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Transtornos de ansiedade (geral)

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Julia Paris Malaco – UCT18 
SP2 – problemas mentais e de comportamento 
 
Transtornos de ansiedade 
 
A ansiedade é o grande sintoma de 
características psicológicas que mostra a 
intersecção entre o físico e o psíquico, uma vez 
que tem claros sintomas físicos, como taquicardia, 
sudorese, tremores, tensão muscular, aumento das 
secreções, aumento da motilidade intestinal e 
cefaleia, inquietação, etc. Trata-se de um sinal de 
alerta, que adverte sobre perigos iminentes e 
capacita o indivíduo a tomar medidas para 
enfrentar ameaças. O medo é a resposta a uma 
ameaça conhecida, definida; a ansiedade é uma 
resposta a uma ameaça desconhecida, vaga. A 
ansiedade prepara o indivíduo para lidar com 
situações potencialmente danosas ou qualquer 
ameaça à unidade ou integridade pessoal, tanto 
física como moral. Dessa forma, ela prepara o 
organismo para tomar as medidas necessárias 
para impedir a concretização desses possíveis 
prejuízos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
As síndromes ansiosas “puras” são ordenadas 
inicialmente em dois grandes grupos: quadros em 
que a ansiedade é constante e permanente 
(ansiedade generalizada, livre e flutuante) e 
quadros em que há crises de ansiedade abruptas 
e mais ou menos intensas. São as chamadas crises 
de pânico, que podem configurar, se ocorrerem 
de modo repetitivo, o transtorno de pânico. 
 
Fisiopatologia da ansiedade 
 
Existem 3 teorias sobre o porque a ansiedade 
ocorre: teoria psicanalitica, teoria 
comportamental e teoria existencial 
 
Teoria psicanalítica (freud): Ela era percebida 
como resultado de conflito psíquico entre desejos 
sexuais ou agressivos inconscientes, com as 
ameaças correspondentes do superego e da 
realidade externa. Em resposta a esse sinal, o ego 
 
mobilizava mecanismos de defesa para evitar que 
pensamentos e senti-mentos inconscientes 
inaceitáveis emergissem para a percepção cons-
ciente. Em seu artigo clássico Inibições, sintomas e 
ansiedade, Freud afirma que “era a ansiedade 
que produzia a repressão, e não, como eu antes 
acreditava, a repressão que produzia a 
ansiedade”. Hoje, mui-tos neurobiologistas 
continuam a corroborar várias das ideias e teorias 
originais de Freud. Um exemplo é o papel da 
amígdala, que facilita a resposta de medo sem 
qualquer referência à memória consciente e fun-
damenta o conceito de Freud de um sistema de 
memória inconsciente para respostas de 
ansiedade. 
 
Teoria comportamental: As teorias 
comportamentais ou de aprendizagem da 
ansiedade postulam que a ansiedade é uma res-
posta condicionada a um estímulo específico do 
ambiente. Em um modelo de condicionamento 
clássico, uma menina criada por um pai abusivo, 
por exemplo, pode se tornar ansiosa assim que 
enxerga esse pai. Por meio de generalização, ela 
pode passar a desconfiar de todos os homens. No 
modelo de aprendizagem social, uma criança 
pode desenvolver uma resposta de ansiedade 
imitando a ansiedade no ambiente, por exemplo, 
em casos de pais ansiosos. 
 
Teoria existencial: As teorias existenciais da 
ansiedade for-necem modelos para ansiedade 
generalizada, na qual não há um estímulo 
específico identificável para a sensação crônica 
de ansie-dade. O conceito central da teoria 
existencial é o de que as pessoas experimentam 
sentimentos de viver em um universo sem objetivo. 
A ansiedade é sua resposta ao vazio de sentido e 
existência. Essas preocupações existenciais 
podem ter aumentado desde o desenvolvi-mento 
das armas nucleares e do terrorismo biológico. 
 
 Contribuições biológicas 
Sistema nervoso autônomo: A estimulação do 
sistema ner-voso autônomo causa certos sintomas, 
como: cardiovasculares (p. ex., taquicardia), 
musculares (p. ex., cefaleia), gastrintestinais (p. ex., 
diarreia) e respiratórios (p. ex., taquipneia). 
Os sistemas nervosos autônomos de alguns 
pacientes com transtorno de ansiedade, sobre-
tudo aqueles com transtorno de pânico, exibem 
tônus simpático aumentado, se adaptam 
lentamente a estímulos repetidos e respondem de 
maneira excessiva a estímulos moderados. 
 
Julia Paris Malaco – UCT18 
Neurotransmissores: Os três principais 
neurotransmissores associados a ansiedade, com 
base em estudos com animais e em respostas a 
tratamento medicamentoso, são a norepinefrina 
(NE), a serotonina e o ácido aminobutírico (GABA). 
 Norepinefrina: Os sintomas crônicos 
vivenciados por pacientes com transtorno de 
ansiedade, como ataques de pânico, insônia, 
sobressalto e hiperexcitação autonômica, são 
característicos de aumento da função 
noradrenérgica. A teoria geral sobre seu papel 
nos transtornos de ansiedade é a de que os 
pacientes afetados podem ter um sistema 
noradrenérgico com problemas de regulação, 
com surtos ocasionais de atividade. Os corpos 
celulares desse sistema estão localizados 
principalmente no locus ceruleus (onde o 
aumento da estimulação produz uma reposta 
ao medo) na ponte rostral e projetam seus 
axônios para o córtex cerebral, o sistema 
límbico, o tronco cerebral e a medula espinal. 
 Eixo hipotalâmico-hipofisário-suprarrenal: 
Evidências consistentes indicam que muitas 
formas de estresse psicológico aumentam a 
síntese e a liberação de cortisol. O cortisol 
serve para mobilizar e reabastecer os estoques 
de energia e contribui para aumentar o alerta, 
a vigilância, a atenção focada e a formação 
de memória; inibe o crescimento e o sistema 
reprodutivo; e contém a res-posta imune. A 
secreção excessiva e contínua dessa 
substância pode ter efeitos adversos graves, 
entre eles hipertensão, osteoporose, imu-
nossupressão, resistência a insulina, 
dislipidemia, distúrbios de coa-gulação e, por 
fim, aterosclerose e doença cardiovascular. 
 Hormônio liberador de corticotrofina (crh): Um 
dos mais importantes mediadores da resposta 
de estresse, o CRH coordena as mudanças 
comportamentais e fisiológicas adaptativas 
que ocorrem durante esse estado. Os níveis 
hipotalâmicos de CRH são aumentados pelo 
estresse, resultando em ativação do eixo HHS 
e aumento da liberação de cortisol e 
desidroepiandrosterona (DHEA). 
 Serotonina. A identificação de muitos tipos de 
receptores estimulou a pesquisa sobre o papel 
da serotonina na patogênese dos transtornos 
de ansiedade. Diferentes tipos de estresse 
agudo resultam do aumento no turnover de 5-
hidroxitriptamina (5-HT) no córtex pré-frontal, 
no nucleus accumbens, na amígdala e no 
hipotálamo lateral. Os corpos celulares da 
maioria dos neurônios serotonérgicos estão 
localizados nos núcleos da rafe do tronco 
cerebral rostral e se projetam para o córtex 
cerebral, o sistema límbico (em especial para 
a amígdala e o hipocampo) e o hipotálamo. 
Sistema límbico: Além de receber inervação 
noradrenérgica e serotonérgica, o sistema límbico 
contém, ainda, alta concentração de receptores 
GABAA 
Duas áreas do sistema límbico re-ceberam 
atenção especial na literatura: aumento da 
atividade na via septo-hipocampal, que pode 
levar a ansiedade, e o giro do cíngulo, implicado 
particularmente na fisiopatologia do TOC. 
 
Córtex cerebral: O córtex cerebral frontal 
conecta-se com a região para-hipocampal, o giro 
do cíngulo e o hipotálamo e, dessa forma, pode 
estar envolvido na produção dos transtornos de 
ansieda-de. O córtex temporal também foi 
implicado no local fisiopatológico dos transtornos. 
Essa associação baseia-se, em parte, na 
semelhança da apresentação clínica e da 
eletrofisiologia entre alguns pacientes com 
epilepsia do lobo temporal e pacientes com TOC. 
 
Transtorno de ansiedade 
generalizada 
 
Segundo critérios do DSM-5, o transtorno de 
ansiedade generalizada é caracterizado por 
preocupação ou ansiedade excessivas, com 
motivos injustificáveis ou desproporcionais ao nível 
de ansiedade observado. 
Nesses quadros, são frequentes sintomas como 
insônia, dificuldade em relaxar, angústia 
constante, irritabilidadeaumentada e dificuldade 
em concentrar-se. São também comuns sintomas 
físicos como cefaleias, dores musculares, dores ou 
queimação no estômago, taquicardia, tontura, 
formigamento e sudorese fria. 
 
Para o seu diagnóstico, é preciso que outros 
transtornos de ansiedade, como pânico e fobia 
social, tenham sido descartados. É necessário 
também que essa ansiedade excessiva dure elo 
menos ou mais de 6 meses continuamente e que 
seja diferenciada da ansiedade normal ou da 
causada por alguma doença física ou substância 
e que também ocorra em diferentes atividades e 
eventos da vida. 
 
A prevalência anual é de 3 a 8%, e é mais 
frequente em mulheres (2:1), com início na 
segunda década de vida. 
 
De acordo com a escola cognitivo-
comportamental, indivíduos com transtorno de 
ansiedade generalizada respondem de forma 
incorre-ta e imprecisa aos perigos percebidos. Isso 
é gerado pela atenção seletiva a detalhes 
negativos no ambiente, por distorções no proces-
Julia Paris Malaco – UCT18 
samento de informações e por uma visão global 
negativa sobre a própria capacidade de 
enfrentar os problemas. 
 
