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Doença de Parkinson: Características e Manifestações

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3º módulo/ Jeovanna Miranda-M3 
 
PARKINSON 
 
Definição: A doença de Parkinson (DP) é a segunda doença neurodegenerativa mais comum, 
acometendo entre 2% e 3% da população acima dos 65 anos. Manifesta-se com caráter 
predominantemente motor, é progressiva e ligeiramente mais comum no sexo masculino. 
Anormalidades não motoras como distúrbios cognitivos, psiquiátricos e autonômicos, hiposmia 
(baixa sensibilidade olfativa), fadiga e dor também podem ocorrer, e algumas delas podem 
preceder as alterações motoras. 
 
Epidemiologia: A incidência e a prevalência da DP aumentam com a idade. A média de idade 
por ocasião do início da doença é de 60 anos. Quando começa antes da idade de 20 anos, a 
doença é conhecida como parkinsonismo juvenil. O início do parkinsonismo 
primário na faixa etária de 20 a 40 anos é definido pelo termo DP de início precoce; alguns 
pesquisadores estenderam o limite de idade até 50 anos, de forma a contemplar a contribuição 
genética mais expressiva que nos casos de início tardio. 
A DP é mais comum nos homens e a razão entre os sexos masculino e feminino é de 3:2. A 
prevalência da doença é de cerca de 160 por 100.000 e a incidência anual fica em torno de 20 
por 100.000. A prevalência e a incidência aumentam exponencialmente com a idade e, na faixa 
dos 70 anos. 
 
Fisiopatologia 
Na etiologia da DP interagem de forma complexa fatores genéticos, ambientais (exposição a 
pesticidas e metais pesados, desnutrição, obesidade) e o próprio envelhecimento. Em cerca de 
10% a 15% dos casos, a moléstia é de natureza genética, sendo que mais de 20 loci já foram 
identificados. 
As formas genéticas da doença, geralmente, são de início mais precoce. Do ponto de vista 
fisiopatológico, a expressão motora da DP é decorrente de uma deficiência na transmissão 
dopaminérgica na via nigroestriatal, consequência do processo degenerativo que acomete os 
neurônios mesencefálicos nigrais. 
 
3º módulo/ Jeovanna Miranda-M3 
 
 
Atualmente, considera-se que a participação de depósitos anormais da alfassinucleína (proteína 
de ação pré-sináptica) esteja envolvida na etiopatogenia da DP. Admite-se que, sob a influência 
dos fatores etiológicos, ocorram alterações estruturais na molécula desta proteína que 
favorecem a sua agregação e o acúmulo em populações neuronais mais suscetíveis, tais como 
substância negra, locus ceruleus, entre outras, levando à disfunção de organelas e sistemas 
celular que acarretam a morte neuronal. Portanto, a DP é considerada uma proteinopatia da 
classe das sinucleinopatias, juntamente com demência por corpos de Lewy e a atrofia de 
múltiplos sistemas. 
Do ponto de vista anatomopatológico, há a ocorrência de perda neuronal em diversas regiões 
do encéfalo com o aparecimento à microscopia de corpúsculos de Lewy, corpos de inclusão 
eosinofílicos no corpo dos neurônios, expressando o acúmulo de alfassinucleína. 
As manifestações motoras da DP decorrem principalmente da perda progressiva de neurônios 
da parte compacta da substância negra. 
A degeneração nesses neurônios é irreversível e resulta na diminuição da produção de 
dopamina. Manifestações não motoras da doença tais como hiposmia, constipação intestinal, 
depressão e transtorno comportamental da fase REM (rapid eye movement) do sono, podem 
estar presentes anos antes do surgimento das alterações motoras. 
Manifestações Clínicas (Motoras e não motoras) 
Manifestações motoras principais 
As manifestações clínicas como tremor, bradicinesia, rigidez, abolição dos reflexos tendíneos, 
postura em flexão e congelamento são os seis sinais motores principais do parkinsonismo. Nem 
todos precisam estar presentes simultaneamente, mas ao menos dois devem ocorrer – tremor 
ou bradicinesia – antes que se possa considerar o diagnóstico de parkinsonismo clinicamente 
provável. 
3º módulo/ Jeovanna Miranda-M3 
 
