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DOENÇA DO REFLUGO GASTOESOFÁFICO NA CRIANÇA

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GABRIEL S. MIRANDA – MEDICINA FTC 
 
regurgitação do lactente (refluxo 
gastroesofágico fisiológico) e drge 
 
DEFINIÇÃO 
✦ O refluxo gastroesofágico (RGE) é caracterizado pelo 
retorno de conteúdo gástrico para o esôfago, atingindo, 
algumas vezes, a faringe, a boca e as vias aéreas superiores. 
O RGE é, em geral, um processo fisiológico normal que 
ocorre várias vezes por dia em todas as pessoas saudáveis, 
independentemente da idade. Assim, episódios de RGE 
ocorrem em indivíduos saudáveis, com duração menor que 
3 minutos, principalmente no período pós-prandial. 
Normalmente não causa incômodo ou repercussão nos 
hábitos de sono. 
✦ OBS: a diferença básica entre regurgitação e vômito é a 
seguinte... vômito envolve o aparecimento de náuseas (no 
bebê a mãe vai referir que a criança fica engunhando) e de 
esforço de musculatura para que o processo ocorra. Já a 
regurgitação não, não tem náuseas e nem esforço nenhum, 
acontece de forma espontânea, fisiológico. 
✦ Na pediatria quando a criança é pequeninha, existe uma 
dificuldade em diferenciar a RGE que é fisiológica da DRGE, 
principalmente os pais. Lembrando também que há uma 
variabilidade clínica, pois a criança pode manifestar tanto 
sintomas típicos quanto atípicos da DRGE. 
✦ Existem exames diagnósticos específicos, mas que só são 
utilizados se houver sinais de alarme com suspeita para 
DRGE. 
✦ A utilização de medicamentos é controverso na pediatria 
para tratar essas crianças. 
. . . 
✦ No lactente, é muito frequente, o RGE fisiológico 
acompanhar-se de regurgitações ou “golfadas” (nós 
classificamos como regurgitadores felizes ou golfadores 
felizes porque são crianças que não são irritadas, sem 
alteração de redução de peso, sem nenhum sinal de alarme 
que a gente se preocupe). Trata-se de um distúrbio 
funcional gastrintestinal transitório e dependente da 
imaturidade funcional do aparelho digestivo no primeiro 
ano de vida. 
✦ O refluxo fisiológico está incluído entre os distúrbios 
gastrintestinais funcionais e são recomendados critérios 
diagnósticos clínicos específicos nos critérios de Roma 
(Roma IV). 
✦ Afeta até 60% de todos os lactentes e inicia-se antes de 
8 semanas de vida. Geralmente se inicia a partir da 3ª 
semana de vida, 5% dos lactentes têm seis ou mais 
episódios de regurgitação por dia e tem seu pico em 
quantidade de regurgitações e volume entre o 2º e 4º mês 
de vida e, posteriormente, diminuem progressivamente com 
o aumento de idade, sendo que 90% a 95% dos casos 
resolvem até o primeiro ano de vida. Dessa forma, 
devemos acender um alerta quando para algo patológico 
quando essas regurgitações acontecem logo na primeira 
semana de vida ou só aparece lá para depois do 6º mês 
de vida ou se perdurar depois de 1 ano de vida (por isso 
é importante saber a cronologia que envolve a regurgitação 
para ajudar no raciocínio diagnóstico de algo patológico ou 
fisiológico). 
CRITÉRIOS DE ROMA IV 
 
✦ Desaceleração ou déficit de ganho ponderal, 
irritabilidade, choro excessivo, dificuldade de sono e recusa 
alimentar são os principais sinais de alarme que nos 
chamam atenção para uma causa patológica da 
regurgitação. Podem apresentar postura anormal com 
hiper-extensão da cabeça com rotação lateral para alívio dos 
sintomas, que devem ser diferenciadas do sinal neurológico 
de opistótono. 
 
