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Direito Penal I Te�ia do Crime Raquel Santana Santos Vargas Duplat Bacharelanda em Direito pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb) Disposição do Conteúdo 1. SISTEMA PRINCIPIOLÓGICO NO DIREITO PENAL Características do Sistema Principiológico Princípios Gerais Outros Princípios 2. LEI PENAL NO TEMPO 3. LEI PENAL NO ESPAÇO 4. DA NORMA PENAL Fontes Diferença entre Lei (tipo) e Norma Características da Lei Penal Classificação da Norma Penal Da Norma Penal em Branco Da Legalidade 5. TEORIA GERAL DO CRIME Crime Caminhos do Crime (iter criminis) Situações fáticas do iter criminis (desistência voluntária, arrependimento eficaz/ posterior, crime impossível) Elementos Subjetivos do Crime (dolo e culpa) Outras Classificações Importantes de Crime 6. TIPICIDADE Fato Típico Resultado e Classificação dos Crimes Nexo Causal e Concausas 7. ILICITUDE OU ANTIJURIDICIDADE Excludentes de Antijuridicidade 8. CULPABILIDADE Dirimentes Supralegais 9. TEORIA DO ERRO PENAL Erro de Tipo Descriminantes Putativas Erro de Proibição 10. CONCURSO DE PESSOAS Teorias da Responsabilidade Penal Sujeitos: Autoria (Teorias sobre a Autoria) Coautoria Participação Concurso de Pessoas nos Crimes Culposos Punibilidade no Concurso de Pessoas Participação Dolosamente Distinta Participação Impunível 11. CIRCUNSTÂNCIAS, CONDIÇÕES E ELEMENTARES @r dd ire ito Características do Sistema Principiológico O que são Princípios? ⇨ Estrutura Fundante; ⇨ Fonte; ⇨ Limites ao Poder Punitivo; ⇨ Filtro: orientação hermenêutica; ⇨ Evolução; ⇨ Limites garantidores dos Direitos Fundamentais e Liberdades. Quais são as funções do Sistema Principiológico? ⇨ Assegurar o Sistema Penal Democrático; ⇨ Fornecer Diretrizes; ⇨ Fornecer Limites ao Sistema Penal; ⇨ Definir Parâmetros; ⇨ Orientar quanto à Interpretação/ Aplicação das Normas Penais; ⇨ Tutelar Direitos Fundamentais, Direitos Humanos e Liberdade. Dez Princípios de Luigi Ferrajoli- Direito e Razão: Teoria do Garantismo Penal: 1. Nulla Poena Sine Crimine- Retributividade 2. Nullum Crimen Sine Lege- Legalidade 3. Nulla Lex (poenalis) Sine Necessitate- Necessidade 4. Nulla Necessitas Sine Injuria- Lesividade 5. Nulla Injuria Sine Actione- Exterioridade 6. Nulla Actio Sine Culpa- Culpabilidade 7. Nulla Culpa Sine Judicio- Jurisdicionalidade 8. Nullum Judicium Sine Accustone- Acusatório 9. Nulla Accusatio Sine Probatione- Ônus Probatório 10. Nulla Probatio Sine Defensione- Contraditório e Defesa. Vale ressaltar: Luigi Ferrajoli afirma que ao descumprir um Princípio, descumpre-se na verdade, todo o Sistema Principiológico. @r dd ire ito Sistema Principiológico no Direito Penal 1- Princípio da Dignidade da Pessoa Humana: Define o valor máximo a ser buscado pelo Ordenamento Jurídico de um Estado Democrático de Direito. O ser humano é titular de interesses existenciais, não só dos patrimoniais como no Estado Liberal. (Art. 1º, III, CF/88). 2- Princípio da Humanidade: Baseado na proscrição das penas de morte, perpétua, de banimento, trabalho forçado e cruéis. Exige vinculação equitativa entre o delito e sua consequência jurídica. (Art. 5º, XLVII, CF/88). 3-Princípio da Legalidade: Só há crime existindo uma lei anterior ao acontecimento do fato para defini-lo. (Art. 1º, CP). 4- Princípio da Taxatividade: A elaboração da lei penal deve ser clara e precisa na formulação do conteúdo do tipo legal e no estabelecimento da sanção. Tem por objetivo promover segurança jurídica. 5- Princípio da Especialidade: Determina que Lei Especial prevalece sobre Lei Geral e afasta o non bis in idem, pois enquadra o comportamento delituoso do sujeito em só uma norma especial, apesar dele também estar previsto na norma geral. 6- Princípio da Pessoalidade ou Intranscendência: Define que somente o autor da infração penal pode ser apenado e ninguém deve ser punido por fato alheio. Estabelece que a pena tem caráter personalíssimo. (Art. 5º, XLV, CF/88). 7- Princípio da Individualidade: Garante aos condenados em um Processo Penal o direito de receber sua pena somente após ter suas peculiaridades e pessoalidades levadas em consideração. 8- Princípio da Intervenção Mínima ou Subsidiariedade: O Estado só deve intervir através do Direito Penal quando outros ramos do Direito não conseguirem evitar a conduta ilícita. O Direito Penal só deve atuar na defesa de bens jurídicos imprescindíveis e que não podem ser eficazmente protegidos de forma menos gravosa. Direito Penal como Ultima Ratio. 9- Princípio da Fragmentariedade: O Estado só intervém nos casos de maior gravidade, pois deve tutelar bens jurídicos mais importantes. 10- Princípio da Lesividade: Exige que haja um grau determinado de lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. É este princípio que impede a incriminação de uma atitude interna como pensamentos/ sentimentos, conduta auto- lesiva, estado ou condição existencial e condutas reprovadas moralmente pela sociedade, mas que não afetam bens jurídicos. 11- Princípio da Insignificância ou Bagatela: @r dd ire ito Entende que a tipicidade penal exige um grau mínimo de lesividade ao bem jurídico, reconhecendo a “atipicidade do fato nas perturbações jurídicas mais leves” (Damásio Evangelista de Jesus). 12- Princípio da Alteridade: Proíbe que se incrimine conduta que não ofende ou lesiona o bem jurídico de outros. 13- Princípio da Proporcionalidade: Define que a pena deve ser proporcional à gravidade do fato, não podendo ser superior à ela. 14- Princípio da Utilidade: A sanção penal deve alcançar a eficácia intimidatória pretendida, considera injustificada toda sanção que não a alcance. 15- Princípio da Irretroatividade: A lei penal não é retroativa, ou seja, uma lei penal vigente não deve ser aplicada a fatos ocorridos antes da sua vigência. (Art. 5º, XL, CF/88). 16- Princípio da Retroatividade Benéfica: A lei penal só pode retroagir em benefício do réu, nunca para prejudicá-lo (Art. 5º, XL, CF/88). 17- Princípio da Ultratividade: Quando a lei é aplicada em período posterior a data de fim da sua vigência para atos praticados durante a sua vigência. 18- Princípio da Territorialidade: Delimita geograficamente a validade jurídica e a aplicação de normas e leis de um Estado. O Código Penal Brasileiro adota a teoria da ubiquidade (Art. 5º, §1º e 2º e Art. 6º, CP). 19- Princípio da Extraterritorialidade: Em determinadas hipóteses a validade das normas jurídicas podem alcançar cidadãos localizados fora do território do Estado soberano. (Art. 5º, §3º, Art. 7º e Art. 8º CP). 20- Princípio da Presunção da Inocência ou da Não- Culpabilidade: É presumir que toda pessoa acusada de um delito é inocente até que se encerre a comprovação da sua culpabilidade, no trânsito em julgado da sentença penal condenatória. Estabelece também que o ônus da prova pertence à acusação. (Art. 5º, LVII, CF/88 e Art. 283, CPP). 21- Princípio da Culpabilidade: Estabelece que apenas quem agiu com dolo ou culpa, ao cometer fato típico e antijurídico, será penalizado. O agente deve possuir consciência da ilicitude, caso contrário será inimputável. 22- Princípio da Adequação Social: O Direito Penal deve estar em consonância com a realidade social. Dessa maneira, condutas consideradas adequadas por determinada sociedade, em tese, não serão tipificadas. 23- Princípio da Secularização: Define a separação entre Direito e Moral. É usado quando há tentativa de imputação de culpa ou dolo com base em preceitos morais ou religiosos. 