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Cirurgia Ambulatorial

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1 
 
Marcella Carvalho 2021.2 
 
 
1. Pré operatório em cirurgia ambulatorial 
• Um procedimento cirúrgico, por mais simples que 
seja, promove sempre um desequilíbrio na 
integridade anatomofisiológica do paciente. 
• A cirurgia ambulatorial compreende operações 
menos complexas do que as de maior porte, que 
requerem sempre cuidados pré e pós-operatórios e 
internação hospitalar, e muitas vezes internação 
um ou mais dias antes do procedimento para 
preparo pré-operatório. Nas cirurgias 
ambulatoriais, o paciente não permanece 
internado. 
• Os procedimentos cirúrgicos podem ser divididos 
em quatro categorias ou níveis, de acordo com a 
intensidade potencial do trauma: I, II, III e IV. Nos 
dois primeiros níveis, por não ter internação 
necessária, os procedimentos são considerados 
ambulatoriais. Diferem entre si pelo fato de que no 
primeiro nível a anestesia é local, não sendo 
necessário anestesiologista e período de 
recuperação pós-anestésica. 
• O pré-operatório é o período compreendido entre a 
indicação da intervenção cirúrgica e o momento do 
ato operatório. 
• Para o paciente que será submetido ao 
procedimento cirúrgico ambulatorial, deve-se levar 
em conta características que envolvem: 
✓ Aspectos legais; 
✓ Avaliação do risco cirúrgico; 
✓ Situações especiais; 
✓ Relacionamento pessoal; 
✓ Preparo geral do paciente (psicológico, 
fisiológico e prevenção da infecção); 
✓ Aspectos de ordem técnica. 
→ Aspectos legais 
• Não só a eficiência técnica basta, pois existem 
questões de outra ordem que não podem ser 
ignoradas. A jurisprudência está em transição e a 
medicina moderna é regida pela autonomia do 
paciente. 
• Artigo 14 do Código do Consumidor: “O fornecedor 
de serviços responde, independentemente da 
existência de culpa, pela reparação dos danos 
causados aos consumidores relativos à prestação 
dos serviços, bem como por informações 
insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e 
riscos”. 
• Artigo 15 do Código Civil: “Ninguém pode ser 
constrangido a submeter-se com risco de vida a 
tratamento médico ou a intervenção cirúrgica”; e 
código 422 “os contratantes são obrigados a 
guardar, assim na conclusão do contrato com em 
sua execução, os princípios da probidade e da boa 
fé”. 
 
→ Avaliação do risco cirúrgico 
• O futuro sucesso do tratamento proposto ao 
paciente inicia-se através de adequada anamnese 
e exame físico completo. 
• Queixa principal: direcionar o cirurgião ao 
problema principal e ao motivo da consulta. 
• HMA: tempo de evolução; progressão sintomática; 
aspectos da lesão; medicamentos em uso; exames 
complementares realizados para investigar doença 
atual. 
• HP: procedimentos cirúrgicos anteriores; alergia a 
drogas (especialmente anestésicos, antibióticos e 
anti-inflamatórios); atopias diversas, dificuldade 
cicatricial; distúrbios hematológicos; presença de 
DM, HAS, cardiopatias, doenças neurológicas; 
medicamentos de uso contínuo (hipotensores, 
corticosteroides, imunossupressores, hormônios, 
hipoglicemiantes, anticoagulantes, digitálicos e 
psicotrópicos, dentre outros). 
* Suspensão de medicações para os 
procedimentos: 
 - AAS: 1 semana (tempo de meia vida da 
plaqueta); 
- Varfarina: 3 dias; 
- Heparina: 6 horas. 
• HS: condições e hábitos de vida (tabagismo, 
alcoolismo, hábitos de sono, regularidade de 
atividade física, condições higiênicas em geral, 
etc); perfil psicossocial (aspectos individuais e 
relativos ao relacionamento familiar). 
• HF: deve-se pesquisar, em especial, doenças de 
caráter hereditário, como discrasias sanguíneas e 
anemias hemolíticas, além de causas de óbito em 
parentes próximos. 
→ Situações especiais 
- Idade → pacientes pediátricos (déficit na 
formação de IgG e IgA; menor volume de líquido) e 
geriátricos (diminuição da resposta de IgG e 
aumento dos autoanticorpos) 
- Hipertensos → em pacientes hipertensos, tomar 
cuidado com anestésico com vasoconstritor pois 
pode ocasionar crise hipertensiva 
- Distúrbios da nutrição → obesos e desnutridos; 
história de perda não-intencional ou inexplicável do 
peso corporal, mais de 10% nos últimos 2 meses; 
concentração albumina sérica inferior a 3,4%; 
alergia a 4 ou 5 antígenos no teste de 
hipersensibilidade tardia, se estiver bem nutrido, irá 
reagir (organismo forte para defender); contagem 
global de leucócitos baixa. 
→ Avaliar pelo IMC (<18,5); perda de peso (10% 
do peso corporal em 2 meses); albumina (<3,4). 
- Diabéticos (microangiopatia diabética; lembrar 
das infecções) 
- Tabagistas → processo cicatricial deficiente; 
suspender o fumo 4 semanas antes do 
procedimento até 2 semanas após 
- Processos infecciosos → processos infecciosos 
sistêmicos ou focais, nos quais não exista 
indicação para a drenagem operatória, 
contraindicam a cirurgia ambulatorial eletiva 
 
2 
 
Marcella Carvalho 2021.2 
- Uso de corticosteroides → efeito imunossupressor 
e inibição da fase inflamatória da cicatrização em 
uso prolongado (inibe todas as fases) 
 
SUSPENSÃO DE MEDICAMENTOS 
AAS: 1 semana (meia vida da plaqueta) 
VARFARINA: 3 dias 
HEPARINA: 6 horas 
 
No atendimento cirúrgico ambulatorial, a demanda é de 
pacientes classificados em ASA I e ASA II (a doença deve 
estar controlada) 
 
→ Aspectos técnicos – preparo geral do 
paciente 
• Preparo psicológico: deve-se explicar ao 
paciente de forma concisa e didática os principais 
aspectos de sua afecção e do procedimento a ser 
realizado; o paciente deve estar ciente de todas as 
possíveis complicações do ato cirúrgico, além dos 
eventuais cuidados pós-operatórios. Isso favorece 
a colaboração do paciente no per-operatório e a 
adesão ao seguimento pós-operatório. 
• Preparo fisiológico: parâmetros como volemia, 
equilíbrio hidroeletrolítico e nutrição, entre outros. 
• Exames pré-operatórios: pacientes submetidos a 
cirurgia de pequena monta, com uso de anestesia 
local ou locorregional, não necessitam de exames 
complementares pré-operatórios, desde que a 
investigação clínica não tenha detectado nenhum 
sinal/sintoma especial. Para aqueles que utilizarão 
outro tipo de anestesia ou realizarão cirurgia de 
maior porte, recomenda-se hemograma, 
coagulograma, creatinina, glicemia de jejum, ECG, 
RX de tórax PA e perfil. 
• Jejum: é incomum, mas recomenda-se jejum de 3 
a 4 horas para operações com anestesia local 
quando existir possibilidade de vômitos, 
convulsões e aspiração de conteúdo digestivo para 
a árvore respiratória. Para procedimentos nível II, 
período de jejum de 6 a 8 horas, devido à sedação 
associada. → o jejum para líquidos é outro!! 
• Antissepsia: destruir ou reduzir o número de 
micro-organismos diversos (iodóforos, 
hexaclorofeno, clorexidina). 
• Tricotomia: não recomendada, a não ser em casos 
de urgência, sendo o ideal realizar 2 horas antes ou 
mesmo pouco antes do procedimento. 
• Antibioticoterapia e medicação pré-anestésica: 
a sedação pré-anestésica aumenta o limiar da 
sensibilidade dolorosa e pode ser utilizada em 
procedimentos cirúrgicos ambulatoriais, 
especialmente em crianças, pessoas ansiosas ou 
nervosas e pacientes que estão sentindo dor. O uso 
rotineiro e indiscriminado de antibiótico profilático 
em cirurgia ambulatorial não se justifica e deve ser 
desencorajado. 
• Contraindicações da cirurgia ambulatorial: 
relativas (podem ser contornadas) e absolutas 
 
2. Normas de segurança em cirurgia 
ambulatorial 
• As normas de segurança para as cirurgias 
ambulatoriais envolvem os procedimentos 
necessários à prática diária, com o objetivo de 
auxiliar o cirurgião a reduzir riscos e aprimorar 
resultados. 
• A montagem da sala cirúrgica ambulatorial é um 
ponto importante. O ambiente físico requer seguir 
as recomendações da ANVISA: 
- Salas de no mínimo 9m2 com lavatório; ambiente 
de apoio (sala de espera, sala de utilidades, 
recepção, depósito de material de limpeza, 
sanitários); corredores com largura de 2 m e portas 
com dimensões mínimas de 1,1 por 2,10 metros, 
além do acesso a portadores de necessidades 
especiais.• Além disso, as salas cirúrgicas devem conter 
macas com o melhor custo-benefício e que 
garantam o conforto do médico da execução dos 
procedimentos e do paciente; iluminação (de 
preferência natural ou focos de teto) e ventilação 
adequados; material de ressuscitação; e 
instrumentos mínimos para realização das cirurgias 
ambulatoriais. 
• Os materiais devem ser devidamente limpos e 
desinfectados. A limpeza e desinfecção também 
devem ser efetuadas em macas, mochos, mesas, 
pias, cubas, torneiras, depósitos de lixo e qualquer 
outro material passível de contaminação. 
• Limpeza é o processo de remoção mecânica de 
sujidades, realizado com água, sabão ou 
detergente, sendo a etapa obrigatória antes da 
desinfecção e esterilização. Após esta etapa de 
limpeza e secagem, os outros utensílios serão 
 
3 
 
Marcella Carvalho 2021.2 
limpos e desinfectados com hipoclorito de sódio 1% 
ou álcool 70%. 
• Desinfecção é o processo que destrói micro-
organismos patogênicos ou não, dos artigos e 
instrumentos, por meios físicos ou químicos, 
atingindo diferentes níveis: 
- Alto nível de desinfecção → se destrói todos os 
micro-organismos, com exceção do alto número de 
esporos bacterianos. Realizada com glutaraldeído 
2% ou ácido paracético. 
- Médio nível de desinfecção → elimina a maioria 
das bactérias vegetativas, fungos, vírus e 
micobactérias. Realizada com hipoclorito de sódio 
1%, álcool 70%, cloro orgânico e fenol sintético. 
- Baixo nível de desinfecção → elimina a maioria 
das bactérias vegetativas, alguns vírus e fungos, 
sem eliminar micobactérias. Realizada com 
hiplocorito de sódio 0,025%. 
• A rotina de esterilização deve ser rígida e os 
controle realizados sistematicamente. Diversos 
métodos de esterilização podem ser empregados. 
A embalagem é escolhida conforme o método de 
esterilização. Os instrumentos podem ser 
embalados individualmente ou agrupados 
conforme seu uso; na embalagem deve constar a 
data de esterilização e seu conteúdo. O prazo para 
uso do material varia conforme o método utilizado 
e a embalagem. Passado o prazo, os materiais 
deverão ser novamente esterilizados, sendo que 
todo o material esterilizado deverá ser mantido em 
ambiente limpo, seco e com temperatura estável 
para a preservação dos invólucros. 
• O preparo cirúrgico das mãos é imprescindível e 
deve ser realizado rotineiramente com soluções 
antissépticas antes de cirurgias e procedimentos 
invasivos, visando reduzir a microbiota residente e 
transitória. O tempo recomendado é de 5 minutos. 
Assepsia refere-se ao conjunto de medidas utilizadas para 
impedir que determinado meio seja contaminado. 
Antissepsia trata-se do processo que leva a diminuição 
das formas microbianas e diminuição ou destruição de 
patógenos nos tecidos vivos. 
 
