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1 Marcella Carvalho 2021.2 1. Pré operatório em cirurgia ambulatorial • Um procedimento cirúrgico, por mais simples que seja, promove sempre um desequilíbrio na integridade anatomofisiológica do paciente. • A cirurgia ambulatorial compreende operações menos complexas do que as de maior porte, que requerem sempre cuidados pré e pós-operatórios e internação hospitalar, e muitas vezes internação um ou mais dias antes do procedimento para preparo pré-operatório. Nas cirurgias ambulatoriais, o paciente não permanece internado. • Os procedimentos cirúrgicos podem ser divididos em quatro categorias ou níveis, de acordo com a intensidade potencial do trauma: I, II, III e IV. Nos dois primeiros níveis, por não ter internação necessária, os procedimentos são considerados ambulatoriais. Diferem entre si pelo fato de que no primeiro nível a anestesia é local, não sendo necessário anestesiologista e período de recuperação pós-anestésica. • O pré-operatório é o período compreendido entre a indicação da intervenção cirúrgica e o momento do ato operatório. • Para o paciente que será submetido ao procedimento cirúrgico ambulatorial, deve-se levar em conta características que envolvem: ✓ Aspectos legais; ✓ Avaliação do risco cirúrgico; ✓ Situações especiais; ✓ Relacionamento pessoal; ✓ Preparo geral do paciente (psicológico, fisiológico e prevenção da infecção); ✓ Aspectos de ordem técnica. → Aspectos legais • Não só a eficiência técnica basta, pois existem questões de outra ordem que não podem ser ignoradas. A jurisprudência está em transição e a medicina moderna é regida pela autonomia do paciente. • Artigo 14 do Código do Consumidor: “O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos”. • Artigo 15 do Código Civil: “Ninguém pode ser constrangido a submeter-se com risco de vida a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica”; e código 422 “os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato com em sua execução, os princípios da probidade e da boa fé”. → Avaliação do risco cirúrgico • O futuro sucesso do tratamento proposto ao paciente inicia-se através de adequada anamnese e exame físico completo. • Queixa principal: direcionar o cirurgião ao problema principal e ao motivo da consulta. • HMA: tempo de evolução; progressão sintomática; aspectos da lesão; medicamentos em uso; exames complementares realizados para investigar doença atual. • HP: procedimentos cirúrgicos anteriores; alergia a drogas (especialmente anestésicos, antibióticos e anti-inflamatórios); atopias diversas, dificuldade cicatricial; distúrbios hematológicos; presença de DM, HAS, cardiopatias, doenças neurológicas; medicamentos de uso contínuo (hipotensores, corticosteroides, imunossupressores, hormônios, hipoglicemiantes, anticoagulantes, digitálicos e psicotrópicos, dentre outros). * Suspensão de medicações para os procedimentos: - AAS: 1 semana (tempo de meia vida da plaqueta); - Varfarina: 3 dias; - Heparina: 6 horas. • HS: condições e hábitos de vida (tabagismo, alcoolismo, hábitos de sono, regularidade de atividade física, condições higiênicas em geral, etc); perfil psicossocial (aspectos individuais e relativos ao relacionamento familiar). • HF: deve-se pesquisar, em especial, doenças de caráter hereditário, como discrasias sanguíneas e anemias hemolíticas, além de causas de óbito em parentes próximos. → Situações especiais - Idade → pacientes pediátricos (déficit na formação de IgG e IgA; menor volume de líquido) e geriátricos (diminuição da resposta de IgG e aumento dos autoanticorpos) - Hipertensos → em pacientes hipertensos, tomar cuidado com anestésico com vasoconstritor pois pode ocasionar crise hipertensiva - Distúrbios da nutrição → obesos e desnutridos; história de perda não-intencional ou inexplicável do peso corporal, mais de 10% nos últimos 2 meses; concentração albumina sérica inferior a 3,4%; alergia a 4 ou 5 antígenos no teste de hipersensibilidade tardia, se estiver bem nutrido, irá reagir (organismo forte para defender); contagem global de leucócitos baixa. → Avaliar pelo IMC (<18,5); perda de peso (10% do peso corporal em 2 meses); albumina (<3,4). - Diabéticos (microangiopatia diabética; lembrar das infecções) - Tabagistas → processo cicatricial deficiente; suspender o fumo 4 semanas antes do procedimento até 2 semanas após - Processos infecciosos → processos infecciosos sistêmicos ou focais, nos quais não exista indicação para a drenagem operatória, contraindicam a cirurgia ambulatorial eletiva 2 Marcella Carvalho 2021.2 - Uso de corticosteroides → efeito imunossupressor e inibição da fase inflamatória da cicatrização em uso prolongado (inibe todas as fases) SUSPENSÃO DE MEDICAMENTOS AAS: 1 semana (meia vida da plaqueta) VARFARINA: 3 dias HEPARINA: 6 horas No atendimento cirúrgico ambulatorial, a demanda é de pacientes classificados em ASA I e ASA II (a doença deve estar controlada) → Aspectos técnicos – preparo geral do paciente • Preparo psicológico: deve-se explicar ao paciente de forma concisa e didática os principais aspectos de sua afecção e do procedimento a ser realizado; o paciente deve estar ciente de todas as possíveis complicações do ato cirúrgico, além dos eventuais cuidados pós-operatórios. Isso favorece a colaboração do paciente no per-operatório e a adesão ao seguimento pós-operatório. • Preparo fisiológico: parâmetros como volemia, equilíbrio hidroeletrolítico e nutrição, entre outros. • Exames pré-operatórios: pacientes submetidos a cirurgia de pequena monta, com uso de anestesia local ou locorregional, não necessitam de exames complementares pré-operatórios, desde que a investigação clínica não tenha detectado nenhum sinal/sintoma especial. Para aqueles que utilizarão outro tipo de anestesia ou realizarão cirurgia de maior porte, recomenda-se hemograma, coagulograma, creatinina, glicemia de jejum, ECG, RX de tórax PA e perfil. • Jejum: é incomum, mas recomenda-se jejum de 3 a 4 horas para operações com anestesia local quando existir possibilidade de vômitos, convulsões e aspiração de conteúdo digestivo para a árvore respiratória. Para procedimentos nível II, período de jejum de 6 a 8 horas, devido à sedação associada. → o jejum para líquidos é outro!! • Antissepsia: destruir ou reduzir o número de micro-organismos diversos (iodóforos, hexaclorofeno, clorexidina). • Tricotomia: não recomendada, a não ser em casos de urgência, sendo o ideal realizar 2 horas antes ou mesmo pouco antes do procedimento. • Antibioticoterapia e medicação pré-anestésica: a sedação pré-anestésica aumenta o limiar da sensibilidade dolorosa e pode ser utilizada em procedimentos cirúrgicos ambulatoriais, especialmente em crianças, pessoas ansiosas ou nervosas e pacientes que estão sentindo dor. O uso rotineiro e indiscriminado de antibiótico profilático em cirurgia ambulatorial não se justifica e deve ser desencorajado. • Contraindicações da cirurgia ambulatorial: relativas (podem ser contornadas) e absolutas 2. Normas de segurança em cirurgia ambulatorial • As normas de segurança para as cirurgias ambulatoriais envolvem os procedimentos necessários à prática diária, com o objetivo de auxiliar o cirurgião a reduzir riscos e aprimorar resultados. • A montagem da sala cirúrgica ambulatorial é um ponto importante. O ambiente físico requer seguir as recomendações da ANVISA: - Salas de no mínimo 9m2 com lavatório; ambiente de apoio (sala de espera, sala de utilidades, recepção, depósito de material de limpeza, sanitários); corredores com largura de 2 m e portas com dimensões mínimas de 1,1 por 2,10 metros, além do acesso a portadores de necessidades especiais.• Além disso, as salas cirúrgicas devem conter macas com o melhor custo-benefício e que garantam o conforto do médico da execução dos procedimentos e do paciente; iluminação (de preferência natural ou focos de teto) e ventilação adequados; material de ressuscitação; e instrumentos mínimos para realização das cirurgias ambulatoriais. • Os materiais devem ser devidamente limpos e desinfectados. A limpeza e desinfecção também devem ser efetuadas em macas, mochos, mesas, pias, cubas, torneiras, depósitos de lixo e qualquer outro material passível de contaminação. • Limpeza é o processo de remoção mecânica de sujidades, realizado com água, sabão ou detergente, sendo a etapa obrigatória antes da desinfecção e esterilização. Após esta etapa de limpeza e secagem, os outros utensílios serão 3 Marcella Carvalho 2021.2 limpos e desinfectados com hipoclorito de sódio 1% ou álcool 70%. • Desinfecção é o processo que destrói micro- organismos patogênicos ou não, dos artigos e instrumentos, por meios físicos ou químicos, atingindo diferentes níveis: - Alto nível de desinfecção → se destrói todos os micro-organismos, com exceção do alto número de esporos bacterianos. Realizada com glutaraldeído 2% ou ácido paracético. - Médio nível de desinfecção → elimina a maioria das bactérias vegetativas, fungos, vírus e micobactérias. Realizada com hipoclorito de sódio 1%, álcool 70%, cloro orgânico e fenol sintético. - Baixo nível de desinfecção → elimina a maioria das bactérias vegetativas, alguns vírus e fungos, sem eliminar micobactérias. Realizada com hiplocorito de sódio 0,025%. • A rotina de esterilização deve ser rígida e os controle realizados sistematicamente. Diversos métodos de esterilização podem ser empregados. A embalagem é escolhida conforme o método de esterilização. Os instrumentos podem ser embalados individualmente ou agrupados conforme seu uso; na embalagem deve constar a data de esterilização e seu conteúdo. O prazo para uso do material varia conforme o método utilizado e a embalagem. Passado