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Exames de Imagem no Trauma

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Exames de 
Imagem no 
Trauma 
 
Glauber Cristo 
Letícia Reis 
 
 1 
Sumário 
TRAUMA DE FACE ....................................................................................... 4 
TRAUMAS CRANIANOS .................................................................................. 9 
TRAUMA VERTEBROMEDULAR ........................................................................ 18 
TRAUMA TORÁCICO .................................................................................... 26 
TRAUMA ABDOMINAL .................................................................................. 36 
TRAUMA DE PELVE ..................................................................................... 46 
REFERÊNCIAS ........................................................................................... 47 
 
 
 
 2 
EXAMES DE IMAGEM NO TRAUMA 
 
Os métodos fundamentais utilizados pela são: 
Radiografia: Ela usa os raios-X (RX), energia radiante/luminosa que é 
capaz de penetrar substâncias opacas à luz, como forma de obter imagens do 
corpo humano. A Radiografia é um exame barato, altamente disponível e 
rápido, de modo que é o mais utilizado no mundo todo. E apesar de existirem 
métodos radiológicos mais sensíveis e específicos, na maioria dos casos é o 
principal exame de imagem que auxilia na maioria dos diagnósticos. 
Termos usados: 
Radiopaco: estruturas esbranquiçadas na imagem, como ossos, 
calcificações, metais, componentes com contraste. 
Radiotransparente/Hiperlucente: estruturas que se encontram em tons 
de cinza escuro ou preto, a exemplo de gases, água e gordura. 
Hipotransparente: estruturas com cinza claro, como tecidos moles. 
 
Ultrassonografia (USG): A Ultrassonografia é o método radiológico que 
permite a avaliação dos tecidos do paciente através da energia sonora. Não 
requer uso de contraste, não é invasivo, tem baixo custo, pode ser feito em 
leito, etc. 
Termos usados: 
Egogenicidade: capacidade de diferentes estruturas em refletir as ondas 
de ultrassom, gerando eco. 
Anecoico: é a ausência completa de ecos (ou transmissão de som), ou 
seja, a estrutura é totalmente atravessada pelas ondas, não gerando eco, 
portanto, a imagem aparece negra. Aspecto comum em estruturas líquidas. 
Hiperecoica: quando a reflexão é intensa, logo, a imagem aparece 
branca e brilhante. Aspecto comum em gases e ossos. 
Hipoecoica: quando a reflexão é parcial/intermediária das ondas de 
ultrassom, de modo que a imagem aparece em vários tons de cinza. Aspecto 
comum em tecidos moles. 
Isoecoico: termo utilizado para estruturas que apresentam mesma 
ecogenicidade entre si quando comparadas. 
 
 
 3 
Tomografia computadorizada (TC): A tomografia computadorizada (TC) 
se trata de um exame de imagem de rápida aquisição e que fornece imagens 
com grau elevado de detalhes quando compara à USG e RX, sendo por isso o 
exame mais solicitado nas emergências. 
Termos usados: 
Hipodenso/Hipoatenuante: a imagem apresenta-se escurecida no filme 
radiológico. Ex: ar, pulmão, etc. 
Isodenso/Isoatenuante: apresenta mesma atenuação do tecido vizinho 
comparado. Ex: nódulos hepáticos. 
Hiperdenso/Hiperatenuante: apresenta-se na imagem de forma mais 
clara, esbranquiçada. Ex: ossos. 
 
Ressonância magnética (RM): A Ressonância Magnética é uma técnica 
que produz imagens tomográficas por meio de campos magnéticos e ondas de 
rádio. Assim, são as diferentes densidades protônicas disponíveis nos tecidos 
que contribuem para que o sinal de RM consiga fazer a distinção entre um tecido 
e outro. 
Termos usados: 
Sinal Ausente: a estrutura não emite sinal devido á ausência (ou 
carência) de íons H+ Ex: cortical óssea 
Hipointenso: a estrutura de referência é mais escura que os tecidos 
circunvizinhos. Ex: liquor em T1. 
Isointenso: a estrutura de referência apresenta a mesma intensidade dos 
tecidos circunvizinhos. 
Hiperintenso: a estrutura de referência apresenta-se mais clara que os 
tecidos circunvizinhos. Ex: liquor em T2. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 4 
TRAUMA DE FACE 
O traumatismo na região da face pode afetar desde a pele, planos 
gordurosos, musculares, neurovasculares, ósseos e até estruturas encefálicas, 
dependendo da energia cinética envolvida no trauma. O exame clínico 
associado a estudos radiológicos possui importância ímpar no manejo desses 
pacientes. 
A avaliação por radiografia simples é feita essencialmente pelas 
incidências mento-naso (Waters) e fronto-naso (Caldwell), que muitas vezes já 
identificam traços de fratura e desalinhamentos. No entanto, a radiografia 
simples é limitada devido a intensa interposição óssea e de partes moles, 
causada pelo edema e hemorragia secundários ao trauma. Neste contexto, a 
tomografia computadorizada (TC) vem se tornando o método de imagem 
preconizado na avaliação do paciente com fratura de face, sendo importante 
não apenas no diagnóstico, mas na avaliação da sua extensão tridimensional da 
fratura, otimizando a terapêutica. 
A pesquisa radiológica deve avaliar: os ossos envolvidos, número de 
fragmentos, se há afundamento ou desalinhamento dos fragmentos ósseos, o 
grau de envolvimento de partes moles adjacentes, se há corpos estranhos e 
avaliar se há lesões encefálicas associadas. Essa avaliação permitirá responder 
duas coisas: 
1) As fraturas envolvem estruturas que afetam o 
funcionamento fisiológico dos seios paranasais, boca, órbita e nariz? 
2) As fraturas resultam em deformidades visíveis? 
 
Fratura Nasal: É a fratura mais comum, o osso nasal não necessita de 
grande cinética para que haja lesão. O exame clínico é o padrão-ouro para seu 
diagnóstico, onde se observa crepitação e dor à palpação, no entanto, a 
avaliação por imagem é importante para determinar a complexidade da fratura 
e sua extensão, bem como o grau de comprometimento de partes moles 
adjacentes. Os principais achados que devem ser descritos no relatório são: a 
presença de fratura dos ossos nasais, do processo frontal da maxila e do septo 
nasal, bem como se as fraturas são simples ou cominutivas e se há 
desalinhamentos e suas direções. 
 
 5 
 
TC imagem axial. Fratura dos ossos nasais (setas brancas) e do aspecto anterior do septo nasal (seta 
vermelha), com encurvamento e desvio para a esquerda dos fragmentos. (B) TC imagem axial. Fratura do 
processo frontal dos maxilares, com leve desvio a para a direita à esquerda e desviado para a esquerda à direita 
(setas brancas). (C) TC imagem axial. Obliteração da porção anterior das cavidades nasais (asteriscos pretos). (D) 
TC em reformatação coronal em volume rendering 3D. Fratura nasal com acentuado desvio para a esquerda 
 
 
Vista frontal evidenciando edema nasal / Incidência de Waters evidenciando traço de fratura 
 
Traumas Mandibulares: A fratura mandibular é a segunda mais 
frequente no trauma de face, acometendo em ordem decrescente as seguintes 
estruturas: côndilo, ângulo, corpo, sínfise/parassínfise, ramo e processo 
coronóide. As fraturas mandibulares podem ser divididas em: (1) simples, 
fraturas lineares, sem comunicação com a cavidade oral ou pele; (2) compostas, 
 
 6 
as que apresentam extensão para cavidade oral ou pele; (3) cominutivas, 
aquelas com múltiplos fragmentos e (4) complicadas, aquelas que 
comprometem estruturas vasculares e/ou nervosas. 
 