Degermação: redução dos germes – transitória (não é resistente) 
Antissepsia: redução dos germes resistentes – uso de 
antissépticos 
Assepsia: medidas para impedir a contaminação (paramentação, 
esterilização, campos) 
Desinfecção: antissepsia de objetos inanimados, com uso de 
desinfetante, na sala de cirurgia de 10 a 15 min 
 
• Os principais antissépticos são: 
A) Álcool → age rapidamente, mas não tem efeito 
residual; excelente contra bactérias gram-
positivas e gram-negativas e boa atividade 
cobre M. tuberculosis, fungos e vírus; 
B) Iodóforos → iodo dissolvido no polímero 
polivinilpirrolidona – PVPI – é considerado o 
antisséptico de escolha; excelente contra 
bactérias gram-positivas e boa atividade sobre 
gram-negativas, M. tuberculosis, fungos e 
vírus; necessita de pelo menos 2 minutos de 
contato para liberação do iodo livre; tem pouca 
ação residual e é alterado pela presença de 
matéria orgânica; 
C) Clorexidina → Encontrada em formulações 
aquosas e detergentes a 4% e álcoolicas a 
0,5%; excelente contra bactérias gram-
negativas e vírus, pouca ação sobre M. 
tuberculosis e nenhuma sobre fungos; com 
excelente ação residual e não é alterado na 
presença de matéria orgânica. 
• Para procedimentos em áreas altamente 
contaminadas, como o períneo, recomenda-se a 
higienização prévia do paciente, com banho de 
aspersão. A tricotomia deve ser evitada, quando 
muito necessária deverá ser feita com tesoura, 
evitando ferimentos provocados por lâminas 
cortantes, fontes de proliferação bacteriana. 
• É válido ressaltar a importância das medidas de 
proteção pessoal do profissional e da equipe, 
sendo que as precauções universais devem ser 
adotadas por todos os profissionais de saúde em 
contato com todos os pacientes. Recomenda-se 
evitar joias, adornos e acessórios individuais 
desnecessários ao ambiente cirúrgico. Uso correto 
de EPI’s. 
• O descarte do lixo deve ser feito de maneira 
adequada. 
- Não contaminado: descartado em saco preto no 
lixo comum. 
- Contaminado: descartado em saco branco 
identificado e recolhido separadamente. 
- Perfurocortante: descartado em caixa de papelão, 
vedado e recolhido separadamente. 
- Medicamentos, ácidos e outras substâncias 
químicas: classificados quanto ao potencial de 
risco, acondicionados e transportados 
adequadamente. 
 
Observações 
DOSE DO ANESTÉSICO 
- com vasoconstritor: 7 
- sem vasoconstritor: 4 
AGULHAS 
- aspirar: 25 x 7 
- injetar: 13 x 4,5 
- Reações adversas ao anestésico ocorrem devido a velocidade 
de infusão → altera os órgãos de sentido (parestesia de lábio e 
língua; distúrbios visuais; zumbidos; gosto metálico na boca) 
- Lidocaína: efeito se inicia com 3s e perdura por 2 horas. 
CAUTERIZAÇÃO 
- paciente faz uso de marca passo? 
- a placa está bem posicionada? 
- a voltagem está correta? 
- o cautério pode queimar 5mm abaixo da lesão. 
SUTURAS 
- Fios: nº 3 planta dos pés, couro cabeludo; nº 4 corpo; nº 5 rosto. 
Os pontos na pele devem ser cortados deixando 1cm. 
 
4 
 
Marcella Carvalho 2021.2 
- Tempo para retirar a sutura: se o local aproxima com facilidade, 5-
7 dias; se o local aproxima com dificuldade, 10-14 dias. 
BISTURI 
- Lâmina 11: furar 
- Lâmina 15: cortar 
- Para cortar a pele, deve-se primeiro observar o eixo da lesão, 
depois olhar as linhas de Langerhans (apertando a pele). 
 
 
3. Anatomia da pele 
• A pele, também chamada de cútis ou tegumento, é 
o maior e mais visível órgão do corpo humano e 
recobre-o externamente, correspondendo a cerca 
de 20% da massa corporal total. 
• O conhecimento da estrutura, as funções e as 
peculiaridades da pele são muito importantes, já 
que ela é a primeira barreira que deve ser 
atravessada em todas as cirurgias ambulatoriais. 
• A pele tem múltiplas funções: funciona como 
barreira entre o meio interno e o externo, 
conservando os fluidos corporais, é impermeável a 
água e impede a penetração de microrganismos. 
Além disso, tem capacidade de absorver radiação 
ultravioleta, participa na síntese de vitamina D, 
contém vários receptores sensoriais e tem um 
papel importante nos mecanismos de 
termorregulação e vigilância imunológica. 
• A superfície total da pele no adulto é de 
aproximadamente 1,6 a 2,0m2, com uma espessura 
que varia de 1,5 a 4mm. 
• A pele se renova a cada 28 dias. 
• Principais células: queratinócitos (camada basal) 
• O curativo só precisa ficar 24h (epitelização) 
• A pele é formada por duas camadas, a epiderme e 
a derme, mas a hipoderme (tecido celular 
subcutâneo, tecido adiposo que fica abaixo da 
derme) é sempre incorporada ao seu estudo. 
• A epiderme é a camada superficial, epitelial, sem 
vasos sanguíneos, e a derme é a camada profunda, 
os tecidos conjuntivo e vascularizado que nutrem a 
epiderme. 
 
• Pele espessa: aquela que existe nas palmas e 
plantas, em que a espessura da epiderme, e 
principalmente da camada córnea, é muito maior 
que no restante do corpo; nas outras localizações, 
a pele é denominada “delgada”. A epiderme varia 
de 0,07 a 0,12mm de espessura. A espessura da 
hipoderme também varia, sendo que nas 
superfícies extensoras, ombros e costas medem 
5mm ou mais, enquanto nas superfícies flexoras e 
pálpebras medem 1mmou menos. 
 
→ Epiderme 
• Coloração BRANCA (não há vascularização). 
• Possui quatro camadas: camada córnea, camada 
granulosa, camada espinhosa e camada basal. 
• 5 a 10 células de espessura. 
• A célula mais abundante da epiderme é o 
queratinócito, que caracteristicamente apresenta 
os desmossomos. 
• Camada córnea: mais externa, em contato com o 
meio. Normalmente, não apresenta núcleos e tem 
aspecto de “trançado de cesto” 
• Camada granulosa: tem dois ou três queratinócitos 
de espessura que possuem grânulos de querato-
hialina no seu interior. 
• Camada espinhosa: é a mais espessa e fica entre 
a camada basal e a camada granulosa. 
• Camada basal: mais interna, em contato com a 
derme. Seus queratinócitos têm núcleos maiores e 
mais densos, pois são as células responsáveis pela 
regeneração da epiderme. 
• Em condições normais, um queratinócito da 
camada basal leva aproximadamente 28 dias para 
se diferenciar para uma célula totalmente 
cornificada. 
• O principal marcador imunohistoquímico dos 
queratinócitos é a queratina. 
• A junção dermoepidérmica é sempre nítida: a 
epiderme é separada da derme pela membrana 
basal, que se cora positivamente pelo método 
“ácido periódico de Schiff” com digestão ou PAS-
cd. 
• Os melanócitos são as células que produzem 
melanina e encontram-se na camada basal da 
epiderme. A quantidade de melanina, não o número 
de melanócitos é que varia entre as raças 
humanas. São células dendríticas, ou seja, 
apresentam prolongamentos citoplasmáticos para 
que a melanina seja distribuída para os 
queratinócitos circunjacentes. 
• Duas outras células são importantes na epiderme. 
As células de Langerhans são os macrófagos 
fixos da epiderme e são responsáveis pela 
vigilância imunológica da pele: essas células têm a 
capacidade de apresentar antígenos a linfócitos e 
queratinócitos, provocando o início da resposta 
inflamatória. As células de Merkel, células 
neuroendócrinas, acredita-se que são células 
epidérmicas modificadas, adaptadas à recepção 
sensorial tátil, estão localizadas na camada basal e 
são mais numerosas onde a percepção sensorial é 
mais acurada, como nas polpas digitais. Elas se 
ligam aos queratinócitos por desmossomos e estão 
associadas às terminações nervosas 
intraepidérmicas e dérmicas. Quando as células 
não são conectadas a estruturas nervosas, 
acredita-se que tenham função endócrina. 
 
5 
 
Marcella Carvalho 2021.2 
 
→ Anexos cutâneos 
PELOS 
 
• Com exceção das palmas e plantas, superfícies 
laterais das mãos e pés e ao redor dos orifícios 
urogenitais, toda a pele é recoberta por pelos. 
• Embriologicamente, o folículo piloso se desenvolve 
a partir de uma invaginação das células 
epidérmicas para o interior da derme. 
• Existem dois tipos de pelos: os terminais, que são 
grossos, longos e pigmentados, com os da barba, 
couro cabeludo, genitais e axilas; e os pelos velos, 
que são finos, curtos e menos pigmentados. 
• Microscopicamente, são divididos em quatro 
partes: 
 
Infundíbulo SEGMENTO SUPERIOR 
Istmo (PERMANENTE) 
 
Haste SEGMENTO INFERIOR 
Bulbo (CÍCLICO) 
 
• Eles passam por períodos de crescimento divididos 
em três fases: anágena (de crescimento); catágena 
(de involução) e telógena (de repouso). 
• Normalmente são os pelos em fase telógena que 
caem, e, a partir disto, há o início da um novo ciclo, 
por modificações no segmento inferior do pelo. 
 