Critérios diagnósticos (DSM-5): 
A. Ansiedade e preocupação excessivas 
(expectativa apreensiva), ocorrendo na 
maioria dos dias por pelo menos seis meses, 
com diversos eventos ou atividades (tais como 
de-sempenho escolar ou profissional). 
B. O indivíduo considera difícil controlar a 
preocupação. 
C. A ansiedade e a preocupação estão 
associadas com três (ou mais) dos seguintes 
seis sintomas (com pelo menos alguns deles 
presentes na maioria dos dias nos últimos seis 
meses). 
(Em crianças apenas um item é exigido) 
 Inquietação ou sensação de estar com os 
nervos à flor da pele. 
 Fatigabilidade. 
 Dificuldade em concentrar-se ou 
sensações de “branco” na mente, 
esquecimentos. 
 Irritabilidade. 
 Tensão muscular. 
 Perturbação do sono (dificuldade em 
conciliar ou manter o sono, ou sono 
insatisfatório e inquieto) 
D. A ansiedade, a preocupação ou os sintomas 
físicos causam sofrimento clinicamente 
significativo ou prejuízo no funcionamento 
social, profissional ou em outras áreas 
importantes da vida do indivíduo. 
E. A perturbação não se deve aos efeitos 
fisiológicos de uma substância (p. ex., droga 
de abuso, medicamento) ou a outra condição 
médica (p. ex., hipertireoidismo). 
F. A perturbação não é mais bem explicada por 
outro transtorno mental (p. ex., ansiedade ou 
preocupação quanto a ter ataques de pânico 
no transtorno de pânico, avaliação negativa 
no transtorno de ansiedade social [fobia 
social], contaminação ou outras obsessões no 
transtorno obsessivo--compulsivo, separação 
das figuras de apego no transtorno de 
ansiedade de separação, lembranças de 
eventos trau-máticos no transtorno de estresse 
pós-traumático, ganho de peso na anorexia 
nervosa, queixas físicas no transtorno de 
sintomas somáticos, percepção de problemas 
na aparência no transtorno dismórfico 
corporal, ter uma doença séria no transtorno 
de ansiedade de doença ou o conteúdo de 
cren-ças delirantes na esquizofrenia ou 
transtorno delirante). 
 
Diagnostico diferencial: Assim como os outros 
transtornos de ansiedade, o transtorno de an-
siedade generalizada deve ser diferenciado de 
transtornos clínicos e de transtornos psiquiátricos. 
Transtornos neurológicos, endocrinoló-gicos, 
metabólicos e relacionados a medicamentos, 
semelhantes àque-les considerados no 
diagnóstico diferencial de transtorno de pânico, 
devem ser considerados no diagnóstico de 
transtorno de ansiedade generalizada. Transtornos 
de ansiedade de coocorrência comum tam-bém 
devem ser considerados, incluindo transtorno de 
pânico, fobias, TOC e TEPT. 
 
Tratamento: 
O tratamento é realizado com antidepressivos 
e/ou benzodiazepínicos de ação prolongada 
(diazepam), acompanhado de psicoterapia. 
 
As três principais opções de medicamentos a 
serem consideradas para o tratamento desse 
transtorno são os benzodiazepínicos, os ISRSs, a 
buspirona e a venlafaxina. 
Lembrando que os benzodiazepínicos so são 
usados de forma aguda, não podem ser usados 
por longos períodos 
Outros agentes que podem ser úteis são os 
tricíclicos (p. ex., a imipramina), os anti-
histamínicos e os antagonistas β-adrenérgicos (p. 
ex., o propranolol). 
Embora o tratamento medicamentoso do 
transtorno de ansiedade generalizada seja, às 
vezes, considerado uma intervenção de 6 a 12 
meses, alguma evidência indica que ele deve ser 
a longo prazo, talvez por toda a vida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Transtorno de pânico 
 
Julia Paris Malaco – UCT18 
Um ataque intenso agudo de ansiedade 
acompanhado por sentimentos de desgraça 
iminente é conhecido como transtorno de pânico 
 
O transtorno de pânico caracteriza-se por crises 
súbitas e imprevisíveis de elevada ansiedade e 
medo, com taquicardia, sudorese, tontura, dor no 
peito, falta de ar e sensação de morte ou de 
perda de controle (ataques de pânico). 
 
Denomina-se o quadro de transtorno de pânico 
caso as crises sejam recorrentes, com 
desenvolvimento de medo de ter novas crises, 
preocupações com possíveis implicações da crise 
(perder o controle, ter um ataque cardíaco ou 
enlouquecer) e sofrimento subjetivo significativo. 
 
Dos pacientes com transtorno de pânico, 91% têm 
pelo menos outro transtorno psiquiátrico 
 
Para definir o transtorno, devem ocorrer vários 
ataques de pânico em um período de, pelo 
menos, 1 mês, sem que haja circunstâncias com 
perigo objetivo. As crises de ansiedade no pânico 
duram aproximadamente 10 minutos e costumam 
ser inesperadas, ou seja, não seguem situações 
especiais (como na fobia simples ou na fobia 
social), podendo surpreender o paciente em 
ocasiões variadas. 
O transtorno de pânico pode ou não ser 
acompanhado de agorafobia, ou seja, muito 
desconforto e fobia de lugares amplos e 
aglomerações 
 
O transtorno de pânico, em geral, inicia-se depois 
dos 20 anos, sendo igualmente prevalente entre 
homens e mulheres. Portanto, em sua maioria, as 
pessoas acometidas de pânico são jovens ou 
adultos jovens e estão na plenitude da vida 
profissional. 
 
Temas psicodinâmicos no transtorno de pânico: 
 Dificuldade de tolerar raiva. 
 Separação física ou emocional de pessoa 
significativa tanto na infância como na vida 
adulta. 
 Pode ser desencadeado por situações de 
aumento de res-ponsabilidade no trabalho. 
 Percepção dos pais como controladores, 
assustadores, críti-cos e exigentes. 
 Representações internas de relacionamentos 
envolvendo abuso sexual ou físico. 
 Sensação crônica de se sentir em uma 
armadilha. 
 Círculo vicioso de raiva relacionada a 
comportamento de rejeição dos pais seguida 
pela ansiedade de que a fantasia destruirá o 
elo com os pais. 
 Falha da função da ansiedade-sinal no ego 
relacionada a fragmentação do self e a 
confusão dos limites self-outro. 
 Mecanismos de defesa típicos: formação de 
reação, anula-ção, somatização, 
exteriorização. 
 
Ataques de pânico: Um ataque de pânico é um 
período súbito de intenso medo ou apreensão que 
pode durar de minutos a horas. Ele pode ocorrer 
também em outros transtornos mentais, 
particularmente na fobia específica, na fobia 
social e no TEPT. Ataques inesperados ocorrem a 
qualquer momento e não estão associados a um 
estímulo situacional identificável, mas não 
precisam se apresentar dessa forma. 
Eles podem ou não ocorrer quando um paciente 
é exposto a um gatilho específico, ou podem 
ocorrer tanto imediatamente após exposição 
quanto após uma considerável demora. 
 
O ataque com frequência começa com um 
período de 10 minutos de sintomas rapidamente 
crescentes. Os principais sintomas mentais são 
medo extremo e uma sensação de morte e 
tragédia iminentes. Os pacientes em geral não 
podem designar a fonte de seu medo; podem se 
sentirconfusos e ter problemas para se 
concentrar. Os sintomas físicos costumam incluir 
taquicardia, palpitações, dispneia e sudorese. O 
ataque dura, em média, de 20 a 30 minutos e 
raramente mais de uma hora. O exame formal do 
estado mental durante o ataque de pânico pode 
revelar ruminação, dificuldade de fala (p. ex., 
gagueira) e comprometimento da memória. 
 
Critérios diagnósticos (DSM-5): 
A. Ataques de pânico recorrentes e inesperados. 
Um ataque de pânico é um surto abrupto de 
medo intenso ou desconforto intenso que 
alcança um pico em minutos e durante o qual 
ocorrem quatro (ou mais) dos seguintes 
sintomas: 
(O surto abrupto pode ocorrer a partir de um 
estado calmo ou de um estado ansioso) 
 Palpitações, coração acelerado, 
taquicardia. 
 Sudorese. 
 Tremores ou abalos. 
 Sensações de falta de ar ou sufocamento. 
 Sensações de asfixia. 
 Dor ou desconforto torácico. 
 Náusea ou desconforto abdominal. 
 Sensação de tontura, instabilidade, 
vertigem ou desmaio. 
 Calafrios ou ondas de calor. 
 Parestesias (anestesia ou sensações de 
formigamento). 
Julia Paris Malaco – UCT18 
 Desrealização (sensações de irrealidade) 
ou despersonalização (sensação de estar 
distanciado de si mesmo). 
 Medo de perder o controle ou 
“enlouquecer”. 
 Medo de morrer. 
(Podem ser vistos sintomas específicos da 
cultura (p. ex., tinido, dor na nuca, cefaleia, 
gritos ou choro incon-trolável). Esses sintomas 
não devem contar como um dos quatro 
sintomas exigidos) 
 
Sintomas depressivos com frequência estão 
presentes no transtorno de pânico, e em alguns 
pacientes, um transtorno depressivo coexiste com 
o transtorno de pânico. Alguns estudos verificaram 
que o risco de suicí-dio durante a vida nesse grupo 
é mais alto do que em pessoas sem trans-torno 
mental. Os médicos devem estar atentos para o 
risco de suicídio. Além da agorafobia, outras 
fobias e transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) 
podem coexistir com o transtorno de pânico. As 
consequências psicossociais do transtorno de 
pânico, além da discórdia conjugal, po-dem 
incluir tempo perdido no trabalho, dificuldades 
financeiras relacio-nadas à perda do trabalho e 
abuso de álcool e outras substâncias. 
 
Diagnostico diferencial: Os ataques de pânico 
estão associados com uma variedade de 
distúrbios endocrinológicos, incluindo estados hipo 
e hipertireoidianos, hiperparatireoidismo e 
feocromocitomas. Hipoglicemia episódica 
associada com insulinomas também pode 
produzir estados semelhantes a pânico, assim 
como os processos neuropatológicos primários. 
Estes incluem transtornos convulsivos, disfunção 
vestibular, neoplasmas ou os efeitos sobre o SNC 
de substâncias prescritas ou ilícitas. Por fim, 
distúrbios dos sistemas cardíaco e pulmonar, 
incluindo arritmias, doença pulmonar obstrutiva 
crônica e asma, podem produzir sintomas 
autonômicos e aumento da ansiedade que 
podem ser difí-ceis de diferenciar de transtorno de 
pânico. 
Além disso, intoxicação por drogas ou abstinência 
das mesmas causam sintomas semelhantes ao 
pânico. 
O transtorno de pânico também deve ser 
diferenciado de uma sé-rie de transtornos 
psiquiátricos, em particular outros transtornos de 
ansiedade. Ataques de pânico ocorrem em 
muitos transtornos de ansiedade, entre eles fobia 
social e específica. Pânico também pode ocorrer 
no TEPT e no TOC. O segredo para diagnosticar de 
maneira correta o transtorno de pânico e 
diferenciar a condição de outros transtornos de 
ansiedade envolve a documentação de ataques 
de pânico espontâneos recorrentes em algum 
momento na doença. A diferenciação de 
transtorno de ansiedade generalizada também 
pode ser difícil. Classicamente, os ataques de 
pânico são caracterizados por seu início rápido 
(em minutos) e duração curta (em geral menos de 
10 a 15 minutos), em comparação com a 
ansiedade associada com o transtorno de 
ansiedade generalizada, que surge e se dissipa 
mais lentamente. 
Fobia especifica e fobia social também são 
importantes diagnósticos diferencias. 
 