 
Fratura mandibular. (A) TC reformatação coronal. Fratura do processo condilar esquerdo (seta branca), 
com herniação superior do côndilo mandibular para a fossa craniana média (seta amarela). (B) TC axial. Fratura 
do corpo da mandíbula com desalinhamento e afastamento dos fragmentos 
 
Fratura Transfacial (Le Fort): Estas fraturas envolvem a separação da 
maxila e da base do crânio, invariavelmente envolvendo as placas pterigóides. 
Existem três tipos predominantes: 
Fort I (fratura maxilar transversa ou horizontal): linha de fratura no 
plano transmaxilar, acima dos ápices dos dentes e abaixo da junção 
zigomaticomaxilar. Resulta num aspecto de “palato flutuante. 
 
Figura1 - Le Fort I. (A) TC reformatação coronal. Fratura do processo pterigóide bilateral (setas 
brancas). (B) TC reformatação em volume rendering 3D sagital oblíquo. Fratura transmaxilar (seta branca). 
 
 7 
Fort II (fratura piramidal): linha de fratura no plano subzigomático, a 
partir da ponte nasal, através do processo frontal da maxila, osso lacrimal e 
assoalho da órbita, estendendo-se inferiormente através da parede anterior do 
seio maxilar sob o zigoma. Resulta num aspecto de “maxila flutuante”. 
 
 
 Fort II. (A) TC reformatação coronal. Fratura bilateral do processo pterigóide (setas brancas). (B) TC 
reformatação oblíqua em volume rendering 3D. Fratura do assoalho da órbita (setas brancas) 
 
Fort III (fratura transversal ou disjunção craniofacial): a linha de 
fratura percorre o processo nasofrontal, maxilofrontal, paredes orbitárias e 
arco zigomático. Resulta num aspecto de “face flutuante”. 
 
 
Le Fort III. (A) TC reformatação sagital oblíqua em volume rendering 3D. Fratura do teto da órbita 
(seta branca). (B) Fratura do arco zigomático (seta branca) e da parede lateral da órbita (seta amarela) 
 
Fraturas Orbitárias: As fraturas orbitárias podem ser isoladas ou 
extensão de outras fraturas faciais. A órbita é composta por sete ossos, que 
possuem a função de proteger os olhos e as estruturas anexas. A fratura do tipo 
blow-out é a mais típica da órbita, sendo decorrente de trauma fechado direito 
sobre o globo ocular, resultando em aumento da pressão intraocular, que se 
transmite para a porção mais frágil da órbita, o assoalho. Em alguns casos a 
parede medial também pode ser comprometida. Na fratura orbitária é 
importante avaliarmos nos métodos de imagem sinais de herniação dos 
 
 8 
componentes orbitários, posicionamento do cristalino, que pode estar luxado 
ou subluxado, pesquisar corpos estranhos, se há hemorragias intra e 
extraoculares, bem como avaliar as veias oftálmicas e o nervo óptico. 
 
 
Fratura orbitária blow-out. (A) TC reformatação coronal. Fratura do assoalho orbitário com herniação 
da gordura intra e extraconal e do músculo reto inferior (seta branca). (B) TC reformatação coronal. Fratura da 
parede medial e parte do assoalho da órbita com herniação da gordura extraconal e músculo reto lateral (seta 
vermelha) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 9 
TRAUMAS CRANIANOS 
 
As lesões craniocerebrais são causas comuns de internação hospitalar 
após trauma, e estão associadas a uma significante morbidade e mortalidade a 
longo prazo, particularmente na população adolescente e de adultos jovens. A 
neuroimagem tem um papel essencial na identificação e caracterização de 
lesões cerebrais traumáticas. Além disso, a avaliação por imagem do 
traumatismo cranioencefálico (TCE), define conduta terapêutica clínica ou 
cirúrgica emergencial, posteriormente auxiliando na monitorização terapêutica 
e permitindo acesso a estimativa mais precisa do prognóstico do paciente. 
Durante a avaliação das imagens deve-se focar em características e 
estruturas principais, como: 
 
 
 
 
Densidades da Imagem 
Avaliamos as diferenças de densidade 
entre estruturas e tecidos para poder 
classifica-las de acordo com um 
referencial comparativo em hiperdensas, 
isodensas ou hipodensas. 
 
Diferenças de densidade entre as 
substâncias branca e cinzenta podem indicar 
anormalidades. 
 
Linha Média 
Desvios podem indicar lesão 
com efeito de massa no lado a partir do qual 
a linha média se desviou. 
 
 
 
Simetria 
O padrão dos sulcos, cisternas e ventrículos 
deve ser simétrico, mesmo 
que haja alguma diferença sútil, e a fissura 
inter-hemisférica anterior deve 
ser visualizada. O padrão de densidade 
também deve ser simétrico. 
 
 
 
 
 
Cisternas Basais 
As estruturas que devem, necessariamente, 
ser analisadas são as 
cisternas da placa quadrigeminal e supra-
selar, pois são atravessadas por 
importantes estruturas neurais. 
 
A quadrigeminal parece um sorriso. A supra-
selar, assemelha-se a Estrela de Davi. 
Qualquer assimetria dessas estruturas deve 
ser suspeita, pois indica falha na circulação 
liquórica com risco de alteração na 
pressão intracraniana. 
 
 
 
Ventrículos 
Assimetria pode indicar efeito de massa, 
dilatação pode indicar hidrocefalia e 
apagamento pode indicar hemorragia. 
 
Em alguns casos de elevação da Pressão IC 
ou de hidrocefalia pode haver apagamento 
do 4° ventrículo também. 
 
Ossos 
A avaliação dos ossos do crânio e, 
consequentemente, afundamentos 
ou fraturas 
 
 10 
Fraturas cranianas: Fraturas lineares sem deslocamento da calvária são 
o tipo mais comum de fratura craniana. Sua detecção pode ser difícil na TC, 
especialmente quando o plano da fratura for paralelo ao plano do corte. 
Felizmente, fraturas cranianas lineares isoladas dispensam tratamento. O 
tratamento cirúrgico, geralmente, é indicado para fraturas compostas e com 
afundamento, sendo que a visualização de ambas é melhor na TC do que na 
radiografia convencional. Fraturas com afundamento, muitas vezes, estão 
associadas a contusão subjacente. Pode ser observado ar intracraniano 
(pneumocéfalo) nos casos de fraturas compostas ou fraturas envolvendo os seios 
paranasais. TC com cortes finos empregando um algoritmo de osso é o melhor 
método para avaliação de fraturas em áreas críticas, como base do crânio, 
órbitas ou ossos da face. Os cortes finos também podem ajudar na avaliação do 
grau de cominutividade e afundamento dos fragmentos ósseos. 
Fratura de osso temporal: A primeira suspeita de uma fratura do osso 
temporal pode ocorrer em TC craniana padrão, realizada para excluir lesão 
intracraniana. Achados como opacificação das células aéreas do processo 
mastoide, líquido na cavidade da orelha média, pneumocéfalo e, 
ocasionalmente, pneumolabirinto devem levantar suspeita sobre fratura no 
osso temporal. A melhor maneira de se avaliar a suspeita de uma fratura de 
osso temporal é por intermédio de TC em imagens no plano axial e coronal 
direto, com cortes finos (1 a 1,5mm), e empregando um algoritmo de osso. 
 