GABRIEL S. MIRANDA – MEDICINA FTC 
 
✦ Vale ressaltar inclusive que os pacientes que não possuem 
sinal de alarme, não necessitam de investigação 
complementar, visto que o diagnóstico da regurgitação 
fisiológica é clínico. 
. . . . 
✦ Devemos pesquisar anormalidades anatômicas do TGI 
superior (obstrução gástrica ou má-rotação) quando houver 
regurgitações e vômitos desde o início do período neonatal 
ou após o primeiro ano de vida, além de associação de 
vômitos biliosos. 
✦ Essa questão da regurgitação gera muita ansiedade nos 
pais e cuidadores, porém devemos acalmar a família e 
informar que o desconforto da criança é passageiro. Então 
as vezes a criança chora muito, um choro incontrolável, mas 
isso pode ser só cólica que é normal porque não podemos 
nos basear unicamente no choro para determinar um 
refluxo patológico. As vezes a criança apresenta eructações 
também, mas que pode ser normal também. Agora, se 
apresenta choro junto com outros sinais de alarme para 
DRGE (como diminuição da aceitação alimentar e ganho 
ponderal inadequado), vamos pensar logo em algo 
patológico e aí investigar (esse choro, pensando que pode 
ser algo patológico, alguns estudos associam a esofagite). 
✦ O diagnóstico diferencial entre regurgitação do lactente 
e DRGE muitas vezes não é fácil, principalmente no lactente 
com choro intenso como principal sintoma associado ou 
irritabilidade ou sono intranquilo. Nestas situações, quando 
ainda é mantida, boa aceitação alimentar e ganho ponderal 
adequado, o diagnóstico pende para o RGE fisiológico. 
 
APRESENTAÇÃO CLÍNICA DA DRGE 
 
✦ Em lactente é mais difícil de estabelecer o diagnóstico porque tudo é muito subjetivo. Geralmente apresentam choro o 
dia todo, bota no peito e não quer mamar, tem alteração do sono, entre outros, mas a gente tem que ter cuidado ao avaliar 
essas manifestações inespecíficas porque é tudo subjetivo. No caso da criança maiorzinha, a gente consegue identificar 
mais fácil porque elas conseguem referir... os principais sintomas extra esofágicos envolvem pigarro, tosse, odinofagia (mas 
tem outros, claro). 
 
 
✦ A prevalência da DRGE na faixa etária pediátrica não está 
bem determinada. Vale ressaltar que a frequência de 
regurgitação fisiológica do lactente é muito maior que a da 
DRGE (tem a questão que muitas vezes DRGE é falsamente 
diagnosticada diante da difícil separação). Foram descritos 
alguns grupos de risco para o desenvolvimento da DRGE 
e suas complicações: 1) doenças neurológicas 
(principalmente pela hipomotilidade, até mesmo por uso de 
medicamentos para tratamento da condição); 2) 
prematuridade (imaturidade do TGI); 3) obesidade 
(aumento da pressão intra-abdominal); 4) fibrose cística ou 
displasia broncopulmonar (associado ao aumento da 
GABRIEL S. MIRANDA – MEDICINA FTC 
 
pressão intra-abdominal... estamos diante de um “tossidor” 
crônico); 5) antecedente familiar de DRGE e 6) 
malformações congênitas do trato gastrintestinal alto 
(hérnia hiatal, hérnia diafragmática, atresia esofágica, fístula 
traqueoesofágica). 
ETIOPATOGENIA DA DRGE 
✦ A etiopatogenia da DRGE é multifatorial e envolve vários 
mecanismos intrínsecos ou não. Fatores que possam 
prejudicar a competência dos mecanismos anti–RGE 
(anatômicos ou não – como mecanismo de 
tamponamento, depuração e etc.), favorecem a ocorrência 
de relaxamentos transitórios do esfíncter esofagiano 
inferior (RTEEI). Esse é considerado o principal fator na 
etiopatogênese da DRGE. Vale lembrar que todo mundo 
tem um relaxamento do EEI e isso é normal, mas as pessoas 
que tem DRGE tem esse relaxamento aumentado. 
 
