chegada dos
jesuítas em 1549 com a fundação da cidade de São Salvador e a
construção do primeiro Colégio da referida ordem. Como sugerido
acima, a ocupação pelos exploradores com o suporte dado pelos
jesuítas se dá em toda a extensão litorânea do território.
 Nota-se, portanto, que em função das dificuldades para ocupar o
Brasil, além da vasta extensão territorial, havendo também poucos
recursos financeiros e materiais e contingente limitado para
colonização e evangelização dos nativos, a Ordem Jesuíta dá a sua
contribuição ao edificar conjuntos compostos por Igreja e
respectivo Colégio ao lado. Em diversas ocasiões, os núcleos
urbanossurgem a partir desses complexos religiosos. Inúmeros
conventos jesuíticos foram implantados sem a presença da Coroa
portuguesa ao longo dessa primeira fase, do Nordeste (desde Natal,
1598) ao Sul (Laguna, 1553/1576).
 Por se tratar de um conjunto de edificações, o complexo jesuítico
acaba assumindo funções que estão além do culto simplesmente.
Também nas dependências do Colégio, os jesuítas recebem tarefas
como ministrar a catequese e alfabetizar leigos e gentios, além de
acumular outras funções como igreja matriz, escola, alojamentos
dos padres, residência do bispo e hospital quando necessário.
 O partido arquitetônico adotado para lidar com essas funções
fundamenta-se na utilização de uma planta quadrangular com pátio
descoberto ao centro ao lado da nave da Igreja destinada ao culto.
Em relação à composição volumétrica, os Colégios têm a sua
fachada principal composta basicamente pela nave, colégio e torre
sineira constituindo um mesmo plano. O acesso a esses três
edifícios se dá por uma única porta sobreposta por um óculo ou
janela. Acima desse conjunto, a igreja é coroada por um frontão
triangular. Percebe-se a ausência de um ambiente de transição
nessa tipologia de igreja de modo que o acesso às dependências
internas se dá subitamente. 
 Ainda que os modelos portugueses adotem capelas laterais, no
Brasil essa estratégia não é comum, existindo em casos como no
Colégio de Olinda. Na virada do século XVI para o XVII, algumas
igrejas adotam a planta de três naves, entre elas Nossa Senhora de
Assunção, em Reritiba (Espírito Santo, 1597) e São Pedro de Aldeia
(Rio de Janeiro, 1614), sendo que pela dificuldade de se instalar o
púlpito na nave central, esse partido foi abandonado. Mantendo a
simplicidade das fachadas, a decoração das naves ocorria com
maior atenção nas talhas ou nas imagens dos santos-de-roca,
enquanto que as paredes eram simplesmente caiadas. 
 As demais ordens compostas por Franciscanos, Carmelitas e
Beneditinos contribuíram com poucos exemplares nessa primeira
fase que se encerra em 1654 com a construção do Colégio da
Bahia. Logo, a segunda fase é marcada por uma ampla produção
dos grandes conventos dessas três ordens que se estende até as
primeiras décadas do século XVIII. Embora pequenos grupos da
Ordem Franciscana tenham estado presentes ao longo do primeiro
século de colonização em missões de evangelização, somente a
partir do ano de 1585 é que os Franciscanos iniciam as atividades
regulares com a fundação do primeiro convento, Nossa Senhora
das Neves de Olinda. 
 Os conventos Franciscanos seguem um partido tradicional
constituído de nave única alongada, sendo que a fachada principal
possui pórticos ou nártex como elementos de transição entre o
exterior e o interior, preparando o fiel para o ambiente de oração.
Ao fim do corpo alongado da nave, na outra extremidade, a capela
mor e a sacristia. Ao lado da nave, o convento, composto por
aposentos organizados em dois pavimentos ao redor de um pátio
aberto.
Nártex: Pórtico em templos cristãos primitivos,
ger.situado em átrio ou pátio externo, destinado aos
catecúmenos, para que assistissem aos rituais sem deles
participar, por ainda não serem batizados. [F.: Do gr.
nárthex, ekos.].
 Outro elemento compositivo fundamental é a sineira que possui
variações em relação à sua posição na fachada. Usualmente, as
igrejas franciscanas adotam o partido da torre única, recuada em
relação ao frontispício; por outro lado, a torre é posicionada no
mesmo plano da fachada nas igrejas da região Sudeste. Em casos
específicos como o Convento de São Francisco de Salvador (Bahia,
XVIII), há duas torres simétricas no mesmo plano do frontispício. 