24- Princípio do Non bis in idem: Define que não pode haver duas (ou mais) punições pelo mesmo fato. 25- Princípio do Duplo Grau de Jurisdição: Garante a todos os cidadãos jurisdicionados, uma reanálise de seu @r dd ire ito processo por uma instância superior. (juízo ad quem) 26- Princípio da Motivação das Decisões: Obriga o magistrado a expor as razões de seu convencimento pautado em aspectos racionais. Permiteque as partes tomem ciência dos critérios utilizados permitindo eventual impugnação. É uma garantia contra julgamentos arbitrários. Aprofundando em Sistema Principiológico ● Princípio da Consunção ou Absorção: É aplicável nos casos em que há uma sucessão de condutas com existência de um nexo de dependência. De acordo com tal princípio o crime fim absorve o crime meio. Por exemplo, lesão corporal com resultado morte. ● Princípio da Proibição/ Vedação à analogia em matéria penal (enquanto fonte): Admite-se somente a Lei Ordinária enquanto fonte para a matéria penal, devido ao Princípio da Legalidade. Destaca-se que a proibição ocorre quando a analogia é aplicada in malam partem, pois cria figura criminosa por similitude, a uma situação fática que não se encaixa, primariamente, em nenhum tipo incriminador. No entanto, admite-se o uso da analogia no Direito Processual Penal, com o objetivo de suprir lacunas, seguindo-se o disposto pelo Art. 3º do Código de Processo Penal. ↳ Analogia in malam partem: É a analogia na qual se adota lei prejudicial ao réu, reguladora de caso semelhante. Ex: A figura do Assistente Técnico nasceu no Proc. Penal para contestar o laudo. Se o assistente técnico apresentar um laudo falso imaginaria-se que ele responderia ao crime previsto no Art.342 do CP (falso testemunho ou falsa perícia), mas por força do caput os sujeitos que podem responder por esse delito são: a testemunha, perito, contador, tradutor e intérprete. A figura do assistente técnico não aparece, logo ele não poderá responder pelo referido delito, porém poderá responder por falsidade ideológica, Art.299. ↳ Analogia in bonam partem: É o uso da analogia em benefício do réu, pois permite a absolvição ou aplicação de pena mais branda a uma situação fática não prevista expressamente em lei. Ex: Em caso de estupro o aborto é legal desde que haja consentimento da gestante e seja realizado por um médico. Imagine então que uma mulher, que reside em cidade longínqua e que não possui médicos na região, foi estuprada e procurou uma parteira para realizar a manobra abortiva. A parteira responderia pelo crime de aborto, pois não é médica. Para que não ocorra injustiça, terá que se aplicar a analogia in bonam partem para beneficiar a parteira. ● Princípio da Ampla Defesa: É o direito da parte ré de se utilizar de todos os meios a seu dispor para realizar a sua defesa contra todas as acusações que sofrer, seja através de provas ou de recursos ou de defesa formal qualitativa. ↳ Ampla Defesa Formal: Consiste na presença de defensor ou advogado, prazos cumpridos, defesa elaborada. ↳ Ampla Defesa Material: Se dá pela defesa qualitativa, com rigor formal e qualidade técnica. @r dd ire ito Lei Penal no Tempo Ao analisar o caput do Art. 2º do CP, nota-se um instituto chamado abolitio criminis que prevê a não-punição de ninguém por fato que lei posterior deixa de considerar crime e em virtude dela também é execução e os efeitos penais da sentença condenatória. ● Princípio da Anterioridade da Lei Penal: A lei penal incidente é a da época do fato, pois “não há crime sem lei anterior que o defina”. Dessa forma, a lei sempre deve ser anterior ao fato. (Art. 1º, CP) ● Princípio da Irretroativi- dade da Lei Penal (Lex Gravior): A lei penal não retroagirá salvo para beneficiar o réu. Assim, uma lei posterior mais severa que a lei anterior não retroagirá. (Art. 5º, XL, CF/88) ● Princípio da Retroatividade Benéfica da Lei Penal (Lex Mitior): Se uma lei posterior de qualquer modo favorecer o agente, deve-se aplicá-la aos fatos anteriores. (Art.2º, CP) ● Princípio da Ultratividade da Lei Penal: A um fato aplicado na vigência de uma lei mais benéfica, posteriormente revogada por uma lei mais prejudicial, aplica-se a lei mais benéfica mesmo que ultrapassada a sua vigência. Ocorre também nos casos de leis excepcionais e temporárias previstas no Art. 3º do CP. ● Princípio da Atividade: Aplica-se a lei ao tempo do fato. ↳ Lei Excepcional: período de anormalidade. ↳ Lei Temporário: a data de vigor é fixada (Ultratividade Gravosa). Essas leis são auto revogáveis. Não precisam de outra lei que as revogue. Basta a superveniência do dia nela previsto (lei temporária) ou o fim da situação de anormalidade (lei excepcional) para que deixem, automaticamente, de produzir efeitos jurídicos. Por esse motivo, são classificadas como leis intermitentes. Observações: O tempo do crime serve para contagem de tempo de prescrição, imputabilidade e etc. O Código Penal Brasileiro, em seu Art. 4º, adotou a Teoria da Atividade ou Resultado para estabelecer o tempo do crime. @r dd ire ito Lei Penal no Espaço Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. (Art.5º, caput, CP) ● Princípio da Territorialidade: Pelo princípio da territorialidade, aplica-se a lei penal brasileira aos crimes cometidos no território nacional, não importando as nacionalidades do autor do crime ou da vítima. Eventualmente, esta regra geral pode ser afastada por força de tratados internacionais. ↳ Considera-se extensão do território nacional: - Aeronaves ou embarcações brasileiras públicas ou a serviço do governo, onde quer que se encontrem. - Aeronaves ou embarcações brasileiras privadas, quando em alto mar. Caso estas ingressarem o espaço aéreo ou mar territorial de outro país, não mais farão parte do território nacional - Aeronaves ou embarcações privadas de bandeira estrangeira, quando ingressam em território brasileiro. (Art.5º, §1º, CP) - Aplica-se, também, a lei brasileira aos crimes cometidos a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. (Art.5º, §2º, CP) ↳ Observações: É mar territorial, ou marginal, o que corre ao longo da costa, parte integrante do território brasileiro e que tem uma faixa de 12 milhas marítimas de largura, medidas a partir da baixa-mar do litoral continental e insular brasileiro, na forma definida pela Lei 8.617/1993. A soberania brasileira alcança também o leito e o subsolo do mar territorial. O conceito de território não impede, contudo, o direito de passagem inocente, isto é, a prerrogativa de navios mercantes ou militares de qualquer Estado de transitarem livremente pelo mar territorial, embora sujeitos ao poder de polícia do Brasil. A plataforma continental é estabelecida medindo 200 milhas marítimas a partir do litoral brasileiro (ou 188 milhas, deduzidas as 12 milhas do mar territorial), como zona econômica exclusiva. ● Lugar do Crime: Considera-se como lugar do crime tanto o local da ação criminosa, quanto o local do resultado de tal ação. Se um deles, ou ambos, ocorrerem no território brasileiro, o autor do crime poderá sofrer a aplicação da lei brasileira. O Brasil adotou a Teoria Mista ou da Ubiquidade. (Art.6º, CP) ● Princípio da Extraterrito- rialidade: A lei penal pode ser aplicada aos crimes praticados no estrangeiro. (Art. 7º, I e II e §3º, CP) ↳ Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: Os crimes: a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, @r dd ire ito de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; Ou os crimes: a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; b) praticados por brasileiro; c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí nãosejam julgados. A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo §3º do Art.7º, CP: a) não foi pedida ou foi negada a extradição; b) houve requisição do Ministro da Justiça. ↳ Extraterritorialidade Incondiciona- da: Trata das hipóteses em que a lei brasileira poderá ser aplicada ao criminoso independentemente do preenchimento de qualquer condição. (Art.7º, §1º, CP). As hipóteses são: crimes contra a vida do Presidente da República; Contra o Patrimônio ou a Fé Pública da Administração Direta ou Indireta; Contra a Administração Pública, por quem está a seu serviço; de Genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil. (Art.7º, I, CP) O agente será julgado segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro. ↳ Extraterritorialidade Condicionada: Trata das hipóteses em que, para ser aplicada a lei brasileira, deverão ser preenchidos os seguintes requisitos (Art.7º, §2º, CP): A aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições: a) entrar o agente no território nacional; b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável (Art. 7º, II, CP). ↳ São condições cumuláveis: Entrar o agente em território nacional, Ser punível o fato também no país em que foi praticado (dupla tipicidade); Estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; Não ter sido o agente absolvido ou perdoado no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; Não estar extinta a punibilidade, segunda a lei mais favorável. ↳ Pena Cumprida no Estrangeiro: Se a pena é cumprida no estrangeiro e, pelo mesmo crime, houver nova pena idêntica imposta no Brasil, esta será atenuada. Já se a nova pena imposta for diversa da anterior, o tempo já cumprido deverá ser computado para o restante da pena. Em acordo com o princípio constitucional do non bis in idem, visto que ninguém pode ser punido duas ou mais vezes pelo mesmo crime. (Art. 8º, CP). Observações: O Direito Penal Internacional (Art. 7º ao 9º, CP) é diferente do Direito Internacional Penal, que são normas internacionais. @r dd ire ito Da Norma Penal Fontes: ↳ Materiais ou de produção: única fonte é o Estado, por meio da União (Art. 22, I, CF/88), mas lei complementar pode autorizar Estado-membro legislar sobre matéria particular de direito penal (Art. 22, parágrafo único, CF/88). ↳ Formais ou de conhecimento: Diretas/imediatas: é a lei; Indiretas/mediatas: costume. O costume consiste