GLÂNDULAS SEBÁCEAS 
• São as responsáveis pela secreção do sebo que 
recobre os pelos e a superfície cutânea. 
• A função do sebo ainda não está totalmente 
esclarecida, mas sabe-se de sua atividade 
bacteriostática, emoliente e de barreira. 
• Embriologicamente, se originam a partir de um 
broto da bainha radicular externa do folículo piloso. 
Todos os pelos são providos de uma glândula 
sebácea. 
• É multilobulada e sua secreção é holócrina, isto é, 
a célula inteira produz e torna-se repleta de 
secreção enquanto se desintegra. No final, a 
secreção e restos celulares são eliminados como 
sebo para o ducto sebáceo que desemboca no 
canal folicular. 
GLÂNDULAS SUDORÍPARAS (ÉCRINAS) 
• São originadas de uma invaginação direta da 
epiderme. 
• Estão distribuídas em toda a superfície corporal, 
exceto nos lábios e parte da genitália externa. 
• O número de glândulas varia de 100 a 200/cm2 de 
pele, sendo que a concentração máxima é 
encontrada nas palmas e plantas, onde atingem 
300/cm2. 
• A parte secretora (ácinos) está situada 
profundamente, na parte mais alta da hipoderme ou 
junção dermo-epidérmica. 
• A parte excretora (ductos) atravessa a derma e a 
epiderme, terminando entre as células da camada 
córnea. A porção intra-epidérmica do ducto 
excretor chama-se acrossiríngeo. 
• Ao redor das glândulas écrinas ficam diversos 
filetes nervosos que regulam a sua secreção. 
• A composição química da secreção sudoral é 
semelhante ao ultrafiltrado sanguíneo, e contém 
cloreto de sódio, ácido úrico, ureia e amônio. 
• Em situação de stress emocional, palmas, plantas 
e axilas são as primeiras a eliminar secreção. 
• Enquanto o controle térmico é colinérgico, a 
sudorese emocional é estimulada pela parte 
adrenérgica do SNA. 
GLÂNDULAS APÓCRIMAS 
• São encontradas apenas na região axilar, mamilos 
e região anogenital, sendo derivadas da mesma 
invaginação epidérmica que origina os folículos 
pilosos no embrião. 
• Sua função no homem não está definida, embora 
nos animais seja responsável pelo odor. 
• São pequenas na infância e tornam-se maiores e 
mais ativas na puberdade. 
• Possuem a porção secretora na derme profunda ou 
camadas superiores da hipoderme. A secreção 
 
6 
 
Marcella Carvalho 2021.2 
apócrina é feita no canal folicular logo acima da 
entrada do ducto sebáceo. 
• Respondem a estímulos sensoriais e emocionais 
(resposta adrenérgica), mas não a térmicos. 
• Secreção é inodora, sendo o odor desagradável 
desencadeado quando a secreção é combinada 
com os produtos excretados pela flora bacteriana 
da pele. A secreção é composta por proteínas, 
carboidratos, amônia e lipídios. 
UNHAS 
• São lâminas de células queratinizadas originadas 
da matriz ungueal. 
• O aparelho ungueal é formado por prega proximal, 
cutícula, prega lateral, lúnula, lâmina ungueal, 
matriz ungueal e leito ungueal. 
• A lâmina ungueal é a unha propriamente dita que 
repousa sobre seu leito. É a matriz ungueal que 
produz a unha: as células da matriz dividem-se em 
direção à superfície e diferenciam-se produzindo a 
queratina dura da unha. 
• A lúnula é a porção visível da matriz através da 
unha, esbranquiçada e em formato de meia lua. 
• A queratina da unha não descama, cresce 
indefinidamente. A unha cresce, em média, 0,1mm 
por dia. 
• Se houver dano à matriz ungueal, cirúrgico ou 
acidental, a unha não será mais produzida na 
região lesada. 
LÚNULA: parte visível da matriz 
LÂMINA UNGUEAL: unha 
EPONÍQUIO: cutícula 
HIPONÍQUIO: embaixo da unha 
PREGA LATERAL 
 
• Unha encravada é denominada onicripose, e a 
cirurgia ambulatorial para resolução é a 
cantoplastia. 
- Bloqueio trancular: lateral e medial do nervo 
- 5 a 10 min para começar o efeito 
- 5-10mL de anestésico (a partir de 5mL já pode 
diluir em soro ou ABD) 
• Crescimento da unha da mão: 6 meses 
• Crescimento da unha do pé: 1 ano a 1 ano e meio 
→ Derme 
• Coloração ROSA (há vascularização). 
• A derme é a camada de sustentação da epiderme, 
e está intimamente ligada à epiderme pela 
presença de saliências e reentrâncias que se 
encaixam, aumentando a superfície de contato 
entre as duas camadas. 
• A derme é separada da epiderme pela membrana 
basal, estrutura complexa e onde se localizam 
proteínas e fibras colágenas de ancoragem, que 
funcionam como cabos de união. 
• A derme é responsável pela resistência e pela 
elasticidade da pele. Ela protege o corpo contra 
traumas mecânicos, retém água e auxilia na 
termorregulação e sensibilidade, constituindo-se 
basicamente de tecido conjuntivo que comportacolágeno, fibras elásticas e um material amorfo 
chamado de substância fundamental. 
• Estão incluídos nervos, vasos sanguíneos, anexos 
cutâneos e vários tipos de células, como 
fibroblastos, fibrócitos, miofibroblastos, dendrócitos 
e células imues. 
• A derma está organizada em derme papilar, mais 
superficial, e derme reticular, mais profunda. 
Distinguem-se por diferenças na organização do 
tecido conjuntivo, densidade celular e padrões 
vasculonervosos. 
• Derme papilar: localizada próxima à epiderme e 
acompanha seu contorno; composta por fibrilas 
colágenas finas (colágeno tipo 1 – mais abundante 
– e tipo III – reticulina) e fibras elásticas imaturas. 
Fibras elásticas maduras não são normalmente 
encontradas, porém elas se tornam visíveis, largas 
e densas na pele senil e danificada pelo sol. Suas 
características estruturais permitem à pele 
acomodar-se aos impactos. Maior número de 
fibroblastos com maior capacidade de síntese e 
proliferação que na derma reticular. 
• Derme reticular: porção mais profunda e a região 
predominante da pele, como um todo; apresenta 
fibras colágenas (especialmente do tipo I) de maior 
diâmetro, organizadas em feixes largos e 
entrelaçados; as fibras elásticas maduras formam 
uma estrutura ao redor dos feixes colágenos; a 
interação entre as fibras (não são sistemas 
integradas) é responsável pela resistência da 
derme; os feixes elásticos e colágenos aumentam 
progressivamente em direção à hipoderme. 
➔ Matriz conjuntiva – colágeno (80 a 90% do tipo 
I, responsáveis pela tensão; 8 a 12% tipo III, 
associadas principalmente aos vasos 
sanguíneos; yipo IV, confinado a lâmina basal 
dos vasos e anexos cutâneos; e tipo VII, forma 
as fibras da junção dermoepidérmica); tecido 
elástico 
➔ Substância fundamental 
➔ Nervos e receptores nervosos 
➔ Vasos sanguíneos 
➔ Vasos linfáticos 
→ Hipoderme 
• Coloração AMARELA (tecido gorduroso). 
• Tecido celular subcutâneo que fica logo abaixo da 
derme reticular. O limite entre a derme reticular 
 
7 
 
Marcella Carvalho 2021.2 
profunda e a hipoderme é uma transição abrupta do 
tecido fibroso dérmico para tecido gorduroso. 
• As duas regiões estão integradas por redes 
vasculonervosas e pela continuidade dos anexos 
epidérmicos. 
• Os adipócitos são as principais células da 
hipoderme, sendo volumosas e que se encontram 
agrupados em lóbulos primários, os quais se 
organizam em lóbulos secundários visíveis a olho 
nu (têm cerca de 1 cm de diâmetro). 
• Os lóbulos são separados uns dos outros por septo 
de tecido conjuntivo por onde transitam artérias, 
veias e nervos. 
• O tecido adiposo da hipoderme serve de reserva 
energética e isolante térmico e mecânico, além da 
função estética de modelagem do corpo. 
Observação 
PROPRIEDADES FÍSICAS DA PELE: 
- Viscoelásticas (elástico x viscoso) 
- Tensão cutânea (estática ou dinâmica) 
- Extensibilidade (substituída por flacidez com a idade) 
A PELE SE RENOVA A CADA 28 DIAS 
O CURATIVO SÓ PRECISA FICAR 24H, POIS NESSE PERÍODO 
OCORRE EPITELIZAÇÃO 
 
4. Cicatrização 
• A cicatrização de feridas consiste em perfeita e 
coordenada cascata de eventos celulares, 
moleculares e bioquímicos, que interagem para 
que ocorra a reconstituição tecidual. 
• 2 maneiras de ocorrer cicatrização: 
REGENERAÇÃO ou RESTAURAÇÃO. A 
regeneração é voltar ao que era antes, trata-se de 
uma reconstituição perfeita (lesões superficiais). A 
restauração é a construção de novo tecido, não 
volta a ser igual ao que era antes (cicatrizes). 
• A lesão tecidual coloca elementos sanguíneos em 
contato com o colágeno e outras substâncias da 
matriz extracelular, provocando degranulação de 
plaquetas e ativação das cascatas de coagulação 
e do complemento. Com isso, há liberação de 
vários mediadores vasoativos e quimiotáticos que 
conduzem o processo cicatricial mediante atração 
de células inflamatórias para a região da ferida. 
 
Fase inflamatória 
4 dias 
• Inicia-se imediatamente após a lesão, com a 
liberação de substâncias vasoconstritoras, 
principalmente tromboxano A2 e prostaglandinas, 
pelas membranas celulares. 
• O endotélio lesado e as plaquetas estimulam a 
cascata de coagulação. As plaquetas têm papel 
fundamental na cicatrização. A cascata de 
coagulação é iniciada e grânulos são liberados das 
plaquetas que contêm TGF-β e outras substâncias 
que atraem neutrófilos a ferida. 
• O coágulo é formado por colágeno, plaquetas e 
trombina, que servem de reservatório proteico para 
síntese de citocinas e fatores de crescimento, 
aumentando seus efeitos. 
• A resposta inflamatória inicia-se, pois, com 
vasodilatação e aumento da permeabilidade 
vascular, promovendo a quimiotaxia (migração de 
neutrófilos para a ferida). 
• Os neutrófilos são as primeiras células a chegar na 
ferida, com maior concentração 24h após a lesão. 
Aderem à parede do endotélio mediante ligação 
com as selectinas, produzindo radicais livres que 
auxiliam na destruição bacteriana e sendo 
gradativamente substituídos por macrófagos. 
• Os macrófagos migram para a ferida após 48-96h 
da lesão e são as principais células antes dos 
fibroblastos migrarem e iniciarem a replicação. Têm 
papel fundamental no término do desbridamento 
iniciado pelos neutrófilos e sua maior contribuição 
é a secreção de citocinas e fatores de crescimento, 
além de contribuírem na angiogênese, fibroplasia e 
síntese de matriz extracelular, fundamentais para a 
transição para a fase proliferativa. 
Primeiras células a chegar na ferida: neutrófilos 
Maior concentração 24h após a lesão 
Os neutrófilos são substituídos por macrófagos (após 48h-96h da 
lesão) 
 