 Outra importante ordem é a das carmelitas. A Ordem do Carmo
parte de Lisboa em 1580 e chega em Olinda, litoral pernambucano,
onde ergue o primeiro convento no ano de 1583. Nos anos seguintes,
os religiosos fundam um convento no Monte Calvário (Salvador,
1586) e outro em Santos (1589) chegando a Sudeste do país. 
 Assim como as igrejas franciscanas e beneditinas, as carmelitas
adotam partidos similares em planta, como a incorporação de um
claustro distribuído por dois pavimentos com alas dispostas ao
redor de um pátio. Essa edificação encontra-se ao lado de uma
igreja de nave que pode conter, vez ou outra, capelas laterais. O
interior da igreja é simples, com ornamentação concentrada para
os retábulos do altar-mor e das capelas laterais. Posteriormente, o
adornamento passou a ser admitido nas paredes da nave abrindo
frente para a assimilação do Barroco no país.
 Elementos barrocos também são notados na composição das
fachadas, sobretudo nos frontispícios, que antes mantinham uma
linguagem clássica de repertório toscano. Ainda de maneira similar
aos exemplares da Ordem Franciscana, as fachadas apresentam
arcadas no pavimento térreo como visto no convento de Santa
Teresa de Salvador ou no convento do Carmo de Cachoeira, ambos
na Bahia.
 Por fim, os monges da Ordem de São Bento chegam em 1581 e em
poucos anos se expandem por todo o território brasileiro com a
construção de mosteiros ao longo da costa do país. 
 Um dos mosteiros que se destaca de toda a produção nessa etapa
é o de São Bento no Rio de Janeiro (1633). Quando concebida, a
igreja possuía uma única nave e apenas um corredor lateral
limítrofe às dependências do claustro. Ao coordenar uma grande
ampliação ao conjunto na segunda metade do século XVII, Frei
Bernardo de São Bento redefine a igreja em três naves, duas
laterais mais baixas cobertas por abóbodas de aresta e uma mais
alta, coroada por abóboda de berço. Dessa forma, em função das
diferenças de altura das naves laterais para a central, a iluminação
se daria também pela lateral. 
 Além da reforma na igreja, o mosteiro também é ampliado ao se
incorporar novas celas e aposentos para as atividades religiosas.
Para tal, foram inseridos arcos botantes para a sustentação das
paredes perimetrais.
 Com a tomada do litoral brasileiro pelas quatro ordens religiosas,
as mesmas começam a se deslocar para o interior do país,
marcando, portanto, a consolidação de sua ocupação em terras
mais distantes da beira-mar ao longo de todo o século XVIII. Enquanto
novas construções surgem terra adentro, as edificações dos dois
séculos anteriores, com o aumento do número de congregados,
passaram por ampliações necessárias.
 Alguns fatores de âmbito econômico e também político impulsionam
esse deslocamento das ordens. Em 1763, a capital Salvador é
transferida para o Rio de Janeiro; e o Estado de Minas Gerais
começa a ter a sua riqueza do ouro e do diamante explorada. Em
função dessas condições, a Colônia começa a entrar em uma nova
fase de crescimento econômico e as vilas estagnadas passam a
receber investimentos e a se tornar núcleos urbanos
progressistas.
O mesmo acontece com os templos das ordens religiosas que
deixam de ser modestas e se transformam em igrejas requintadas
construídas pelos melhores mestres de obras e ornamentadas por
artistas prestigiados.
 Na segunda metade dos setecentos, os templos mineiros admitem a
estética do barroco e do rococó em construções que deixam de
ser acompanhadas por conventos ou mosteiros. Apenas igrejas e
capelas isoladas passam a compor de maneira exuberante a
magnífica paisagem natural nas montanhas mineiras. Se antes dessa
fase, o Barroco, de maneira mais contida, lidava com uma
composição sutil, o Rococó se torna símbolo de ostentação
vislumbrado nas paredes e nos altares compondo cenários
riquíssimos. Dois exemplos que podem ser mencionados são Nossa
Senhora do Rosário (Ouro Preto) e São Francisco de Assis (São
João del Rey), ambas em Minas Gerais. Essas duas igrejas, entre
outras, são resultado do aprimoramento da mão de obra
responsável pela construção desses templos e que, num momento
de puro exercício formal, exploram composições espaciais com
formas poligonais e ondulantes ao produzir o partido da nave na
volumetria das obras.