na reiteração constante e uniforme de uma regra de conduta. Ele pode ser: segundo a lei (secundum legem); na ausência da lei (praeter legem); contra a lei (contra legem). A diferença entre Lei (tipo) e Norma: Segundo Bitencourt, a Lei é a fonte da Norma Penal. A Norma, pode-se afirmar, é o conteúdo daquela. Tipo Penal: Art. 121, CP: “Matar Alguém”. Norma: “Não matarás”. Características da Lei Penal: a) Exclusividade: somente a lei define infrações (crime e contravenções) e comina em sanções penais (penas e medidas de segurança); b) Imperatividade: é imposta a todos, independente da vontade de cada um; c) Generalidade: todos devem acatamento à lei penal, mesmo os inimputáveis, vez que são passíveis de medida de segurança; e d) Impessoalidade: dirige-se abstratamente a fatos (futuros) e não a pessoas, além de ser produzida para ser imposta a todos os cidadãos, indistintamente. Classificação da Norma Penal: a) Lei Penal Incriminadora: define as infrações penais e comina as sanções que lhes são inerentes. Preceitos: ↳ Primário (preceptum iuris): Onde está contida a definição da conduta criminosa. ↳ Secundário (sanctio iuris): Que prevê a sanção penal aplicável. b) Lei Penal Não Incriminadora: Ou lei penal em sentido amplo. Não tem a finalidade de criar condutas puníveis nem de cominar sanções a elas relativas, subdividindo-se em: ⇨ Permissiva (Justificante ou Exculpante): É justificante a norma que torna lícitas determinadas condutas que, normalmente, estariam sujeitas à reprimida estatal, como ocorre, por exemplo, com a legítima defesa (Art.25, CP). Por sua vez, é exculpante quando a norma elimina a culpabilidade, como é o caso da embriaguez acidental completa (Art. 28, §1º, CP). ⇨ Explicativa ou Interpretativa: Deve esclarecer o conteúdo da norma, como é o caso do Art. 327, CP, que trata do conceito de funcionário público para fins penais. @r dd ire ito ⇨ Complementar: Tem a função de delimitar a aplicação das lei penais incriminadoras como ocorre com o artigo 5º do CP, que dispõe sobre a aplicação da lei penal no território brasileiro. ⇨ Extensiva ou Integrativa: é aquela utilizada para viabilizar tipicidade de alguns fatos, como é o caso dos artigos 14, II e 29 do CP- a tentativa e a participação (em sentido estrito) seriam condutas atípicas se não fossem tais normas. Da Norma Penal em Branco: São normas de conteúdo incompleto, que devem ser complementadas por outra norma (corpo, sem alma). Por exemplo: Art. 33 da Lei Federal nº 11.343/2006. Elas podem ser: ↳ Homogênea: quando o complemento da norma é de mesma origem legislativa da norma penal em branco. Exemplo: Art. 237, CP e Art. 1521, CC (Ambos da Legislação Ordinária): Art. 237. Contrair casamento, conhecendo a existência de impedimento que lhe cause a nulidade absoluta: Pena - detenção, de 3(três) meses a 1(um) ano. Complemento da norma penal em branco: Art.1.521, do Código Civil (Lei Federal nº 10.406/2002) As normas penais homogêneas podem se classificar ainda em: a) Homovitelina: a norma complementar é do mesmo ramo do direito que a principal, ou seja, a lei penal será complementada por outra lei penal. b) Heterovitelina: a norma complementar é oriunda de outro ramo do direito. ↳ Heterogênea: o complemento da norma penal em branco é oriundo de fonte diversa daquela que a editou. Por exemplo, a norma principal pode estar em Lei Ordinária e o seu complemento em Lei Especial. ↳ Invertida ou Ao Avesso: o preceito secundário necessita de complemento. Exemplo: Crime de genocídio (Art. 1º, da Lei Federal nº 2.889/1956): Art. 1º Quem, com a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso, como tal: a) matar membros do grupo; b) causar lesão grave à integridade física ou mental de membros do grupo; c) submeter intencionalmente o grupo a condições de existência capazes de ocasionar-lhe a destruição física total ou parcial; d) adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo; e) efetuar a transferência forçada de crianças do grupo para outro grupo; Será punido: Com as penas do Art. 121, § 2º, do Código Penal, no caso da letra a; Com as penas do Art. 129, § 2º, no caso da letra b; Com as penas do Art. 270, no caso @r dd ire ito da letra c; Com as penas do Art. 125, no caso da letra d; Com as penas do Art. 148, no caso da letra e; Da Legalidade: Base Constitucional: Art. 5º, XXXIX da CR/88, Base Legal: Art. 1º do CP. “Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal” – nullum crimen, nulla poena sine praevia lege. ↳ Funções da Legalidade: 1) Proibir a retroatividade da lei penal. (nullum crimen, nulla poena sine praevia lege); 2) Proibir a criação de crimes e penas pelos costumes (nullum crimen nulla poena sine lege scripta); 3) Proibir o emprego de analogia para criar crimes, fundamentar ou agravar penas (nullum crimen nulla poena sine lege stricta); 4) Proibir incriminações vagas e indeterminadas (nullum crimen nulla poena sine lege certa). ↳ Legalidade formal e material: a) Formal: É seguir oprocedimento formal para a criação de uma lei daquela natureza; Vigência = Legalidade Formal b) Material: é o amoldar-se o conteúdo da lei aos direitos e às garantias fundamentais, previstos constitucionalmente. Validade = Legalidade Material (Compatibilidade com CF/88) Observações: De acordo com o Art. 5º, XL, CF/88 e Art. 2º, CP, é possível a aplicação da lei penal antes da vigência da mesma. De acordo com o Art.62, §1º, I, “b” da CF/88, é vedada expressamente a possibilidade de Medida Provisória sobre matéria penal. @r dd ire ito Teoria Geral do Crime Considerações iniciais: ● Todo crime tem resultado jurídico, mas nem todo crime tem resultado material; ● O nexo causal é a relação entre ação e resultado; ● A classificação do crime é competência do Ministério Público. A defesa pode pedir a desqualificação. Crime O conceito analítico, dogmático ou formal analítico estabelece que o crime é composto de substratos que dão estrutura ao delito, somados estes substratos, tem-se a infração penal. Essa conceituação se divide em duas vertentes: a bipartida e a tripartida. ↳ Para a Teoria Bipartida o crime é um fato típico e antijurídico, sendo a culpabilidade responsável apenas pela dosagem da pena. ↳ Para a Teoria Tripartida o crime é composto por três substratos que resultam na punibilidade (direito de punir do Estado), sendo que este resultado não compõe o crime, é apenas a sua consequência jurídica. Os substratos que compõem o crime , segundo essa teoria, são: tipicidade (fato típico), ilicitude ou antijuridicidade e a culpabilidade. Explicando: 1. Fato Típico (Conduta Típica + Resultado + Nexo Causal); 2. Antijurídico ou Ilícito (Contrário ao Sistema Jurídico); 3. Culpável (Culpabilidade: imputável, potencial consciência da ilicitude, exigibilidade de conduta diversa). Observação: No Furto Famélico a defesa pode apresentar duas teses: antijuridicidade e exigibilidade de conduta diversa. Caminhos do crime - iter criminis 1º Fase: Cogitação ⇨ Não punível (Princípio da Lesividade) 2º Fase: Atos preparatórios ⇨ Não puníveis em regra, puníveis em situações excepcionais. 3º Fase: Atos de Execução ⇨ Puníveis 4º Fase: Consumação ou Tentativa ⇨ Punível Consumação: Se dá quando se reúne todos os elementos que compõe o conceito do crime. Tentativa: Se dá quando na prática de um crime, em decorrência de uma circunstância alheia a vontade do autor, não se alcança o resultado. ↳Situações Fáticas do inter criminis: ● Desistência Voluntária ou Arrependimento Eficaz: “O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só @r dd ire ito responde pelos atos já praticados” (Art. 15, CP). Ex: Lesionar para matar, mas desistir e prestar socorro. A diferença entre a Desistência Voluntária e o Crime Tentado é que neste o que impede o resultado é um fato alheio à vontade do agente. ● Arrependimento Posterior: “Nos crimes cometidos sem violência ou grave à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços”. (Art. 16, CP). Ex: Crime de furto. A principal diferença do A. Posterior para o A. Eficaz, é que naquele o crime é consumado. Observação: A denúncia é competência do MP, portanto, deve ser escrita e subscrita por um membro do MP. Já a queixa é uma petição escrita e subscrita por advogados (ação penal privada). Além disso, tem-se a notitia criminis, que consiste na ida do cidadão comum à uma delegacia para noticiar um crime. ● Crime Impossível: “Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime” (Art. 17, CP). Não é possível que se aplique o crime de vilipêndio em decorrência do animus. ↳ Elementos Subjetivos do Crime: Dolo ou Culpa. (Art. 18, CP) ● Dolo Direto: Quando o agente deseja o resultado. (Art. 18, I, CP) ● Dolo Eventual: Quando o agente assume o risco de produzir o resultado. (Art. 18, I, CP) ● Culpa