o prazo, os materiais deverão ser novamente esterilizados, sendo que todo o material esterilizado deverá ser mantido em ambiente limpo, seco e com temperatura estável para a preservação dos invólucros. • O preparo cirúrgico das mãos é imprescindível e deve ser realizado rotineiramente com soluções antissépticas antes de cirurgias e procedimentos invasivos, visando reduzir a microbiota residente e transitória. O tempo recomendado é de 5 minutos. Assepsia refere-se ao conjunto de medidas utilizadas para impedir que determinado meio seja contaminado. Antissepsia trata-se do processo que leva a diminuição das formas microbianas e diminuição ou destruição de patógenos nos tecidos vivos. Degermação: redução dos germes – transitória (não é resistente) Antissepsia: redução dos germes resistentes – uso de antissépticos Assepsia: medidas para impedir a contaminação (paramentação, esterilização, campos) Desinfecção: antissepsia de objetos inanimados, com uso de desinfetante, na sala de cirurgia de 10 a 15 min • Os principais antissépticos são: A) Álcool → age rapidamente, mas não tem efeito residual; excelente contra bactérias gram- positivas e gram-negativas e boa atividade cobre M. tuberculosis, fungos e vírus; B) Iodóforos → iodo dissolvido no polímero polivinilpirrolidona – PVPI – é considerado o antisséptico de escolha; excelente contra bactérias gram-positivas e boa atividade sobre gram-negativas, M. tuberculosis, fungos e vírus; necessita de pelo menos 2 minutos de contato para liberação do iodo livre; tem pouca ação residual e é alterado pela presença de matéria orgânica; C) Clorexidina → Encontrada em formulações aquosas e detergentes a 4% e álcoolicas a 0,5%; excelente contra bactérias gram- negativas e vírus, pouca ação sobre M. tuberculosis e nenhuma sobre fungos; com excelente ação residual e não é alterado na presença de matéria orgânica. • Para procedimentos em áreas altamente contaminadas, como o períneo, recomenda-se a higienização prévia do paciente, com banho de aspersão. A tricotomia deve ser evitada, quando muito necessária deverá ser feita com tesoura, evitando ferimentos provocados por lâminas cortantes, fontes de proliferação bacteriana. • É válido ressaltar a importância das medidas de proteção pessoal do profissional e da equipe, sendo que as precauções universais devem ser adotadas por todos os profissionais de saúde em contato com todos os pacientes. Recomenda-se evitar joias, adornos e acessórios individuais desnecessários ao ambiente cirúrgico. Uso correto de EPI’s. • O descarte do lixo deve ser feito de maneira adequada. - Não contaminado: descartado em saco preto no lixo comum. - Contaminado: descartado em saco branco identificado e recolhido separadamente. - Perfurocortante: descartado em caixa de papelão, vedado e recolhido separadamente. - Medicamentos, ácidos e outras substâncias químicas: classificados quanto ao potencial de risco, acondicionados e transportados adequadamente. Observações DOSE DO ANESTÉSICO - com vasoconstritor: 7 - sem vasoconstritor: 4 AGULHAS - aspirar: 25 x 7 - injetar: 13 x 4,5 - Reações adversas ao anestésico ocorrem devido a velocidade de infusão → altera os órgãos de sentido (parestesia de lábio e língua; distúrbios visuais; zumbidos; gosto metálico na boca) - Lidocaína: efeito se inicia com 3s e perdura por 2 horas. CAUTERIZAÇÃO - paciente faz uso de marca passo? - a placa está bem posicionada? - a voltagem está correta? - o cautério pode queimar 5mm abaixo da lesão. SUTURAS - Fios: nº 3 planta dos pés, couro cabeludo; nº 4 corpo; nº 5 rosto. Os pontos na pele devem ser cortados deixando 1cm. 4 Marcella Carvalho 2021.2 - Tempo para retirar a sutura: se o local aproxima com facilidade, 5- 7 dias; se o local aproxima com dificuldade, 10-14 dias. BISTURI - Lâmina 11: furar - Lâmina 15: cortar - Para cortar a pele, deve-se primeiro observar o eixo da lesão, depois olhar as linhas de Langerhans (apertando a pele). 3. Anatomia da pele • A pele, também chamada de cútis ou tegumento, é o maior e mais visível órgão do corpo humano e recobre-o externamente, correspondendo a cerca de 20% da massa corporal total. • O conhecimento da estrutura, as funções e as peculiaridades da pele são muito importantes, já que ela é a primeira barreira que deve ser atravessada em todas as cirurgias ambulatoriais. • A pele tem múltiplas funções: funciona como barreira entre o meio interno e o externo, conservando os fluidos corporais, é impermeável a água e impede a penetração de microrganismos. Além disso, tem capacidade de absorver radiação ultravioleta, participa na síntese de vitamina D, contém vários receptores sensoriais e tem um papel importante nos mecanismos de termorregulação e vigilância imunológica. • A superfície total da pele no adulto é de aproximadamente 1,6 a 2,0m2, com uma espessura que varia de 1,5 a 4mm. • A pele se renova a cada 28 dias. • Principais células: queratinócitos (camada basal) • O curativo só precisa ficar 24h (epitelização) • A pele é formada por duas camadas, a epiderme e a derme, mas a hipoderme (tecido celular subcutâneo, tecido adiposo que fica abaixo da derme) é sempre incorporada ao seu estudo. • A epiderme é a camada superficial, epitelial, sem vasos sanguíneos, e a derme é a camada profunda, os tecidos conjuntivo e vascularizado que nutrem a epiderme. • Pele espessa: aquela que existe nas palmas e plantas, em que a espessura da epiderme, e principalmente da camada córnea, é muito maior que no restante do corpo; nas outras localizações, a pele é denominada “delgada”. A epiderme varia de 0,07 a 0,12mm de espessura. A espessura da hipoderme também varia, sendo que nas superfícies extensoras, ombros e costas medem 5mm ou mais, enquanto nas superfícies flexoras e pálpebras medem 1mmou menos. → Epiderme • Coloração BRANCA (não há vascularização). • Possui quatro camadas: camada córnea, camada granulosa, camada espinhosa e camada basal. • 5 a 10 células de espessura. • A célula mais abundante da epiderme é o queratinócito, que caracteristicamente apresenta os desmossomos. • Camada córnea: mais externa, em contato com o meio. Normalmente, não apresenta núcleos e tem aspecto de “trançado de cesto” • Camada granulosa: tem dois ou três queratinócitos de espessura que possuem grânulos de querato- hialina no seu interior. • Camada espinhosa: é a mais espessa e fica entre a camada basal e a camada granulosa. • Camada basal: mais interna, em contato com a derme. Seus queratinócitos têm núcleos maiores e mais densos, pois são as células responsáveis pela regeneração da epiderme. • Em condições normais, um queratinócito da camada basal leva aproximadamente 28 dias para se diferenciar para uma célula totalmente cornificada. • O principal marcador imunohistoquímico dos queratinócitos é a queratina. • A junção dermoepidérmica é sempre nítida: a epiderme é separada da derme pela membrana basal, que se cora positivamente pelo método “ácido periódico de Schiff” com digestão ou PAS- cd. • Os melanócitos são as células que produzem melanina e encontram-se na camada basal da epiderme. A quantidade de melanina, não o número de melanócitos é que varia entre as raças humanas. São células dendríticas, ou seja, apresentam prolongamentos citoplasmáticos para que a melanina seja distribuída para os queratinócitos circunjacentes. • Duas outras células são importantes na epiderme. As células de Langerhans são os macrófagos fixos da epiderme e são responsáveis pela vigilância imunológica da pele: essas células têm a capacidade de apresentar antígenos a linfócitos e queratinócitos, provocando o início da resposta inflamatória. As células de Merkel, células neuroendócrinas, acredita-se que são células epidérmicas modificadas, adaptadas à recepção sensorial tátil, estão localizadas na camada basal e são mais numerosas onde a percepção sensorial é mais acurada, como nas polpas digitais. Elas se ligam aos queratinócitos por desmossomos e estão associadas às terminações nervosas intraepidérmicas e dérmicas. Quando as células não são conectadas a estruturas nervosas, acredita-se que tenham função endócrina. 5 Marcella Carvalho 2021.2 → Anexos cutâneos PELOS • Com exceção das palmas e plantas, superfícies laterais das mãos e pés e ao redor dos orifícios urogenitais, toda a pele é recoberta por pelos. • Embriologicamente, o folículo piloso se desenvolve a partir de uma invaginação das células epidérmicas para o interior da derme. • Existem dois tipos de pelos: os terminais, que são grossos, longos e pigmentados, com os da barba, couro cabeludo, genitais e axilas; e os pelos velos, que são finos, curtos e menos pigmentados. • Microscopicamente, são divididos em quatro partes: Infundíbulo SEGMENTO SUPERIOR Istmo (PERMANENTE) Haste SEGMENTO INFERIOR Bulbo (CÍCLICO) • Eles passam por períodos de crescimento divididos em três fases: anágena (de crescimento); catágena (de involução) e telógena (de repouso). • Normalmente são os pelos em fase telógena que caem, e, a partir disto, há o início da um novo ciclo, por modificações no segmento inferior do pelo. GLÂNDULAS SEBÁCEAS • São as responsáveis pela secreção do sebo que recobre os pelos e a superfície cutânea. • A função do sebo ainda não está totalmente esclarecida, mas sabe-se de sua atividade bacteriostática, emoliente e de barreira. • Embriologicamente, se originam a partir de um broto da bainha radicular externa do folículo piloso. Todos os pelos são providos de uma glândula sebácea. • É multilobulada e sua secreção é holócrina, isto é, a célula inteira produz e torna-se repleta de secreção enquanto se desintegra. No final, a secreção e restos celulares são eliminados como sebo para o ducto sebáceo que desemboca