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Conforto ambiental Ventilação e climatização Unidade lV Climatização • Introdução; •• Formas de Climatização Disponíveis para o Projeto Arquitetônico; • Cálculos de Volume e Potência de Condicionadores de Ar; • Sistematização para Aplicabilidade dos Conhecimentos no Projeto Arquitetônico. OBJETIVO DE APRENDIZADO • Sistematizar e compreender o dimensionamento e a aplicação da ventilação no Projeto Arquitetônico. Formas de Climatização Disponíveis para o Projeto Arquitetônico Como já abordado anteriormente, “O conforto ambiental está relacionado às condições de habitabilidade dos ambientes”. Também foi dito que “quanto menor o esforço do usuário para se adaptar, maior o conforto do ambiente”. Tratou-se, ainda, do conceito de conforto ambiental que: Pode ser entendido como a avaliação e o atendimento das exigências humanas, baseados no princípio de que quanto maior for o esforço de adaptação do indivíduo no ambiente em função da atividade que estiver desenvolvendo, maior será sua sensação de desconforto Com relação ao conforto térmico, foi exposto que, de acordo com a ASHRAE1 : “É a condição que expressa satisfação com o ambiente térmico”, e que essa condição de conforto térmico indica “o conceito de neutralidade térmica quando não há nem acúmulo nem perda excessiva de calor entre o organismo e o ambiente”. Vimos que a ventilação é uma estratégia de conforto térmico que pode ser utilizada no “Verão em regiões de clima temperado e clima quente e úmido e pode ser conseguida utilizando técnicas passivas (sem a necessidade do consumo de energia elétrica) ou por meios mecânicos”. Também foi dito que há limites para os quais as técnicas passivas de conforto sugeridas pela bioclimatologia sejam empregadas com eficiência e que, a partir de um certo ponto, técnicas artificiais de resfriamento ou aquecimento deverão ser adotadas. Assim, as estratégias passivas de conforto ambiental são extremamente importantes no desenvolvimento do Projeto Arquitetônico; porém, há um limite de aplicação eficaz dessas técnicas, a partir de um determinado ponto, elas deixam de atender às necessidades e, então, devem ser adotadas outras soluções artificiais: Os sistemas artificias para resfriamento ou aquecimento são estratégias de Projeto que, tal como os sistemas naturais, devem ser levadas em consideração desde a decisão sobre o partido arquitetônico a ser adotado. Nem sempre é possível tirar partido apenas dos recursos naturais para promover o conforto térmico dos usuários. Em função do clima local e da própria função a que se destina a Arquitetura, é muitas vezes inevitável o uso de sistemas artificiais de climatização como ventiladores, aquecedores e ar condicionado. Em edifícios comerciais e públicos, por exemplo, o uso de climatização ativa é praticamente obrigatório, pois o desconforto pode significar perda de clientes ou baixa produtividade. (LAMBERTS et al., 2003, p. 243) Na Arquitetura, os Sistemas Artificiais de Climatização mais utilizados são os de ventilação mecânica, de aquecimento e os de refrigeração. De acordo com Lamberts: Os sistemas de ventilação mecânica são basicamente de dois tipos: os exaustores e os ventiladores (...) A gama de aquecedores artificiais é enorme, indo desde lareiras até aparelhos de ar condicionado (ciclo reverso) (...) Em edificações públicas e comerciais, o ar condicionado é hoje em dia o sistema mais empregado para climatização. Consiste em controlar simultaneamente a temperatura, umidade, pureza e distribuição do ar para atender as necessidades em um ambiente. Isto significa que o ar ficará compatível com as necessidades térmicas e ambientais de um recinto independente das condições externas. (LAMBERTS et al., 2003, p. 243 e 244) Os ambientes internos de uso público ou coletivos devem manter a temperatura interna agradável, ou seja, dentro de uma condição de conforto térmico. Essa é uma condição recomendada pela Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária. A faixa recomendável de operação das Temperaturas de Bulbo Seco, nas condições internas para verão, deverá variar de 23°C a 26°C, com exceção de ambientes de arte que deverão operar entre 21°C e 23°C. A faixa máxima de operação deverá variar de 26°C a 27°C, com exceção das áreas