✦ O RTEEI ocorre fisiologicamente após uma deglutição, 
sendo um reflexo normal após distensão do estômago, 
através de estímulos vagais. Alterações em vários 
mecanismos anti-RGE permitem que os episódios de RGE 
ocasionem a DRGE, entre os quais; depuração insuficiente e 
tamponamento do ácido pela salivação (existem neuropatas 
que não conseguem engolir a saliva e a saliva tem caráter 
básico o que favorece o tamponamento do ácido, então 
acaba perdendo esse fator protetor também... e ainda sobre 
neuropatas, existem alguns medicamentos que diminuem o 
próprio tônus do esfincter), esvaziamento gástrico 
retardado, anormalidades na cicatrização epitelial do 
esôfago, diminuição dos reflexos neurais de proteção do 
trato digestivo e sistema respiratório. A distensão gástrica 
ou acomodação inadequada do fundo gástrico também 
aumentam a ocorrência dos RTEEI. O sono, pela redução de 
salivação, do tônus do EEI e deglutição, bem como a postura 
deitada nas crianças pequenas podem ser fatores 
agravantes que aumentam igualmente o número dos RTEEI.✦ OBS: Tabagismo passivo também favorece. 
DIAGNÓSTICO 
✦ A diferenciação de RGE fisiológica e DRGE é clínica, 
através da história e do exame clínico minucioso. Então se é 
uma criança que come bem, é tranquila, ganha peso bem, a 
mãe chega no consultório com a cara boa, é uma criança 
que não apresenta náuseas, sem apneia, vou pensar que 
essa regurgitação é fisiológica. Mas se está com 
regurgitação e fatores de risco/alarme, eu tenho que ficar 
ligado em algo patológico e investigar, principalmente se eu 
perceber sinais de complicações (intervenção terapêutica, 
investigação laboratorial, radiológica e/ou endoscópica). 
→ Pacientes com atresia esofágica corrigida ou neuropatas 
podem apresentar dismotilidade esofágica e 
consequentemente menor depuração esofágica e disfunção 
do EEI. 
→ Nas doenças respiratórias crônicas, com destaque à 
fibrose cística, a tosse crônica, a asma e a disfunção 
respiratória ocasionam aumento da pressão intra-
abdominal e disfunção do EEI que ocasionam DRGE. 
... 
✦ Para o diagnóstico de DRGE, além da avaliação clínica, o 
arsenal propedêutico é grande. O exame ideal deverá 
documentar a ocorrência de RGE, detectar suas 
complicações, estabelecer uma relação causa-efeito entre 
RGE e sintomas. Atualmente nenhum teste isolado 
preenche todas essas características ao mesmo tempo. 
Cada exame avalia diferentes aspectos do RGE. Portanto, é 
compreensível que a correlação entre os diferentes exames 
complementares seja pobre. Basicamente, a endoscopia 
identifica claramente esofagites, a pHmetria mede o RGE 
ácido e a impedanciometria intraluminal (II) detecta todos 
os tipos de RGE, independentemente do pH. Então 
enquanto a pHmetria dá o diagnóstico da DRGE quando pH 
< 4 e não ver complicação, a EDA não dá diagnóstico, mas 
visualiza complicação. 
EREED 
✦ O exame radiológico contrastado de esôfago, estômago 
e duodeno (EREED) é importante para diagnosticar 
anormalidades estruturais anatômicas que podem causar 
sintomas similares aos da DRGE, como hérnia, megaesôfago, 
estenose e volvo. Pode ser útil na avaliação do 
esvaziamento gástrico. 
USG ABDOMINAL 
✦ A USG abdominal tem baixa sensibilidade e especificidade 
para o diagnóstico da DRGE. Avalia apenas o refluxo pós-
prandial, sob pressão da parede abdominal, não 
GABRIEL S. MIRANDA – MEDICINA FTC 
 