O tremor em repouso a uma frequência de 4 a 5 Hz afeta os membros, quase sempre os 
segmentos distais; em alguns casos, o tremor em repouso acomete a parte proximal do 
membro, em vez dos segmentos distais. O tremor clássico de “contar notas” afeta os dedos 
polegar e indicador. O tremor em repouso desaparece com a ação, mas algumas vezes 
recomeça quando os membros são mantidos em determinada posição. O tremor em repouso 
também é comum nos lábios, queixo e língua. O tremor em repouso das mãos aumenta quando 
o paciente caminha e pode ser um sinal precoce quando ele ainda não tem outras 
anormalidades. Estresse ou excitação agrava o tremor. Alguns pacientes têm tremor cinético 
em vez ou além do tremor em repouso. O principal diagnóstico diferencial do parkinsonismo é 
tremor essencial (TE). Em geral, essas duas doenças causam tremores fáceis de diferenciar. Nos 
casos típicos, o tremor da DP ocorre em repouso, enquanto o TE é postural e cinético. Contudo, 
as manifestações clínicas desses tremores podem sobrepor-se e, nestes casos, os pacientes 
com TE grave apresentam tremor em repouso. Nem todos os pacientes 
com DP têm tremor; quando não ocorre, o diagnóstico é mais difícil e, em geral, transcorre um 
período longo entre o início dos sintomas e a confirmação do diagnóstico. Por fim, a 
bradicinesia agrava-se a ponto de causar alguma limitação física, inclusive micrografia ou 
arrasto de uma das pernas à medida que o paciente anda; isto leva os pacientes a buscar 
atendimento médico. 
Acinesia significa escassez de movimentos espontâneos, mas este termo é utilizado comumente 
como sinônimo de bradicinesia e hipocinesia. Bradicinesia (lentidão dos movimentos, 
dificuldade de iniciar o movimento e perda dos movimentos automáticos) e hipocinesia 
(redução da amplitude dos movimentos, principalmente dos movimentos repetitivos, também 
conhecida como decremento) são as manifestações mais comuns do parkinsonismo, ainda que 
possam começar depois do tremor. A bradicinesia tem muitas facetas, dependendo das partes 
afetadas do corpo. A face perde sua expressão espontânea (fácies de máscara, ou hipomimia) 
com redução do piscar dos olhos. A pobreza de movimentos espontâneos caracteriza-se por 
perda da gesticulação e pela tendência a que o paciente sente-se imóvel. A fala torna-se suave 
(hipofonia) e a voz monótona com pouca inflexão (aprosódia). Alguns pacientes não 
pronunciam claramente (disartria) e não separam as sílabas nitidamente e, por isto, 
pronunciam as palavras juntas (taquifemia). A bradicinesia da mão dominante resulta na escrita 
lenta com letras diminutas (micrografia) e o paciente tem dificuldade de barbear-se, escovar os 
dentes, pentear os cabelos, abotoar ou aplicar maquiagem. 
Tocar instrumentos musicais também é difícil. A marcha é lenta com passadas curtas e 
tendência a embaralhar as pernas e não apoiar os calcanhares no piso; as oscilações dos braços 
diminuem e, por fim, desaparecem por completo. A dificuldade de levantar-se de uma cadeira 
baixa, sair do automóvel e virar-se no leito são indícios de bradicinesia do tronco/corpo. A 
saliva escorrendo resulta da incapacidade de deglutir espontaneamente (um sinal de 
bradicinesia) e não é causada pela produção excessiva de saliva. Os pacientes podem engolir 
normalmente quando são solicitados a fazê-lo, mas apenas alertas constantes permitem-lhes 
continuar a deglutir a saliva. Do mesmo modo, as oscilações dos braços podem ser normais 
quando o paciente quer balançar voluntariamente os braços com esforço ao caminhar. A 
bradicinesia grave impede que um paciente com parkinsonismo dirija automóvel quando o 
movimento do pé retirado do acelerador para o pedal de freio é muito lento. 
A bradicinesia é confundida comumente pelos pacientes com fraqueza. A fadiga – uma queixa 
comum na DP, especialmente no estágio brando da doença e antes que se desenvolva lentidão 
acentuada dos movimentos – pode estar relacionada com a bradicinesia branda ou a rigidez, ou 
pode ser manifestação independente. Os sinais sutis de bradicinesia podem ser detectados 
3º módulo/ Jeovanna Miranda-M3 
 