de acesso, que poderão operar até 28°C. A seleção da faixa depende da finalidade e do local da instalação. Para condições internas para inverno, a faixa recomendável de operação deverá variar de 20°C a 22°C. (ANVISA, 2003) Portanto, considerando as reflexões de Lamberts et al. (2003) quanto à “obrigatoriedade do uso da climatização ativa em edifícios comerciais e públicos”, associada à recomendação da Anvisa, quanto à condição de conforto térmico, a utilização de equipamento de ar condicionado é indispensável. O clima da região em que o edifício está implantado é componente fundamental para a seleção do equipamento de ar condicionado mais adequado. . Se o edifício estiver localizado em uma região fria, o equipamento deverá possuir ciclos quente e frio. Os horários e a incidência do Sol no ambiente também devem ser levados em conta, pois, nesse caso, poderá haver ganhos térmicos. Outros fatores relevantes para a definição da capacidade do equipamento de ar condicionado mais indicado para o edifício será a quantidade de pessoas que utilizarão o espaço e a quantidade e tipo dos equipamentos geradores de calor que estarão no ambiente. Há uma grande oferta de equipamentos de ar condicionado, com capacidade para diferentes dimensões de espaços, separados em categorias. Lamberts et al (2003) fazem referência aos Sistemas de ar condicionado mais utilizados. Os mais utilizados em ambientes residenciais e escritórios são: ar condicionado de janela, splits, multisplit, cassete e portátil: [...] é importante ao arquiteto ter noções sobre os diversos tipos de ar condicionado existentes no mercado. Atualmente os sistemas normalmente utilizados em edificações são: ar condicionado de janela; minicentrais split; minicentrais do tipo multisplit; self contained; chiller e fan-coil. (LAMBERTS et al., 2003, p 249) O aparelho de ar condicionado de janela é o mais simples, “possui o condensador e o evaporador sob o mesmo invólucro”, é recomendado que seja fixado em uma abertura na parede externa, vez que “o ar externo é puxado através da unidade, onde é condicionado e imediatamente entregue ao ambiente interior. Sempre que possível, para maior rendimento é aconselhável que não esteja exposto diretamente à radiação solar; tem como vantagem a possibilidade de mudança de posição, desde que a infraestrutura seja remanejada ou já exista (instalação elétrica e ponto de dreno para a água condensada). Entre as desvantagens, estão o nível de ruído produzido e a interferência na fachada do edifício. Alguns Sistemas são derivados de outros ou, ainda, são desenvolvimentos decorrentes de algum Sistema em função de demandas e necessidades de uma maior flexibilidade e capacidade. Lamberts et al (2003) expõem que as Minicentrais de Pequeno Porte ou Splits são equipamentos com maior versatilidade que os aparelhos de janela, pois “Podem atender espaços sem paredes voltadas para o exterior”, vez que “as unidades evaporadora e condensadora são separadas, podendo estar distanciadas até trinta metros entre si”. Os aparelhos Splits, geralmente, são instalados na parede, mas existe uma versão do Split – Split Cassete, que pode ser instalado no teto, geralmente, embutido no forro. Os sistemas Multisplit, são de acordo com Lamberts et al (2003), equipamentos com “refrigeração bem superior à das minicentrais de pequeno porte”. Esse equipamento é “o de menor porte” para a utilização com dutos nos ambientes e insufladores, podendo “para espaços maiores” serem utilizados diversas unidades combinadas, reduzindo-se o custo de instalação de redes de dutos, “para unidade de maior porte”. Uma alternativa para condicionamento de ar muito utilizada para pequenos espaços que não foram projetados para a instalação de um equipamento, mesmo que do maissimples, como o ar condicionado de janela ou um Split, é o ar condicionado portátil, que pode ser instalado ocasionalmente no ambiente, levado de um ambiente para outro, pois possui rodízios, fio para instalação em tensão de rede doméstica e duto que deve ser fixado em uma janela ou abertura exterior. Nos casos de ambientes maiores ou edifícios inteiros, os Sistemas devem ser compatíveis com essas cargas térmicas que também são maiores, como edifícios corporativos, sedes administrativas de Bancos, Shoppings Centers etc. Nesses