diferenciando o refluxo fisiológico da DRGE. É útil, 
principalmente, para o diagnóstico de estenose 
hipertrófica de piloro e má-rotação intestinal se a gente 
pensar no contexto de emergência. Mas em resumo, USG 
não serve para investigar nada em DRGE... o cara vai lá fazer 
o exame e aperta o transdutor na barriga da criança que 
acabou de ser amamentada, a criança vai apresentar 
regurgitação pós-prandial e a USG vai documentar isso e 
pronto, fim. Então não pedimos USG. 
CINTILOGRAFIA GASTROESOFÁGICA 
✦ Avalia o esvaziamento gástrico (indicado para pacientes 
com sintomas de retenção gástrica). Detecta aspiração 
pulmonar em pacientes com sintomas respiratórios 
crônicos e refratários (microaspirações). Tem baixa 
sensibilidade e especificidade, não sendo recomendado 
como método de rotina para diagnóstico e seguimento de 
lactentes e crianças com DRGE. 
PHMETRIA ESOFÁGICA DE 24 HORAS 
✦ A pHmetria esofágica de 24 horas consiste no registro 
contínuo do pH intra-esofágico, quantifica a frequência e a 
duração dos episódios de RGE e o tempo total de exposição 
ácida do esôfago naquele período analisado. 
✦ Os principais parâmetros utilizados para avaliar a 
pHmetria esofágica são: o índice de refluxo (tempo com 
pH baixo de 4,0 sobre o tempo total estudado); o número 
total de episódios; o número de episódios com duração 
maior que 5 minutos e a duração do episódio mais longo. 
✦ Suas principais indicações: 1) avaliação dos sintomas 
atípicos ou extra-esofagianos; 2) avaliação da resposta ao 
tratamento dos pacientes não-responsivos na prática e 3) 
análise pré- e pós-cirúrgica (como esse de fundoplicatura). 
✦ OBS: Fundoplicatura laparoscópica → implica na 
correção de hérnias hiatais e na criação de uma válvula 
unidirecional, utilizando a superfície posterior do fundo 
gástrico ao redor do esôfago distal. 
✦ PHMETRIA foi considerada como padrão-ouro para o 
diagnóstico da DRGE, porém nos últimos anos muitos 
estudos demonstraram a sua limitação por detectar apenas 
refluxos ácidos (pH <4), deixando de observar os refluxos 
fracamente ácidos ou alcalinos (existem muitos bebês com 
refluxo que o conteúdo é alcalino ou fracamente ácido e aí 
a pHmetria não consegue apontar). 
IMPEDANCIOMETRIA INTRALUMINAL 
ESOFÁGICA 
✦ O método mais recente e promissor, uma vez que, detecta 
o movimento do conteúdo intraluminal, tanto de sólidos, 
líquidos ou gasosos, identificando refluxos ácidos, 
fracamente ácidos e não ácidos. Além da extensão e tempo 
de duração do refluxo. Ainda não é usada rotineiramente, 
pois não há definição dos padrões de normalidade para as 
diferentes faixas etárias pediátricas (então a gente faz o 
exame e não sabe o que está vendo, se é patológico ou não, 
já que não tem parâmetros). 
ENDOSCOPIA DIGESTIVA ALTA 
✦ Avalia diretamente a mucosa esofágica e está indicada 
principalmente para identificar os casos de esofagite. Em 
pediatria, deve sempre estar associada à biópsia do 
esôfago distal para diferenciar a DRGE de outras causas, 
como a esofagite eosinofilia (só vista pela microscopia) e 
o esôfago de Barrett. 
✦ A EDA eu quero ver complicação... as vezes é um paciente 
que não responde a terapêutica e aí você usa a EDA em 
busca de resposta. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GABRIEL S. MIRANDA – MEDICINA FTC 
 
DIAGNOSTICO DIFERENCIAL 
 
✦ Nem sempre que o paciente vomita é por uma causa gastrointestinal, pode ser uma causa extra também. 
✦ ATENÇÃO: regurgitação/vômitos iniciados após 6 meses de vida e que perdura após 12 – 18 meses. 
 