Fase proliferativa 
4-21 dias 
• É constituída por quatro etapas fundamentais: 
epitelização, angiogênese, formação de tecido de 
granulação e deposição de colágeno. 
• Esta fase tem início ao redor do 4º dia após a lesão 
e estende-se aproximadamente até o término da 
segunda semana. 
• Epitelização: ocorre precocemente. Se a 
membrana basal estiver intacta, as células 
epiteliais migram em direção superior e as 
camadas normais da epiderme são restauradas em 
três dias. Se a membrana basal for lesada, as 
células epiteliais das bordas da ferida começam a 
proliferar na tentativa de restabelecer a barreira 
protetora. 
• Angiogênese: é estimulada por TNF-α, e é 
caracterizada pela migração de células endoteliais 
e formação de capilares, essencial para a 
cicatrização adequada. 
• Formação de tecido de granulação: os fibroblastos 
e as células endoteliais são as principais células da 
fase proliferativa. Os fibroblastos dos tecidos 
vizinhos migram para a ferida, porém precisam ser 
ativados para sair do seu estado de quiescência. O 
fator de crescimento mais importante na 
proliferação e ativação dos fibroblastos é o fator de 
crescimento derivado de plaquetas (PDGF). Em 
seguida, é liberado o TGF-β, que estimula os 
fibroblastos a produzirem colágeno tipo I e a 
transformarem-se em miofibroblastos, que 
promovem a contração da ferida. 
TGF-β → fibroblastos (induz a formação de colágeno tipo 1) 
TNF-α→ queratinócitos 
 
8 
 
Marcella Carvalho 2021.2 
 
Fase de maturação ou remodelamento 
2 anos 
• A característica mais importante desta fase é a 
deposição de colágeno de maneira organizada, por 
isso é a fase de maior relevância clínica. 
• O colágeno produzido inicialmente é mais fino que 
o presente na pele normal e tem orientação 
paralela à pele. 
• Com o tempo, o colágeno inicial (tipo III) é 
reabsorvido e um tipo mais espesso é produzido e 
organizado ao longo das linhas de tensão. 
• Estas mudanças refletem-se em aumento da força 
tênsil da ferida. 
• A reorganização da nova matriz é um processo 
importante da cicatrização; fibroblastos e leucócitos 
secretam colagenases que promovem lise da 
matriz antiga. A cicatrização tem sucesso quando 
há equilíbrio entre a síntese da nova matriz e a lise 
da matriz antiga, sendo que a deposição deve ser 
maior. 
• Mesmo após 1 ano, a ferida apresentará um 
colágeno menosorganizado que o da pele sã, e a 
força tênsil jamais retornará a 100%, atingindo em 
torno de 80% após 3 meses. 
Colágeno tipo I – fibroblastos – presente em ossos e tendões 
Colágeno tipo III – tecido mole – vasos sanguíneos 
 
Colágeno 
• É a proteína mais abundante no processo de 
cicatrização. 
• O colágeno tipo 1 é o mais frequente, está presente 
de maneira abundante nos ossos e nos tendões e 
são sintetizados pelos fibroblastos. O colágeno tipo 
3 é encontrado em tecidos moles. 
• O primeiro tipo de colágeno a ser sintetizado é o 3, 
somente depois produz-se o tipo 1. O que 
diferencia um do outro é o tipo de ligação entre os 
aminoácidos, que os torna mais ou menos frágeis. 
• Pico de produção: 14 dias 
• Durante a inflamação tem uma grande degradação 
de colágeno, pelas colagenases. A atividade 
dessas enzimas vai ser controlada por citocinas 
que são liberadas por células inflamatórias, 
endoteliais, fibroblastos e queratinócitos. 
• É o principal componente da matriz extracelular dos 
tecidos 
- Colágeno = prolina + lisina 
- Cofatores: Fe, Cu, Zn, Vit. C 
 
Fatores que influenciam o processo de 
cicatrização 
• Os principais fatores locais são a isquemia, 
infecção, técnica cirúrgica, corpo estranho, edema 
e a pressão tecidual elevada. 
• Como fatores sistêmicos pode-se citar a diabetes 
mellitus, deficiências de vitaminas, hipotireoidismo, 
algumas doenças hereditárias, alterações de 
coagulação, idade, trauma grave, tabagismo, 
drogas antineoplásicas, insuficiência renal, 
hepática e respiratória dentre outros. 
Tabagista → devido a nicotina, a qual compromete o processo de 
cicatrização 
Inibição da bomba de prótons → melhor a cicatrização 
Desnutrição proteica → prejudica, pois prolonga a fase inflamatória 
(menor síntese e proliferação de fibroblastos; maior taxa de 
infecção; menor força tênsil; menor atividade fagocitária) 
 
Queloides e cicatrizes hipertróficas 
• São patologias da cicatrização e diferenciadas por 
seu comportamento clínico; caracterizadas por 
uma fase proliferativa exagerada. 
• Queloides vão ultrapassar o limite da 
incisão e as cicatrizes hipertróficas ficam retidas ao 
limite da incisão. 
• As 2 patologias decorrem de uma resposta 
inflamatória exacerbada e vai ter a perda do 
equilíbrio entre síntese e lise de matriz. 
• Pode-se atribuir a sua patogênese traumas, 
disfunção dos fibroblastos, níveis aumentados de 
fatores de crescimento e diminuição da apoptose. 
• O melhor tratamento é a prevenção. Existem outras 
formas, como cirurgia de ressecção, infiltração de 
corticoides etc. 
 
5. Anestésicos locais 
• Os anestésicos locais (AL) são substâncias que 
bloqueiam a geração e propagação de impulsos 
eletricamente excitáveis, diminuindo sua 
sensibilidade, motricidade e função autonômica. 
• Primeiro anestésico utilizado na prática clínica foi a 
cocaína. Substituto sintético: procaína. 
• Possuem ação REVERSÍVEL e TEMPORÁRIA. 
• Seu principal mecanismo de ação é o bloqueio dos 
canais de sódio e a diminuição da permeabilidade 
ao sódio e ao potássio, impedindo a despolarização 
da membrana da célula nervosa. 
• Os AL são agentes especialmente úteis para a 
anestesia ambulatorial, visto que hoje se utilizam 
anestésicos com baixa toxicidade e grande 
eficácia. 
• Na prática clínica, os anestésicos podem ser 
utilizados em diversas vias de administração, 
como: 
✓ Uso tópico: mucosas (vias aéreas, reto, 
uretra, olho etc.) e pele. 
✓ Uso endovenoso: bloqueio de Bier, 
tratamento de alguns tipos de arritmias. 
✓ Injeção diretamente no tecido: anestesia 
local. 
✓ Bloqueios nervosos: periféricos ou 
centrais. 
 
Estrutura química dos 
anestésicos locais 
 
• Todos os AL usados atualmente na prática clínica 
possuem uma estrutura molecular básica: um anel 
aromático (porção lipofílica) ligado a uma amina 
 
9 
 
Marcella Carvalho 2021.2 
terciária (porção hidrofílica), unidos por uma cadeia 
intermediária. A cadeia intermediária pode-se unir 
ao grupo aromático por uma ligação do tipo éster 
ou do tipo amida, o que permite a classificação dos 
anestésicos locais em amino-amidas e amino-
ésteres. 
Amino-amida: possuem a ligação amida e são metabolizados 
no fígado pelo citocromo P450. São as mais utilizadas na 
prática clínica. Alguns exemplos são a bupivacaína, lidocaína 
e a ropivacaína. 
Amino-ésteres: possuem a ligação éster e são metabolizadas 
pela colinesterase plasmática com a formação do PABA (ácido 
para-aminobenzoico), o que lhes confere um poder maior de 
desencadear reações alérgicas. Por isso foram abandonados 
da prática clínica em anestesiologia. Alguns exemplos são a 
tetracaína e a procaína. 
• Algumas características dos anestésicos locais são 
importantes no momento da escolha técnica 
anestésica a ser empregada em diferentes 
situações. 
I. Lipossolubilidade: aumenta a penetração 
dos anestésicos nas membranas 
biológicas, aumentando sua potência. 
II. Ligação a proteínas plasmáticas: quanto 
maior a ligação proteica, menor será a sua 
porção livre do anestésico local no sangue 
e menor a sua filtração glomerular, 
aumentando, assim, a durabilidade do AL. 
III. Constante de dissociação: são bases 
fracas pouco solúveis e instáveis. São 
apresentados na forma de sais ácidos 
(cloridatos), o que melhora sua 
estabilidade e solubilidade. 
 
LIDOCAÍNA → em solução a 1 e 2%, gel e spray 
normalmente a 10% para uso tópico 
BUPIVACAÍNA → geralmente na forma racêmica, que 
possui bloqueio motor e analgesia prolongados, porém 
de cardiotoxicidade elevada em relação aos outros AL. 
A forma levogira (levobupivacaína) possui a 
propriedade de ser menos cardiotóxica, porém tem seu 
bloqueio motor prejudicado. 
ROPIVACAÍNA → é atualmente a droga com menor 
cardiotoxicidade, por isso seu uso está cada vez mais 
frequente na prática clínica diária. Tem um poder de 
vasoconstrição intrínseco, o que possibilita analgesia 
mais prolongada sem o uso de vasoconstritores. 
 
 Fatores que influenciam 
 a atividade dos AL 
 
• Epinefrina: aumenta a duração e melhora a 
qualidade do bloqueio. Consegue isso diminuindo a 
absorção local do anestésico local, já que promove 
vasoconstrição local. Não utilizar quando em 
bloqueios de extremidades corporais (não dar 
vasoconstritor em periférico). 
• Alcalinização: pH ácido diminui a atividade dos AL. 
Por isso, o bloqueio local de tecidos inflamados 
torna-se mais difícil. 
• Opioides: aumentam a intensidade e duração dos 
bloqueios centrais (raquianestesia e anestesia 
peridural), e de injeções intra-articulares. Não têm 
efeito para bloqueio de nervos periféricos. 
• Agonistas α2: atualmente, na prática clínica, utiliza-
se cada vez mais a associação de drogas como a 
clonidina nos bloqueios centrais. Há intensificação 
tanto do bloqueio sensitivo quanto motor. 
 
Segurança na 
 anestesia local 
 
• O objetivo da anestesia local é empregar 
anestésico local suficiente para promover 
anestesia de qualidade, porém sem atingir sua 
dose tóxica. Entretanto, a concentração de AL no 
tecido neural é muito difícil de ser determinada 
devido a diversos fatores, como: 
- A proximidade entre o AL injetado e o nervo que 
se pretende bloquear; 
- O fluxo sanguíneo em torno do tecido neural; 
- A difusão do AL através de barreiras orgânicas e 
para dentro do nervo (presença ou não de mielina); 
- A ligação de AL a tecidos não neurais da região 
como gordura, músculo etc.; 
- Absorção para o sistema vascular sanguíneo ou 
linfático. 
• A dose máxima para a LIDOCAÍNA sem 
vasoconstritor é 4mg/kg; a dose máxima com 
vasoconstritor é de 7mg/kg. Deve-se atentar para 
a solução comercial que vem numa apresentação a 
2% e tem 20mg do anestésico por mL de solução. 
➔ A lidocaína pode ser diluída em solução salina 
isotônica até a concentração de 1%. 
 