mesmo nos estágios iniciais doparkinsonismo quando o examinador atenta para a lentidão dos 
movimentos de encolher os ombros, a escassez de gesticulação, a oscilação reduzida dos 
braços e a redução da amplitude dos movimentos sucessivos rápidos. 
Com a agravação da bradicinesia, a lentidão e a dificuldade de executar as atividades da vida 
diária aumentam. Uma refeição normalmente consumida em 20 min pode ser ingerida apenas 
à metade depois de uma hora ou mais. A deglutição pode ser prejudicada à medida que a 
doença avança e existe o risco de ocorrerem engasgos e aspiração. A bradicinesia evidencia-se 
de muitas formas, dependendo da parte do corpo afetada. 
Rigidez é um aumento do tônus muscular desencadeado quando o examinador movimenta os 
membros, o pescoço ou o tronco do paciente. Essa resistência aumentada à mobilização 
passiva é igual em todas as direções e, em geral, evidencia-se por uma “liberação por catraca” 
durante o movimento. Isso é fenômeno de roda dentada e é causado pelo tremor coexistente, 
mesmo que não haja tremores visíveis. O fenômeno da roda dentada também ocorre nos 
pacientes com TE. A rigidez à mobilização passiva dos membros aumenta quando o outro 
membro está envolvido em algum movimento ativo voluntário (“manobra de Froment”). 
A postura em flexão comumente começa nos braços e espalha-se para todo o corpo. A cabeça é 
curvada, o tronco é inclinado para frente, o dorso é cifótico, os braços são mantidos à frente do 
corpo e os cotovelos, quadris e joelhos são flexionados. As deformidades das mãos incluem 
desvio ulnar das mãos, flexão das articulações metacarpofalangianas e extensão das 
articulações interfalangianas (mão estriatal). A inversão dos pés é evidente e o primeiro 
pododáctilo pode estar dorsiflexionado (dedo estriatal), enquanto os demais dedos do pé estão 
retorcidos para trás. A inclinação lateral do tronco é comum (síndrome da torre de Pisa) e, em 
alguns casos, pode haver flexão extrema do tronco (camptocormia). 
A abolição dos reflexos posturais provoca quedas e, por fim, incapacidade de manter-se de pé 
sem ajuda. Os reflexos posturais são testados pelo teste do empurrão, que é realizado com o 
examinador posicionado atrás do paciente, e consiste em dar um empurrão firme nos ombros 
depois de explicar o procedimento e verificar se há retropulsão. Com aviso prévio, um indivíduo 
normal pode recuperar-se com duas passadas. O examinador sempre deve estar preparado 
para segurar o paciente ao realizar esse teste; caso contrário, um paciente com reflexos 
posturais abolidos poderia cair. O examinador deve ter uma parede sólida atrás dele, caso um 
paciente pesado caia para trás e leve junto consigo o próprio examinador. À medida que os 
reflexos posturais são reduzidos, o paciente cai sobre a cadeira à medida que tenta sentar-se 
(movimento de sentar-se em bloco). A marcha pode ser marcada por festinação, ou seja, o 
paciente anda cada vez mais rápido tentando movimentar os pés para frente e ficar abaixo do 
centro de gravidade do corpo flexionado e, deste modo, evitar uma queda. 
O fenômeno de congelamento (bloqueio motor) é uma incapacidade transitória de realizar 
movimentos ativos. Isso afeta mais comumente as pernas enquanto o paciente anda, mas 
também pode afetar os movimentos de abrir as pálpebras (apraxia da abertura palpebral, ou 
inibição do músculo levantador), falar (palilalia) e escrever. O congelamento ocorre 
repentinamente e é transitório e, em geral, não persiste por mais que alguns segundos de cada 
vez. Os pés parecem como se “estivessem colados no piso” e então, subitamente, são 
“despregados” e permitem que o paciente comece a andar novamente. Nos casos típicos, o 
congelamento ocorre quando o paciente começa a andar (hesitação inicial); vira-se enquanto 
caminha; ou se aproxima de algum destino, como uma cadeira na qual possa sentar-se 
(hesitação final); em geral, isto ocorre quando o paciente caminha em lugares aglomerados (p. 
ex., nos limites exíguos de uma fila no cinema, ou quando tenta passar por uma porta giratória, 
ou quando é confrontado repentinamente por uma pessoa que caminha em sua direção) e 
3º módulo/ Jeovanna Miranda-M3 
 