TRATAMENTO 
PARA REFLUXO FISIOLÓGICO LACTENTE 
✦ As regurgitações do lactente tendem a decrescer, no que 
tange ao número e ao volume, a partir dos seis meses de 
idade com resolução espontânea ao final do primeiro ano. 
✦ Orientação e apoio aos familiares são os princípios 
fundamentais do tratamento (é a medida primordial e 
primária). A compreensão pelos pais de que se trata de uma 
manifestação transitória inócua pode aumentar a segurança 
e reduzir a tensão e estresse. Deve-se enfatizar aos 
familiares, que não se faz necessário intervenção 
medicamentosa para o controle dos sinais e sintomas. 
MEDIDAS COMO: 
1) exposição passiva ao fumo na presença do lactente deve 
ser coibida, uma vez que a nicotina diminui a pressão no 
EEI dos mesmos e facilita a ocorrência de maior número de 
episódios de refluxo gastroesofágico; 
2) orientação postural, o lactente deve ser mantido em 
posição vertical pelo período de 20 a 30 minutos após a 
mamada, o que facilita a eructação e o esvaziamento 
gástrico, diminuindo os eventos de regurgitação. Nos 
períodos de sono, o lactente deve permanecer em 
decúbito supino (dorsal), com a elevação da cabeceira 
entre 30 e 40 graus, pois as posições em decúbito lateral 
e/ou prona associam-se com maior risco de ocorrência de 
morte súbita. 
3) lactentes em aleitamento materno, mantém-se as 
mamadas por livre demanda, corrigindo apenas erros 
técnicos de amamentação, que incluem tempo muito 
prolongado de sucção não nutritiva (se o lactente ficar 
“comendo” ar ele vai aumentar o volume gástrico e facilitar 
o refluxo). Orientações a respeito de postura pós-mamada, 
espessamento de fórmula e fracionamento de dieta podem 
trazer benefícios em pelo menos 60% dos casos leves e 
moderados de regurgitação do lactente, com a vantagem de 
não expor os pacientes aos efeitos colaterais do tratamento 
medicamentoso. 
4) lactentes que não estão em mamadas por livre demanda 
e utilizam fórmulas, podem usar fórmulas AR (anti-
regurgitação) espessadas com carboidratos digeríveis à 
base de arroz, milho, batata ou com carboidratos não 
digeríveis (alfarroba/jataí). O princípio básico das fórmulas à 
base decarboidratos digeríveis consiste na redução de 
aproximadamente 24% no teor de lactose, acrescentando-
se em contrapartida, o mesmo teor de amido. OBS: se o 
GABRIEL S. MIRANDA – MEDICINA FTC 
 