Tratamento: 
O tratamento deve ser realizado com 
antidepressivos, preferencialmente inibidores 
seletivos da recaptação da serotonina, em dose 
mais baixa do que a utilizada em casos de 
depressão. No início do tratamento, pode ser 
associado um benzodiazepínico de ação rápida 
ou intermediária, como lorazepam ou alprazolam, 
para melhora mais rápida das crises. 
Paralelamente à medicação, deve-se indicar 
psicoterapia, em especial da linha 
cognitivocomportamental, que focaliza a 
redução dos sintomas e a parada das crises. 
 
 Inibidores seletivos da recaptação de 
serotonina: Todos os ISRSs são eficientes para o 
transtorno de pânico. A paroxetina e a 
paroxetina CR têm efeitos sedativos e tendem 
a acalmar os pacien-tes de imediato, o que 
leva a maior adesão e a menos interrupções, 
mas isso deve ser contrabalançado com seu 
potencial de ganho de peso. O citalopram, o 
escitalopram, a fluvoxamina e a sertralina são 
as seguintes mais bem toleradas. Relatos 
empíricos sugerem que indivíduos com 
transtorno de pânico são particularmente 
sensíveis aos efeitos ativadores dos ISRSs, em 
especial da fluoxetina, portanto eles devem 
ser administrados em pequenas doses iniciais, 
elevadas pouco a pouco. Na dose 
terapêutica – por exemplo, 20 mg por dia de 
paroxetina –, alguns pacientes podem 
experimentar aumento da sedação. 
 Benzodiazepínicos: Esses agentes têm o início 
de ação mais rápido contra o pânico, por 
vezes na primeira semana, e podem ser 
utilizados por períodos longos sem o 
desenvolvimento de tolerância aos efeitos 
antipânico. O alprazolam tem sido o mais 
utilizado para o transtorno de pânico, mas 
estudos controlados demonstraram efi-cácia 
igual para o lorazepam, e relatos de caso 
também indicaram que o clonazepam pode 
ser eficaz. Após 4 a 12 semanas, o uso dos 
benzodiazepínicos pode ser reduzido pouco a 
Julia Paris Malaco – UCT18 
pouco (ao longo de 4 a 10 semanas), en-
quanto o medicamento serotonérgico é 
continuado. 
 Medicamentos tricíclicos e tetracíclicos: 
Atualmente, os ISRSs são considerados os 
agentes de primeira linha para o trata-mento 
de transtorno do pânico. Entretanto, dados 
mostram que entre os medicamentos 
tricíclicos, a clomipramina e a imipramina são 
os mais eficazes no tratamento desse 
transtorno. A experiência clínica indica que as 
doses devem ser aumentadas aos poucos, 
para evitar a estimulação excessiva, e que o 
benefício clínico completo necessita de 
dosagens totais, que podem não ser atingidas 
por 8 a 12 semanas. Os medicamentos 
tricíclicos não são tão utilizados quanto os 
ISRSs, porque, em geral, têm efeitos adversos 
mais graves nas doses mais altas necessárias 
para o tratamento efi-caz do transtorno. 
 Inibidores da monoaminoxidase: Dados 
consistentes apoiam a eficácia da fenelzina, e 
alguns também apoiam o uso da 
tranilcipromina. Os IMAOs parecem ter menos 
probabilidade de causar estimulação 
excessiva do que os ISRSs e os tricíclicos, mas 
podem requerer doses totais por pelo menos 8 
a 12 semanas para serem eficazes. São pouco 
usados atualmente. 
 
Uma vez eficaz, o tratamento farmacológico, em 
geral, deve continuar por 8 a 12 meses. Dados in-
dicam que o transtorno de pânico é uma 
condição crônica, talvez para toda a vida, que 
tem recorrência quando o tratamento é 
interrompido. 
 
Terapia cognitiva: Terapia cognitiva. Os dois focos 
principais da terapia cogniti-va para transtorno de 
pânico são a instrução sobre as falsas crenças do 
paciente e a informação sobre os ataques de 
pânico. O primeiro ponto se concentra na 
tendência do paciente a interpretar de forma 
equivocada sensações corporais leves como 
indicativos iminentes de ataques de pânico, 
tragédia ou morte. O segundo inclui explicações 
de que, quando os ataques de pânico ocorrem, 
são de tempo limitadoe não ameaçam a vida. 
 
Agorafobia 
 
Na agorafobia, o medo e a angústia relacionam-
se a um conglomerado de pessoas em espaços 
amplos ou em locais de onde possa ser difícil 
escapar ou onde o auxílio ou a presença de 
pessoas próximas não seja rapidamente acessível. 
Há tendência de evitar tais situações, o que 
geralmente leva a estreitamento das 
possibilidades vivenciais do indivíduo, restringindo-
o, às vezes, a sua casa e a ambientes muito 
familiares e seguros. 
 
O medo ou a ansiedade devem ser persistentes e 
durar pelo menos seis meses. 
 
Indivíduos com agorafobia evitam de forma rígida 
situações nas quais seria difícil obter ajuda. Podem 
insistir em ser acompanhados toda vez que saem 
de casa. 
 
Critérios diagnósticos (DSM-5): 
A. Medo ou ansiedade marcantes acerca de 
duas (ou mais) das cinco situações seguintes: 
 Uso de transporte público (p. ex., 
automóveis, ônibus, trens, navios, aviões). 
 Permanecer em espaços abertos (p. ex., 
áreas de estacio-namentos, mercados, 
pontes) 
 Permanecer em locais fechados (p. ex., 
lojas, teatros, cine-mas). 
 Permanecer em uma fila ou ficar em meio 
a uma multidão. 
 Sair de casa sozinho. 
B. O indivíduo tem medo ou evita essas situações 
devido a pensa-mentos de que pode ser difícil 
escapar ou de que o auxílio pode não estar 
disponível no caso de desenvolver sintomas do 
tipo pânico ou outros sintomas incapacitantes 
ou constrangedores (p. ex., medo de cair nos 
idosos; medo de incontinência). 
C. As situações agorafóbicas quase sempre 
provocam medo ou ansiedade. 
D. As situações agorafóbicas são ativamente 
evitadas, requerem a presença de uma 
companhia ou são suportadas com intenso 
medo ou ansiedade 
E. O medo ou ansiedade é desproporcional ao 
perigo real apre-sentado pelas situações 
agorafóbicas e ao contexto sociocultu-ral. 
F. O medo, ansiedade ou esquiva é persistente, 
geralmente duran-do mais de seis meses. 
G. O medo, ansiedade ou esquiva causa 
sofrimento clinicamente significativo ou 
prejuízo no funcionamento social, profissional 
ou em outras áreas importantes da vida do 
indivíduo. 
H. Se outra condição médica (p. ex. doença 
inflamatória intestinal, doença de Parkinson) 
está presente, o medo, ansiedade ou es-quiva 
é claramente excessivo. 
I. O medo, ansiedade ou esquiva não é mais 
bem explicado pelos sintomas de outro 
transtorno mental – por exemplo, os sinto-mas 
não estão restritos a fobia específica, tipo 
situacional; não envolvem apenas situações 
sociais (como no transtorno de an-siedade 
Julia Paris Malaco – UCT18 
social); e não estão relacionados 
exclusivamente a ob-sessões (como no 
transtorno obsessivo-compulsivo), percepção 
de defeitos ou falhas na aparência física 
(como no transtorno dismórfico corporal) ou 
medo de separação (como no transtor-no de 
ansiedade de separação). 
 
Diagnostico diferencial: O diagnóstico diferencial 
para agorafobia inclui todos os transtornos clínicos 
que possam causar ansiedade ou depressão. O 
diagnóstico diferencial psiquiátrico inclui 
transtorno depressivo maior, esquizo-frenia, 
transtorno da personalidade paranoide, 
transtorno da perso-nalidade esquiva e transtorno 
da personalidade dependente. 
 
Tratamento: 
 Benzodiazepínicos: Estes são os agentes com 
início de ação mais rápido contra pânico. 
Alguns pacientes os utilizam conforme 
necessário quando se defrontam com um 
estímulo fóbico. Alprazolam e lorazepam são 
os mais frequentemente prescritos. O 
clonazepam também demonstrou ser eficaz. 
Os efeitos colaterais mais comuns são tontura 
e sedação leves, que costumam ser 
atenuados pelo tempo ou pela mudança da 
dose. Não devem ser usados com álcool ou 
outras substancias. 
 Inibidores seletivos da recaptaçao de 
serotonina: As doses efetivas são 
essencialmente as mesmas que para o 
tratamento de depressão, embora seja 
costumeiro iniciar com doses mais baixas do 
que na depressão para minimizar um efeito 
ansiolítico inicial, que é qua-se sempre de 
curta duração, e elevá-las de modo gradual 
até uma dose terapêutica. As principais 
vantagens dos antidepressivos ISRSs incluem 
seu melhor perfil de segurança na 
superdosagem e carga de efeitos colaterais 
mais tolerável. Os efeitos colaterais comuns da 
maioria dos ISRSs são distúrbio do sono, 
sedação, vertigem, náusea e diarreia; muitos 
desses efeitos adversos melhoram com o uso 
continuado. Outro efeito colateral bastante 
relatado dos ISRSs é disfunção sexual. 
 Medicamentos tricíclicos e tetracíclicos: 
Embora os ISRSs sejam considerados os 
agentes de primeira linha para o trata-mento 
de transtornos de pânico com ou sem 
agorafobia, os medica-mentos tricíclicos 
clomipramina e imipramina são os mais 
eficazes no tratamento desses transtornos. As 
dosagens devem ser elevadas gradual e 
lentamente para evitar estimulação excessiva 
(p. ex., sín-drome de “nervosismo”), e o 
benefício clínico total requer dosagens plenas 
e pode não ser alcançado por 8 a 12 semanas. 
 
Psicoterapia de apoio: A psicoterapia de apoio 
envolve o uso de conceitos psicodinâmicos e uma 
aliança terapêutica para promover o 
enfrentamento adaptativo. As defesas 
adaptativas são en-corajadas e fortalecidas, e as 
mal-adaptativas são desencorajadas. 
 
Psicoterapia orientada ao insight: Nessa 
psicoterapia, o objetivo é aumentar o 
desenvolvimento de insight do paciente a res-
peito dos conflitos psicológicos, que, se não 
resolvidos, podem se manifestar como sintomas 
comportamentais. 
 