casos, são utilizados Sistemas de condicionamento de ar de grande porte, que são, do ponto de vista de funcionamento, semelhantes aos Sistemas mencionados anteriormente. Os sistemas de grande porte, também são conhecidos como sistema de ar condicionado central e são modelos que utilizam dutos para a distribuição e, e embora tenha seu funcionamento básico semelhante aos outros sistemas de condicionamento de ar, a circulação do ar refrigerado e do retorno do ar ocorre de maneira diferente. O ar refrigerado que será insuflado no ambiente é levado por um Sistema de dutos, que devem ser instalados durante a construção do edifício, por implicar uma rede de tubos e outros elementos de infraestrutura, como tubulações de água, conexões etc. que, geralmente, ficam embutidos sob o forro de gesso. Essa tubulação utilizada para insuflar o ar no interior do ambiente, os difusores (aberturas ou “bocas” para insuflar o ar refrigerado), assim como a área para retorno do ar (ar que será retirado do ambiente), deverão ser dimensionadas de acordo com a área do ambiente e previsão da quantidade de pessoas que utilizarão o espaço. Lamberts et al (2003) explicam o funcionamento dos sistemas Self Contained e do Chiller e Fan-Coil: O Self Contained é um equipamento orientado para rede de dutos, ainda que também possa ser usado com grelha difusora direto no ambiente. É essencialmente trifásico. A principal desvantagem desse sistema é não possuir ciclo reverso. Entretanto, pode produzir aquecimento no ambiente mediante adaptação de resistência elétrica que, no entanto, apresenta eficiência energética baixa (...). Os sistemas compostos por Chillers estão associados a uma rede de distribuição de água gelada para unidades conhecidas por Fan-Coil. O Fan- -Coil é análogo a unidade evaporadora, tendo a função de forçar a passagem de ar pelos tubos de água gelada, jogando o ar frio para o ambiente interior. Estes sistemas normalmente apenas refrigeram. O aquecimento implica no emprego de caldeiras associadas aos Fan-Coils. O dimensionamento e a instalação desse tipo de ar condicionado são bastante complexos, exigindo projetos detalhados e profissionais gabaritados. (LAMBERTS et al., 2003, p.252 e 253) Atualmente, há grande procura para a certificação de sustentabilidade dos edifícios, o que implica a especificação e a utilização de equipamentos mais eficientes e econômicos. Soluções de iluminação, comunicação, Sistemas de automação, TI, condicionamento de ar, eficiência energética etc. devem atender requisitos cada vez mais exigentes: [...] é tão importante o arquiteto saber empregar os sistemas artificiais nos seus projetos. Uma vantagem de se ter esta visão é poder usar racionalmente os equipamentos, evitando desperdício de energia. Outro ponto importante é que, conhecendo os diversos tipos de sistemas de climatização existentes no mercado e as características básicas de cada um, o arquiteto pode ‘‘falar’’ uma linguagem comum com os projetistas de cada sistema. (LAMBERTS et al., 2003, p 243 Cálculos de Volume e Potência de Condicionadores de Ar A medida utilizada para medir a capacidade e o dimensionamento dos equipamentos de ar condicionado é o BTU (British Thermal Unit, ou Unidade Térmica Britânica por hora). 1 BTU é a quantidade necessária para elevar a temperatura de uma massa de uma libra de água em um grau Fahrenheit °F (a escala termométrica Celsius °C tem como 0°C o equivalente a 32°F na escala Fahrenheit). É uma unidade consagrada no Brasil, se compararmos à medida utilizada nos Estados Unidos – RT (Refrigeration Tons), ou TR (Tonelada de Refrigeração), 1 TR é equivalente a 12.000BTU/h. A capacidade do aparelho (BTU/h ou TR) implica a potência consumida (Watt). Os fabricantes e fornecedores de aparelhos de ar condicionado utilizam a Tabela acima para o dimensionamento e a especificação dos equipamentos. Essa Tabela relaciona a área do ambiente (m²) à capacidade em BTU/h e o período de insolação do ambiente. Na Tabela, a capacidade de refrigeração considera a área do ambiente contando com a presença de duas pessoas. Se o ambiente for destinado a um número maior de pessoas, deve-se acrescentar 600BTU/h, por pessoa adicional. Essa Tabela sintetiza esses parâmetros e tem uma boa precisão para a determinação do aparelho. Equipamentos