lactente tiver tomando fórmula, a gente vai tentar mudar a 
fórmula AR, mas se ele tiver só no peito, a gente não muda 
nada, deixo o menino mamar nos peitos da cabritinha. 
TRATAMENTO DRGE 
✦ Ao considerar a ocorrência em lactentes de DRGE, tem-se 
como sintomas frequentemente presentes, recusa 
alimentar, extrema irritabilidade e desaceleração no ganho 
ponderal. Como primeira medida de intervenção, 
preconiza-se a exclusão da proteína do leite de vaca na 
dieta alimentar, pois o diagnóstico diferencial destas duas 
condições pode ser difícil em lactentes jovens. 
✦ A exclusão das proteínas do leite de vaca justifica-se pelo 
fato de que os sintomas decorrentes de alergia se 
sobrepõem aos da DRGE comumente, sendo difícil 
distinguir clinicamente, as duas situações. Alguns autores, 
afirmam que em 40% desses casos, a causa básica é a 
alergia. Dados como dermatite atópica, história de 
alergia alimentar na família e presença de sangue oculto 
nas fezes podem reforçar esta hipótese. 
✦ RESUMINDO: se a criança não está respondendo bem ao 
tratamento imposto pensando em refluxo fisiológico, a 
gente vai começar a pensar em DRGE e APLV (alergia a 
proteína da vaca) já que são duas condições difíceis de se 
distinguir, então o próximo passo ver se retirando o leite de 
vaca da dieta da criança ela melhora, caso sim, vamos pensar 
em APLV, caso não, vamos pensar só em DRGE. Faremos 
então: 1) Nos casos em aleitamento natural exclusivo, deve 
ser retirado o leite de vaca e derivados da dieta da nutriz 
pelo prazo de 2 a 4 semanas; 2) Fórmulas à base de leite de 
vaca incluído as AR: exclusão das proteínas do leite de vaca 
e introdução de fórmulas extensamente hidrolisadas da 
proteína ou à base de aminoácidos (não usar soja). 
Lembrando que utilizamos essa medida da restrição do leite 
antes de iniciar tratamento medicamentoso para DRGE. 
 
 
 
 
 
FARMACOLÓGICO 
✦ Estudos mostram que refluxos fracamente ácidos não 
possuem tratamento eficaz. 
✦ Muitos lactentes respondem às medidas não 
farmacológicas e/ou substituição das fórmulas em 2 - 4 
semanas (78%). Quando não respondem, aí são os casos 
mais graves e entramos com o tratamento medicamentoso. 
✦ O tratamento farmacológico deve ser reservado aos 
pacientes com DRGE nos quais os sintomas são mais 
graves e com dados de dificuldade alimentar, desaceleração 
do ganho ponderal e/ou com comprovação de esofagite no 
exame endoscópico, incluindo dados de biópsia. É mais 
raro, no contexto de lactentes nos primeiros meses de 
vida, o encontro de esofagite erosiva, a não ser nos casos 
acompanhados de comorbidades, tais como: atresia de 
esôfago, doenças neuromusculares, fibrose cística ou 
doença respiratória crônica. 
PROCINÉTICOS 
✦ O emprego dessas medicações está baseado na 
capacidade destas drogas de aumentar o tônus do EEI, 
melhorar o clearance esofágico e promover aceleração 
do esvaziamento gástrico. 
✦ Há um grupo de pacientes com RGE que apresenta 
melhora, no que tange a ocorrência de regurgitações e 
vômitos, porém, quando se toma os dados relativos à 
pHmetria esofágica, não se comprova ação consistente na 
redução do número e duração dos refluxos ácidos. 
Procinéticos não devem ser prescritos de rotina. 
✦ OBS: os dois próximos medicamentos (metoclopramida e 
domperidona são procinéticos). 
METOCLOPRAMIDA 
✦ Acelera esvaziamento gástrico → Aumenta pressão do EEI 
→ diminui a ocorrência de regurgitações e vômitos. 
✦ Elevada frequência de efeitos colaterais (>30%): 
irritabilidade, sonolência excessiva e sinais extrapiramidais. 
✦ Dose tóxica é próxima da dose terapêutica. 
✦ Retirada do mercado brasileiro. 
✦ Bromoprida: similar à metoclopramida em efeitos 
colaterais. 
DOMPERIDONA 
✦ Anti-dopaminérgica com efeito procinético moderado. 
✦ Ação moderada na redução de alguns sintomas. 
✦ Sem ação quanto ao número e duração dos refluxos 
ácidos. 
✦ Efeitos colaterais: 1) Cólicas e irritabilidade excessiva; 2) 
Prolongamento do intervalo QT no ECG (4,2%). 
✦ Uso individualizado em casos selecionados: 
bradigastria, por curto tempo (nesse caso, com bradigastria, 
a gente pode usar esse medicamento em associação com 
IBP). 
ANTIÁCIDO - IBP 
✦ Ligação irreversível aos receptores da célula parietal → 
bloqueia secreção da bomba de próton H-K ATPase. 
✦ O bloqueio da secreção ácida dos IBP mantém o pH 
intragástrico acima de 4. Há um efeito adicional de 
diminuição do volume do conteúdo gástrico e do material 
refluído. 
Excluir leite de vaca da dieta materna ou formula 
extensamente hidrolisada→ 2 a 4 semanas → 
reavaliar → não respondedores: tratamento 
antiácido (4-8 semanas) 
GABRIEL S. MIRANDA – MEDICINA FTC 
 