Terapia comportamental: Nessa terapia, o 
pressuposto bási-co é o de que a mudança pode 
ocorrer sem o desenvolvimento de insight 
psicológico das causas subjacentes. As técnicas 
incluem re-forço positivo e negativo, 
dessensibilização sistemática, inundação, 
implosão, exposição gradual, prevenção de 
resposta, interrupção de pensamento, técnicas de 
relaxamento, terapia de controle do pânico, 
automonitoração e hipnose. 
 
Terapia cognitiva: Essa é terapia baseada na 
premissa de que o comportamento mal-
adaptativo é secundário a distorções em como as 
pessoas se percebem e em como os outros as 
percebem. O tratamento é de curto prazo e 
interativo, com atribuição de lição de casa e 
tarefas a serem realizadas entre as sessões 
enfocando a correção de suposições e cognições 
distorcidas. A ênfase é em confrontar e examinar 
situa-ções que evocam ansiedade interpessoal e 
depressão leve associada. 
 
Terapia virtual: Foram desenvolvidos programas 
de compu-tador que permitem que os pacientes 
se vejam como avatares que são, então, 
colocados em espaços abertos ou superlotados 
(p. ex., um supermercado). À medida que se 
identificam com os avatares em sessões virtuais 
repetidas, eles são capazes de dominar sua 
ansieda-de por meio de descondicionamento. 
 
Fobia especifica 
 
Caracteriza-se por medo intenso, persistente, 
desproporcional e irracional a objetos, 
circustancias, situações, animais específicos. 
A exposição ao objeto ou animal fobígenos 
geralmente deflagra um estado de angústia, que 
pode chegar a uma crise de pânico. Os indivíduos 
Julia Paris Malaco – UCT18 
acometidos reconhecem o caráter irracional e 
desproporcional de seus medos. 
 
O diagnóstico de fobia específica requer o 
desenvolvimento de ansiedade intensa, mesmo a 
ponto de pânico, quando da exposição ao objeto 
temido 
 
Estima-se que 5 a 15% da população apresente 
sintomas fóbicos sociais, resultando em diferentes 
graus de incapacitação e sofrimento. Costuma ser 
mais frequente em mulheres. A idade de início 
geralmente se situa no início da adolescência, 
podendo ocorrer entre 5 e 35 anos. A fobia 
específica é mais comum que a fobia social. 
 
Temas psicodinâmicos nas fobias: 
 Os principais mecanismos de defesa incluem 
deslocamento, projeção e esquiva. 
 Estressores ambientais, incluindo humilhação e 
crítica de um irmão maisvelho, brigas dos pais, 
ou perda ou separação dos pais, interagem 
com uma diátese genético-constitucional. 
 Um padrão característico de relações objetais 
internas é exterio-rizado em situações sociais, 
no caso da fobia social. 
 A antecipação de humilhação, crítica e 
ridículo é projetada nos indivíduos no 
ambiente. 
 Vergonha e embaraço são os principais 
estados afetivos. Os membros da família 
podem encorajar o comportamento fó-bico e 
servir como obstáculos a qualquer plano de 
tratamento. 
 A autoexposição à situação temida é o 
princípio básico do tra-tamento. 
 
O desenvolvimento de uma fobia específica pode 
resultar da associa-ção de um objeto ou da 
situação específicos com as emoções de medo e 
pânico. Foram postulados vários mecanismos para 
essa relação. Em ge-ral, uma tendência não 
específica de experimentar medo ou ansiedade 
forma a cortina de fundo; quando um evento 
específico (p. ex., dirigir) é associado a uma 
experiência emocional (um acidente), o indivíduo 
fica suscetível a uma relação emocional 
permanente entre dirigir ou veículos e medo ou 
ansiedade. 
 
O DSM-5 inclui tipos distintos de fobia específica: 
 Tipo animal 
 Tipo ambiente natural (p. ex., tempestades) 
 Tipo sangue-injeção--ferimentos (p. ex., 
agulhas) 
 Tipo situacional (p. ex., carros, ele-vadores, 
aviões) 
 Outro tipo (para fobias específicas que não se 
enquadram nos quatro tipos anteriores). 
O aspecto fundamental de cada tipo de fobia é 
que os sintomas de medo ocorrem apenas na 
presença de um objeto específico. 
 
 
 
As fobias são caracterizadas pelo 
desencadeamento de ansiedade grave quando 
as pessoas são expostas a situações ou objetos 
especí-ficos ou mesmo quando antecipam a 
exposição às situações ou aos objetos. A 
exposição ao estímulo fóbico ou sua antecipação 
quase invariavelmente resultam em um ataque de 
pânico em indivíduos suscetíveis. 
 
Critérios diagnósticos (DSM-5): 
A. Medo ou ansiedade acentuados acerca de 
um objeto ou situação (p. ex., voar, alturas, 
animais, tomar uma injeção, ver sangue). 
(Em crianças, o medo ou ansiedade pode ser 
expresso por choro, ataques de raiva, 
imobilidade ou comportamento de agarrar-
se) 
B. O objeto ou situação fóbica quase 
invariavelmente provoca uma resposta 
imediata de medo ou ansiedade. 
C. O objeto ou situação fóbica é ativamente 
evitado ou suportado com intensa ansiedade 
ou sofrimento. 
D. O medo ou ansiedade é desproporcional em 
relação ao perigo real imposto pelo objeto ou 
situação específica e ao contexto 
sociocultural. 
E. O medo, ansiedade ou esquiva é persistente, 
geralmente com duração mínima de seis 
meses. 
F. O medo, ansiedade ou esquiva causa 
sofrimento clinicamente significativo ou 
prejuízo no funcionamento social, profissional 
ou em outras áreas importantes da vida do 
indivíduo 
G. A perturbação não é mais bem explicada 
pelos sintomas de ou-tro transtorno mental, 
incluindo medo, ansiedade e esquiva de 
situações associadas a sintomas do tipo 
pânico ou outros sinto-mas incapacitantes 
(como na agorafobia); objetos ou situações 
relacionados a obsessões (como no transtorno 
obsessivo-com-pulsivo); evocação de eventos 
traumáticos (como no transtorno de estresse 
pós-traumático); separação de casa ou de 
figuras de apego (como no transtorno de 
ansiedade de separação); ou situações 
sociais (como no transtorno de ansiedade 
social). 
 
Julia Paris Malaco – UCT18 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O principal achado no exame do estado mental é 
a presença de um medo irracional e egodistônico 
de uma situação, uma ativida-de ou um objeto 
específicos; os pacientes são capazes de 
descrever como evitam o contato com a fobia. 
Com frequência, é encontrada depressão no 
exame do estado mental, a qual pode estar 
presente em até um terço de todos os casos. 
 
Diagnostico diferencial: As condições médicas 
não psiquiátricas que podem resultar no desen-
volvimento de uma fobia incluem uso de 
substâncias (em particular alucinógenos e 
simpatomiméticos), tumores do SNC e doenças 
cere-brovasculares. 
A esquizofrenia também está no diagnóstico 
diferencial de fo-bia específica, porque os 
pacientes que a apresentam podem ter sinto-mas 
fóbicos como parte de suas psicoses. Entretanto, 
diferentemente dos pacientes com esquizofrenia, 
aqueles com fobia têm consciência da 
irracionalidade de seus medos e não apresentam 
a qualidade bizar-ra e os outros sintomas 
psicóticos que acompanham a esquizofrenia. No 
diagnóstico diferencial de fobia específica, os 
médicos devem considerar transtorno de pânico, 
agorafobia e transtorno da personalidade 
esquiva. 
Outros diagnósticos a considerar no diagnóstico 
diferencial de fobia específica são hipocondria, 
TOC e transtorno da personalidade paranoide. 
 
Tratamento: 
Terapia comportamental, psicoterapia orientada 
ao insight, terapia virtual. 
Beta bloqueadores são os mais utilizados nesse 
tipo de fobia. 
 
Um tratamento comum para fobia específica é a 
terapia de exposi-ção. Nesse método, os 
terapeutas dessensibilizam o paciente me-diante 
uma série de exposições graduais, passo a passo, 
ao estímulo fóbico e ensinam-lhe várias técnicas 
para lidar com a ansiedade, incluindo 
relaxamento, controle da respiração e 
abordagens cog-nitivas. As abordagens 
cognitivas incluem o reforço da percepção de 
que o estímulo fóbico é, na verdade, seguro. As 
características fundamentais da terapia 
comportamental bem-sucedida são o com-
promisso do paciente com o tratamento, 
problemas e objetivos cla-ramente identificados e 
estratégias alternativas para lidar com os 
sentimentos evocados. 
 
Antagonistas dos receptores β-adrenérgicos 
podem ser úteis no tratamento de fobia 
específica, em especial quando asso-ciada com 
ataques de pânico. A farmacoterapia (p. ex., 
benzodiaze-pínicos), a psicoterapia ou a terapia 
combinada dirigida aos ataques também podem 
ser benéficas. 
 
Fobia social 
 
Caracteriza-se por medo intenso e persistente de 
situações sociais que envolvam expor-se ao 
contato interpessoal, demonstrar capacidade de 
desempenho ou participar de situações 
competitivas e de cobrança. 
 
“Ansiedade social” e “fobia social” são termos 
usados muitas vezes como sinônimos, mas tende-
se a ver a fobia social como um quadro mais 
grave que a ansiedade social. 
 
Segundo critérios do DSM-5, a fobia social é a 
intensa ansiedade gerada quando o 
desempenho do paciente é submetido à 
avaliação de outras pessoas. Tal ansiedade, ainda 
que generalizada, concentra-se sobre tarefas ou 
circunstâncias bem definidas. 
 
O indivíduo sente intensa angústia ao ter de falar 
em público, apresentar um seminário, fazer uma 
palestra, chegando a apresentar dificuldade até 
em utilizar banheiros públicos, alimentar-se em 
refeitórios públicos ou assinar cheques na frente 
de pessoas desconhecidas. 
O indivíduo tenta evitar tais situações e reconhece 
o caráter absurdo de seus temores. 
 
Passa-se a considerar tal vergonha ou timidez 
como patológicas quando a pessoa começa a 
sofrer algum prejuízo pessoal por causa dela. 
 
Observam-se, dentre os fóbicos, tremores, 
sudorese, sensação de “bolo na garganta”, 
dificuldade para falar, mal-estar abdominal, 
diarreia, tonturas, falta de ar e vontade de sair o 
quanto antes do local onde está. 
A preocupação por antecipação desperta a 
ansiedade antecipatória, fazendo que o 
paciente, vários dias antes de uma apresentação, 
sofra ao imaginar-se na situação. 
Julia Paris Malaco – UCT18 
A idade média de início do transtorno de 
ansiedade social, segundo o DSM-5, é 13 anos, e 
75% dos indivíduos têm idade de início entre 8 e 15 
anos. 
 