 
Fratura longitudinal de osso temporal 
Lesão no escalpo: Para interpretar a TC no caso de traumatismo 
craniano, é recomendável iniciara verificação pelo exame de estruturas 
extracranianas, na busca por evidências de lesão no escalpo ou corpos estranhos 
radiopacos. O edema de tecido mole do escalpo, muitas vezes, é a única 
evidência confiável do local de impacto. O hematoma subgaleal é a 
manifestação mais comum de lesão no escalpo e pode ser reconhecido na TC 
ou RM como tumefação focalizada nas partes moles do escalpo localizadas 
 
 11 
abaixo do tecido fibroadiposo subcutâneo e acima do músculo temporal e da 
calvária. 
Na avaliação inicial de um paciente vítima de traumatismo 
cranioencefálico (TCE) existem questões fundamentais que devem ser 
rapidamente respondidas: se há lesão traumática intracraniana, qual sua 
natureza e qual seu tratamento, se clínico ou cirúrgico emergencial. 
A radiografia simples de crânio, a tomografia computadorizada (TC), a 
ressonância magnética (RM) e a angiografia digital são os principais métodos 
por imagem utilizados nestes pacientes. A radiografia simples de crânio não é 
capaz de excluir lesão intracraniana, tendo elevados índices falso-negativos. 
Inversamente, a presença de fratura craniana à radiografia simples não 
necessariamente indica presença de lesão intracraniana. Portanto, não é um 
método que deve ser utilizado para o rastreamento de lesão traumática 
intracraniana. 
A TC é o método por imagem mais adequado no atendimento inicial ao 
paciente vítima de TCE, pois, quando comparada à RM, é mais disponível, tem 
menor custo, e tem ótima sensibilidade na detecção das principais lesões 
traumáticas intracranianas agudas, permitindo rapidamente a identificação de 
lesões potencialmente fatais que necessitem de tratamento cirúrgico imediato 
. Os tomógrafos de multidetectores (TC “multislice”) são extremamente 
rápidos,ideais para pacientes agitados, com confusão mental, em intoxicação 
exógena e em crianças, situações frequentes nos pacientes com TCE. Além 
disso, a TC “multislice” permite avaliação multiplanar e tridimensional das 
estruturas ósseas cranianas, da base do crânio e da coluna cervical, bem como 
estudo das estruturas vasculares por angiotomografia (angio-TC) trazendo 
grande avanço no diagnóstico das lesões dos vasos cervicais e intracranianos, 
seja nos traumas fechados ou nos perfurantes. 
A RM mostra excelente definição das estruturas encefálicas, muito 
superiores em relação à TC, gerando imagens multiplanares, sendo um método 
mais sensível que a TC para a detecção de lesões intracranianas, especialmente 
aquelas não hemorrágicas, hemorrágicas de pequeno volume, ou de localização 
profunda ou infratentorial. No entanto, a RM tem alto custo, menor 
disponibilidade nos serviços de saúde, maior tempo de execução, entre outros 
fatores, o que dificulta seu uso. A angiotomografia também é utilizada e 
permite diagnosticar lesões vasculares crânio-cervicais potencialmente graves. 
As lesões cranianas traumáticas podem ser divididas em duas formas: 
primária e secundária. Lesões primárias são as que ocorrem como resultado 
direto de um golpe na cabeça. As secundárias ocorrem em consequência de uma 
lesão primária, geralmente por efeito expansivo ou comprometimento vascular. 
Muitas vezes, as lesões secundárias podem ser prevenidas, enquanto as 
primárias, por definição, já ocorreram quando o paciente chega à unidade de 
emergência. 
As lesões primárias incluem hemorragia epidural, subdural, 
subaracnoide e intraventricular; lesão axônica difusa (LAD), contusão cortical, 
 
 12 
hematoma intracerebral e lesão subcortical da substância cinzenta. Danos 
diretos à vasculatura cerebral constituem outro tipo de lesão primária. 
As lesões secundárias incluem edema cerebral, herniação cerebral, 
hidrocefalia, isquemia ou infarto, extravasamento do LCR, cisto leptomeníngeo 
e encefalomalacia. 
Hematoma epidural (extradural): Na TC, o hematoma epidural aparece 
como uma coleção extra-axial bem definida, de alta atenuação, de formato 
lenticular ou biconvexo. Frequentemente, observa-se a associação a efeito 
expansivo, apagamento dos sulcos e desvio da linha média. A janela de osso, 
geralmente, mostra uma fratura craniana linear sobreposta. Como os 
hematomas epidurais se localizam no espaço potencial entre a dura-máter e a 
tábua interna do crânio, normalmente não atravessam as suturas cranianas, 
onde a camada periosteal da dura-máter encontrasse firmemente fixada. 
Próximo ao vértice, no entanto, o periósteo forma a parede externa do seio 
sagital, onde a aderência à fissura sagital é menos firme. Sendo assim, 
hematomas epidurais no vértice, os quais, em geral, são de origem venosa por 
ruptura do seio sagital, podem cruzar a linha média. Ocasionalmente, um 
hematoma epidural agudo mostrará aspecto heterogêneo, com áreas 
irregulares de atenuação mais baixa. Esse achado pode indicar extravasamento 
ativo de sangue fresco não coagulado para dentro da coleção, o que requer 
atenção cirúrgica imediata. 
 
 
 
Hematoma extradural 
 
 13 
 
Hematoma extradural agudo hiperdenso à esquerda, de morfologia biconvexa, determinando 
compressão ventricular e desvio da linha mediana para a direita 
 
Hematoma Subdural: Localiza-se no espaço subdural, mais 
frequentemente no compartimento supratentorial (95%), em geral ao longo das 
convexidades corticais, da foice cerebral ou da tenda cerebelar, 
frequentemente causando acentuados desvios das estruturas encefálicas da 
linha mediana e herniações cerebrais. Está presente em mais de 30% dos TCEs 
graves. O hematoma subdural ocorre na vigência de forças de 
aceleração/desaceleração que causam laceração de veias corticais enquanto 
cursam pelo espaço subdural, antes de drenarem ao seio venoso dural 
adjacente. Estas veias são particularmente suscetíveis a este mecanismo de 
trauma uma vez que de um lado elas estão aderidas ao seio venoso dural 
ancorado na calota craniana e do outro, ao encéfalo que se movimenta durante 
a ação destas forças traumáticas, ocasionando estiramento, laceração ou 
ruptura das mesmas. 
O hematoma subdural agudo classicamente apresenta-se à TC como uma 
coleção hiperatenuante de morfologia semelhante a uma lente côncavo-
convexa, com sua face côncava moldando-se à convexidade cortical, foice 
cerebral ou tenda cerebelar, podendo atravessar as linhas de suturas, mas não 
as inserções durais ou a foice cerebral. 
 
 14 
 
RM: Delgado hematoma subdural à direita, exibindo hipersinal na sequência FLAIR (setas) 
 
 
Hematoma Subdural à esquerda com desvio de estruturas e linha média. 
 
Hemorragia subaracnóidea traumática: Caracteriza-se pelo 
extravasamento de sangue no espaço subaracnóide devido a laceração de 
artérias ou veias corticais que cursam por este espaço, ou por extensão de 
hemorragia proveniente de contusões corticais. Está presente na maioria dos 
casos de TCEs moderados ou graves e classicamente se localiza na cisterna 
interpeduncular ou silviana, mas podendo ocorrer em qualquer região do espaço 
subaracnóide. 
 
 15 
Na TC é identificada como conteúdo hiperatenuante preenchendo as 
cisternas e os sulcos corticais. A quantidade da hemorragia subaracnóidea deve 
ser correlacionada com a severidade do TCE, e, havendo alguma desproporção, 
deve-se suspeitar de lesão vascular maior associada, neste caso sendo válido o 
prosseguimento na investigação diagnóstica através de angio-TC ou 
arteriografia digital. RM, principalmente através das sequências T2* gradiente 
eco e FLAIR também é um método bastante sensível à detecção de hemorragia 
subaracnóidea traumática, porém a TC é mais sensível. 
 