que geram calor, como TVs, por exemplo, também devem ser considerados para a especificação da capacidade do aparelho de ar condicionado. Para um cálculo básico, para se especificar a capacidade do equipamento, deve- -se considerar 600BTU por m² para até duas pessoas e, para cada pessoa ou equipamento adicional, acrescentam-se 600BTU. Se o ambiente tiver uma grande exposição à radiação solar, deve-se considerar 800BTU por m², para até duas pessoas, e para cada pessoa ou equipamento adicional acrescentam-se 600BTU. Para um dormitório de 15m², por exemplo, sem grande exposição ao Sol e para duas pessoas, teríamos: • 15 m² x 600 = 9.000BTU (Na tabela o equipamento sugerido para essa área seria 10.000BTU). Vamos considerar que nesse dormitório tenha uma TV que fique funcionando por muitas horas; deve-se considerar, portanto, o acréscimo de mais 600BTU. 9.000BTU + 600BTU = 9.600BTU (ainda, assim, o equipamento sugerido na Tabela atende à necessidade do ambiente). Porém, se o mesmo ambiente de 15 m² tiver uma grande exposição ao Sol, o cálculo seria: • 15 m² x 800BTU = 12.000BTU (na Tabela, o equipamento sugerido seria U, ou seja, já para essa condição, nesse primeiro cálculo, em dias de muito Sol, o ambiente iria ficar com déficit na refrigeração). Vamos considerar, ainda, que, nesse dormitório, a TV fique funcionando por muitas horas. Assim, deve-se considerar, portanto, o acréscimo de mais 600BTU: • 12.000BTU + 600BTU = 12.600BTU Para uma sala de estar mais sala de jantar, com área total de 50m² (aproximadamente 25m² cada), com grande exposição ao Sol, considerando um total de 8 pessoas que utilizam o ambiente, uma TV e dois notebooks utilizados eventualmente, teríamos: • 50m² x 800BTU = 40.000BTU; • 40.000BTU + 6 (pessoas adicionais) x 600BTU + 1 (TV) x 600BTU + 2(notebooks) x 600BTU = 44.800BTU. Nesse caso, poderia ser adotados dois aparelhos para uma melhor distribuição, com duas unidades externas. No Mercado, há oferta de aparelhos com 22.000BTUs e 24.000BTUs. Como a utilização dos notebooks é eventual, o equipamento com 22.000BTUs atenderia a demanda, porém, a segunda opção deixa a instalação operando abaixo do limite, gerando maior economia de energia. A opção por um único equipamento no centro da sala é também uma possibilidade, porém há duas considerações: primeiro, a distribuição do ar condicionado não seria homogênea e demoraria um pouco mais para que todo o ambiente estivesse com a mesma temperatura e, em segundo lugar, no caso de manutenção ou falha do equipamento, todo espaço ficaria sem condicionamento do ar. Outra opção seria a utilização de dois aparelhos Split Cassete, embutidos no forro, o que possibilitaria maior distribuição do ar condicionado. Nesse caso, deve-se compatibilizar a instalação dos aparelhos ao projeto de iluminação (luminotécnica), para se adequar a distribuição das luminárias em conjunto com os equipamentos de condicionamento do ar. Para um pequeno escritório de 40 m², sem grande exposição ao Sol e para quatro pessoas com quatro computadores, teríamos: • 40m² x 600BTU = 24.000BTU. • 24.000BTU + 2 (pessoas adicionais) x 600BTU + 4 (computadores) x 600BTU = 27.600BTUPorém, se o mesmo ambiente, escritório de 40m², tiver uma grande exposição ao Sol, e para quatro pessoas com quatro computadores, teríamos: • 40m² x 800BTU = 32.000BTU. • 32.000BTU + 2 (pessoas adicionais) x 600BTU + 4 (computadores) x 600BTU = 35.600BTU. Nesse caso, a utilização de um único equipamento pode ser a opção mais econômica, pois se trata de um ambiente de menores dimensões. Também para esse caso podem ser adotados como opção dois aparelhos Split Cassete, embutidos no forro, que poderiam distribuir de maneira mais homogênea o ar condicionado. Nesse caso, assim como a solução dada para a sala de estar e jantar residencial, deve-se compatibilizar a instalação dos aparelhos ao projeto de iluminação (Luminotécnica). A correta quantificação do aparelho, ou aparelhos de ar condicionado, permite que os equipamentos trabalhem em condições normais, sem gastos excessivos de energia e sem exigir que o equipamento trabalhe no limite da capacidade o tempo todo. Sistematização para Aplicabilidade dos Conhecimentos no Projeto Arquitetônico O conforto ambiental está relacionado às condições de habitabilidade dos ambientes