no canal folicular. GLÂNDULAS SUDORÍPARAS (ÉCRINAS) • São originadas de uma invaginação direta da epiderme. • Estão distribuídas em toda a superfície corporal, exceto nos lábios e parte da genitália externa. • O número de glândulas varia de 100 a 200/cm2 de pele, sendo que a concentração máxima é encontrada nas palmas e plantas, onde atingem 300/cm2. • A parte secretora (ácinos) está situada profundamente, na parte mais alta da hipoderme ou junção dermo-epidérmica. • A parte excretora (ductos) atravessa a derma e a epiderme, terminando entre as células da camada córnea. A porção intra-epidérmica do ducto excretor chama-se acrossiríngeo. • Ao redor das glândulas écrinas ficam diversos filetes nervosos que regulam a sua secreção. • A composição química da secreção sudoral é semelhante ao ultrafiltrado sanguíneo, e contém cloreto de sódio, ácido úrico, ureia e amônio. • Em situação de stress emocional, palmas, plantas e axilas são as primeiras a eliminar secreção. • Enquanto o controle térmico é colinérgico, a sudorese emocional é estimulada pela parte adrenérgica do SNA. GLÂNDULAS APÓCRIMAS • São encontradas apenas na região axilar, mamilos e região anogenital, sendo derivadas da mesma invaginação epidérmica que origina os folículos pilosos no embrião. • Sua função no homem não está definida, embora nos animais seja responsável pelo odor. • São pequenas na infância e tornam-se maiores e mais ativas na puberdade. • Possuem a porção secretora na derme profunda ou camadas superiores da hipoderme. A secreção 6 Marcella Carvalho 2021.2 apócrina é feita no canal folicular logo acima da entrada do ducto sebáceo. • Respondem a estímulos sensoriais e emocionais (resposta adrenérgica), mas não a térmicos. • Secreção é inodora, sendo o odor desagradável desencadeado quando a secreção é combinada com os produtos excretados pela flora bacteriana da pele. A secreção é composta por proteínas, carboidratos, amônia e lipídios. UNHAS • São lâminas de células queratinizadas originadas da matriz ungueal. • O aparelho ungueal é formado por prega proximal, cutícula, prega lateral, lúnula, lâmina ungueal, matriz ungueal e leito ungueal. • A lâmina ungueal é a unha propriamente dita que repousa sobre seu leito. É a matriz ungueal que produz a unha: as células da matriz dividem-se em direção à superfície e diferenciam-se produzindo a queratina dura da unha. • A lúnula é a porção visível da matriz através da unha, esbranquiçada e em formato de meia lua. • A queratina da unha não descama, cresce indefinidamente. A unha cresce, em média, 0,1mm por dia. • Se houver dano à matriz ungueal, cirúrgico ou acidental, a unha não será mais produzida na região lesada. LÚNULA: parte visível da matriz LÂMINA UNGUEAL: unha EPONÍQUIO: cutícula HIPONÍQUIO: embaixo da unha PREGA LATERAL • Unha encravada é denominada onicripose, e a cirurgia ambulatorial para resolução é a cantoplastia. - Bloqueio trancular: lateral e medial do nervo - 5 a 10 min para começar o efeito - 5-10mL de anestésico (a partir de 5mL já pode diluir em soro ou ABD) • Crescimento da unha da mão: 6 meses • Crescimento da unha do pé: 1 ano a 1 ano e meio → Derme • Coloração ROSA (há vascularização). • A derme é a camada de sustentação da epiderme, e está intimamente ligada à epiderme pela presença de saliências e reentrâncias que se encaixam, aumentando a superfície de contato entre as duas camadas. • A derme é separada da epiderme pela membrana basal, estrutura complexa e onde se localizam proteínas e fibras colágenas de ancoragem, que funcionam como cabos de união. • A derme é responsável pela resistência e pela elasticidade da pele. Ela protege o corpo contra traumas mecânicos, retém água e auxilia na termorregulação e sensibilidade, constituindo-se basicamente de tecido conjuntivo que comportacolágeno, fibras elásticas e um material amorfo chamado de substância fundamental. • Estão incluídos nervos, vasos sanguíneos, anexos cutâneos e vários tipos de células, como fibroblastos, fibrócitos, miofibroblastos, dendrócitos e células imues. • A derma está organizada em derme papilar, mais superficial, e derme reticular, mais profunda. Distinguem-se por diferenças na organização do tecido conjuntivo, densidade celular e padrões vasculonervosos. • Derme papilar: localizada próxima à epiderme e acompanha seu contorno; composta por fibrilas colágenas finas (colágeno tipo 1 – mais abundante – e tipo III – reticulina) e fibras elásticas imaturas. Fibras elásticas maduras não são normalmente encontradas, porém elas se tornam visíveis, largas e densas na pele senil e danificada pelo sol. Suas características estruturais permitem à pele acomodar-se aos impactos. Maior número de fibroblastos com maior capacidade de síntese e proliferação que na derma reticular. • Derme reticular: porção mais profunda e a região predominante da pele, como um todo; apresenta fibras colágenas (especialmente do tipo I) de maior diâmetro, organizadas em feixes largos e entrelaçados; as fibras elásticas maduras formam uma estrutura ao redor dos feixes colágenos; a interação entre as fibras (não são sistemas integradas) é responsável pela resistência da derme; os feixes elásticos e colágenos aumentam progressivamente em direção à hipoderme. ➔ Matriz conjuntiva – colágeno (80 a 90% do tipo I, responsáveis pela tensão; 8 a 12% tipo III, associadas principalmente aos vasos sanguíneos; yipo IV, confinado a lâmina basal dos vasos e anexos cutâneos; e tipo VII, forma as fibras da junção dermoepidérmica); tecido elástico ➔ Substância fundamental ➔ Nervos e receptores nervosos ➔ Vasos sanguíneos ➔ Vasos linfáticos → Hipoderme • Coloração AMARELA (tecido gorduroso). • Tecido celular subcutâneo que fica logo abaixo da derme reticular. O limite entre a derme reticular 7 Marcella Carvalho 2021.2 profunda e a hipoderme é uma transição abrupta do tecido fibroso dérmico para tecido gorduroso. • As duas regiões estão integradas por redes vasculonervosas e pela continuidade dos anexos epidérmicos. • Os adipócitos são as principais células da hipoderme, sendo volumosas e que se encontram agrupados em lóbulos primários, os quais se organizam em lóbulos secundários visíveis a olho nu (têm cerca de 1 cm de diâmetro). • Os lóbulos são separados uns dos outros por septo de tecido conjuntivo por onde transitam artérias, veias e nervos. • O tecido adiposo da hipoderme serve de reserva energética e isolante térmico e mecânico, além da função estética de modelagem do corpo. Observação PROPRIEDADES FÍSICAS DA PELE: - Viscoelásticas (elástico x viscoso) - Tensão cutânea (estática ou dinâmica) - Extensibilidade (substituída por flacidez com a idade) A PELE SE RENOVA A CADA 28 DIAS O CURATIVO SÓ PRECISA FICAR 24H, POIS NESSE PERÍODO OCORRE EPITELIZAÇÃO 4. Cicatrização • A cicatrização de feridas consiste em perfeita e coordenada cascata de eventos celulares, moleculares e bioquímicos, que interagem para que ocorra a reconstituição tecidual. • 2 maneiras de ocorrer cicatrização: REGENERAÇÃO ou RESTAURAÇÃO. A regeneração é voltar ao que era antes, trata-se de uma reconstituição perfeita (lesões superficiais). A restauração é a construção de novo tecido, não volta a ser igual ao que era antes (cicatrizes). • A lesão tecidual coloca elementos sanguíneos em contato com o colágeno e outras substâncias da matriz extracelular, provocando degranulação de plaquetas e ativação das cascatas de coagulação e do complemento. Com isso, há liberação de vários mediadores vasoativos e quimiotáticos que conduzem o processo cicatricial mediante atração de células inflamatórias para a região da ferida. Fase inflamatória 4 dias • Inicia-se imediatamente após a lesão, com a liberação de substâncias vasoconstritoras, principalmente tromboxano A2 e prostaglandinas, pelas membranas celulares. • O endotélio lesado e as plaquetas estimulam a cascata de coagulação. As plaquetas têm papel fundamental na cicatrização. A cascata de coagulação é iniciada e grânulos são liberados das plaquetas que contêm TGF-β e outras substâncias que atraem neutrófilos a ferida. • O coágulo é formado por colágeno, plaquetas e trombina, que servem de reservatório proteico para síntese de citocinas e fatores de crescimento, aumentando seus efeitos. • A resposta inflamatória inicia-se, pois, com vasodilatação e aumento da permeabilidade vascular, promovendo a quimiotaxia (migração de neutrófilos para a ferida). • Os neutrófilos são as primeiras células a chegar na ferida, com maior concentração 24h após a lesão. Aderem à parede do endotélio mediante ligação com as selectinas, produzindo radicais livres que auxiliam na destruição bacteriana e sendo gradativamente substituídos por macrófagos. • Os macrófagos migram para a ferida após 48-96h da lesão e são as principais células antes dos fibroblastos migrarem e iniciarem a replicação. Têm papel fundamental no término do desbridamento iniciado pelos neutrófilos e sua maior contribuição é a secreção de citocinas e fatores de crescimento, além de contribuírem na angiogênese, fibroplasia e síntese de matriz extracelular, fundamentais para a transição para a fase proliferativa. Primeiras células a chegar na ferida: neutrófilos Maior concentração 24h após a lesão Os neutrófilos são substituídos por macrófagos (após 48h-96h da lesão) Fase proliferativa 4-21 dias • É constituída por quatro etapas fundamentais: epitelização, angiogênese, formação de tecido de granulação e deposição de colágeno. • Esta fase tem início ao redor do 4º dia após a lesão e estende-se aproximadamente até o término da segunda semana. • Epitelização: ocorre precocemente. Se a membrana basal estiver intacta, as células epiteliais migram em direção superior e