TC: Hemorragia subaracnóidea traumática aguda caracterizada por conteúdo hiperatenuante ocupando 
os sulcos corticais e as cisternas da base, mais notada- mente nas cisternas interpeduncular e perimesencefálica. 
Hemoventrículo volumoso observado no ventrículo lateral direito 
 
Lesão Axonal Difusa: É um dos tipos mais comuns de lesão neuronal 
primária em pacientes que sofreram TCE grave. Se caracteriza por 
comprometimento disseminado dos axônios, que ocorre no momento de uma 
lesão por aceleração ou desaceleração. As áreas do cérebro afetadas podem 
estar distantes do local do impacto não sendo necessário um golpe direto para 
causar esse tipo de lesão. É um tipo de lesão de difícil visualização nos exames 
de imagem e também nos espécimes histológicos, tendo sido subestimada por 
muito tempo devido à baixa sensibilidade dos exames de imagem de algumas 
décadas atrás. 
A LAD pode ser muito mais bem visualizada por meio de RM do que de 
TC, sendo que esse exame tem sofrido crescente importância na avaliação de 
déficits neurológicos após traumatismo e para prever resultados a longo prazo. 
O tipo de acidente mais comumente relacionado à LAD são os acidentes 
automobilísticos em alta velocidade. Os achados para LAD na TC podem ser 
sutis ou ausentes. O mais comum são as pequenas hemorragias petequiais na 
 
 16 
junção entre substância branca e cinzenta dos hemisférios cerebrais ou no 
corpo caloso. Áreas mal definidas de atenuação reduzida em TC podem, 
ocasionalmente, ser observadas em lesões não hemorrágicas. 
 
 
Aspecto em TC de lesão axonal difusa. Focos pontilhados de alta atenuação na substância branca 
subcortical frontal esquerda e no esplênio esquerdo do corpo caloso. 
 
Traumatismo por arma de fogo e outros ferimentos penetrantes: 
Ferimento por arma de fogo (FAF) de trajeto unilobar, em geral, tem 
melhor prognóstico que aqueles de trajeto bi-hemisférico, transventricular ou 
cursando pela fossa posterior. A TC tem importante papel na avaliação inicial 
destes pacientes, caracterizando a localização e o trajeto do projétil, 
demonstrando a localização e a extensão do ferimento encefálico, o grau 
de hemorragia intracraniana e de fragmentação do projétil, presençade 
fraturas associadas, e, principalmente, mostrando se há lesões cirurgicamente 
tratáveis tais como hematomas intracranianos ou herniação cerebral. A alta 
densidade metálica do projétil ou de seus fragmentos gera intensos artefatos 
que prejudicam a avaliação do parênquima encefálico adjacente, neste aspecto 
sendo uma limitação da TC. 
A TC também é bastante útil na avaliação de outros ferimentos 
penetrantes tais como por arma branca ou outros objetos perfurantes. Qualquer 
ferimento penetrante tem potencial para causar lesão vascular tais como 
laceração, dissecção, pseudoaneurisma, fístula arteriovenosa e trombose 
venosa, neste caso sendo válido considerar a necessidade de avaliação por 
angiografia digital que é método padrão-ouro, ou mais recentemente como 
alternativa não invasiva, por angio-TC que além do estudo vascular, permite 
avaliação multiplanar e 3D do crânio, contribuindo no planejamento cirúrgico 
 
 17 
dos ferimentos penetrantes. A angio-RM em geral é contraindicada devido à 
presença de corpo estranho metálico. 
 
TC: (A) Reconstrução sagital de ferimento penetrante por chave de fenda de curso intraorbitário, 
paraclinóide e em fossa posterior, em estreita proximidade com o canal carotídeo. (B) arteriografia digital 
excluindo lesão vascular 
 
 
 
Ferimento por projétil de arma de fogo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 18 
 
TRAUMA VERTEBROMEDULAR 
 
O trauma na coluna vertebral e na medula espinhal vem aumentando nos 
últimos anos em decorrência do aumento nos acidentes de trânsito. Existem 
três localizações mais frequentes de trauma na coluna vertebral: C1-C2, C5-C7 
e T12-L2. Em crianças menores que 12 anos, existe uma maior incidência de 
lesões em C1, C2 e na articulação atlanto-axial. O papel dos métodos por 
imagem no trauma raquimedular é diagnosticar a fratura e/ou deslocamento e 
definir se é instável ou não. 
Tabela de Classificação fisiopatológica do trauma de coluna cervical: 
 
Radiografia Simples: A radiografia simples ou Raio-X (RX) é considerada 
a técnica de escolha para a avaliação inicial do trauma raquimedular. Deve ser 
realizada levando-se em consideração os sinais clínicos do paciente. Se houver 
 
 19 
lesão de múltiplos órgãos ou déficit neurológico associados, as incidências 
realizadas são ântero-posterior (AP) e perfil que devem ser complementadas 
por uma tomografia computadorizada ou ressonância magnética. Se não houver 
sinais localizatórios, podem ser necessárias ainda outras incidências, como as 
oblíquas, para melhor identificar uma possível fratura/deslocamento. 
A incidência em perfil deve, necessariamente, incluir todas as sete 
vértebras cervicais. As vértebras cervicais baixas podem não ser visibilizadas 
devido a sobreposição dos ombros. Isto pode ser atenuado puxando-se os braços 
para baixo. Se mesmo assim as vértebras não forem visibilizadas, pode se 
realizar a incidência do nadador, na qual um dos braços é estendido sobre a 
cabeça e o outro permanece ao lado do corpo. Nesta posição, o corpo fica em 
uma projeção oblíqua, permitindo a visibilização da transição cérvico-torácica. 
Na falha de visibilização com esta incidência, uma tomografia computadorizada 
é indicada. 
As incidências AP da coluna cervical e AP com a boca aberta da região 
atlanto-axial (ou transoral) também devem ser obtidas. Na ausência de 
alterações nestas incidências, deve-se decidir se são necessárias às incidências 
oblíquas ou incidências dinâmicas (em flexão e extensão). As incidências 
dinâmicas devem ser sempre realizadas sob a supervisão de um médico para 
evitar uma lesão ou aumento da extensão de uma lesão neurológica. 
Pontos importantes durante a avaliação radiológica da coluna cervical: 
 
1- Avaliar a adequação e alinhamento 
a. Identificar a presença de todas as sete vértebras 
cervicais e a borda superior de T1. 
b. Identificar: 
i. Linha anterior dos corpos vertebrais 
ii. Linha anterior do canal medular 
iii. Linha posterior do canal medular 
iv. Processos espinhosos 
2- Avaliar os ossos 
a. Examinar todas as vértebras para verificar a 
preservação da altura e a integridade do periósteo. 
b. Examinar as facetas. 
c. Examinar os processos espinhosos. 
3- Avaliar as cartilagens, incluindo o exame dos espaços dos 
discos intervertebrais para a identificação de estreitamento ou de 
alargamento 
4- Avaliar o processo odontoide 
a. Examinar o alinhamento do processo odontoide. 
b. Examinar o espaço anterior do processo odontoide (3 
mm). 
c. Examinar o clivus; ele deve apontar para o processo 
odontoide. 
5- Avaliar as partes moles extra-axiais. 
a. Examinar o espaço extra-axial e as partes moles: 
 
 20 
• 7mm em C3 
• 3mm em C7 
b. Examinar a distância entre os processos espinhosos 
 
 
 
 
 
 21 
 
 
Esquema da posição do nadador e Radiografia obtida nessa posição para melhor visualização da 
transição cérvico-torácica (C7-T1) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 22 
 
 
Os sinais radiográficos associados à lesão da coluna cervical são: 
 
• Aumento de partes moles retrofaríngea: maior que 10 mm, na altura 
de C3 e C4; 
 
• Desalinhamento: melhor incidência em perfil, onde 4 linhas convexas 
são formadas. A quebra da continuidade destas linhas, especialmente das 3 
primeiras indica desalinhamento. É normal, no entanto, observar uma leve 
anterolistese de C3 sobre C4 em crianças (fisiológico). O alinhamento no plano 
frontal também deve ser observado, especialmente as paredes laterais e os 
processos espinhosos; 
• Diminuição da altura do espaço discal: devido a um trauma no disco 
intervertebral; 
• Aumento da distância entre os processos espinhosos; 
• Variações na altura dos corpos vertebrais: associados geralmente a 
fraturas em cunha. 
 