e à exigência de adaptação das pessoas ao calor, à umidade, ao som e à luz, de maneira que, “quanto menor o esforço do usuário para se adaptar, maior o conforto do ambiente”. A análise e o atendimento das exigências humanas devem orientar as estratégias de projeto para obtenção do conforto térmico e a ventilação natural é uma opção para regiões de climas temperado e quente e úmido, uma excelente estratégia sugerida pela bioclimatologia, lembrando-se de que há limites em que essas técnicas passivas têm eficiência. Anteriormente, foi dito que as estratégias bioclimáticas propõem a utilização de técnicas passivas que associam o conforto ambiental das edificações com o menor consumo de energia elétrica e que segundo Lamberts et al (2003), a “Ventilação natural é, após o sombreamento, a estratégia bioclimática mais importante para o Brasil” e, ainda que “a ventilação natural seja eficaz entre temperaturas de 20°C a 32°C”, ressaltando a importância do conhecimento para o arquiteto e para o designer de interiores, para aplicação dessas técnicas em projeto: Pode-se tirar partido ou evitar os efeitos destas variáveis, por intermédio da edificação, de forma a obter um ambiente interior com determinadas condições de conforto para os usuários. Isso pode ser feito de duas maneiras. A primeira, com o emprego (...) sistemas de climatização e iluminação artificial. A segunda, de forma natural, incorporando estratégias de aquecimento, resfriamento e iluminação naturais. É importante ao arquiteto integrar o uso de sistemas naturais e artificiais, ponderando os limites de exequibilidade e a relação custo/benefício de cada solução. Se as estratégias naturais forem as mais adequadas, devese conhecer, primeiramente, a Bioclimatologia, que aplica os estudos do clima (climatologia) às relações com os seres vivos (OLGYAY, 1968). Conhecendo os conceitos básicos que envolvem o clima e o conforto se pode compreender a importância da Bioclimatologia aplicada à Arquitetura. (LAMBERTS et al., 2003, p. 83 e 84) O atendimento às recomendações dos Códigos de Obra e das Normas brasileiras quanto às aberturas das edificações buscam garantir essas condições de habitabilidade ou salubridade das edificações. E os mecanismos de ventilação natural – por ação dos ventos ou por efeito chaminé, são definidos pelas dimensões e localizações das aberturas nos edifícios. As tipologias e formas de aberturas abordadas anteriormente têm grande influência na condição de ventilação dos edifícios. E, como foi dito, “sempre estiveram relacionadas ao sistema construtivo, o que é determinante tanto para a iluminação, quanto para a ventilação”. Assim como, “o desenho da janela é resultado da composição de “cheios e vazios” definidos no processo de projeto e a forma e o sistema de abertura deverão responder às necessidades intrínsecas do objeto arquitetônico, de maneira a atender questões objetivas e subjetivas”. Também vimos que o dimensionamento das aberturas relaciona a vazão de ar, que deve ser definida de acordo com as dimensões do espaço e a quantidade de pessoas, “para atender às exigências de higiene e para a remoção de carga térmica” em ambientes de longa permanência e demais ambientes das edificações. A utilização de técnicas de aquecimento ou resfriamento artificiais tornam-se necessárias para atender às condições de conforto de ambientes nos casos em que as técnicas passivas não forem suficientes para garantir essas condições durante todo o ano. Quando o arquiteto tiver o poder de decisão na aplicação de todos esses conceitos no projeto, como a definição das dimensões e posicionamento das aberturas e outros elementos estruturais das edificações, poderá contribuir significativamente na qualidade, em termos de conforto, do ambiente projetado. Tentar reproduzir boas condições naturais de conforto, como a sombra de uma árvore, uma brisa refrescante ou um aquecimento produzido pela luz do Sol da manhã, assim como reduzir ou amenizar os danos causados ao organismo humano por climas muito rigorosos é, como vimos, um dos objetivos do projeto. Uma relação de harmonia entre ser humano e Arquitetura pode ser alcançada com a integração contextualizada do edifício com o seu entorno e sua inserção na paisagem que, nesse caso, é parte fundamental para esse resultado.