quando há limitação do tempo para andar (p. ex., tentar entrar ou sair de um elevador antes 
que a porta feche, ou tentar atravessar uma rua antes que o sinal fique vermelho). O 
congelamento geralmente é suplantado pelos estímulos visuais, por exemplo, quando o 
paciente caminha sobre marcas no chão e é muito menos frequente quando ele sobe ou desce 
escadas, que quando caminha no plano. A combinação de congelamento da marcha e abolição 
dos reflexos posturais é especialmente devastadora, porque isto frequentemente provoca 
quedas. As quedas são responsáveis pela incidência alta de fraturas do quadril nos pacientes 
parkinsonianos. 
 
Manifestações não motoras 
Os sintomas não motores da doença de Parkinson podem ser mais problemáticos que as 
manifestações motoras. 
As alterações da personalidade e do comportamento incluem redução da capacidade de 
concentração, déficit visuoespacial e personalidade que lentamente se torna mais dependente, 
amedrontada, indecisa e passiva. O cônjuge progressivamente toma mais 
decisões e torna-se dominante. A passividade e a falta de motivação são comuns e evidenciam-
se pela aversão do paciente a visitar amigos. O paciente é mais resistente a participar das 
conversas. Depressão é comum nos pacientes com DP, com prevalência em torno de 25 a 50%. 
A ansiedade pode ser ainda mais comum, comumente com depressão. 
Deterioração cognitiva não é manifestação inicial, mas pode tornar-se pronunciada à medida 
que o paciente envelhece. Ao contrário da DA, o déficit de memória não é um sinal precoce da 
DP; pelo contrário, o paciente apenas demora a responder às perguntas, um fenômeno descrito 
como bradifrenia. A resposta certa pode ser obtida quando o paciente tem tempo suficiente 
para responder. Os sinais sutis de bradifrenia incluem os fenômenos de “ponta da língua”, 
desde redução da fluência verbal até incapacidade de alterar rapidamente o foco mental. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Estadiamento clínico (Hoehn-Yahr) 
O estadiamento clínico de Hoehn-Yahr ilustra a progressão das manifestações motoras da DP: 
de unilateral para bilateral, depois para abolição dos reflexos posturais e, por fim, incapacidade. 
 
3º módulo/ Jeovanna Miranda-M3 
 
 
 
Diagnóstico (London Brain Bank) 
O diagnóstico diferencial da DP está baseado nas seguintes manifestações clínicas: 
parkinsonismo; início assimétrico insidioso; agravação lenta dos sintomas; e inexistência de 
outros indícios na história, no exame físico ou nos exames laboratoriais, que possam indicar 
outra causa para o parkinsonismo. A presença de tremor em repouso e a melhora significativa 
com levodopa reforçam claramente o diagnóstico da DP. Um dos distúrbios confundidos mais 
comumente com a DP é o tremor essencial, que se caracteriza por tremor cinético e postural 
(sem anormalidades em repouso), a menos que a doença esteja avançada. Por fim, alguns 
pacientes com tremor essencial (TE) desenvolvem DP. A RM é normal nos pacientes com DP, a 
menos que exista demência ou outro distúrbio. A tomografia computadorizada por emissão de 
fóton único (SPECT) com transportador de dopamina (DAT) ou tomografia por emissão de 
pósitrons (PET) com e sem 3,4-di-hidroxi-6-18Ffluoro-L-fenilalanina (FDOPA) correlacionam-se 
com a redução das terminações neurais dopaminérgicas estriatais; a parte caudal do putame é 
afetada primeiramente. 
Nas tabelas a seguir constam os critérios diagnósticos propostos pela United Kingdom 
Parkinson’s Disease Society Brain Bank (Gibb e Lees), que têm sido os mais utilizados nas 
últimas décadas. 
 