 
Aumento de partes moles retrofaríngea. Radiografia em perfil da coluna cervical mostra aumento de 
partes moles retrofaríngea, na altura de C3 e C4 (16 mm, para um normal de até 10 mm). Presença de fratura 
completa do corpo vertebral de C5 (cabeça de seta) 
 
 
 23 
Ressonância Magnética: A ressonância magnética (RM) é indicada em 
pacientes com déficit neurológico parcial ou progressivo após o trauma, assim 
como em pacientes com instabilidade mecânica secundária a lesão ligamentar 
ou do disco intervertebral. Sua principal função é detectar compressão da 
medula espinhal por osso, disco ou hematoma para decidir se será necessária 
uma cirurgia descompressiva. Demonstra a herniação discal aguda pós-
traumática, alterações na medula espinhal e lesões ligamentares. 
A ressonância magnética (RM) é indicada em pacientes com déficit 
neurológico parcial ou progressivo após o trauma, assim como em pacientes 
com instabilidade mecânica secundária a lesão ligamentar ou do disco 
intervertebral. Sua principal função é detectar compressão da medula espinhal 
por osso, disco ou hematoma para decidir se será necessária uma cirurgia 
descompressiva. Demonstra a herniação discal aguda pós-traumática, 
alterações na medula espinhal e lesões ligamentares O paciente 
politraumatizado grave pode ser impedido de realizar a RM, devido às suas 
condições clínicas e a impossibilidade de alocação dos sistemas de suporte a 
vida no ambiente de RM. A indicação ideal para RM é o paciente com déficit 
neurológico, sem alterações no RX ou TC e que não necessite de suporte à vida. 
 
 
 
Fraturas específicas: 
 
Fratura de Jefferson: Caracterizada pelas fraturas bilaterais dos arcos 
anterior e posterior do atlas (C1) e produzida por um mecanismo de trauma que 
envolva força de compressão axial do crânio em direção aos côndilos occipitais 
e coluna, ocorrendo principalmente em acidentes automobilísticos. É 
considerada estável quando o ligamento transverso não se rompe e existe 
afastamento lateral menor de 7 mm entre as massas laterais. A fratura instável 
ocorre quando existe lesão do ligamento transverso e afastamento maior que 7 
mm. Clinicamente, o paciente apresenta dor no pescoço e cefaleia occipital 
unilateral. 
 
 
Imagens axiais de TC do atlasdemonstram as fraturas completas dos arcos anterior e posterior de C1 
(setas) 
 
 24 
Fratura do Processo Odontoide: Ocasionada principalmente por lesões 
em hiperflexão do pescoço. A classificação mais aceita leva em conta a 
estabilidade da fratura. 
Tipo I: fratura na extremidade cranial do odontóide – cerca de 4% das 
fraturas do odontóide estável 
 
Tipo II: fratura na base do odontóide – cerca de 66% das fraturas do 
odontóide - geralmente instável com alta de taxa de pseudoartrose (até 50%). 
 
Tipo III: fratura na base do odontóide, estendendo-se até o corpo de C2 
– cerca de 30% das fraturas – geralmente instável. 
 
 
Na sequência, fraturas de odontoide dos tipos I, II e III 
 
 
Fratura em lágrima: Fratura extremamente grave e Instável causada por 
um mecanismo em hiperflexão do pescoço. Caracteriza-se pela fratura dos 
elementos posteriores com deslocamento posterior do corpo vertebral e 
consequente laceração da medula espinhal. Também ocorre lesão do ligamento 
longitudinal anterior com avulsão óssea do corpo vertebral, formando um 
fragmento triangular, em forma de lágrima, deslocado anteriormente e 
inferiormente. 
 
 
 25 
 
Reformatação sagital de TC da coluna cervical – fratura da porção anterior C 5, com fragmento 
triangular (cabeça de seta) e deslocamento posterior deste corpo vertebral 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 26 
TRAUMA TORÁCICO 
 
A avaliação inicial do trauma torácico é realizada pela radiografia de 
tórax em razão da sua rápida disponibilidade, inclusive na sala de emergência. 
Entretanto, a radiografia apresenta limitações no diagnóstico de diversas lesões 
traumáticas, especialmente as vasculares. Para esses casos, é mais utilizado a 
TC com contraste endovenoso. 
Como analisar uma radiografia no trauma? É importante obter a história 
AMPLA: 
A: Alergias 
M: Medicações em uso 
P: Passado médico 
L: Líquidos ou alimentos ingeridos antes do trauma 
 A: Ambiente do trauma 
Avaliação inicial da radiografia de tórax (ABCDE na radiografia): Inicia-
se o estudo pelas partes moles e adentra-se o tórax. Seguem-se o plano ósseo, 
as cúpulas diafragmáticas e os espaços pleurais, o parênquima pulmonar e sua 
vascularização, os hilos pulmonares, a traqueia e os brônquios-fonte, o coração, 
a aorta e o restante do mediastino. 
 
A 
- Avaliar a perviedade da via aérea 
- Avaliar traqueia: centralizada ou 
desviada? 
 
 
 
B 
- Avaliar campos pulmonares 
- Avaliar se os pulmões estão bem 
perfundidos 
- Avaliar se há boa penetração na 
radiografia 
- Avaliar o parênquima pulmonar 
 
 
 27 
 
 
C 
- Analisar o coração (se há aumento 
da área cardíaca) 
- Investigar se há alargamento do 
mediastino 
 
 
 
 
D 
- Avaliar diafragma( se há alteração 
na curva do diafragma) 
- Avaliar seios costofrênicos 
- Avaliar seios cardiofrênicos 
 
 
 
E 
- Avaliar esqueleto 
- Avaliar arcos costais 
- Avaliar clavículas e escápulas 
 
 
F 
- Investigar se há a presença de 
enfisema subcutâneo 
 
G - Ganho de dreno, cateter e etc 
 
Trauma torácico fechado: Em casos de trauma torácico fechado, podem 
ocorrer lacerações na árvore traqueobrônquica, parênquima pulmonar e nos 
vasoso e o impacto direto, além de causar lesões na região do trauma, pode 
ocasionar lesões de contragolpe (contralaterais), sobretudo nos pulmões 
(contusões pulmonares). 
Trauma torácico penetrante: O trauma torácico penetrante acontece 
principalmente nos ferimentos por arma branca ou arma de fogo e nos acidentes 
de trabalho. Em relação às lesões causadas por arma de fogo, além do trauma 
causado diretamente pelo projétil, há uma onda de choque que o acompanha, 
 
 28 
cuja intensidade varia de acordo com o calibre e a velocidade do projétil, e 
gera um dano maior aos tecidos. Nestes casos, é importante reconhecer o 
ferimento de entrada e de saída (quando houver) para estabelecer o trajeto do 
ferimento perfurante e avaliar suas possíveis lesões, sobretudo no mediastino. 
Achados possíveis: 
Fratura de Costelas, Tórax Instável (Retalho Costal Móvel) e Contusão 
Pulmonar: As fraturas de costelas são comuns e na grande maioria dos casos 
não apresentam complicações e não necessitam de tratamento específico. No 
entanto, podem ocorrer deslocamentos dos fragmentos ósseos para o interior 
da cavidade torácica, causando hemopneumotórax, contusão e laceração 
pulmonar. O tórax instável (retalho costal móvel) ocorre quando um segmento 
da parede torácica não tem mais continuidade óssea com a caixa torácica e 
geralmente é consequente a um trauma que provoca múltiplas fraturas de arcos 
costais, ou seja, duas ou mais fraturas em dois ou mais lugares. 
 