as camadas normais da epiderme são restauradas em três dias. Se a membrana basal for lesada, as células epiteliais das bordas da ferida começam a proliferar na tentativa de restabelecer a barreira protetora. • Angiogênese: é estimulada por TNF-α, e é caracterizada pela migração de células endoteliais e formação de capilares, essencial para a cicatrização adequada. • Formação de tecido de granulação: os fibroblastos e as células endoteliais são as principais células da fase proliferativa. Os fibroblastos dos tecidos vizinhos migram para a ferida, porém precisam ser ativados para sair do seu estado de quiescência. O fator de crescimento mais importante na proliferação e ativação dos fibroblastos é o fator de crescimento derivado de plaquetas (PDGF). Em seguida, é liberado o TGF-β, que estimula os fibroblastos a produzirem colágeno tipo I e a transformarem-se em miofibroblastos, que promovem a contração da ferida. TGF-β → fibroblastos (induz a formação de colágeno tipo 1) TNF-α→ queratinócitos 8 Marcella Carvalho 2021.2 Fase de maturação ou remodelamento 2 anos • A característica mais importante desta fase é a deposição de colágeno de maneira organizada, por isso é a fase de maior relevância clínica. • O colágeno produzido inicialmente é mais fino que o presente na pele normal e tem orientação paralela à pele. • Com o tempo, o colágeno inicial (tipo III) é reabsorvido e um tipo mais espesso é produzido e organizado ao longo das linhas de tensão. • Estas mudanças refletem-se em aumento da força tênsil da ferida. • A reorganização da nova matriz é um processo importante da cicatrização; fibroblastos e leucócitos secretam colagenases que promovem lise da matriz antiga. A cicatrização tem sucesso quando há equilíbrio entre a síntese da nova matriz e a lise da matriz antiga, sendo que a deposição deve ser maior. • Mesmo após 1 ano, a ferida apresentará um colágeno menosorganizado que o da pele sã, e a força tênsil jamais retornará a 100%, atingindo em torno de 80% após 3 meses. Colágeno tipo I – fibroblastos – presente em ossos e tendões Colágeno tipo III – tecido mole – vasos sanguíneos Colágeno • É a proteína mais abundante no processo de cicatrização. • O colágeno tipo 1 é o mais frequente, está presente de maneira abundante nos ossos e nos tendões e são sintetizados pelos fibroblastos. O colágeno tipo 3 é encontrado em tecidos moles. • O primeiro tipo de colágeno a ser sintetizado é o 3, somente depois produz-se o tipo 1. O que diferencia um do outro é o tipo de ligação entre os aminoácidos, que os torna mais ou menos frágeis. • Pico de produção: 14 dias • Durante a inflamação tem uma grande degradação de colágeno, pelas colagenases. A atividade dessas enzimas vai ser controlada por citocinas que são liberadas por células inflamatórias, endoteliais, fibroblastos e queratinócitos. • É o principal componente da matriz extracelular dos tecidos - Colágeno = prolina + lisina - Cofatores: Fe, Cu, Zn, Vit. C Fatores que influenciam o processo de cicatrização • Os principais fatores locais são a isquemia, infecção, técnica cirúrgica, corpo estranho, edema e a pressão tecidual elevada. • Como fatores sistêmicos pode-se citar a diabetes mellitus, deficiências de vitaminas, hipotireoidismo, algumas doenças hereditárias, alterações de coagulação, idade, trauma grave, tabagismo, drogas antineoplásicas, insuficiência renal, hepática e respiratória dentre outros. Tabagista → devido a nicotina, a qual compromete o processo de cicatrização Inibição da bomba de prótons → melhor a cicatrização Desnutrição proteica → prejudica, pois prolonga a fase inflamatória (menor síntese e proliferação de fibroblastos; maior taxa de infecção; menor força tênsil; menor atividade fagocitária) Queloides e cicatrizes hipertróficas • São patologias da cicatrização e diferenciadas por seu comportamento clínico; caracterizadas por uma fase proliferativa exagerada. • Queloides vão ultrapassar o limite da incisão e as cicatrizes hipertróficas ficam retidas ao limite da incisão. • As 2 patologias decorrem de uma resposta inflamatória exacerbada e vai ter a perda do equilíbrio entre síntese e lise de matriz. • Pode-se atribuir a sua patogênese traumas, disfunção dos fibroblastos, níveis aumentados de fatores de crescimento e diminuição da apoptose. • O melhor tratamento é a prevenção. Existem outras formas, como cirurgia de ressecção, infiltração de corticoides etc. 5. Anestésicos locais • Os anestésicos locais (AL) são substâncias que bloqueiam a geração e propagação de impulsos eletricamente excitáveis, diminuindo sua sensibilidade, motricidade e função autonômica. • Primeiro anestésico utilizado na prática clínica foi a cocaína. Substituto sintético: procaína. • Possuem ação REVERSÍVEL e TEMPORÁRIA. • Seu principal mecanismo de ação é o bloqueio dos canais de sódio e a diminuição da permeabilidade ao sódio e ao potássio, impedindo a despolarização da membrana da célula nervosa. • Os AL são agentes especialmente úteis para a anestesia ambulatorial, visto que hoje se utilizam anestésicos com baixa toxicidade e grande eficácia. • Na prática clínica, os anestésicos podem ser utilizados em diversas vias de administração, como: ✓ Uso tópico: mucosas (vias aéreas, reto, uretra, olho etc.) e pele. ✓ Uso endovenoso: bloqueio de Bier, tratamento de alguns tipos de arritmias. ✓ Injeção diretamente no tecido: anestesia local. ✓ Bloqueios nervosos: periféricos ou centrais. Estrutura química dos anestésicos locais • Todos os AL usados atualmente na prática clínica possuem uma estrutura molecular básica: um anel aromático (porção lipofílica) ligado a uma amina 9 Marcella Carvalho 2021.2 terciária (porção hidrofílica), unidos por uma cadeia intermediária. A cadeia intermediária pode-se unir ao grupo aromático por uma ligação do tipo éster ou do tipo amida, o que permite a classificação dos anestésicos locais em amino-amidas e amino- ésteres. Amino-amida: possuem a ligação amida e são metabolizados no fígado pelo citocromo P450. São as mais utilizadas na prática clínica. Alguns exemplos são a bupivacaína, lidocaína e a ropivacaína. Amino-ésteres: possuem a ligação éster e são metabolizadas pela colinesterase plasmática com a formação do PABA (ácido para-aminobenzoico), o que lhes confere um poder maior de desencadear reações alérgicas. Por isso foram abandonados da prática clínica em anestesiologia. Alguns exemplos são a tetracaína e a procaína. • Algumas características dos anestésicos locais são importantes no momento da escolha técnica anestésica a ser empregada em diferentes situações. I. Lipossolubilidade: aumenta a penetração dos anestésicos nas membranas biológicas, aumentando sua potência. II. Ligação a proteínas plasmáticas: quanto maior a ligação proteica, menor será a sua porção livre do anestésico local no sangue e menor a sua filtração glomerular, aumentando, assim, a durabilidade do AL. III. Constante de dissociação: são bases fracas pouco solúveis e instáveis. São apresentados na forma de sais ácidos (cloridatos), o que melhora sua estabilidade e solubilidade. LIDOCAÍNA → em solução a 1 e 2%, gel e spray normalmente a 10% para uso tópico BUPIVACAÍNA → geralmente na forma racêmica, que possui bloqueio motor e analgesia prolongados, porém de cardiotoxicidade elevada em relação aos outros AL. A forma levogira (levobupivacaína) possui a propriedade de ser menos cardiotóxica, porém tem seu bloqueio motor prejudicado. ROPIVACAÍNA → é atualmente a droga com menor cardiotoxicidade, por isso seu uso está cada vez mais frequente na prática clínica diária. Tem um poder de vasoconstrição intrínseco, o que possibilita analgesia mais prolongada sem o uso de vasoconstritores. Fatores que influenciam a atividade dos AL • Epinefrina: aumenta a duração e melhora a qualidade do bloqueio. Consegue isso diminuindo a absorção local do anestésico local, já que promove vasoconstrição local. Não utilizar quando em bloqueios de extremidades corporais (não dar vasoconstritor em periférico). • Alcalinização: pH ácido diminui a atividade dos AL. Por isso, o bloqueio local de tecidos inflamados torna-se mais difícil. • Opioides: aumentam a intensidade e duração dos bloqueios centrais (raquianestesia e anestesia peridural), e de injeções intra-articulares. Não têm efeito para bloqueio de nervos periféricos. • Agonistas α2: atualmente, na prática clínica, utiliza- se cada vez mais a associação de drogas como a clonidina nos bloqueios centrais. Há intensificação tanto do bloqueio sensitivo quanto motor. Segurança na anestesia local • O objetivo da anestesia local é empregar anestésico local suficiente para promover anestesia de qualidade, porém sem atingir sua dose tóxica. Entretanto, a concentração de AL no tecido neural é muito difícil de ser determinada devido a diversos fatores, como: - A proximidade entre o AL injetado e o nervo que se pretende bloquear; - O fluxo sanguíneo em torno do tecido neural; - A difusão do AL através de barreiras orgânicas e para dentro do nervo (presença ou não de mielina); - A ligação de AL a tecidos não neurais da região como gordura, músculo etc.; - Absorção para o sistema vascular sanguíneo ou linfático. • A dose máxima para a LIDOCAÍNA sem vasoconstritor é 4mg/kg; a dose máxima com vasoconstritor é de 7mg/kg. Deve-se atentar para a solução comercial que vem numa apresentação a 2% e tem 20mg do anestésico por mL de solução. ➔ A lidocaína pode ser diluída em solução salina isotônica até a concentração de 1%. Metabolismo e toxicidade • As amidas são metabolizadas pelo sistema microssomal hepático (citocromo P450), sendo a lidocaína o anestésico de mais rápida oxidação.