 
Metabolismo e toxicidade 
• As amidas são metabolizadas pelo sistema 
microssomal hepático (citocromo P450), sendo a 
lidocaína o anestésico de mais rápida oxidação.• Disfunções hepáticas por doenças (cirrose, 
hipertensão portal, insuficiência hepática) ou 
drogas (cimetidina, halotano, álcool, propranolol) 
aumentam a concentração sistêmica do anestésico 
pela queda da sua metabolização, podendo causar 
intoxicação por este anestésico de forma mais 
rápida. 
• A toxicidade se dá quando o AL atinge outros 
tecidos excitáveis (p. ex., SNC e sistema 
cardiovascular) em dose suficiente para causar 
 
10 
 
Marcella Carvalho 2021.2 
ação, seja por injeção intravascular, absorção 
exagerada ou sobredose. 
• Os sinais e sintomas da intoxicação sistêmica 
dependem da sua concentração plasmática e da 
velocidade com que essa concentração foi atingida 
➔ Formigamento da língua e dos lábios, 
zumbidos, distúrbios visuais, abalos 
musculares, convulsões, inconsciência, coma, 
parada respiratória e depressão 
cardiovascular. 
• Pode ocorrer também, toxicidade local pelo uso dos 
AL. Isso se deve a concentração do AL utilizada e 
presença de conservantes nas formulações 
comerciais. A injeção direta em músculos pode 
levar a uma micronecrose, principalmente quando 
associado à adrenalina. As reações alérgicas são 
muito raras. 
• Os pontos mais importantes que se deve ter em 
mente ao fazer uso de AL são: 
-não ultrapassar sua dose tóxica 
-evitar-se injeção intravascular, aspirando o êmbolo 
da seringa antes da injeção do AL 
-ficar atento para qualquer sinal de intoxicação 
sistêmica 
 
6. Bloqueios periféricos 
• Os bloqueios são usados como técnica única ou 
associados a vários graus de sedação e até 
anestesia geral, para analgesia pós-operatória. 
Ocorrem pela injeção dos anestésicos locais dentro 
dos tecidos adjacentes aos nervos periféricos 
individuais ou aos plexos nervosos. 
• Praticamente todos os nervos periféricos podem 
ser bloqueados com maior ou menor dificuldade. 
Esta técnica apresenta baixo custo, é pouco 
dolorosa, pode ser realizada ambulatorialmente e 
apresenta baixo risco de toxicidade pelo baixo 
volume de AL geralmente empregado. 
• Contraindicações absolutas dos bloqueios de 
nervos periféricos: 
✓ Alergia 
✓ Recusa verdadeira do paciente 
✓ Infecção local 
✓ Coagulopatia sistêmica grave 
✓ Doença neurológica preexistente (doenças 
demielinizantes) 
 
• Contraindicações relativas: cardiopatas e 
hepatopatas. 
• Geralmente usam-se grandes volumes quando o 
nervo é mal localizado ou quando se deseja 
bloquear vários nervos. Portanto, deve-se usar 
anestésicos com baixas concentrações nestes 
casos. 
• Não usar efedrina perto de vasos terminais, como 
dedos (anestesia troncular). 
• Observar o paciente pelo menos 30 minutos após 
o bloqueio, pois as concentrações máximas podem 
ocorrer neste período. 
• Cuidar com o posicionamento do paciente 
anestesiado, evitando lesões em extremidades, 
queimaduras, garroteamentos etc. 
• Utilizar agulhas de ponta romba (bisel curto) para 
evitar lesões de nervos). 
• Observar dor importante durante a injeção de 
anestésico. Podem ocorrer hematomas no local. 
FACE
• O nervo trigêmeo apresenta seus ramos sensitivos, 
originados do gânglio de Gasser (semilunar ou do 
trigêmeo). Dá origem a três ramos importantes e 
que praticamente são os responsáveis pela 
inervação da face: nervo frontal, maxilar e 
mandibular. 
• Podemos bloquear esses nervos em suas origens 
ou depois de suas ramificações mais periféricas, 
com grande utilização nas cirurgias de face. 
 
• O bloqueio do nervo supraorbitário, quando 
associado ao bloqueio do nervo supratroclear, 
propicia a anestesia da região frontal e ápice do 
crânio. 
• Para bloquear o nervo supratroclear introduz-se 
uma agulha fina debaixo da borda da órbita (ângulo 
súpero-interno) e injeta-se de 1 a 1,5ml do 
anestésico local. 
• Para bloquear o nervo supraorbitário procura-se o 
forame supraorbital, situado a 2,5cm na linha média 
(linha da pupila) na borda superior da órbita e 
injeta-se 1 a 1,5ml do anestésico local. 
 
• O nervo infraorbitário, ramo do nervo maxilar, é 
exclusivamente sensitivo, apresentando-se como 
uma continuação do nervo maxilar, e inerva a 
pálpebra inferior, asa do nariz e lábio superior. 
• Para ser bloqueado, é necessário identificar o 
forame infraorbitário, que é palpável numa 
depressão 1,5cm abaixo da órbita, numa linha que 
passa pela pupila. Introduz-se uma agulha na parte 
externa do forame (via pele ou via oral) e injeta-se 
1,5 a 2 ml de anestésico local. 
 
11 
 
Marcella Carvalho 2021.2 
 
• O nervo mentoniano é um ramo do nervo 
mandibular, responsável pela inervação da região 
mento e lábio inferior. Para seu bloqueio, é 
necessário traçar-se uma linha perpendicular da 
comissura labial até a margem inferior da 
mandíbula e, na metade desta distância, injetar 0,5 
a 1 ml de anestésico perto do osso mandibular. 
 
 
 
• O nervo nasociliar, ramo do nervo oftálmico, 
quando bloqueado bilateralmente, anestesia o 
dorso, cavidade anterior e septos nasais, exceto a 
asa do nariz. 
BLOQUEIO INTERCOSTAL 
• Técnica alternativa para cirurgias de parede 
abdominal e torácica, tendo como principal 
vantagem a analgesia prolongada pós-operatória. 
• Usado em cirurgias de mama, nódulos, drenagens 
de abscessos, etc. 
• Pode ser realizado bilateralmente da sexta à 
decima segunda costela. 
• Tem como fator adverso a necessidade de punções 
múltiplas que causam certo desconforto ao 
paciente e como complicações possíveis o 
pneumotórax, insuficiência respiratória, toxicidade 
sistêmica dos anestésicos e hipotensão arterial. 
BLOQUEIO DO PLEXO BRAQUIAL 
• Bloqueios do plexo braquial podem ser realizados 
para procedimentos cirúrgicos em qualquer parte 
do membro superior. 
• As vias de abordagem podem ser: 
✓ Via interescalênica: o plexo braquial está 
envolto pelas fáscias dos músculos escalenos 
e fáscia pré-vertebral. Usado para bloqueios 
proximais dos componentes do plexo e muito 
utilizado para proporcionar analgesia pós-
operatória. O volume de anestésico local, em 
ml, é de aproximadamente 20% da altura do 
paciente em centímetros. A punção pode ser 
feita procurando-se parestesia ou com uso de 
estimuladores de nervos periféricos na 
depressão interescalênica. 
✓ Via perivascular subclávia: maior risco de 
pneumotórax 
✓ Via infracavicular; 
✓ Via perivascular axilar. 
BLOQUEIOS DE BIER (ANESTESIA VENOSA REGIONAL) 
• Consiste na injeção intravascular de anestésico 
local em uma extremidade do corpo que se 
encontra separada do resto da circulação sistêmica 
por um garrote. 
• Tem rápido início de ação e causa relaxamento 
muscular concomitante. 
• A duração do bloqueio é determinada pelo tempo 
do garrote, e a sensibilidade é prontamente 
restabelecida quando o garroteamento é desfeito. 
• A lidocaína é a droga de escolha (lembrar sempre 
da toxicidade dos anestésicos locais em injeção 
intravascular. 
• A dose recomendada é de 30mg/kg (40ml a 0,5%) 
para membro superior e 50 a 100 ml a 0,25% para 
membro inferior, ambas sem adição de epinefrina. 
MÃO 
• Bloqueios de mão são usados como 
complementação de possíveis falhas ocorridas 
com outras técnicas de bloqueios de plexo braquial 
ou isoladamente, em casos específicos, nos quais 
a área cirúrgica é restrita ao território de inervação 
de um ou dois nervos, por exemplo: lesões 
cortantes de extremidades, retirada de lesões etc. 
• O bloqueio do nervo radial (nível do punho) é 
realizado subcutaneamente com a injeção de 5 ml 
de anest[esico local em hemipulseira no dorso do 
punho. 
• O bloqueio do nervo mediano (nível do punho) é 
realizado com uma punção única perpendicular ao 
bordo radial do tendão do músculo pequeno 
palmar. Injeta-se 5 ml de anestésico local após 
parestesia, se não for conseguida parestesia injeta-
se 100ml. 
• Para o bloqueio do nervo ulnar, palpa-se a artéria 
ulnar e introduz-se uma agulha entre esta e o 
tendão do músculo flexor ulnar do carpo. Após 
parestesia, injetam-se 4 ml de anestésico local e 
complementa-se com 5 ml em hemipulseira. 
DEDOS 
• As anestesias troncularessão muito utilizadas para 
pequenas suturas e procedimentos ungueais. 
• Podem ser realizadas na extremidade distal dos 
metacarpianos ou pelo dorso da raiz dos dedos, 
bilateralmente. 
• A punção deve ser perpendicular à pele e passar 
por todos os planos, até a face palmar. 
• Nunca usar anestésico local com epinefrina nestes 
bloqueios. 
 
12 
 
Marcella Carvalho 2021.2 
PÉS 
• O bloqueio do nervo sural atinge a planta dos pés, 
dos dedos e calcanhares, geralmente associado ao 
bloqueio do nervo tibial. A agulha deve entrar 
perpendicularmente à pele no meio da distância 
entre o maléolo lateral e o tendão de Aquiles, e 
deve ir ate o periósteo da tíbia. Injetam-se de 5 a 
10 ml de anestésico local. 
• Bloqueia-se o nervo tibial introduzindo a agulha 
perpendicular à pele na metade da distância entre 
o maléolo medial e o tendão de Aquiles até o 
periósteo da tíbia. Injetam-se de 5 a 10 ml de 
anestésico local. 
 
7. Técnicas e materiais hemostáticos 
• A hemostasia tem o objetivo de evitar ou estancar 
o sangramento. Uma boa hemostasia ultrapassa o 
ato cirúrgico, impedindo a perda excessiva de 
sangue, propiciando melhores condições técnicas 
e aumentando o rendimento do trabalho. 
• No pós-operatório, a mesma favorece a evolução 
da ferida cirúrgica, evitando a infecção, pois o 
hematoma funciona como um verdadeiro meio de 
cultura para as bactérias; isto afasta a necessidade 
de reoperação para a drenagem de hematomas e 
de abscessos. 
• A hemostasia pode ser temporária ou definitiva, 
preventiva ou corretiva. O método por pinçamento 
é cruento e temporário, podendo transformar-se em 
definitivo por ligadura, cauterização ou angiotripsia. 
 
Avaliação pré-operatória: 
• História prévia de sangramento durante 
procedimento cirúrgico ou odontológico; 
alcoolismo; necessidade de transfusões; uso de 
medicações anticoagulantes. Solicitar 
coagulograma prévio. 
 