As situações que geram maior desconforto aos 
pacientes, geralmente, são: 
 Escrever ou assinar em público; 
 Falar em público; 
 Dirigir ou estacionar um carro enquanto éobservado; 
 Cantar ou tocar um instrumento musical; 
 Comer ou beber em público; 
 Ser fotografado ou filmado; 
 Usar sanitários públicos (mais para homens). 
As pessoas mais afetadas pela fobia social são os 
homens, ao contrário da maioria dos transtornos 
de ansiedade, que predomina entre as mulheres. 
 
Critérios diagnósticos (DSM-5): 
A. Medo ou ansiedade acentuados acerca de 
uma ou mais situações sociais em que o 
indivíduo é exposto a possível avaliação por 
outras pessoas. Exemplos incluem interações 
sociais (p. ex., manter uma conversa, 
encontrar pessoas que não são familiares), ser 
observado (p. ex., comendo ou bebendo) e 
situações de desempenho diante de outros (p. 
ex., proferir palestras). 
(Em crianças, a ansiedade deve ocorrer em 
contextos que envolvem seus pares, e não 
apenas em interações com adultos). 
B. O indivíduo teme agir de forma a demonstrar 
sintomas de ansiedade que serão avaliados 
negativamente (i.e., será humilhante ou 
constrangedor; provocará a rejeição ou 
ofenderá a outros). 
C. As situações sociais quase sempre provocam 
medo ou ansiedade. Nota: Em crianças, o 
medo ou ansiedade pode ser expresso 
chorando, com ataques de raiva, imobilidade, 
comportamento de agarrar-se, encolhendo-
se ou fracassando em falar em situações 
sociais. 
D. As situações sociais são evitadas ou 
suportadas com intenso medo ou ansiedade. 
E. O medo ou ansiedade é desproporcional à 
ameaça real apresentada pela situação 
social e o contexto sociocultural. 
F. O medo, ansiedade ou esquiva é persistente, 
geralmente durando mais de seis meses. 
G. O medo, ansiedade ou esquiva causa 
sofrimento clinica-mente significativo ou 
prejuízo no funcionamento social, profissional 
ou em outras áreas importantes da vida do 
indi-víduo. 
H. O medo, ansiedade ou esquiva não é 
consequência dos efeitos fisiológicos de uma 
substância (p. ex., droga de abu-so, 
medicamento) ou de outra condição médica. 
I. O medo, ansiedade ou esquiva não é mais 
bem explicado pelos sintomas de outro 
transtorno mental, como transtorno de pânico, 
transtorno dismórfico corporal ou transtorno do 
espectro autista. 
J. Se outra condição médica (p. ex., doença de 
Parkinson, obesidade, desfiguração por 
queimaduras ou ferimentos) está presente, o 
medo, ansiedade ou esquiva é claramente 
não relacionado ou é excessivo. 
 
Diagnostico diferencial: O transtorno de 
ansiedade social precisa ser diferenciado do 
medo adequado e da timidez normal. As 
considerações diagnósticas diferenciais para esse 
transtorno são agorafobia, transtorno de pânico, 
transtorno da personalidade esquiva, transtorno 
depressivo maior e transtorno da personalidade 
esquizoide. 
Enquanto falta de ar, tontura, sensação de 
sufocação e medo de morrer são comuns no 
transtorno de pânico e na agorafobia, os sintomas 
associados com transtorno de ansiedade social 
geralmente envolvem rubor, tensão muscular e 
ansiedade em relação a escrutínio. 
A diferenciação entre transtorno de ansiedade 
social e transtorno da personalidade esquiva 
pode ser difícil e exigir entrevistas e histórias 
psiquiátricas extensivas. A esquiva de situações 
sociais, muitas vezes, pode ser um sintoma na 
depressão, mas uma entrevista psiquiátrica com o 
paciente provavelmente revelará uma ampla 
constelação de sintomas depressivos. Em 
pacientes com transtorno da personalidade 
esquizoide, a falta de interesse em socializar, não 
o medo de socializar, leva ao comportamento 
social esquivo. 
 
Tratamento: 
Tanto a psicoterapia como a farmacoterapia são 
úteis no tratamento do transtorno de ansiedade 
social. 
Os medicamentos eficazes no tratamento do 
transtorno de ansiedade social incluem ISRSs, os 
benzodiazepínicos, venlafaxina e buspirona. 
 
Em casos graves, tem sido relatado o tratamento 
bem-sucedido com IMAOs irreversíveis, como a 
fenelzina, e também com os reversíveis, como a 
moclobemida e a brofaromina 
 
O tratamento do transtorno de ansiedade social 
associado com situações de desempenho muitas 
vezes envolve a utilização de antagonistas β-
adrenérgicos um pouco antes da exposição a um 
es-tímulo fóbico. Os dois compostos mais 
Julia Paris Malaco – UCT18 
amplamente utilizados são atenolol, 50 a 100 mg 
administrados cerca de 1 hora antes do de-
sempenho, ou propranolol, 20 a 40 mg. Outra 
opção para ajudar na ansiedade de 
desempenho é um benzodiazepínico de ação 
relativa-mente curta ou intermediária, tal como 
lorazepam ou alprazolam. 
 
Transtorno obsessivo 
compulsivo (TOC) 
 
O transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) é 
representado por um grupo diverso de sintomas 
que incluem pensamentos intrusivos, rituais, 
preocupações e compulsões. Essas obsessões ou 
compul-sões recorrentes causam sofrimento grave 
à pessoa. Elas consomem tempo e interferem 
significativamente em sua rotina normal, em seu 
funcionamento ocupacional, em atividades 
sociais ou nos relaciona-mentos. Um indivíduo com 
TOC pode ter uma obsessão, uma com-pulsão ou 
ambos. 
 
Segundo o DSM-5, obsessões são pensamentos, 
ideias, sentimentos recorrentes insistentes, 
intrusivos, caracterizados por serem 
desagradáveis, repulsivos, contrários à índole do 
paciente e incontroláveis. A obsessão é um 
evento apenas mental. 
Como este perde o controle sobre os 
pensamentos, muitas vezes passa a praticar atos 
que, por serem repetitivos, tornam-se rituais. Esses 
atos objetivam prevenir ou aliviar a tensão 
causada pelos pensamentos. Assim, as 
compulsões podem ser secundárias às obsessões. 
 
De forma específica, uma compulsão é um 
comportamento consciente, padronizado e 
recorrente, como contar, verificar ou evitar. 
As compulsões são gestos, rituais ou ações sempre 
repetitivas e incontroláveis. 
Um paciente que tenta evitá-las acaba 
submetido a uma tensão muito grande, por isso 
sempre cede. Não ocorre perda do juízo, e o 
indivíduo sempre percebe o absurdo ou o exagero 
do que se está passando; no entanto, como não 
sabe o que acontece, teme estar enlouquecendo 
e, pelo menos no começo, tenta esconder seus 
pensamentos e rituais. 
 
Tal transtorno apresenta dois picos de incidência. 
O primeiro, na infância, e o segundo, em torno dos 
30 anos. A incidência é aproximadamente a 
mesma entre homens e mulheres. 
 
Sintomas obsessivos mais comuns: 
 Sentir medo de contaminar-se por germes; 
 Imaginar que tenha ferido ou ofendido outras 
pessoas 
 Imaginar-se perdendo o controle, realizando 
violentas agressões 
 Ter pensamentos sexuais urgentes e intrusivos 
 Ter dúvidas morais e religiosas 
 Ter pensamentos proibidos. 
 
Sintomas compulsivos mais comuns: 
 Lavar-se para descontaminar-se 
 Repetir determinados gestos 
 Verificar se as coisas estão como deveriam: 
porta trancada, gás desligado 
 Conferir objetos 
 Contar objetos 
 Ordenar ou arrumar objetos 
 Rezar 
Como parte dos critérios diagnósticos do TOC, o 
DSM-5 permite aos médicos que indiquem se o 
TOC do paciente é caracteriza-do por 
 Insight bom ou razoável: reconhecem que 
suas ideias do TOC definitiva ou 
provavelmente não são verdadeiras, ou 
podem ou não ser verdadeiras. 
 Insight pobre: acreditam que suas ideias do 
TOC são provavelmente verdadeiras 
 Insight ausente: estão convencidos de que 
suas ideias são verdadeiras. 
Uma sensação de terrível ansiedade acompanha 
a manifestação central, e a característica-chave 
de uma compulsão é que ela reduz a ansiedade 
associada com a obsessão. A obsessão ou a 
compulsão são estranhas ao ego; ou seja, são 
sentidas como algo fora da experiência pessoal 
do indivíduo como ser psicológico. Não importa o 
quão vívi-da ou persuasiva seja a obsessão ou a 
compulsão, a pessoa normal-mente a reconhece 
como algo absurdo e irracional. A pessoa que 
sofre das obsessões e compulsões, em geral, sente 
um forte desejo de re-sistir a elas 
 
Padrões desintomas: 
 Contaminação: O padrão mais comum é uma 
obsessão de contaminação, seguida de 
lavagem ou acompanhada de evitação 
compulsiva do objeto que se presume 
contaminado. Esses pacientes podem chegar 
a machucar a pele tentando se 
“descontaminar”. 
 Dúvida patológica: O segundo padrão mais 
comum é uma obsessão de dúvida, seguida 
de uma compulsão por ficar verificando. Esses 
indivíduos têm dúvidas obsessivas sobre si 
mesmos e sempre se sentem culpados 
achando que esqueceram ou cometeram 
algo. 
Julia Paris Malaco – UCT18 
 Pensamentos intrusivos: No terceiro padrão 
mais comum, há pensamentos obsessivos 
intrusivos sem uma compulsão. Tais obsessões 
costumam ser pensamentos repetitivos de um 
ato agressivo ou sexual repreensível para o 
paciente. 
 Simetria: O quarto padrão mais comum é a 
necessidade de si-metria ou precisão, que 
pode levar a uma compulsão de lentidão. Os 
pacientes podem literalmente levar horas 
para terminar uma refeição ou fazer a barba 
 Outros padrões de sintomas: Obsessões 
religiosas e acúmu-lo compulsivo são comuns 
em pacientes com TOC. Puxar o cabelo e roer 
as unhas de maneira compulsiva são padrões 
comportamentais relacionados ao TOC. A 
masturbação também pode ser compulsiva. 
 