• Disfunções hepáticas por doenças (cirrose, hipertensão portal, insuficiência hepática) ou drogas (cimetidina, halotano, álcool, propranolol) aumentam a concentração sistêmica do anestésico pela queda da sua metabolização, podendo causar intoxicação por este anestésico de forma mais rápida. • A toxicidade se dá quando o AL atinge outros tecidos excitáveis (p. ex., SNC e sistema cardiovascular) em dose suficiente para causar 10 Marcella Carvalho 2021.2 ação, seja por injeção intravascular, absorção exagerada ou sobredose. • Os sinais e sintomas da intoxicação sistêmica dependem da sua concentração plasmática e da velocidade com que essa concentração foi atingida ➔ Formigamento da língua e dos lábios, zumbidos, distúrbios visuais, abalos musculares, convulsões, inconsciência, coma, parada respiratória e depressão cardiovascular. • Pode ocorrer também, toxicidade local pelo uso dos AL. Isso se deve a concentração do AL utilizada e presença de conservantes nas formulações comerciais. A injeção direta em músculos pode levar a uma micronecrose, principalmente quando associado à adrenalina. As reações alérgicas são muito raras. • Os pontos mais importantes que se deve ter em mente ao fazer uso de AL são: -não ultrapassar sua dose tóxica -evitar-se injeção intravascular, aspirando o êmbolo da seringa antes da injeção do AL -ficar atento para qualquer sinal de intoxicação sistêmica 6. Bloqueios periféricos • Os bloqueios são usados como técnica única ou associados a vários graus de sedação e até anestesia geral, para analgesia pós-operatória. Ocorrem pela injeção dos anestésicos locais dentro dos tecidos adjacentes aos nervos periféricos individuais ou aos plexos nervosos. • Praticamente todos os nervos periféricos podem ser bloqueados com maior ou menor dificuldade. Esta técnica apresenta baixo custo, é pouco dolorosa, pode ser realizada ambulatorialmente e apresenta baixo risco de toxicidade pelo baixo volume de AL geralmente empregado. • Contraindicações absolutas dos bloqueios de nervos periféricos: ✓ Alergia ✓ Recusa verdadeira do paciente ✓ Infecção local ✓ Coagulopatia sistêmica grave ✓ Doença neurológica preexistente (doenças demielinizantes) • Contraindicações relativas: cardiopatas e hepatopatas. • Geralmente usam-se grandes volumes quando o nervo é mal localizado ou quando se deseja bloquear vários nervos. Portanto, deve-se usar anestésicos com baixas concentrações nestes casos. • Não usar efedrina perto de vasos terminais, como dedos (anestesia troncular). • Observar o paciente pelo menos 30 minutos após o bloqueio, pois as concentrações máximas podem ocorrer neste período. • Cuidar com o posicionamento do paciente anestesiado, evitando lesões em extremidades, queimaduras, garroteamentos etc. • Utilizar agulhas de ponta romba (bisel curto) para evitar lesões de nervos). • Observar dor importante durante a injeção de anestésico. Podem ocorrer hematomas no local. FACE • O nervo trigêmeo apresenta seus ramos sensitivos, originados do gânglio de Gasser (semilunar ou do trigêmeo). Dá origem a três ramos importantes e que praticamente são os responsáveis pela inervação da face: nervo frontal, maxilar e mandibular. • Podemos bloquear esses nervos em suas origens ou depois de suas ramificações mais periféricas, com grande utilização nas cirurgias de face. • O bloqueio do nervo supraorbitário, quando associado ao bloqueio do nervo supratroclear, propicia a anestesia da região frontal e ápice do crânio. • Para bloquear o nervo supratroclear introduz-se uma agulha fina debaixo da borda da órbita (ângulo súpero-interno) e injeta-se de 1 a 1,5ml do anestésico local. • Para bloquear o nervo supraorbitário procura-se o forame supraorbital, situado a 2,5cm na linha média (linha da pupila) na borda superior da órbita e injeta-se 1 a 1,5ml do anestésico local. • O nervo infraorbitário, ramo do nervo maxilar, é exclusivamente sensitivo, apresentando-se como uma continuação do nervo maxilar, e inerva a pálpebra inferior, asa do nariz e lábio superior. • Para ser bloqueado, é necessário identificar o forame infraorbitário, que é palpável numa depressão 1,5cm abaixo da órbita, numa linha que passa pela pupila. Introduz-se uma agulha na parte externa do forame (via pele ou via oral) e injeta-se 1,5 a 2 ml de anestésico local. 11 Marcella Carvalho 2021.2 • O nervo mentoniano é um ramo do nervo mandibular, responsável pela inervação da região mento e lábio inferior. Para seu bloqueio, é necessário traçar-se uma linha perpendicular da comissura labial até a margem inferior da mandíbula e, na metade desta distância, injetar 0,5 a 1 ml de anestésico perto do osso mandibular. • O nervo nasociliar, ramo do nervo oftálmico, quando bloqueado bilateralmente, anestesia o dorso, cavidade anterior e septos nasais, exceto a asa do nariz. BLOQUEIO INTERCOSTAL • Técnica alternativa para cirurgias de parede abdominal e torácica, tendo como principal vantagem a analgesia prolongada pós-operatória. • Usado em cirurgias de mama, nódulos, drenagens de abscessos, etc. • Pode ser realizado bilateralmente da sexta à decima segunda costela. • Tem como fator adverso a necessidade de punções múltiplas que causam certo desconforto ao paciente e como complicações possíveis o pneumotórax, insuficiência respiratória, toxicidade sistêmica dos anestésicos e hipotensão arterial. BLOQUEIO DO PLEXO BRAQUIAL • Bloqueios do plexo braquial podem ser realizados para procedimentos cirúrgicos em qualquer parte do membro superior. • As vias de abordagem podem ser: ✓ Via interescalênica: o plexo braquial está envolto pelas fáscias dos músculos escalenos e fáscia pré-vertebral. Usado para bloqueios proximais dos componentes do plexo e muito utilizado para proporcionar analgesia pós- operatória. O volume de anestésico local, em ml, é de aproximadamente 20% da altura do paciente em centímetros. A punção pode ser feita procurando-se parestesia ou com uso de estimuladores de nervos periféricos na depressão interescalênica. ✓ Via perivascular subclávia: maior risco de pneumotórax ✓ Via infracavicular; ✓ Via perivascular axilar. BLOQUEIOS DE BIER (ANESTESIA VENOSA REGIONAL) • Consiste na injeção intravascular de anestésico local em uma extremidade do corpo que se encontra separada do resto da circulação sistêmica por um garrote. • Tem rápido início de ação e causa relaxamento muscular concomitante. • A duração do bloqueio é determinada pelo tempo do garrote, e a sensibilidade é prontamente restabelecida quando o garroteamento é desfeito. • A lidocaína é a droga de escolha (lembrar sempre da toxicidade dos anestésicos locais em injeção intravascular. • A dose recomendada é de 30mg/kg (40ml a 0,5%) para membro superior e 50 a 100 ml a 0,25% para membro inferior, ambas sem adição de epinefrina. MÃO • Bloqueios de mão são usados como complementação de possíveis falhas ocorridas com outras técnicas de bloqueios de plexo braquial ou isoladamente, em casos específicos, nos quais a área cirúrgica é restrita ao território de inervação de um ou dois nervos, por exemplo: lesões cortantes de extremidades, retirada de lesões etc. • O bloqueio do nervo radial (nível do punho) é realizado subcutaneamente com a injeção de 5 ml de anest[esico local em hemipulseira no dorso do punho. • O bloqueio do nervo mediano (nível do punho) é realizado com uma punção única perpendicular ao bordo radial do tendão do músculo pequeno palmar. Injeta-se 5 ml de anestésico local após parestesia, se não for conseguida parestesia injeta- se 100ml. • Para o bloqueio do nervo ulnar, palpa-se a artéria ulnar e introduz-se uma agulha entre esta e o tendão do músculo flexor ulnar do carpo. Após parestesia, injetam-se 4 ml de anestésico local e complementa-se com 5 ml em hemipulseira. DEDOS • As anestesias troncularessão muito utilizadas para pequenas suturas e procedimentos ungueais. • Podem ser realizadas na extremidade distal dos metacarpianos ou pelo dorso da raiz dos dedos, bilateralmente. • A punção deve ser perpendicular à pele e passar por todos os planos, até a face palmar. • Nunca usar anestésico local com epinefrina nestes bloqueios. 12 Marcella Carvalho 2021.2 PÉS • O bloqueio do nervo sural atinge a planta dos pés, dos dedos e calcanhares, geralmente associado ao bloqueio do nervo tibial. A agulha deve entrar perpendicularmente à pele no meio da distância entre o maléolo lateral e o tendão de Aquiles, e deve ir ate o periósteo da tíbia. Injetam-se de 5 a 10 ml de anestésico local. • Bloqueia-se o nervo tibial introduzindo a agulha perpendicular à pele na metade da distância entre o maléolo medial e o tendão de Aquiles até o periósteo da tíbia. Injetam-se de 5 a 10 ml de anestésico local. 