3º módulo/ Jeovanna Miranda-M3 
 
 
 
 
Exames Complementares 
O diagnóstico da DP apoia-se amplamente na anamnese, exame neurológico e 
acompanhamento do paciente. Exames de imagem estruturais como a ressonância magnética e 
a tomografia computadorizada do encéfalo são utilizadas como auxílio para a exclusãodos 
diagnósticos diferenciais. Outros exames complementares que podem ser utilizados como meio 
auxiliar no diagnóstico da DP são os exames de neuroimagem funcional, PET (positron emission 
tomography) e o SPECT (single photon emission computed tomography), a ultrassonografia 
transcraniana, a cintilografia cardíaca com 123I-MIBG e o exame do olfato. 
 
 
 
 
3º módulo/ Jeovanna Miranda-M3 
 
Tratamento (medicamentoso, cirúrgico – ablativo e estimulação cerebral) 
A levodopa segue sendo a principal forma de tratamento da DP desde o seu lançamento 
comercial. É considerada uma “pró-droga”, pois seu efeito é decorrente da conversão para 
dopamina. Atua diretamente sobre a deficiência dopaminérgica que é a base fisiopatológica 
dos sinais e sintomas motores associados à doença. É a droga mais eficaz para o controle dos 
sintomas motores, mas seu uso pode estar associado a problemas (especialmente no longo 
prazo), podendo ocorrer redução do tempo de efeito (wearing-off) e movimentos involuntários 
(discinesias). 
Um dos principais problemas da levodopa é sua meia-vida curta, que é de 90 minutos. Os 
preparados comerciais de levodopa vêm com drogas que bloqueiam a conversão da levodopa 
no sangue periférico, permitindo uma maior entrada do fármaco no SNC e minimizando os 
efeitos adversos da ação direta da dopamina sobre os receptores periféricos (hipotensão 
postural, náuseas e vômitos). 
Há dois inibidores periféricos da dopa descaboxilase (DDC) disponíveis comercialmente: a 
carbidopa e a benserazida. 
Nas fases iniciais da DP a utilização de preparados comerciais de levodopa com inibidores da 
DDC é muito bem-sucedida na maioria das vezes. O uso de duas a quatro doses diárias de 50 ou 
100 mg de levodopa permite um efeito homogêneo e estável durante as 24 horas do dia. Nas 
fases iniciais ainda existem neurônios dopaminérgicos sobreviventes e com a entrada da 
levodopa no cérebro, parte dela é convertida em dopamina dentro do neurônio e é estocada 
em vesículas para ser utilizada posteriormente. Outra parte da levodopa é convertida em 
dopamina e é utilizada imediatamente no terminal sináptico. Com o passar do tempo, a reserva 
de neurônios dopaminérgicos vai escasseando e a maior parte da levodopa passa a ser 
convertida em dopamina fora do neurônio dopaminérgico e o tempo de efeito passa a ser 
quase o mesmo que o de sua meia-vida (90 minutos). 
Esta é uma das razões para a ocorrência de uma das complicações mais frequentes do 
tratamento da DP: o encurtamento do tempo de efeito (wearing-off). Todas as outras opções 
terapêuticas para o tratamento da DP são menos eficazes que a levodopa, mas têm meia-vida 
plasmática maior e, portanto, um perfil de efeitos adversos diferente não estando associados a 
wearing-off e a discinesias. 
Temos como drogas com ação no sistema dopaminérgico, além da levodopa, os agonistas 
dopaminérgicos (rotigotina e pramipexol), os inibidores da MAO (selegilina e rasagilina) e os 
inibidores da COMT (entacapona e tolcapona). As drogas com ação fora do sistema 
dopaminérgico são os anticolinérgicos (biperideno e triexifenidila - cada vez menos usados) e os 
antiglutamatérgicos (amantadina). Os anticolinérgicos, a selegilina e a amantadina são as 
drogas com menor capacidade para reverter a sintomatologia parkinsoniana, mas que podem 
ter um papel útil no tratamento. 
3º módulo/ Jeovanna Miranda-M3 
 