 
 29 
 
 
Pneumotórax: O pneumotórax é um achado frequente no trauma 
torácico, e tem como causas: lesões penetrantes, fraturas de costelas, lesões 
pulmonares e traqueobrônquicas. De maneira geral, pode ser classificado em: 
ser classificado em aberto, fechado, traumático, espontâneo e iatrogênico. O 
diagnóstico do pneumotórax depende do reconhecimento de duas 
características: 
(1) uma linha separando com ar a borda do pulmão da parede 
torácica, mediastino ou diafragma; 
(2) ausência de sombras vasculares fora desta linha. 
Se for um pneumotórax sutil, observa-se apenas uma pequena linha que 
determina o limite da pleura visceral, sem a presença de vasos, demonstrando 
o colabamento pulmonar. Pode drenar sem exame de imagem. 
 
 
 
 30 
 
Pneumotórax - Note o pulmão colabado, dando espaço a preenchimento por ar na cavidade externa 
 
 
Pneumotórax hipertensivo: Em geral, é uma evolução do pneumotórax 
simples. Observa-se o colabamento pulmonar. Trata-se de uma urgência 
médica, que descompensa rápido, comprime coração e as estruturas 
mediastinais. Não pedir raio X para pneumotórax hipertensivo, diagnóstico é 
clinico. 
 
Pneumotórax Hipertensivo - Note como há deslocamento das estruturas do mediastino devido o quadro 
hipertensivo à direita 
 
 31 
Pneumomediastino e Pneumopericardio: Presença de ar na parte 
central do tórax. Acontece geralmente por condições traumáticas ou por 
barotrauma. O pneumopericárdio e o pneumomediastino possuem diferenças 
entre si. O pneumopericárdio é mais bem delimitado e contínuo, enquanto o 
pneumomediastino é mais descontínuo. 
 
Derrame Pleural: Definimos derrame pleural como o acúmulo 
anormal de líquido na cavidade pleural. A pleura que recobre os pulmões e 
as cissuras interlobares é chamada de visceral e nos demais trajetos é 
chamada de parietal. 
Comumente, independente do cenário do trauma, iniciamos o estudo 
do derrame pleural através da radiografia de tórax (sempre que possível em 
ortostase, em PA). Nem todos os derrames pleurais irão aparecer no estudo 
radiográfico em PA ou AP. Por quê? Um dos motivos é por causa do tamanho. 
Derrames livres menores que 170 ml de volume dificilmente vão obliterar o 
seio costofrênico lateral. Este pode se mostrar na TC. Por quê? O paciente 
está deitado, então no inicio não teremos obliteração do seio costofrênico 
lateral, pois o derrame poderá se espalhar posteriormente, ou seja, para o 
seio costofrênico posterior. 
Hemotórax: Tipo clássico de derrame pleural relacionado ao cenário 
de trauma. A causa mais comum de hemotórax (<1.500 mL de sangue) é a 
laceração pulmonar ou a ruptura de um vaso intercostal ou da artéria 
mamária interna devido tanto a trauma penetrante quanto a trauma 
fechado. As fraturas da coluna torácica também podem levar ao hemotórax. 
Geralmente esse sangramento é autolimitado e não necessita de tratamento 
cirúrgico. A visualização do sinal de parábola é clássico do derrame pleural. 
É comum haver perda da visualização das cúpulas diafragmáticas, seios 
costofrênicos ou bolha gástrica na área afetada. 
 
 32 
 
 
Setas brancas: cúpulas diafragmáticas; Setas vermelhas: Seios costofrênicos; Círculo: Bolha Gástrica. Na imagem 
ao lado, com derrame, não há mais visualização deles devido preenchimento porlíquido 
 
 
Volumoso derrame pleural, que desloca as estruturas contralateralmente ao lado 
 
 
 33 
 
TC de tórax com janela mediastinal -Note que, apesar da lesão ser homogênea na maior parte da sua extensão, 
há devidamente marcado, uma área de hiperatenuação. Isso corresponde a sangue. Tratava-se de um 
hemotórax. 
 
Contusão cardíaca: O trauma cardíaco contuso pode resultar em 
contusão do músculo cardíaco, ruptura das câmaras cardíacas, dissecção e/ou 
trombose das artérias coronárias ou laceração valvular. A ruptura da câmara 
cardíaca manifesta-se tipicamente por tamponamento cardíaco e deve ser 
reconhecida durante a avaliação primária. No caso de uma ruptura atrial, 
entretanto, os sinais e sintomas de tamponamento podem surgir lentamente. A 
utilização precoce do F AST pode facilitar o diagnóstico. 
Ruptura traumática de aorta: A ruptura traumática de aorta é causa 
comum de morte súbita após colisões de veículos automotores ou de quedas de 
grande altura. Se o doente sobrevive ao evento inicial, a recuperação costuma 
ser possível desde que a ruptura aórtica seja identificada e tratada 
precocemente. Alguns sinais radiológicos, que podem ou não estar presentes, 
indicam maior probabilidade de lesão nos grandes vasos do tórax. São eles: 
• Alargamento do mediastino 
• Obliteração do cajado aórtico 
• Desvio da traqueia para a direita 
• Rebaixamento do brônquio-fonte principal esquerdo 
• Elevação do brônquio-fonte direito 
 
 34 
• Obliteração do espaço entre a artéria pulmonar e a aorta (apagamento 
da janela da artéria pulmonar) 
• Desvio do esôfago (sonda nasogástrica) para a direita 
• Alargamento da faixa paratraqueal 
• Alargamento das interfaces paraespinhais 
• Presença de derrame extrapleural apical 
• Hemotórax à esquerda 
• Fratura do primeiro e segundo arcos costais ou da escápula 
Cada um desses sinais radiológicos pode resultar em informações falso-
positivas e falso-negativas. Raramente (1 a 13%) não se encontram achados 
anormais nas radiografias simples de tórax, mesmo na presença de lesões de 
grandes vasos. Caso haja a menor suspeita de trauma aórtico, o doente deve 
ser avaliado em um ambiente onde existam condições de confirmar o 
diagnóstico e tomar as medidas terapêuticas cabíveis. A tomografia 
computadorizada helicoidal do tórax tem se mostrado um método acurado para 
triagem de doentes com suspeita de lesão de aorta torácica. A tomografia 
computadorizada helicoidal do tórax deve ser utilizada corriqueiramente 
porque os achados da radiografia de tórax, especialmente em posição 
ortostática, não são confiáveis. Quando os resultados são equivocados, deve ser 
realizada a aortografia. 
 
