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Cirrose hepática Anatomicamente, um processo difuso de fibrose e formação de nódulos, acompanhado frequentemente de necrose hepatocelular Cirrose compensada: o paciente ainda não apresenta sintomas decorrentes da cirrose (pois o organismo ainda desenvolve mecanismos de compensação) ➔ expectativa de vida estimada em 12 anos Cirrose descompensada: o paciente já apresentou complicações ➔ idas frequentes a serviços de Emergência (“hepatobomba”) ➔ expectativa de vida cai para 1 ano e meio Complicações da cirrose hepática O vômito é presente devido ao acumulo de amônia. Ascite Acúmulo de líquido na cavidade peritoneal e pode decorrer por hipertensão portal, mas nem toda ascite é gerada por esse mecanismo. Manobras pra detectar ascite: o Semicírculo de Skoda o Manobra de Piparote o Macicez móvel Etiologias da ascite Isabelle Maia Paracentese diagnóstica o A paracentese seguida de análise do líquido ascético é a conduta mais apropriada para se diagnosticar a causa da ascite e se o líquido está infectado o Procedimento simples e seguro – localização: cicatriz umbilical e crista ilíaca Indicações de paracentese diagnóstica o Quadros de dor abdominal + presença de ascite o Primeiro episódio de ascite na vida o Deterioração clínica em pacientes ambulatoriais ou internados o Suspeita de infecção (peritonite bacteriana espontânea ou secundária) o Presença de ascite + sangramento gastrintestinal concomitante Análise do líquido ascítico Macroscopia: o Cor de palha, tinto de bile, amarelo citrino: cirrose o Amarelo turvo: infecção o Sanguinolento (serossanguinolento): paracentese traumática, ascite secundária a neoplasia Como saber se o líquido é decorrente de uma perfuração de um vaso ou o aspecto do líquido da ascite mesmo? Se aspirou e o sangue coagula na seringa, é indicativo de coagulação, ou seja, perfuração de vaso o Leitoso: ascite quilosa (sistema linfático) o Castanho: perfuração de úlcera duodenal, ruptura da vesícula biliar, ascite pancreática. Primeira imagem: amarelo citrino ou amarelo turvo (Provável cirrose ou infecção deste líquido). Segunda imagem: leitoso Análise do líquido ascético – Exames laboratoriais GASA – Gradiente de Albumina Soro-Ascite (importante) o Gradiente = diferença = conta de subtração o Portanto: GASA = albumina sérica – albumina do líquido ascítico o Correlação direta com a pressão da veia porta - GASA alto (maior ou igual a 1,1) ➔ causa da ascite é por hipertensão portal - GASA baixo (menor que 1,1) ➔ causa da ascite NÃO se deve à hipertensão portal Paracentese de alívio o Procedimento seguro se retirada de até 5 litros (sem reposição de coloide) - Reposição de albumina em ascites com retirada maior que 5 litros (8-10 gramas de albumina EV para cada litro retirado) o Evitar paracenteses de repetição - Intervalo ideal: ao menos 2 semanas entre procedimentos Peritonite Bacteriana Espontânea (PBE) o Infecção espontânea do líquido ascítico o Critérios diagnósticos (precisa ter os três): - Contagem de células polimorfonucleares (PMN) no líquido ascítico ≥ 250 células/mm3 - Cultura do líquido ascítico positiva para 1 germe - Ausência de causa cirúrgica intra-abdominal de infecção o Variações da PBE: - Ascite neutrocítica cultura negativa ➔ quando tem cultura negativa mas preenche os outros 2 critérios de PBE - Bacterascite não neutrocítica monomicrobiana ➔ quando tem PMN < 250 células/mm3 mas preenche os outros 2 critérios de PBE Peritonite Bacteriana Secundária (PBS) o Fonte cirúrgica presente (perfuração de alças intestinais é a