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Processos Fisiopatológicos – II Pólipos Uterinos e Hiperplasia/Carcinoma Endometrial · Pólipos uterinos: - Supercrescimento hiperplásico de glândulas endometriais e estroma que formam uma projeção localizada da superfície do endométrio. - São benignos, mas podem causar problemas com a menstruação ou fertilidade. - Comumente detectados em torno da época da menopausa. Aspectos gerais: - Pode afetar até 25% das mulheres que apresentam sangramento uterino anormal. - Prevalência em mulheres assintomáticas: 10 - 15%. - Incidência máxima: 5° década. - Incidência em mulheres assintomáticas com infertilidade: 10 - 32%. - Aumento da incidência com terapia de reposição hormonal, somente com estrógeno ou preparações combinadas. Etiologia dos pólipos uterinos: - Resposta hiperplásica do tecido endometrial normal, originando uma hiperplasia localizada basal do endométrio secundária à exposição ao estrógeno. - Superexpressão de aromatase endometrial sugere um papel desta enzima na patogênese - Associado à terapia com tamoxifeno*. - Menopausa tardia, terapia de reposição hormonal e obesidade aumentam o risco. - Mulheres menopausadas, com síndrome metabólica. Aromatase é a enzima chave para biossíntese do estrogênio. O tamoxifeno* é um hormônio agonista seletivo dos receptores de estrogênio, usado na terapêutica coadjuvante das mulheres portadoras de câncer de mama, com ação antagonista na mama e agonista no endométrio. Aspectos microscópicos: - Forma polipoide. - Estroma fibroso com células fusiformes, por vezes hialinizadas. - Anormalidade arquitetural glandular diferente do endométrio circundante. Aspectos clínicos: - Os pólipos podem ser assintomáticos ou podem causar sangramento anormal (intermenstrual*, menometrorragia** ou na pós-menopausa) se sofrerem ulceração ou necrose. *Sangramento vaginal não relacionado com a menstruação normal. ** Sangramentos uterinos frequentes e prolongados. · Hiperplasia endometrial: - A hiperplasia endometrial é definida como um aumento no número de glândulas em relação ao estroma, sendo observadas glândulas aglomeradas, geralmente com formatos anormais." - Etiologia: exposição contínua ao estrogênio. - Menorragia- sangramento uterino. - Menometrorragia- sangramento excessivo. - A cavidade endometrial aberta demonstrando endométrio hiperplásico. Atualmente a hiperplasia atípica é tratada com histerectomia ou, em mulheres jovens que desejam engravidar, realiza-se um teste terapêutico com progestina, seguido de acompanhamento cuidadoso. Mais frequentemente, com sorte após uma gravidez bem-sucedida, a ausência de regressão exige a remoção do útero. Aspectos microscópicos da hiperplasia endometrial: Fisiopatologia: - A inativação do gene supressor de tumores PTEN é uma alteração genética comum tanto nas hiperplasias endometriais quanto nos carcinomas endometriais. · Carcinoma endometrial: - Tem origem nas células de revestimento interno do útero (endométrio). - Câncer invasor do trato genital feminino mais comum. Fisiopatologia: - Derivado de uma hiperplasia endometrial está associada à estimulação estrogênica prolongada do endométrio. - A principal queixa é hemorragia pós-menopausa. - Além disso, tem associações com: Obesidade; Diabetes; Hipertensão; Infertilidade; Estimulação estrogênica sem antagonismo. - 280 mil novos casos por ano. Carcinoma Endometrial Tipo I: - Estudos clínico-patológicos e análises moleculares sustentam a classificação do carcinoma endometrial em duas grandes categorias, citadas como tipo I e tipo II. - O tipo mais comum é o I, respondendo por mais de 80% de todos os casos. - A maioria é bem diferenciada e imita as glândulas endometriais proliferativas, e como tais, são chamados de carcinomas endometrióides. - Da mesma forma que com outros cânceres, o desenvolvimento de um carcinoma endometrial envolve a aquisição em etapas de várias alterações genéticas nos genes supressores de tumores e oncogenes. Classificação do Carcinoma Endometrial: Patogenia Tipo 1: - PTEN: Supressor de tumor, regula divisão celular impede, crescimento, divisão celular descontrolada. - KRAS: Proliferação e divisão, além de diferenciação e especialização celular. - PI3K: Sobrevivência e progressão no ciclo celular. - MLH1: Papel essencial no reparo do DNA. - TP53: Supressor de tumor, regula divisão celular impede o crescimento e divisão celular descontrolada. - Em espécimes de histerectomia contendo tanto hiperplasia atípica quanto carcinoma apresentaram mutação do gene PTEN sugerindo que as mutações ocorrem antes do desenvolvimento evidente do carcinoma. Aspectos microscópicos: Aspectos morfológicos tipo 1: - O carcinoma endometrióide pode tomar a forma de um tumor polipoide localizado, ou de um tumor que infiltra difusamente o revestimento endometrial. - A disseminação geralmente ocorre através de invasão do miométrio, seguida pela extensão direta a órgãos/estruturas adjacentes. - Nos últimos estádios, o tumor pode se disseminar para os pulmões, fígado, ossos e outros órgãos. Patogenia Tipo 2: - Diagrama do desenvolvimento do carcinoma endometrial tipo II. As alterações genéticas moleculares mais comuns são mostradas quando têm mais probabilidade de ocorrer durante a evolução da doença. - FBXW7: Gene supressor de tumor que expressa a proteína FBXW7 que estimula a proteína p53. - PPP2R1A: Implicado no controle negativo do crescimento e divisão celular - CCNE1: Gene que codifica uma proteína que é membro da família das ciclinas. A proteína complexa com e funciona como um regulador de - CDK2. A atividade deste complexo proteico é necessária para a transição G1 / S do ciclo celular. - TP53: Supressor de tumor, regula divisão celular impede o crescimento e divisão celular descontrolada. Aspectos morfológicos tipo 2: - O adenocarcinoma seroso não está relacionado à estimulação estrogênica, e a maioria dos casos tem mutações no p53. - Surgem no contexto de atrofia endometrial. - Histologia do tumor. (a) A histologia do adenomioma polipoide atípico foi caracterizada por glândulas irregulares estruturadas ao acaso em um estroma de músculo liso (HE, 40×). (b) Carcinoma seroso contínuo com adenomioma polipoide atípico (HE, 40×). (c) Imunocoloração positiva de p53 de carcinoma seroso (× 200). Investigação clínica: Estágios patológicos: - Os estádios patológicos tanto do adenocarcinoma endometrial dos tipos I e II são: Estádio I — O carcinoma está confinado apenas ao corpo uterino. Estádio II — O carcinoma envolve o corpo e o colo uterino. Estádio III — O carcinoma se estende para fora do útero, mas não para fora da pelve verdadeira. Estádio IV — O carcinoma se estende para fora da pelve verdadeira ou envolve a mucosa da bexiga ou o reto. Consequências clínicas: - Prognóstico: Depende fortemente do estádio clínico no momento do diagnóstico, assim como do grau e do subtipo histológico. - Abordagem: Cirurgia, isolada ou em combinação com radioterapia, determina 90% de sobrevida em 5 anos se a doença estiver em estádio I (grau 1 ou 2). Essa taxa cai para aproximadamente 75% em tumores de grau 3/estádio I, e para 50% ou menos nos carcinomas endometriais estádios II e III.