 
 
 35 
 
 
Ruptura traumática de diafragma: A ruptura traumática do diafragma é 
mais comumente diagnosticada do lado esquerdo, talvez porque o fígado 
oblitere o defeito ou proteja o lado direito do diafragma enquanto o intestino, 
o estômago e a sonda nasogástrica sejam mais facilmente detectados no lado 
esquerdo do tórax. A visualização de elevação do diafragma direito na 
radiografia de tórax pode ser o único achado da lesão diafragmática desse lado. 
Se houver suspeita de ruptura do hemidiafragma esquerdo, deve-se passar uma 
sonda gástrica. Quando a sonda gástrica aparecer na cavidade torácica na 
radiografia de tórax, torna-se supérfluo o estudo contrastado. Ocasionalmente, 
o diagnóstico não é feito mediante estudo radiográfico inicial ou TC. Se o 
diagnóstico não estiver claro, deve-se realizar um estudo contrastado do trato 
gastrointestinal. 
 
 
 
 36 
TRAUMA ABDOMINAL 
 
O trauma abdominal é um dos tipos de traumas mais comuns, sendo 
dividido em trauma penetrante, que normalmente acomete cólon, fígado e 
intestino delgado. E o trauma fechado que acomete mais baço, fígado e 
intestino. Com isso, quando se vai atender um paciente vítima de trauma 
penetrante, é importante obter informações sobre o tempo da lesão, tipo de 
arma, distância entre o agressor e a vítima e o volume de sangue perdido pela 
vítima no local da cena da agressão. 
 
Radiografia: 
A radiografia simples de abdome, embora com menos sensibilidade e 
especificidade do que os métodos multiplanares, é capaz de fornecer bastantes 
dados úteis à avaliação médica complementar de um paciente. Trata-se de um 
estudo de baixo custo e elevada disponibilidade nos serviços de saúde, e que 
não apresenta contraindicações absolutas, apenas relativas e restritas às 
gestantes. 
É indicada em casos de: 
▪ Distensão abdominal, obstrução intestinal e íleo para- 
lítico: para avaliação e acompanhamento. 
▪ Perfuração intestinal. 
▪ Pneumoperitônio. 
▪ Posicionamento de dispositivos médicos (como sondas e 
cateteres). 
▪ Pós-operatório: para acompanhamento da abordagem e 
avaliação de corpos estranhos cirúrgicos. 
▪ Corpos estranhos: para diagnóstico e localização. 
▪ Cálculo do trato urinário: para avaliação diagnóstica, 
localização e acompanhamento. 
 
Avaliação Ultrassonográfica Diferenciada para o Trauma: 
O FAST é um dos exames de diagnósticos mais rápidos e utilizados para 
identificação de hemorragias, tendo uma grande acurácia na detecção de 
líquido intra-abdominal, quando comparado a Lavagem Peritoneal Diagnóstica 
(LPD). Logo, ele é um meio rápido, não invasivo, e barato para diagnosticar 
hemoperitônio. As imagens podem ser obtidas do saco pericárdio (1) espaço 
 
 37 
hepatorenal (2) espaço esplenorenal (3) e pelve ou fundo do saco do Douglas 
(4), podendo ser repetido 30 min após o primeiro exame. No intuito de avaliar 
e monitorar o paciente, foi desenvolvida uma extensão do protocolo FAST, 
denominada FAST-Estendido ou EFAST, a qual amplia a avaliação do paciente 
antes reservada à parede abdominal e cardíaca para a cavidade torácica, 
possibilitando a detecção de pneumotórax, hemotórax e ruptura diafragmática. 
Ele é indicado em caso de trauma cardíaco penetrante ou fechado e também 
em casos de trauma abdominal fechado, trauma torácico e hipotensão de causa 
não definida. Uma particularidade do FAST é sua aplicabilidade em locais com 
restrição de métodos complementares, como nas catástrofes naturais 
(terremotos), conflitos de guerra, estações espaciais, em que a obtenção de 
dados adicionais pode ser decisiva, e não se dispõe de outros métodos 
complementares. 
 
 
À esquerda: Pontos de Foco do FAST, à direita: Pontos de foco do EFAST 
 
 
 
 
 
 
 38 
Método de uso do FAST segundo o ATLS: 
1- Iniciar pela janela pericárdica para garantir que o ganho 
esteja definido corretamente -o fluido (líquido) dentro do coração deve 
estar preto. O coração pode ser visualizado utilizando-se a janela 
paraesternal ou a subxifoide. 
 
2- A visualização do quadrante superior direito é feita com um 
corte sagital na linha axilar média, aproximadamente na altura do 10° 
ou 11° espaço intercostal. As estruturas a serem visualizadas são o 
diafragma, o fígado e o rim. O espaço hepatorrenal deve ser visualizado 
como um todo. 
 
3- A visualização do quadrante superior esquerdo é feita com 
um corte sagital na linha axilar média, aproximadamente na altura do 8° 
ou go espaço intercostal. As estruturas a serem visualizadas incluem o 
diafragma, o baço e o rim. O espaço esplenorrenal deve ser visualizado 
como um todo. Os artefatos produzidos por ar do estômago e do cólon, 
 
 39 
e uma janela acústica menor, fazem com que essa visualização seja a 
mais difícil de ser realizada; pode ser necessário mover o transdutor 
posteriormente. 
 
4- A visualização suprapúbica é feita com um corte uma 
transversal, obtido melhor antes da colocação da sonda vesical de 
demora Artefatos podem surgir em consequência de realces posteriores; 
caso as imagens de líquido desapareçam com o movimento lateral do 
transdutor para ambos os lados, ela deve ser interpretada como artefato. 
 
 
É importante lembrar que um FAST negativo não exclui lesão intra-
abdominal. Porém, torna menos provável que a fonte de hemorragiaque produz 
alterações hemodinâmicas seja o abdome. A visualização pélvica é realizada 
melhor antes da inserção da sonda vesical de demora, pois, a bexiga distendida 
ajuda a visualização de líquido livre na pelve. Assim como para a LPD, a 
indicação absoluta de laparotomia é uma contraindicação para o FAST. 
 
 40 
Tomografia Computadorizada: A tomografia computadorizada possui a 
vantagem de poder avaliar as lesões de órgãos parenquimatosos, tanto intra 
quanto retroperitoniais, bem como a presença e quantificação de líquido livre 
na cavidade abdominal, de lesões ósseas e de partes moles, porém envolve a 
remoção do paciente até o departamento de radiologia, uso de contraste 
iodado, custo mais elevado, necessidade de estabilidade hemodinâmica e 
cooperação do paciente para o adequado posicionamento durante a realização 
do exame, apresentando dificuldade relativa em detectar lesões do trato 
gastrintestinal. A sensibilidade e especificidade descritas na literatura, para 
tomografia computadorizada, situam-se acima dos 97%. 
Contraste: O uso do contraste endovenoso é obrigatório nos casos de 
trauma, exceto se houver contraindicações, como alergia ou insuficiência renal 
e, para tanto, infundem-se, inicialmente, 50ml de contraste. iodado a 60% com 
velocidade de infusão de 2-3ml/s e o restante a 1ml/s. Em crianças, a dose 
utilizada de contraste é de 2ml/kg de peso. O contraste oral iodado 1 a 2%, num 
volume de 500 ml, deve ser iniciado 30 minutos antes do exame e 250ml 
imediatamente do início do exame, preferencialmente gelado. 
Quando em função da gravidade clínica do paciente não se puder 
administrar previamente o contraste, deve-se oferecer 120 a 180 ml 
imediatamente antes de se iniciar o exame para contrastação do estômago e 
duodeno. O contraste iodado, numa concentração de 2 a 3 %, por via retal, é 
infundido imediatamente antes do início do exame, num volume de 150 ml, no 
intuito de melhor delineamento do intestino grosso. 
 