Medidas pré-operatórias: 
• Evitar ingesta de álcool 2 semanas antes e 1 após 
a cirurgia. 
• Suspender AAS 10 a 14 dias antes da cirurgia e 2 
dias após. 
• AINES devem ser interrompidos 3 a 4 dias antes e 
2 dias após. 
• Varfarina, se possível, deve ser suspensa 3 dias 
antes e 1 dia após o ato cirúrgico. 
 
Medidas intra-operatórias: 
• Eletrocoagulação: eletrocoagulação unipolar ou 
bipolar é a maneira primária de hemostasia. 
Indicada em feridas cirúrgicas em nível dermo-
hipodérmico. A unipolar resulta em maior 
destruição tecidual local e há passagem da 
corrente através do corpo do paciente, requerendo 
uma placa em contato com a pele do paciente em 
local distante da cirurgia. Deve ser evitada em 
pacientes com marca-passo ou desfibriladores 
cardíacos internos automáticos. A bipolar é mais 
precisa, ocorre menos necrose tecidual e é segura 
em pacientes com marca-passo. Indivíduos com 
desfibriladores cardíacos internos automáticos 
continuam sendo de risco. 
• Eletrodessecação: não é tão efetiva quanto a 
eletrocoagulação. Equipamentos de menor custo. 
Há mais necrose tecidual. A corrente não passa 
através do paciente e, consequentemente, não 
necessita de placa. Indicada para procedimentos 
menos superficiais. 
• Cautério de mão com bateria: relativamente barato, 
sendo indicado para procedimentos mais 
superficiais. Gera muito calor e. muitas vezes, 
causa mais evaporação dos vasos e tecidos do que 
hemostasia diretamente. 
• Ligadura de vasos: vasos que continuam 
sangrando após coagulação, especialmente 
arteríolas ou artérias, devem ser ligados. Mais 
frequentemente são utilizados fios de sutura 
absorvíveis de calibre 3-0 ou 4-0. Vasos são 
comumente ligados e amarrados diretamente com 
uma sutura circundando o mesmo. 
Vasos pequenos → cauterização 
Vasos grandes ou médios → ligadura 
• Suturas: sutura no plano profundo com fio 
absorvível diminui os espaços mortos e reduz a 
possibilidade de sangramento. É preferível à sutura 
superficial, que pode resultar em necrose e marcas 
dos pontos. 
• Curativos: os compressivos são mais hemostáticos. 
Atenção nas extremidades em que possam resultar 
hipóxia e necrose. Descoloração, disestesia e 
desconforto são sinais de alerta. 
Cautério: vaso pequeno 
Amarrar: vaso maior 
Suturar: vaso importante 
 
Medidas pós-operatórias 
• Orientação ao paciente: equimoses são comuns e 
hematomas incomuns. Edema também é comum, 
mas induração da área deve preocupar. As regiões 
periorbitais, fronte, regiões malares e laterais do 
pescoço comumente apresentam equimoses pós-
cirurgias. O sinal precoce de formação de 
hematoma é um edema no local da cirurgia que 
progride em minutos ou horas. Sangramento 
continuado leva à saída de sangue pela ferida 
operatória. 
• Suspeita de hematoma: se há suspeita dentro das 
próximas horas após a cirurgia, a ferida cirúrgica 
deve ser comprimida, observando a presença de 
induração ou saída de sangue entre a sutura. No 
caso de dúvida, um ou mais pontos da sutura 
devem ser retirados e a porção profunda da ferida 
deve ser examinada para verificar a presença de 
sangue vivo ou coágulos. 
• Hematoma imediato: hematoma precoce – caso 
seja observado sangramento ativo, o campo 
operatório deve ser preparado, com antissepsia 
prévia e sob anestesia a ferida deve ser aberta e 
examinada. O hematoma organizado deve ser 
retirado e a ferida ser lavada com soro fisiológico 
ou água estéril. O vaso com sangramento deve ser 
eletrocoagulado ou ligado. (até 48) 
• Hematoma tardio: hematoma de aparecimento dias 
após a intervenção cirúrgica é menos comum e 
difícil de detectar. Se houver suspeita, fazer 
aspiração com agulha. (após 48h) 
 
13 
 
Marcella Carvalho 2021.2 
• Hematoma no couro cabeludo: região ricamente 
vascularizada; induração é difícil de visualizar; 
pacientes podem queixar-se de cefaleia difusa, mal 
definida. 
• Sangramento difuso: sangramento ativo que 
aparece difusamente no pós operatório e persiste 
por vários dias pode indicar uma disfunção das 
plaquetas ou alteração da coagulação. Estes 
pacientes requerem avaliação hematológica, 
incluindo hemograma, RNI, tempo de protrombina 
e tempo parcial de tromboplastina; além de 
avaliação por hematologista. 
 
INSTRUMENTOS E AGENTES HEMOSTÁTICOS
 
• A hemostasia temporária pode ser executada, no 
decorrer da cirurgia, com instrumentos prensores, 
dotados de travas, denominados pinças 
hemostáticas. 
• Prendem a extremidade do vaso seccionado até 
que a hemostasia definitiva seja feita, geralmente 
por ligadura com fios. Na medida do possível, 
devem pinçar apenas o vaso, com um mínimo de 
tecido adjacente. 
• Pinça de Kelly: difere da de Crile pelas ranhuras 
da sua parte prensora, que ocupa apenas 23 da 
sua extensão, com pequenas variações. Tamanhos 
variam de 14 a 16cm, versões reta ou curva. 
• Pinça de Halsted: pinça hemostática pequena, de 
ramos prensores delicados, prestam-se muito bem 
para pinçamento de vasos de menor calibre, pela 
sua precisão. Geralmente são utilizadas pinças de 
12cm, há uma variante denominada HATMANN-
HALTED que possui de 8 a 10cm. 
• Pinça de Crile: possui ranhuras transversais em 
toda a extensão da sua parte prensora. Isto lhe 
confere utilidade também no pinçamento de 
pedículos, quando a pinça é aplicada lateralmente, 
não sendo utilizada a extremidade. Por ser 
totalmente ranhurada, não desliza, fixa-se bem às 
estruturas que compõem o pedículo. Tamanhos 
variam entre 14 e 16cm, nas versões reta ou curva. 
• Pinça de Kocher: apresenta a face interna da sua 
parte prensora totalmente ranhurada no sentido 
transversal. 
- Diferem por 
possuir “dente 
de rato”, o que 
por um lado 
aumenta muito a 
sua capacidade 
de prender-se 
aos tecidos, por 
outro, a torna 
muito mais 
traumática. 
- São 
apresentadas 
em tamanhos 
variados, retas 
ou curvas. 
 
 
 
• Aparelhos de eletrocoagulação e cauterização 
térmica: na cauterização, o eletrodo quente é 
aplicado diretamente no tecido, causando 
destruição térmica localizada e mínima. A 
eletrocoagulação é útil para destruição tecidualmais profunda e hemostasia cirúrgica. 
• Torniquetes: pode-se usar um dedo da luva. 
Corta-se a ponta do dedo de uma luva esterilizada 
e enrola-se no sentido proximal. Caso haja 
necessidade de maior hemostasia, deve-se utilizar 
pinça hemostática, sando uma volta na borracha. 
São empregados principalmente em cirurgia de 
unha para promover hemostasia do campo pré-
operatório. [20 a 30 min. Corte com saída brusca 
de sangue. Comprime e verifica pulso distal. + 
mantêm compressão; - torniquetes] 
• Soluções hemostáticas: cloreto de alumínio a 
35% em álcool isopropílico ou a 20% em etanol, 
solução de Monsel (subsulfato férrico), cloreto de 
ferro, bastões de nitrato de prata, adrenalina. 
Soluções de Monsel e cloreto de alumínio são 
agentes hemostáticas comumente utilizados em 
pequenos procedimentos cirúrgicos como 
barbirese e biópsia com punch. Deve-se aplicar 
com cotonete, pressionando durante um a três 
minutos. Agem rapidamente. Ambos podem 
retardar a cicatrização. 
• Curativos hemostáticos: são curativos oclusivos 
sob pressão, com bandagem ou faixas, utilizados 
com frequência para promover hemostasia. O 
curativo deve ser removido 48 horas após, evitando 
manobras bruscas para que não haja sangramento. 
• Em situações de sangramento maior e fiduso, 
podem ser empregados hemostáricos tópicos, 
bioabsorvíveis, como esponjas de gelatina, 
esponjas de colágeno, celulose oxidizada, 
colágeno microfibrilar e trombina. Medeiam a 
agregação, a deposição e a ativação das 
plaquetas, promovendo formação do coágulo. 
Devem ser removidos antes do fechamento da 
ferida cirúrgica, devido ao risco maior de infecção 
local. 
Grampeamento 
• É realizado através da sutura mecânica com 
grampeadores automáticos. 
• Os grampos metálicos de aço inoxidável, titânio ou 
material absorvível são adotados em cirurgia 
pulmonar, vascular e gastrointestinal. 
• Possui a vantagem de facilitar a hemostasia em 
territórios de espaços exíguos com rapidez e 
mínima reação tecidual 
• Sua desvantagem ainda é o alto custo. 
 
Obturação 
• É realizada através da aplicação de substâncias 
exógenas na luz do vaso sangrante. 
• São exemplos: as esponjas de gelatina, celulose 
oxidada e congêneres, usadas para combater 
hemorragias difusas e que agem aderindo-se 
firmemente ao local, provocando obstrução 
mecânica. 
 