Critérios diagnósticos (DSM-5): 
A. Presença de obsessões, compulsões ou 
ambas: 
Obsessões são definidas por 
 Pensamentos, impulsos ou imagens 
recorrentes e persistentes que são 
vivenciados, em algum momento durante 
a perturbação, como intrusivos e 
indesejados e que na maioria dos 
indivíduos causam acentuada ansiedade 
ou sofrimento. 
 O indivíduo tenta ignorar ou suprimir tais 
pensamentos, impulsos ou imagens ou 
neutralizá-los com algum outro 
pensamento ou ação. 
As compulsões são definidas por 
 Comportamentos repetitivos (p. ex., lavar 
as mãos, organizar, verificar) ou atos 
mentais (p. ex., orar, contar ou repetir 
palavras em silêncio) que o indivíduo se 
sente compelido a executar em resposta 
a uma obsessão ou de acordo com regras 
que devem ser rigidamente aplicadas. 
 Os comportamentos ou os atos mentais 
visam prevenir ou reduzir a ansiedade ou o 
sofrimento ou evitar algum evento ou 
situação temida; entretanto, esses 
comportamentos ou atos mentais não têm 
uma conexão realista com o que visam 
neutralizar ou evitar ou são claramente 
excessivos. 
B. As obsessões ou compulsões tomam tempo (p. 
ex., tomam mais de uma hora por dia) ou 
causam sofrimento clinicamente significativo 
ou prejuízo no funcionamento social, 
profissional ou em outras áreas importantes da 
vida do indivíduo. 
C. Os sintomas obsessivo-compulsivos não se 
devem aos efeitos fisiológicos de uma 
substância (p. ex., droga de abuso, 
medicamento) ou a outra condi-ção médica. 
D. A perturbação não é mais bem explicada 
pelos sintomas de outro transtorno mental (p. 
ex., preocupações excessivas, como no 
transtorno de ansieda-de generalizada; 
preocupação com a aparência, como no 
transtorno dismórfico corporal; dificuldade de 
descartar ou se desfazer de pertences, como 
no transtorno de acumulação; arrancar os 
cabelos, como na tricotilomania [transtorno 
de arrancar o cabelo]; beliscar a pele, como 
no transtorno de escoriação [skin-picking]; 
estereotipias, como no transtorno de 
movimento estereotipado; comportamento 
alimentar ritualizado, como nos transtornos 
alimentares; preocupação com substâncias 
ou jogo, como nos transtornos relacionados a 
substâncias e transtornos aditivos; 
preocupação com ter uma doença, como no 
transtorno de ansiedade de doença; impulsos 
ou fantasias sexuais, como nos transtornos 
parafílicos; impulsos, como nos transtornos 
disruptivos, do controle de impulsos e da 
conduta; ruminações de culpa, como no 
transtorno depressivo maior; inserção de 
pensamento ou preocupa-ções delirantes, 
como nos transtornos do espectro da 
esquizofrenia e outros transtornos psicóticos; 
ou padrões repetitivos de comportamento, 
como no transtorno do espectro autista). 
 
Diagnostico diferencial: transtornos semelhantes 
ao TOC que se associam a doenças do gânglio da 
base, tais como coreia de Sydenham e doença 
de Huntington. 
O TOC apresenta forte relação com o transtorno 
de Tourette. Em sua forma clássica, o transtorno de 
Tourette está associado com um padrão de tiques 
vocais e motores recorrentes que apresentam 
apenas uma leve semelhança com o TOC. 
Entretanto, os ímpetos premonitórios que 
precedem os tiques costumam se assemelhar 
enormemente às obsessões, e muitos dos tiques 
motores mais complicados são muito parecidos 
com as compulsões. 
 
Tratamento: 
O tratamento é realizado com antidepressivos. No 
início, podem-se utilizar benzodiazepínicos para o 
alívio rápido dos sintomas. Destaca-se a 
importância da psicoterapia, em especial da linha 
cognitivo-comportamental. 
 
Os fármacos, alguns dos quais usados para tratar 
transtornos depressivos ou outros transtornos 
mentais, podem ser administrados em sua 
dosagem habitual. Os efeitos iniciais costumam ser 
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vistos após 4 a 6 semanas de tratamento, apesar 
de 8 a 16 semanas normalmente serem 
necessárias para se obter o máximo benefício 
terapêutico. 
 
A abordagem-padrão é iniciar o tratamento com 
um ISRS ou clomipramina e depois passar a outras 
estratégias farmacoló-gicas se as drogas 
específicas serotonérgicas não forem efetivas. As 
drogas serotonérgicas aumentaram a 
porcentagem de pacientes com TOC que 
tendem a responder melhor ao tratamento em um 
índice de 50 a 70%. 
 
 Inibidores seletivos da recaptação de 
serotonina: fluoxetina, fluvoxamina (Lu-vox), 
paroxetina, sertralina, citalopram. 
Embora os ISRSs possam causar perturbação 
do sono, náusea e diarreia, dores de cabeça, 
ansiedade e inquietação, esses efeitos 
adversos costumam ser transitórios, causando 
menos trabalho do que os efeitos adversos 
associados com as drogas tricíclicas, tais como 
clomipramina. Os melhores desfechos clínicos 
ocorrem quando os ISRSs são usados em 
combinação com terapia comportamental. 
 Clomipramina: De todas as drogas tricíclicas e 
tetracíclicas, a clomipramina é a mais seletiva 
para recaptação de serotonina versus 
recaptação de norepinefrina, sendo excedida 
nisso apenas pelos ISRSs. A potência de 
recaptação de serotonina da clomipramina é 
excedida apenas pela sertralina e pela 
paroxetina. 
Sua dosagem deve ser titulada para cima por 
2 ou 3 semanas para evitar efeitos 
gastrintestinais adversos e hipotensão 
ortostática, e, como ocorre com as outras 
drogas tricíclicas, causa sedação e efeitos 
anticolinérgicos significativos, incluindo boca 
seca e constipação. Como acontece com os 
ISRSs, os melhores desfechos são resultado de 
uma combinação de farmacoterapia e 
terapia comportamental. 
 Outras drogas: valproato, lítio ou 
carbamazepina. Outras drogas que podem 
ser experimentadas no tratamento para TOC 
são venlafaxina, pindolol e os inibidores de 
monoaminoxi-dase (IMAO), especialmente 
fenelzina. Outros agentes farmaco-lógicos 
para o tratamento de pacientes não 
responsivos incluem buspirona, 5-
hidroxitriptamina (5-HT), L-triptofano e 
clonazepam. A adição de um antipsicótico 
atípico, como a risperidona, ajudou em alguns 
casos. 
 Terapia comportamental, psicoterapia 
 
Transtorno dismorfico corporal 
 
O transtorno dismórfico corporal é caracterizado 
pela preocupação com um defeito imaginado na 
aparência que causa sofrimento clinicamente 
significativo e prejuízo em importantes áreas do 
funcionamento. Se uma pequena anomalia física 
estiver de fato presente, a preocupação da 
pessoa com ela é excessiva e incômoda. 
 
Os critérios diagnósticos do DSM-5 para transtorno 
dismórfico corporal estipulam preocupação com 
um defeito percebido na aparência ou ênfase 
excessiva em um pequeno defeito. Ele também 
estabelece que, em algum momentodo curso do 
transtorno, o indivíduo realizará comportamentos 
compulsivos (i.e., olhar-se no espelho, arrumar-se 
em excesso) ou atos mentais (p. ex., comparar sua 
aparência à dos outros). A preocupação causa 
sofrimento emocional significativo aos pacientes 
ou grande prejuízo em seu funcionamento em 
áreas importantes. 
 
Tratamento: 
Apesar de relatos de que drogas tricíclicas, 
inibidores de monoaminoxidase (IMAOs) e 
pimozida são úteis em alguns casos individuais, 
outros dados indicam que drogas específicas 
serotonérgicas – por exemplo, clomipramina e 
fluoxetina, reduzem (Prozac). Qualquer paciente 
com um transtorno mental coexistente, tal como o 
depressivo ou o de ansiedade, deve ser tratado 
com a farmacoterapia e a psicoterapia 
adequadas. 
Não se sabe por quanto tempo o tratamento deve 
ser continuado após os sintomas do transtorno 
dismórfico corporal terem entrado em remissão. 
O aumento de inibidores seletivos da recaptação 
de serotonina (ISRSs) com clomipramina, 
buspirona, lítio, metilfenidato ou antipsicóticos 
pode melhorar a frequência de resposta. 
 
Existe um grande risco em relação a cirurgia 
plástica, porque a maioria desses pacientes 
começa a fazer essas cirurgias buscando retirar 
aquele defeito que muitas vezes nem existe. 
 
Transtorno de acumulação 
 
Acumulação compulsiva é um fenômeno comum 
e frequentemente debilitante associado com 
prejuízo em funções como alimentar-se, dormir e 
se arrumar. O transtorno é caracterizado pela 
aquisição sem descarte de coisas que são 
consideradas de pouco valor, resultando no 
amon-toamento excessivo dos espaços de 
moradia. 
Julia Paris Malaco – UCT18 
A acumulação, origi-nalmente, era considerada 
um subtipo de transtorno obsessivo-com-pulsivo 
(TOC), mas agora é considerada uma entidade 
diagnóstica separada. Ela costuma ser motivada 
por um medo obsessivo de perder itens 
importantes que a pessoa acredita poderem vir a 
ser úteis em algum momento futuro, por crenças 
distorcidas sobre a importância de posses e por 
um apego emocional extremo a elas. 
 
O transtorno de acumulação é caracterizado por 
 aquisição e não descarte de uma grande 
quantidade de posses consideradas inúteis ou 
de pouco valor 
 áreas habitadas amontoadas de coisas, impe-
dindo atividades normais 
 sofrimento significativo e prejuízo no 
funcionamento devido à acumulação. 
O DSM-5 inclui especifica-dores diagnósticos 
relacionados ao insight, que pode ser considera-
do pobre, razoável ou bom. Alguns pacientes 
estão completamente inconscientes de toda a 
extensão do problema e resistem ao trata-mento. 
 
A acumulação é motivada pelo medo de perder 
itens que o paciente acredita serem necessários 
mais tarde e pela crença distorcida de um apego 
emocional às posses. A maioria dos acumuladores 
não per-cebe seu comportamento como um 
problema. Na verdade, muitos o percebem como 
uma parte razoável de sua identidade. 
 
Tricotilomania 
 
O transtorno de arrancar o cabelo é crônico e 
caracterizado por puxar o cabelo 
repetitivamente, levando a perdas de cabelo 
variadas que podem ser visíveis aos outros. 
Também é conhecido como tricotilomania. 
 
Atualmente, é considerado mais comum. Ele é 
semelhante ao transtorno obsessivo-compulsivo e 
ao transtorno do controle de impulsos, porque há 
aumento da tensão antes de puxar o cabelo e 
alívio da tensão ou gratificação após tê-lo 
puxado. 
 