7. Técnicas e materiais hemostáticos • A hemostasia tem o objetivo de evitar ou estancar o sangramento. Uma boa hemostasia ultrapassa o ato cirúrgico, impedindo a perda excessiva de sangue, propiciando melhores condições técnicas e aumentando o rendimento do trabalho. • No pós-operatório, a mesma favorece a evolução da ferida cirúrgica, evitando a infecção, pois o hematoma funciona como um verdadeiro meio de cultura para as bactérias; isto afasta a necessidade de reoperação para a drenagem de hematomas e de abscessos. • A hemostasia pode ser temporária ou definitiva, preventiva ou corretiva. O método por pinçamento é cruento e temporário, podendo transformar-se em definitivo por ligadura, cauterização ou angiotripsia. Avaliação pré-operatória: • História prévia de sangramento durante procedimento cirúrgico ou odontológico; alcoolismo; necessidade de transfusões; uso de medicações anticoagulantes. Solicitar coagulograma prévio. Medidas pré-operatórias: • Evitar ingesta de álcool 2 semanas antes e 1 após a cirurgia. • Suspender AAS 10 a 14 dias antes da cirurgia e 2 dias após. • AINES devem ser interrompidos 3 a 4 dias antes e 2 dias após. • Varfarina, se possível, deve ser suspensa 3 dias antes e 1 dia após o ato cirúrgico. Medidas intra-operatórias: • Eletrocoagulação: eletrocoagulação unipolar ou bipolar é a maneira primária de hemostasia. Indicada em feridas cirúrgicas em nível dermo- hipodérmico. A unipolar resulta em maior destruição tecidual local e há passagem da corrente através do corpo do paciente, requerendo uma placa em contato com a pele do paciente em local distante da cirurgia. Deve ser evitada em pacientes com marca-passo ou desfibriladores cardíacos internos automáticos. A bipolar é mais precisa, ocorre menos necrose tecidual e é segura em pacientes com marca-passo. Indivíduos com desfibriladores cardíacos internos automáticos continuam sendo de risco. • Eletrodessecação: não é tão efetiva quanto a eletrocoagulação. Equipamentos de menor custo. Há mais necrose tecidual. A corrente não passa através do paciente e, consequentemente, não necessita de placa. Indicada para procedimentos menos superficiais. • Cautério de mão com bateria: relativamente barato, sendo indicado para procedimentos mais superficiais. Gera muito calor e. muitas vezes, causa mais evaporação dos vasos e tecidos do que hemostasia diretamente. • Ligadura de vasos: vasos que continuam sangrando após coagulação, especialmente arteríolas ou artérias, devem ser ligados. Mais frequentemente são utilizados fios de sutura absorvíveis de calibre 3-0 ou 4-0. Vasos são comumente ligados e amarrados diretamente com uma sutura circundando o mesmo. Vasos pequenos → cauterização Vasos grandes ou médios → ligadura • Suturas: sutura no plano profundo com fio absorvível diminui os espaços mortos e reduz a possibilidade de sangramento. É preferível à sutura superficial, que pode resultar em necrose e marcas dos pontos. • Curativos: os compressivos são mais hemostáticos. Atenção nas extremidades em que possam resultar hipóxia e necrose. Descoloração, disestesia e desconforto são sinais de alerta. Cautério: vaso pequeno Amarrar: vaso maior Suturar: vaso importante Medidas pós-operatórias • Orientação ao paciente: equimoses são comuns e hematomas incomuns. Edema também é comum, mas induração da área deve preocupar. As regiões periorbitais, fronte, regiões malares e laterais do pescoço comumente apresentam equimoses pós- cirurgias. O sinal precoce de formação de hematoma é um edema no local da cirurgia que progride em minutos ou horas. Sangramento continuado leva à saída de sangue pela ferida operatória. • Suspeita de hematoma: se há suspeita dentro das próximas horas após a cirurgia, a ferida cirúrgica deve ser comprimida, observando a presença de induração ou saída de sangue entre a sutura. No caso de dúvida, um ou mais pontos da sutura devem ser retirados e a porção profunda da ferida deve ser examinada para verificar a presença de sangue vivo ou coágulos. • Hematoma imediato: hematoma precoce – caso seja observado sangramento ativo, o campo operatório deve ser preparado, com antissepsia prévia e sob anestesia a ferida deve ser aberta e examinada. O hematoma organizado deve ser retirado e a ferida ser lavada com soro fisiológico ou água estéril. O vaso com sangramento deve ser eletrocoagulado ou ligado. (até 48) • Hematoma tardio: hematoma de aparecimento dias após a intervenção cirúrgica é menos comum e difícil de detectar. Se houver suspeita, fazer aspiração com agulha. (após 48h) 13 Marcella Carvalho 2021.2 • Hematoma no couro cabeludo: região ricamente vascularizada; induração é difícil de visualizar; pacientes podem queixar-se de cefaleia difusa, mal definida. • Sangramento difuso: sangramento ativo que aparece difusamente no pós operatório e persiste por vários dias pode indicar uma disfunção das plaquetas ou alteração da coagulação. Estes pacientes requerem avaliação hematológica, incluindo hemograma, RNI, tempo de protrombina e tempo parcial de tromboplastina; além de avaliação por hematologista. INSTRUMENTOS E AGENTES HEMOSTÁTICOS • A hemostasia temporária pode ser executada, no decorrer da cirurgia, com instrumentos prensores, dotados de travas, denominados pinças hemostáticas. • Prendem a extremidade do vaso seccionado até que a hemostasia definitiva seja feita, geralmente por ligadura com fios. Na medida do possível, devem pinçar apenas o vaso, com um mínimo de tecido adjacente. • Pinça de Kelly: difere da de Crile pelas ranhuras da sua parte prensora, que ocupa apenas 23 da sua extensão, com pequenas variações. Tamanhos variam de 14 a 16cm, versões reta ou curva. • Pinça de Halsted: pinça hemostática pequena, de ramos prensores delicados, prestam-se muito bem para pinçamento de vasos de menor calibre, pela sua precisão. Geralmente são utilizadas pinças de 12cm, há uma variante denominada HATMANN- HALTED que possui de 8 a 10cm. • Pinça de Crile: possui ranhuras transversais em toda a extensão da sua parte prensora. Isto lhe confere utilidade também no pinçamento de pedículos, quando a pinça é aplicada lateralmente, não sendo utilizada a extremidade. Por ser totalmente ranhurada, não desliza, fixa-se bem às estruturas que compõem o pedículo. Tamanhos variam entre 14 e 16cm, nas versões reta ou curva. • Pinça de Kocher: apresenta a face interna da sua parte prensora totalmente ranhurada no sentido transversal. - Diferem por possuir “dente de rato”, o que por um lado aumenta muito a sua capacidade de prender-se aos tecidos, por outro, a torna muito mais traumática. - São apresentadas em tamanhos variados, retas ou curvas. • Aparelhos de eletrocoagulação e cauterização térmica: na cauterização, o eletrodo quente é aplicado diretamente no tecido, causando destruição térmica localizada e mínima. A eletrocoagulação é útil para destruição tecidualmais profunda e hemostasia cirúrgica. • Torniquetes: pode-se usar um dedo da luva. Corta-se a ponta do dedo de uma luva esterilizada e enrola-se no sentido proximal. Caso haja necessidade de maior hemostasia, deve-se utilizar pinça hemostática, sando uma volta na borracha. São empregados principalmente em cirurgia de unha para promover hemostasia do campo pré- operatório. [20 a 30 min. Corte com saída brusca de sangue. Comprime e verifica pulso distal. + mantêm compressão; - torniquetes] • Soluções hemostáticas: cloreto de alumínio a 35% em álcool isopropílico ou a 20% em etanol, solução de Monsel (subsulfato férrico), cloreto de ferro, bastões de nitrato de prata, adrenalina. Soluções de Monsel e cloreto de alumínio são agentes hemostáticas comumente utilizados em pequenos procedimentos cirúrgicos como barbirese e biópsia com punch. Deve-se aplicar com cotonete, pressionando durante um a três minutos. Agem rapidamente. Ambos podem retardar a cicatrização. • Curativos hemostáticos: são curativos oclusivos sob pressão, com bandagem ou faixas, utilizados com frequência para promover hemostasia. O curativo deve ser removido 48 horas após, evitando manobras bruscas para que não haja sangramento. • Em situações de sangramento maior e fiduso, podem ser empregados hemostáricos tópicos, bioabsorvíveis, como esponjas de gelatina, esponjas de colágeno, celulose oxidizada, colágeno microfibrilar e trombina. Medeiam a agregação, a deposição e a ativação das plaquetas, promovendo formação do coágulo. Devem ser removidos antes do fechamento da ferida cirúrgica, devido ao risco maior de infecção local. Grampeamento • É realizado através da sutura mecânica com grampeadores automáticos. • Os grampos metálicos de aço inoxidável, titânio ou material absorvível são adotados em cirurgia pulmonar, vascular e gastrointestinal. • Possui a vantagem de facilitar a hemostasia em territórios de espaços exíguos com rapidez e mínima reação tecidual • Sua desvantagem ainda é o alto custo. Obturação • É realizada através da aplicação de substâncias exógenas na luz do vaso sangrante. • São exemplos: as esponjas de gelatina, celulose oxidada e congêneres, usadas para combater hemorragias difusas e que agem aderindo-se firmemente ao local, provocando obstrução mecânica. COMPLICAÇÕES: os pequenos hematomas serão tratados com compressas frias, enquanto os 14 Marcella Carvalho 2021.2 hematomas maiores serão drenados através da lavagem da ferida cirúrgica com soro fisiológico estéril. Curativos compressivos fazem-se necessários até a sua absorção. A formação de abscesso inicia com eritema, edema, hipersensibilidade local e dor persistente, evoluindo com calor e pustulização, posteriormente acompanhado de sinais e sintomas infecciosos como linfadenopatia, febre e calafrios. Necessita de antibioticoterapia sistêmica e drenagem com cicatrização por segunda intenção. Pode resultar em deiscência de sutura, isquemia, necrose e cicatriz, cosmeticamente desagradável. 