✦ Metabolização hepática similar no citocromo 
hepático: crianças devemos fazer doses maiores, pois 
metabolização hepática é mais rápida (em adulto a gente 
usa geralmente 20 mg, em criança podemos chegar até a 80 
mg). 
✦ São indicados quando houver esofagite erosiva, estenose 
péptica do esôfago ou esôfago de Barrett, condições 
incomuns em lactentes. São igualmente selecionados para 
o uso em pacientes neurológicos ou com de doença 
respiratória crônica associada à DRGE. Geralmente usamos 
o esomeprazol e o omeprazol. 
✦ Reações idiossincrásicas são relativamente comuns e 
ocorrem em aproximadamente 14% dos pacientes e 
incluem: cefaleia, constipação, diarreia, cólicas abdominais e 
náuseas. 
✦ A hipergastrinemia pode gerar o aparecimento de 
pólipos gástricos que exigem monitorização ao longo do 
tempo. 
✦ A hipocloridria decorrente do tratamento predispõe à 
ocorrência de pneumonia, gastroenterite, candidíase e 
enterite necrosante no prematuro. 
✦ No uso crônico de IBP, recomenda-se monitorar os 
níveis de vitamina B12, ferro e verificar ocorrência de 
osteoporose. Maiores riscos de Clostridium difficile, sobre 
crescimento bacteriano do intestino delgado, diarreia 
crônica. Então a utilização do IBP depende muito de caso a 
caso, mas geralmente é prescrito por 4 a 8 semanas e logo 
depois a gente começa o desmame. 
SOBRE USO 
✦ A FDA preconiza o uso de omeprazol e esomeprazol 
para maiores de 1 mês de idade com quadro comprovado 
de esofagite (apesar dessa preconização, a gente usa 
também em menorzinhos). 
✦ IBP: ácido lábil (grânulos ou comprimidos → invólucro 
ácido-resistente) – princípio ativo liberado no duodeno → 
enterócito → circulação portal. O que isso quer dizer? Que 
não pode abrir as cápsulas porque senão você não terá 
efeito do medicamento, a cápsula foi criada propriamente 
para ultrapassar a acidez gástrica. 
✦ Soluções líquidas manipuladas: sem estabilidade! 
✦ Melhor forma: comprimido dispersível (MUPS – multiple 
unit pellet system) ácido-resistentes dispersivel em meio 
liquido. 
✦ Administração: pela manhã, em jejum, 30 minutos antes 
das refeições. 
✦ Dose do omeprazol: 0,7 - 3,5 mg/ kg/dia (reforço de 
secreção ácida noturna: fracionar dose). 
✦ Redução dos IBP: gradual (efeito rebote → níveis 
elevados de gastrina → aumento de secreção ácida pelas 
células parietais) ... então a retirada deve ser gradual para 
evitar efeito rebote. 
MEDIDAS GERAIS 
✦ Redução do peso em obesos. 
✦ Decúbito elevado durante o sono noturno. 
✦ Evitar refeições antes de deitar. 
✦ Adolescentes: evitar fumar e bebidas alcóolicas 
(diminuem pressão no EEI e aumentam número de refluxos) 
✦ Alimentação: diminuir ingestão de chocolates, alimentos 
apimentados, refrigerantes, bebidas cafeinadas, frituras ou 
alimentos muito gordurosos (diminuem a pressão do EEI 
e/ou reduzem tempo de esvaziamento gástrico), pioram os 
sintomas da DRGE. 
✦ Sucos ácidos: avaliar individualmente. 
TRATAMENTO DRGE: CRIANÇAS MAIORES E 
ADOLESCENTES 
 PROCINÉTICOS 
✦ Sem ação no tratamento da DRGE. 
✦ Metoclopramida e bromoprida não prescrever: muitos 
efeitos colaterais. 
✦ Domperidona: uso por pouco tempo - casosselecionados de êmese de difícil controle e gastroparesia 
pós processos virais. 
 INIBIDOR DE RECEPTOR H2 
✦ Sintomas leves ou moderados de DRGE por 4- 6 semanas. 
Efeitos colaterais: cefaleia, sonolência e tonturas. 
 IBP 
✦ Nas situações de esofagite comprovada ou sintomas 
característicos como epigastralgia e queimação 
retroesternal, o emprego dos IBP mostra resultados mais 
consistentes e duradouros quando comparado ao uso de 
antiácidos anti-H2. 
✦ Nos quadros de asma e outras manifestações 
relacionadas à DRGE, o emprego de IBP não deve ser 
empírico, mas condicionado aos casos em que se comprova 
a ação ácida como determinante ou colaboradora dos 
sintomas em questão pelos exames: endoscopia, pHmetria 
esofágica ou impedâncio-pHmetria. Então assim, só porque 
a criança tem tosse crônica e tosse pode ser um sintoma 
atípico de DRGE, não quer dizer que você deve entrar de 
cara com o medicamento... você deve afastar outras causas 
para essa tosse antes de iniciar o medicamento. 
✦ A dose máxima recomendada de omeprazol é de 80 
mg/dia e de lansoprazol de 30 mg/ dia. Para situações de 
queimação retroesternal, recomenda-se o tratamento por 
GABRIEL S. MIRANDA – MEDICINA FTC 
 
