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Processos Fisiopatológicos – II Neuropatias Periféricas e Distúrbios Neuromusculares 1. Neuropatias periféricas: ● Mecanismos de agressão: Neuropatias axonais: - Lesões axonais associadas à degeneração walleriana (o axônio para de receber impulsos elétricos devido a problemas na transmissão – corte em um ponto x do axônio que impede a propagação do potencial de ação). - A porção do axônio que tem o corpo do neurônio acaba procurando conexões com células cortadas também. Essas conexões levam ao aparecimento do neuroma traumático (causa a “dor do membro fantasma”. Neuropatias Desmielinizantes: - Lesão das bainhas de mielina (a lesão impede que o impulso nervoso seja propagado na sua velocidade normal). - Síndrome de Guirlan Barret. Neuronopatias: - Lesão do corpo neuronal (o vírus da pólio sobe pelo axônio e chega no corpo neuronal destruindo o mesmo). Imagem A: lacunas dentro dos nervos (vacuolização neuronal) – degeneração walleriana. Imagem B: desorganização das células de Schwann formando nódulos – neuroma traumático. ● Padrões anatômicos Mononeuropatia: - Afeta um único nervo. - Amputação de um dedo, quando se bate o cotovelo na mesa e dói até o dedinho. - A causa mais comum é o trauma. Polineuropatia: - Afeta vários nervos de maneira simétrica. - Diabetes, Guirlan Barret. Mononeurite múltipla: - Afeta vários nervos de maneira assimétrica. - Ataca áreas diferentes em nervos diferentes. - Vasculites – ocorre degeneração do perineuro (capa fibrosa responsável por nutrir o neurônio) e com isso ocorre degeneração dos neurônios. Polirradiculopatia: - Afeta raízes nervosas. - A raquianestesia e a coleta de líquor pode levar a lesão de raízes nervosas. - O uso de mochilas pesadas pode levar a esmagamento do plexo braquial (pela pressão da clavícula) e causar uma polirradiculopatia. · Síndrome de Guillain-Barré: -Polineuropatia desmielinizante inflamatória aguda. - Paralisia rapidamente progressiva e ascendente. - A causa da morte é parada do musculo diafragma portando o paciente morre por PCR. Etiologia: - Autoimunidade: Precedida por infecções de vias aéreas superiores. Associação com: Campylobacter jejunii, CMV, EBV, vacinações. Quadro clínico: O quadro clínico é dominado pela paralisia ascendente e arreflexia. Os reflexos do tendão profundo desaparecem no início do processo. O envolvimento sensitivo, incluindo a perda da sensação de dor, geralmente está presente, mas raramente é uma característica proeminente. A velocidade da condução nervosa é retardada devido à destruição multifocal dos segmentos de mielina em muitos axônios dentro de um nervo. Os níveis das proteínas do líquido cefalorraquidiano (LCR) se elevam devido à inflamação e à alteração da permeabilidade da microcirculação dentro das raízes espinais, quando estas atravessam o espaço subaracnóideo. As células inflamatórias, por outro lado, permanecem confinadas às raízes. Portanto, há pouca ou nenhuma pleocitose do LCR. - Polirradiculoneuropatia desmielinizante inflamatória aguda forma clássica. Fraqueza ascendente (distal → proximal) devido a preferência de neurônios motores. Principalmente na Europa e América do norte. - Neuropatia axonal sensório-motora aguda: Gera paraparesia. Principalmente na China, Japão e México. - Síndrome de Miller-Fisher: Afeta os pares cranianos. Principalmente na Ásia Diagnóstico: - LCR: dissociação proteinocitológica. Elevada proteína. Poucos polimorfonucleares. Tratamento: - Plasmaferese ou imunoglobulina. Histologia: - O quadro histológico é de inflamação e desmielinização das raízes do nervo espinal e nervos periféricos (radiculoneuropatia). · Neuropatia diabética: - Causa mais comum de neuropatia periférica. - Etiologia: glicotoxicidade. - Neuropatia sensório-motora simétrica distal. Quadro clínico: - Neuropatia sensitivo-motora: Polineuropatia distal simétrica. Neuropatia focal. - Neuropatia autonômica. Histologia: - A biópsia dos nervos mostra a redução no número de axônios. As arteríolas endoneurais apresentam espessamento, hialinização e intensa positividade para o ácido periódico de Schiff em suas paredes e uma extensa reduplicação de sua membrana basal. Danos axonais em andamento, marcados por bainhas mielínicas degenerativas e agrupamentos axonais regenerativos, podem estar presentes Patogenia: - Os produtos de glicosilação avançada (AGEs, do inglês end advanced glycosylation) resultantes podem interferir na função normal de proteínas e ativar a sinalização inflamatória através do receptor para AGE. A glicose em excesso dentro das células é reduzida a sorbital, um processo que acaba com o NADPH e aumenta a osmolalidade intracelular. Esses e outros distúrbios metabólicos podem predispor o nervo periférico a uma lesão por espécies reativas de oxigênio. Além disso, a lesão vascular que ocorre no diabetes crônico devido a hiperlipidemia e outras alterações metabólicas pode causar danos isquêmicos aos nervos. 2. Distúrbios da junção neuromuscular: ● Miastenia Gravis: - Doença autoimune: Autoanticorpos contra receptores de acetilcolina. - Distribuição bimodal. - Etiologia: produção de anticorpos anti-AChR (85% dos casos). Acredita-se que os anticorpos anti-receptores de acetilcolina levem a agregação e degradação dos receptores, além de danificar a membrana pós-sináptica, promovendo fixação de complemento. Como resultado, as membranas pós-sinápticas apresentam alterações na morfologia e ficam sem receptores de acetilcolina. Isso limita a habilidade das miofibrilas de responderem à acetilcolina. Quadro clínico: -Fraqueza flutuante que piora com o esforço. - Diplopia e ptose (envolvimento de músculos extraoculares). Diagnóstico: - Presença de anticorpos. - ENMG (eletroneuromiografia). Diagnóstico diferencial: - Síndrome de Lambert-Eaton: Doença autoimune. Anticorpos contra canal de cálcio pré-sináptico. Fraqueza flutuante que melhora com o esforço. Associação com malignidades (carcinomas neuroendócrinos). 3. Distúrbios musculares: ● Dermatomiosite: - Doença sistêmica autoimune que tipicamente se apresenta com fraqueza dos músculos proximais e alterações cutâneas. - Lesão de pequenos vasos sanguíneos que contribuem para o aparecimento de lesões musculares. - Associação com malignidades em 15% dos casos. Diagnóstico: - Anti-Mi2. - Anti-Jo1. Quadro clínico: - Fraqueza muscular proximal. - Erupções (lilás nas pálpebras superiores e vermelhas ao redor dos dedos). - Disfagia. - Doenças pulmonares intersticiais. Histologia: - As biópsias musculares de pacientes afetados apresentam infiltrado de células inflamatórias mononucleares que tende a estar mais pronunciado no tecido conjuntivo perimisial e em torno dos vasos sanguíneos. Às vezes há padrões distintivos em que a atrofia da miofibrila é acentuada nas extremidades dos fascículos — atrofia perifascicular. Também podem ser observadas necrose e regeneração segmentar das fibras.
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