Consciente: Quando o agente prevê o resultado, mas acredita que é capaz de evitar o resultado (não admite o resultado). ● Culpa por Imprudência: Quando o agente age de maneira afoita ou apressada. (Art. 18, II, CP) ● Culpa por Negligência: Quando o agente age com desatenção. (Art. 18, II, CP) ● Culpa por Imperícia: Quando o agente é incapaz ou inabilitado para realizar a perícia. (Art. 18, II, CP) Observação: Nos crimes culposos, o judiciário admite o perdão judicial. ↳ Outras classificações importantes de crime: ● Crime Tentado Perfeito: Ocorre quando o agente finaliza o processo executório, mas a consumação não se dá por fatos alheios a sua vontade. Ex: O agente atira 3x contra a vítima que é socorrida e sobrevive. ● Crime Tentado Imperfeito: Ocorre quando o agente inicia a execução do crime, no entanto, há a interrupção do processo executório, ou seja, o agente não pratica todos os atos da @r dd ire ito execução por circunstâncias alheias a sua vontade. Ex: O agente foi desarmado por uma terceira pessoa. Observação: O CP adotou, em seu Art. 14, II e Parágrafo Único, a tentativa imperfeita como regra. E adota excepcionalmente a tentativa perfeita para fins de valoração da dosimetria da pena. ● Crime Qualificado Pelo Resultado: É quando o legislador, após descrever uma conduta típica, com todos os seus elementos, acrescenta-lhe um resultado cuja ocorrência acarreta o agravamento da sanção penal. O crime qualificado pelo resultado pode ser integralmente doloso. Ex: latrocínio; extorsão mediante sequestro qualificado pela morte. Ou integralmente culposo. Ex: crime culposo de incêndio qualificado pela morte culposa. ● Crime Preterdoloso: É, também, um crime qualificado pelo resultado, mas exige que a ação criminosa tenha um início doloso e um resultado culposo. Ex: Em uma briga, o agente desfere um soco no rosto da vítima que, ao cair no chão, bate a cabeça e apesar de socorrida adquire um coágulo e vem a óbito. @r dd ire ito Tipicidade Fato Típico, é composto por conduta (sem finalidade), resultado, nexo causal e, por último, tipicidade. ⇒ A Conduta é definida na doutrina por meio de diversas teorias, sendo a Teoria Finalista a que foi adotada pelo Código Penal de 1940. A teoria finalista dispõe que a conduta é um comportamento humano voluntário psiquicamente dirigido a um fim. O denominador comum de todas as teoria é o movimento humano voluntário (dominável pela vontade). Se o comportamento praticado, ainda que tipificado, não for precedido da vontade do seu agente, não haverá conduta e o fato típico estará desfigurado, visto que, está ausente o seu primeiro elemento. São causas de exclusão da conduta: 1- Caso Fortuito ou de Força Maior: de acordo com o Código Civil é fortuito ou de força maior o caso que se dá quando uma ação gera consequências, efeitos imprevisíveis, impossíveis de evitar ou impedir. Para Zaffaroni e Pierangeli, o “caso fortuito” deve ser considerado como uma situação de atipicidade e não de ausência de conduta, visto que na maioria dos casos, se apresenta uma conduta, só que esta não pode ser considerada típica. 2- Involuntariedade: é a ausência de capacidade, por parte do agente, de dirigir sua conduta de acordo com uma finalidade predeterminada. Os casos de involuntariedade são: (i) estado de inconsciência completa, como sonambulismo e hipnose; (ii) movimentos reflexos, reação automática do organismo a um estímulo externo. 3- Coação Física Irresistível (vis absoluta): ocorre quando o agente é impossibilitado de determinar seus movimentos físicos de acordo com a sua vontade, por exemplo, quando um socorrista é amarrado ou segurado por uma outra pessoa que o impede de socorrer uma vítima de disparo de arma de fogo que agoniza na sua frente. A coação física irresistível não se confunde com a coação moral irresistível (vis compulsiva), visto que na segunda há conduta, masnão livre. ↳ A voluntariedade do agente também é um dos elementos do fato típico, se apresentando na forma do dolo, da culpa ou do preterdolo (explicados brevemente acima). Resultado e Classificação dos Crimes ⇒ Integra os elementos do fato típico também, o resultado. A conduta, sendo ela ação ou omissão, pode gerar dois resultados: o naturalístico e o normativo. ↳ Naturalístico: não está presente em todos os delitos. Se dá com a modificação que é perceptível aos sentidos. Por exemplo: é resultado naturalístico do crime de furto, a subtração do objeto de propriedade da vítima. Há crimes que não exigem um resultado naturalístico e, dessa forma, a depender da exigência ou não de modificação do mundo exterior, as infrações penais se dividem @r dd ire ito em: material, formal e de mera conduta. Brevemente: (i) Crimes materiais são aqueles em que o tipo penal descreve conduta e resultado naturalístico, sendo indispensável este último para a sua consumação. Nele, a conduta e o resultado são cronologicamente separados, como por exemplo, no crime de homicídio (art.121, CP); (ii) nos crimes formais, apesar do tipo também prever conduta e resultado naturalístico, este é dispensável para sua consumação. Com a prática da conduta dar-se o crime consumado, o resultado naturalístico serve como exaurimento da infração e para fins de dosimetria da pena. São exemplos os crimes de ameaça (art.147, CP) e extorsão (art. 158, CP); (iii) os crimes de mera conduta são os que o tipo penal descreve apenas a conduta delituosa e não menciona resultado naturalístico. Pune-se a simples conduta, como por exemplo, no crime de violação de domicílio (art.150, CP). ↳ Normativo:o resultado normativo está presente em todo e qualquer delito. Divide-se em: Crime de Dano e Crime de Perigo. Brevemente: (i) é crime de dano quando a sua consumação exige efetiva lesão ao bem jurídico tutelado, como no homicídio; (ii) é crime de perigo quando a consumação se dá apenas com a exposição do bem jurídico a uma situação de perigo. Por exemplo: o tráfico de drogas (crime de perigo abstrato, visto que pode acarretar dano à saúde pública) e o crime de expor ou abandonar recém- nascido, para ocultar desonra própria (art. 134, CP)- crime de perigo concreto determinado, já que a conduta expõe alguém ao perigo. Caso a exposição ao perigo seja da coletividade, chama-se crime de perigo concreto indeterminado, já que não há vítima certa e determinada, como por exemplo no crime de condução inabilitada de veículo automotor (art.309, CTB). ⇒O quarto elemento do fato típico é o nexo causal. Nexo Causal e Concausas O Nexo Causal é o vínculo entre a conduta e o resultado. “O resultado de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido” (Art. 13, caput, CP) Adotou-se no Brasil a Teoria da Equivalência dos Antecedentes Causais ou conditio sine qua non (Von Buri) somada ao método ou teoria da eliminação hipotética dos antecedentes causais (Thyrén) Chama-se de Concausa as duas ou mais causas que deram origem ao resultado do crime. (Concurso de Causas) Estas causas podem ser: ⇨ Absolutamente Independentes; ↳ Preexistentes; Concomitantes; Posteriores ou Supervenientes. ⇨ Relativamente Independentes. ↳ Preexistentes; Concomitantes; Posteriores ou Supervenientes. Absolutamente Independentes: ↳ Preexistentes: A causa efetiva para chegar-se ao resultado antecede o comportamento concorrente. @r dd ire ito Ex: João atira em José que tinha, há 1h, tomando um veneno servido por sua esposa e mesmo após levar o tiro e ser socorrido, morre em decorrência do veneno e não do tiro. João não responde pelo resultado, apenas pela tentativa. ↳ Concomitantes: A causa efetiva para chegar-se ao resultado é simultânea ao comportamento concorrente. Ex: João atira em José e no mesmo instante Pedro atira em zona fatal do corpo de José. João não responde pelo resultado, apenas pela tentativa. ↳ Posteriores ou Supervenientes: A causa efetiva para chegar-se ao resultado é posterior ao comportamento concorrente. Ex: João oferece veneno à José e após alguns instantes Pedro, com uma espada, corta a cabeça de José. João não responde pelo resultado, apenas pela tentativa. Relativamente Independentes: ↳ Preexistentes: A causa efetiva para chegar-se ao resultado antecede o comportamento concorrente. Ex: Antônio desfere golpe de faca contra João, portador de hemofilia. O ataque não seria suficiente para matar João, porém a vítima tem dificuldade para estancar o sangue e acaba morrendo. Antônio responde por homicídio consumado ↳ Concomitantes: A causa efetiva para chegar-se ao resultado é simultânea ao comportamento concorrente. Ex: Pedro, com intenção de matar, atira contra José, mas não atinge o alvo. José, entretanto, tem um colapso cardíaco pelo susto e morre. Sem o disparo não haveria o colapso cardíaco. Pedro responde por homicídio consumado (Para evitar a responsabilidade objetiva, o Direito Penal Moderno só imputaria homicídio consumado ao agente se ele tivesse conhecimento quanto à condição da vítima) ↳ Posteriores ou Supervenientes: A causa efetiva para chegar-se ao resultado é posterior ao comportamento concorrente. (Art. 13, §1º, CP- adota a Teoria da Causalidade Adequada de Von Kries) É possível reconhecer duas hipóteses envolvendo concausa relativamente independente: a causa efetiva que não por si só e a que por si só produziu o resultado. 