quatro semanas e para esofagite comprovada estende-se o 
tratamento para oito semanas. 
TRATAMENTO CIRÚRGICO 
✦ A indicação cirúrgica para casos de RGE está relacionada 
à causa básica determinante da doença e à refratariedade 
ao tratamento medicamentoso. Outro aspecto, diz respeito, 
ao tratamento longo necessário para controle clínico dos 
pacientes e dependência de manter tratamento contínuo 
por diversos anos. 
✦ Pacientes com encefalopatia crônica/neuropatas e DRGE 
são, com maior frequência, selecionados para intervenção 
cirúrgica. São incluídos igualmente, os casos de esofagite de 
refluxo não responsiva ao tratamento, vômitos exacerbados 
e doença pulmonar grave, com riscos de aspiração de 
conteúdo refluído. 
✦ As reais taxas de sucesso da cirurgia antirrefluxo são de 
difícil análise, pois estão na dependência da idade da 
indicação, gravidade e comorbidades associadas. Pacientes 
neurológicos que se alimentam através de gastrostomia, 
via de regra, não necessitam de fundoplicatura preventiva, a 
não ser que seja constatada DRGE concomitante. 
✦ A fundoplicatura de Nissen laparoscópica tem sido a 
técnica mais utilizada nos diferentes serviços de cirurgia 
pediátrica nos últimos anos. As taxas de sucesso com a 
intervenção cirúrgica variam entre 60-90% dos casos. 
✦ As falhas do tratamento cirúrgico são variáveis, estima-se 
que entre 3 a 19% dos pacientes necessitam de nova 
intervenção. 
ALGORITMO 1 
 
 
 
 
 
 
 
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ALGORITMO 2

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