Antes de se envolver com o comportamento, os 
indivíduos afetados podem experimentar 
sensações crescentes de tensão seguidas de uma 
liberação de gratificação ao puxar o cabelo. 
Todas as áreas do corpo podem ser afetadas, mas 
a mais comum é o escalpo. Outras áreas 
envolvidas são as sobrancelhas, os cílios e a barba; 
tronco, axilas e áreas púbicas costumam ser 
menos envolvi-das. 
Foram descritos dois tipos do transtorno: 
 Tricotilomania focada é o uso de um ato 
intencional para controlar experiências 
pessoais desagradáveis 
 Tricotilomania automática ocorre além da 
percepção da pessoa e frequentemente 
durante atividades sedentárias. 
 
Puxar o cabelo não é relatado como algo 
doloroso, apesar de prurido ou formigamento 
poderem ocorrer na área envolvida. A tricofagia, 
colocar o cabelo na boca, pode vir após arrancá-
lo. Complicações da tricofagia podem incluir 
tricobezoares, subnutrição e obstrução intestinal. 
 
Transtorno de escoriação 
 
O transtorno de escoriação, ou skin-picking, é 
caracterizado pelo comportamento compulsivo e 
repetitivo de beliscar a pele. Ele pode causar 
danos graves à pele e resultar na necessidade de 
vários trata-mentos dermatológicos. Ao longo da 
história, o transtorno de esco-riação teve muitos 
nomes: síndrome de arranhão da pele, escoriação 
emocional, artefato nervoso de arranhação, 
epidermotilomania e escoriação para-artificial. 
 
Os critérios diagnósticos do DSM-5 para o 
transtorno de escoria-ção requerem arranhões 
recorrentes, que resultam em lesões de pele e 
tentativas repetidas de reduzir ou parar com os 
arranhões. Estes devem causar níveis significativos 
de sofrimento ou prejuízo fun-cional. O 
comportamento de beliscar a pele não pode ser 
atribuído a outra condição médica ou mental e 
não pode ser o resultado de um transtorno por uso 
de substâncias (p. ex., uso de cocaína ou de 
metanfetaminas). 
 
Os pacientes podem sentir tensão antes de 
arranhar, e alívio e gratificação depois. Muitos 
reconhecem o ato de arranhar como um meio de 
aliviar o estresse, a tensão e outros sentimentos 
negativos. Apesar do alívio sentido ao arranhar, 
eles frequentemente se sentem culpados ou 
constrangidos por seu comportamento. 
 
Transtorno de estresse por 
traumático 
 
O TEPT é um transtorno com forte componente de 
ansiedade que se desenvolve após a exposição 
do indivíduo a um ou mais eventos extremamente 
ameaçadores, traumáticos e horríveis. 
Consiste em um tipo de recordação de 
revivescência, em que, além de recordar as 
imagens, o paciente sente como se vivesse 
Julia Paris Malaco – UCT18 
novamente a tragédia com todo o sofrimento que 
ela causou, esse evento pode ser revivido como 
pesadelos, flashbacks e em plena consciência. 
 
Estes, com frequência, se acompanham por 
emoções fortes e profundas, com ansiedade, 
medo e/ou horror e sensações físicas marcantes. 
Ocorrem, assim, de forma recorrente, a intensa 
sensação física e/ou sentimentos de que se está 
imerso nas mesmas emoções de quando se 
experimentou o evento traumático. 
No TEPT, o indivíduo experimenta um estado de 
contínua sensação de ameaça; tende a estar 
hipervígil ou pronto para reagir a estímulos, como 
ruídos inesperados. Os sintomas duram muitas 
semanas ou meses e causam grande sofrimento. 
 
Temas psicodinâmicos do estresse pos traumático: 
 O significado subjetivo de um estressor pode 
determinar sua traumatogenicidade. 
 Eventos traumáticos podem encontrar 
ressonância em traumas infantis. 
 A incapacidade de regular o afeto pode 
resultar de um trauma. 
 Somatização e alexitimia podem estar entre os 
efeitos posteriores do trauma. 
 As defesas comuns utilizadas incluem 
negação, minimização, cisão, identificação 
projetiva, dissociação e culpa (como defesa 
contra o desamparo subjacente). 
 O modo de relação objetal envolve projeção 
e introjeção dos seguintes papéis: salvador 
onipotente, abusador e vítima. 
 
Os sintomas de intrusão, evitação, alternâncias de 
humor e cognição e hiperexcitação devem durar 
mais de um mês. O diagnóstico do DSM-5 de TEPT 
permite ao médico especificar se os sintomas 
ocorrem em crianças em idade pré-escolar ou se 
ocorrem com sintomas dissociativos 
(despersonalização/desrealização). Para 
pacientes cujos sintomas estiveram presentes por 
menos de um mês, o diagnóstico apropriado 
pode ser transtorno de estresse agudo. 
 
Indivíduos com TEPT apresentam sintomas em trêsdomínios: 
 sintomas intrusivos após o trauma 
 evitação de estímulos associados ao trauma 
 experiência de sintomas de aumento da 
excitação autonô-mica, como maior reação 
de sobressalto. 
 
Flashbacks, nos quais o indivíduo age e sente 
como se o trauma estivesse ocorrendo novamen-
te, representam um sintoma clássico de intrusão. 
Outros sintomas intrusivos incluem lembranças ou 
sonhos com sofrimento e reações de estresse 
fisiológicas ou psicológicas à exposição a 
estímulos que tenham ligação com o trauma. Um 
indivíduo deve exibir pelo menos um sintoma 
intrusivo para satisfazer os critérios para TEPT. 
 
Os sintomas de esquiva associados ao TEPT 
incluem esforços para evitar pensamentos ou 
atividades relacionadas ao trauma, anedonia, 
capacidade reduzida de lembrar-se de 
acontecimentos relaciona-dos ao trauma, afeto 
embotado, sentimentos de distanciamento e 
desrealização e uma sensação de futuro 
abreviado. 
 
Os sintomas de excitação aumentada incluem 
insônia, irritabilidade, hipervigilância e sobressalto 
exagerado. 
 
Critérios diagnósticos (DSM-5): 
A. Exposição a episódio concreto ou ameaça de 
morte, lesão grave ou violência sexual em uma 
(ou mais) das seguintes formas: 
 Vivenciar diretamente o evento 
traumático. 
 Testemunhar pessoalmente o evento 
traumático ocorrido com outras pessoas. 
 Saber que o evento traumático ocorreu 
com familiar ou amigo próximo. Nos casos 
de episódio concreto ou ameaça de 
morte envol-vendo um familiar ou amigo, 
é preciso que o evento tenha sido violento 
ou acidental. 
 Ser exposto de forma repetida ou extrema 
a detalhes aversivos do evento traumático 
(p. ex., socorristas que recolhem restos de 
corpos humanos; policiais repetidamente 
expostos a detalhes de abuso infantil). 
Nota: O Critério A4 não se aplica à 
exposição por meio de mídia eletrônica, 
televisão, filmes ou fotografias, a menos 
que tal exposição esteja relacionada ao 
trabalho. 
B. Presença de um (ou mais) dos seguintes 
sintomas intrusivos associados ao evento 
traumático, começando depois de sua 
ocorrência: 
 Lembranças intrusivas angustiantes, 
recorrentes e involuntárias do evento 
traumático. Nota: Em crianças acima de 6 
anos de idade, pode ocorrer brincadeira 
repetitiva na qual temas ou aspectos do 
evento traumático são expressos. 
 Sonhos angustiantes recorrentes nos quais 
o conteúdo e/ou o sentimento do sonho 
estão relacionados ao evento traumático. 
Nota: Em crianças, pode haver pesadelos 
sem conteúdo identificável. 
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 Reações dissociativas (p. ex., flashbacks) 
nas quais o indivíduo sente ou age como 
se o evento traumático estivesse 
ocorrendo nova-mente. (Essas reações 
podem ocorrer em um continuum, com a 
expressão mais extrema na forma de uma 
perda completa de percep-ção do 
ambiente ao redor.) Nota: Em crianças, a 
reencenação específica do trauma pode 
ocorrer na brincadeira. 
 Sofrimento psicológico intenso ou 
prolongado ante a exposição a sinais 
internos ou externos que simbolizem ou se 
assemelhem a al-gum aspecto do evento 
traumático. 
 Reações fisiológicas intensas a sinais 
internos ou externos que simbolizem ou se 
assemelhem a algum aspecto do evento 
traumático. 
C. Evitação persistente de estímulos associados 
ao evento traumático, começando após a 
ocorrência do evento, conforme evidenciado 
por um ou ambos dos seguintes aspectos: 
 Evitação ou esforços para evitar 
recordações, pensamentos ou 
sentimentos angustiantes acerca de ou 
associados de perto ao evento 
traumático. 
 Evitação ou esforços para evitar 
lembranças externas (pessoas, lugares, 
conversas, atividades, objetos, situações) 
que despertem recor-dações, 
pensamentos ou sentimentos angustiantes 
acerca de ou associados de perto ao 
evento traumático. 
D. Alterações negativas em cognições e no 
humor associadas ao evento traumático 
começando ou piorando depois da 
ocorrência de tal evento, conforme 
evidenciado por dois (ou mais) dos seguintes 
aspectos: 
 Incapacidade de recordar algum 
aspecto importante do evento traumático 
(geralmente devido a amnésia 
dissociativa, e não a outros fatores, como 
traumatismo craniano, álcool ou drogas). 
 Crenças ou expectativas negativas 
persistentes e exageradas a respeito de si 
mesmo, dos outros e do mundo (p. ex., 
“Sou mau”, “Não se deve confiar em 
ninguém”, “O mundo é perigoso”, “Todo o 
meu sistema nervoso está arruinado para 
sempre”). 
 Cognições distorcidas persistentes a 
respeito da causa ou das consequências 
do evento traumático que levam o 
indivíduo a culpar a si mesmo ou os outros. 
 Estado emocional negativo persistente (p. 
ex., medo, pavor, raiva, culpa ou 
vergonha). 
 Interesse ou participação bastante 
diminuída em atividades significativas. 
 Sentimentos de distanciamento e 
alienação em relação aos outros. 
 Incapacidade persistente de sentir 
emoções positivas 
E. Alterações marcantes na excitação e na 
reatividade associadas ao evento traumático, 
começando ou piorando após o evento, 
conforme evi-denciado por dois (ou mais) dos 
seguintes aspectos: 
 Comportamento irritadiço e surtos de raiva 
(com pouca ou nenhuma provocação) 
geralmente expressos sob a forma de 
agressão verbal ou física em relação a 
pessoas e objetos. 
 Comportamento imprudente ou 
autodestrutivo. 
 Hipervigilância. 
 Resposta de sobressalto exagerada. 
 Problemas de concentração. 
 Perturbação do sono 
F. A perturbação (Critérios B, C, D e E) dura mais 
de um mês. 
G. A perturbação causa sofrimento clinicamente 
significativo e prejuízo social, profissional ou em 
outras áreas importantes da vida do indivíduo. 
H. A perturbação não se deve aos efeitos 
fisiológicos de uma substância 
 
Diagnostico diferencial: Os sintomas de TEPT 
podem ser difíceis de distinguir daqueles dos 
transtornos de pânico e de ansiedade 
generalizada porque todas as três síndromes estão 
associadas a ansiedade proeminente e exci-
tação autonômica. O segredo para diagnosticar 
corretamente TEPT envolve um exame cuidadoso 
do tempo decorrido entre o evento trau-mático e 
o surgimento dos sintomas. O TEPT também está 
associado a revivência e evitação de um trauma, 
características que em geral não estão presentes 
nos transtornos de pânico ou de ansiedade gene-
ralizada. Depressão maior também é um 
concomitante frequente de TEPT. 
Esse transtorno deve ser diferenciado de uma série 
de trans-tornos relacionados que podem exibir 
semelhanças fenomenológicas, incluindo o da 
personalidade borderline, os dissociativos e 
factícios. O transtorno da personalidade 
borderline pode ser difícil de distinguir do TEPT. Os 
dois podem coexistir ou até mesmo ser 
causalmente re-lacionados. Indivíduos com 
transtornos dissociativos não costumam ter o grau 
de comportamento de evitação, hiperexcitação 
autonômica ou a história de trauma que os 
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pacientes com TEPT reportam. 
 