1º Ex (não por si só): Gabriel atira contra Wellington que é socorrido, mas morre no hospital graças à um erro médico durante a cirurgia. Gabriel responde por homicídio consumado O médico responde por homicídio culposo (A doutrina majoritária entende que o erro médico como causa se encontra na mesma linha de desdobramento causal, portanto é consequência normal, provável e previsível da ação do agente) 2º Ex (por si só): Marcos atira contra Henrique para matar. Henrique é socorrido, no entanto, enquanto se recuperava no hospital houve um incêndio que resultou na sua morte. Marcos não responde pelo resultado. (Não existe um nexo normal prendendo o atuar do atirador ao resultado morte por queimaduras, portanto, o resultado é uma consequência anormal, improvável e imprevisível da ação do agente). @r dd ire ito Ilicitude ou Antijuridicidade Consiste na análise da conduta que gerou um resultado com ajuste a um tipo penal e se essa violação típica é ou não permitida pelo nosso ordenamento jurídico; se permitida, não há ilicitude; se não permitida, há ilicitude. Há quatro teorias que discutem a relação entre tipicidade e ilicitude. São: (a) Teoria da autonomia ou absoluta independência; (b) Teoria da indiciariedade ou da “ratio cognoscendi”; c) Teoria da absoluta dependência ou da “ratio essendi”; (d) Teoria dos elementos negativos do tipo. A doutrina majoritária brasileira adotou a Teoria da indiciariedade ou da “ratio cognoscendi”, que estabelece uma presunção relativa de que o fato típico também é ilícito. Dessa forma, não há uma absoluta independência entre esses dois substratos, mas uma relativa dependência. O fato típico desperta indícios de ilicitude, apesar de permanecer íntegro quando excluída a antijuridicidade do comportamento. Exclui-se a ilicitude, no entanto, o fato permanece típico. Verificando que há hipóteses de exclusão da ilicitude ou antijuridicidade, exploraremos-as a seguir. As causas que excluem a ilicitude são prevista, principalmente, no Art.23 do Código Penal, são elas: Excludentes de Antijuridicidade ou Ilicitude ● Estado de Necessidade: Exclui-se a ilicitude quando o agente pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias não era razoável exigir-se. Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo;e embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de 1 à ⅔. Ex: Um pai furta alimentos em um mercado para alimentar sua família faminta, pois não tem condições de prover o sustento. (Art. 24, CP) ● Legítima Defesa: Exclui-se a ilicitude quando o agente, usando moderadamente, dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. Considera-se em legítima defesa o agente de segurança pública que repele agressão ou risco de agressão a vítima mantida refém durante a prática de crimes. Ex: A vítima, para se proteger de um agente que a ameaça com uma arma, saca sua arma e dispara um tiro para repelir tal ameaça. (Art. 25, CP) ● Estrito Cumprimento do Dever Legal ou Exercício Regular do Direito: Está em cumprimento do dever legal o agente que cumpre o seu dever proveniente da lei e não responderá pelos atos praticados, ainda que constituam ilícito penal, @r dd ire ito obedecendo aos seguintes requisitos: existência prévia de um dever legal, cumprimento estrito da ordem (não podendo se exceder) e a execução do ato por um agente público, e excepcionalmente, particular. Ex: Prisão em flagrante realizada por policial ou oficial de justiça cumprindo mandado de penhora. Está em exercício regular do direito aquele que exerce um direito garantido por lei e, portanto, não comete ato ilícito, obedecendo aos seguintes requisitos: existência de um direito previsto no ordenamento jurídico, conduta regular (do contrário haverá abuso de direito/ excesso) e conhecimento por parte do agente da situação em que se encontra. Ex: intervenção médica cirúrgica que teve anuência do paciente, mas que este veio a falecer. (Art. 23, III, CP). ↳ Excesso Punível: O agente, em qualquer das hipóteses acima elencadas, responderá pelo excesso doloso ou culposo. (Art. 23, Parágrafo único). @r dd ire ito Culpabilidade ● Imputabilidade: Maiores de 18 anos, capazes mentalidade. ● Exigibilidade de conduta diversa: Ser possível no caso concreto uma conduta conforme a lei. ● Potencial Consciência da Ilicitude. O terceiro e último substrato do crime é a Culpabilidade. Conceitua-se a culpabilidade como o juízo de reprovação que recai na conduta típica e ilícita que o agente se propõe a realizar. Trata-se de um juízo relativo à necessidade de aplicação da sanção penal. São três elementos que compõem a culpabilidade: 1- Imputabilidade: é a capacidade de imputação, ou seja, possibilidade de se atribuir a alguém a responsabilidade pela prática de uma infração penal. Considera-se inimputável aquele que não possui capacidade de imputação penal. Dois requisitos são avaliados para que haja imputabilidade: o intelectivo, consistência na higidez psíquica que permita ao agente ter consciência do caráter do caráter ilícito do fato; e o volitivo, em que o agente domina sua vontade, ou seja, exerce controle sobre a disposição surgida com o entendimento do caráter ilícito do fato, e se determina de acordo com este entendimento. Essa previsão aparece no Art.26 do CP, que diz: “É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento”. Nos casos em que se provar a inimputabilidade do agente, conforme os critério mencionados anteriormente, o juiz deverá absolver, nos termos do art. 386, inciso VI do CPP, aplicando uma medida de segurança, trata-se da espécie de absolvição imprópria. O Parágrafo único do art. 26 do CP diz que: “A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento”. Por fim, a outra possibilidade de inimputabilidade é a questão da maioridade penal. Tanto o art. 228 da Constituição Federal de 1988 quanto o art. 27 do CP estabelece que os menores de 18 anos são inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas pela legislação especial, qual seja a Lei 8.069/90 – Estatuto da Criança e do Adolescente. 2- Potencial Consciência da Ilicitude do Fato: representa a possibilidade que tem o agente imputável de compreender a reprovabilidade da sua conduta. Existe a causa excludente (dirimente) da potencial consciência da ilicitude, que é o erro de proibição. Positivado no Art. 21 do CP: “O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço. @r dd ire ito https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10643765/artigo-386-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10643530/inciso-vi-do-artigo-386-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10637136/par%C3%A1grafo-1-artigo-26-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10637167/artigo-26-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10643881/artigo-228-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/188546065/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10637112/artigo-27-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91764/estatuto-da-crian%C3%A7a-e-do-adolescente-lei-8069-90 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91764/estatuto-da-crian%C3%A7a-e-do-adolescente-lei-8069-90 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91764/estatuto-da-crian%C3%A7a-e-do-adolescente-lei-8069-90 Parágrafo único. Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência”. 3- Exigibilidade de Conduta Diversa: Exige-se que nas circunstâncias do fato, o autor tivesse a possibilidade de atuar de acordo com o ordenamento jurídico. Existem duas hipóteses legais de exclusão (dirimentes) desse elemento que compõe a culpabilidade. São elas: ↳ Coação irresistível, prevista no Art.22 do CP: “Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem”. A coação irresistível possui dois requisitos: (i) coação moral; (ii) irresistibilidade da coação. ↳ Obediência hierárquica, prevista na segunda parte do mesmo artigo supra-citado. São requisitos da obediência hierárquicas: (i) ordem de superior hierárquico; (ii) ordem não seja manifestamente (claramente) ilegal; (iii) estrita observância da ordem. Há também, dirimentes supralegais. São elas: Dirimentes Supralegais: 1) Cláusula de consciência: Nos termos da cláusula de consciência, estará isento de pena aquele que, por motivos de consciência ou crença, praticar algum fato previsto como crime, desde que não viole direitos fundamentais individuais. A doutrina costuma amparar a cláusula de consciência na liberdade de crença e de consciência assegurada constitucionalmente nos termos do artigo 5º, VI da CF/88. Exemplo: cita-se o caso do pai, testemunha de Jeová, que não permite a transfusão de sangue no filho. 