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Glaucoma Quezia brito ANATOMIA NERVO ÓPTICO A camada de fibras nervosas (CFN) é formada pelos axônios amielínicos das células ganglionares, e esses axônios formam o NERVO ÓPTICO. A estrutura que está sendo lesionada no glaucoma é o nervo óptico CORPO CILIAR Estrutura muscular e vascularizada que participa, diretamente, da produção do humor aquoso e da acomodação. Estende-se da ora serrata até a raiz da íris É dividido em pars plicata (contém os processos ciliares, responsáveis por produzir o HA e localiza-se no terço anterior.) e pars plana (parte posterior, adjacente à retina) Humor aquoso: é uma solução transparente constituída de eletrólitos diluídos em água, que desempenha funções ópticas, de proteção térmica e mecânica, sustentação, nutrição e de remoção de catabólicos das estruturas avasculares do olho (malha trabecular, córnea e cristalino) e de manter a pressão intraocular (PIO) Dinâmica do humor aquoso: o epitélio não pigmentado que envolve os processos ciliares da pars plicata que produz o HA. ✓O plasma que está dentro dos capilares fenestrados atravessa o endotélio da parede do vaso, a membrana plasmática do epitélio não pigmentado e dentro dessas células começa a produção do HA ✓Barreiras hematoaquosas: é o endotélio da parede do vaso e a membrana plasmática do epitélio não pigmentado. Quando há quebra dessas barreias, o HA passa a ser produzido de forma anormal (mudança de consistência, mais proteínas, mais células inflamatórias) ✓Depois de produzido é liberado para câmera posterior, (entre íris e cristalino) pela pupila passa para câmera anterior. ✓Após é drenada pelas rotas. 90% é pelo ângulo trabécular/íriocorneano/câmera anterior se localiza entre a córnea e a íris ✓A cada 2h o HA está sendo produzido e drenado. Durante a noite a produção é diminuída ✓80% da produção é por secreção ativa de eletrólitos, através da bomba de Na+/K+ ATPase mediado pela enzima anidrase carbônica (cabe aqui o uso de colírios que inibem essa enzima e diminui a produção do HÁ, no tratamento do glaucoma) ✓Rota trabecular (90% da drenagem) = final da drenagem do HA é o seio cavernoso É influenciada pela PIO e pressão venosa episcleral = diminui a drenagem por essa via = piora o aumento da PIO Medicamentos como pilocarpina (miose), trabeculoplastica à laser e TREC = aumentam a drenagem por essa via = diminui a PIO ✓Rota uveoescleral (10% da drenagem) = final da drenagem do HA é a esclera (ar atmosférico) Medicamentos como atropina, prostaglandinas, alfa- agonistas = aumentam o escoamento por essa via Medicamentos como pilocarpina (miose), carbacol (miose) = diminuem o escoamento por essa via DEFINIÇÃO É uma doença neurodegenerativa (neuropatia óptica) de etiologia multifatorial, compreendendo inúmeras afecções oculares que possuem como característica comum a LESÃO PROGRESSIVA DO NERVO ÓPTICO, com perda irreversível do campo visual correspondente O principal sitio de lesão são as FIBRAS NERVOSAS, QUE SOFREM PROCESSO APOPTÓTICO MAIS ACELERADO (o envelhecimento naturalmente já faz isso), que quando combinado aos fatores de risco, leva a perda progressiva e definitiva da visão É a 2º principal causa de cegueira no mundo CLASSIFICAÇÃO Nem todo glaucoma necessita da PIO elevada FATORES DE RISCO FATORES OCULARES: PIO elevada, miopia e espessura central da córnea fina = GPAA Diâmetro axial reduzido, córnea plana, CA rasa e ângulo oclusível (fechado em pelo menos 180° à gonioscopia) = GPAF OVCR, RDP, OACR, DR antigo, uveíte crônica, neoplasias oculares, obstrução de carótidas = NEOVASCULAR FATORES SISTÊMICOS: fenômeno de Raynaud, migrânea, doenças vasculares isquêmicas, vasculites, oclusão de carótidas = GPN FATORES AMBIENTAIS: estresse, fadiga, esforço na leitura = GPAF FATORES DEMOGRÁFICOS: raça negra = GPAA Asiático, esquimós e idoso = GPAF MEDICAÇÕES: corticoides, dilatação pupilar por fármacos = GPAF FATORES GENÉTICOS Todos os tipos de glaucoma GLAUCOMA PRIMÁRIO DE ÂNGULO ABERTO – GPAA Neuropatia óptica crônica multifatorial, em que não é possível a definição de uma causa ocular ou sistêmica que contribua para a obstrução do fluxo do HÁ, mas sabe-se que existe esse desequilíbrio QUADRO CLÁSSICO: paciente negro, >65 anos, míope, com história familiar +, PIO elevada, espessura corneana central fina, sem predileção por sexo Câmera anterior obrigatoriamente ampla (normal) CLÍNICA: assintomático, insidioso, lentamente progressivo, bilateral e assimétrico EXAME OFTALMOLÓGICO: ângulo camerular/câmera anterior, obrigatoriamente normal, assimetria da escavação entre os discos >0,2, escavação papilar >0,6, regra ISNT não preservada (escavação não respeita a regra), lâmina crivosa com poros ovalados nos polos superior e inferior, hemorragia na papila, vaso em baioneta e vaso em passarela, sinal de hoyt (escurecimento: perda de fibras nervosas) e noth da rima neural (maçã mordida) CAMPO VISUAL: normal ou defeitos arqueados superiores e inferiores e degrau nasal DIAGNÓSTICO: Curva tensional diária: medição da PIO ao longo do dia ✓Córneas finais subestimam a PIO (usa pouca força) ✓Córneas espessas superestimam a PIO (usa muita força) Paquimetria ultrassônica: saber se o paciente tem córnea fina (fator de risco) ou grossa (fator de proteção) Campo visual: identifica se o paciente já está tendo perda de visão na periferia Retinografia colorida: “foto do fundo de olho” TRATAMENTO: tem objetivo de diminuir a PIO e evitar dano permanente ao nervo óptico Paciente que mesmo usando os 4 colírios não consegue controlar a PIO = ✓Trabeculoplastia à laser: fotocoagulação a laser em cima do ângulo trabecular, promovendo o aumento da drenagem por essa via ✓Trabeculectomia TREC: cria uma nova roda de drenagem do HÁ, acaba sendo drenado para debaixo da conjuntiva. É feita em últimos dos casos, quando nada resolver GLAUCOMA PRIMÁRIO DE ÂNGULO FECHADO – GPAF Enfermidade caracterizada pelo fechamento do ângulo camerular, total ou parcial, decorrente de alterações anatômicas, que propiciam aumento da PIO de forma aguda, intermitente ou crônica, com eventual lesão do nervo óptico QUADRO CLÁSSICO: sexo feminino, >60 anos, história familiar+, asiática/esquimó, alta hipermetropia axial, olho pequeno, menor diâmetro corneano, câmera anterior rasa, cristalino grande DIAGNÓSTICO: clínico: exame oftalmológico + sintomas FATORES DE RISCO: congênito, cristalino grande, catarata hipermadura (eleva a íris e ela tapa o ângulo) CLÍNICA: aguda, subaguda, crônica Crônica: ausência de sintomas, diagnóstico é dado pelo aumento da PIO, sinequias anteriores, palidez e aumento da EP Aguda: dor, hiperemia conjuntival, lacrimejamento, fotofobia, cefaleia, turvação visual, visão de halos, náuseas, vômitos, câmera anterior rara, fyndall, flare, injeção ciliar, congestão, midríase média, edema de córnea, baixa acuidade visual Intermitente: sintomas típicos, porém mais brandos e com resolução espontânea TRATAMENTO: Internação e atendimento rápido ✓Manitol EV: desidratação do vítreo, baixa a PIO rapidamente; contraindicação: insuficiência renal ✓acetozolamida 500mg VO, depois 1cp a cada 6h; inibe a anidrase carbônica ✓hipotensos oculares tópicos que atuam na produção de HA (menos prostaglandina) betabloqueador ou alfa-agonista ✓pilocarpina 1% a 2%, se PIO <40mmHg; para fazer miose e desocluir o ângulo ✓corticoide tópico Tratamento definitivo: iridodomia à laser em AO ✓Fazer um buraco na íris (além da pupila), para fazer uma nova rota de drenagem para o HÁ GLAUCOMA CONGÊNITO GLAUCOMA CONGÊNITO PRIMÁRIO: redução da drenagem do HÁ por desenvolvimento incompleto do ângulo camerular. NÃO está associado a outra anomalia ocular Quando associado à má formação de estruturas da câmera anterior, que podem comprometer a drenagem do HÁ, chama-se glaucoma do desenvolvimento (ex.:aniridia) QUADRO CLÁSSICO: herança esporádica em 90% dos casos, 65% dos casos atinge sexo masculino, acometimento bilateral 75% dos casos CLÍNICA: lacrimejamento, olho crescendo, fotofobia, blefaroespasmos frequentes, diâmetro da corna >11m até 1ano e >13mm em qualquer idade, edema de córnea, estrias de Haab e Buftalmo (olho de boi), opacidade na córnea, DIAGNÓSTICO: sob sedação em bloco cirúrgico, faz o exemplo completo oftalmológico: PIO muito elevada + diâmetro horizontal da córnea muito elevado para a idade TRATAMENTO: imediato 1º escolha: ✓goniotomia: incisão (dentro pra fora) no trabeculado realizado com goniótomo ou agulha de insulina com auxilio de lentes de gonioscopia diretas; faz em córneas transparentes, sem edema e <14mm ✓trabeculotomia: iniciado para córneas turvas; trabeculótomo é inserido no canal de Schiemm e rodado para desobstruir o ângulo, abrindo-o para câmera anterior (de fora para dentro) 2º escolha: TREC e implante de dispositivos de drenagem
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