Possíveis achados em imagens: 
Hemoperitônio: Em função dos recessos anatômicos e da ação da 
gravidade, o líquido livre intraperitoneal acumula-se, preferencialmente, na 
pelve, no espaço de Morison (espaço compreendido entre o fígado e o rim 
direito, que se comunica, cranialmente, com o espaço periepático e, 
caudalmente, com a goteira parietocólica direita), topografia periepática e 
periesplênica e ao longo das goteiras parietocólicas, mais à direita. Assim, 
é obrigatório que os cortes tomográficos alcancem a pelve nos casos de trauma, 
e que o espaço de Morison seja atentamente avaliado, pois, em 97% dos casos 
de laceração hepática ou esplênica, ocorrerá acúmulo de líquido nesta região. 
O tipo de líquido coletado poderá ser composto, isoladamente, por sangue, bile, 
urina, conteúdo da alça intestinal lesada, líquido de lavado peritonial ou, ainda, 
associação dos mesmos. O ultrassom claramente demonstra o acúmulo de 
líquido com uma coleção anecóica, localizada, preferencialmente, nos recessos 
peritoniais supracitados. Entre os sinais tomográficos estão: sinal do coágulo 
sentinela e o efeito hematócrito. O primeiro refere-se à presença de uma área 
mais densa em um local específico intra-abdominal, podendo corresponder ao 
sítio de hemorragia inicial. 
 
 
 41 
 
A tomografia também pode ser útil no seguimento da resolução das 
lesões decorrentes do trauma hepático. Deve ser ressaltado que, durante a 
resolução do hematoma, a área lesada pode parecer mais hipodensa, com 
maiores dimensões em função de efeito osmótico e de limites mais regulares. 
 
 
 
 
Trauma Esplênico: No exame de ultrassom realizado na sala de urgência, 
o sangue apresenta-se hiper ou hipoecóico, identificando-se o parênquima 
esplênico com ecotextura heterogênea. É possível que o sangue se apresente 
isoecogênico em relação ao parênquima adjacente, dificultando o diagnóstico, 
dando a impressão de uma esplenomegalia. 
 
 42 
 
Trauma Renal: A avaliação pelo ultrassom é menos vantajosa que pela 
tomografia devido à localização retroperitonial do órgão, limitando a 
visibilização dos achados. Os hematomas podem apresentar-se com textura 
hipo, hiperecóica ou heterogênea, sendo que as coleções perirrenais também 
devem ser pesquisadas. Na tomografia computadorizada, a contusão é 
visibilizada como uma área focal e irregular do parênquima, sem realce na fase 
contrastada, associada a aumento localizado ou difuso do rim, enquanto, nas 
fases tardias, podem existir imagens focais hiperdensas dentro do parênquima, 
representando urina extravasada com contraste concentrado. Já a laceração 
aparece como área linear, irregular, hipodensa dentro do parênquima renal, 
havendo extravasamento de urina na presença de comprometimento do sistema 
coletor. 
O hematoma subcapsular apresenta aspecto lentiforme, hipodenso, 
comprimindo o parênquima subjacente. As imagens de falha de enchimento 
dentro do sistema coletor podem representar coágulos. O comprometimento 
dos vasos renais, seja por ruptura ou por trombose. Algumas literaturas 
classificam o trauma renal em 4 tipos de acordo com os achados de imagem. 
São: 
 
 
 
 
Grau 1 
Discreta contusão renal, laceração 
superficial, pequenos hematomas 
subcapsulares ou perinefrético 
 
 
 
 
Grau 2 
Laceração mais profunda, estendendo-
se para o sistema coletor com 
extravasamento limitado de urina 
extra-renal ou hematoma 
perinefrético, de moderada a grande 
dimensão 
 
 
 43 
 
 
Grau 3 
Fragmentação renal, comprometimento 
da vasculatura, grande extravasamento 
de urina e grande hematoma 
rapidamente progressivo. 
 
 
Grau 4 
Avulsão ou ruptura da pelve renal ou 
ureter com o rim intacto. 
 
 
 
 
 
Captação assimétrica de contraste renal, mostrada pela tomografia computadorizada, com hipodensidade, 
estendendo-se até a pelve renal. Lesão renal grau II 
 
 44 
 
Laceração renal extensa (setas), com hematoma perirrenal, visualizada através da tomografia computadorizada. 
Extensa coleção perirrenal, não sendo visualizado o rim esquerdo. 
 
Trauma Pancreático: É raro como lesão isolada, sendo, geralmente, 
diagnosticado na laparotomia ou em exames de controle. A taxa de falsos 
negativos é elevada. Os achados tomográficos compreendem laceração, edema 
focal ou difuso, hemorragia intra ou peripancreática, líquido retroperitonial, 
espessamento da fáscia renal, edema peripancreático e edema envolvendo o 
mesocólon transverso. O trauma é classificado por tomografia nos seguintes 
graus: 
 
Grau 1 
Contusão, laceração com ducto intacto. 
 
 
Grau 2 
Laceração severa ou transecção do 
corpo e cauda com provável lesão do 
ducto pancreático. 
 
 
Grau 3 
transecção, hematoma, lesão da 
cabeça pancreática e do ducto. 
 
 
Grau 4 
Grau 3 associado a ruptura duodenal. 
 
Trauma de Víscera Oca: Comparativamente às lesões de outros órgãos, 
nos traumas abdominais fechados, as lesões das vísceras ocas apresentam uma 
menor incidência relativa, sendo mais frequentes no intestino delgado, 
seguindo-se no intestino grosso e estômago. A radiologia convencional mostra 
 
 45 
pneumo ou retropneumoperitônio, líquido abdominal, escoliose ou apagamento 
do contorno do músculo psoas, presentes em menos de 50% dos casos. 
 
 
Retropneumoperitônio pós trauma, visto em radiografia simples do abdome. Observe as linhas 
hipertransparentes, delineando as estruturas retroperitoniais (setas) 
 
Retropneumoperitônio evidenciado pela tomografia computadorizada (setas), delineando região pararrenal 
anterior. 
 
 46 
TRAUMA DE PELVE 
 
Os quatro padrões de força que causam fraturas pélvicas incluem: (1) 
compressão anteroposterior, (2) compressão lateral, (3) cisalhamento vertical 
e (4) padrões complexos (combinação). Uma lesão traumática por compressão 
anteroposterior pode ser causada por colisões de motocicletas, 
atropelamentos, esmagamento direto da pelve ou queda de alturas superiores 
a 3,6 metros. Achados: 
 
 
 
 
 
 
 
 47REFERÊNCIAS 
 
AMERICAN COLLEGE OF SURGEONS. ATLS: Advanced trauma life support. 10. 
ed. Chicago, 2018. 
ROCHA, N.; ANDRADE, J; JAYANTHI, S. Imagem no trauma de face. Revista de 
Medicina, v. 90, n. 4, p. 169-173, 2011. 
GATTÁS, G. Imagem no traumatismo craniano. Revista de Medicina, v. 90, n. 
4, p. 157-168, 2011. 
RODRIGUES, M. Diagnóstico por imagem no trauma raquimedular-princípios 
gerais. Revista de Medicina, v. 90, n. 4, p. 174-184, 2011. 
FLATO, U. et al. Utilização do FAST-Estendido (EFAST-Extended Focused 
Assessment with Sonography for Trauma) em terapia intensiva. Revista 
Brasileira de Terapia Intensiva, v. 22, n. 3, p. 291-299, 2010.

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