2) Desobediência civil: representa atos de insubordinação que têm por finalidade transformar a ordem civil estabelecida, demonstrando sua injustiça e necessidade de mudança. Exige-se para reconhecimento desta dirimente: (A) que a desobediência esteja fundada na proteçãode direitos fundamentais; (B) que o dano causado não seja relevante. Exemplo: ocupação de prédios públicos; manifestações ocorridas na Copa do Mundo de 2018, em que algumas pessoas invadiram o campo para protestar contra o presidente russo e contra a falta de liberdade de expressão. Vale ressaltar que, as dirimentes supralegais devem ser invocadas com parcimônia, apenas em casos excepcionalíssimos, em que se demonstre cabalmente que em determinada situação não havia possibilidade de evitar a prática do ato ilícito. @r dd ire ito Teoria do Erro Penal ↳ O Erro de Tipo ou Erro Sobre Elementos do Tipo é, segundo o Código Penal, em seu Art. 20:7 “O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime” que “exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei”. No Erro de Tipo, o agente ignora ou tem conhecimento equivocado da realidade. É a ignorância ou o erro que recai sobre as elementares, circunstâncias ou quaisquer dados que se agregam a determinada figura típica. Ex. 1: A mulher que sai às pressas da sala de aula e, por engano, leva a bolsa de sua colega, muito parecida com a sua; Ex. 2: O caçador que atira e mata o seu colega de caça, depois que este, sem avisar, se disfarça de urso para pregar-lhe uma peça. ⇨Espécies de Erro de Tipo: ↳ Erro de tipo essencial: a) evitável b) inevitável; ↳ Erro de tipo acidental: a) sobre o objeto b) sobre a pessoa c) na execução d) resultado diverso do pretendido e) sobre o nexo causal. ● Erro de Tipo Essencial Inevitável: Configura o erro imprevisível, excluindo o dolo (por não existir consciência) e culpa (por ausência de previsibilidade). ● Erro de Tipo Essencial Evitável: É o erro previsível, só excluindo o dolo (por não existir consciência), mas punindo a culpa, pois o agente poderia conhecer o perigo. Observação: só se pune a culpa nos crimes que têm essa modalidade em sua previsão legal. Usa-se a figura do “homem médio” para aferir a (in)evitabilidade do erro. A previsibilidade deve ser avaliada tão-somente pelo enfoque objetivo, no qual considera-se o fato e não o autor. Flávio Monteiro de Barros diz: “Erro invencível ou escusável é o que não emana da culpa do agente. Ainda que empregasse a atenção do “homem médio”, o erro ter-se-ia verificado. Erro vencível ou inescusável é o que emana da culpa do agente. Para evitá-lo bastaria a atenção normal do “homem médio”. Uma corrente mais moderna, trabalha com admitir que se avalie as circunstâncias do caso concreto, pois entende que o grau de instrução, idade do agente, momento e local do crime podem interferir na previsibilidade do agente. ● Erro de Tipo Acidental: É acidental o erro que recai sobre dados secundários do tipo. A intenção criminosa é manifesta, incidindo naturalmente a responsabilidade penal. @r dd ire ito ↳ Erro de tipo acidental sobre objeto: É uma subespécie discutida apenas pela doutrina. Ocorre quando o agente confunde o objeto visado, atingido outro que não o desejado. Ex: a pessoa ingressa numa joalheria para subtrair um relógio de ouro, mas acaba furtando um relógio dourado. A consequência é a punição do agente pela conduta praticada, respondendo pelo delito considerando-se o objeto efetivamente atingido. Dessa forma, o erro sobre o objeto não exclui o dolo, nem a culpa, não isenta o agente de pena e considera na punição o objeto diverso do pretendido. ↳ Erro de tipo acidental quanto à pessoa: Essa sim é uma subespécie prevista pelo Código Penal em seu Art. 20, §3º: “O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime”. O erro quanto à pessoa implica na existência de duas vítimas: uma real -pessoa realmente atingida- e uma virtual- pessoa que se pretendia atingir. O agente as confunde. Ex: A pessoa quer matar seu próprio pai, porém confunde o seu tio, que acaba de adentrar o recinto em que estava, com o seu pai e mata-o. A consequência é a punição do agente por parricídio, mesmo que seu pai continue vivo. O erro quanto à pessoa não exclui o dolo, nem a culpa e não isenta o agente de pena. Contudo, na sua punição devem ser consideradas as qualidades e condições pessoais da vítima virtual (pretendida), visto que o CP adotou a Teoria da Equivalência e não a Teoria da Concretização. ↳ Erro de tipo acidental na execução: Também conhecido como aberratio ictus, o erro na execução está previsto no Art. 73 do CP e diz: “Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no §3º do art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código”. Trata-se, portanto, de um acidente ou erro no uso dos meios de execução e, por consequência, o agente acaba atingindo pessoa diversa da pretendida, embora corretamente representada (não há engano quanto à pessoa). Ex: o agente mira o seu pai, mas por falta de habilidade no uso da arma, acaba atingindo um vizinho que passava do outro lado da rua. Há duas possíveis consequências: 1) Se o agente atingir somente a pessoa diversa da pretendida (aberratio ictus de resultado único), será punido pelo crime, considerando-se, contudo, as condições e qualidades da vítima desejada e não da vítima efetivamente atingida. 2) Se o agente atingir também a pessoa diversa da pretendida (aberratio ictus com unidade complexa ou resultado duplo), será punido pelos dois crimes, em concurso formal de crimes. @r dd ire ito Em qualquer situação, o erro na execução não exclui o dolo, não exclui a culpa e não gera isenção da pena. ↳ Erro de tipo acidental por resultado diverso do pretendido: Também chamado de aberratio criminis ou aberratio delicti. É a situação em que o agente, também por acidente ou erro no uso dos meios de execução, atinge bem jurídico distinto daquele que pretendia atingir. Conforme o Código Penal, em seu Art. 74: “Fora dos casos do artigo anterior [artigo 73, erro na execução], quando, por acidente ou erro na execução do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste Código”. Ex: o agente quer danificar o carro de seu desafeto, mas por erro na execução, atinge e mata o motorista. Queria praticar dano, mas acaba produzindo morte. A consequência não será a isenção da pena, mas sim, que o indivíduo responda pelo resultado diverso do pretendido, só que a título de culpa (havendo previsão legal). Contudo, se o agente atingir também o resultado pretendido, responderá pelos dois crimes, em concurso formal de delitos. A regra do Art. 74 será afastada quando o resultado obtido for menos grave do que o pretendido. Admite-se, no entanto, a tentativa. ↳ Erro de tipo acidental sobre o nexo causal: É, também, uma subespécie estudada apenas pela doutrina. Se dá quando o resultado desejado se produz, mas de maneira/forma diversa da pretendida pelo agente. Divide-se em dois tipos: Erro sobre o nexo causal em sentido estrito: É quando o agente, mediante um só ato, provoca o resultado visado, porém com outro nexo de causalidade. Ex: Pedro empurra João de um penhasco para que ele morra afogado, porém, em razão da queda, João bate a cabeça em uma pedra e morre por traumatismo craniano. Dolo geral ou aberratio causae: É quando o agente, mediante conduta desenvolvida em pluralidade de atos, provoca o resultado pretendido, porém com outro nexo. Ex: Maria atira em Rita (primeiro ato) e, imaginando que Rita está morta, joga seu corpo no mar, vindo Rita a falecer por afogamento. A consequência que prevalece, é apunição do agente por um só crime (princípio unitário), desejando desde o início, a título de dolo, considerando-se, aliás, o nexo ocorrido e não o pretendido. ↳ As Descriminantes Putativas (que figura como Erro) ocorrem quando o agente, equivocado, supõe, nas circunstâncias, que existe um descriminante, ou que age nos limites de uma, ou , ainda, também iludido, supõe presentes os pressupostos fáticos da justificante. @r dd ire ito Existem duas formas de se obter uma descriminante putativa: 1) O agente supõe agir conforme uma justificante em razão de erro quanto à sua existência ou seus limites. Apesar de conhecer a situação de fato, ignora a ilicitude do comportamento. Ex: “A” dá um soco em “B” que se ver autorizado a revidar com um tiro. “A” sabe da situação fática, mas ignora a ilicitude da sua reação (ultrapassando os requisitos constitutivos da legítima defesa). Este erro deve ser equiparado ao Erro de Proibição, sofrendo os consectários previstos no art.21 do CP (se inevitável o erro, exclui a culpabilidade; se evitável, diminui a pena). 