8. Biópsia • A biópsia é um procedimento técnico cirúrgico para a retirada de células ou fragmentos de tecidos para o exame da natureza de alterações nele existentes. Pode ser empregada para investigação, diagnóstico, tratamento e prognóstico. • Requer material adequado, treinamento apropriado, indicação correta e execução detalhada. Ara aumentar as chances de sucesso, devem-se observar as normas técnicas para coleta, acondicionamento, transporte e processamento da amostra. • O fornecimento de dados precisos ao laboratório e a boa comunicação com o patologista facilitam a interpretação do resultado, influenciando a conduta e a programação subsequente. • Uma biópsia é recomendada na suspeita de doenças que provoquem alterações morfológicas nos tecidos afetados. Suas indicações incluem: - Diagnóstico específico ou compatibilidade com determinada doença. - Diagnóstico diferencial por exclusão de outras patologias. - Estabelecimento de grau de diferenciação de tumores. - Avaliação da extensão de uma neoplasia. - Verificação da ressecção total de uma lesão. - Avaliação e controle do resultado de um tratamento. - Investigação do funcionamento normal de certos tecidos ou órgãos. - Identificação da etiologia. - Avaliação do comportamento de doenças de evolução progressiva. - Aferição da presença e intensidade de rejeição em órgãos transplantados. - Programação e planejamento de cirurgia. • Os métodos de diagnóstico rápido são usados principalmente em patologia cirúrgica para diagnóstico peroperatório, auxiliando a tomada de decisão terapêutica. • As principais técnicas empregadas são: biópsia por congelação, esfregaço e imprint. ➔ Biópsia por congelação: o fragmento obtido é congelado para provocar seu endurecimento e facilitar o corte, através de micrótomo de congelação tradicional ou criótomo. ➔ Esfregaço: o fragmento é obtido através de raspagem grosseira da lesão com lâmina. A porção mais fina é utilizada para estudo de células isoladas, e a porção mais espessa para avaliar fragmentos da lesão. Durante a cirurgia, auxilia na diferenciação entre os processos benignos e malignos. ➔ Imprint: o material obtido resulta da compressão de lâminas sobre a superfície de corte da lesão, ou da lesão sobre as lâminas, sendo mais usado para o estudo citológico. • A citologia é um recurso empregado para o diagnóstico e também para o controle de determinados tratamentos. Utiliza-se secreção vaginal; urina; escarro; lavado esofágico, gástrico, brônquico, colo e reto; aspirado duodenal; exsudato pleural, peritoneal, pericárdico e articular. O material recolhido é colocado sobre a lâmina; faz- se o esfregaço e fixa-se; no laboratório é corado e realizado o exame microscópico. Princípios Básicos • O fator prioritário é conseguir melhorar a amostra. • É fundamental preparar o paciente para o procedimento, orientando os possíveis benefícios e intercorrências do ato cirúrgico. Incluir informações relativas à anestesia, curativos, analgesia, retirada de pontos e revisão do caso. Escolha da biópsia • O método de escolha varia de acordo com o órgão alvo, com o tamanho da lesão, com a suspeita clínica e com as características do paciente. • Quanto à região cutânea a ser biopsiada, nas erupções generalizadas, preferir tórax, braços e coxas. Joelhos e cotovelos devem ser evitados, sempre que possível, por se tratar de áreas de tensão. Instrumento empregado Procedimento técnico Tempo cirúrgico Finalidade da biópsia Escolha da amostra Agulha, aspirador Lâmina bisturi Cureta Punch Shave tesoura Punção, incisão, excisão, curetagem, punch, shave Pré- operatório Peroperatório Pós- operatório Investigação Diagnóstico Terapêutica Prognóstico Amostra única Mais de uma amostra 15 Marcella Carvalho 2021.2 • Evitar também biópsias em regiões inguinais e axilares, que são áreas mais colonizadas e propensas à contaminação. • Palmas a plantas costumam ser poupadas pela dificuldade de aproximação dos tecidos na sutura. • A área pré-esternal, braços e articulações merecem cautela pela maior incidência de queloides. E, por razões estéticas, evita-se a face. • Nas lesões pequenas, realizar exérese total. Nas lesões grandes, biopsiar a borda abrangendo tecido doente e sadio. Eventualmente, pode ser necessário realizar biópsia da lesão e biópsia da pele são em área simétrica, para possibilitar a interpretação de determinadas afecções. • Linfonodos e tumores subcutâneos devem ser retirados por inteiro. - Nas lesões hipocrômicas: retirada de tecido do tecido sadio e doente; - Lesão vesicobolhosa: retirar a bolha; - Lesão hipercrômica: tirar a lesão completamente se for pequena. Classificação • A biópsia pode ser classificada quanto ao instrumento empregado, procedimento técnico, tempo cirúrgico, finalidade e escolhada amostra. Detalhes técnicos comuns • Pré-operatório • Transoperatório: - Opções de anestesia → os anestésicos injetáveis mais usados são a base de lidocaína (0,5 a 2%), com ou sem vasoconstritor. A adrenalina reduz o sangramento, aumenta a duração do efeito anestésico e facilita o ato cirúrgico. - Opções de técnicas → a técnica será a menos traumática possível para se alcançar o objetivo desejado. - Opções de fixadores → o espécime será colocado em frasco devidamente identificado, contendo o fixador ou meio de transporte específico. FIXADOR OU MEIO DE TRANSPORTE INDICAÇÃO FORMOL A 10% (FIXADOR UNIVERSAL) Sua quantidade deve ser de 10 a 20 vezes o volume do fragmento retirado. O tempo de fixação depende da espessura do material. Deve ser evitado na pesquisa de melanócitos pela coloração DOPA GLUTARALDEÍDO A 3% Utilizado para microscopia eletrônica NITROGÊNIO LÍQUIDO Transporte de material que será submetido à coloração para enzimas. SOLUÇÃO DE MICHEL Transporte de material que será submetido à coloração por imunofluorescência SOLUÇÃO SALINA A 0,9% Indicado para o exame de congelação ou também para o transporte de material em que se pretende realizar cultura microbiológica. • Pós-operatório: - Complicações de biópsias, embora infrequentes, podem ocorrer e devem ser previamente discutidas com o paciente. Entre elas, verificam-se edema, hipoestesia, discromia, hematoma, cicatriz e infecção. - A retirada de pontos depende da localização: cerca de 5 dias para a face e após 7 a 14 dias em lesões de tronco. Biópsias de pele Biópsia excisional: é a retirada total da lesão a ser estudada, incluindo a pele em toda a sua espessura. Na maioria das vezes também é terapêutica. As principais indicações são lesões com bordas ativas em expansão; lesões atróficas, escleróticas ou bolhosas; lesões que acometem a hipoderme ou o subcutâneo e suspeita de melanoma. Todas as lesões supostamente malignas, na medida do possível, devem ser submetidas à excisão cirúrgica completa com margem de segurança. Biópsia incisional: é a retirada de uma parte da lesão ou de um órgão. O material fornecido por este procedimento pode ser insuficiente para distinguir as neoplasias invasivas. As principais indicações são no estudo de músculos, nervos, ossos, tecido subcutâneo e processos inflamatórios ou infecciosos disseminados da pele ou de outros órgãos. A retirada do fragmento deve englobar tecido doente (borda) e tecido sadio. Complicações incluem infecção da ferida, hemorragia per ou pós-operatória, distúrbios de cicatrização e possibilidade de disseminação local de células tumorais. Biópsia por punch: recurso para diagnóstico, podendo ser também terapêutico nas lesões pequenas e superficiais. É um instrumento tipo saca-bocado, constituído por cabo e borda circular cortante. A execução deste tipo de biópsia é fácil e rápida. A área biopsiada deve estar totalmente acometida pela lesão. Na amostra única, deve-se escolher uma lesão bem desenvolvida. Nas erupções em processo evolutivo, ou que apresentem diversidade de lesões, está indicada a coleta de várias amostras devidamente identificadas. Está contraindicada em áreas sobre artérias, como sobrancelhas e região nasolabial, sendo inadequada para doenças do tecido adiposo e lesões pigmentadas suspeitas de melanoma. Biópsia por shave: é a retirada da porção de pele elevada, acima do plano do tecido adjacente, entre a camada papilar profunda da derme e a camada médio-reticular, através da utilização de instrumento estéril cortante descartável como lâmina de bisturi ou lâmina de barbear. Está indicada para a obtenção de fragmentos ou mesmo a remoção de lesões epidérmicas benignas, de crescimento exofítico, como ceratose seborreica, verrugas vulgares, alguns nevos melanocíticos. Não é adequado na avaliação de doenças inflamatórias da pele, neoplasias que clinicamente parecem infiltrar a derme e lesões pigmentares. 16 Marcella Carvalho 2021.2 Biópsia por curetagem: é a retirada de lesões superficiais benignas através da raspagem local. É empregada para diagnóstico ou tratamento. Quanto mais friável o tecido, mais fácil o procedimento. Está indicada para a remoção de molusco contagioso, verruga, mílio, ceratose seborreica e ceratose actímica. Sua principal vantagem é rapidez, entretanto, o material obtido para o exame histopatológico geralmente é fragmentado e deformado. Biópsia por tesoura: é uma variante da técnica do shave e está reservada para lesões pediculares benignas, como lesões polipoides ou verrugas filiformes. O material fornecido é superficial para a investigação de malignidade. Biópsia por punção: é a retirada de líquido ou fragmento de tecido através de agulha fina ou calibrosa, de forma manual ou automática. A sensibilidade, a especificidade e a acurácia diagnóstica deste método dependem da experiência do profissional que colhe e daquele que interpreta o material. Punções com agulhas podem ser guiadas por palpação, ultrassom, estereotaxia, TC ou RNM. Agulha manual: cope – pleura Agulha automática: tru cut – rins, fígado Biópsia de unha: é indicada para a investigação de psoríase, líquen plano, infecções fúngicas atípicas, distrofias ungueais de causa desconhecida, neoplasias e remoção de tumores do aparelho ungueal. Tem a vantagem de esclarecer o diagnóstico das doenças ungueais; porém pode causar deformidade permanente da unha. Biópsia de couro cabeludo: é indicada para a investigação de foliculites, pseudofoliculites, alopecia areata, alopecia androgênica e alopecias cicatriciais, especialmente causadas por lúpus eritematoso, pseudopelada, foliculite decalvante e síndrome da degeneração folicular. A biópsia deve incluir pelo e amostra de pele até subcutâneo, sendo realizada através de incisão por bisturi ou, mais frequentemente, por punch 4mm. Biópsia de mucosa: indicada para a investigação