 
Manejo não farmacológico: A fisioterapia e a fonoterapia podem ser indicadas em qualquer 
fase da doença, sempre em combinação com o tratamento medicamentoso. 
Tratamento cirúrgico 
A principal indicação para o tratamento cirúrgico é para os casos em que ocorrem as 
complicações motoras de longo prazo apesar da melhor combinação de drogas 
antiparkinsonianas. Deve ser evitada nos casos de declínio cognitivo, pois o procedimento pode 
agravar estas complicações. 
O tratamento cirúrgico pode ser feito com cirurgias ablativas (talamotomia, palidotomia e 
subtalamotomia) ou com estimulação cerebral profunda (deep brain stimulation – DBS). O alvo 
para escolha do tratamento cirúrgico pode variar de acordo com a sintomatologia. A 
talamotomia costuma ser o alvo de escolha quando o tremor unilateral é a principal 
manifestação da doença. A palidotomia é a cirurgia escolhida nos casos de discinesia. 
A cirurgia ablativa tem sido menos utilizada já que estes procedimentos não devem ser feitos 
bilateralmente (alto risco de síndrome pseudobulbar) e as possíveis complicações advindas do 
procedimento são irreversíveis. A cirurgia com DBS é a melhor escolha quando disponível no 
centro de atendimento do paciente. Sua eficácia tem sido demonstrada e não resta dúvida de 
que este tipo de abordagem proporciona um melhor controle dos sintomas quando o melhor 
3º módulo/ Jeovanna Miranda-M3 
 
tratamento clínico disponível já está sendo utilizado. A DBS no globo pálido ou no núcleo 
subtalâmico têm sido indicadas na maior parte dos casos e parece não haver diferença 
significativa na eficácia da abordagem dos dois alvos. 
 
 
ALZHEIMER 
 
Definição: A doença de Alzheimer (DA) é uma doença neurodegenerativa progressiva com 
grande relevância epidemiológica e significante impacto social. É a causa mais comum de 
comprometimento cognitivo ou demência em indivíduos com mais de 65 anos e, com o 
aumento da longevidade, é prevista uma pandemia mundial de comprometimento cognitivo 
associado à DA. 
Epidemiologia: A doença de Alzheimer é a causa mais comum de demência correspondendo a 
mais de 50% dos casos. Acomete 5-10% dos pacientes acima de 65 anos e 20-40% daqueles 
acima de 85 anos. 
Fisiopatologia 
Em 95% dos pacientes, a DA acontece de forma esporádica, sendo uma associação entre 
fatores genéticos e ambientais. Mais de 20 loci genéticos foram relacionados à manifestação de 
DA, sendo que o principal fator genético é a presença do alelo 4 da apolipoproteína E (APOE4). 
A doença de Alzheimer é causada pelo acúmulo progressivo de beta amiloide e proteína tau no 
cérebro. Os principais fatores de risco para DA são idade, história familiar e presença de 
apolipoproteína E. O paciente apresenta um acúmulo de proteína beta amiloide no espaço 
extracelular em placas amiloides, encontradas principalmente no hipocampo, na amígdala e no 
neocortex. Ocorre também acúmulo de proteína tau, formando os emaranhados 
neurofibrilares, estruturas intracelulares encontradas principalmente hipocampo, amigdala e 
núcleos da base. A formação dessas estruturas leva à perda da ligação sináptica e atrofia 
cerebral. O cérebro passa a ter um aumento de ventrículos e de sulcos, com diminuição do 
peso do encéfalo. As placas amiloides e os emaranhados neurofibrilares começam a surgir 
cerca de 20 anos da instauração da DA. 
 
 
 
 
3º módulo/ Jeovanna Miranda-M3 
 
 
 
 
Manifestações Clínicas: Para o diagnóstico de Alzheimer, é necessário que o paciente 
apresente declínio em duas formas de cognição, sendo que uma delas obrigatoriamente é a 
memória. 
A perda de memória costuma ser o primeiro sintoma a ser observado e geralmente a memória 
de curto prazo é a mais afetada, fazendo com que o paciente perca a capacidade de reter novas 
informações. A memória de trabalho e a memória de cunho afetivo costumam estar 
preservadas. 
Além da alteração de memória, outros déficits cognitivos costumam ocorrer. O paciente evolui 
com um discurso empobrecido, usando muitas palavras para explicar algo. Ocorre perda de 
pragmatismo e funcionalidade, fazendo com que o paciente perca primeiramente a habilidade 
de realizar atividades instrumentais e progressivamente as atividades básicas, chegando até a 
perda do autocuidado. Podem cursar com alterações visuais, perdendo as funções visuais altas. 
O paciente passa a não reconhecer alguns ambientes, podendo se perder na rua ou não 
reconhecer a própria casa. 
Os sintomas cognitivos se apresentam de forma insidiosa e progressiva. É incomum que 
apareçam alterações de equilíbrio,marcha e força muscular, sendo estas queixas limitadas aos 
estágios finais da doença. 
Além dos sintomas cognitivos, o paciente experimenta também sintomas não cognitivos, como 
apatia, depressão, sun dowing, agitação e sintomas psicóticos. O sun dowing é caracterizado 
por uma agitação durante o período de fim de tarde, que costuma ocorrer em estágios mais 
avançados da doença. 
3º módulo/ Jeovanna Miranda-M3 
 