principal causa) o Mais de um microorganismo na cultura (principalmente se há anaeróbio envolvido) o Sem decréscimo na contagem de PMN na paracentese de controle o Glicose < 50 mg/dl, proteína > 1g/dl ou DHL > limite superior do valor sérico (pelo menos 2). o Conduta: avaliação da Cirurgia Geral (para provável procedimento cirúrgico) Síndrome hepatorrenal (SHR) o Surgimento de insuficiência renal em pacientes com insuficiência hepática que desenvolvem hipertensão portal e ascite ➔ gerando alterações funcionais o Vasoconstrição renal (múltiplos mecanismos): - SRAA, catecolaminas, vasopressina, endotelina Fatores desencadeantes: o PBE ou outras infecções o Paracentese (>5L) sem reposição de albumina o Hemorragia digestiva o Hepatite alcoólica o Qualquer causa que leve à hipovolemia Classificação - Tipos: o Tipo 1: perda rápida e progressiva da função renal com elevação maior que 2 vezes os níveis de creatinina, ou níveis maiores que 2,5 mg/dl, em menos de 2 semanas. É o tipo “extremamente rápido” (dias) o Tipo 2: prejuízo na função renal com creatinina de 1,5 a 2,5mg/dl, sem preencher critérios do tipo 1, geralmente espontâneo. É o tipo “lento” (semanas a meses) Quadro clínico: o Oligúria o Sintomas de hiponatremia o Manifestações clínicas de PBE – tipo 1 o Ascite refratária – tipo 2 Critérios diagnósticos: o Cirrose com ascite o Insuficiência renal nova (creatinina > 1,5 mg/dl) o Ausência de melhora em 2 dias após suspensão de diuréticos e reposição volêmica com albumina (1g/kg/dia) o Ausência de choque séptico (insuficiência renal na vigência de infecção bacteriana é atualmente considerada SHR) e choque hipovolêmico o Ausência de uso de drogas nefrotóxicas o Ausência de doença renal parenquimatosa (proteinúria < 500 mg/dia, menos de 50 hemácias/campo e USG renal sem alterações) Tratamento: transplante hepático Encefalopatia Hepática Conjunto de anormalidades neuropsiquiátricas e psicométricas vistas em pacientes com shunt portossistêmico ou disfunção hepática significativa Ela pode ser: o Mínima (subclínica) ➔ apenas alteração de testes psicométricos o Episódica ➔ déficits cognitivos temporários (somente durante os episódios) o Persistente ➔ déficits cognitivos persistentes ou recorrência imediata após cessação do tratamento Graus de Encefalopatia Hepática: o 0: sem alterações detectáveis o 1: alteração na atenção, inversão do ciclo sono-vigília o 2: letargia, desorientação, comportamento inadequado o 3: sonolência, estupor, confusão mental importante o 4: coma o O fígado perde a capacidade de realizar clearance de produtos tóxicos o Principal molécula envolvida: amônia (60 a 80% dos casos) o Aumento do tônus gabaérgico (por interação com amônia) o Disfunção dos astrócitos (secundária à hiperamonemia) Quadro clínico inespecífico Diagnóstico: o Clínico na grande maioria das vezes o Exames complementares: destinam-se a investigar diagnósticos diferenciais de delirium o Glicemia, eletrólitos, gasometria venosa, ureia, creatinina, hemograma o Em alguns casos: TC, RNM, EEG o Amônia sérica pode ser dosada (mas nem sempre estará elevada) Medidas gerais: o Identificar e tratar fatores desencadeantes o Medidas de suporte (hidratação, controle de sangramentos, IOT se rebaixamento grave etc) o Restrição proteica – medida controversa Tratamento específico: o Lactulose (VO ou VR) o Acidificador de fezes → desloca a amônia do sangue para o intestino o Neomicina – 1g VO 6/6h ou Metronidazol – 500mg VO o 8/8h o Combatem bactérias intestinais produtoras de amônia
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