2) Prevista no Art. 21, §1º do CP. O agente engana-se quanto aos pressupostos fáticos do evento. Supõe estar diante de uma situação de fato que, na realidade, não existe. Ex: Pedro encontra seu desafeto em uma rua escura e ao vê-lo colocando a mão no bolso, supõe que o seu desafeto pegará uma arma para atirar contra ele. Pedro se adianta e atira contra o seu desafeto matando-o, mas ao se aproximar, percebe que no bolso dele havia, na verdade, um celular. De acordo com a Exposição de Motivos do Código Penal, entende-se que o equívoco do agente no caso anterior, deve ser tratado como de mesma natureza do Erro de Tipo (visto que o legislador adotou a Teoria Limitada da Culpabilidade). Se inevitável, além do dolo, exclui a culpa, isentando o agente de pena; se evitável, exclui o dolo, mas não isenta o agente de pena, subsistindo o crime culposo quando previsto em lei (culpa imprópria). Além disso, topograficamente, a Descriminante Putativa se encontra no §1º do Art.20, CP e não no Art. 21, que trata de erro de proibição, mostrando a opção do legislador no tratamento da matéria. ↳ O Erro de Proibição é a causa excludente da potencial consciência da ilicitude. Previsto no Art.21 do CP; “O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço. Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência”. Não nos é dado desconhecer a lei, contudo, o erro de proibição pode ocorrer quando o agente se equivoca quanto à reprovabilidade da sua conduta. O erro pode ser escusável ou inescusável, e é dessa forma que se avalia a possibilidade do afastamento da culpabilidade. ● Escusável: É quando o agente atua ou se omite sem ter consciência da ilicitude do fato em situação na qual não é possível lhe exigir que tenha esta consciência. ● Inescusável: @r dd ire ito De acordo com o Código Penal, “se o agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência” (Art.21, parágrafo único). No caso do erro escusável, afasta-se a culpabilidade, ao passo que o erro inescusável acarreta apenas a diminuição da pena (de um sexto a um terço). Para aferir se o erro foi escusável ou inescusável são consideradas as características do agente, tais como idade, grau de instrução, local em que vive e os elementos culturais que permeiam o meio no qual sua personalidade foi formada, e não o critério inerente ao homem médio. São dois os tipos de erro de proibição: ↳ Erro de proibição direto: Ocorre quando o agente se equivoca quanto ao conteúdo de uma norma proibitiva, ou porque ignora a existência do tipo incriminador, ou porque não conhece completamente o seu conteúdo, ou porque não entende o seu âmbito de incidência. Ex: um turista estrangeiro, habituado a consumir maconha no seu país, acredita que pode fazê-lo no Brasil. ↳ Erro de proibição indireto: Ou Descriminante Putativa por Erro de Proibição. Ocorre quando o agente sabe que a conduta é típica, mas supõe presente uma norma permissiva, ora supondo uma excludente de ilicitude, ora supondo estar agindo nos limites da descriminante. Ex: “A”, traído por sua mulher, acredita estar autorizado a matá-la para defender sua honra ferida. O erro de tipo recai sobre os elementos normativos do tipo, enquanto o erro de proibição recai sobre os elementos normativos da ilicitude. @r dd ire ito Concurso de Pessoas O concurso de pessoas acontece quando há a reunião de vários agentes concorrendo (de forma relevante) para a realização do mesmo evento, agindo todos com o mesmo propósito. Essa cooperação pode ocorrer em várias fases do iter criminis e em intensidades diferentes e é valorada de acordo com a contribuição de cada um dos agentes para o sucesso do crime. São necessários quatro requisitos para caracterizar o concurso de pessoas: (i) a pluralidade de agentes e de condutas, diversos agentes que empreendem condutas relevantes. É possível que alguns agentes ingressem o núcleo do tipo, enquanto outros cumpram funções paralelas, auxiliando os primeiros; (ii) relevância causal das condutas, a pluralidade de condutas é importante, mas deve ser acompanhada de relevância causal, ou seja, deve imprescindivelmente ter relação com o resultado do crime; (iii) liame subjetivo entre os agentes, todos os agentes devem estar conscientes que estão atuando para a prática da mesma infração; (iv) identidade de infração penal, todos os concorrentes devem contribuir para o mesmo evento. Sobre a responsabilidade penal de cada um dos agentes, existem três teorias: 1- Teoria monista/ unitária/ igualitária: de acordo com essa teoria, não se faz distinção entre os sujeitos. Todos são responsáveis pela produção do resultado, em concepção derivada da equivalência das condições (todos os que concorrem para o crime respondem pelo seu resultado). Essa teoria é criticada pela dificuldade em estabelecer materialmente a equivalência das condições, ignorando também, as próprias exceções previstas na lei, que estabelecem penas maiores ou menores de acordo com a função efetivamente desempenhada por cada um dos agentes. Esta foi a teoria adotada pelo Código Penal brasileiro, que estabeleceu a existência de apenas um crime e a responsabilidade de todos os que concorrem para a sua prática. Apesar disso, o Art.29 do CP faz uma ressalva no sentido de que todos incidem nas penas cominadas ao crime “na medida de sua culpabilidade”. Ao estabelecer excessões, o CP se aproxima da teoria dualista (que será abordada a seguir), ao passo que, prevê a teoria pluralista em crimes como o dos Arts. 124 e 126, o crime de aborto praticado por terceiro com consentimento da gestante. 2- Teoria pluralista: nessa teoria, a cada um dos agentes se atribui conduta, elemento psicológico e resultados específicos, razão pela qual há delitos autônomos cominados individualmente. 3- Teoria dualista: segundo a teoria dualista, tem-se um crime para os executores do núcleo do tipo (autores) e outro aos que não o realizam, mas de qualquer modo concorrem para a sua @r dd ire ito execução (partícipes). Essa teoria também é alvo de críticas, pois o crime se resume a apenas um fato e, muitas vezes, a atuação do executor é menos relevante do que a desempenhada pelo partícipe, como ocorre no homicídio praticado por mandato. Sobre os sujeitos tem-se: ↳ Autoria- várias teorias tentam definir o conceito de autoria, elas são reunidas em dois grupos: unitárias (não diferenciam autor e partícipe) e diferenciadoras (diferenciam autor e partícipe). Teoria subjetiva/ unitária: não diferencia autor e partícipe, considera autor todo aquele que contribui para a produçãodo resultado. Teoria extensiva: também não faz a diferenciação, mas permite o estabelecimento de diferentes graus de autoria, com previsão de causas de diminuição da pena conforme a relevância de sua participação. Teoria objetiva ou dualista: estabelece distinção entre autor e partícipe. Subdivide-se em duas: (i) objetivo-formal: autor é quem realiza a ação nuclear do tipo e partícipe é quem concorre de qualquer forma para o crime; (ii) objetivo-material: autor é quem contribui de forma mais efetiva para a ocorrência do resultado, não necessariamente praticando a ação nuclear do tipo. Partícipe, por outro lado, é quem tem atuação menos relevante para o desdobramento causal (ainda que pratique a conduta nuclear do tipo). Teoria do domínio do fato: autor é quem decide a forma de execução, seu início, cessação e demais condições do fato. Partícipe será aquele que, embora colabore dolosamente para o alcance do resultado, não exerça domínio sobre a ação. O Código Penal, em seu Art.29, estabelece um raciocínio que o liga a teoria objetivo-formal, contudo, a doutrina tem adotado cada vez mais a teoria do domínio do fato (seguida pelos tribunais superiores). ↳ Autoria mediata: Define-se o autor mediato como sendo o sujeito que, sem realizar a conduta descrita no Código Penal, comete fato típico por outra pessoa, utilizada como seu instrumento. Esse conceito é semelhante ao de partícipe, mas com ele não se confunde. A conduta do autor mediato não é acessória, mas principal. O autor mediato se vale, como seu instrumento, de pessoa não culpável (não imputável, sem potencial consciência da ilicitude ou de quem não se exige conduta diversa) ou que atua sem dolo ou culpa. @r dd ire ito Há 5 hipóteses em que o instituto da autoria mediata é aplicável: (i) inimputabilidade penal (art. 62, inc. III); (ii) coação moral irresistível (art. 22); (iii) obediência hierárquica (art. 22); (iv) erro de tipo