COMPLICAÇÕES: os pequenos hematomas serão 
tratados com compressas frias, enquanto os 
 
14 
 
Marcella Carvalho 2021.2 
hematomas maiores serão drenados através da 
lavagem da ferida cirúrgica com soro fisiológico estéril. 
Curativos compressivos fazem-se necessários até a 
sua absorção. 
A formação de abscesso inicia com eritema, edema, 
hipersensibilidade local e dor persistente, evoluindo 
com calor e pustulização, posteriormente 
acompanhado de sinais e sintomas infecciosos como 
linfadenopatia, febre e calafrios. Necessita de 
antibioticoterapia sistêmica e drenagem com 
cicatrização por segunda intenção. Pode resultar em 
deiscência de sutura, isquemia, necrose e cicatriz, 
cosmeticamente desagradável. 
8. Biópsia 
• A biópsia é um procedimento técnico cirúrgico para 
a retirada de células ou fragmentos de tecidos para 
o exame da natureza de alterações nele existentes. 
Pode ser empregada para investigação, 
diagnóstico, tratamento e prognóstico. 
• Requer material adequado, treinamento 
apropriado, indicação correta e execução 
detalhada. Ara aumentar as chances de sucesso, 
devem-se observar as normas técnicas para coleta, 
acondicionamento, transporte e processamento da 
amostra. 
• O fornecimento de dados precisos ao laboratório e 
a boa comunicação com o patologista facilitam a 
interpretação do resultado, influenciando a conduta 
e a programação subsequente. 
• Uma biópsia é recomendada na suspeita de 
doenças que provoquem alterações morfológicas 
nos tecidos afetados. Suas indicações incluem: 
- Diagnóstico específico ou compatibilidade com determinada 
doença. 
- Diagnóstico diferencial por exclusão de outras patologias. 
- Estabelecimento de grau de diferenciação de tumores. 
- Avaliação da extensão de uma neoplasia. 
- Verificação da ressecção total de uma lesão. 
- Avaliação e controle do resultado de um tratamento. 
- Investigação do funcionamento normal de certos tecidos ou 
órgãos. 
- Identificação da etiologia. 
- Avaliação do comportamento de doenças de evolução 
progressiva. 
- Aferição da presença e intensidade de rejeição em órgãos 
transplantados. 
- Programação e planejamento de cirurgia. 
• Os métodos de diagnóstico rápido são usados 
principalmente em patologia cirúrgica para 
diagnóstico peroperatório, auxiliando a tomada de 
decisão terapêutica. 
• As principais técnicas empregadas são: biópsia por 
congelação, esfregaço e imprint. 
➔ Biópsia por congelação: o fragmento obtido é 
congelado para provocar seu endurecimento e 
facilitar o corte, através de micrótomo de 
congelação tradicional ou criótomo. 
➔ Esfregaço: o fragmento é obtido através de 
raspagem grosseira da lesão com lâmina. A porção 
mais fina é utilizada para estudo de células 
isoladas, e a porção mais espessa para avaliar 
fragmentos da lesão. Durante a cirurgia, auxilia 
na diferenciação entre os processos benignos e 
malignos. 
➔ Imprint: o material obtido resulta da compressão 
de lâminas sobre a superfície de corte da lesão, ou 
da lesão sobre as lâminas, sendo mais usado para 
o estudo citológico. 
• A citologia é um recurso empregado para o 
diagnóstico e também para o controle de 
determinados tratamentos. Utiliza-se secreção 
vaginal; urina; escarro; lavado esofágico, gástrico, 
brônquico, colo e reto; aspirado duodenal; 
exsudato pleural, peritoneal, pericárdico e articular. 
O material recolhido é colocado sobre a lâmina; faz-
se o esfregaço e fixa-se; no laboratório é corado e 
realizado o exame microscópico. 
 
Princípios Básicos 
• O fator prioritário é conseguir melhorar a amostra. 
• É fundamental preparar o paciente para o 
procedimento, orientando os possíveis benefícios e 
intercorrências do ato cirúrgico. Incluir informações 
relativas à anestesia, curativos, analgesia, retirada 
de pontos e revisão do caso. 
 
 
Escolha da biópsia 
• O método de escolha varia de acordo com o órgão 
alvo, com o tamanho da lesão, com a suspeita 
clínica e com as características do paciente. 
• Quanto à região cutânea a ser biopsiada, nas 
erupções generalizadas, preferir tórax, braços e 
coxas. Joelhos e cotovelos devem ser evitados, 
sempre que possível, por se tratar de áreas de 
tensão. 
Instrumento 
empregado 
Procedimento 
técnico 
Tempo 
cirúrgico 
Finalidade 
da biópsia 
Escolha 
da 
amostra 
Agulha, 
aspirador 
Lâmina bisturi 
Cureta 
Punch 
Shave tesoura 
Punção, 
incisão, 
excisão, 
curetagem, 
punch, shave 
Pré-
operatório 
Peroperatório 
Pós-
operatório 
Investigação 
Diagnóstico 
Terapêutica 
Prognóstico 
Amostra 
única 
Mais de 
uma 
amostra 
 
15 
 
Marcella Carvalho 2021.2 
• Evitar também biópsias em regiões inguinais e 
axilares, que são áreas mais colonizadas e 
propensas à contaminação. 
• Palmas a plantas costumam ser poupadas pela 
dificuldade de aproximação dos tecidos na sutura. 
• A área pré-esternal, braços e articulações merecem 
cautela pela maior incidência de queloides. E, por 
razões estéticas, evita-se a face. 
• Nas lesões pequenas, realizar exérese total. Nas 
lesões grandes, biopsiar a borda abrangendo 
tecido doente e sadio. Eventualmente, pode ser 
necessário realizar biópsia da lesão e biópsia da 
pele são em área simétrica, para possibilitar a 
interpretação de determinadas afecções. 
• Linfonodos e tumores subcutâneos devem ser 
retirados por inteiro. 
- Nas lesões hipocrômicas: retirada de tecido do tecido sadio e 
doente; 
- Lesão vesicobolhosa: retirar a bolha; 
- Lesão hipercrômica: tirar a lesão completamente se for pequena. 
 
Classificação 
• A biópsia pode ser classificada quanto ao 
instrumento empregado, procedimento técnico, 
tempo cirúrgico, finalidade e escolhada amostra. 
 
Detalhes técnicos comuns 
• Pré-operatório 
• Transoperatório: 
- Opções de anestesia → os anestésicos injetáveis 
mais usados são a base de lidocaína (0,5 a 2%), 
com ou sem vasoconstritor. A adrenalina reduz o 
sangramento, aumenta a duração do efeito 
anestésico e facilita o ato cirúrgico. 
- Opções de técnicas → a técnica será a menos 
traumática possível para se alcançar o objetivo 
desejado. 
- Opções de fixadores → o espécime será colocado 
em frasco devidamente identificado, contendo o 
fixador ou meio de transporte específico. 
 
FIXADOR OU MEIO DE 
TRANSPORTE 
INDICAÇÃO 
FORMOL A 10% (FIXADOR 
UNIVERSAL) 
Sua quantidade deve ser 
de 10 a 20 vezes o volume 
do fragmento retirado. O 
tempo de fixação depende 
da espessura do material. 
Deve ser evitado na 
pesquisa de melanócitos 
pela coloração DOPA 
 
GLUTARALDEÍDO A 3% Utilizado para microscopia 
eletrônica 
NITROGÊNIO LÍQUIDO Transporte de material 
que será submetido à 
coloração para enzimas. 
SOLUÇÃO DE MICHEL Transporte de material 
que será submetido à 
coloração por 
imunofluorescência 
SOLUÇÃO SALINA A 0,9% Indicado para o exame de 
congelação ou também 
para o transporte de 
material em que se 
pretende realizar cultura 
microbiológica. 
 
• Pós-operatório: 
- Complicações de biópsias, embora infrequentes, 
podem ocorrer e devem ser previamente discutidas 
com o paciente. Entre elas, verificam-se edema, 
hipoestesia, discromia, hematoma, cicatriz e 
infecção. 
- A retirada de pontos depende da localização: 
cerca de 5 dias para a face e após 7 a 14 dias em 
lesões de tronco. 
 
Biópsias de pele 
Biópsia excisional: é a retirada total da lesão a ser estudada, 
incluindo a pele em toda a sua espessura. Na maioria das vezes 
também é terapêutica. As principais indicações são lesões com 
bordas ativas em expansão; lesões atróficas, escleróticas ou 
bolhosas; lesões que acometem a hipoderme ou o subcutâneo e 
suspeita de melanoma. Todas as lesões supostamente malignas, 
na medida do possível, devem ser submetidas à excisão cirúrgica 
completa com margem de segurança. 
Biópsia incisional: é a retirada de uma parte da lesão ou de um 
órgão. O material fornecido por este procedimento pode ser 
insuficiente para distinguir as neoplasias invasivas. As principais 
indicações são no estudo de músculos, nervos, ossos, tecido 
subcutâneo e processos inflamatórios ou infecciosos disseminados 
da pele ou de outros órgãos. A retirada do fragmento deve englobar 
tecido doente (borda) e tecido sadio. Complicações incluem 
infecção da ferida, hemorragia per ou pós-operatória, distúrbios de 
cicatrização e possibilidade de disseminação local de células 
tumorais. 
Biópsia por punch: recurso para diagnóstico, podendo ser 
também terapêutico nas lesões pequenas e superficiais. É um 
instrumento tipo saca-bocado, constituído por cabo e borda circular 
cortante. A execução deste tipo de biópsia é fácil e rápida. A área 
biopsiada deve estar totalmente acometida pela lesão. Na amostra 
única, deve-se escolher uma lesão bem desenvolvida. Nas 
erupções em processo evolutivo, ou que apresentem diversidade 
de lesões, está indicada a coleta de várias amostras devidamente 
identificadas. Está contraindicada em áreas sobre artérias, como 
sobrancelhas e região nasolabial, sendo inadequada para doenças 
do tecido adiposo e lesões pigmentadas suspeitas de melanoma. 
Biópsia por shave: é a retirada da porção de pele elevada, acima 
do plano do tecido adjacente, entre a camada papilar profunda da 
derme e a camada médio-reticular, através da utilização de 
instrumento estéril cortante descartável como lâmina de bisturi ou 
lâmina de barbear. Está indicada para a obtenção de fragmentos ou 
mesmo a remoção de lesões epidérmicas benignas, de crescimento 
exofítico, como ceratose seborreica, verrugas vulgares, alguns 
nevos melanocíticos. Não é adequado na avaliação de doenças 
inflamatórias da pele, neoplasias que clinicamente parecem infiltrar 
a derme e lesões pigmentares. 
 
16 
 
Marcella Carvalho 2021.2 
Biópsia por curetagem: é a retirada de lesões superficiais 
benignas através da raspagem local. É empregada para diagnóstico 
ou tratamento. Quanto mais friável o tecido, mais fácil o 
procedimento. Está indicada para a remoção de molusco 
contagioso, verruga, mílio, ceratose seborreica e ceratose actímica. 
Sua principal vantagem é rapidez, entretanto, o material obtido para 
o exame histopatológico geralmente é fragmentado e deformado. 
Biópsia por tesoura: é uma variante da técnica do shave e está 
reservada para lesões pediculares benignas, como lesões 
polipoides ou verrugas filiformes. O material fornecido é superficial 
para a investigação de malignidade. 
Biópsia por punção: é a retirada de líquido ou fragmento de tecido 
através de agulha fina ou calibrosa, de forma manual ou automática. 
A sensibilidade, a especificidade e a acurácia diagnóstica deste 
método dependem da experiência do profissional que colhe e 
daquele que interpreta o material. Punções com agulhas podem ser 
guiadas por palpação, ultrassom, estereotaxia, TC ou RNM. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Agulha manual: cope – pleura 
Agulha automática: tru cut – rins, fígado 
Biópsia de unha: é indicada para a investigação de psoríase, 
líquen plano, infecções fúngicas atípicas, distrofias ungueais de 
causa desconhecida, neoplasias e remoção de tumores do aparelho 
ungueal. Tem a vantagem de esclarecer o diagnóstico das doenças 
ungueais; porém pode causar deformidade permanente da unha. 
Biópsia de couro cabeludo: é indicada para a investigação de 
foliculites, pseudofoliculites, alopecia areata, alopecia androgênica 
e alopecias cicatriciais, especialmente causadas por lúpus 
eritematoso, pseudopelada, foliculite decalvante e síndrome da 
degeneração folicular. A biópsia deve incluir pelo e amostra de pele 
até subcutâneo, sendo realizada através de incisão por bisturi ou, 
mais frequentemente, por punch 4mm. 
Biópsia de mucosa: indicada para a investigação de líquen plano, 
paracoccidiodomicose, pênfigos, leucoplasia, eritroplasia de 
Queyrat, papulose bowenóide e neoplasias. A vantagem é 
esclarecer o diagnóstico específico da lesão da mucosa. A principal 
desvantagem é o perigo de hemorragia. 
Biópsia de músculo: indicada para a investigação de 
dermatomiosite, fascite eosinofílica, polimiosite tropical, doenças 
neuromusculares, miopatias e distrofias primárias ou secundárias a 
doenças endócrinas, genéticas, drogas, vasculites etc. A 
apresentação clínica aponta o músculo que apresenta sinais de 
enfraquecimento e atrofia, sendo a biópsia precedida de estudo 
eletromiográfico ou RNM. Em doenças de progressão lenta, 
escolhe-se um músculo moderadamente comprometido, e em 
doenças de progressão rápida, escolhe-se o mais comprometido. 
Em geral, retira-se o ventre muscular. Vantagem é o diagnóstico, 
desvantagem de sangramento e desenvolvimento de hérnia 
muscular. 
Biópsia de nervo 
Biópsia de linfonodo 
 