 
 
 
Diagnóstico (NIA-AA 2018): 
O diagnóstico da demência da DA permanece sendo eminentemente clínico, segundo as 
diretrizes do NIA-AA propostas por McKhann et al. (2011): 
3º módulo/ Jeovanna Miranda-M3 
 
 
 
Exames Complementares: Tomografia computadorizada cerebral é solicitada para excluir 
possíveis causas reversíveis de demências, como um tumor cerebral ou um sangramento. 
Devem ser solicitados exames de função tireoidiana, vitamina b12, ácido fólico, sífilis e HIV para 
detectar causar reversíveis de demências. Além disso, deve-se avaliar o humor do paciente para 
detectar um possível quadro de depressão, que pode cursar com um quadro de 
pseudodemência. 
A ressonância magnética no paciente com DA mostra uma hipotrofia cortical da região 
temporoparietal e do hipocampal, com diminuição da volumetria hipocampal, evidenciando a 
neurodegeneração causada pelo acúmulo de proteína beta amiloide e de proteína tau. 
3º módulo/ Jeovanna Miranda-M3 
 
Evidencia também dilatação dos ventrículos laterais e alargamento dos sulcos corticais nas 
regiões temporais. Pode apresentar também alterações vasculares como hiperintensidades, 
microsangramentos e lacunas. 
A avaliação neuropsicológica é o padrão-ouro para avaliação da cognição. É um teste realizado 
por psicólogos especializados em neuropsicologia que investiga o funcionamento cerebral a 
partir do estudo comportamental, estabelecendo a presença ou não de disfunção cognitiva, 
além do seu estágio. 
 
Tratamento 
A doença de Alzheimer é incurável. O tratamento é baseado no uso de inibidores da 
colinesterase, sintomático (para alterações de comportamento) e na relação paciente, 
familiares e cuidadores. 
Os anticolinesterásicos centrais existentes no mercado são: 
 (1) donepezil 5-10 mg VO 1x/dia; 
(2) rivastigmina 6 a 12 mg/dia em duas tomadas; 
(3) galantamina 16 a 24 mg/dia em duas tomadas; 
(4) tacrina (também chamada tetra-hidroaminoacridina) 10-20 mg VO 6/6h. 
A desvantagem da tacrina é em relação aos seus efeitos adversos, entre eles a 
hepatotoxicidade, por isso praticamente não é utilizada hoje em dia. Essas quatro drogas 
aumentam a acetilcolina cerebral e podem melhorar discretamente os sintomas e/ou reduzir a 
progressão da doença. 
O donepezil, por evitar a toxicidade hepática e por ser administrado uma vez ao dia, é o de 
maior vantagem terapêutica entre os quatro. 
Outras drogas: 
• Antioxidantes: vitamina E e seleginina (inibidor da monoamina oxidase) trabalhos 
mostraram redução da institucionalização e aumento da sobrevida. A vitamina E, por 
ser mais barata e melhor tolerada, leva vantagem sobre a seleginina. Está indicada na 
dose de 1.000 UI duas vezes ao dia em pacientes sem insuficiência cardíaca. 
• Memantina (antagonista do receptor do glutamato neurotransmissor tóxico para 
os neurônios): para o tratamento da doença moderada a severa associado a um inibidor da 
colinesterase, ou o uso isolado para pacientes que não tenham benefício ou não toleram os 
anticolinesterásicos. 
3º módulo/ Jeovanna Miranda-M3 
 
Para pacientes com depressão é recomendado inibidor seletivo da recaptação da serotonina 
(citalopram, sertralina).

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