escusável provocado por terceiro (art. 20, §2º); (v) erro de proibição escusável provocado por terceiro (art. 21, caput). ↳ Autoria colateral: tem-se a autoria colateral quando dois ou mais agentes, um ignorando a contribuição do outro, concentram suas condutas para o cometimento da mesma infração penal. Ex: João e Antônio se colocam de tocaia, no mesmo local, João e Antônio disparam, causando a morte de José. Se houvesse vínculo psicológico entre os atiradores, seriam coautores do crime de homicídio (art. 121 do CP). No caso, ausente o vínculo, cada um responde individualmente, sendo que àquele que matou será imputado o homicídio consumado e ao outro será atribuída a tentativa. ↳ Coautoria: Verifica-se a coautoria nas hipóteses em que dois ou mais indivíduos, ligados subjetivamente, praticam a conduta (comissiva ou omissiva) que caracteriza o delito. A coautoria, em última instância, é a própria autoria delineada por vários indivíduos. É imprescindível que a atuação de cada indivíduo se dê com a consciência de que contribui para a mesma infração penal, em conjunto com os demais, ainda que não haja acordo prévio, como já estudamos quando tratamos dos requisitos do concurso de pessoas. Se não há vínculo subjetivo, descaracteriza-se o concurso de pessoas, e emerge a autoria colateral. A coautoria pode ser parcial ou direta: (a) Será parcial quando os (co)autores se dedicam a atos de execução diversos que, reunidos, possibilitam o alcance do resultado pretendido. É o caso, por exemplo, do crime de roubo em que um agente ameaça as vítimas enquanto outro as subtrai. (b) Será direta quando todos os (co) autores do crime executam a mesma conduta, como no caso dos indivíduos que, ao mesmo tempo, ameaçam e despojam as vítimas de seus bens. ↳ Participação: A participação, adotada a teoria formal-objetiva quanto à autoria, consiste na realização de atos que de alguma forma concorram para o crime, sem que o agente ingresse na ação nuclear típica. No dizer de Mirabete: "O partícipe não comete a conduta descrita pelo preceito primário da norma, mas pratica uma atividade que contribui para a realização do delito". A doutrina aponta que a participação pode ocorrer por via moral ou material. A punição da conduta acessória, dependente da principal, é objeto de divergência resumida em quatro teorias: (a) Acessoriedade mínima: é suficiente a prática, pelo autor, de fato típico para que a participação seja punível. Esta teoria deve ser afastada, pois não se concebe a punição do partícipe se o autor agiu, por exemplo, amparado por legítima defesa, e, em @r dd ire ito última análise, não praticou infração penal; (b) Acessoriedade limitada (ou média): a punição do partícipe pressupõe apenas a prática de fato típico e ilícito, afastando-se a necessidade de que o agente seja culpável. Esta é a teoria mais aceita pela doutrina brasileira, embora haja apontamentos no sentido de que a sua aplicação é incompatível com a autoria mediata; (c) Acessoriedade máxima: para a punição do partícipe, deve o fato ser típico, ilícito e cometido por agente culpável; (d) Hiperacessoriedade: a punição do partícipe pressupõe a prática de fato tÍpico, ilícito, por agente culpável, que seja efetivamente punido. Esta teoria também deve ser afastada, pois contém exigência desarrazoada, permitindo a impunidade do partÍcipe mesmo nos casos em que o autor praticou o crime e se verificou o vínculo subjetivo entre ambos os sujeitos. Participação em cadeia e sucessiva: É possível, no âmbito da conduta acessória, a participação em cadeia e a participação sucessiva. A participação em cadeia ocorre quando alguém induz ou instiga outrem a induzir, instigar ou auxiliar terceira pessoa a praticar um crime. Ex: João induz Antônio a induzir José para que este preste auxílio a Augusto na prática de um roubo. Já a participação sucessiva ocorre quando o mesmo agente é instigado, induzido ou auxiliado por duas ou mais pessoas, sem que estas tomem conhecimento umas das outras, a praticar uma infração penal. Ex: João induz Antônio a praticar um estelionato e este, em contato com José, é por ele auxiliado. Quanto a participação dolosa- mente distinta: Na cooperação dolosamente distinta percebe-se o desvio subjetivo de condutas entre os agentes, em que um dos concorrentes do crime pretendia integrar ação criminosa menos grave do que aquela efetivamente praticada. Neste caso, ser-lhe-á aplicada a pena do crime que pretendia cometer, aumentada até metade na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave (art. 29, §2°). Tendo o Código Penal utilizado o termo "concorrentes", aplica-se a disposição tanto aos coautores quanto aos partícipes. Ex: João determina a Antônio que mantenha Maria em cárcere privado, mas Antônio, excedendo o mandato, decide exigir o pagamento de resgate por parte da família de MARIA. Quanto a participação impunível: De acordo com o disposto no art. 31 do Código Penal, não se pune, salvo disposição em contrário, o ajuste (acordo promovido entre duas ou mais pessoas) , a determinação (ordem emanada de pessoa determinada) , a instigação (reforço da ideia já existente na mente do autor) e o auxílio (assistência material) , se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado. Ou seja, o ajuste, a determinação, a instigação e o auxílio só serão punidos se o crime vier a ser executado, pois, caso contrário, a conduta acessória não teve nenhuma relevância para o desdobramento causal, que sequer se verificou. @r dd ire ito Ex: João, vigilante de determinado estabelecimento comercial, ajusta com Antônio e José um furto no local, comprometendo-se a não acionar o alarme de segurança. Se Antônio e José limitarem-se a planejar a ação, sem ao menos tentá-la, o ajuste promovido por João não será punido. ↳ Quanto ao concurso de pessoas nos crimes culposos: A doutrina nacional admite a coautoria nos crimes culposos, desde que dois ou mais indivíduos, agindo vinculados subjetivamente, atuem deforma negligente, imprudente ou imperita. No caso, o liame subjetivo não envolve, obviamente, o resultado, não desejado, mas a própria conduta. A inobservância do dever de cuidado é o substrato da coautoria, rechaçando-se a participação, isto é, qualquer ato de que possa derivar o resultado involuntário é considerado ato de autor. ↳ Quanto à comunicabilidade das circunstâncias, condições e elementares, dispõe o art. 30 do CP: "Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime". ↳ Circunstâncias: são elementos que se encontram no entorno do fato, isto é, não integram a figura típica primária, mas agregam dados que podem significar o aumento ou a diminuição da pena. São objetivas quando dizem respeito ao fato, como o rompimento de obstáculo no furto, e subjetivas quando se referem ao agente ou aos motivos do crime, como o motivo torpe no homicídio ou a qualidade de funcionário que sirva apenas para aumentar a pena (art. 297, § 1 °). ↳ Condições: são elementos inerentes ao indivíduo, considerados em sua relação com os demais, e existentes independentemente da prática do crime, como a idade menor de vinte e um anos, a reincidência e as relações de parentesco. ↳ Elementares: representam a própria figura criminosa em suas características constituintes, fundamentais. Assim como as circunstâncias, podem ter caráter objetivo (como a posse ou a detenção na apropriação indébita) ou subjetivo (como o exercício da função pública no crime de corrupção passiva) . @r dd ire ito Nota da Autora Olá! Fico feliz que tenha chegado até aqui e espero ter te ajudado em seus estudos. Este resumo tem a finalidade de te auxiliar na revisão de conteúdos e apoiar os seus estudos para a faculdade, uma prova ou um concurso. É importante lembrar que, para aprender, você não deve se contentar com a leitura deste material. A resolução de questões, consultas às doutrinas, jurisprudências e conteúdo sumulado pelos tribunais superiores também é muito importante. O presente resumo foi escrito a partir da obra de Rogério Sanches Cunha, (Manual de Direito Penal Volume Único, Parte Geral (Arts. 1º ao 120), Editora JusPODIVM, 2020) e de anotações feitas por mim, em sala de aula. Caso tenha alguma sugestão de melhoria deste material, ou, durante a leitura, tenha encontrado algum erro, peço que envie um e-mail reportando a questão para duplatraquel15@gmail.com. Antes de salvar este material e enviar para um amigo, convide-o a me seguir no Instagram @rddireito e a participar do nosso canal no Telegram (Resumos @rddireito). E, caso você ainda não esteja acompanhando nenhuma das redes sociais, também está convidado a fazê-lo. Bons estudos! Atenciosamente, Raquel Duplat. mailto:duplatraquel15@gmail.com
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