de líquen plano, paracoccidiodomicose, pênfigos, leucoplasia, eritroplasia de Queyrat, papulose bowenóide e neoplasias. A vantagem é esclarecer o diagnóstico específico da lesão da mucosa. A principal desvantagem é o perigo de hemorragia. Biópsia de músculo: indicada para a investigação de dermatomiosite, fascite eosinofílica, polimiosite tropical, doenças neuromusculares, miopatias e distrofias primárias ou secundárias a doenças endócrinas, genéticas, drogas, vasculites etc. A apresentação clínica aponta o músculo que apresenta sinais de enfraquecimento e atrofia, sendo a biópsia precedida de estudo eletromiográfico ou RNM. Em doenças de progressão lenta, escolhe-se um músculo moderadamente comprometido, e em doenças de progressão rápida, escolhe-se o mais comprometido. Em geral, retira-se o ventre muscular. Vantagem é o diagnóstico, desvantagem de sangramento e desenvolvimento de hérnia muscular. Biópsia de nervo Biópsia de linfonodo 9. Manejo das afecções benignas de pele • Pré-operatório: sanar dúvidas do paciente; explicar o procedimento; verificar histórico (história medicamentosa, doenças prévias, tabagismo, etilismo, alergias...); termo de consentimento. • Pós-operatório: instruções claras ao paciente; prescrição de analgesia; riscos • Fisiopatologia da cicatrização de feridas superficiais • Formas de cicatrização: - Por primeira intenção: é o que acontece quando os tecidos são repostos em posição como nas incisões cirúrgicas suturadas; quando há significante perda de células e os tecidos são bem fechados e sem “espaço morto”, que é uma falha de contato; - Por segunda intenção: quando as bordas de uma ferida não são, ou não podem ser aproximadas, como ocorre, por exemplo, nas perdas de substância acidental, após grandes processos inflamatórios ulcerativos ou nas úlceras de decúbito; sendo que este processo de cicatrização é mais demorado e também maissuscetível a complicações. - Há autores que consideram, ainda, a cicatrização por terceira intenção, nos casos de ressuturas de tecidos granulados, e a por quarta intenção, nos casos de enxertia cutânea. • Técnica cirúrgica: a manipulação da pele por causa da inexperiência e do uso de instrumentação inapropriada pode levar à formação de crostas, descamação da pele, desvitalização do tecido. A escolha do instrumento cirúrgico vai minimizar o dano não-específico da pele. A cirurgia a laser, a eletrocirurgia, a criocirurgia e o peeling químico são técnicas indispensáveis, mas também produzem quantidades variáveis de injúria não-específica na pele. As proteínas desnaturadas e os debris necróticos prolongam o estágio de inflamação de feridas. A cirurgia com o uso de bisturi minimiza o dano à pele e deve ser considerada sempre que possível. • Fatores que afetam a cicatrização: infecção bacteriana; radioterapia; uso de medicamentos; localização; dessecação. • Possíveis complicações: dermatite de contato; dermatite seborreica; granulação tecidual exuberante; cicatrizes hipertróficas e queloides. • Avaliação da cicatrização: presença de transudato (substância altamente fluida, que extravasa os vasos sanguíneos e possui pouco conteúdo de proteínas, células e derivados celulares) ou exsudato (material fluido, formado por células e/ou debris celulares, que escapam de um vaso e depositam-se nos tecidos ou superfícies, normalmente como resultado de um processo inflamatório). - Punção por agulha fina: exame citológico para a análise de células ou grupos de células de líquidos de lesões císticas ou de cavidades corporais e, com menor frequência, de lesões de órgãos intracavitários. Tireoide, mama - Punção com agulha calibrosa ou especial: exame histológico de material retirado de órgãos intracavitários e, em menor frequência, de órgãos superficiais. O exsudato supurativo ou purulento é um líquido composto por células (leucócitos) e proteínas, produzidas por um processo inflamatório asséptico ou séptico. O exsudato fibrinoso é o extravasamento de grande quantidade de proteínas plasmáticas, incluindo o fibrinogênio e a precipitação de grandes massas de fibrina. 17 Marcella Carvalho 2021.2 • A cor na avaliação das feridas pode ser: ✓ Avermelhada: pode indicar a predominância da fase inflamatória; ✓ Rosada: presença de tecido de granulação; ✓ Amarelada: presença de fibrina que faz parte da composição dos tecidos desvitalizados. Observação: - Diferença entre pápula, nódulo e mácula. • Pápula = <1cm; Nódulo = entre 1 e 3 cm; Mácula = >3 cm; Verrugas • São infecções localizadas, produzidas pelo subgrupo papova, cujo vírus é auto-inoculável, mas não foi cultivado até o momento, incidindo mais usualmente em crianças. • Nas verrugas, as células proliferam formando uma massa que permanece confinada à epiderme, podendo em alguns casos esta massa protruir para baixo e deslocar a derme. • As verrugas apresentam morfologia variada, dependente da localização. • Tipos de HPV (vulgar): 1, 2, 4, 7, 27 e 57 → Verruga vulgar: pápulas ceratósicas de superfície rugosa, medindo alguns mm de diâmetro, em número variável, situadas em qualquer região do corpo, porém mais frequentes no dorso das mãos; às vezes dispõem-se em torno da unha ou no leito ungueal. Tratamento: algumas lesões sofrem resolução espontânea, outras necessitam de várias sessões. A escolha do tratamento deve ser sempre conservador. - As preparações com ácido salicílico a 25%, ácido lático a 20% com aplicações diárias e o uso do ácido nítrico fumegante com aplicações semanais apresentam bons resultados. - O imiquimod em creme aplicado oclusivo à noite e a remoção da queratina pela manhã com uma lixa ou pedra-pomes é outra opção terapêutica. - O uso de eletrocoagulação e a curetagem, bem como crioterapia com nitrogênio líquido, são efetivas no tratamento, mas podem deixar cicatrizes ou discromia. → Verruga plantar: são pápulas que, devido à localização, crescem para dentro; em geral são assimétricas e pouco numerosas, medem de milímetros a centímetros; e podem impedir a marcha normal, pelo desconforto e dor. Tratamento: uma técnica que não cause cicatrizes na planta dos pés, que podem ficar dolorosas por anos, deve ser usada. - A terapia combinada com o uso de ácido salicílico, ácido lático, em colódio elástico deve ser precedido do uso de uma lâmina ou lixa para aparar a verruga, a após a aplicação, deixar ocluída com esparadrapo. - Aplicação de imiquimod em creme, com oclusão após o desbridamento da verruga, intercalando com ceratolíticos e crioterapia com intervalos de 2 semanas, apresenta bons resultados. - Vários lasers estão disponíveis para tratar verrugas resistentes, o procedimento é dispendioso e pode ser doloroso. → Verruga plana: pápulas pouco salientes, de superfície plana, como milímetros de diâmetro, numerosas, rosadas, marrom-claras ou amarelas-claras, localizadas em geral na face e no dorso da mão em adolescentes, e na parte inferior das pernas em mulheres. Tratamento: tratamento conservador. - Nas lesões múltiplas deve-se utilizar ácido retinóico 0,05% creme à noite durante 3 a 5 semanas; imiquimod em creme com aplicações diárias 3 vezes por semana, ou 5-flouracil aplicado em noites alernadas. - Para lesões individuais, aplicar ácido tricloroacético a 30% ou crioterapia usando um cotonete. Eletrofulguração com carga baixa também pode ser usada. → Verruga filiforme: consistem de poucas ou várias projeções digitiformes, cor da pele, emanando de uma base estreita ou ampla, localizadas em torno da boca, dos olhos e da asa do nariz. 18 Marcella Carvalho 2021.2 Tratamento: possuem base estreita, podem ser cortadas com uma tesoura curva e a hemostasia com a eletrocoagulação. → Verruga genital ou condiloma acuminado: lesões vegetantes, porém não-ceratósicas, úmidas, isoladas ou agrupadas, com aspecto de couve flor, atingindo, às vezes, proporções gigantescas; localizam-se na área genital e perigenital, geralmente em pessoas adultas. Pode haver acometimento da mucosa uretral, retal ou vaginal. Tratamento: - Aplicação de podofilina a 25% em tintura de benjoim, enxaguar após 6 horas, 1 aplicação por semana; - ou 5-flourouracil 3x por semana; - ou imiquimod em creme 1x ao dia. - Crioterapia com nitrogênio líquido com intervalos de 2 a 3 semanas, eletrocirurgia e vaporização a laser com CO2, Nd- YAG laser também apresentam bons resultados. Epidermodispladia verruciforme • Clinicamente lembra a verruga plana, mas as lesões são em maior número, têm início na infância devido a incapacidade de controlar os papilomas vírus. Algumas delas tornam-se carcinomas espinocelulares, sendo que o HPV5 possui elevado potencial oncogênico. • Tratamento: retinoides sistêmicos, interferon, crioterapia, laser de CO2. Ceratose seborreica • São placas superficiais, céreas, marrom-escuras e tamanhos variados, facilmente removidas. São geralmente ásperas, podendo ser lisas em áreas de atrito, como pregas cutâneas e cintura. • Quando irritadas, podem adquirir tonalidade avermelhada, ou escuro, e tornarem-se pruriginosas. • O aparecimento súbito de muitas destas placas é o chamado sinal de Leser-Trelat; isto pode ser um sinal de câncer visceral. • Tratamento: normalmente, a excisão das ceratoses seborreicas é feita para fins cosméticos ou para eliminar a fonte de irritação da pele. É um procedimento simples, podendo ser realizado com shaving, eletrocoagulação ou crioterapia. Corno cutâneo • É uma projeção dura e crônica composta de queratina e lembrando o corno de um animal. • Ocorre na face, nas orelhas e nas mãos, e pode tornar-se muito longo. • As verrugas, a ceratose actínica e carcinoma epidermoide podem reter queratina e produzir cornos. • Pode crescer acima de
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