Tratamento: 
Inibidores seletivos da recaptação de serotonina 
(ISRSs), como ser-tralina e paroxetina, são 
considerados tratamentos de primeira linha para 
TEPT devido a seus índices de eficácia, 
tolerabilidade e seguran-ça. Os ISRSs reduzem os 
grupos de sintomas de TEPT e são eficazes na 
melhora de sintomas peculiares ao transtorno, não 
somente daque-les semelhantes aos de 
depressão ou outros transtornos de ansiedade. A 
buspirona é serotonérgica e também pode ser útil. 
A eficácia da imipramina e da amitriptilina, duas 
substâncias tricíclicas, no tratamento de TEPT é 
apoiada por inúmeros ensaios clínicos bem 
controlados. 
 
Outras substâncias que podem ser úteis no 
tratamento de TEPT incluem os inibidores da 
monoaminoxidase (IMAOs) (p. ex., fenel-zina), 
trazodona e os anticonvulsivantes (p. ex., 
carbamazepina, val-proato). Alguns estudos 
também revelaram melhoras no TEPT empacientes tratados com inibidores reversíveis da 
monoaminoxidase (IRMAOs). O uso de clonidina e 
propranolol, que são agentes antia-drenérgicos, é 
sugerido pelas teorias sobre a hiperatividade 
noradre-nérgica no transtorno. Quase não existem 
dados positivos referentes ao uso de substâncias 
antipsicóticas no transtorno, portanto o uso de 
fármacos como haloperidol deve ser reservado 
para o controle de curto prazo de agressão grave 
e agitação 
 
Transtornos dissociativos 
 
Segundo a CID-10, os transtornos dissociativos, ou 
de conversão, caracterizam-se por perda parcial 
ou completa das funções normais de integração 
da memória, da consciência, da identidade e das 
sensações imediatas, e do controle dos 
movimentos corpóreos. 
 
A dissociação é definida como um mecanismo de 
defesa inconsciente envolvendo a segregação 
de qualquer grupo de processos mentais ou 
comportamentais do resto da atividade psí-quica 
da pessoa. 
Os transtornos dissociativos envolvem esse meca-
nismo de modo que haja uma interrupção em 
uma ou mais funções mentais, tais como memória, 
identidade, percepção, consciência ou 
comportamento motor. O transtorno pode ser 
repentino ou gradual, transitório ou crônico, e os 
sinais e sintomas costumam ser causados por 
trauma psicológico. 
 
Conversão: Na conversão, ocorrem tipicamente 
alterações das funções sensoriais ou das funções 
motoras, que lembram sintomas neurológicos, mas 
que são, na realidade, claramente distintos das 
condições neurológicas. Há, assim, a conversão 
de um conflito psíquico inconsciente (desejos, 
temores inconscientes e inaceitáveis para o 
indivíduo) para o corpo; conversão aqui significa, 
portanto, “salto” do plano psíquico para o plano 
de sintomas corporais. Em relação às funções 
sensoriais, pode haver anestesias de partes do 
corpo, perda da visão, do olfato ou da audição. 
Em relação às funções motoras, pode haver 
fraqueza ou paralisias, contraturas, movimentos 
anormais, perturbações do andar e no ficar de pé 
(astasia-abasia) e rouquidão psicogênicas ou 
perda total da voz (afonia conversiva). Por serem 
psicogênicas (de causa predominantemente 
psicológica), as alterações sensoriais, como perda 
da visão ou audição, perda da voz, anestesia das 
mãos ou de um braço, ou as motoras, como 
paralisias de membros, correspondem à 
representação mental e simbólica do corpo, e 
não à neuroanatomia objetiva ou à função 
neurológica. 
 
Dissociação: Na dissociação, ocorre a 
perturbação, a separação e o isolamento de 
aspectos da mente e da personalidade. Aqui, 
dissociação significa “separação”, “rechaço”, de 
uma parte da mente inaceitável para o indivíduo. 
A dissociação pode ocorrer por meio de crises em 
que se perde parcialmente a consciência (a 
pessoa se “desliga” do ambiente e de si mesma, 
com desmaio parcial e abalos musculares), ou em 
episódios em que parte da memória é 
momentaneamente apagada, como a memória 
retrógrada de eventos traumáticos do passado. 
Pensamentos, desejos e experiências vividas, 
conflitantes com os valores do paciente, são 
isolados e suprimidos do campo da consciência e 
da memória. 
 
Os transtornos conversivos, no DSM-5, são quadros 
em que um ou mais sintomas de alteração de 
função motora ou sensorial psicogênica estão 
presentes. Os sintomas devem causar sofrimento 
e/ou disfunção e não são explicados por causas 
neurológicas ou médicas somáticas. 
Assim, no DSM-5, os transtornos conversivos são de: 
 fraqueza ou paralisia (das pernas, de um 
braço, de uma mão); 
 movimentos anormais, como tremores, 
distonias, mioclonias, distúrbios da marcha; 
 dificuldades ou impossibilidade de deglutição; 
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 alterações da fala, como afonia ou disfonia, 
rouquidão ou fala arrastada; 
 ataques semelhantes a uma convulsão 
epiléptica (“crise histérica”); 
 anestesia ou perda sensorial (cegueira ou 
visão em túnel, perda auditiva ou olfativa); 
 sintomas mistos. 
 
Os transtornos dissociativos se caracterizam por 
perda na continuidade da experiência subjetiva e 
perturbação da integração normal (por isso, 
dissociação), da consciência, da memória, da 
identidade, das emoções, das percepções, da 
representação corporal, do controle motor e/ou 
do comportamento. Em decorrência de traumas 
emocionais graves ou conflitos psíquicos, o 
paciente “necessita” cindir parte de suas funções 
mentais, rechaçando os elementos consciente ou 
inconscientemente temidos ou indesejados. 
 
Amnesia dissociativa 
 
Define-se amnésia psicogênica ou dissociativa 
uma súbita incapacidade para lembrar 
informações pessoais importantes e anteriormente 
armazenadas na memória. 
 
Na amnésia dissociativa (DSM-5 e CID-11), em 
geral o indivíduo esquece elementos seletivos e 
significativos do ponto de vista psicológico 
(amnésia psicologicamente seletiva). Do ponto de 
vista temporal, trata-se, geralmente, de uma 
amnésia retrógrada, com o indivíduo esquecendo 
ou apagando todos ou alguns aspectos seletivos 
do passado ou de um evento passado particular 
(em geral traumático ou inaceitável 
psicologicamente). 
 
A principal característica dessa amnésia é uma 
incapacidade de lembrar de informações 
pessoais importan-tes, normalmente de natureza 
traumática ou estressante, que é ex-tensa demais 
para ser explicada por esquecimento habitual. E, 
como já mencionado, o transtorno não é 
resultado dos efeitos fisiológicos diretos de uma 
substância ou de uma condição médica 
neurológica ou geral. 
 
O transtorno clássico é uma perturba-ção aberta, 
florida e dramática que frequentemente resulta 
no pacien-te sendo logo encaminhado à atenção 
médica, sobretudo por sinto-mas relacionados ao 
transtorno dissociativo. 
 
Os pacientes podem apresentar sintomas so-
matoformes ou de conversão intercorrentes, 
alterações de consciên-cia, depersonalização, 
desrealização, estados de transe, regressão 
espontânea de idade e até amnésia dissociativa 
anterógrada contínua. Depressão e ideação 
suicida são relatadas em muitos casos. 
 
Apresentação não clássica: Esses indivíduos 
frequentemen-te procuram tratamento para 
diversos sintomas, tais como depressão ou 
mudanças de humor, abuso de substâncias, 
perturbação do sono, sintomas somatoformes, 
ansiedade e pânico, impulsos e atos suici-das e 
automutilatórios, estouros violentos, problemas de 
alimenta-ção e problemas interpessoais. O 
comportamento automutilatório e violento nesses 
pacientes também pode vir acompanhado de 
amné-sia. A amnésia também pode ocorrer para 
flashbacks ou episódios de reexperiência 
comportamental relacionados a trauma. 
 
Tipos de amnesia dissociativa: 
 Amnésia localizada: Incapacidade de lembrar 
de eventos relacio-nados a um período 
circunscrito de tempo 
 Amnésia seletiva: Habilidade de lembrar de 
alguns, mas não todos, os eventos ocorridos 
durante um período circunscrito de tempo 
 Amnésia generalizada: Incapacidade de 
lembrar da vida inteira 
 Amnésia contínua: Incapacidade de lembrar 
de eventos sucessi-vos enquanto ocorrem 
 Amnésia sistematizada: Incapacidade de 
lembrar de uma catego-ria de informação, tal 
como todas as memórias relacionadas à 
própria família ou a uma pessoa específica 
 
Critérios diagnósticos (DSM-5): 
A. Incapacidade de recordar informações 
autobiográficas im-portantes, geralmente de 
natureza traumática ou estressan-te, 
incompatível com o esquecimento normal. 
Nota: A amnésia dissociativa consiste mais 
frequentemente em amnésia localizada ou 
seletiva de um evento ou even-tos específicos 
ou amnésia generalizada da identidade e da 
história de vida. 
B. Os sintomas causam sofrimento clinicamente 
significativo ou prejuízo no funcionamento 
social, profissional ou em outras áreas 
importantes do funcionamento 
C. A perturbação não é atribuível aos efeitos 
fisiológicos de uma substância (p.

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