9. Manejo das afecções benignas de pele 
• Pré-operatório: sanar dúvidas do paciente; 
explicar o procedimento; verificar histórico (história 
medicamentosa, doenças prévias, tabagismo, 
etilismo, alergias...); termo de consentimento. 
• Pós-operatório: instruções claras ao paciente; 
prescrição de analgesia; riscos 
• Fisiopatologia da cicatrização de feridas 
superficiais 
• Formas de cicatrização: 
- Por primeira intenção: é o que acontece quando 
os tecidos são repostos em posição como nas 
incisões cirúrgicas suturadas; quando há 
significante perda de células e os tecidos são bem 
fechados e sem “espaço morto”, que é uma falha 
de contato; 
- Por segunda intenção: quando as bordas de uma 
ferida não são, ou não podem ser aproximadas, 
como ocorre, por exemplo, nas perdas de 
substância acidental, após grandes processos 
inflamatórios ulcerativos ou nas úlceras de 
decúbito; sendo que este processo de cicatrização 
é mais demorado e também maissuscetível a 
complicações. 
- Há autores que consideram, ainda, a cicatrização 
por terceira intenção, nos casos de ressuturas de 
tecidos granulados, e a por quarta intenção, nos 
casos de enxertia cutânea. 
• Técnica cirúrgica: a manipulação da pele por 
causa da inexperiência e do uso de instrumentação 
inapropriada pode levar à formação de crostas, 
descamação da pele, desvitalização do tecido. A 
escolha do instrumento cirúrgico vai minimizar o 
dano não-específico da pele. A cirurgia a laser, a 
eletrocirurgia, a criocirurgia e o peeling químico são 
técnicas indispensáveis, mas também produzem 
quantidades variáveis de injúria não-específica na 
pele. As proteínas desnaturadas e os debris 
necróticos prolongam o estágio de inflamação de 
feridas. A cirurgia com o uso de bisturi minimiza o 
dano à pele e deve ser considerada sempre que 
possível. 
• Fatores que afetam a cicatrização: infecção 
bacteriana; radioterapia; uso de medicamentos; 
localização; dessecação. 
• Possíveis complicações: dermatite de contato; 
dermatite seborreica; granulação tecidual 
exuberante; cicatrizes hipertróficas e queloides. 
• Avaliação da cicatrização: presença de 
transudato (substância altamente fluida, que 
extravasa os vasos sanguíneos e possui pouco 
conteúdo de proteínas, células e derivados 
celulares) ou exsudato (material fluido, formado por 
células e/ou debris celulares, que escapam de um 
vaso e depositam-se nos tecidos ou superfícies, 
normalmente como resultado de um processo 
inflamatório). 
 
 
 
 
 
 
- Punção por agulha fina: exame citológico para a 
análise de células ou grupos de células de líquidos 
de lesões císticas ou de cavidades corporais e, com 
menor frequência, de lesões de órgãos 
intracavitários. Tireoide, mama 
- Punção com agulha calibrosa ou especial: exame 
histológico de material retirado de órgãos 
intracavitários e, em menor frequência, de órgãos 
superficiais. 
 
O exsudato supurativo ou purulento é um líquido composto 
por células (leucócitos) e proteínas, produzidas por um 
processo inflamatório asséptico ou séptico. 
O exsudato fibrinoso é o extravasamento de grande 
quantidade de proteínas plasmáticas, incluindo o 
fibrinogênio e a precipitação de grandes massas de fibrina. 
 
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Marcella Carvalho 2021.2 
• A cor na avaliação das feridas pode ser: 
✓ Avermelhada: pode indicar a 
predominância da fase inflamatória; 
✓ Rosada: presença de tecido de 
granulação; 
✓ Amarelada: presença de fibrina que faz 
parte da composição dos tecidos 
desvitalizados. 
Observação: - Diferença entre pápula, nódulo e mácula. 
• Pápula = <1cm; Nódulo = entre 1 e 3 cm; Mácula = >3 
cm; 
 
Verrugas 
• São infecções localizadas, produzidas pelo 
subgrupo papova, cujo vírus é auto-inoculável, 
mas não foi cultivado até o momento, incidindo 
mais usualmente em crianças. 
• Nas verrugas, as células proliferam formando 
uma massa que permanece confinada à 
epiderme, podendo em alguns casos esta 
massa protruir para baixo e deslocar a derme. 
• As verrugas apresentam morfologia variada, 
dependente da localização. 
• Tipos de HPV (vulgar): 1, 2, 4, 7, 27 e 57 
 
→ Verruga vulgar: pápulas ceratósicas de superfície rugosa, 
medindo alguns mm de diâmetro, em número variável, 
situadas em qualquer região do corpo, porém mais frequentes 
no dorso das mãos; às vezes dispõem-se em torno da unha ou 
no leito ungueal. 
 
Tratamento: algumas lesões sofrem resolução espontânea, 
outras necessitam de várias sessões. A escolha do tratamento 
deve ser sempre conservador. 
- As preparações com ácido salicílico a 25%, ácido lático a 20% 
com aplicações diárias e o uso do ácido nítrico fumegante com 
aplicações semanais apresentam bons resultados. 
- O imiquimod em creme aplicado oclusivo à noite e a remoção 
da queratina pela manhã com uma lixa ou pedra-pomes é outra 
opção terapêutica. 
- O uso de eletrocoagulação e a curetagem, bem como 
crioterapia com nitrogênio líquido, são efetivas no tratamento, 
mas podem deixar cicatrizes ou discromia. 
→ Verruga plantar: são pápulas que, devido à localização, 
crescem para dentro; em geral são assimétricas e pouco 
numerosas, medem de milímetros a centímetros; e podem 
impedir a marcha normal, pelo desconforto e dor. 
 
Tratamento: uma técnica que não cause cicatrizes na planta 
dos pés, que podem ficar dolorosas por anos, deve ser usada. 
- A terapia combinada com o uso de ácido salicílico, ácido 
lático, em colódio elástico deve ser precedido do uso de uma 
lâmina ou lixa para aparar a verruga, a após a aplicação, deixar 
ocluída com esparadrapo. 
- Aplicação de imiquimod em creme, com oclusão após o 
desbridamento da verruga, intercalando com ceratolíticos e 
crioterapia com intervalos de 2 semanas, apresenta bons 
resultados. 
- Vários lasers estão disponíveis para tratar verrugas 
resistentes, o procedimento é dispendioso e pode ser 
doloroso. 
→ Verruga plana: pápulas pouco salientes, de superfície 
plana, como milímetros de diâmetro, numerosas, rosadas, 
marrom-claras ou amarelas-claras, localizadas em geral na 
face e no dorso da mão em adolescentes, e na parte inferior 
das pernas em mulheres. 
 
Tratamento: tratamento conservador. 
- Nas lesões múltiplas deve-se utilizar ácido retinóico 0,05% 
creme à noite durante 3 a 5 semanas; imiquimod em creme 
com aplicações diárias 3 vezes por semana, ou 5-flouracil 
aplicado em noites alernadas. 
- Para lesões individuais, aplicar ácido tricloroacético a 30% ou 
crioterapia usando um cotonete. Eletrofulguração com carga 
baixa também pode ser usada. 
→ Verruga filiforme: consistem de poucas ou várias 
projeções digitiformes, cor da pele, emanando de uma base 
estreita ou ampla, localizadas em torno da boca, dos olhos e 
da asa do nariz. 
 
 
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Marcella Carvalho 2021.2 
Tratamento: possuem base estreita, podem ser cortadas com 
uma tesoura curva e a hemostasia com a eletrocoagulação. 
→ Verruga genital ou condiloma acuminado: lesões 
vegetantes, porém não-ceratósicas, úmidas, isoladas ou 
agrupadas, com aspecto de couve flor, atingindo, às vezes, 
proporções gigantescas; localizam-se na área genital e 
perigenital, geralmente em pessoas adultas. Pode haver 
acometimento da mucosa uretral, retal ou vaginal. 
 
Tratamento: 
- Aplicação de podofilina a 25% em tintura de benjoim, 
enxaguar após 6 horas, 1 aplicação por semana; 
- ou 5-flourouracil 3x por semana; 
- ou imiquimod em creme 1x ao dia. 
- Crioterapia com nitrogênio líquido com intervalos de 2 a 3 
semanas, eletrocirurgia e vaporização a laser com CO2, Nd-
YAG laser também apresentam bons resultados. 
 
 Epidermodispladia verruciforme 
• Clinicamente lembra a verruga plana, mas as 
lesões são em maior número, têm início na infância 
devido a incapacidade de controlar os papilomas 
vírus. Algumas delas tornam-se carcinomas 
espinocelulares, sendo que o HPV5 possui elevado 
potencial oncogênico. 
 
• Tratamento: retinoides sistêmicos, interferon, 
crioterapia, laser de CO2. 
 
Ceratose seborreica 
• São placas superficiais, céreas, marrom-escuras e 
tamanhos variados, facilmente removidas. São 
geralmente ásperas, podendo ser lisas em áreas de 
atrito, como pregas cutâneas e cintura. 
• Quando irritadas, podem adquirir tonalidade 
avermelhada, ou escuro, e tornarem-se 
pruriginosas. 
• O aparecimento súbito de muitas destas placas é o 
chamado sinal de Leser-Trelat; isto pode ser um 
sinal de câncer visceral. 
 
 
• Tratamento: normalmente, a excisão das 
ceratoses seborreicas é feita para fins cosméticos 
ou para eliminar a fonte de irritação da pele. É um 
procedimento simples, podendo ser realizado com 
shaving, eletrocoagulação ou crioterapia. 
 
Corno cutâneo 
• É uma projeção dura e crônica composta de 
queratina e lembrando o corno de um animal. 
• Ocorre na face, nas orelhas e nas mãos, e pode 
tornar-se muito longo. 
• As verrugas, a ceratose actínica e carcinoma 
epidermoide podem reter queratina e produzir 
cornos. 
• Pode crescer acima de

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